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ELETRODOS E DERIVAÇÕES
Derivações frontais
o Medida de diferença de potencial entre dois pontos distintos;
o Derivação I
Entre braço direito (-) e esquerdo(+).
o Derivação II
Entre braço direito (-) e perna esquerda (+).
o Derivação III
Entre braço esquerdo (-) e perna esquerda (+).
o Derivação aVL
Do coração (ponto central até o braço esquerdo.
o Derivação aVR
Do coração até o braço direito.
o Derivação aVF
Do coração até o pé.
o Estas derivações são conhecidas como periféricas ou frontais porque
permitem definir a localização dos estímulos elétricos no plano frontal,
isto é, para cima ou para baixo e para esquerda ou para a direita. Elas
não permitem dizer se o estímulo está indo para frente ou para trás;
o Elas enxergam a mesma coisa por ângulos diferentes.
Derivações precordiais
o Estão no plano horizontal;
o Permitem dizer se o estímulo está indo para frente ou para trás;
o Se o estímulo estiver indo pra trás, QRS em V1 será negativo. Se estiver
indo pra frente, QRS em V1 será positivo;
o Como suspeitar se os eletrodos precordiais estão mal posicionados?
QRS cresce lentamente até chegar na voltagem máxima, que
pode ser em V4,V5 ou V6 (neste é menos comum).
o Em dextrocardia, tudo é negativo em DI e QRS negativos em precordiais.
(e a amplitude vai ficando cada vez menor)
Quando suspeitar, inverter as posições dos eletrodos;
Ondas negativas em DI:
Se QRS negativos em precordiais: dextrocardia;
Se QRS em progressão de R em precordiais: troca de
eletrodos nos braços.
Nomenclatura:
o V1, V2, V3: parede anterosseptal;
o V1, V2, V3, V4: parede anterior;
o V3, V4 ou V3, V4, V5: parede anterior localizada;
o V4, V5, V6, DI, aVL: parede anterolateral;
o V5, V6: parede lateral baixa;
o DI, aVL: parede lateral alta;
o V1, V2, V3, V4, V5, V6, DI, aVL: parede anterior extensa;
o DII, DIII, aVF: parede inferior;
o V3R, V4R: parede livre do ventrículo direito
Eletrodo V3 no lado direito = V3R;
Eletrodo V4 no lado direito = V4R.
o V7, V8, V9: parede lateral (antiga dorsal).
o Ex.: acometimento de toda a parede anterior, DI e aVL: infarto anterior
extenso.
ELETROCARDIOGRAMA
O eixo normal do QRS é de -30 a 90 graus
o O eixo QRS estar normal não significa que o eletro está normal. Este é
apenas um dos parâmetros a ser analisado.
o -30 a 90 graus: eixo normal
Isto porque, na despolarização ventricular (que ocorre em três
partes), a despolarização na parede livre do ventrículo é maior
(maior vetor).
o -30 a -90 graus: eixo desviado para a esquerda
Hipertrofia do ventrículo esquerdo.
o 90 a 180 graus: eixo desviado para a direita
Hipertrofia do ventrículo direito.
o 180 a -90 graus: desvio extremo do eixo.
Primeiro passo para definir o eixo QRS
o Definir a derivação em que o QRS é mais isodifásico (com uma onda
negativa e uma positiva, ambas com mesma amplitude;
o Se uma onda/complexo é isodifásica em uma derivação, significa que
está perpendicular (90˚) àquele local;
o Se 5 derivações estão ou totalmente positivas, ou totalmente negativas,
a sexta derivação (mesmo se não estiver enxergando) é provavelmente
a mais isodifásica;
o QRS, predominantemente positivo ou isodifásico em DI e DII, é um eixo
normal;
o Ex.:
No eletro abaixo, o QRS está isodifásico em aVL. Assim, o eixo
está ou 90˚ à esquerda de aVL (ou seja, em -120˚), ou 90 à direita
de aVL (ou seja, em DII)
Quando não cair em uma derivação exata, como neste
caso em que 90˚ à esquerda de aVL caiu em -120˚,
considerar a derivação mais próxima, que neste caso é
aVR. Assim, analisar a direção do eixo comparando o eixo
QRS de aVR e DII.
Analisando o eletro, vemos que o QRS em aVR está totalmente
negativo, ou seja, o eixo está se afastando de aVR, enquanto em
DII, ele está totalmente positivo, ou seja, se aproximando de DII.
Portanto, o eixo está em DII (o que explica a maior amplitude)
Se estivesse positivo em aVR, e negativo em DII, o eixo
estaria em -120˚, e não em aVR.
Eixo em DII (60˚) é fisiológico, já que está entre -30˚ e 90˚.
o No plano horizontal, como definir se o eixo QRS está indo para frente ou
para trás
Como o ventrículo esquerdo é maior que o direito, o fisiológico é
o eixo QRS estar direcionado para trás;
Para isso, observar v1, pois é o eletrodo mais anterior. Assim, o
normal em v1 é ver o QRS negativo
Se QRS positivo em V1, o eixo está para frente;
Se QRS negativo em V1, o eixo está para trás.
2. PADRONIZAÇÃO
Velocidade: 25mm/s;
Cada quadradinho equivale a:
o 1mm;
o 0,1mV;
o 0,04s.
Assim, cada quadrado maior, que contém 5 quadradinhos, equivale a:
o 5mm;
o 0,5mV;
o 0,2s.
Para checar a padronização, verificar na lateral direita do eletro. O normal é ter
10 quadradinhos. Pode ser que esteja escrito em baixo da folha também;
4. ONDA P
Despolarização dos átrios e ajuda a definir se o ritmo é sinusal;
Em V1, a onda P costuma ser isodifásica;
Características da onda P normal
o Amplitude de até 2,5mm (dois quadradinhos e meio);
o Duração de até 0,11s (2,75 quadradinhos).
Diagnostica sobrecargas atriais
o Sobrecarga atrial direita
Dilatação atrial causa aumento da amplitude da onda P;
Verificar a amplitude da onda P nas derivações inferiores (DII,
DIII e aVF);
Onda P com amplitude > 2,5mm, em DII, DIII e aVF, temos SAD;
Não tende a aumentar a duração da onda P.
5. INTERVALO PR
Vai do começo da onda P até o começo do complexo QRS;
Segmento PR vai do final da onda P até o início do QRS;
6. COMPLEXO QRS
Principal causa de aumento de amplitude do QRS é sobrecarga de ventrículo
esquerdo
o Hipertrofia concêntrica
Área cardíaca igual, mas a parede do ventrículo esquerdo é mais
espessa.
o Hipertrofia excêntrica
Área cardíaca dilatada devido à dilatação do ventrículo
esquerdo.
o No eletro, não é dado o diagnóstico do tipo de hipertrofia. Por isso, é
chamado de sobrecarga de ventrículo esquerdo.
Sobrecarga de ventrículo esquerdo (Há mais de 40 critérios para diagnosticar)
o Critério Sokolow-Lyon
Critério mais clássico;
A soma da amplitude da onda R em V5 ou V6 (a que for maior)
com a amplitude da onda S em V1 deve ser maior que 35mm.
o Onda R em aVL > 10mm;
o Critério de Cornell
R aVL + S V3 > 28mm se sexo masculino;
R aVL + S V3 > 20mm se sexo feminino.
o Se eletrocardiograma mostrar SVE, é porque tem (muito específico),
mas se não mostrar, não descarta (pouco específico);
o Costuma vir acompanhado de supra de ST.
Sobrecarga de ventrículo direito
o Como o VD é três vezes menor que o VE, a SVD tem que ser muito
grande pra aparecer no eletrocardiograma;
o Quando detectado, já é um evento tardio;
o O principal diagnóstico para diagnosticar SVD é a onda R de grande
amplitude em V1 (positivo, geralmente maior que a onda S).
Baixa voltagem (vários critérios, que variam)
o Amplitude < 5mm no plano frontal;
o Amplitude < 10mm no plano horizontal;
o Causas
Qualquer coisa que se interponha entre o coração e os eletrodos
Tecido adiposo, mama grande, derrame pericárdico, fibrose
miocárdica (células morreram, não contraem mais, não geram
amplitude no QRS), amiloidose cardíaca, derrame pleural
volumoso, pneumopatias intersticiais, enfisema, DPOC,
pneumotórax, etc.
Alternância elétrica no eletrocardiograma
o Pensar em derrame pericárdico (swing heart).
Paciente jovem, dor torácica, sem comorbidades, sem estenose, e sobrecarga
de ventrículo esquerdo no eletrocardiograma > miocardiopatia hipertrófica;
Duração normal do QRS
o Até 120ms (3 quadradinhos);
o Se >= 120ms, temos um bloqueio de ramo
Quando QRS positivo, é esperado ST e T invertido (infra de ST);
QRS negativo, é esperado ST e T positivo (supra de ST).
o Se V1 é negativo, então é um bloqueio de ramo esquerdo
o Se V1 é positivo, então é um bloqueio de ramo direito (RSR’);
o Sempre que houver bloqueio de ramo, investigar se há cardiopatia
estrutural;
7. SEGMENTO ST
As síndromes coronarianas agudas costumam se apresentar no ECG através de
mudanças no segmento ST e na onda T;
Ponto J é o ponto localizado na transição do final do QRS para o começo do
segmento ST;
O normal é o segmento ST estar na linha base do ECG
o Ele deve estar alinhado com o ponto de início do QRS (margem de erro
de meio quadradinho é tolerado)
Se acima da linha = supra de ST;
Se abaixo da linha = infra de ST.
Supra de ST
o Para medir, traçar uma linha a partir do ponto J e contar os
quadradinhos entre a linha do início do QRS e a do ponto J;
o Causas
IAM, pericardite, aneurisma de VE, hipercalcemia, embolia
pulmonar, brugada, BRE, HVE, repolarização precoce, Takotsubo,
etc.
o O segmento ST corresponde à fase 2 (platô) do potencial de ação.
o Causas benignas de supra de ST costumam ter a concavidade para cima
(“supra feliz”);
Fase subaguda
Mais de 12h após a oclusão coronariana;
Supra de ST com concavidade para baixo;
Onda Q (frequentemente QS, ausência de onda R);
Onda T invertida.
Síndrome de Bugrada
o Aspecto típico de corcova de golfinho em V1, V2 e/ou V3.
Síndrome de Wellens
o Alteração que equivale ao supra de ST no ECG (tratar igual, se associado
aos sinais e sintomas);
o Onda T sobe e desce nos precordiais ou bem negativa;
o Bem provável que há uma lesão crítica em artéria descendente anterior.
Supra de aVR
o Alteração que equivale ao supra de ST no ECG (tratar igual, se associado
aos sinais e sintomas);
o Infra de ST em quase todas as derivações, mas um supra de ST em aVR;
o Bem provável que há uma lesão crítica de tronco da coronária esquerda.
8. ONDA T
Corresponde ao final da fase 2 e à fase 3 do potencial de ação;
Costuma ser negativa em aVR;
Pode ser negativa em DIII, aVL e V1;
Se encontrar onda T negativa ou achatada em qualquer outra derivação:
procurar doença;
Causas de onda T alteradas
o Primárias: problema está na fase 3 do potencial de ação
Isquemia miocárdica, miocardite (igual IAM, mas viral. IAM
estudar histórico), uso de drogas (ex.: digital), distúrbios
hidroeletrolíticos (ex.: alterações do potássio).
o Secundárias: problema está na despolarização
BRE, SVE, pré-excitação ventricular, ritmo de marcapasso.
Onda T invertida e simétrica: sempre considerar coronariopatia;
9. INTERVALO QT
Engloba tanto a despolarização quanto a repolarização dos ventrículos;
Quando aumentado, eleva o risco de arritmias ventriculares potencialmente
fatais;
Jeito de medir:
o Traçar uma linha entre as ondas R. Traçar uma linha perpendicular na
metade desta outra linha. Se a onda T estiver à esquerda, está normal.
Se transpassar esta segunda linha, o intervalo QT é longo.
Calculando de forma mais precisa:
o FC entre 60 – 90: fórmula de Bazett;
o Taquicárdico: fórmula de Frederica, fórmula de Sagie (Framingham) ou
fórmula de Hodges;
ARRITMIAS
Qualquer ritmo que não seja ritmo sinusal fisiológico é considerado uma
arritmia cardíaca;
Divididas em 2 grandes grupos
o Taquiarritmias (FC > 100bpm);
o Bradiarritmias (FC < 50bpm).
Taquicardia sinusal
o Ritmo sinusal + FC > 100bpm;
o Ritmo regular. Todo mundo faz essa arritmia em algum momento;
o Causas: dor, febre, ansiedade, exercício físico, hipotensão,
tireotoxicose, hipovolemia, anemia, síndrome postural ortostática
taquicardizante, taquicardia sinusal inapropriada, etc;
o Normalmente, não precisa tratar taquicardia sinusal. Apenas tratar a
causa base.
Taquicardia atrial
o O estímulo, ao invés de surgir no nó sinusal, surge em alguma parede
atrial;
o Tem onda P, mas não tem características sinusais (onda P negativa em
DI, DII e aVF);
o Ritmo normalmente é regular;
o Causas: DPOC, comunicação interatrial, miocardiopatia hipertrófica, PO
de cirurgia cardíaca, estenose mitral, intoxicação digitálica, cardiopatia
hipertensiva;
o Tratamento: tratar a causa base e controlar a frequência cardíaca;
o Taquicardia atrial não reverte com choque (se tentar cardioverter, o
paciente não volta pra ritmo sinusal, tem que tratar a causa base e
segurar a FC).
Taquicardia atrial multifocal
o As ondas P possuem 3 ou mais morfologias diferentes;
o Ritmo irregularmente irregular, pois a cada batimento o estímulo
elétrico surge em um local diferente da parede atrial;
o Pneumopatia descompensada: muito comum apresentar TAM;
o Tratamento: compensar a pneumopatia (tratando a pneumopatia, a
tendência é reverter a TAM).
Fibrilação atrial
o É a taquicardia sustentada mais comum na prática clínica (uma vez
excluindo taquicardia sinusal);
o Ocorre no átrio esquerdo, onde há vários pontos de microreentradas ao
redor das veias pulmonares deflagrando a arritmia (ocorre tantas
despolarizações, que o átrio, em vez de estar contraindo de forma
organizada, ele está fibrilando, tremendo);
o Ausência de ondas P;
o Ritmo irregular;
o Nem sempre se apresenta com FC elevada;
o Podemos ver atividade atrial em FA, são as ondas f;
o Doenças que sobrecarregam o átrio esquerdo e causam FA:
hipertireoidismo, tireotoxicose, DPOC, DHE, comunicação interatrial,
miocardiopatia hipertrófica, PO de cirurgia cardíaca, estenose mitral,
intoxicação digitálica, cardiopatia hipertensiva, ingestão excessiva de
álcool, drogas estimulantes, etc.;
o Sempre pedir THS e pacientes com FA (pra ver se ele não está com
hipertireoidismo ou tireotoxicose;
o Investigar apneia do sono;
o Holyday Heart Syndrome
FA que ocorre após libação alcoólica.
o Prognóstico – FA aumenta:
AVCI, mortalidade geral, IC e alterações cognitivas.