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3. Para Sócrates e Platão, o conhecimento não pode ser ensinado nem transmitido: o
único que pode chegar ao conhecimento verdadeiro é o próprio indivíduo, de forma
raciocinada, a partir dos juízos feitos sobre as coisas. Nos diálogos Mênon e Teeteto, Sócrates
sustenta que o conhecimento é anamnese, ou seja, uma forma de recordação das verdades
desde sempre conhecidas pela alma que reemergem de vez em quando na experiência
concreta. Para que se possa relembrar o conhecimento, é essencial a aporia, a dúvida, o
encontrar-se diante de um empasse. Assim, através da dialética (método filosófico dialógico),
tem-se a experiência maiêutica, em que o conhecimento é “partejado”, colocado para fora.
Hannah Arendt afirma que a maiêutica de Sócrates, ou dialegesthai, é uma forma
filosófica de falar sem persuasão ou retórica, formas artisticamente gregas de oratória política
que se preocupavam com a maneira certa de discursar. Diante da condenação de Sócrates,
Platão passa a duvidar da persuasão, que diz ter origem nas opiniões da polis, e adota como
base de seu pensamento a oposição entre doxa (opinião) e episteme (ciência), desvalorizando
a primeira. Arendt, porém, acredita que tal oposição é anti-socrática, pois Sócrates se
dispunha a participar da polis e a dialogar com as diversas doxas ali presentes. Logo, sua
dialética revelaria a doxa em sua própria verdade, sem o intuito de destruí-la: ele queria
aperfeiçoar as doxai para melhorar a vida política, sendo o papel do filósofo sábio aquele de
tornar seus cidadãos mais verdadeiros.