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TEXTOS E ATIVIDADES EM SALA – 1° TRIMESTRE 2022

Prof. Dr. Rodrigo Francisco Dias Nível de Ensino: Médio Integrado ao Técnico (1° Ano)

O TRABALHO DO HISTORIADOR

A História é a área do conhecimento que estuda as ações dos homens ao longo do tempo, no passado e no presente.
Por meio das suas pesquisas, os historiadores analisam como a sociedade atual se tornou o que ela é hoje,
avaliando não só os diferentes ritmos em que ocorreram as transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais, mas também tudo aquilo que não se modificou com o passar dos anos. A História investiga, portanto,
o que muda e o que não muda em uma sociedade ao longo do tempo. Por exemplo, vivemos hoje em um mundo
informatizado, com comunicações instantâneas e por diferentes meios, como computadores, celulares, tablets,
entre outros, porém, as atuais tecnologias que temos hoje à nossa disposição nem sempre existiram. Ou seja, no
passado, as pessoas se comunicavam de outras maneiras. O uso de cartas durante o século XVII, por exemplo,
era mais comum do que é hoje. Por outro lado, se investigarmos mais a respeito de como viviam as pessoas no
passado, também vamos perceber que certos costumes – como alguns hábitos alimentares, por exemplo – eram
semelhantes aos nossos de hoje. O estudo da História nos ajuda a compreender como e por que certas coisas
mudam e outras não mudam ao longo do tempo.

Os historiadores conseguem descobrir informações a respeito do que os homens fizeram ao longo do tempo por
meio da análise dos mais variados tipos de “documentos históricos”, que podem ser textos escritos (cartas, diários,
documentos legais/oficiais, livros, jornais etc.), utensílios domésticos, fósseis, pinturas rupestres, obras de arte,
construções (casas, templos, edifícios públicos), cemitérios, peças de roupas etc. A análise de materiais tão
diversos muitas vezes exige que os historiadores trabalhem junto com pesquisadores de outras áreas, tais como a
Geografia, a Arqueologia, a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia, a Paleontologia, a História da Arte, a
Geologia, a Genética, a Biologia, a Matemática, a Economia, a Engenharia etc. É importante observar que os
historiadores não têm acesso a todas as informações a respeito de tudo o que aconteceu com os seres humanos ao
longo do tempo, mas somente às informações disponíveis a partir da análise dos “documentos históricos”. Um
único “documento histórico” – uma única “fonte” de pesquisa – não é suficiente para se ter total certeza a respeito
de como ocorreu um determinado fato histórico, o que exige que os historiadores analisem vários “documentos”
e façam comparações entre eles para verificar como certos fatos ocorreram. É como se cada “documento” fosse
uma peça de um grande quebra-cabeça que o historiador precisa montar para compreender um determinado fato
ou processo histórico.

Todavia, não podemos nos esquecer que os historiadores são diferentes uns dos outros, pois cada um tem os seus
próprios métodos de pesquisa, a sua própria visão de mundo e as suas condições específicas de trabalho. Nesse
sentido, um mesmo “documento histórico” pode ser interpretado de diferentes formas por diferentes historiadores,
de modo que podem existir diversos pontos de vista a respeito de um mesmo fato ou de um mesmo processo
histórico. Isso não quer dizer que um historiador possa falar qualquer coisa sobre um fato histórico baseado
apenas na sua “opinião”, pois o historiador precisa levar sempre em consideração as informações disponíveis a
partir da análise de vários “documentos históricos”, bem como os estudos já realizados anteriormente por outros
historiadores e pesquisadores. Por exemplo, nenhum historiador realmente sério poderia dizer que a política
econômica adotada pelo governo brasileiro durante os anos 1980 foi uma política de sucesso. Afinal, isso seria
ignorar os inúmeros problemas econômicos daquela época – como o aumento da inflação e da dívida externa, por
exemplo –, problemas esses citados em inúmeros “documentos históricos” (relatórios oficiais, jornais da época,
depoimentos de pessoas que viveram no período etc.) e em estudos já realizados por diversos pesquisadores.

POR QUE ESTUDAR HISTÓRIA?

No livro Por que estudar História? (São Paulo: Ática, 2007), Caio César Boschi afirma que estudar História é
essencial para entender como e por que ocorrem certos fatos nos dias de hoje, como episódios de injustiça,
violência, corrupção etc. Ao estudar História é possível identificar semelhanças entre os problemas de hoje e os
problemas do passado, o que pode nos ajudar a pensar em soluções para eles. Nas palavras de Boschi, “a História
se apresenta e se impõe como ferramenta, tanto para conhecer a realidade quanto para agir sobre ela”. Além disso,
o estudo da História nos mostra que, ao longo do tempo, os homens desenvolveram diferentes culturas, costumes,
hábitos e formas de viver, o que nos ensina que a nossa cultura atual é apenas mais uma no meio de tantas outras
que já existiram e existem ainda hoje. Dessa forma, a História nos ensina a “respeitar quem é diferente de nós”,
o que é fundamental para lutarmos contra as inúmeras formas de intolerância e preconceito que existem
atualmente.

Por sua vez, em um texto publicado no site Ensinar História, no dia 28 de novembro de 2018, Joelza Ester
Domingues afirmou que “o estudo da História desenvolve habilidades e competências indispensáveis para
qualquer outra ciência e profissão”, uma vez que, “Ao estudar História, o estudante aprende a pesquisar, localizar
e interpretar textos, artefatos, fontes orais, digitais e visuais, desenvolvendo as habilidades de extrair informações
e interpretações avaliando sua confiabilidade, credibilidade, utilidade, significado e relevância. A capacidade de
examinar e confrontar dados variáveis permite distinguir verdade, mentira, manipulação e distorção de fatos e
objetivos, o que é uma habilidade importante para enfrentar os desafios das tecnologias de informação e
comunicação”, principalmente nestes tempos de “fake news” em que vivemos. Ainda de acordo com a autora,
“A História estuda as mudanças que ocorreram, suas causas e desdobramentos, sua magnitude e importância no
processo histórico” e, por isso, “É uma habilidade essencial para entender nosso mundo atual em constante
mudança”. Joelza Ester Domingues também chamou a atenção para o fato de que “O pensamento crítico e
criativo, e a capacidade de investigação criteriosa, entre outras habilidades desenvolvidas pelo estudo da História,
têm sido requisitos importantes na seleção de candidatos para as grandes empresas de tecnologia”, o que mostra
como as habilidades desenvolvidas a partir do estudo da História são importantes também para o mercado de
trabalho.

Observação: O texto completo de Joelza Ester Domingues, citado aqui com algumas adaptações, está disponível
no seguinte link: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/para-que-serve-a-historia-por-que-estudar-historia/>.

QUESTÕES:

1) A História pode ser definida como “o estudo do passado”? Justifique sua resposta com base no texto.

2) Segundo o texto, há coisas que mudam e coisas que não mudam na vida humana ao longo do tempo. Pense um
pouco a respeito da História da humanidade e cite dois exemplos de mudanças que ocorreram na vida humana ao
longo do tempo e duas semelhanças entre a nossa sociedade atual e outras sociedades do passado.

3) Como o historiador consegue obter informações a respeito do que os homens fizeram ao longo do tempo?

4) Segundo o texto, que tipos de “documentos históricos” existem?

5) Por que o historiador precisa trabalhar junto com pesquisadores de outras áreas do conhecimento humano?

6) Um único historiador é capaz de, sozinho, descobrir a “verdade absoluta” a respeito de um fato ou de um
processo histórico? Justifique sua resposta com base no texto.

7) Como o estudo da História pode nos ajudar a pensar em soluções para alguns dos problemas da nossa sociedade
atual?

8) Como o estudo da História pode nos ensinar a lidar com as diferenças culturais?

9) Que tipos de habilidades e competências indispensáveis a qualquer outra ciência e profissão podem ser
desenvolvidas a partir do estudo da História?

10) Como os métodos de pesquisa usados pelos historiadores podem ser úteis no combate às chamadas “fake
news”?
ORIGENS DA HUMANIDADE

Diversas pesquisas científicas apontam que os antepassados mais antigos do ser humano surgiram há milhares de
anos no continente africano. Obter informações sobre como os primeiros seres humanos viviam na Terra é um
grande desafio devido à falta de fontes escritas (textos, cartas, jornais, panfletos etc.), porém, muitas
informações podem ser obtidas a partir da análise de diversos tipos de materiais, tais como fósseis, ferramentas,
esculturas, pinturas rupestres etc. Aqui, os historiadores geralmente contam com a ajuda de pesquisadores de
outras áreas do conhecimento, como a Biologia, a Física, a Química, a Geologia, a Arqueologia e outras.

Antes do surgimento da espécie humana, outras espécies de hominídeos se desenvolveram no planeta, tais como
o Australopithecus, o Homo habilis, o Homo ergaster e o Homo neanderthalensis. Uma importante diferença
entre a espécie humana – o chamado Homo sapiens sapiens – e as outras espécies de hominídeos é que o ser
humano possui um maior volume cerebral (que pode chegar até cerca de 1500 cm3). Foi o desenvolvimento do
cérebro humano que permitiu aos homens adquirir a capacidade de expressar pensamentos e conceitos abstratos.

Muitas pessoas acreditam que o ser humano surgiu a partir do macaco, mas isso não é verdade. O homem é, na
realidade, mais uma espécie da ordem dos primatas que tem um ancestral em comum com os chimpanzés. A
hipótese mais provável é a de que, em algum momento da História, este ancestral em comum deu origem a duas
linhagens diferentes, uma que originou os chimpanzés e outra que originou os seres humanos. Do ponto de vista
genético, o ser humano compartilha cerca de 99% de seus genes com os chimpanzés, tendo com eles, portanto,
uma relação de proximidade.

Até por volta do ano de 12.000 a.C., o Homo sapiens sapiens já havia ocupado todos os continentes do planeta,
com exceção da Antártida. Inicialmente, o modo de vida dos seres humanos mais antigos era caracterizado pela
vida nômade, ou seja, os primeiros grupos de seres humanos viviam se mudando de um lugar para outro em
busca da sobrevivência, praticando a coleta de frutos e raízes e a caça de animais. A chamada “revolução
agrícola” ocorreu por volta de 10.000 a.C. simultaneamente em distintas partes do mundo, ocasionando
profundas transformações no modo de vida dos seres humanos. A prática da agricultura levou a um processo de
sedentarização do Homo sapiens sapiens, ou seja, para cultivar suas lavouras os homens passaram a viver de
maneira fixa em uma única região. Em muitas sociedades humanas, o cultivo de alimentos substituiu quase que
totalmente a coleta de frutos, verduras e legumes, estimulando o aprimoramento das técnicas agrícolas e a
domesticação de animais (cachorros, cabras, ovelhas, galinhas, porcos, cavalos e bois). Com a produção
agrícola, foi possível alimentar grupos cada vez maiores de pessoas, o que levou ao crescimento populacional
da humanidade e ao surgimento das primeiras cidades.

A partir desse processo, surgiram novos desafios para os seres humanos. Tornou-se necessário produzir e estocar
alimentos suficientes para abastecer populações cada vez maiores, dividir as tarefas para melhor organizar a
vida em sociedades compostas por muitos indivíduos e criar ferramentas para atender às novas necessidades.
Houve o desenvolvimento da metalurgia (fundição de metais) e o início da produção de objetos de cobre, bronze
e ferro. Com o passar do tempo, surgiram também os primeiros sistemas de hierarquia entre os seres humanos.
Os indivíduos que se destacavam por seus conhecimentos práticos, suas habilidades, sua força física, sua
capacidade de liderança ou por sua riqueza material começaram a ter privilégios em relação aos demais membros
da sociedade, o que deu início, em várias partes do mundo, a um processo de estratificação social.

A CHEGADA DO SER HUMANO À AMÉRICA

Os seres humanos mais antigos surgiram na África, mas seus descendentes acabaram ocupando várias partes do
planeta, chegando até o continente americano. Existem diferentes teorias sobre como os seres humanos chegaram
à América. A Teoria Clóvis diz que os seres humanos teriam saído da Ásia e chegado à América do Norte por
meio do estreito de Bering há cerca de 15 mil anos atrás e que, posteriormente, ocuparam as Américas Central
e do Sul. A teoria de Walter Neves diz que os seres humanos que chegaram à América do Norte por meio do
estreito de Bering eram oriundos da África. Já a teoria de Niède Guidon afirma que os seres humanos teriam
chegado à América por meio de diferentes caminhos, inclusive pelos oceanos, o que pode ser confirmado,
segundo essa teoria, a partir de indícios da presença humana na América de até cerca de 50 mil anos atrás.
QUESTÕES:

1) Leia o texto abaixo e responda à questão proposta:

“A principal maneira de ter acesso ao passado pré-histórico é o estudo dos vestígios materiais que chegaram até
nós. [...] A cerâmica pode nos informar sobre como as pessoas armazenavam produtos ou como comiam, mas,
em alguns casos, a forma e a decoração também podem nos dar indicações a respeito da simbologia e dos valores
sociais adotados. As pinturas e gravuras, feitas nas paredes de cavernas ou em outras pedras, conhecidas como
rupestres, são também evidências materiais que muito podem nos dizer sobre o passado pré-histórico. Algumas
delas [...] mostram como se pescava e caçava, assim como retratam rituais e festas, constituindo uma fonte de
informação inigualável.” (FUNARI, Pedro P.; NOELLI, Francisco S. Pré-história do Brasil. São Paulo:
Contexto, 2005, p. 15-19.)

A) Com base no texto, que informações sobre os primeiros seres humanos podemos obter a partir da análise de
objetos de cerâmica e pinturas rupestres?
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2) Leia o texto abaixo e responda o que se pede:

“Todas as espécies animais têm várias características que as definem. O ‘homo sapiens’ tem um cérebro
desproporcionalmente grande em relação aos de outros animais. [...] No entanto, um cérebro grande tem um
enorme custo para o corpo animal pois enquanto os cérebros dos outros primatas gastam 8% da energia do corpo,
o cérebro humano consome 25% da energia corporal. Compensatoriamente, a evolução biológica provocou a
atrofia da nossa musculatura estriada, desviando recursos energéticos dos nossos deltóides e bíceps para a
circuitaria neuronal. Enquanto um chimpanzé, nosso primo-irmão macaco, vence qualquer luta de MMA contra
um lutador humano, nenhum desses primatas consegue sequer encetar uma conversa trivial com qualquer ‘homo
sapiens’.” (DUNNINGHAM, William; ANDRADE, Antonio. O tamanho e o custo do cérebro humano. Revista
Brasileira de Neurologia e Psiquiatria, v. 19, n. 2, p. 71, maio/ago. 2015)

A) Com base no texto, por que é possível dizer que o “cérebro grande” representa um “enorme custo” para os
seres humanos?

B) Segundo o texto, qual é uma importante diferença biológica entre os seres humanos e os chimpanzés?
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3) Como era o estilo de vida dos seres humanos antes da chamada “revolução agrícola”?
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4) Descreva as principais mudanças que ocorreram no estilo de vida dos seres humanos após a chamada
“revolução agrícola”.
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5) Existem diferentes teorias que tentam explicar como os primeiros seres humanos chegaram à América. Três
dessas teorias são a Teoria Clóvis, a Teoria de Walter Neves e a Teoria de Niède Guidon. Quais são as principais
diferenças entre essas teorias?
A MESOPOTÂMIA NA ANTIGUIDADE

Algumas das civilizações mais antigas da humanidade surgiram na Mesopotâmia, uma região situada entre os
rios Tigre e Eufrates. A palavra “Mesopotâmia” é formada pelos termos “meso” (meio, entre) e “potamos”
(rio), significando, portanto, “terra entre rios”. Os rios Tigre e Eufrates possuem um regime de cheias, quando
transportam matéria orgânica para as áreas próximas às suas margens. Por um lado, isso contribui para tornar o
solo da região mais fértil e adequado para a agricultura, mas, por outro lado, também há alagamentos em muitas
áreas.

Uma série de transformações ocorreram na Mesopotâmia entre 7.000 a.C. e 5.000 a.C., quando houve na região
o início da prática da agricultura (gramíneas, leguminosas), a sedentarização dos agrupamentos humanos, a
domesticação de animais (cabras, ovelhas, bovinos, suínos), a introdução da tecelagem e da produção cerâmica
e a formação de comunidades mais estáveis. Tais transformações levaram ao crescimento populacional. Além
disso, a invenção da escrita na Mesopotâmia ocorreu por volta de 3.000 a.C., com o surgimento da escrita
“cuneiforme”, caracterizada por traços curtos e retos, com aspecto de cunha, que eram feitos em tabletes de
argila.

Um dos povos que viviam na Mesopotâmia na Antiguidade eram os sumérios. Além da invenção da escrita
cuneiforme, os sumérios também inventaram o arado de cobre, introduziram o uso da força animal na
agricultura, construíram diques e canais, dividiram o ano em 12 meses, a hora em 60 minutos e o círculo em
360 graus, bem como criaram um sistema numérico com base em sessenta símbolos. A produção agrícola dos
sumérios era baseada no cultivo de cevada, trigo, sésamo (gergelim), ervas, especiarias, legumes e árvores
frutíferas (tamareiras, figueiras, macieiras e parreiras). A atividade pecuária era responsável pela produção de
carne bovina, que era considerada um alimento de luxo e só era consumida pela elite. Também havia na região
intensa atividade comercial, que foi importante para o surgimento das primeiras cidades construídas pelos
sumérios, tais como Ur, Eridu e Uruk. Naquelas cidades, nas quais o espaço urbano tinha fortes relações com o
espaço rural, os “sacerdotes” e o “templo” exerceram durante muito tempo um importante papel político, social
e cultural.

Todavia, com o passar dos anos, os sacerdotes passaram a perder importância à medida em que surgiam os
primeiros reis com poder considerado de caráter divino. As autoridades políticas e religiosas cobravam tributos
em forma de produtos ou trabalho. Além disso, as autoridades redistribuíam os excedentes da produção agrícola
para os trabalhadores. É importante dizer que, na Antiguidade, houve na Mesopotâmia uma alternância entre
momentos de concentração de poder (com formação de unidades políticas e territoriais maiores) e de desordem
e fragmentação política (com as várias cidades gerindo individualmente o seu próprio espaço). De qualquer
maneira, o que se viu na região foi um processo ao final do qual as primeiras Cidades-Estado deram origem aos
primeiros grandes impérios.

As cidades sumérias eram cercadas por muralhas e tinham em seu interior palácios e templos como importantes
estruturas arquitetônicas. Cada cidade era administrada por uma assembleia de anciãos, presidida por um
“grande homem” (o “lugal” ou “ensi”), que normalmente era escolhido por suas habilidades militares. As
cidades-Estado sumérias entraram em declínio a partir da ascensão dos acadianos liderados pelo rei Sargão, da
região do Akkad, que assumiu o controle de um vasto território concentrando o poder em suas mãos em 2.340
a.C.

Posteriormente, ocorreu a ascensão do reino da Babilônia com as ações do rei Hammurabi, a partir de 1.792
a.C.. Hammurabi foi um hábil organizador de campanhas militares e um realizador de obras de infraestrutura e
de reformas administrativas que tinham como objetivo a centralização política. O chamado “Código de
Hammurabi” reunia uma série de princípios que visavam organizar a sociedade, princípios esses baseados na
ideia do “olho por olho, dente por dente”, ou seja, o Código previa punições compatíveis com os crimes
cometidos. O “Código de Hammurabi” foi gravado em uma estela de pedra junto com uma imagem mostrando o
deus solar Shamash sentado em um trono e entregando ao rei Hammurabi as insígnias do poder.

O império babilônico entrou em declínio a partir de 1.700 a.C., em razão de diversos fluxos migratórios na
Mesopotâmia e das ações do rei hitita Mursili I. Alguns séculos mais tarde, os assírios dominaram a região da
Mesopotâmia a partir de 1.200 a.C. Os assírios tornaram-se conhecidos por sua violência, por suas máquinas de
guerra (torres móveis, rampas, aríetes para derrubar portões etc.) e pelos altos impostos que cobravam sobre as
regiões conquistadas. Em meados do século VII a.C., os caldeus derrotaram os assírios e dominaram a
Mesopotâmia, sob a liderança do rei Nabucodonosor II. Durante o governo de Nabucodonosor II, os caldeus
invadiram a Palestina e escravizaram o povo hebreu. Nabucodonosor II também ordenou as construções dos
Jardins Suspensos da Babilônia e da Torre de Babel (um “zigurate” citado no Antigo Testamento da Bíblia).

Em 539 a.C., a região da Mesopotâmia foi dominada pelos persas a partir das ações do rei Ciro. Os seus
sucessores, Cambises e, posteriormente, Dario I, mantiveram o controle de um amplo território sob o domínio
do Império Persa. Durante o governo de Dario I, houve a unificação das leis, dos impostos e da moeda (o dárico),
a construção de estradas nas quais funcionava um sistema de correios, bem como a criação de 4 capitais
(Pasárgada, Persépolis, Babilônia e Susa) e de 20 províncias (as satrapias administradas pelos sátrapas, espécie
de governadores). A religião persa – chamada de zoroastrismo – baseava-se nas ideias de oposição entre o “bem”
e o “mal”, de imortalidade da alma, de ressurreição e de “Juízo Final”. Segundo o zoroastrismo, após a morte do
corpo físico, a alma podia ser encaminhada ou para uma espécie de “Paraíso” ou para um tipo de “Inferno” ou,
então, para um “estado intermediário” entre os dois. Os fundamentos dessa doutrina estão no Zend-Avesta, livro
escrito por Zoroastro (628 a.C.-551 a.C.), também chamado de Zaratustra. Os persas também acreditavam na
existência de diversas divindades, porém, o deus Ahura-Mazdâ (simbolizado pelo fogo) era o único adorado
oficialmente.

QUESTÕES:

1) Explique a importância dos rios Tigre e Eufrates para o surgimento das primeiras civilizações na Mesopotâmia
na Antiguidade.
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2) Na Antiguidade, a Mesopotâmia foi ocupada por um único povo? Justifique sua resposta com base no texto.
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3) Como era a relação entre o poder político e o poder religioso nas civilizações da Mesopotâmia durante a
Antiguidade?
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4) Como eram administradas as cidades sumérias na Antiguidade?
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5) Leia alguns trechos do Código de Hammurabi e responda o que se pede.

“Se um homem roubou o tesouro do deus ou do palácio, este homem será morto, e aquele que recebeu o objeto
roubado pela sua mão (o receptador) será morto. Se um homem roubou, seja um boi, carneiro, asno, porco ou
uma barca, se (for propriedade) de um deus, de um palácio, ele dará até trinta vezes, se (for) de um muskenum
(escravo), ele devolverá até dez vezes, Se o ladrão não tiver como pagar, ele será morto. Se um homem deixou
escapar um boi ou um asno que lhe haviam confiado, ele devolverá a seu proprietário boi por boi, asno por asno.”
(Citado em: PINSKY, Jaime. 100 Textos de História Antiga. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1988, p. 141-142.)

A) A partir do texto, é possível dizer se a sociedade babilônica era organizada de maneira hierarquizada?
Justifique sua resposta com base nos trechos do Código de Hammurabi.
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6) Durante o governo de Dario I, quais medidas foram adotadas para facilitar a administração do Império Persa?
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7) Há semelhanças entre o zoroastrismo e o cristianismo? Justifique sua resposta com base no texto e em seus
conhecimentos.
O EGITO ANTIGO

O período entre 3.000 a.C. e 332 a.C. foi marcado por fases de unificação, descentralização, domínio de povos
estrangeiros e momentos de grande anarquia no Egito Antigo. A sociedade do Egito Antigo se desenvolveu nas
terras adjacentes ao curso do rio Nilo, cujo nível da água subia e descia em intervalos regulares de tempo,
variando entre períodos de excesso e de escassez de água. A posição geográfica do Egito e o fato de a língua
egípcia ter vínculos tanto com as línguas africanas (como o berbere) quanto com as línguas semíticas (oriundas
da Ásia ocidental) permitem concluir que o Egito recebeu inúmeros fluxos migratórios ao longo do tempo.

Os nomos eram povoados próximos do rio Nilo e chefiados cada um por um nomarca. Boa parte da população
dos “nomos” era formada por agricultores (os felás). Havia uma forte presença de um pensamento religioso,
segundo o qual a ação dos deuses era o que explicava a realidade das coisas. Com o tempo, os “nomarcas”
começaram a personificar os deuses protetores dos “nomos”, levando à união do poder político-administrativo
com o poder religioso. Por volta de 3.500 a.C., ocorreu a formação de dois reinos: o Alto Egito (sul), com capital
em Tebas, e o Baixo Egito (norte), com capital em Sais. Por volta de 3.200 a.C., o rei Menés (também chamado
de Narmer, Men ou Meni), do Alto Egito, conquistou o Baixo Egito e promoveu a unificação do território. A
cidade de Mênfis tornou-se a capital do Egito unificado.

No Egito unificado, o poder do faraó (governante) tinha um caráter divino, normalmente identificado ao deus
Ra (o deus solar). O faraó exercia um poder político, religioso e militar, conduzindo os rituais nos templos e
devendo liderar a defesa do território. O governo era exercido com o auxílio dos “nomarcas” e dos escribas
(funcionários). A sociedade egípcia era estratificada. No topo, estavam o faraó e sua família, seguidos pelos
sacerdotes, pelos nobres, pelos escribas e pelos soldados. Camponeses e artesãos eram grupos subalternos da
sociedade egípcia e tinham inúmeras obrigações, estando acima apenas dos escravos, que eram os indivíduos que
ocupavam a base da pirâmide social no Egito Antigo.

A economia egípcia era baseada na agricultura e na pecuária. Por meio da mineração, explorava-se os recursos
minerais (usados na produção de tinturas), as pedras sólidas (para construção), as pedras semipreciosas e o ouro.
Os egípcios também produziam um rico artesanato, com a produção de tecidos e de papiros. O governo cobrava
tributos na forma de produtos ou de trabalho. A religião era politeísta, tendo como principal divindade o deus
Amon (ou Amon-Rá), identificado com o sol. Os egípcios também acreditavam na vida após a morte e que as
pessoas dignas ganhavam a vida eterna.

Os egípcios alcançaram inúmeras realizações nos campos da arte e da ciência. Praticavam a mumificação,
construíam grandes templos e túmulos para os faraós (as pirâmides), produziam pinturas e esculturas retratando
os diversos atores sociais e as cenas do cotidiano, desenvolveram uma notável engenharia hidráulica com a
construção de diques, canais e represas, construíam embarcações tanto para navegação no rio quanto no mar,
adquiriram conhecimentos no campo da medicina, que possibilitaram a realização de operações cirúrgicas, e da
astronomia, que permitiram a divisão do ano em 365 dias e seis horas.

TEXTO COMPLEMENTAR

“Muitos livros dedicados a contar a ‘História do Egito Antigo’ na verdade falam quase exclusivamente da
‘História dos reis egípcios’: suas dinastias, batalhas, conquistas, construções e outros feitos. Uma tal distorção é
em parte o resultado do caráter predominante da documentação escrita e arqueológica disponível, a qual ilumina
sobretudo a religião e a monarquia. [...] O povoamento do Egito é questão das mais discutidas. Há algumas
décadas, a teoria mais corrente a respeito ligava-o à formação da ecologia atual do norte da África. Isto porque,
durante milênios, o atual deserto do Saara foi região de savanas, habitada por caçadores, pescadores e
posteriormente por criadores de gado e agricultores. À medida, porém, que se foi dando o progressivo
ressecamento climático responsável pela formação do grande deserto, sendo o Nilo um curso de água perene –
por não depender das escassas chuvas egípcias, e sim de fenômenos atmosféricos que se dão bem mais ao sul, na
região dos grandes lagos africanos e da Abissínia –, o seu vale foi atraindo cada vez mais saarianos ‘brancos’, do
grupo linguístico chamado hamita, aos quais se misturaram semitas ou proto-semitas vindos da Ásia ocidental
pelo istmo do Sinai ou atravessando o Mar Vermelho, e ‘negros’ que desceram o vale do Nilo no sentido sul-
norte. Alguns autores, apoiados em argumentos principalmente arqueológicos, afirmavam ter ocorrido também
uma migração ou conquista proveniente da Baixa Mesopotâmia, por volta de 3300 a.C.-3100 a.C. Esta visão, que
assegurava serem ‘brancos’ em forma predominante os antigos egípcios, foi fortemente atacada por historiadores
negro-africanos, que com argumentos linguísticos (semelhança entre o antigo egípcio e línguas negro-africanas
de hoje) e de outros tipos trataram de provar que os egípcios da Antiguidade eram negros. Se o desejo de
apresentá-los como ‘brancos’, nos autores do século XIX d.C. e começos do século XX d.C., cheirava a racismo,
a nova teoria tem fortes conotações sentimentais e sobretudo políticas ligadas ao pan-africanismo. O fato é que,
como o Egito está situado na confluência da África e da Ásia, tal território nunca esteve isolado, sendo inaceitável
pretender que sua população foi exclusiva ou predominantemente ‘branca’, tanto quanto ‘negra’, já que tudo
indica ter sido sempre muito mesclada, pelo menos desde o Neolítico.” (CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito
Antigo. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 12-16. Com adaptações.)

QUESTÕES:

1) Explique a importância do rio Nilo para os egípcios na Antiguidade.

2) Como ocorreu o povoamento nas regiões próximas às margens do rio Nilo? E qual era o papel dos “nomarcas”
neste processo?

3) Descreva o processo que levou à unificação do Egito Antigo por volta de 3200 a.C.

4) No Egito Antigo, o poder do faraó tinha um caráter divino? Justifique sua resposta com base no texto.

5) Havia uma hierarquia entre os diferentes grupos que formavam a sociedade egípcia na Antiguidade? Justifique
sua resposta descrevendo cada um desses grupos.

6) Explique quais eram as atividades econômicas praticadas no Egito Antigo.

7) Quais eram as principais características da religião dos egípcios na Antiguidade? Relacione uma dessas
características com a prática da “mumificação” no Egito Antigo.

8) Descreva algumas realizações dos egípcios nos campos da arte e da ciência na Antiguidade.

9) Por que muitos dos livros sobre a História do Egito Antigo na verdade falam quase exclusivamente da História
dos reis egípcios?

10) O que possibilita que o rio Nilo seja um “um curso de água perene”?

11) Por que é incorreto dizer que no Egito Antigo havia uma população predominante ou exclusivamente “branca”
ou “negra”?
A CHINA NA ANTIGUIDADE

A presença humana no leste asiático data de pelo menos 100 mil anos atrás. Naquela região, o rio Yang-tsé (no
sul) e o rio Amarelo (no norte) foram importantes para a formação dos primeiros agrupamentos humanos
sedentários na China. Por volta de 5.000 a.C., ocorreu a formação de aldeias com a prática da agricultura
(painço, trigo e arroz), criação de animais (cabras, carneiros, porcos), produção de tecidos (seda) e de objetos de
cerâmica. As primeiras cidades surgiram a partir de relações comerciais e de disputas por territórios.

As cidades eram governadas por clãs. O principal membro do clã era o chefe político e religioso da cidade. Por
volta de 2.200 a.C., a família Xia conquistou inúmeros territórios, unificando o governo de várias cidades e
dando início à primeira dinastia real chinesa, durante a qual se deu a formação de um exército único. Ao longo
do tempo, a China viveu momentos de unificação e de fragmentação do seu território e do seu poder político.
Algumas importantes dinastias chinesas foram:

Dinastia Xia (2.200 a.C. até cerca de 1.600 a.C.);


Dinastia Shang (1.523 a.C. até 1.027 a.C.);
Dinastia Zhou (1.027 a.C. até 771 a.C.);
Dinastia Qin (221 a.C. até 206 a.C.);
Dinastia Han (206 a.C. até cerca de 220 d.C.);
Dinastia Sui (581 a 618);
Dinastia Tang (618 a 907);
Dinastia Song (960 a 1.279);
Dinastia Yuan (1.280 a 1.368);
Dinastia Ming (1.368 a 1.644).

Em meados do século V a.C., houve a formação de reinos autônomos, que começaram uma série de guerras
civis entre si. Esse período ficou conhecido como a Era dos Reinos Combatentes. Estes reinos eram: Qin, Chu,
Han, Wei, Yan, Qi e Zhao. Estes reinos estavam localizados no leste do atual território chinês. Em 221 a.C., o rei
de Qin, Ying Zheng, conquistou os outros reinos e unificou o território chinês, proclamando-se Shi Huang Di
(Primeiro Augusto Imperador). Formava-se assim o Império Qin. Houve um processo de centralização política,
em que o imperador controlava a aristocracia, os governadores das províncias e os juízes. Importantes medidas
foram tomadas durante este período, como a construção de estradas, a padronização de pesos e medidas, da
moeda, das leis e da escrita. Também foi durante o Império Qin que se deu início à construção da Grande
Muralha da China. A construção dessa obra, que é hoje uma atração turística do país, demorou vários séculos.

Na Antiguidade, a sociedade chinesa era hierarquizada. Em ordem decrescente de importância estavam o


imperador e sua família, os grandes proprietários de terras, os guerreiros, os camponeses juntamente com
os artesãos e, por fim, os escravos. O poder do governante era considerado divino, de modo que a autoridade
imperial era “legitimada” por Tian (o Céu, a divindade suprema) por meio da ideia de mandato celestial. O
processo de escolha dos funcionários públicos costumava ser bastante rígido e baseado no mérito. Havia dois
importantes grupos de funcionários: os mandarins (letrados) e os eunucos.

Do ponto de vista cultural, na China desenvolveu-se o chamado confucionismo. Elaborado a partir dos
ensinamentos do pensador Confúcio, o confucionismo baseia-se na ideia de que há seres superiores e inferiores,
porém, tal hierarquia não é baseada em linhagem familiar ou riqueza, mas sim na prática de virtudes e na
disciplina moral do indivíduo. Os confucionistas valorizam sobretudo a atividade intelectual, defendendo que
a sociedade deveria ser liderada por uma classe de letrados. Há também uma valorização do trabalho dos
agricultores que, segundo o confucionismo, praticam as virtudes da natureza. O comércio (fonte de riquezas) e
a ação militar (base do poder da aristocracia) são considerados indignos pelo confucionismo, devendo ser
limitados ao mínimo necessário.

Na Antiguidade, ocorreu na China um processo de concentração de terras nas mãos de grandes proprietários, o
que acabou gerando tensões no campo. Além disso, também eram comuns atritos entre funcionários do
governo e comerciantes em ascensão econômica e política, o que gerou tensões nas cidades. Esse conturbado
cenário interno provocou instabilidade política na China Antiga, o que favoreceu diversas invasões de povos
estrangeiros. Havia ainda disputas pelo poder envolvendo as famílias aristocráticas. Era comum que a
população fosse convocada para trabalhar em grandes obras públicas e, além disso, os altos impostos eram
frequentes sobretudo em momentos de crise ou de guerras, o que provocava insatisfações. Com tantos assuntos
internos a serem resolvidos, a política de isolamento foi praticada em diferentes momentos pelo governo chinês
durante a Antiguidade e até mesmo em épocas um pouco mais recentes da História.

Para além de todas essas questões políticas, os chineses foram responsáveis por uma série de realizações
importantes nos campos da arte, da ciência e da tecnologia. O calendário de 365 dias, a invenção da escrita em
forma de ideogramas, o aprimoramento da metalurgia do bronze para a produção de obras de arte e de armas e
a invenção do papel e do sismógrafo são alguns exemplos disso. Os chineses também obtiveram avanços na
medicina, com a acupuntura e a descoberta da anestesia. Eles criaram a imprensa, por meio de matrizes de
madeira e dos tipos móveis de impressão que tornaram possível a publicação de livros em série. Outras invenções
chinesas foram o papel-moeda, a pólvora e a bússola. Eles também produziam seda em larga escala, tecidos de
algodão e objetos de porcelana. Os chineses eram construtores de grandes navios de madeira. Durante a
dinastia Ming, por exemplo, o imperador Yung-Lo (1.360-1.424) e o almirante Zheng He (1.371-1.433)
atuaram em prol da realização de grandes expedições navais com o objetivo de estabelecer relações diplomáticas
com outros povos e de obter mais informações e conhecimentos sobre a cultura, a ciência e a geografia de outras
regiões do mundo.

QUESTÕES:

1) É possível dizer que os rios Yang-tsé e Amarelo foram tão importantes para a China na Antiguidade quanto os
rios Tigre e Eufrates foram para a Mesopotâmia? Justifique sua resposta com base no texto e em seus
conhecimentos.
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2) É possível dizer que a China sempre teve uma tendência à unificação do seu território? Justifique sua resposta
com base no texto.
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3) Explique as medidas adotadas a partir da Dinastia Qin que favoreceram o processo de centralização política
na China.
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4) Durante a Antiguidade, o imperador chinês detinha um poder político e religioso? Justifique sua resposta com
base no texto.
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5) Descreva as principais características do Confucionismo.
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6) Quais foram os principais fatores que contribuíram para que houvesse períodos de instabilidade política na
China durante a Antiguidade? Explique por que esses fatores também contribuíram para que o governo chinês
adotasse uma “política de isolamento” em diferentes épocas da História.
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7) Em 2017, o presidente chinês Xi Jinping afirmou que o almirante Zheng He “foi um dos ‘pioneiros chineses
que entraram para a história não como conquistadores, com navios de guerra, armas ou espadas. Ao contrário,
eles são lembrados como emissários amigáveis em caravanas de camelos e navegando em navios repletos de
tesouros” (Fonte: MENDES, Vinícius. Descoberta das Américas: como a China poderia chegado ao continente
sete décadas antes de Colombo. BBC News Brasil, 02 out. 2020.)

Porque o presidente chinês disse que Zheng He e outros “pioneiros chineses” agiram como “emissários
amigáveis” e não como “conquistadores” durante suas viagens marítimas?
A ÍNDIA NA ANTIGUIDADE

A civilização do vale do Indo começou a se formar por volta de 3.000 a.C. A Índia formou-se a partir do encontro
das culturas harappiana e védica. Entre 2.600 a.C. e 1.900 a.C., a região foi dominada pela civilização
harappiana, que ergueu cidades como Harappa e Mohenjo-Daro, que eram núcleos urbanos bem construídos e
nos quais não existiam grandes templos ou palácios dedicados a um soberano. A civilização harappiana praticava
o comércio com povos de regiões mais distantes, usava a escrita, produzia um rico artesanato e realizava rituais
funerários de maneira bastante simples e sem luxo. Por volta de 1.900 a.C., a cultura harappiana entrou em
declínio, provavelmente em razão do contato com outros povos.

Já a cultura védica tem sua origem ligada a quatro grandes textos escritos em idioma sânscrito entre 1.500 a.C.
e 600 a.C., os chamados Vedas. Esses textos tratam da vida espiritual e cotidiana. Na cultura védica, um aspecto
importante é o sistema de castas, que divide de maneira hierárquica a sociedade em diferentes grupos: os
brâmanes (sacerdotes), os xátrias (administradores e guerreiros), os vaixás (comerciantes e camponeses), os
sudras (trabalhadores braçais e servidores dos demais grupos) e os dalits (tidos como inferiores e “intocáveis”,
os dalits não pertencem a nenhuma casta e têm sido historicamente marginalizados na Índia). Além disso, existem
diversas divindades na mitologia védica, tais como Indra (que tem relação com o raio e a chuva), Surya (que
tem relação com o sol), Ganesh (a divindade que remove obstáculos) e Hanuman (o deus-macaco). O termo
hinduísmo é normalmente usado para se referir ao pensamento religioso ligado aos Vedas. Porém, a tradição
religiosa védica é formada por uma grande variedade de seitas e compreensões diferentes umas das outras, de
modo que o “hinduísmo” não deve ser entendido como uma religião “una” e “fechada em si mesma”. Os próprios
indianos se referem à fé dos Vedas como a Sanatana Dharma (Religião Eterna). Alguns deuses hindus são:
Brahma (criador do Universo e deus da sabedoria), Vishnu (protetor do Universo e “que está em toda a parte”),
Shiva (deus da destruição e da renovação) e Krishna (uma das formas assumidas por Vishnu). Outra religião
muito presente na Índia é o budismo, que é uma forma de crença criada por Sidarta Gautama (c. 563 a.C.-c.
483 a.C.), conhecido como “Buda” (iluminado). O budismo baseia-se na ideia de que a verdade (iluminação
anterior) é acessível a todos, independentemente da posição social que se ocupa na sociedade. Segundo o
budismo, o desejo e o apego exagerado a si mesmo são as causas de todos os males e sofrimentos.

Durante muito tempo, a Índia foi dividida em diversos reinos independentes uns dos outros. Em muitos desses
reinos, o poder dos reis estava em atrito com o poder dos brâmanes (sacerdotes). Entre os séculos V a.C. e IV
a.C., a Índia ficou sob a influência dos persas e, em seguida, dos macedônicos. A partir do século IV a.C., surgiram
várias dinastias que formaram impérios em diferentes partes da Índia, cada um com características próprias. No
Império Mauria, havia uma forte presença do budismo. No Império Gupta, o imperador governava com a ajuda
de um alto-sacerdote, um conselho de ministros e diversos funcionários. No Império Chola, o governo era
exercido de maneira dinâmica, com a colaboração de funcionários, chefes de província e comitês eleitos. No
Império Mogul, havia tolerância religiosa, uma cobrança de impostos cuidadosa e equitativa que era reduzida
em momentos de dificuldades. A partir do século VIII, a Índia passou a ser um alvo das invasões islâmicas. Com
a presença do islamismo, ocorreu a fundação dos sultanatos, tais como o Sultanato de Délhi, ao norte, e o
Sultanato de Bahmani, no centro-sul. Aquele foi um período marcado pelo aumento no número de cidades,
pelo estímulo ao comércio, pelo aumento de impostos e pela construção de mesquitas. No século XV, conflitos
internos levaram ao declínio do islamismo na Índia.

O JAPÃO NA ANTIGUIDADE

A ocupação humana do território do Japão iniciou-se há cerca de 30 mil anos atrás. Estudos genéticos e
linguísticos indicam que a população japonesa surgiu a partir da miscigenação de diferentes povos. Os primeiros
habitantes da região eram caçadores e coletores, mas por volta de 15 mil anos atrás a agricultura começou a ser
praticada. Uma das culturas mais antigas que surgiram no território japonês foi a cultura Jomon, que se fez
presente no Japão entre 8.000 a.C. e 300 a.C. Os grupos humanos dessa cultura não usavam nenhuma forma de
escrita, e até hoje há poucas informações sobre a sua organização social e política. De qualquer forma, a análise
das cerâmicas revela a existência de uma religião politeísta, marcada pelo culto aos ancestrais e a elementos da
natureza. A alimentação era baseada na caça, na coleta e na agricultura. Os povos da cultura Jomon tinham grande
habilidade em armazenar e transportar alimentos, o que facilitava os deslocamentos pelo território. As casas
eram feitas com telhado de capim sustentado por pilares de madeira e piso de barro ou de pedras. O povo Jomon
vivia em pequenos núcleos familiares.
A cultura Yayoi desenvolveu-se no Japão entre 300 a.C. e 300 d.C. Essa cultura consolidou-se no Japão a partir
da chegada de novos habitantes à região, vindos provavelmente do sul da China. O povo Yayoi domesticava
animais (porcos e cavalos), praticava regularmente a agricultura (arroz) e se organizava com base na divisão do
trabalho. Os Yayoi viviam uma vida sedentária e em aldeias permanentes, formadas por grandes núcleos
familiares e com hierarquia social. O povo Yayoi praticava a metalurgia (ferro e bronze) e, além disso,
desenvolveu uma arquitetura mais complexa em madeira e pedra, com templos, depósitos de suprimentos,
estábulos e residências. O comércio, as alianças políticas e as guerras entre as cidades e os pequenos reinos
eram aspectos importantes da cultura Yayoi.

Em meados do século III a.C., o Reino de Yamato surgiu na planície da atual província de Nara, na ilha de
Honshu, consolidando-se como o primeiro Estado unificado no Japão Antigo, pondo fim aos conflitos entre os
clãs da cultura Yayoi. Os reis Yamato detinham um poder político, religioso e de caráter divino, liderando um
processo de expansão territorial. Havia uma crença segundo a qual a família real seria descendente de
Amaterasu Omikami, uma divindade identificada com o sol. Os reis Yamato adotaram a centralização política,
porém, foram hábeis em garantir alianças com os líderes dos clãs das diferentes regiões, distribuindo títulos,
dando-lhes benefícios e não interferindo muito na organização social local. A nobreza era sepultada em grandes
câmaras funerárias de barro e pedra – os kofun. O Reino Yamato mantinha contatos com os povos do continente
asiático. Inspirado nos chineses, em 604 d.C., o príncipe regente Shotoku promulgou a Constituição dos 17
artigos, primeiro documento escrito em língua japonesa que organizou o poder político e a burocracia com base
na ideia de que “Em um país não há dois senhores, o povo não tem dois mestres. O soberano é o mestre do povo
de todo o país”. Alguns anos depois, foi realizada a chamada Reforma Taika (645 d.C.) que determinou que
todas as terras do Japão pertenciam oficialmente ao imperador e estabeleceu algumas medidas administrativas
importantes, como a criação de um sistema centralizado de comunicações e estradas, a adoção da prática de se
fazer o registro da população, a distribuição de terras e a organização da cobrança de impostos. Em 702 d.C., o
Código Taiho estabeleceu diversas regras para a vida na corte que diziam respeito às relações de casamento, às
formas de promoção, aos rituais funerários e ao controle sobre templos e monges. Apesar do processo de
centralização política ocorrido no Japão, o poder do imperador sofria com a oposição constante de diferentes clãs
e comunidades que viviam em regiões mais isoladas.

QUESTÕES:

1) Descreva as principais características da civilização harappiana.


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2) Explique o que é o “sistema de castas” na Índia.
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3) É possível dizer que o território indiano foi fragmentado politicamente durante muito tempo? Justifique sua
resposta com base no texto.
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4) Descreva os efeitos gerados pela chegada do islamismo à Índia a partir do século VIII.
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5) Quais são as principais diferenças entre as antigas culturas Jomon e Yayoi no Japão?
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6) Explique o papel do Reino de Yamato no processo de unificação territorial do Japão Antigo.
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7) Explique por que o processo de centralização política no Japão não foi fácil.
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OS FENÍCIOS NA ANTIGUIDADE

A ocupação da região do atual Líbano pelos fenícios ocorreu por volta de 3000 a.C. Como o clima da região era
bastante árido, os fenícios tiveram que garantir a própria sobrevivência por meio de atividades que não
dependessem exclusivamente da agricultura. Em razão da proximidade com o Mar Mediterrâneo, os fenícios se
dedicavam a atividades como pesca, construção naval, comércio marítimo, pirataria e tráfico de escravos. Os
fenícios também produziam artesanato (joias, objetos de vidro, marfim, tecidos).

Os fenícios não formaram um país com governo unificado. Na verdade, existiam diferentes cidades-Estado
fenícias, cada uma com seu próprio rei e suas próprias leis. Havia, portanto, uma grande fragmentação política
entre os fenícios. Nas cidades, as elites eram formadas por comerciantes e grandes proprietários de terras.
Algumas dessas cidades-Estado eram Tiro, Biblos, Sídon e Beritos (atual Beirute, capital do Líbano).

No que diz respeito à religião, os fenícios cultuavam as forças da natureza. Eles acreditavam em diversas
divindades, tais como El (deus supremo), Astarte (protetora dos guerreiros e do amor sexual), Baal (senhor da
chuva), e Anath (deusa do amor e da guerra). Além disso, os fenícios eventualmente praticavam o sacrifício
humano em seus rituais religiosos.

Por praticarem o comércio com diversos outros povos, os fenícios tiveram que desenvolver uma forma de escrita
para registrar as informações relativas às suas transações comerciais. A escrita desenvolvida por eles utilizava
um alfabeto fonético, baseado nos sons emitidos pela fala humana.

Os fenícios também desenvolveram um grande conhecimento náutico sobre as correntes marítimas, o voo das
aves marinhas, as rotas de migração de várias espécies de peixes e os ventos de cada região. Todos esses
conhecimentos possibilitaram que os fenícios expandissem os seus territórios, por meio do estabelecimento de
diversas colônias às margens do Mar Mediterrâneo. Todavia, a partir do século IX a.C., os fenícios foram
dominados por outros povos, como os assírios, os babilônios, os persas, os gregos e os romanos.

OS HEBREUS NA ANTIGUIDADE

Há indícios de que os hebreus são oriundos da Mesopotâmia, região a partir da qual eles teriam migrado para a
região do rio Jordão, na Palestina, por volta de 2000 a.C. Na Bíblia Sagrada, o Antigo Testamento registra
diversas informações sobre o povo hebreu na Antiguidade. Durante uma época de seca e fome, eles migraram
para o Egito, onde foram escravizados por quase 500 anos. Tempos depois, os hebreus deixaram o Egito e
retornaram para a região da Palestina por volta de 1230 a.C., em um episódio conhecido como “o Êxodo”.

No que diz respeito à organização política, os hebreus eram governados por um conselho de anciãos dirigido por
um juiz, que era chefe militar e guia religioso. Por volta de 1000 a.C., houve a consolidação da monarquia, em
uma época na qual os hebreus lutavam contra os filisteus. Alguns reis hebreus importantes foram: Saul, Davi e
Salomão. Foi dentro desse contexto que se deu a formação do antigo reino de Israel, quando os hebreus se
dedicaram à expansão territorial e ao comércio com outros povos.

A tradição judaica afirma que o Primeiro Templo de Jerusalém (Templo de Salomão) foi construído para
abrigar a Arca da Aliança, uma grande caixa que continha os Dez Mandamentos. O templo original foi destruído
por Nabucodonosor II, rei dos caldeus. Posteriormente, construiu-se o Segundo Templo, que durante o domínio
romano foi reformado e ganhou um grande muro erguido ao seu redor. Hoje, resta somente uma parte dessa
muralha, conhecida como o Muro das Lamentações.

Após a morte do rei Salomão, no século X a.C., os hebreus se dividiram em dois reinos: a parte norte continuou
sendo chamada de reino de Israel e a parte sul ficou conhecida como o reino de Judá. Posteriormente, o reino
de Israel acabou sendo dominado pelos assírios, enquanto o reino de Judá foi dominado por Nabucodonosor II.
Os hebreus que viviam no reino de Judá foram levados por Nabucodonosor II para a região da Babilônia, em um
episódio registrado na Bíblia como o “Cativeiro da Babilônia”. Esses hebreus ficaram na Babilônia até o período
em que o rei persa Ciro dominou a região e autorizou os indivíduos de origem hebraica (agora chamados de
judeus, por serem oriundos do antigo reino de Judá) a “voltarem” para a Palestina.
Em 63 a.C., no contexto de expansão do Império Romano, os judeus se revoltaram contra Roma, mas foram
duramente reprimidos. Em 70 d.C., o Império Romano decidiu expulsar os judeus da Palestina, proibindo-os de
retornarem à região. Os judeus tiveram que se espalhar pelo Império Romano, em um processo que ficou
conhecido como a “diáspora”. Mesmo espalhados por várias regiões, os judeus conseguiram preservar a sua
cultura, por meio da construção de sinagogas e da manutenção de suas práticas religiosas de caráter monoteísta
no dia a dia, dentro de suas próprias casas. Nas diversas comunidades judaicas espalhadas pelo mundo, os estudos
das leis de Moisés passaram a ser feitos sob a orientação dos rabinos, o que também favoreceu a preservação da
cultura judaica ao longo dos séculos.

QUESTÕES:

1) O que levou os fenícios a desenvolverem diversas atividades econômicas associadas ao mar? Quais atividades
eram essas?
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2) Por que havia uma fragmentação política entre os fenícios na Antiguidade?
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3) Os fenícios acreditavam em um único deus? Justifique sua resposta com base no texto.
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4) O que motivou os fenícios a desenvolverem uma forma de escrita?
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5) Por que os hebreus migraram para o Egito e depois voltaram para a Palestina?
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6) Como os hebreus se organizavam politicamente antes da formação do antigo reino de Israel?
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7) O que provocou a divisão e, em seguida, o fim do antigo reino de Israel?
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8) Descreva como era a relação entre o Império Romano e os judeus que viviam na Palestina até o século I d.C.
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9) Explique como os judeus conseguiram preservar sua cultura mesmo depois da “diáspora”.
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