Você está na página 1de 21

P R A I A S

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES PARA GESTÃO

“O s au to res sã o respo nsá vei s pel a esco l ha e


apre s e n ta çã o do s po nto s de vi sta co nti do s neste
liv ro e pel a s o pi ni õ es nel e expressa s, que nã o
s ão n e c essa ri a mente a s da U N ESC O
e n ão c ompro metem a Org a ni za çã o ”
P884 P r a i a s: p r i ncí p i os e d i r e t r i z e s p a r a g e s t ã o / o r g a n i z a ç ã o
M a r cus P ol e t t e , B r i a n a B o m b a n a , C a m i l a
Long a r ete & Da n i e l C o n d e - I t a j a í : A u t o r
e ed i tor , 2 0 2 2.
6 4 p . : i l ., f ot o s .

Vá r i os a ut ore s .
I n c l ui b i b l i og r a f ia s
I SBN 9 7 8 -8 5 - 7 6 9 6 - 1 8 7 - 1

1 . G e re n c i a me n t o c o s t e iro . 2 . E c o s s is t e ma s . 3 . P r a ia s
4 . P r a i a s d e b a n h o . I . P o le t t e , M a rc u s . . . e t a l. I I . T ít u lo .

CD U : 5 5 1 . 4 3 5 . 3 2
I S BN: 9 7 8 -6 5 -8 7 5 8 2 -5 1 -1

Claud ia Bitten co u rt B erl i m – C RB 14/964


S UM ÁRI O

1 . A P R E S E N TAÇ ÃO......................... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...8

2 . A S Z O N AS C OSTEI RAS NO ANTRO PO C E N O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2

3 . O S I S T E MA C OSTEI RO EM M UD AN Ç A C O N T ÍN U A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 0

4 . A BI O TA D AS P RAI AS ARENOSAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4

5 . A S P R A I A S C OM O SI STEM AS SOCIO E C O L Ó G IC O S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 8

6 . A S P R A I AS AO LONGO D O TEM P O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 7

7 . O T U R I S MO D E SOL E PRAI A........ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 0

8. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................61
6. AS PRAIAS
AO LONGO
DO TEMPO

Briana Angélica Bombana, Dra. & Luidgi Marchese, Dr.

¹ Laboratóri o de Co n se r v a çã o e G e st ã o C o st e i r a
C e ntro d e C iênc i as Tec nol ógi c as da Te r r a e do M a r – C T T M a r – U n i v e r s i da d e d o
Val e do I t a j a í – U N I VA L I

37
On d e t u do come çou...

H
eráclito, criador da dialética, defendia que lações de sua margem. Corbin (1993) revisou inclusive
“nada é permanente, a não ser a mudança”. as visões dos gregos e romanos, encontrando muitas
De fato, as praias tanto do ponto de vista de citações na teologia e na literatura clássica deste te-
sua morfologia quanto do seu uso pela população, po- mor e inapetência pelo mar e pelas praias.
dem ser encaixadas nessa definição uma vez que têm
sofrido diversas modificações ao longo do tempo. Além disto, as terras costeiras também eram conside-
radas inúteis para as atividades produtivas desenvolvi-
Salvo alguns esparsos momentos da antiguidade - das na época, com destaque para os solos inférteis e
como na Roma antiga, com suas vilas balneárias ao muito salinos à agricultura.
lado do mar que remetiam a fins de higiene e esportivos
- as costas dos territórios com característica exposta Após o início da colonização de novos territorios além
foram principalmente vistas como um local inóspito mar, no final do século XV, foi dado o início a uma
que representava perigo às pessoas. Esta percepção modificação desta concepção e as zonas litorâneas
permaneceu por centenas de anos e começou a mu- europeias começaram a ser povoadas, principalmen-
dar a partir do período das grandes navegações. te os litorais de característica abrigada, ideais para o
estabelecimento de portos, seguidos posteriormente
Segundo Corbin (1993), historiador francês que traça a pelo desenvolvimento das atividades industriais (Mar-
história da praia no imaginário ocidental, no Ocidente, tins & Vasconselos, 2011). Muito embora, os vilarejos
antes do século XVII, a praia era um lugar tenebroso e cidades ainda apresentavam um olhar voltado aos
e pouco cobiçado. Os conceitos teológicos predomi- continentes, construídos de costas para o mar. Tal fato
nantes nessa época insinuavam imagens monstruosas se faz ainda mais importante no continente americano
do oceano, relacionando o mar com os restos de um dado que, constituído de países povoados ou colo-
dilúvio enviado como um castigo divino. As caracte- nizados, a ocupação deste território começou, quase
rísticas mutáveis do oceano, seu poder de destruição sempre, pelas praias, com as embarcações como o
durante os temporais e, em geral, sua impossibilidade principal meio de transporte para novas conquistas
de domínio por parte do homem, distanciava as popu- territoriais (Sabel apud Urry, 2001).

F O N T E: o o s u n Wo n .

38 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


VOCÊ SABIA QUE ...

Em Montevidéu, no Uruguai, a primeira “planta” da


cidade, onde atualmente se localiza a “Ciudad vie-
ja”, foi pensada para estar dentro de uma muralha
com casas que não direcionavam as suas frentes
à região costeira e portuária? Esta, então, era tida
como fonte de sujeira, doenças e “promiscuidade”.
Atualmente, na capital uruguaia, o turismo de sol e
praia é uma forma de ingresso econômico durante
os meses de verão.

Paralelamente, o litoral também começou a causar


curiosidade, o mar acaba sendo visto como caminho
para chegar a lugares desconhecidos, de novos co-
nhecimentos e conquistas (Martins & Vasconselos,
2011). No fim do século XVII, surgem os estudos da
oceanografia que permitem conhecer melhor esse
grande inimigo chamado oceano. Na metade do sé-
culo XVIII:

“a beira-mar readquire uma antiga função,


faz-se de novo lugar privilegiado dos enigmas
do mundo. Vai-se a ela para interrogar sobre o
passado da terra e as origens da vida. Melhor
do que em qualquer outra parte, ali é possível,
de fato, efetuar a leitura da multiplicidade dos
ritmos temporais, perceber o alongamento
da duração geológica, observar a indecisão
das fronteiras biológicas, a incerteza dos
reinos e as curiosas transições entre eles”
(Corbin, 1988).

Segundo o mesmo autor (Corbin, 1993), também pela


corrente teológica natural, a tendência de repulsão
da costa começa a variar. A mentalidade muda
em relação à costa e especialmente às praias,
passando de ser um lugar de rejeição para
outro de desejo profundo. Desta maneira,
começa a apreciação da paisagem am-
pla, sutil e relaxante da praia. Os homens
da época começam a incluir em seus
textos e diários de viagens a beleza da
costa, outorgando-a um valor estético e
artístico predominante.

39
A CHEGAD A DO BA NHO DE MA R...

Por t ob el lo Be a ch, E d i nbu rg h. Ci rc a 19 0 5

F i g u r a 8 : Po r t o Bel o Beach ,
No continente europeu, a medicina foi a responsável
E s c ó c i a - 1 9 0 5 . F on t e:
por aproximar o homem à beira do mar, atribuindo F o t o s o b t i da s n a in t er n et .

propriedades terapêuticas à água marinha. Muito se


falava sobre as propriedades benéficas da água e do
ar marinho, estimulando a caminhada e a cavalgada
XVIII, quando recomendado para fins medicinais, com
nesse ambiente. A partir de 1750, o banho de mar é
receitas e programações feitas por médicos da épo-
quase um remédio infalível para inúmeras doenças.
ca, apresentava duração precisa e era acompanhado
Assim, em meados do século XIX começou-se um for-
por um profissional especializado em banhos curativos
te costume, associado à aristocracia, de utilizar a praia
(Figuras 8 e 9). Inglaterra e França foram os países
para banhos medicinais para diversos fins. Segundo
pioneiros, estendendo-se posteriormente a outros pa-
Rubio (2005), esta tendência iniciada no norte da Euro-
íses europeus. Este benefício do uso das praias como
pa, rapidamente se dispersou no Mediterrâneo. Desta
“medicamento” - que corroborava com práticas muito
forma, o uso contemplativo da praia que já existia pela
mais antigas, defensoras da água fria como favore-
praia se une ao uso terapêutico, proporcionado pelo ar
cedora da longevidade - fez com que os balneários
limpo e as águas marinhas.
fossem procurados por todas aquelas pessoas que
sofriam de alguma doença e que conviviam com con-
O banho de mar como atividade humana em costas
dições de insalubridade nos ambientes urbanos.
expostas aparece, portanto, em meados do século

40 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


F i g u r a 1 0 : Po s t a l da Prai a de
Tal atividade acabou ganhando uma função de lazer Po c i t o s , M o n t e v i dé u , Ur u g u ai
quando o mar, o sol e a paisagem costeira começam a - 1 9 1 0 . F o n t e : w w w. pa r l an ch .
b l o g s p o t . c o m . br
ser percebidos como cenários capazes não só de res-
tabelecer as condições físicas, mas também mentais
das pessoas:

“A essa altura, a figura da praia se turva, os


mitos se entrecruzam, os estereótipos se
acumulam em uma confusa concorrência.
As qualidades respectivas dos elementos,
as características da topografia, a eficácia
do equipamento hospitalar, a amplitude da
rede de sociabilidade e a riqueza da vida
cultural engendram uma instável distribuição
de méritos respectivos” (Corbin, 1988).

Ainda que a fruição da água do mar pelos banhistas já


houvesse começado – inclusive antes dos padrões bri- F i g u r a 9 : Po s t a l d e
C o n e y I s l a n d , N o v a Yo r k ,
tânicos, em comunidades de pescadores ou insulares
EUA - 1856. Fonte:
– neste momento, não havia a busca das mesmas para c o n e y i s l a n dre a d e r. c o m

o banho de sol, pois a queima da pele a ressecava.


As atividades até então contempladas incluíam princi-
palmente a caminhadas e conversas entre as pessoas
(Figura 10).

41
... E, DO BA NHO DE SOL

No século XIX, no continente europeu, a praia então


assume definitivamente o papel de vilegiatura balnear
e o banho de sol é evidenciado como benéfico (Fi-
gura 11), especialmente em países como a Inglaterra,
França, Itália e Espanha, por intermédio dos spas, do
iatismo, dos bailes e dos passeios à beira-mar (MinTur,
2010). Há um pouco mais de um século atrás, o “boca-
-a-boca” provavelmente trouxe algumas praias à tona,
à medida que as parcelas endinheiradas da popula-
ção europeia realizavam o “Grand Tour” da Europa.
Por exemplo, Deauville, Monte Carlo e Nice na França,
a costa Amalfitana na Itália e o Algarve em Portugal
estavam todos no itinerário dos viajantes (Williams &
Micallef, 2009).

*Figuras 12
Primeiramente, a consolidação deste fenômeno se dá
através da elite britânica que apresentava um poder
de criar tendências nas camadas sociais mais baixas,
como os burgueses, acabando por se estender à po-
pulação de um modo geral.

A industrialização e as mudanças sociais no prole-


tariado, especialmente o melhoramento das vias de
transporte (Figuras 12 e 13), e o advento das férias,
proporciona o acesso às cidades litorâneas e o visi-
tante já não é somente originário das classes abasta-
das, a praia se populariza (MinTur, 2010). O boom das
ferrovias no século XIX trouxe os resorts costeiros à
moda, permitindo que grandes massas trabalhadoras
passassem suas férias na costa (Williams & Micallef,
2009).

Neste contexto, cabe destacar o fenômeno da segre-


gação social, o qual passou a existir por parte da aris-
tocracia industrial europeia, pois a esta não lhe ape-
tecia compartilhar do mesmo balneário com outras
classes, fazendo-a selecionar um novo local ou, no
caso de decidir manter sua permanência, instituindo
uma clara divisão de localização indicada pela diferen-
ça das estruturas para os banhos de mar. Esta segre-
gação, inclusive, permaneceu no tempo e pode ainda
ser vista em diversos destinos praieiros.

42 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


F igura 1 1: “Don’t
be a palef ace!”:
Propagan da do
protetor solar
Coppertone -
Década de 50 .
Fon te:Cardcow.

VOCÊ SABIA QUE ...

No início, o desfrute das praias era realizado com a


ajuda de um banhista auxiliar? O prazer do banho de
mar estava na água salgada, fria e turbulenta, impli-
cando cuidados com a salvaguarda. Para o banho
de mar havia a necessidade da prescrição médica,
e companhia de um banhista auxiliar e do conheci-
mento da declividade da praia.

Figuras 12* e 13:


A n ú n c i o s da s l i n h a s
d e t re m b r i t â n i c a s
p a r a a s c i da de s
c o s t e i r a s n a m e t a de
do século XX. Fonte:
Pi n t e re s t .

43
A F ONTE DE L A Z ER

O início do prestigio da faixa litorânea com relação F i g u r a 1 4 : P r ai a


do C a j u , Ri o de
ao ócio se salienta ainda mais nos países fronteiriços
J a n e i ro , Br as i l .
com o mar Mediterrâneo – de águas mais quentes, por F o n t e : s o b ras a.o rg

exemplo, em relação ao Reino Unido - e a praia surge


como é concebida ainda hoje (MinTur, 2010). Ocorri-
da inicialmente para uma demanda seletiva, é a partir
dos anos 60, com a factibilidade das viagens aéreas A praia começa a ser visitada e habitada por comuni-
(Williams & Micallef, 2009), que estes países começa- dades humanas cada vez maiores e, nos dias de hoje,
ram a ser locais de atração turística massiva que per- mais de 60% da população mundial vive a menos de
dura até os dias atuais. 50 Km da linha de costa. Essa migração não ocorre
apenas pela praia, mas também porque as pessoas se
O turismo se torna, então, um fenômeno social com o sentem estimuladas pelas oportunidades de trabalho
crescimento expressivo dos fluxos turísticos no litoral nas grandes cidades costeiras, já que permitem o in-
(MinTur, 2010). Há, até mesmo, quem defenda - como gresso de trabalho em diversos setores, como o caso
é o caso do próprio Corbin (1988) - que a moda das das zonas portuárias, turismo, entre outras atividades
praias tenha sido um fator importante para consolidar típicas litorais (Barragán, 2003). No final do século XX,
o turismo moderno. Como consequência, atualmente a praia já era a grande determinadora do turismo cos-
há um maior contingente de pessoas vivendo e pas- teiro (Torres, 1997), tendência que também dominou a
sando suas férias na costa, havendo um grande aces- primeira década do novo milênio.
so ao ambiente praia (Williams & Micallef, 2009).

44 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


No continente americano, há registros do uso das
praias para banhos de mar que datam do final do sé-
VOCÊ SABIA QUE ...
culo XIX e início do século XX, como por exemplo, a
praia do Caju no Rio de Janeiro (Figura 14) que foi ade-
A arquitetura voltada ao mar (Figura 15)
rida primeiramente por D. João VI e se torna, no século
também ocorre no século XIX, já que a
XIX, o primeiro balneário da cidade e do Brasil. Mas,
contemplação do encontro do mar com a
somente na década de 60 e 70 é que se destaca a
terra se convertia em um desejo coletivo
ampliação e a intensificação do segmento do turismo
de moradia.  
costeiro da Europa para outros continentes.

F i g u r a 15 : P r ai a de
Po c i t o s , M o n t ev i déu ,
U r u g u a i - 1 9 3 8 . F o n t e:
Cabe ressaltar, porém, que no Brasil os primeiros li- p u n t av i p.co m

torâneos foram os indígenas. Estes vistos como os


vários povos tupi–guarani que habitavam as praias
trouxeram novos costumes, sujeira, doenças, progres-
do país séculos antes da chegada dos portugueses.
so, destruição e violência. Como muitos indígenas ti-
Segundo a antropóloga e historiadora Maria Hilda Ba-
nham um comportamento nômade e/ou morreram em
queiro Paraíso, especialista em história indígena, os
batalhas, os europeus começaram a importar novos
indígenas brasileiros vieram dos Andes e, logo, alguns
escravizados, que vieram da África, pelo mar.
se distribuíram na zona litorânea do país. A vida dos
indígenas na beira do mar era uma delícia: pescaria,
Os indígenas sempre tomaram banho de mar. O hábi-
coleta, pequenas plantações. Para se locomover, usa-
to, no entanto, só foi incorporado pela população não
vam as pirogas, um modelo de canoa escavada em
indígena, quando o rei D. João VI precisou se curar
troncos que sobrevive até hoje.
com as águas oceânicas, como comentado anterior-
mente. Ele, mesmo não possuindo o hábito de tomar
Com a chegada dos portugueses e outros europeus, a
banho, por ser uma recomendação médica, teve que
calmaria inicial foi interrompida, mesmo com a doação
ceder. Construiu sua casa de banho, no litoral cario-
das capitanias hereditárias, deu-se a largada na colo-
ca e lá curava suas feridas. E, como tudo o que o rei
nização do Brasil, baseada na escravidão. As praias
fazia virava moda, diversas casas de banho foram
foram então, palco de massacres inomináveis, mas
abertas no Rio de Janeiro, inclusive suas roupas de
também de tórridas histórias de amor e alguns encon-
banho também tornaram-se tendências beachwear. A
tros cordiais. Os indígenas foram as primeiras vítimas:
diferença é que, pare eles naquela época, ir à praia era
assistiram a um desembarcar sem fim de estranhos
como ir ao campo fazer um piquenique: em pequenos
que
45
grupos e todos vestidos.

Com o passar do tempo e chegado o fenômeno do


veraneio, uma grande interessante aconteceu: assim
como já faziam os indígenas, começamos a nos des-
pir. E então, na década de 60 e 70 (Figura 17), ocor-
re uma ampla intensificação do segmento do turismo
costeiro em todos os continentes.

VOCÊ SABIA ?

Um dos últimos redutos que permanecem


preservados alguns costumes de praias
indígenas é a área norte do estado da Bahia,
acima de Salvador, até a divisa com Sergipe.
Atualmente, apesar das indústrias, dos
esgotos, do lixo, do desmatamento, ainda
é possível encontrar por lá locais onde se
vive a essência do espírito praiano indígena,
inclusive com transportes de canoas
adaptadas (Figura 16). Ocupada inicialmente
por indígenas, depois por aldeamentos
jesuíticos e vilas – que sobrevivem da pesca
e agricultura -, a partir dos anos 70, nessa
área, foram surgindo os loteamentos e
empreendimentos turísticos.

F i g u r a 1 6 : Re s qu í c i o s
do s c o s t u m e s pr a i a n o s
i n d í g e n a . F o n t e : i n t e r n et .

46 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


R io d e Jan ei ro Década de 60

Figu ra 17: Ip a ne m a ,
Rio de J a ne iro,
Brasil - Dé c a d a d e
6 0. Fon te : c ha r ly- s-
garage.

47
As di vers a s f unções d a s p r a i a s

Hoje, reconhece-se que as praias - além do benefí-


cio social e econômico que proporcionam, relaciona-
dos principalmente ao descanso, são inspiração para
o desenvolvimento de uma cultura associada a elas,
traduzida através da arte, música, literatura, cinema,
consumo e comportamento (Figuras 18 e 19).

F ig ura 1 8: M aya Beac h, Ta ilâ nd ia , a p r a ia d o f ilme “ T h e Be a c h ” l a n ç a do e m 2 0 0 0 . F o n t e : Ya c h t i n g L i f e s t y l e .

Figur a 19: Ma ya Be a c h , Ta i l â n d i a , a p r a i a do f i l m e
“ The B e a c h” la nç a d o e m 2 0 0 0 . F o n a F i g u r a 2 1 :
Ca p a d o livro libro s o b re a c u l t u r a do s u r f “ Po p
S ur f Culture : Mu s i c , D e s i g n , F i l m a n d F a s h i o n
f rom the B ohe m i a n Su r f Bo o m ” . F o n t e : C h d e s t e r &
P r iore , 2008. te : Ya c h t i n g L i f e s t y l e .

48 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


Ademais, com o avanço dos estudos costeiros, sabe- praias desempenham, tanto de regulação como cultu-
-se que as praias apresentam diversas outras funções ral (Chica et al., 2012), seriam outra forma de conceber
e serviços ecossistêmicos, como armazenamento e sua função como elemento que satisfaz as necessida-
transporte de sedimentos, dissipação da força da hi- des humanas.
drodinâmica marinha, resposta dinâmica ao aumento
do nível do mar, decomposição do material que conta- A função recreativa da praia, que parte da percepção
mina a areia, filtração e purificação da agua, manuten- humana deste ambiente como um espaço para o uso
ção da biodiversidade e recursos energéticos, áreas em seu tempo livre e de lazer, em termos históricos, é
de criação de peixes juvenis, lugares de nidificação de relativamente recente. Pois, foi só a partir do homem
tartarugas e aves, espaço de presa para aves e fauna do século XVII que começa a perder os costumes an-
terrestre (Zielinski & Botero, 2012). cestrais de medo e terror (Corbin, 1993) e até meados
do século XX, não era reconhecida como um lugar de
Segundo os autores (Ariza et al., 2008; Jiménez et al., descanso e relaxamento (Rubio, 2005). Assim, então,
2007; Rubio, 2005), são encontradas três principais somente agora a praia cumpre uma função social, per-
necessidades humanas que as praias satisfazem: mitindo a coletividade humana desfrutar de um espaço
multidimensional, no qual é possível banhar-se, con-
a. Proteção de zonas interiores da energia das templar a paisagem, solárium, entre várias ações pró-
ondas, especialmente a paisagem e as infra- prias do tempo livre.
estruturas humanas e edificações;
Dessa forma, é de grande importância a existência de
b. Oportunidades de usos recreativos, incluin- processos e instrumentos de gestão de praias, como
do a natação, o bronzeamento, mergulho, re- condicionante para que as funções cumpridas por tais
laxamento e várias atividades esportivas; ambientes possam ser mantidas. Ao adicionar a este
contexto que as praias são sistemas naturais que es-
c. A provisão de um cenário natural e reserva tão atualmente submetidos a uma grande pressão hu-
ecológica, que indica seu valor para a conser- mana e climática (Sardá et al., 2012) e que o turismo,
vação. aliado a assentamentos urbanos, aceleram o processo
de uso, ocupação e degradação da zona costeira e
Torres (1997) se aventura em estabelecer a imagem das praias (Harvey & Caton, 2003), destaca-se que a
turística do espaço da praia como o mais relevante, praia, estando integrada a realidade costeira, necessi-
inclusive superior à sua importância como suporte físi- ta ser abordada e gerida como um todo, desde uma
co. Mesmo assim, os serviços ecossistêmicos que as perspectiva sistêmica como de paradigma científico.

PARA TER EM CONTA:

• Em muitos países, como o Brasil e o Uruguai, as praias são


consideradas patrimônio de toda a população e tal ideia implica que esse
patrimônio deve ser passado de geração para geração.

• Há um antigo provérbio dos indígenas norte-americanos que diz “Nós


não herdamos a terra de nossos pais, nós a emprestamos de nossos filhos”.

• Assim, fica a pergunta: Como vamos entregar as praias para os


nossos filhos no futuro?

49
8.BIBLIOGRAFIA
Ansell, A.D., 1983. The biology of the genus Donax. In: McLachlan
A, Erasmus T (eds) Sandy beaches as ecosystems. W Junk Pu-
Colby, M.E., 1991. Environmental management in development: the
blisher, The Hague, 607–635.
evolution of paradigms. Ecological Economics 3, 193-213.

Ariza, E., Jiménez, J.A., Sardá, R., Villares M., Pinto, J., Fraguell, R.,
Contreras, H., Defeo, O., Jaramillo, E., 1999. Life history of Emerita
Roca, E., Marti, C., Valdemoro, H., Ballester, R., Fluvia, M., 2010.
analoga (Stimpson) (Anomura, Hippidae) in a sandy beach of south
Proposal for an Integral Quality Index for Urban and Urbanized Be-
central Chile. Estuarine Coastal & Shelf Science 48, 101–112.
aches, Environmental Management 45, 998-1013.

Corbin, A. (1988). O território do vazio: A praia e o imaginário oci-


Beaumont, N.J., Austen, M.C., Atkins, J.P., Burdon, D., Degraer, S.,
dental. São Paulo: Editora Schwarz Ltda.
Dentinho, T.P., Derous, S., Holm, P., Horton, T., van Ierland, E., Mar-
boe, A.H., Starkey, D.J., Townsend, M., Zarzycki, T., 2007. Identifi-
Costanza, R., d´Arge, R., de Groot, R., Farber, S., Grasso, M., Han-
cation, definition and quantification of goods and services provided
non, B., Limburg, K., Naeem, S., O´Neill, R., Paruelo, J., Raskin, R.,
by marine biodiversity: Implications for the ecosystem approach.
Sutton, P., van den Belt, M., 1997. The value of the world´s ecosys-
Marine Pollution Bulletin 54, 253-265.
tem services and natural capital. Nature 387, 253-260.

Berkes, F., Folke, C. (Eds), 1998. Linking social and ecological sys-
Crutzen, P., Stoermer, E., 2000. The Anthropocene. Global Change
tems.Management practices and social mechanisms for building
Newsletter 41, 17-18.
resilience. Cambridge Press, Cambridge.
Boyd, J., Banzhaf, S., 2007. What are Ecosystem Services? Ecolo-
Crutzen, P., Stoermer, E.F., 2010. Have we entered the “Anthropo-
gical Economics 63(2–3), 616-626.
cene”? International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP).

Brazeiro, A., Defeo, O., 1996. Macroinfauna zonation in microtidal


Curtin, R., Prellezo, R., 2010. Understanding marine ecosystem ba-
sandy beaches: is it possible to identify patterns in such variable
sed management: A literature review. Marine Policy 34, 821-830.
environments? Estuarine Coastal & Shelf Science 42, 523–536.

de Álava, D., 2007. Incidencia del Proceso de Transformación An-


Brenner, J., Jiménez, J.A., Sardá, R., Garola, A., 2010. An assess-
trópico en el Sistema Costero La Paloma – Cabo Polonio, Rocha,
ment of the non-market value of the ecosystem services provided
Uruguay. Tesis de Maestría en Ciencias Ambientales, Facultad de
by the Catalan coastal zone, Spain. Ocean & Coastal Management
Ciencias, (UDELAR), Montevideo, Uruguay. 94pp.
53, 27-38.

de Groot, R., 1992. Functions of Nature: evaluation of nature in en-


Brown, A.C., 1996. Behavioural plasticity as a key factor in the sur-
vironmental planning, management and decision-making, Wolters
vival and evolution of the macrofauna on exposed sandy beaches.
Noordhoff BV, Groningen.
Revista Chilena de Historia Natural 69, 469–474.

de Groot, R., 2010. Protecting natural capital for human wellbeing


Brown, A.C., McLachlan, A., 1990. Ecology of sandy shores. Else-
and sustainable development (Editorial). Science & Environmental
vier, Amsterdam.
Policy SI20, 1.

Burke, L., Kura, Y., Kasem, K., Revenga, C., Spalding, M., McAllis-
Defeo O, Scarabino V, 1990. Ecological significance of a possib-
ter, D., 2001. Coastal Ecosystems. Washington DC World Resour-
le deposit-feeding strategy in Mesodesma mactroides (Deshayes,
ces Institute. 93 pp.
1854) (Mollusca: Pelecypoda). Atlantica 12, 55–65

Campbell, E., 1996. The global distribution of surface diatom accu-


Defeo, O., Jaramillo, E., Lyonnet, A., 1992. Community structure
mulations. Revista Chilena de Historia Natural 69, 495–501.
and intertidal zonation of the macroinfauna in the Atlantic coast of
Uruguay. Journal of Coastal Research 8, 830–839.
Carballo, A., Villasante, C.S., 2009. La gestión integrada de las zo-
nas costeras en la política marítima de la Unión Europea. In: Gesti-
Defeo, O., McLachlan, A., 2005. Patterns, processes and regulatory
ón Integrada de Zonas Costeras, AENOR, Madrid.
mechanisms in sandy beach macrofauna: a multi-scale analysis.
Marine Ecology Progress Series 295, 1–20.
Cicin-Sain, B., Knecht, R. W., 1998. Integrated coastal and ocean
management: concepts and practices. Washington, Island Press.
Defeo, O., McLachlan, A., Schoeman, D.S., Schlacher, T.A., Jones,
517 pp.
A., Lastra, M., Scapini, F., 2009. Threats to sandy beach ecosys-
tems: A review. Estuarine Coastal & Shelf Science 81, 1-2
Cheong, S., 2008. A new direction in coastal management. Marine
Policy 32, 1090-1093.
Delgado E., Defeo O., 2006. A complex sexual cycle in sandy bea-
ches: The reproductive strategy of Emerita brasiliensis (Decapoda:
Chua, T., 1993.Essential Elements on Integrated Coastal Zone Ma-
Anomura). Journal of the Marine Biological Association of United
nagement. Ocean & Coastal Management 21, 81-108.
Kingdom 86: 361- 368.

61
Delgado E., Defeo O., 2007. Tisular and population level responses
to habitat harshness in sandy beaches: the reproductive strategy of
Donaxhanleyanus. Marine Biology 152: (4) 919-927.

Grumbine, R., 1997. Reflections on “What is Ecosystem Manage-


Delgado E., Defeo O., 2008. Reproductive plasticity in mole crabs,
ment?”. Conservation Biology 11, 41-47.
Emerita brasiliensis, in sandy beaches with contrasting morphody-
namics. Marine Biology 153 (6): 1065-1074
Holling, C., Schindler, D., Walker, B., Roughgarden, J., 1995. Biodi-
versity in the functioning of ecosystems: an ecological primer and
Dugan J, Hubbard D, Wenner A., 1994. Geographic variation in life
synthesis. In: Perrings, C., Mäler, K., Folke, C., Holling, C., Jansson,
history of the sand crab, Emerita analoga (Stimpson) on the Ca-
B. (Eds.), Biodiversity Loss: Ecological and Economic Issues. Cam-
lifornia coast: relationships to environmental variables. Journal of
bridge University Press, Cambridge.
Experimental Marine Biology and Ecology 181: 255–278.
http://www.igbp.net/5.d8b4c3c12bf3be638a8000578.html

EEA, Agencia Europea de Medio Ambiente, 2006. The changing


Iñiguez, L., Corona, C., Pérez-López, R., Ramírez, R., Mendoza,
faces of european coastal areas. EEA Report N6/2006. Oficina de
A., Lizarraga-Arciniega, R. 2007. La gestión integral en playas tu-
publicaciones oficiales de las Comunidades Europeas. Luxembur-
rísticas: herramientas para la competitividad. In: Gacetaecológica,
go.
México, 82, 77-83.

Fisher, B., Turner, R.K., 2008. Ecosystem services: classification for


Jaramillo, E., Contreras, H., Bollinger, A., 2002. Beach and faunal
evaluation. Biological Conservation 141, 1167–1169.
response to the construction of a seawall in a sandy beach of south
central Chile. Journal of Coastal Research 18, 523–529.
GESAMP, 1996. The contribution of Science to Integrated Coastal
Management. Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine
Jiménez, J.A., Gracia, V., Valdemoro, H., Mendoza, E., Sánchez-Ar-
Environmental Protection, Reports and Studies 61. Food and Agri-
cilla, A., 2011. Managing erosion-induced problems in NW Mediter-
culture UN, Rome.
ranean urban beaches. Ocean & Coastal Management 54, 907-918.

Glaser, M., Krause, G., Ratter, B., Welp, M., 2008. Human-Natu-
Lercari, D., Defeo, O., 2006. Large-scale diversity and abundan-
re-Interaction in the Anthropocene: Potential of Social-Ecological
ce trends in sandy beach macrofauna along full gradients of sali-
Systems Analysis. Preparation Paper for the DGH-Symposium.
nity and morphodynamics. Estuarine Coastal & Shelf Science 68,
Sommerhausen, www.dgh2008.org
27–35.

62 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


Lewin J, Schaefer T., 1983. The role of phytoplankton in surface
ecosystems. In: McLachlan A, Erasmus T (eds), Sandy beaches as
ecosystems. W Junk Publisher, The Hague, 381–389.

Lozoya, J.P., Sardá, R., Jiménez, J.A., 2014. Users’ expectations


and the need for differential beach management frameworks along
the Costa Brava: urban vs. natural protected beaches. Land Use
Policy 38, 397-414.

Lozoya, J.P., Sardá, R., Jiménez, J.A., 2011. A methodological fra-


mework for multi-hazard risk assessment in beaches. Environmen-
tal Science & Policy 14, 685-696.

Martínez, M., Intralawan, A., Vazquez, G., Perez-Maqueo, O., Sut-


ton, P., Landgrave, R., 2007. The coasts of our world: Ecological,
economic and social importance. Ecological Economics 63, 254-
272.

Martins, M.B.; Vasconselos, F.P., 2011. Desafios para o desenvolvi-


mento sustentável da zona costeira. Revista Geográfica de América
Central n° especial EGAL, 1-12.

McArdle, S., McLachlan, A., 1991. Dynamics of the swash zone and
effluent line on sandy beaches. Marine Ecology Progress Series 76,
91–99.

McGwynne, L., McLachlan A., 1992. Ecology and Management of


Sandy Coasts. Institute for Coastal Research, UPE, South Africa,
Report, Nº 30, 83pp.

63
Rodil, I., Lastra, M., 2004. Environmental factors affecting benthic
McLachlan A, Dugan J, Defeo O, Ansell A, Hubbard D, Jaramillo E, macrofauna along a gradient of intermediate sandy beaches in nor-
Penchaszadeh P., 1996. Beach clam fisheries. Oceanography and thern Spain. Estuarine Coastal & Shelf Science 61, 37–44.
Marine Biology Annual Review 34, 163–232.
Sabel, C. apud Urry, J. O Olhar do turista: lazer e viagem nas so-
McLachlan A., Defeo O., 2013. Coastal Beach Ecosystems. En: Le- ciedades contemporâneas. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes
vin S.A. (ed.) Encyclopedia of Biodiversity, second edition, Volume de Moura, 3a edição. São Paulo: Studio Nobel, SESC, 2001. Título
2, 128-136. Waltham, MA: Academic Press. original: The Tourist Gaze. Leisure and travel in contemporary so-
cieties.
McLachlan, A., 1980. Exposed sandy beaches as semi-closed
ecosystems. Marine Environmental Research 4, 59–63. Sanchéz, D. 2011. Indicadores turísticos en la Argentina. Una pri-
mera aproximación. Investigaciones Turísticas 2, 29-65.
McLachlan, A., 1983. Sandy beach ecology–a review. En: McLa-
chlan A, Erasmus T (eds) Sandy beaches as ecosystems. W Junk Sardá, R. 2013. Ecosystem Services in the Mediterranean Sea: The
Publisher, The Hague, 321–380. need for an economic and business oriented approach. In: Hughes
TB, Ed., The Mediterranean Sea. Nova Science Publishers, Inc.
McLachlan, A., 1990. Dissipative beaches and macrofauna commu- 1-33p. ISBN 978-1-62618-238-7.
nities on exposed intertidal sands. Journal of Coastal Research 6,
57–71. Sardá, R., 2009. La estrategiacatalana de gestiónintegrada de
zonascosteras. En: GestiónIntegrada de ZonasCosteras, AENOR,
McLachlan, A., Brown, A.C., 2006. The Ecology of Sandy Shores. Madrid.
Academic Press, Burlington, MA, USA, 373pp.
Scapini, F., 2006. Keynote papers on sandhoppers orientation and
McLachlan, A., Dorvlo, A., 2005. Global patterns in sandy beach navigation. Marine and Fresh Water Behaviour and Physiology 39,
macrobenthic communities. Journal of Coast Research 21, 674– 73–85.
687.
Sekovski, I., Newton, A., Dennison, W.C., 2012. Megacities in the
McLachlan, A., Jaramillo, E., Donn, T.E., Wessels, F., 1993. Sand coastal zone: Using a driver-pressure-state-impact-response fra-
beach macrofauna communities: a geographical comparison. Jour- mework to address complex environmental problems. Estuarine
nal of Coastal Research 15, 27–38. Coastal & Shelf Science 96, 48-59.

MEA, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Millen- Short A, Wright L., 1983. Physical variability of sandy beaches. In:
nium Ecosystem Assessment, Island Press, Washington, DC. McLachlan A, Erasmus T (eds). Sandy beaches as ecosystems. W.
Junk, The Hague, 133–144.
MinTur, Ministério do Turismo (2010). Turismo de Sol e Praia: Orien-
tações Básicas. Brasília, 2ª Edição, 59pp. Short A., 1996. The role of wave height, period, slope, tide range
and embaymentisation in beach classifications: a review. Revista
Nahlik, A.M., Kentula, M.E., Fennessy, M.S., Landers, D.H., 2012. Chilena de Historia Natural 69, 589–604.
Where is the consensus? A proposed foundation for moving
ecosystem concepts into practice. Ecological Economics, in press. Tett, P., Sandberg, A., Mette, A. (Eds.), 2011. Sustaining coastal
zone systems. Dunedin Academic Press, Edinburg.
Noy-Meir, I., 1979. Structure and function of desert ecosystems.
Israel Journal of Botany 28, 1–19. Tinley, K.L., 1985. Coastal dunes of South Africa. South African Na-
tional Scientific Program Report 109 CSIR, 300 pp.
Olsen, S., Tobey, J., Kerr, M., 1997. A common framework for lear-
ning from ICM experience. Ocean & Coastal Management 37, 155- Tudor, D., Williams, A., 2006. A rationale for beach selection by the
174. public on the coast of Wales, UK. Area 38, 153-164.

OMT, Organização Mundial de Turismo, 2012. Global Reporte on UNEP, United Nations Environment Programme, 2009. Susteinable
City Tourism, 6, 53pp. Coastal Tourim: An integrated planning and management approa-
ch. Paris, Francia: UNEP, 87pp.
Orams, M. 2003. Sandy Beaches as a Tourism Attraction: A Mana-
gement Challenge for the 21stCentury. Journal of Coastal Research Vallega, A., 1993. A conceptual approach to integrated coastal ma-
35, 74 – 84. nagement. Ocean & Coastal Management 21, 149-162.

Peral, F., Lozano, M., Casas, F., Oyola, M. 2010. Indicadores sinté- Williams, A, Micallef, A., 2009. Beach management: principles and
ticos de turismo sostenible: una aplicación para los destinos turísti- practice. London, Canadá: Editora Earthscan, 455pp.
cos de andalúcia. Revista Electrónica de Comunicaciones y Traba-
jos de ASEPUMA 11, 85-119. Zielinski, S., Botero, C., 2012. Guía básica para certificación de
playas turísticas. Santa Marta, Colombia: Editorial Gente Nueva,
Roca, E., Villares, M., Ortego, M., 2009. Assessing public percep- 94pp.
tions on beach quality according to beach users’ profile: A case stu-
dy in the Costa Brava (Spain). Tourism Management 30, 598-607.

64 P R A I A S | P R I NCÍ PI OS E DI R ETR I ZES PAR A GESTÃO


“Os au tore s sã o re spon sá ve is pe la e sc olh a e
ap re s e n ta ç ã o dos pon tos de vista c on tidos n e ste
l i v ro e pe la s opin iõe s n e le e xpre ssa s, qu e n ã o
s ão ne c e ssa r ia m e n te a s da U N E SC O
e não c om prom e te m a O rga n iz a ç ã o”

Você também pode gostar