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INTRODUÇÃO

RELAÇÃO INTERPESSOAIS

DESENVOLVIMENTO PESSOAL

OS DIREITOS DA PESSOA IDOSA NA LEGISLAÇÃO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

ESTATUTO DO IDOSO

VIOLÊNCIA E MAUS-TRATOS

CONTRA A PESSOA IDOSA

ABUSOS FISICOS

ABUSOS PSICOLÓGICOS

ABANDONO

NEGLIGÊNCIA

FINANCEIROS

AUTONEGLIGÊNCIA

VIOLÊNCIAS VISIVEIS E INVISIVEIS

O CUIDADOR DA PESSOA IDOSA –


FORMAÇÃO E RESPOSABILIDADES

ALTERAÇÕES COMUNS NO ENVELHECIMENTO

CUIDADOS NO DOMICILIO PARA PESSOAS


ACAMADAS OU COM LIMITAÇÕES

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

HIGIENE E CONFORTO DO PACIENTE

MOBILIDADE, POSICIONAMENTO E
TRANSFERÊNCIA

IDENTIFICAÇÃO E PREVENÇÃO DE LESÕES POR


PRESSÃO

NOCÕES DE PRIMEIROS SOCORROS

BIBLIOGRAFIA

Prepara Saúde
Cursos de Cuidador de Idosos
Cuidar dos nossos idosos
é preservar
a nossa história.

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introdução
O número de idosos vem crescendo rapidamente. Segundo a
Organização Mundial da Saúde, entre 1950 e 2025 a população de
idosos do Brasil crescerá 16 vezes, o que nos colocará, em termos
absolutos, como a sexta população de idosos do mundo, isto é,
com mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Por consequência de diversos fatores, como a melhoria das


condições sanitárias e de acesso a bens e serviços, as pessoas têm
vivido mais tempo. Os avanços na área da saúde têm possibilitado
que cada vez mais pessoas consigam viver por um período mais
prolongado, mesmo possuindo algum tipo de incapacidade. Diante
da situação atual de envelhecimento demográfico, aumento da
expectativa de vida e o crescimento da violência, algumas
demandas são colocadas para a família ou para a sociedade, no
sentido de proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas que
possuem alguma incapacidade.

Desta forma, a presença do cuidador nos lares e instituições, tem


sido mais frequente, havendo a necessidade de orientá-los para o
cuidado. Cabe ressaltar que o cuidado no domicílio proporciona o
convívio familiar, diminui o tempo de internação hospitalar e, dessa
forma, reduz as complicações decorrentes de longas internações
hospitalares.

A Política Nacional de Saúde do Idoso, aprovada em dezembro de


1999, tem como princípio que “a família, a sociedade e o Estado têm
o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania,
garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade, bem-estar e direito à vida” (cap. II seção I art. 3º).
Preconiza, entre outras coisas, o apoio ao desenvolvimento de
cuidados informais, com objetivo de manter sempre que possível, o
idoso na comunidade, junto à sua família, da forma mais digna e
confortável possível. Nesta mesma linha de pensamento, foi
aprovado r no Congresso Nacional, em outubro de 2003, o Estatuto
do Idoso, um conjunto de leis visando aperfeiçoar o usufruto dos
direitos por este grupo crescente de cidadãos.

Em relação aos familiares que se tornaram cuidadores de pessoas


idosas, verifica-se que muitos assumiram este encargo sem ter
recebido formação anterior e são obrigados a continuar com esta
responsabilidade, durante longo tempo, acumulando cansaço, sem
receber apoio e nem orientação para enfrentar as mudanças que
vão ocorrendo na saúde da pessoa idosa.

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Outras vezes, a violência parte dos cuidadores empregados em
instituições de longa permanência para idosos ou no domicílio da
pessoa idosa, o que aponta para um sério problema resultante de
falta de cursos para qualificação de cuidadores. Por este motivo,
muitos que se empregam como cuidadores, não receberam
preparação necessária para esta função e nem encontram no seu
emprego quem os possa orientar, no seu dia-a-dia, para lidar com
situações novas e complexas.

Pode-se imaginar que, nessas condições, o cuidado prestado à


pessoa idosa tende a ser de baixa qualidade, torne-se estressante e
seja gerador de violências contra a pessoa idosa.

Pensando neste conjunto de problemas, os cuidados e as ações em


prol da pessoa idosa tem sido uma preocupação constante . Mais
do que uma atitude benevolente, a atenção à vida do idoso é um
ato de amor, respeito e gratidão àqueles que nos proporcionou a
base das nossas vidas. São pessoas que nos deram suporte e que,
nesta fase da vida, precisam de nós, não só afetivamente, mas nas
situações práticas do dia a dia.

Este curso para cuidadores , tem o objetivo de orientar e capacitar


cuidadores na atenção à saúde das pessoas de qualquer idade,
mas com enfoque principal no idoso, acamados ou com limitações
físicas que necessitam de cuidados especiais; oferecer apoio aos
cuidadores informais, melhorando a qualidade de vida e de
assistência do cidadão idoso; esclarecer, nas aulas teóricas, práticas
e estágio, os pontos mais comuns do cuidado com o doente, no
domicilio e na instituição, ajudar o cuidador e a pessoa cuidada;
estimular o envolvimento da família nos cuidados, e promover
melhor qualidade de vida do cuidador e da pessoa cuidada.

Além das explicações e informações básicas sobre problemas de


saúde, o curso oferece também, orientações concretas para que o
processo de cuidar não aumente a dependência, mas possibilite o
aproveitamento e desenvolvimento da capacidade física e mental
da pessoa idosa, primando pela sua autonomia; tornar a moradia
mais segura, proporcionar alimentação adequada, assistir a pessoa
idosa na sua mobilidade, saber comunicar-se com a pessoa que
sofre de demência, cuidar adequadamente do asseio cotidiano,
são alguns detalhes de um cuidado qualificado que os
cuidadores, familiares ou profissionais podem proporcionar à
pessoa idosa, o que em última análise, significa respeitar a
dignidade da pessoa idosa.

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CAPÍTULO 1

Relações Interpessoais
Objetivos Específicos:

● Interpretar os fatores determinantes das diferenças individuais como


preponderantes para o estudo das relações humanas;
● Explicar os fatores que determinam um relacionamento harmonioso no
ambiente social e profissional.

Objetivos Operacionalizados:
● Distinguir os tipos de variáveis que interferem na determinação das
diferenças individuais;
● Expressar a deificação de personalidade;
● Interpretar a influência das variáveis determinantes das diferenças
individuais sobre o desempenho funcional;
● Expressar a definição ‘comportamento humano;
● Identificar os aspectos que devem ser observados para se estabelecer
boas relações humanas;
● Ter consciência das dificuldades e conflitos em grupos sociais;
● Conhecer o processo da comunicação, percepção e suas regras.

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Conceito das Relações Humanas

Onde houver duas pessoas, com certeza teremos um relacionamento.


Diante do crescimento demográfico, mobilidade espacial de indivíduos e de
grupos, multiplicabilidade de aspectos da vida moderna, número elevado de
instituições e de grupos aos quais pertencemos (às vezes até mesmo
involuntariamente), contatos rápidos e superficiais que necessitamos manter
com diferentes pessoas de classes sociais, além de outros fatores, vieram
alertar os psicólogos, administradores, educadores e demais profissionais,
quanto à importância do estudo das relações humanas.

Não é surpresa para ninguém que as pessoas diferem umas das outras, não
havendo dois seres iguais no mundo. O homem sempre teve consciência
das suas características individuais, das suas necessidades diferenciadas.
Vejamos o exemplo de dois irmãos que foram gerados por pais de uma
única família, tiveram a mesma criação, a mesma educação social e moral,
mas desde pequenos demonstram características diferentes no
comportamento no caráter moral e social.

Então façamos as perguntas: “Por que os indivíduos diferem entre si? Quais
são os fatores que produzem variações comportamentais?”

Essas perguntas estimulam longas discussões. Além de sua importância


teórica, o problema da causa das diferenças individuais tem significado
prático de longo alcance em muitos campos. Entender o que impulsiona o
indivíduo para estabelecer seus contatos, bem como as formas de
comportamento adotados em uma ou outra situação são temas que, entre
outros, vãos servir de subsídio para um relacionamento interpessoal rico e
produtivo.

Sendo assim, qualquer atividade destinada a melhorar o desenvolvimento


das relações entre as pessoas precisa basear-se na compreensão dos
aspectos que influenciam o total desenvolvimento. Observar com atenção
os fatores que caracterizam uma relação harmoniosa entre as pessoas é
saber respeitar cada indivíduo com suas características e peculiaridades.

Não é fácil aceitar às vezes nem mesmo as nossas próprias atitudes, então
precisamos aprender que, se quisermos nos relacionar adequadamente
com outro indivíduo, precisamos nos relacionar bem primeiro com nós
mesmos, vencendo nossos obstáculos internos (medos, desconfiança,
insegurança, etc.).

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Como lido no início deste texto, “Onde há duas pessoas, há um
relacionamento”, e assim sendo, com certeza estaremos falando em
conflitos de crenças, costumes, gostos, educação, etc., pois
relacionamentos são repletos de ‘surpresas’, que distinguem um indivíduo
do outro.

Se abordarmos as relações humanas num contexto mais profundo,


perceberemos que as nossas começam quando ainda estamos no útero de
nossas mães. O primeiro contato, a primeira sensação de segurança, vem
deste íntimo uterino, quando estamos sendo gerados. Infelizmente não nos
lembramos das palavras carinhosas e nem dos afagos, mas essas primeiras
informações nos são registradas no sótão do nosso sub-incosnciente, e
desta fase surgem as nossas primeiras características como indivíduo.

Desenvolvimento Pessoal

Fase uterina

❖ Armazenamento de informações involuntárias = medos, angústias,


afetividades, Coragem, etc.

❖ Fase de Conhecimentos Princípio da formação que caracteriza um


indivíduo.

As organizações no mundo atual exigem que as pessoas integrem-se para


uma evolução social e profissional; se não há integração de indivíduos,
principalmente na comunicação, não haverá produtividade, ou seja, não
haverá eficiência no trabalho e no convívio social em geral.

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Relações Interpessoais, Social e Profissional

Os relacionamentos podem existir por vários motivos.

● Nós podemos nos relacionar com as pessoas profissionalmente ou


simplesmente porque tivemos empatia por ela(s), ou ainda por vários
outros motivos. O que devemos avaliar no momento do relacionamento
é o seu propósito, principalmente para que não se tenha ambivalência
nas interpretações.
● No momento, falamos do ponto de vista profissional. Se as pessoas
aprendessem a se relacionar profissionalmente de
forma correta, poderíamos evitar muitos problemas nos locais de
trabalho.
● No ambiente de trabalho o que predomina e o que devemos avaliar são
as condições para uma verdadeira harmonia entre o homem e o
trabalho, e vice versa.
● Identificando o real motivo e o propósito de um relacionamento,
estaremos caminhando dentro de um processo evolutivo para
alcançarmos com êxito um bom relacionamento com os nossos
colegas de trabalho.
● A base concreta para um bom relacionamento é ter percepção dos
nossos deveres e obrigações, e dos limites e regras que fazem a
relação social ser harmônica.

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PARA REFLETIR

⮚ O homem precisa aprender a conhecer a si mesmo, e


ter equilíbrio e percepção em suas atitudes.
⮚ Respeito, espaço, direitos, deveres, obrigações,
valores, são regras que não basta conhecer,
precisamos colocá-las em prática. Assim estaremos
entrando na linha do contínuo crescimento, e então o
homem entenderá que ele é o único responsável por
tudo o que lhe acontecer na vida.
⮚ A consciência humana do crescimento necessita ser
despertada, e todos nós temos a capacidade de fazê-
la; mas, muitas vezes, por comodidade, preferimos
deixá-la dormir... E então percebemos que dez anos
passam muito rápido, e que mais dez vêm chegando,
e enfim continuamos a atribuir as nossas
responsabilidades a outras pessoas e não
percebemos que esta continua sendo a atitude mais
fácil e o caminho pior...

Conceito De Grupos Sociais


⮚ Onde houver dois indivíduos em convivência teremos concretizado um
relacionamento.
⮚ Aqui, veremos que, além de um relacionamento, ainda teremos a
formação de um grupo social. E quais são esses grupos, e como eles se
formam?
⮚ Um grupo social será formado sempre que se tenha um objetivo
comum entre os indivíduos, caso contrário, ou seja, quando não há
objetivo comum, não poderemos dizer que temos um grupo social, mas
sim um agrupamento de pessoas.
Os grupos sociais existentes são os mais diversos:
– família: pais, filhos, parentes...
– grupos de trabalho
– grupo da cerveja
– grupo do clube de esportes: natação, vôlei, futebol, etc.
– ou simplesmente para conversar...

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Os grupos sociais ainda recebem classificações como:
a) Grupo organizado - se um grupo for planejado, ou premeditada a sua
formação.Exemplo: amigos de bairro, time de futebol, família, etc.

b) Grupo involuntário - se um grupo for formado esporadicamente, sem


intenção “de”, Exemplo: crianças que se reúnem um parque de diversões,
pessoas que esperam por uma condução no “ponto de ônibus”, etc.

Um grupo social ainda poderá sofrer com as individualidades de cada


membro, influenciando-o ainda mais, apesar de suas características básicas,
acima vistas, serem claras.
Pesquisas efetuadas por meios sociológicos, apontam que a formação
de um grupo social é baseada muitas vezes na simpatia, na amizade e até
mesmo, em alguns casos, pelo inverso (antipatia, descaso, desinteresse,
etc.). Tal constatação também indica o sucesso ou ao insucesso do grupo.

Os 10 Mandamentos de um Membro de Grupo

1) Respeitar ao próximo como ser humano.


2) Evitar cortar a palavra a quem fala, esperando sua vez.
3) Controlar suas reações agressivas, evitando ser indelicado ou mesmo
irônico.
4) Evitar o “pular” por cima de seu superior; quando o fizer dar uma
explicação prévia, ou assim que for possível.
5) Procurar conhecer melhor os membros do seu grupo, afim de
compreendê-los e de se adaptar a personalidade de
cada um.
6) Evitar tomar a responsabilidade atribuída a outro, a não ser a pedido deste
ou em caso de emergência.
7) Procurar a causa das suas antipatias, afim de vencê-las.
8) Estar sempre sorridente.
9) Procurar definir sempre bem as palavras no caso de discussões em grupo,
para evitar mal-entendidos.
10) Ser modesto nas discussões; pensar que talvez o outro tenha razão e, se
não, procurar compreender-lhe os motivos de pensar e agir.

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RELAÇÕES HUMANAS

As seis palavras mais importantes: As três palavras mais importantes:


Admito que o erro é meu Faça o Favor.

As cinco palavras mais importantes: As duas palavras mais importantes:


Você fez um bom trabalho Muito Obrigado.

As quatro palavras mais importantes: A palavra mais importante:


Qual a sua opinião? Nós

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OS DIREITOS DA PESSOA
IDOSA NA LEGISLAÇÃO

Na Constituição Federal

A proteção ao idoso tem assento


constitucional e esta vem
estampada logo no art. 1º da
Constituição Federal – CF ao
estabelecer que a República
Federativa do Brasil tem como Ainda, como direitos e garantias
fundamentos, dentre outros, a fundamentais, determina em seu
cidadania e a dignidade da art. 5º que todos são iguais
pessoa humana. perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-
Esses fundamentos inauguram se aos brasileiros e aos
uma série de direitos protetivos estrangeiros residentes no País a
que visam a garantir ao idoso, inviolabilidade do direito à vida,
além das garantias à liberdade, à igualdade, à
constitucionais asseguradas a segurança e à propriedade,
qualquer cidadão, direitos prosseguindo que a pena será
específicos. Vejamos. cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a
A CF assevera que um dos natureza do delito, a idade e o
objetivos fundamentais da sexo do apenado (XLVIII).
República é o de construir uma
sociedade livre, justa e solidária, Continuando a proteção etária, a
promovendo o bem de todos, pessoa idosa tem direito ao
sem preconceito de origem, seguro social ou aposentadoria,
raça, sexo, cor, idade e variando as idades, se homem
quaisquer outras formas de ou mulher, se trabalhador
discriminação (art. 3º, I e IV). urbano ou rural (art. 201).

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Além disso, da mesma forma que os pais têm o dever de assistir, criar e
educar os filhos menores, os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
os pais na velhice, carência ou enfermidade. A Constituição Federal garante,
ainda, aos maiores de sessenta e cinco anos a gratuidade dos transportes
coletivos (art. 230, § 2º).

No Estatuto do Idoso
Há diversas outras leis que tratam dos direitos dos idosos, como a Política
Nacional do Idoso. Entretanto, o Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/03 é o
expoente máximo da legislação protetiva ao idoso.

O Estatuto visa a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual


ou superior a 60 (sessenta) anos (art. 1º).

Em seu art. 3º, preconiza que é obrigação da família, da comunidade, da


sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade
(prioridade esta assegurada após a criança e o adolescente conforme art.
227 da CF), a efetivação do direito à vida, à saúde , à alimentação, à
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária,
especificando, ainda, no parágrafo primeiro do mesmo artigo, o que vem a
ser a sobredita prioridade.

O Estatuto veda qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,


crueldade ou opressão ao idoso, sendo todo o atentado aos seus direitos,
por ação ou omissão, punido, bem como é dever de todos prevenir a
ameaça ou violação aos direitos do idoso (art. 4º).

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O Estatuto cria, ainda, uma série de crimes específicos, merecendo
destaque os seguintes:

a) art. 96 – prevê pena de reclusão de 6 meses a 01 ano e multa a quem


discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações
bancárias, aos meios de transporte e ao exercício da cidadania.
Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar ou menosprezar pessoa
idosa. Essa pena, porém, será aumentada de 1/3, se a vítima se encontrar
sob os cuidados ou responsabilidade do agente;

b) art. 97 – prevê pena de detenção de 6 meses a 01 ano e multa a quem


deixar de prestar assistência ao idoso em situação de iminente perigo, ou
recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde ou não pedir socorro
de autoridade pública, quando possível fazê-lo sem risco pessoal. Essa
pena é aumentada de metade, se da omissão resultar lesão corporal grave e
triplicada, se resultar morte;

c) art. 98 – prevê pena de detenção de 6 meses a 03 anos e multa a quem


abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa
permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas,
quando obrigado por lei;

d) art. 99 – quem expõe a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica,


do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou
privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a
fazê-lo, incorre em pena de detenção de 2 meses a 01 ano e multa. Se do
fato resultar lesão corporal de natureza grave, a pena passa a ser de
reclusão de 01 a 4 anos e se resultar em morte, de 4 a 12 anos de reclusão;

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e) art. 102 – quem se apropria de bens, proventos, pensão ou qualquer outro
rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade é
apenado com reclusão de 1 a 4 anos e multa;

f) art. 104 – prevê pena de detenção de 6 meses a 2 anos e multa a quem


reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos
ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de
assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida;

g) art. 106 – quem induz pessoa idosa sem discernimento de seus atos a
outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor
livremente é apenado com reclusão de 2 a 4 anos.

No título dos direitos fundamentais do idoso, temos os seguintes


capítulos:

a) do direito à vida – arts. 8º e 9º – O direito ao envelhecimento é um


direito de todo ser humano, daí o Estatuto considerá-lo um direito
personalíssimo;

b) do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade – art. 10 – O respeito e a


dignidade decorrem do pleno exercício de sua liberdade, entendendo-
se liberdade como autonomia, como capacidade de exercer com
consciência os seus direitos, sendo dever de todos colocar o idoso a
salvo de qualquer tratamento desumano ou constrangedor;

c) dos alimentos– arts. 11 a 14 – interessante destacar neste item é que


agora a obrigação alimentar passa a ser solidária, podendo o idoso
optar entre os prestadores, ou seja, os pais podem escolher dentre os
filhos para prestar alimentos;

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d) do direito à saúde – arts. 15 a 19 – destaca-se aqui o dever do Poder
Público em fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos,
especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e
outros recursos relativos ao tratamento, habilitação e reabilitação. Além
disso, há a previsão de atendimento domiciliar, incluindo a internação, para o
idoso que dele necessitar e esteja impossibilitado de se locomover;

e) da educação, cultura, esporte e lazer – arts. 20 a 25 – a fim de inserir o


idoso no processo cultural, o Estatuto garante que a participação dos
idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante
descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos
para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o
acesso preferencial aos respectivos locais;

f) da profissionalização e do trabalho – arts. 26 a 28 – na admissão do


idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a
fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados
os casos em que a natureza do cargo exigir;

g) da previdência social – arts. 29 a 32 – a data-base dos aposentados e


pensionistas passa a ser o dia 1º de maio;

h) da assistência social – arts. 33 a 36 – é assegurado aos idosos, a


partir de 65 (sessenta e cinco) anos e que não possuam meios para
prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, o benefício
mensal de 1 (um) salário-mínimo;

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i) da habitação – arts. 37 e 38 – o idoso goza de prioridade na aquisição
de imóvel para moradia própria, nos programas habitacionais, públicos
ou subsidiados com recursos públicos;

j) do transporte – arts. 39 a 42 – seguindo o que determina a CF, é


assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-
urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, aos maiores de 65
(sessenta e cinco) anos, bastando, para tanto, que o idoso apresente
qualquer documento pessoal que identifique sua idade, sendo
reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os mesmos.

A legislação local poderá dispor sobre as condições para o exercício de


tal gratuidade às pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta)
e 65 (sessenta e cinco) anos. O idoso que comprove renda de até 02 salários
mínimos também tem direito ao transporte coletivo interestadual
gratuito, sendo assegurada a gratuidade de duas vagas por veículo e o
desconto de 50% no valor da passagem que exceder à reserva de vagas.

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VIOLÊNCIA E MAUS-TRATOS CONTRA A PESSOA IDOSA.

É POSSÍVEL PREVENIR E SUPERAR

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) consagrou os direitos da pessoa idosa,


mas existem ações e omissões que contrariam esses direitos.

Consideramos o tema da “Violência Contra a Pessoa Idosa” como a análise


do avesso dos direitos consagrados no Estatuto do Idoso. Por isso, esta
reflexão tem como parâmetro a cidadania, a saúde pública, a promoção da
saúde e a qualidade de vida. Desta forma, quando falamos de violência
queremos dizer que é possível preveni-la e reduzi-la. Pretendemos mostrar
que existem ações e omissões que contrariam os direitos, mas são passíveis
de serem superadas, quando a sociedade, as comunidades e as famílias
buscam respeitar as pessoas idosas.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os maus-tratos aos idosos


podem ser definidos como:
Ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando a
integridade física e emocional da pessoa idosa, impedindo o desempenho
de seu papel social.
Neste texto, usaremos como sinônimos os termos maus tratos, abusos e
violências. A violência acontece como uma quebra de expectativa positiva
da pessoa idosa em relação àquelas que as cercam, sobretudo os filhos,
cônjuges, parentes, cuidadores, a comunidade e a sociedade em geral.
Existe uma forma de classificação contemplando os vários tipos de maus
tratos. Embora essa categorização não seja exaustiva, contempla os mais
frequentes abusos e nos facilita a compreensão do fenômeno. Especificar,
definir e diferenciar esses problemas é importante porque quando achamos
que tudo é violência, nada é violência. Essa classificação também é
reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e é utilizada por
pesquisadores do mundo inteiro.

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Os abusos físicos
Constituem a maior parte das queixas das pessoas idosas e costumam
acontecer no seio da família, na rua, nas instituições de prestação de
serviços, dentre outros espaços. Às vezes, o abuso físico resulta em lesões e
traumas que levam à internação hospitalar ou produzem como resultado a
morte da pessoa. Outras vezes ele é quase invisível.

As estatísticas mostram que, por ano, cerca de 10% das pessoas idosas
brasileiras morrem por homicídio. E a incidência comprovada de abusos
físicos no mundo está entre 5% a 10%, dependendo da cultura local.

O abuso psicológico
Corresponde a todas as formas de
menosprezo, de desprezo e de
discriminação que provocam sofrimento
mental. Por exemplo, ele ocorre quando
dizemos à pessoa idosa, expressões como
essas: “Você já não serve para nada”; “você
já deveria ter morrido mesmo”; “você já é a
bananeira que deu cacho” ou coisas
semelhantes.

Há muitas formas de manifestação do abuso psicológico: às vezes, o


fazemos com palavras e outras com atos.

Estudos médicos mostram que o sofrimento mental provocado por esse tipo
de maus-tratos pode provocar depressão e levar ao suicídio. É importante
ressaltar, em relação a abusos psicológicos, que os muito pobres e
dependentes financeira, emocional e fisicamente são os que mais sofrem.
Isso ocorre, no caso dos doentes, porque eles não podem dominar seu
corpo ou sua mente; e no caso dos muito pobres, porque não têm dinheiro
para se sustentar, sendo considerados um peso para muitas famílias.

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O abandono
É uma das maneiras mais perversas de violência contra a pessoa idosa e
apresenta várias facetas.

As mais comuns constatadas pelos cuidadores e pelos órgãos públicos


que notificam as queixas: colocá-la num quartinho nos fundos da casa
retirando-a do convívio com outros membros da família e das relações
familiares; conduzi-la a um abrigo ou a qualquer outra instituição de
longa permanência contra a sua vontade, para se livrar da sua presença
na casa, deixando a essas entidades o domínio sobre sua vida, vontade,
saúde e seu direito de ir e vir; permitir que o idoso sofra fome e passe por
outras necessidades básicas.

Outras formas também bastante frequentes de abandono são as que


dizem respeito à ausência de cuidados, de medicamentos e de
alimentação aos que têm alguma forma de dependência física,
econômica ou mental, antecipando sua imobilidade, aniquilando sua
personalidade ou mesmo promovendo seu lento adoecimento e morte.

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Abusos financeiros

Falaremos também dos abusos financeiros que se referem, principalmente,


às disputas de familiares pela posse dos bens ou a ações criminosas
cometidas por órgãos públicos e privados em relação às pensões,
aposentadorias e outros bens da pessoa idosa. Outros abusos, cometidos
por familiares em tentativas de conseguir por força procurações para ter
acesso a bens patrimoniais dos velhos; na realização de vendas de seus
bens e imóveis sem o consentimento deles; por meio da expulsão do idoso
de seu espaço físico e social no qual viveram até então, ou por seu
confinamento em algum aposento mínimo em residências que por direito
lhe pertence, dentre outras formas de coação. Tais atos e atitudes dos filhos
e de outros parentes visam, quase sempre, a tomada de bens, objetos e
rendas, sem o consentimento desses proprietários.

Geralmente, as queixas de abuso econômico e financeiro se associam


com várias formas de maus tratos físicos e psicológicos que produzem
lesões, traumas ou até a morte.

Diferentes formas de violência econômica e financeira, combinadas com


discriminações e maus tratos são praticados também por empresas,
sobretudo, por bancos e lojas. E os campeões das queixas são os planos de
saúde que aplicam aumentos abusivos e frequentemente se recusam a
bancar determinados serviços essenciais aos cuidados médicos da pessoa
idosa. Os velhos são vítimas ainda de estelionatários e de várias
modalidades de abuso financeiro cometidos por criminosos que se
aproveitam de sua vulnerabilidade física e econômica em agências
bancárias, caixas eletrônicas, nas lojas, na rua, nas travessias ou nos
transportes.

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Autonegligência

Por fim, falaremos da autonegligência que conduz ou à morte lenta, ou à


tentativa de suicídio e mesmo, à autodestruição. A Organização Mundial de
Saúde trabalha com o conceito de suicídio e tentativa de suicídio, como
sendo formas radicais de autonegligência. Ou seja, neste caso, não se trata
do “outro” que abusa, mas do idoso que se maltrata. O que não quer dizer
que, frequentemente atitudes de autodestruição não sejam decorrência de
negligências, abandonos e outros tipos de maus-tratos.

Geralmente, a autonegligência ocorre quando a pessoa idosa está tão


desgostosa da vida, que para de comer direito, para de tomar remédio, para
de cuidar de sua aparência física, para de se comunicar, manifestando clara
ou subliminarmente a vontade de morrer.

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Violências visíveis e invisíveis
As violências contra a pessoa idosa podem ser visíveis ou invisíveis: as
visíveis são as mortes e lesões; a invisíveis são aquelas que ocorrem sem
machucar o corpo, mas provocam sofrimento, desesperança, depressão e
medo e das quais falamos no item anterior.
Em relação às causas visíveis que levam à morte ou provocam lesões e
traumas, a Organização Mundial de Saúde trabalha com duas categorias:
acidentes e violências. No caso do idoso, essa classificação é fundamental,
pois, frequentemente os acidentes são frutos ou estão associados a maus-
tratos e abusos.

Quais são as principais subcausas desses óbitos? A primeira são os


acidentes de trânsito, correspondendo a cerca de 30% de todas as mortes; a
segunda, são as quedas, com cerca de 18% do total; a terceira são os
homicídios, respondendo por 10% e a quarta, os suicídios, 7,5%. Em todos os
tipos de mortes, a população masculina de idosos é muito mais vitimizada
que a feminina.

No trânsito, as pessoas idosas no Brasil passam por uma combinação de


desvantagens: dificuldades de movimentos próprias da idade que se somam
a muita falta de respeito e mesmo a violências impingidas por motoristas. Há
também negligências do poder público quanto às sinalizações, à
conservação das calçadas e à fiscalização das empresas quanto ao
cumprimento do Estatuto do Idoso.

Uma das grandes queixas das pessoas mais velhas se refere às longas
esperas nos pontos de ônibus e aos arranques desferidos por motoristas
que não as esperam se acomodar em assentos. Uma das formas de
violência da qual a pessoas idosas mais se queixam é o tratamento que
recebem nas travessias e nos transportes públicos.

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Nesse último caso, o privilégio da “gratuidade do passe”, a que têm direito
por lei, se transforma em humilhação e discriminação.

As mortes, as lesões e os traumas provocados pelos meios de transporte e


pelas quedas, dificilmente podem ser atribuídos apenas a causas acidentais.
Pelo contrário, precisam ser compreendidos como atos ou negligências
danosas cometidos por autoridades e pessoas para que estas sejam
responsabilizadas e assim, haja possibilidade de mudanças. As quedas nos
espaços públicos se juntam aos problemas de insegurança, aumentando as
dificuldades das pessoas idosas de se locomoverem.

Na rua, principalmente as calçadas e as travessias são feitas e pensadas


para os jovens e não para as pessoas idosas. As calçadas brasileiras são um
atentado à vida e as travessias também. Os sinais de trânsito geralmente
privilegiam os carros e as subidas nos degraus dos ônibus públicos não
facilitam a vida dos que já não tem tanta mobilidade.

Vamos agora para as nossas casas. Hoje em 26% dos lares brasileiros existe
pelo menos uma pessoa idosa e 95% delas vivem em casas próprias ou de
seus familiares. Mas, assim como nossas cidades, também nossas casas
pouco estão preparadas para acolher e responder às necessidades das
pessoas idosas. As duas maiores causas de mortes violentas revelam isso.
Por exemplo, a maioria das quedas que provoca a morte ou leva a
internações e incapacitações ocorre em casa, no trajeto do quarto para a
cozinha e do quarto para o banheiro.

Frequentemente, quando um desses acidentados volta para casa, algum


familiar tem que parar de trabalhar e se transformar em cuidador
permanente. Seria muito mais barato tanto para os governos como para as
famílias, investir num processo constante e persistente de prevenção.

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Violência contra a pessoa idosa: o que fazer?

Muita coisa pode ser feita para minimizar, reduzir ou cessar a violência
contra a pessoa idosa. Os diversos abusos, as violências, as
negligências, as violações dos direitos, as discriminações e os
preconceitos que as pessoas idosas sofrem na vida cotidiana precisam
ser prevenidos e superados. Todas essas formas de violência e maus-
tratos representam um grave problema para o bem-estar desse
segmento etário. Os diversos abusos sofridos podem causar sofrimento
psicológico, lesões, doenças, isolamento e podem até mesmo, levar à
morte.

Não podemos concordar que pessoas idosas sejam desrespeitadas e


nem maltratadas. Isso não pode ocorrer no silêncio dos lares e nem
tampouco na vida pública. Pessoas idosas, a sociedade civil e o Estado
precisam ser parceiros para o rompimento do pacto do silêncio que
ainda impera na violência à pessoa idosa.

O tema da violência contra a pessoa idosa comporta uma complexidade


muito grande de fatores. A intervenção para a superação da violência
requer de todos os atores um envolvimento ético, criterioso e baseado
na prática do respeito e da dignidade humana.

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Damos a seguir alguns princípios que podem orientar a intervenção.

Toda pessoa idosa, até que se prove o contrário, é competente para


tomar decisões sobre a sua vida. Deve-se respeitar o principio da
autonomia – capacidade de decidir – da pessoa idosa.
Envelhecimento não é sinônimo da perda do poder de decisão.

A melhor forma de intervir na violência é a prevenção, oferecendo


recursos eficientes e adequados para que as pessoas idosas, famílias,
cuidadores, instituições e profissionais possam identificar e intervir na
violência.

Quando houver a suspeita da ocorrência de violência contra a pessoa


idosa, lembrar que a suspeita por si só não é prova da existência da
violência. É preciso investigar para se chegar à confirmação da violência
Para se intervir na violência contra a pessoa idosa, diversos atores devem
dar a sua colaboração, principalmente os profissionais da saúde, da
assistência social, do direito e da justiça, etc. É imprescindível o
estabelecimento de critérios éticos para evitar incômodos ou danos à
pessoa idosa que já está passando por situações difíceis e
constrangedoras.

Avaliar o risco de vida ou lesão grave para a vítima e decidir sobre a


necessidade ou não de uma intervenção urgente.
Promover uma intervenção que considere e leve em conta a
figura do agressor.

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É importante lembrar
Além desses princípios orientadores, sempre que a
pessoa idosa sofrer maus-tratos, de familiares
ou de terceiros, ela mesma ou qualquer um que
tenha conhecimento da situação deve procurar ajuda
nos serviços de saúde, da justiça ou segurança pública
da cidade para que as providências cabíveis sejam
tomadas.

Toda delegacia de segurança pública deve estar


preparada e treinada para atender as situações de
violência contra a pessoa idosa, assim como os
profissionais de saúde das unidades de saúde da
cidade. A ajuda pode ser buscada em outros locais
como os relacionados a seguir.

Quando procurar o Ministério Público


O Promotor de Justiça pode adotar medidas para
proteger as pessoas idosas que estejam em situação
de risco como, por exemplo: abandonadas pela família;
vítimas de maus-tratos por parte de seus familiares;
negligenciadas pelos familiares e/ou pelo cuidador;
maltratadas nas instituições de longa permanência
para idosos (asilos e casas de repouso).

Em qualquer desses casos, alguém da família, amigo


ou vizinho pode procurar o Promotor de Justiça de sua
cidade para fazer uma solicitação de intervenção.

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Quando procurar a Delegacia de Polícia
Se a pessoa idosa for vítima de algum crime, como
furto, roubo, lesão corporal, maus-tratos, cárcere
privado etc.;

Se sair para suas atividades diárias e não retornar a


sua residência, configurando um possível
desaparecimento;

Se a pessoa idosa perder documentos ou o cartão de


benefícios do INSS.

Centro de Referência da Assistência Social – CRAS

Os Centros de Referência da Assistência Social - CRAS


são unidades públicas responsáveis pela oferta de
serviços continuados de proteção social básica de
assistência social às famílias e indivíduos em
situação de vulnerabilidade social, oferecendo
serviços, projetos e benefícios.

Os CRAS são vinculados à Secretaria de Assistência


Social da cidade e onde têm profissionais habilitados
para esclarecimento das dúvidas e necessidades das
pessoas que se dirigem a este serviço público.

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Unidades de Saúde
As unidades de saúde – UBS, Estratégia Saúde
da Família, Ambulatórios de especialidades, Serviços
de emergência etc – têm a responsabilidade de
atender pessoas vítimas de violência. A violência, nas
suas mais diversas manifestações é uma questão de
saúde pública, notoriamente reconhecida pela
Organização Mundial de Saúde.

A violência contra a pessoa idosa é um problema que


precisa ser superado com o apoio de toda a sociedade.
Todos nós devemos criar uma cultura em que
envelhecer seja aceito como parte natural do ciclo de
vida, as atitudes antienvelhecimento sejam
desencorajadas, as pessoas idosas tenham o direito de
viver com dignidade, livres de abuso e exploração e
seja dada a elas a oportunidade de participar
plenamente da vida social.

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O CUIDADOR DA PESSOA IDOSA: FORMAÇÃO E RESPONSABILIDADES

Este capítulo tratará do cuidador da pessoa idosa na sociedade brasileira


contemporânea, especialmente do cuidador formal, isto é, daquele
que recebeu formação especial para trabalhar como cuidador e pode
se empregar como um assalariado, na moradia de uma pessoa idosa,
numa instituição de longa permanência para idosos (ILPI) ou em outros
serviços para pessoas idosas.

Sabemos que a velhice não deve ser considerada uma doença, mas a idade
acarreta perdas funcionais no indivíduo e torna necessária uma adequação
no seu estilo de vida e novas formas de relacionamento com o meio.

A situação complica-se quando ocorre a perda da saúde e da


independência, exigindo cuidados especiais. Estes eram
tradicionalmente realizados pela família, mais especificamente por um
membro feminino – mulher, filha, irmã, ou uma parenta solteira, que
dedicava sua vida a este trabalho, muitas vezes sem reconhecimento,
e normalmente sem remuneração. Na falta de condições ou na
inexistência do núcleo familiar, o atendimento à pessoa idosa era
realizado por instituições de longa permanência para idosos, as quais,
muitas vezes, aumentavam a sua dependência.

As grandes mudanças que ocorreram nas últimas décadas, na


sociedade brasileira, especialmente a migração das famílias do campo
para as cidades e o aumento do número de mulheres que trabalham
fora, a substituição da família extensa pela família nuclear e a elevação
da expectativa de vida do brasileiro, encontraram as famílias
despreparadas para enfrentar este problema.

As leis brasileiras de proteção à pessoa idosa – Política Nacional do Idoso


(artigo 3º I) e o Estatuto do Idoso (artigo 3º), baseadas na Constituição
Brasileira (artigo 230), reafirmam que é obrigação da família cuidar da
pessoa idosa. Mas as leis deixam claro também que essa obrigação é
exercida juntamente com a comunidade, a sociedade e o poder público.
No entanto, até agora, a maior carga de responsabilidade recai sobre a
família, especialmente sobre a mulher, que sem preparo anterior, se vê
transformada em cuidadora da pessoa idosa.

Este cuidador é denominado cuidador informal para diferenciar do


cuidador formal, cujas características já mencionamos anteriormente,
no início deste capítulo.

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Quais os pré-requisitos para se tornar um cuidador?
Como já mencionamos anteriormente, existem duas categorias de
cuidador:

• cuidador informal – membro familiar, esposa(o), filha(o), irmã(ão),


normalmente do sexo feminino, que é “escolhido” entre os familiares
por ter melhor relacionamento ou intimidade com a pessoa idosa e por
apresentar maior disponibilidade de tempo. Podemos colocar neste
grupo a amiga ou vizinha, que mesmo não tendo laços de parentesco,
cuida da pessoa idosa, sem receber pagamento, como voluntária.
O fato de ter sob sua responsabilidade o cuidado de uma pessoa idosa,
não significa que possui conhecimentos básicos e indispensáveis de
como cuidar de “seu idoso”. Na maioria das vezes é levada(o) pela
intuição, pela emoção, sentimentos de amor, carinho. O fato de ter
uma história comum com a pessoa cuidada pode tornar mais difícil e
estressante realizar os cuidados. Agrava o seu desgaste, sua incerteza
de estar agindo corretamente e o pouco domínio de técnicas que
permitem cuidar melhor da pessoa idosa, com menor desgaste físico e
emocional.

• cuidador formal é o profissional, que recebeu um treinamento


específico para a função e exerce a atividade de “cuidador” mediante
uma remuneração, mantendo vínculos contratuais. Ele pode ser
contratado para exercer suas funções na residência de uma família, em
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), ou acompanhar
a pessoa idosa em sua permanência em Unidades de Saúde (hospitais,
clínicas, etc.).

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ALTERAÇÕES COMUNS NO ENVELHECIMENTO

Envelhecer diz respeito as perdas das funções normais que ocorrem com o
passar dos anos. Estas perdas de funções começam a ficar mais evidentes
após os 60 anos, no entanto, o que mais afeta as pessoas idosas são as
mudanças de papel na sociedade.

Envelhecer é diferente de adoecer. O envelhecimento “normal”


(senescência), inclui eventos “normais”/naturais que ocorrem através do
tempo e que levam a um declínio f u n c i o n a l , aumentando nossa
vulnerabilidade e a probabilidade de ficarmos doentes. A senescência
tem características particulares, e mesmo entre indivíduos da mesma
idade pode haver grandes diferenças nas reservas funcionais: há idosos
bem dispostos e em boas condições de saúde; há também idosos
cansados e com muitos problemas de saúde.

Vários fatores influenciam no quanto vivemos (a expectativa de vida) e


em como envelhecemos. Entre eles podemos citar a herança genética,
o acesso a tratamento médico e medidas preventivas, a exposição a
agentes ambientais e o estilo de vida.

Por exemplo, um idoso de 72 anos acostumado a realizar atividade física,


que não fuma e não bebe, terá provavelmente uma capacidade
cardiovascular, osteoarticular e respiratória muito melhor do que aqueles
com um estilo de vida sedentário. Para um idoso acostumado a se exercitar
as alterações normais do envelhecimento tendem a ser mais suaves. Ou
seja, as “perdas” relacionadas ao envelhecimento podem ser minimizadas
pelo investimento pessoal em funções e atividades em idades mais
precoces.

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Entre as alterações normais do envelhecimento podemos citar:

● A pele perde a elasticidade e fica mais fina, sua menos e produz menos
sebo. Por isso é comum que ela fique mais fina, seca e áspera, sendo
mais fácil coçar e mais fácil abrir feridas com pequenos traumas;

● O andar fica mais lento, a flexibilidade e os reflexos diminuem, tornando


mais fáceis as quedas e mais difícil proteger-se delas.

● A saliva diminui, os movimentos de deglutição são mais lentos, é mais


fácil engasgar-se e sentir a boca ressacada e a saliva grossa.

● O sistema imunológico, que defende o indivíduo contra infecções, é


menos ativo, e o idoso normal tem uma suscetibilidade maior a
algumas infecções como pneumonia e tuberculose;

● O sistema da adaptação de pressão arterial e temperatura, também


muda, sendo comuns: a deficiência na resposta ao calor ou frio intenso;
a ausência de febre nas infecções; as quedas de pressão em
mudanças rápidas de posição e a má adaptação da pressão arterial a
perdas de líquidos (desidratação);

● O conteúdo do cálcio dos ossos, a massa e a força muscular diminuem.

● O cérebro diminui de tamanho, porém preserva suas funções, como


capacidade de aprender e memória; existe uma diminuição de memória
em idades muito avançadas, mais relacionadas à falta de estímulo e
atividade do que à incapacidade de lembrar; mantendo o estímulo e a
atividade mental, os idosos preservam a capacidade de exercer
suas funções intelectuais habituais com agilidade e experiência.

● O coração pode bater mais lento, mesmo em situações em que deveria


acelerar, e diminui sua capacidade de adaptação ao "stress";

● Há uma diminuição da capacidade do pulmão ventilar e da habilidade


de tossir;

● Os rins diminuem a sua reserva funcional, tornando-se mais sensíveis


aos medicamentos;

● o sono se altera, sendo comum o idoso dormir menos à noite e ter


períodos de sonolência (cochilos) durante o dia, principalmente quando
não tem atividade nenhuma.

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● Alterações na comunicação. O cuidador dever estar atento se o idoso:

1) está aumentando muito o volume da TV, rádio, etc;

2) pede para repetir várias vezes o que se fala;

3) aparenta distração em reuniões e se isola por isso;

4) acidenta-se com mais frequência nos afazeres domésticos.

Resumindo, ser idoso não é uma doença, mas é uma fase da vida
caracterizada por diminuição das reservas funcionais e da capacidade do
organismo em se adaptar a mudanças bruscas, tornando-o mais susceptível
a infecções, quedas, desidratação, efeito colateral de medicamentos, entre
outros. O idoso doente tem sinais e sintomas de doença, e deve receber
tratamento.

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Cuidados no domicílio para pessoas acamadas ou com limitações físicas

Dentre as atividades do cuidador estão o auxílio e/ou a realização da


higiene pessoal da pessoa idosa que tem dificuldades ou que não
consegue cuidar-se sozinha. Mas é de extrema importância lembrar
que, mesmo que sejam poucas as habilidades e os desejos dessas
pessoas, estas devem ser estimuladas e respeitadas durante este
processo.

Existe um aspecto prático da realização dos cuidados no asseio cotidiano


a ser ressaltado, principalmente no banho e troca de fraldas, que é
manter a privacidade da pessoa idosa, durante os cuidados, não
expondo desnecessariamente sua intimidade. Para tanto, deve-se manter
o local tranquilo e protegido de visitas inesperadas ou mesmo de pessoas
conhecidas ou da família.

Quando a pessoa idosa não quiser fazer a sua higiene e nem deixar o
cuidador fazê-lo, deve-se manter postura determinada, explicar a sua
importância, evitando a confrontação e a discussão e conduzindo com
firmeza, passo a passo, a execução de toda a tarefa.

Durante a realização do asseio cotidiano (banho, troca de fraldas e


higiene bucal) deve-se aproveitar para fazer a avaliação de todos os
segmentos do corpo da pessoa idosa, avaliando a pele (temperatura,
hidratação, cor, presença de manchas roxas, lesões, dor, coceira,
fragilidade), pelos e cabelos (cor, quantidade, presença de falhas,
caspas, coceira, piolho), unhas (tamanho, podem se apresentar
quebradiças, espessas, com micose “unheiro”), boca e lábios (cor,
presença de lesões e ressecamento nos lábios e gengivas, ajuste de
próteses, restos de alimentos, hálitos e condições dos dentes).
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Caso encontre problemas durante a avaliação, é importante procurar
ajuda com o profissional da saúde, que possa orientá-lo quanto às
providências a serem tomadas.

As unhas devem ser cortadas semanalmente e os cortes do cabelo e


da barba devem ser feitos periodicamente. É importante lembrar que
o cuidador também deve manter suas unhas aparadas e ter cautela ao
manusear a pessoa idosa, evitando ferimentos, pois com o
envelhecimento a pele se torna mais fina e muito sensível. O cuidador
deve sempre lavar suas mãos antes e após realizar qualquer cuidado
com a pessoa idosa, mesmo quando usa as luvas descartáveis, e ainda
sempre que estiver manuseando algum material sujo e for trocar por
outro limpo, para evitar contaminações da pessoa idosa e de si mesmo.

O banho da pessoa idosa deve ser realizado com a finalidade de


proporcionar conforto e bem-estar, remover sujidades aderidas à pele
e odores desagradáveis, estimular a circulação, remover células mortas e
microorganismos, e favorecer a transpiração. Deve ser realizado todos
os dias, no horário de preferência da pessoa idosa ou que melhor convir.

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HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

A lavagem das mãos é, sem dúvida, a rotina mais simples, mais eficaz, e de
maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções,
devendo ser praticada sempre, ao iniciar e ao término de uma tarefa. A
higienização das mãos é a medida mais simples e eficaz para se evitar a
transmissão de microrganismos entre pacientes e entre um sítio
contaminado para outro limpo no mesmo paciente. A higiene inadequada
das mãos também contribui para a disseminação das doenças infecciosas
de origem comunitária, tais como: viroses respiratórias, pneumonia e diarreia
infecciosa

Falhas comuns na higienização das mãos

● O uso de luvas não substitui a higiene das mãos


devido ao potencial de contaminação da mão
durante sua colocação e retirada, além do risco da
presença de micro perfurações na luva.
● Anéis, alianças e pulseiras impedem a penetração
do produto e a secagem adequada das mãos,
favorecendo a proliferação de bactérias, além de
serem potencial carreadores de microrganismos.

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● Quando lavar as mãos:

*No início e no fim do turno de trabalho.


*Antes de preparar medicação.
*Antes e após o uso de luvas.
*De utilizar o banheiro.
*Antes e depois de contato com pacientes.
*Depois de manusear material contaminado, mesmo quando as luvas
tenham sido usadas.
*Antes e depois de manusear cateteres, sonda vesical, etc.
*Após o contato direto com secreções e matéria orgânica.
*Após o contato com superfícies e artigos contaminados.
*Entre os diversos procedimentos realizados no mesmo paciente
*Quando as mãos forem contaminadas, em caso de acidente.
*Após coçar ou assuar nariz, pentear os cabelos, cobrir a boca para espirrar,
manusear dinheiro
*Antes de comer, beber, manusear alimentos.
*Após manusear quaisquer resíduos.
*Ao término de cada tarefa.
*Ao término da jornada de trabalho.

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● Técnica de lavagem das mãos:

1. Retirar anéis, pulseiras e relógio.


2. Abrir a torneira e molhar as mãos sem encostar na pia.
3. Colocar nas mãos aproximadamente 3 a 5 ml de sabão.
4. Ensaboar as mãos friccionando-as por aproximadamente 15 segundos.
5. Friccionar a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares,
espaços interdigitais, articulações, polegar e extremidades dos dedos (o uso
de escovas deverá ser feito com atenção). 6. Os
antebraços devem ser lavados cuidadosamente, também por 15 segundos.
7. Enxaguar as mãos e antebraços em água corrente abundante, retirando
totalmente o resíduo do sabão.
8. Enxugar as mãos com papel toalha.
9. Fechar a torneira utilizando o papel toalha;

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HIGIENE E CONFORTO DO PACIENTE
● Procedimentos para o Conforto do Paciente
Proporcionar conforto e uma das funções primordiais do cuidador. O
paciente deve ser atendido com delicadeza, isto é, levar em consideração
os vários problemas que ele apresenta, a fim de proporcionar-lhe o melhor
cuidado.
● Causas do desconforto
PSICOLÓGICO
● Saudades da família, solidão;
● Preocupações financeiras;
● Mudança dos hábitos, com restrição da liberdade;
● Receio de sua não reabilitação;
● Medo do diagnóstico, da dor e do desconhecido;
● Exposição do próprio corpo.

● Como reduzir o desconforto psicológico:


1. Chamar o paciente pelo nome;
2. identificar-se;
3. Saber ouvir;
4. Encoraja-lo e orientá-lo;
5. Ser discreto;
6. Respeitar a privacidade;
7. Promover distração;
8. Usar o bom senso.
● O desconforto espiritual:
Este desconforto pode ser sentido pelo paciente devido:
● A dificuldade de ir á igreja;
● A falta de isolamento para fazer suas orações;
● Ao medo da morte.

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● Como reduzir o desconforto espiritual:
1. Oportunizar assistência espiritual de acordo com sua crença.
● O desconforto físico:
● Fatores físicos que causam desconforto:
● Frio ou calor excessivo;
● Longo tempo na mesma posição;
● Postura incorreta;
● Atrito de roupas sobre feridas ou locais doloridos;
● Roupa de cama suja, enrugada ou úmida;
● Ruídos e barulho;
● Odor desagradável;
● Roupas apertadas;
● Falta de humanização ao movimentá-lo.

Para promover melhor conforto físico do paciente deve-se:


● Evitar todas as causas externas que possam incomodá-lo: odores
fortes, barulho, excesso de cobertas, má posição de travesseiros,
roupas úmidas e enrugadas.
● Ao lidar com o paciente fazê-lo delicadamente, porém, com firmeza.
● Evitar mãos frias e movimentos bruscos.
Meios para proporcionar conforto:
● Uso de travesseiros
Se o paciente usar dois travesseiros, não colocar exatamente um sobre o
outro.
● Para diminuir a tensão abdominal:
Flexionar os joelhos, colocando sob os mesmos um travesseiro.
● Para manter o paciente em decúbito lateral
Virar o paciente para o lado e colocar travesseiros: sob a cabeça., junto às
costas, ao lado do abdome, entre os joelhos flexionados.

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● Higiene do paciente
NORMAS
01 - A higiene do paciente fica a cargo do cuidador ou familiar,
02 - Explicar sempre ao paciente o que vai ser feito;
03 - Preferencialmente realizar a higiene oral do paciente, antes do
banho e apos as refeições e quando se fizer necessário;
04 - Ao lidar com o paciente, de maneira direta, é imprescindível o uso
de luvas para procedimentos;
05 - Cuidar durante o banho, para não expor, desnecessariamente, o
paciente. A privacidade contribui muito para o conforto mental do
paciente;
06 - Secar bem toda a superfície do corpo do paciente, principalmente
as dobras;
07 - As portas do banheiro não devem ser trancadas, durante o banho;
08 - Deve-se testar a temperatura da água, antes do banho do
paciente. Geralmente se usa água morna.

Higiene bucal
O cuidado com a boca (cavidade oral) é muito importante. A higiene
bucal envolve a lavagem das próteses (dentaduras e pontes), dentes
naturais, gengivas, bochechas (mucosa oral) e língua a fim de evitar o
acúmulo de alimentos entre os dentes e infecção, o que oferece uma
sensação de bem-estar à pessoa idosa.
• com o envelhecimento ocorrem algumas alterações no organismo:
Diminuição das papilas salivares alterando assim o paladar e diminuindo
a salivação.

Oferecer bastante água durante todo o dia é muito importante para evitar a
desidratação e manter a boca sempre úmida, diminuindo assim aumento na
concentração de bactérias que se instalam na boca.

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A higiene bucal deve ser realizada rigorosamente, principalmente
após as refeições (café da manhã, almoço, jantar e lanche noturno).
Quando possível deve ser estimulada e/ou ensinada para o idoso realizar,
usando escovas (macia para as gengivas e dura para as próteses), creme e
fio dental, além de água limpa para o enxágue e bacia para desprezar o
bochecho, se necessário.

A solução anticéptica bucal também pode ser utilizada, principalmente


quando não se tem a possibilidade de realizar a higiene com a escova,
recomenda-se então envolver gazes em espátulas ou palitos de sorvete
(“bonequinhas”) para remo- ver a sujidade da boca.
O “mau hálito” que, às vezes está presente, pode ser eliminado com a
realização da higiene e uso da solução anticéptica bucal após as
refeições.

As gengivas, língua e bochechas devem ser higienizadas com escova


macia, para evitar ferimentos ou com as “bonequinhas”. Os lábios devem ser
protegidos com vaselina líquida ou manteiga de cacau, quando estiverem
ressecados.

É extremamente importante observar as condições de conservação


das próteses. Isto porque próteses desajustadas na boca, fazem com
que a pessoa idosa deixe de comer certos alimentos, principalmente os
de difícil mastigação, além de provocar ferimentos nas gengivas que
facilitam ocorrência de infecção e aparecimento de tumores a longo
prazo. Elas devem ser lavadas com escovas duras a cada realização da
higiene bucal e no período noturno devem ser retiradas da boca e
colocadas em um copo com água filtrada ou fervida.

Se a pessoa consegue escovar os dentes sozinha, deve ser encorajada a


fazê-lo. O cuidador deve providenciar o material necessário e ajudá-la no
que for preciso.

Se a pessoa não consegue fazer sua higiene bucal sozinha, o cuidador


deve ajudá-la da seguinte maneira:

Colocar a pessoa sentada em frente à pia ou na cama, com uma bacia.


Usar escova de cerdas macias e sempre que possível usar também o fio
dental. Colocar pequena porção de pasta de dente para evitar que a
pessoa engasgue. Escove os dentes.

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44
● Como proceder quando a pessoa usa prótese
As próteses são partes artificiais, conhecidas como dentadura, ponte fixa ou
ponte móvel, colocadas na boca para substituir um ou mais dentes. A
prótese é importante tanto para manter a autoestima da pessoa, como
manter as funções dos dentes na alimentação, na fala e no sorriso. Por
todos esses motivos e sempre que possível a prótese deve ser mantida na
boca da pessoa, mesmo enquanto ela dorme.

Quando for proceder a limpeza na boca da pessoa que usa prótese,


realiza-se da seguinte maneira:

1. Retire a prótese e a escove fora da boca, com escova de dente de


cerdas mais duras e pasta dental;

2. Para a limpeza das gengivas, bochechas e língua o cuidador pode


utilizar escova de cerdas mais macias ou com um pano ou gaze umedecidas
em água. O movimento de limpeza da língua é realizado de dentro para
fora, sendo preciso cuidar para que a escova não toque o final da língua,
pois pode machucar a garganta e provocar ânsia de vômito.

3. Enxaguar bem a boca e recolocar a prótese.


Quando for necessário remover a prótese, coloque-a em uma vasilha com
água e em lugar seguro para evitar queda. A água da vasilha deve ser
trocada diariamente. Não se deve utilizar produtos como água sanitária,
álcool, detergente para limpar a prótese, basta fazer a higiene com água
limpa, sabão neutro ou pasta dental.

A limpeza da boca deve ser feita mesmo que a pessoa cuidada não tenha
dentes e não use prótese.

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Quando for necessário remover a prótese, coloque-a em uma vasilha com
água e em lugar seguro para evitar queda. A água da vasilha deve ser
trocada diariamente. Não se deve utilizar produtos como água sanitária,
álcool, detergente para limpar a prótese, basta fazer a higiene com água
limpa, sabão neutro ou pasta dental.

A limpeza da boca deve ser feita mesmo que a pessoa cuidada não tenha
dentes e não use prótese.

Para o idoso totalmente dependente, que não consegue realizar a


higienização bucal, o cuidador pode utilizar abridores de boca para facilitar a
limpeza, como por exemplo, o gargalo de uma garrafa de refrigerante
descartável (tipo PET); a ponta do gargalo é colocada na boca do idoso (na
região posterior) para que ele a morda.

Dessa maneira ele fica com a boca aberta facilitando o acesso e a


higienização, evitando uma mordida repentina.

Pacientes muito confusos, devem ter suas próteses dentárias retiradas à


noite, colocadas em solução antisséptica, e após higienização, recolocadas
pela manhã . Alguns pacientes não devem permanecer com a prótese
mesmo durante o dia, pela possibilidade de a engolirem. Nestes casos é
recomendado colocá-la somente no momento da refeição.

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● Doenças da boca
Algumas doenças e alguns medicamentos podem provocar sangramento e
inflamação nas gengivas. Além disso, a boca da pessoa doente ou
incapacitada está mais sujeita às feridas, às manchas esbranquiçadas ou
vermelha e cárie nos dentes.

● Cárie dental
A cárie é a doença causada pelas bactérias que se fixam nos dentes. Essas
bactérias transformam em ácidos os restos de alimentos, principalmente
doces, que ficam grudados nos dentes. Os ácidos corroem e furam o
esmalte dos dentes.
A alimentação saudável e boa higiene da boca e dentes ainda é a melhor
e mais eficiente maneira de se prevenir a cárie dos dentes.

● Sangramento das gengivas


Quando não é feita uma boa limpeza da boca, dentes e prótese, as bactérias
presentes na boca formam uma massa amarelada que irrita a gengiva
provocando inflamação e sangramento.
Para prevenir e tratar a irritação das gengivas e acabar com o
sangramento é necessário melhorar a escovação no local da gengiva
que está vermelha e sangrando. Durante a limpeza haverá sangramento,
mas à medida que for sendo retirada a placa de bactérias e melhorada a
escovação, o sangramento diminui até desaparecer.

Fique Atento: Durante doenças graves e de longa duração pode ocorrer


sangramento nas gengivas, por isso é preciso que o cuidador tenha uma
atenção redobrada com a higiene da boca da pessoa cuidada. Ao observar
sangramento mais constante e presença de pus nas gengivas o cuidador
precisa comunicar o fato à equipe de saúde..

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IMPLEMENTAÇÃO:
❖ Avaliar a possibilidade de o paciente realizar a própria higiene.
❖ Se isto for possível, colocar o material ao seu alcance e auxiliá-lo no que
for necessário. Caso contrário, com o material e o ambiente devidamente
preparados, auxiliar o paciente a posicionar-se, elevar a cabeceira da
cama se não houver contraindicação e proteger o tórax do mesmo com a
toalha, para que não se molhe durante o procedimento.
❖ Em pacientes inconscientes ou impossibilitados de realizar a higiene
bucal, compete ao cuidador lavar-lhe os dentes, gengivas, bochechas,
língua e lábios com o auxílio de uma espátula envolvida em gaze
umedecida em solução.
❖ Após prévia verificação, se necessário, aplicar um lubrificante para
prevenir rachaduras e lesões que facilitam a penetração de
microrganismos e dificultam a alimentação.
❖ Para a proteção do profissional, convém evitar contato direto com as
secreções, mediante o uso de luvas de procedimento.
❖ Após a higiene bucal, colocar o paciente numa posição adequada e
confortável, e manter o ambiente em ordem.
❖ Comunicar anormalidades observadas.
❖ O paciente que faz uso de prótese dentária (dentadura) também necessita
de cuidados de higiene para manter a integridade da mucosa oral e
conservar a prótese limpa.
❖ De acordo com seu grau de dependência, o cuidador deve auxiliá-lo
nesses cuidados.
❖ A higiene compreende a escovação da prótese e limpeza das gengivas,
bochechas, língua e lábios - com a mesma frequência indicada para as
pessoas que possuem dentes naturais.
❖ Por sua vez, pacientes inconscientes não devem permanecer com
prótese dentária.

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Banhos:
Os hábitos relacionados ao banho, como
frequência, horário e temperatura da água,
variam de pessoa para pessoa. Sua
finalidade principal, no entanto, é a higiene
e limpeza da pele, momento em que são
removidas células mortas, sujidades e
microrganismos aderidos à pele.

Os movimentos e a fricção exercidos durante o banho estimulam as


terminações nervosas periféricas e a circulação sanguínea. Após um banho
morno, é comum a pessoa sentir-se confortável e relaxada. A higiene
corporal pode ser realizada sob aspersão (chuveiro), imersão (banheira) ou
ablusão (com jarro – “banho de leito”).

O autocuidado deve ser sempre incentivado. Assim, deve-se avaliar se o


paciente tem condições de se lavar sozinho. Caso seja possível, todo o
material necessário à higiene oral e banho deve ser colocado próximo à
cama, da forma que for mais funcional para o paciente. O cuidador deve dar
apoio, auxiliando e orientando no que for necessário.

Para os pacientes acamados, o banho é dado no leito, pelo cuidador.


Convém ressaltar que a grande maioria deles considera essa situação
bastante constrangedora, pois a incapacidade de realizar os próprios
cuidados desperta sentimentos de impotência e vergonha, sobretudo
porque a intimidade é invadida. A compreensão de tal fato pelo profissional,
demonstrada ao prover os cuidados de higiene, ajuda a minimizar o
problema e, atitudes como colocar biombos ou fechar a porta do quarto e
mantê-lo coberto durante o banho, expondo apenas o segmento do corpo
que está sendo lavado, são inegavelmente mais valiosas do que muitas
palavras proferidas.

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●Banho de chuveiro
O banho de chuveiro é o tipo de banho mais adequado, pois promove a
higiene mais completa e maior sensação de bem-estar para a pessoa
idosa, principalmente em locais de intenso calor no ambiente. Pode
ser promovido para pessoas idosas que andam sozinhas, com andador,
com muletas, de cadeira ou com ajuda. Contudo é necessário tomar
alguns cuidados para a segurança da pessoa idosa:

1.providenciar colocação de barras de apoio ao lado do vaso sanitário e


nas paredes internas do boxe;
2.providenciar a colocação de suporte de sabonete e outros acessórios
ao alcance da pessoa idosa;
3.garantir piso não escorregadio ou uso de tapete antiderrapante;
4.garantir boa iluminação;
5.na medida do possível ter espaço livre para movimentação da pessoa
idosa e cuidador dentro do banheiro;
6.na medida do possível adequar a altura da pia/lavatório e do vaso
sanitário para que fiquem acessíveis à pessoa idosa;
7.eliminar degraus no acesso ao banheiro;
8.garantir a presença do chuveiro de mão para facilitar o banho;
9.sempre verificar se a temperatura da água está adequada ao clima. Dê
preferência à água morna, pois quanto mais quente, maior o
ressecamento da pele;
10.separar todo o material necessário: toalhas, chinelos com
fechamento atrás (para evitar quedas), xampu, creme hidratante,
sabonete, roupas limpas, pente ou escova de cabelo, assim não se corre
o risco de ter que deixar a pessoa idosa sozinha em um lugar
potencialmente perigoso (molhado). Dê preferência aos sabonetes
hidratantes para promover a hidratação da pele;
11.colocar uma cadeira de base firme, no interior do boxe;
12.procurar dar o banho sempre no mesmo horário e local e da mesma
maneira; pois na medida do possível, a pessoa idosa, que tem condições,
pode realizar a sua própria higiene corporal;
13.no preparo do banho, todas as ações devem ser explicadas à
pessoa idosa de forma clara e pausadamente, passo a passo e o
cuidador deve incentivá-la e motivá-la ao seu próprio cuidado;
14.sempre ajudar a pessoa idosa ao entrar e sair do boxe e sentar-se na
cadeira de forma segura;
15.assegurar privacidade à pessoa idosa que pode banhar-se
sozinha. Contudo, o cuidador deve ficar alerta aos chamados ou
indícios de algum problema. Mantenha a porta destrancada para livre
acesso, se necessário.

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16.Ao iniciar o banho, dependendo do grau de autonomia da pessoa
idosa, deve-se pedir que vá se despindo, e auxiliá-la, quando necessário.
Explicando as ações, proceda ao banho na sequencia:

1)face, também neste momento pode ser realizada a higiene bucal, 2)


cabeça, 3) pescoço, 4) tronco, 5) braços e axilas, 6) mãos, 7) pernas, 8) pés
e 9) genitais e região anal. As ações executadas pela pessoa idosa
devem ser elogiadas.

Após o banho o cuidador deve oferecer a toalha e providenciar a


secagem, principalmente entre os dedos dos pés e nas dobras do
corpo. Com o corpo seco, aplicar um creme hidratante, oferecer as
roupas limpas, peça por peça, ajudando-a, se for necessário.
Também é importante providenciar um espelho para a pessoa idosa ver
seu reflexo, pentear os cabelos e fazer solicitações quando precisar.

A higiene dos cabelos deve ser feita no mínimo três vezes por semana.
Diariamente inspecione o couro cabeludo observando se há feridas, piolhos,
coceira ou áreas de quedas de cabelo.

Os cabelos curtos facilitam a higiene, mas lembre-se de consultar a pessoa


antes de cortar seus cabelos, pois ela pode não concordar por questão
religiosa ou por outro motivo.

O banho de chuveiro pode ser feito com a pessoa sentada numa cadeira de
plástico com apoio lateral colocada sobre tapete antiderrapante, ou em
cadeiras próprias para banhos, disponíveis no comércio.

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Banho no leito

NORMAS
01 - Trocar a água do banho sempre que necessário;
02 - Quando houver colostomia e/ou drenos, esvaziar as bolsas coletoras
antes do banho ou trocá-la, depois trocar as luvas e iniciar o banho;
03 - Quando o banho for dado em apenas uma pessoa, levando-se em
consideração que o paciente ajuda, seguir a mesma técnica, porém, sem
esquecer de lavar as mãos enluvadas, antes de manipular a roupa limpa;

Material
Luvas de banho,
Toalhas de banho (lençol protetor),
Material para higiene oral,
Material para higiene intima,
Pente,
Sabonete individualizado,
Comadre e/ou papagaio
Roupa para o paciente (pijama ou camisola),
Roupa de cama (02 lençóis, 01 fronha, 01 cobertor S/N, 01 toalha de banho,
01 fralda S/N, 01 forro S/N, colcha)
Luvas de procedimento,
Luvas de banho,
Hamper,
02 bacia,
Biombos,

Este tipo de banho deve ser realizado quando a pessoa idosa é totalmente
dependente de outra pessoa e tem muitas dificuldades de se mover, ou
quando a pessoa idosa é muito pesada e tem muitas dores ao mudar de
posição. É importante ter outra pessoa para ajudar além do cuidador, dando
mais segurança à pessoa idosa, evitando acidentes e cansaço físico.
Existem também alguns requisitos para promover o banho de leito com
segurança e conforto à pessoa idosa:

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●aproveite o momento do banho para fazer movimentos com o corpo
da pessoa idosa e massagens, para estimular a circulação sanguínea e
evitar atrofias dos músculos. Se perceber manifestações de dor durante a
movimentação da pessoa idosa, peça avaliação de algum profissional
da saúde;
●Separar todo o material necessário: bacias com água morna, retalhos
de tecido, toalhas de banho, forros plásticos, lençóis, roupas limpas,
comadre ou urinol, xampu, creme hidratante, sabonete, escova e creme
dental, pente ou escova de cabelo, luvas descartáveis, evitando ter que
interromper o banho após seu início. Dê preferência aos sabonetes
hidratantes para promover a hidratação da pele;
●providenciar um ambiente sem corrente de ar, fechando janelas e por-
tas. Desta forma, também irá dar privacidade à pessoa idosa;
●garantir boa iluminação;
●quanto à arrumação da cama, os pontos principais a serem seguidos
são: utilizar lençóis limpos, secos, passados à ferro; não deixar migalhas de
pão, fios de cabelos, etc., nos lençóis da cama; limpar o colchão, quando
necessário; observar o estado de conservação do colchão, travesseiros
e impermeável, e providenciar a troca quando necessário; não arrastar as
roupas de cama no chão, nem sacudi-las no ar; não alisar com as
mãos, as roupas de cama, mas ajeitá-las pelas pontas;
●no preparo do banho todas as ações devem ser explicadas à pessoa
idosa de forma clara e pausadamente, passo a passo e o cuidador deve
incentivá-la e motivá-la para seu próprio cuidado;
●é recomendado para o banho de leito que vá despindo a pessoa idosa
de acordo com a parte do corpo que será higienizada, nunca deixando a
pessoa idosa totalmente despida.
●Inicia-se oferecendo a comadre ou urinol à pessoa idosa. Deve-se
proceder mantendo a pessoa idosa de costas, auxiliando na retirada
das roupas e protegendo-a com o lençol. Segue-se a sequência para
o banho de leito:

1) face, também neste momento pode ser realizada a higiene bucal,


2) cabeça,
3) pescoço,
4) tronco,
5) braços e axilas,
6) mãos,
7) pernas,
8) pés e
9) genitais e região anal.

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Auxilie ou faça por ela a higiene bucal e face, a seguir coloque o forro
plástico embaixo da cabeça da pessoa idosa para a lavagem dos
cabelos, utilizando os materiais disponíveis e secando bem. O corpo
será higienizado com uma luvinha de banho umedecida e ensaboada,
tomando sempre o cuidado de remover a espuma do corpo da pessoa
idosa com a toalha úmida e, em seguida, secar com uma toalha seca,
principalmente nas dobras e entre os dedos. As mãos e pés podem
ser colocados dentro da bacia com água e sabão, enxaguados e
secados. Faça a higienização da parte da frente do corpo e a seguir peça
ajuda de outra pessoa para deitar a pessoa idosa de lado, segurando-a
nesta posição para a higienização da parte de trás, nas costas. Aproveite
para trocar os lençóis da cama neste momento, esticando bem os
limpos até não deixar pregas e rugas, que podem machucar a pessoa
idosa. Se estiver sozinho, posicione a pessoa idosa de costas para cima
e deixe a troca dos lençóis para depois que terminar o banho. A higiene
dos genitais e região anal deve ser feita para finalizar o banho e em todas
as vezes que a pessoa idosa tiver eliminação urinária e fecal, evitando
assim umidade e assaduras.

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Técnica

01 - Lavar as mãos e calcar as luvas de procedimentos;


02 - Explicar ao paciente o que vai ser feito;
03 - Fechar as portas e janelas;
04 - Oferecer comadre ou papagaio ao paciente

05 - Desprender a roupa de cama,


06 - Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabeça, se necessário;
07 - Trocar a água do banho, obrigatoriamente, apos a lavagem da cabeça;
08 - Lavar os olhos, limpando o canto interno para o externo,
09 - Lavar, enxaguar e enxugar o rosto, orelhas e pescoço;
10 - Remover a camisola ou camisa do pijama, mantendo o tórax protegido
com o lençol, descansando os braços sobre o mesmo;
11 - Lavar e enxugar os mão e braço do lado oposto ao que se está
trabalhando, depois o mais próximo, com movimentos longos e firmes, da
mão à axila;
12 - Trocar a água;
13 - Lavar e enxugar o tórax e abdome, com movimentos circulares,
ativando a circulação, observando as condições da pele e mamas;
14 - Cobrir o tórax com lençol ou meio lençol limpo, abaixando o lençol em
uso, até a região genital;
15 - Lavar, enxaguar e enxugar as pernas e coxas, do tornozelo ate a raiz da
coxa, do lado oposto ao que se esta trabalhando, depois o mais próximo;
16 - Colocar bacia sob os pés e lavá-los, principalmente nos interdigitos,
observando as condições dos mesmos e enxugar bem;
17 - Trocar a água da bacia e a luva de pano, obrigatoriamente;
18 - Encaixar a comadre no paciente;
19 - Fazer higiene intima do paciente, de acordo com a técnica;

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20 - Trocar, obrigatoriamente, a água da bacia e a luva de banho, retirando a
comadre, deixando-a ao lado do leito;
21 - Virar o paciente em decúbito lateral, colocando a toalha sob as costas e
nádegas, mantendo esta posição com o auxilio de outra pessoa;
22 - Lavar e enxugar as costas, massageando-as, incluindo nádegas e cóccix
do paciente;
23 - Deixar o paciente em decúbito lateral, empurrando a roupa úmida para
o meio do leito, enxugando o colchão;
24 - Proceder a arrumação do leito, com o paciente em decúbito lateral;
25 - Virar o paciente sobre o lado pronto do leito;
26 - Retirar a roupa suja;
27 - Fazer os cantos da cama: cabeceira e pés;
28 - Vestir o paciente;
29 - Pentear os cabelos do paciente;
30 - Trocar a fronha;
31 - Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no decúbito mais adequado;
32 - Limpar, bacia, comadre com água e sabão;
33 - Retirar as luvas e lavar as mãos;

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