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Direito Processual Civil Diana Saraiva

1. António e Berto celebraram com Carlos um contrato de comodato, por via do qual aqueles emprestaram
a este uma valiosa coleção de livros. Nesse contrato, ficou expressamente convencionado que só por ambos
os comodantes em conjunto, isto é, por António e Berto, poderia ser exigida a Carlos a restituição da referida
coleção de livros.

Ocorre que, entretanto, António pediu a Carlos a restituição dos livros, sendo que este negou-se a fazê-lo,
invocando, para o efeito, o facto de o contrato prever que a entrega dos livros só teria lugar mediante a
interpelação conjunta de António e Berto.

Poderia, neste caso, António intentar contra Carlos uma ação judicial, pedindo que o réu seja condenado a
restituir-lhe os livros que lhe foram entregues por via da celebração do comodato?

2. Pedro e Maria, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, são proprietários de um bem imóvel.

Em janeiro de 2013, Pedro e Maria celebraram com Carlos um contrato de arrendamento, com a duração de
cinco anos, por via do qual Pedro e Maria arrendaram a Carlos o referido bem imóvel, mediante o pagamento
de uma renda mensal no montante de € 1.500,00.

Ocorre, porém, que Carlos deixou de pagar as rendas desde janeiro de 2017, motivo pelo qual Pedro decidiu
intentar uma ação judicial tendo em vista a cessação do contrato de arrendamento por falta de pagamento
de rendas.

a) Pronuncie-se sobre a legitimidade processual ativa e passiva.


b) A sua resposta seria a mesma, sabendo que Carlos é casado com Daniela sob o regime da separação
de bens, sendo que o apartamento objeto de arrendamento constitui a casa de morada de família?

3. António intentou contra Carlos uma ação declarativa, sob a forma de processo comum, no Juízo Local
Cível do Porto. Sabendo que Carlos, residente em Braga, foi citado para contestar essa ação, através de uma
carta registada com aviso de receção, o qual foi assinado pela sua mulher, no dia 6 de outubro de 2017,
quando termina o prazo para contestar?

Até quando é possível apresentar a contestação, mediante o pagamento de uma multa?


4. Suponha que o tribunal notificou o mandatário do autor, através de notificação eletrónica elaborada via
citius no dia 4 de outubro de 2017, para juntar aos autos um documento essencial para o conhecimento do
mérito da causa que, certamente por lapso, não tinha sido junto com a PI. Quando termina o prazo para a
prática desse ato processual?

5. No dia 14 de julho de 2017, Berto, residente em Coimbra, foi citado, através de carta registada com aviso
de receção, para contestar uma ação, a correr termos pelo Juízo Central Cível de Lisboa, tendo o aviso de
receção sido assinado por Carlos, pai de Berto. Quando termina o prazo para Berto apresentar a sua
contestação?

6. O tribunal notificou os mandatários das partes, através de notificação eletrónica elaborada via citius no
dia 9 de novembro de 2017, para se pronunciarem sobre um documento apresentado por um técnico, no
prazo de 15 dias. Quando termina, com multa, o prazo para a prática desse ato processual?

7. O tribunal notificou o mandatário do autor através de notificação elaborada via citius no dia 15 de
novembro de 2017.

a) Em que data é que o mandatário se presume notificado?


b) Quando começa a correr o prazo para praticar o ato?

8. Bernardo é proprietário de um imóvel situado em Faro, o qual se encontra arrendado a Carlos, casado
com Daniela sob o regime de separação de bens, desde o mês de janeiro de 2016, pagando o arrendatário
uma renda mensal no montante de 500,00 €.

No dia 15 de setembro de 2017, Bernardo intentou uma ação judicial contra Carlos, pedindo o despejo do
arrendado com fundamento na falta de pagamento de rendas, desde o mês de janeiro de 2017.

a) Suponha que, na sua contestação, Carlos veio invocar que é parte ilegítima, atento o facto de a sua
mulher, Daniela, não ter sido demandada na ação. Quid iuris?
b) Considere agora que Carlos, na sua contestação, não impugnou o facto alegado na petição inicial,
segundo o qual estão em dívida as rendas vencidas desde janeiro de 2017. Que efeitos processuais
decorrem dessa conduta? E se Carlos, pelo contrário, invocasse desconhecer a existência de
quaisquer rendas em atraso?
c) Suponha que Carlos invoca que, desde março de 2017, quis pagar as rendas em dívida, tendo
Bernardo recusado recebê-las e, bem assim, que realizou benfeitorias, no valor de 10.000,00 € no
imóvel arrendado, devendo, por isso, o autor ser condenado a indemniza-lo pelas benfeitorias
realizadas. Caracterize a defesa apresentada por Carlos.

9. A sociedade comercial “Metalurgia Gaiense, Lda.”, com sede em Vila Nova de Gaia, celebrou com a
sociedade “Estruturas Metálicas, Lda.”, com sede no Porto, um contrato de compra e venda, por via do qual
a primeira, no exercício da sua atividade comercial de fabrico de produtos metálicos, comprometeu-se a
fornecer à segunda três mil moldes metálicos, pelo preço de 60.000,00 €.

Sucede, porém, que, apesar de a mercadoria ter sido entregue à sociedade “Estruturas Metálicas, Lda.”, esta
não pagou à sociedade “Metalurgia Gaiense, Lda.” o preço acordado, razão pela qual esta decidiu intentar
uma ação declarativa junto do Juízo Central Cível de Vila Nova de Gaia, pedindo a condenação da ré no
pagamento da quantia de 60.000,00 €, acrescida de juros de mora já vencidos, no montante de 500,00 €,
bem como dos juros vincendos desde a propositura da ação até efetivo e integral pagamento.

a) Suponha que a ré, depois de ter sido citada, não apresentou contestação dentro do prazo legal, nem
interveio no processo. Quid iuris?
b) Em hipótese distinta da anterior, suponha que a ré deduziu contestação, invocando o cumprimento
defeituoso da obrigação, já que os moldes metálicos fornecidos pela autora apresentavam diversos
defeitos. Quid iuris?
c) Como poderá a autora reagir, face à defesa deduzida pela ré?

10. Eduardo e Francisca, irmãos, residentes na Maia, celebraram com a sociedade “Bracara Augusta
Construções, Unipessoal, Lda.”, com sede em Braga, um contrato de compra e venda de uma moradia,
situada no Porto, ainda em fase de construção, pelo preço de 250.000,00 €.

Aquando da celebração da escritura pública de compra e venda, Eduardo e Francisca pagaram de imediato
à vendedora o preço acordado, tendo ficado convencionado que esta se obrigava a concluir a construção da
moradia e a entregá-la aos compradores no prazo máximo de seis meses a contar da celebração dessa
escritura, sob pena de, não o fazendo, assistir aos compradores o direito de resolverem o contrato de compra
e venda.

Ocorre, porém, que, volvidos, mais de oito meses após a celebração dessa escritura e não obstante as
sucessivas interpelações realizadas por Eduardo e Francisca, a sociedade “Bracara Augusta Construções,
Unipessoal, Lda.” ainda não concluiu os trabalhos de construção da moradia, nem tem qualquer previsão
para a sua conclusão, atento o facto de passar atualmente por algumas dificuldades financeiras.

Por tal motivo, Eduardo e Francisca pretendem resolver o contrato de compra e venda, por incumprimento
contratual imputável à sociedade vendedora, e obter a condenação desta na restituição da quantia de
250.000,00 €.

a) Que tipo de ação deve ser intentada?


b) Qual o valor da ação e a forma de processo adequada?
c) Contra quem devia ser proposta a ação?
d) Qual o tribunal territorialmente competente para o conhecimento do mérito da causa?
e) Suponha que, na carta registada com aviso de receção que a secretaria remeteu à ré, não foi indicado
o prazo de contestação? Quid iuris?

11. As sociedades comerciais “Antunes & Filhos, Lda.”, “Constroibem, S.A.” e “Ibéria – Empreendimentos e
Obras Públicas, S.A.”, com sede, respetivamente, em Braga, Coimbra e Lisboa, intentaram uma ação judicial
contra a agência de Vila Nova de Gaia do Banco “Geld Bank”, com sede em Berlim, por via da qual peticionam
a resolução dos contratos de financiamento celebrados com a ré, em virtude do incumprimento que lhe é
imputável.

Fundamentaram o seu pedido alegando, em resumo, que a agência de Vila Nova de Gaia do Banco “Geld
Bank” acordou com as autoras em financiar empreendimentos imobiliários a desenvolver por estas, motivo
pelo qual celebrou os respetivos contratos de financiamento que, todavia, mesmo depois de aprovados, não
chegaram a ser cumpridos. Acessoriamente, peticionam a condenação da ré no pagamento da quantia global
de 75.000,00 €, a título de danos patrimoniais sofridos em consequência dos investimentos entretanto
realizados.

a) Que tipo de ação foi intentada e qual a forma de processo?


b) Qual o tribunal competente para a apreciação do mérito da causa?
c) Como qualifica a relação processual existente entre as autoras na presente ação?
d) Suponha que a ação foi intentada no Juízo Central Cível de Vila Nova de Gaia e que a secretaria citou
a ré nos seguintes termos: “Fica ainda advertida de que poderá contestar a ação, querendo, no prazo
de 35 dias”. Sabendo que a ré foi citada pessoalmente, por contacto pessoal de agente de execução,
no dia 27 de outubro de 2017, quando termina o prazo, com multa, para contestar a ação?
e) Suponha que a ré veio invocar na sua contestação o seguinte:
1. A ré não sabe se foram ou não celebrados os contratos de financiamento a que se alude na
petição inicial;
2. É falso tudo o que vem alegado na petição inicial;
3. A sociedade “Antunes & Filhos, Lda.” é uma sociedade irregular, uma vez que ainda não foi
registado o respetivo contrato de sociedade, motivo pelo qual não pode ser parte na causa;
4. O incumprimento contratual é imputável às autoras, motivo pelo qual as mesmas devem ser
condenadas a pagar à ré a quanto a de 45.000,00 € a título de indemnização pelo
incumprimento dos contratos de financiamento.

Caracterize a defesa apresentada pela ré e diga quais as consequências que advirão da sua
eventual procedência.

f) Poderia a ré, depois de citada, intentar uma ação judicial contra as autoras com fundamento no ponto
4. da sua contestação?

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