Devido Processo Legal: Um juiz não pode condenar um acusado qualquer, de maneira
arbitrária, pois quem praticou o crime tem o direito de ter um julgamento justo. Apenas após o
julgamento e todo processo legal é que poderá ser definido o destino do criminoso.
Princípio da Inocência: Diz que todo cidadão é inocente, até que se prove o contrário. Ou seja,
o individuo é considerado inocente enquanto a Justiça não o considera culpado.
Retroatividade da Lei mais Benéfica: Uma lei penal pode retroagir apenas se for para benefício
do réu. Entretanto, em caso contrário, se a lei se tornar mais severa, não será aplicada ao réu.
Direito à Defesa: Diz que qualquer pessoa tem direito à defesa, independentemente do crime
praticado e das suas circunstâncias. Caso a pessoa não tenha como pagar pela sua defesa, o
Estado a proporcionará.
Princípio da Legalidade: Limita o poder punitivo do Estado, não havendo crime, caso não haja
lei que defina a infração penal e lhe imponha uma pena. Ou seja, o Estado não podera punir o
indíviduo, caso o ato praticado por ele não for considerado crime perante a lei [9].
Princípio da Fragmentariedade: Estabelece que nem toda ameaça de lesão ou lesão praticada
são proibidas de acordo com a lei penal, como da mesma forma, nem tudo tem sua proteção. O
Código Penal se limita aos fatos mais graves e que sugerem maior importância, tendo caráter
seletivo de ilicitude.
Princípio da Humanidade: O Estado é vedado de aplicar penas cruéis, como a capital e a prisão
perpétua, pois essas sanções atingem a dignidade da pessoa humana. Prioriza-se a
ressocialização do condenado através da execução penal, e não a sua degradação.
Princípio do in dúbio pro reo: Caso haja dúvida sobre a acusação da prática de uma infração
penal, o acusado, em seu julgamento final, deverá ser absolvido. Quando não houver provas
suficientes, acata-se a interpretação mais favorável ao réu.
Princípio da Igualdade: Este princípio prioriza a igualdade material acima da formal, buscando a
não discriminação e proibindo diferenças de tratamento, como está prescrito na Constituição
Federal de 1988.
Princípio da Efetividade: O Direito Penal, quando na sua intervenção, deve sempre ser eficaz e
agindo de maneira preventiva e, se necessário for, repreensiva.
Princípio da Proporcionalidade: Diz que pena aplicada deverá ser proporcional a prática
antijurídica cometida. Ou seja, a punição para o indivíduo deve ser na mesma proporção do
crime praticado por ele.
Princípio do ne bis in idem: Segundo este principio, o individuo não poderá ser julgado ou
punido mais de uma vez pelo mesmo crime[11].
Por dever legal: aquele que tenha por lei obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância. É o caso dos pais em relação aos filhos
menores. Se deixarem de alimentá-los, podem responder pelo
homicídio, um delito, no caso, omissivo impróprio.
1 INTRODUÇÃO
O crime consumado para o ordenamento jurídico é aquele no qual se
realiza todos os requisitos exigidos pelo tipo penal. No entanto, por trás
de quase todo crime consumado há um iter criminis que nada mais é do
que a preparação, pari passu, de vários elementos que se sobrepõem
até a consumação do ato delitivo.
No presente artigo buscou-se falar um pouco sobre as características
do crime consumado bem como da figura da tentativa, que nada mais é
do que a execução interrompida do crime, por motivos estranhos à
vontade do agente. Trata ainda este trabalho das consequências da
tentativa, suas características e natureza jurídica.
Por fim, realizou-se uma compilação acerca dos entendimentos teóricos
sobre a figura da desistência e do arrependimento voluntário, bem
como, também, descrevendo as características, natureza jurídica e
consequências de tais institutos.
A metodologia utilizada foi unicamente a pesquisa bibliográfica nos
principais doutrinadores penais brasileiros, todos atualizados quanto a
tais questões. Foram fonte de pesquisa tanto livros físicos, como,
também, material digital.
2 CRIME CONSUMADO E TENTADO
2.1 Crime Consumado
O crime consumado é aquele em que há a realização integral do tipo
penal, ou seja, como afirma Nucci (2017, p. 287), é quando o tipo
concreto se enquadra no tipo abstrato. Rogério Sanches Cunha (2015,
p. 336) afirma ainda, sobre o crime consumado, que, “nos termos do
art. 14, I do Código Penal, considera-se consumado o crime 'quando
nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal'. Tem-se,
assim, um crime completo, perfeito, realizado por inteiro, coincidindo o
fato concreto e o tipo legal.”
No entanto, é válido ressaltar que o momento da consumação varia de
acordo com a natureza ou espécie do crime. Cunha (2015) efetua uma
classificação quanto à natureza do crime e seu respectivo momento de
consumação, tendo em vista o que prevê o dispositivo legal.
Reproduziremos aqui a classificação realizada pelo autor em
seu Manual de Direito Penal – Parte Geral.
2.1.1 Crime material ou de resultado
Nesta espécie de crime é previsto, no tipo penal, a descrição da
conduta e seu respectivo resultado, exigindo, para sua efetiva
consumação, a alteração (modificação) do mundo exterior. Como
exemplo podemos citar o homicídio, art. 121 do Código Penal. Com
efeito, o homicídio só se consuma com a morte.
2.1.2 Crime formal ou de consumação antecipada
Conforme Cunha (2015), nesta espécie de crime “a norma penal
também descreve um comportamento seguido de um resultado
naturalístico, mas dispensa a modificação do mundo exterior,
contentando-se, para a consumação, com a prática da conduta típica”.
Logicamente, o crime se consuma, portanto, no momento da ação.
2.1.3 Crime de mera conduta
Trata-se de um delito sem resultado naturalístico, descrevendo a lei
apenas uma conduta, consumando-se o crime no momento da prática
da ação. Como exemplo citemos a violação de domicílio, art. 150 do
Código Penal. Com efeito a consumação da violação de domicílio se dá
no próprio momento da prática delitiva, não importando as ações
subsequentes.
2.1.4 Crime permanente
Ainda nas palavras de Cunha (2015, p. 337) “nos crimes permanentes
a consumação se protrai[1] no tempo, prolongando-se até que o agente
cesse a conduta delituosa”. Exemplo de tal crime é o sequestro ou
cárcere privado, art. 148 do Código Penal.
2.1.5 Crime habitual
Para a consumação desta espécie criminal requer-se a reiteração da
conduta típica. Ou seja, para enquadrar-se no tipo crime habitual a
prática do mesmo deve ser constante e repetitiva.
2.1.6 Crime qualificado pela resultado
Nesta espécie, a consumação dá-se com a produção do resultado que
agrava especialmente a pena (CUNHA, 2015, p. 337). Exemplo: lesão
corporal seguida de morte, art. 129 §3º, Código Penal.
2.1.7 Crime omissivo próprio
Consuma-se no momento que o agente se abstem de realizar a
conduta devida que lhe era imposta pelo tipo mandamental (CUNHA,
2015, p. 337). Como exemplo citamos a omissão de socorro, art. 135
do Código Penal.
2.1.8 Crime omissivo impróprio
Tem a sua consumação, conforme expressa Cunha (2015), com a
produção do resultado naturalístico. Exemplo desta espécie criminal é o
crime do garantidor, art. 13, §2º do Código Penal.
2.2 Crime tentado
Nucci, em seu Manual de Direito Penal (2017), assim conceitua crime
tentado: “É a realização incompleta da conduta típica, que não é punida
como crime autônomo”. Ainda conforme o autor citado, “o Código Penal
não faz previsão, para cada delito, da figura da tentativa, embora a
grande maioria comporte a figura tentada” (NUCCI, 2017, p. 287).
2.2.1 Natureza jurídica da tentativa
Nucci (2017) descreve a natureza jurídica da tentativa como uma
“ampliação da tipicidade proibida, em razão de uma fórmula geral
ampliatória dos tipos dolosos, para abranger a parte da conduta
imediatamente anterior à consumação” (Eugênio Raúl Zaffaroni e José
Henrique Pierangeli, Da tentativa, p. 27 apud Nucci, 2017, p. 288).
Observamos, então, que a tentativa constitui uma ampliação temporal
da figura típica e para que tal ato executório, anterior à consumação,
seja punível é preciso que a figura típica se estenda para o alcançar.
Conforme Jesus (2011, p. 375):
A sua punibilidade se estabelece em face do disposto no art. 14, II, do
CP, que tem eficácia extensiva, uma vez que por força dele é que se
amplia a proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos
que o agente não realiza de forma completa, pois apenas pratica atos
dirigidos à realização perfeita do tipo.
Nota-se, portanto, o que Jesus (2011) chama de “adequação indireta
em face da incidência de duas normas”. Ou seja, a primeira norma,
contida na parte geral do codex permite a ampliação temporal do tipo
incriminador, estendendo-se à preparação do crime e, em junção com
uma segunda norma incriminadora da parte especial, cria novos
mandamentos proibitivos.
2.2.2 Teorias fundamentadoras da punição da tentativa
Nucci (2017) elenca quatro teorias que servem de fundamentação para
a punição da tentativa.
2.2.2.1 Teoria Subjetiva
Segundo tal teoria, deve-se, para a punição da tentativa, levar em conta
a vontade criminosa, “desde que nítida, podendo ela estar presente e
identificada tanto na preparação quanto na execução” (NUCCI, 2017, p.
289). De acordo com tal teoria, como o objetivo é punir quem manifesta
vontade contrária ao Direito, nem sempre deve a pena ser atenuada
pelo juiz.
2.2.2.2 Teoria Objetiva
De acordo com tal teoria “o objetivo da punição da tentativa volta-se ao
perigo efetivo que o bem jurídico corre, o que somente se configura
quando os atos executórios, de caráter unívoco, têm início, com
idoneidade, para atingi-lo”. (NUCCI, 2017, p. 289). Tal teoria é adotada
pelo art. 14, II, do Código Penal brasileiro.
2.2.2.3 Teoria Subjetivo-objetiva
Aqui a punição fundamenta-se pela junção da avaliação da vontade
criminosa com o efetivo risco ao bem jurídico tutelado. Tendo em vista
que é levado em conta a vontade criminosa e o efetivo risco dessa a
um bem jurídico, é faculdade do juiz reduzir ou não a pena.
2.2.2.4 Teoria Sintomática
Segundo Nucci (2017), tal teoria é originária da Escola Positiva,
entendo-se que o fundamento da punição da tentativa concentra-se na
verificação do nível de periculosidade do agente.
2.2.3 Dolo e culpa na tentativa
Das características da tentativa já expostas anteriormente pode-se
deduzir que, tendo em vista que há dois elementos que constituem a
tentativa, qual seja, a) início da execução; e b) não consumação do
crime por circunstâncias alheias à vontade do agente; não há tentativa
de crime culposo, pois em se tratando de crime culposo o agente não
persegue nenhum resultado.
“Quanto ao dolo, no crime tentado, é exatamente o mesmo do delito
consumado. Afinal, o que o agente almeja é atingir a consumação”
(NUCCI, 2017, p. 290). Vimos que a consumação do crime não se dá
por motivos alheios à vontade do praticante, fazendo-se presente o
dolo desde o início da execução que, por forças externas, fora
interrompida.
2.2.4 Tentativa e dolo eventual
De acordo com Nucci (2017, p. 294) “é perfeitamente admissível a
coexistência da tentativa com o dolo eventual, embora seja de difícil
comprovação no caso concreto. Citando Nélson Hungria, afirma Nucci:
Se o agente aquiesce no advento do resultado específico do crime,
previsto como possível, é claro que este entra na órbita de sua volição:
logo, se, por circunstâncias fortuitas, tal resultado não ocorre, é
inegável que o agente deve responder por tentativa. A dificuldade de
prova não pode influir na conceituação da tentativa.
(HUNGRIA, Comentários ao Código Penal, v. I, t. II, p. 90 apud NUCCI,
2017, p. 294)
Vale ressantar, no entanto, que o posicionamento doutrinário acerca da
relação entre dolo eventual e tentativa é conflitante, existindo inúmeros
doutrinadores que discordam da possibilidade de existência da tentativa
em crimes de dolo eventual. Como exemplo, citamos o magistério de
Maia Gonçalves que Nucci traz em seu curso de Direito Penal.
Em contrário, colha-se o magistério de Maia Gonçalves, comentando
que não há tentativa no contexto do dolo eventual, porque o art. 22 do
Código Penal português expressamente se refere à prática de atos de
execução de um crime que decidiu cometer, logo, não pode o agente
ter assumido o risco (Código Penal anotado, p. 131). Admite, no
entanto, que o STJ portugês aceite a tentativa em caso de dolo
eventual, pois nessa forma de dolo também
existe representação e vontade, embora “enfraquecidas ou
degradadas”. (NUCCI, 2017, p. 294) (destacamentos do autor).
2.2.5 Espécies de Tentativa
Segundo Cunha (2015) o instituto Tentativa se subdivide em espécies,
de acordo com o iter criminis percorrido e conforme o resultado
produzido na vítima.
2.2.5.1 Quanto ao inter criminis percorrido
a) Tentativa imperfeita: quando o agente é impedido de prosseguir
no seu intento, deixando de praticar os atos executórios à sua
disposição (cf. CUNHA, 2015, p. 340).
b) Tentativa perfeita: o agente, mesmo tendo praticado todos os atos
executórios disponíveis, não logra a consumação do crime por
circunstâncias alheias à sua vontade.
2.2.5.2 Quanto ao resultado produzido na vítima
a) Tentativa branca ou incruenta: o golpe desferido não atinge a
vítima, consequentemente não gerando lesão à mesma.
b) Tentativa vermelha ou cruenta: a vítima sofre lesão por haver sido
efetivamente atingida.
2.2.5.3 Quanto à possibilidade de alcançar o resultado
a) Tentativa idônea: o resultado era possível, só não o foi por
motivos alheios à vontade do agente.
b) Tentativa inidônea: o crime mostra-se impossível de ser
consumado, seja por ineficácio do meio empregado pelo agente, ou,
por impropriedade do objeto material.
2.2.6 Crimes que não admitem a tentativa
Nucci (2017) elenca uma série de crimes nos quais não é possível a
ocorrência da tentativa, os quais aqui citamos:
a) delitos culposos: pois o resultado é sempre involuntário.
b) Crimes preterdolosos: pois há a necessidade de um resultado
mais grave para a constituição de tal tipo.
c) Crimes unissubsistentes: pois são constituídos por ato único.
d) Crimes omissivos próprios: pois, segundo Nucci (2017), o não
fazer, descrito no tipo, não admite fracionamento.
e) Delitos habituais próprios: são aqueles que se configuram por
uma conduta reiterada. Não admite a tentativa pois os atos isolados
são penalmente irrelevantes.
f) Contravenções penais: a Lei de Contravenções Penais afirma não
ser punível a tentativa (art. 4º).
g) Delitos Condicionados: pois, para sua concretização, são
submetidos à superveniência de uma condição.
h) Crimes de atentado: em tais tentativas a punição é autônoma ou
igual à do crime consumado.
i) Crimes permanentes na forma omissiva: pois não há iter
criminis possível de diferenciar a preparação da execução.
j) Crimes que punem somente os atos preparatórios de outros: pois
dizem respeito à preparação de um crime, tornando-se ilógico punir a
tentativa de preparação de um crime.
3 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
3.1 Conceito
Cunha (2015, p. 343) conceitua a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz como “espécies de tentativa abandonada ou
qualificada”. Assim preceitua o art. 15 do Código Penal, in verbis: “O
agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos
praticados”.
A desistência voluntária, trata-se, portanto, da desistência no
prosseguimento dos atos executórios, de modo voluntário,
respondendo o agente somente pelo qua já praticou. Mesmo que o
agente desista de prosseguir na execução por achar o momento
inapropriado, pretendendo continuar posteriormente, deve ser
beneficiado pela excludente de culpabilidade. Conforme Nucci (2017)
esse é o pensamento majoritário.
Já o arrependimento eficaz consiste na desistência ocorrida entre o
término dos atos executórios e a consumação. O agente, nesse caso,
já fizera o que podia para atingir o resultado pretendido, mas, resolve
intervir para evitar a concretização do mesmo. É importante salientar
também que, no dispositivo legal, art. 15 do Código Penal, exigi-se que
o arrependimento seja necessariamente eficaz, ou seja, capaz de
impedir o resultado. Portanto, mesmo que haja se arrependido, o
agente que não consegue evitar a consumação do crime não será
beneficiado pelo previsto no artigo 15 do referido codex.
3.2 Natureza jurídica da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz
A desistência voluntária e o arrependimento constituem-se, para Jesus
(2017), em causa de exclusão da adequação típica. Citando Nélson
Hungria, Jesus (2011) assim especifica a natureza jurídica de tais
institutos:
Para Nélson Hungria, “trata-se de causas de extinção de punibilidade
(embora não catalogadas no art. 107), ou seja, circunstâncias que,
sobrevindo à tentativa de um crime, anulam a punibilidade do fato a
esse título. Há uma renúncia do Estado ao jus puniendi (no tocante à
entidade ‘crime tentado’), inspirada por motivos de oportunidade” (Ob.
cit., 1977, v. 1, t. 2, p. 93. apud JESUS, 2011, p. 382).
Portanto, quando o crime não atinge sua consumação por força da
vontade do agente, não incide sobre ele a norma de extensão,
explicada no subtópico 1.2.1 Natureza jurídica da tentativa do presente
artigo, pois os atos praticados pelo agente não são típicos em face do
delito que pretendia praticar.
No entanto, é valiosa a contribuição de Nucci (2017) sobre a natureza
jurídica da desistência da tentativa. Com efeito, o referido autor elenca
as três correntes doutrinárias existentes que debatem acerca da
natureza jurídica da desistência e do arrependimento.
a) Causa de exclusão da tipicidade: como já fora visto no presente
artigo, o tipo penal da tentativa é formado pela utilização do art. 14, II,
do Código Penal, o qual prevê o início da execução e a não
consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Daí por
que, segundo os doutrinadores que defendem tal teoria, “se a
desistência for voluntária, não há que se falar em causa alheia à
vontade, afastando-se a tipicidade” (NUCCI, 2017, p. 305).
b) Causa de exclusão da culpabilidade: segundo os representantes
dessa teoria (Roxin e Welzel) “tendo em vista que o agente desistiu de
prosseguir no crime idealizado, não deve mais sofrer juízo de
reprovação social, resultando no afastamento da sua culpabilidade”
(NUCCI, 2017, p. 305).
c) Causa pessoal de exclusão da punibilidade: segundo a presente
teoria afasta-se a punibilidade do que abandona a tentativa, mas não a
tipicidade ou a culpabilidade. Segundo tal corrente, não se pode
suprimir retroativamente a tipicidade.
Exemplificam Zaffaroni e Pierangeli: “A principal objeção que se pode
formular contra o argumento daqueles que pretendem ver na
desistência um atipicidade, seja objetiva, seja subjetiva, encontra-se na
impossibilidade de ter a desistência a virtualidade e tornar atípica uma
conduta que antes era típica. Se o começo de execução é objetiva e
subjetivamente típico, não se compreende como um ato posterior possa
eliminar o que já se apresentou como proibido, situação que muito se
assemelha à do consentimento subsequente. (Da tentativa, p.
87 apud NUCCI, 2017, p. 306).
Defende Nucci essa última corrente como a mais adequada.
3.3 Distinção entre voluntariedade e espontaneidade
De acordo com Nucci, no contexto do Código Penal, há diferença entre
voluntário e espontâneo. “Agir voluntariamente significa
atuar livremente, sem qualquer coação. Agir espontaneamente quer
dizer uma vontade sincera, fruto do mais íntimo desejo do agente”
(NUCCI, 2017, p. 306).
No caso da desistência e do arrependimento eficaz, exige-se apenas a
voluntariedade, mas não a espontaneidade. “Se o agente deixar de
prosseguir na trajetória criminosa porque se arrependeu do que vinha
fazendo, terá agido de modo voluntário e espontâneo, embora não seja
necessário este último requisito para configurar a excludente” (NUCCI,
2017, p. 306).
4 CONCLUSÃO
Com a confecção do presente trabalho ficou claro que falar sobre tal
tema é algo complexo devido a grande quantidade de material
disponível. São diversos os autores que falam do mesmo, no entanto,
buscou-se neste trabalho encontrar a unidade existente entre os
doutrinadores acerca do tema de pesquisa proposto.
É importante salientar também que o presente trabalho é um mero
compêndio sobre a questão do crime consumado e tentado, da
desistência e do arrependimento. Não se buscou apresentar nada de
novo, somente compilar, depois de pesquisa bibliográfica, o que foi
possível captar sobre as características, natureza jurídica e
consequências do crime consumado e tentado, da desistência e do
arrependimento.
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 3. ed.
Salvador: Juspodivm, 2015. 547 p.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 19. ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2017. 983 p.
JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011. 802 p.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 14. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. 1257 p.
NOTA:
[1] Protair significa prolongar-se no tempo.
1 INTRODUÇÃO
O crime consumado para o ordenamento jurídico é aquele no qual se
realiza todos os requisitos exigidos pelo tipo penal. No entanto, por trás
de quase todo crime consumado há um iter criminis que nada mais é do
que a preparação, pari passu, de vários elementos que se sobrepõem
até a consumação do ato delitivo.
No presente artigo buscou-se falar um pouco sobre as características
do crime consumado bem como da figura da tentativa, que nada mais é
do que a execução interrompida do crime, por motivos estranhos à
vontade do agente. Trata ainda este trabalho das consequências da
tentativa, suas características e natureza jurídica.
Por fim, realizou-se uma compilação acerca dos entendimentos teóricos
sobre a figura da desistência e do arrependimento voluntário, bem
como, também, descrevendo as características, natureza jurídica e
consequências de tais institutos.
A metodologia utilizada foi unicamente a pesquisa bibliográfica nos
principais doutrinadores penais brasileiros, todos atualizados quanto a
tais questões. Foram fonte de pesquisa tanto livros físicos, como,
também, material digital.
2 CRIME CONSUMADO E TENTADO
2.1 Crime Consumado
O crime consumado é aquele em que há a realização integral do tipo
penal, ou seja, como afirma Nucci (2017, p. 287), é quando o tipo
concreto se enquadra no tipo abstrato. Rogério Sanches Cunha (2015,
p. 336) afirma ainda, sobre o crime consumado, que, “nos termos do
art. 14, I do Código Penal, considera-se consumado o crime 'quando
nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal'. Tem-se,
assim, um crime completo, perfeito, realizado por inteiro, coincidindo o
fato concreto e o tipo legal.”
No entanto, é válido ressaltar que o momento da consumação varia de
acordo com a natureza ou espécie do crime. Cunha (2015) efetua uma
classificação quanto à natureza do crime e seu respectivo momento de
consumação, tendo em vista o que prevê o dispositivo legal.
Reproduziremos aqui a classificação realizada pelo autor em
seu Manual de Direito Penal – Parte Geral.
2.1.1 Crime material ou de resultado
Nesta espécie de crime é previsto, no tipo penal, a descrição da
conduta e seu respectivo resultado, exigindo, para sua efetiva
consumação, a alteração (modificação) do mundo exterior. Como
exemplo podemos citar o homicídio, art. 121 do Código Penal. Com
efeito, o homicídio só se consuma com a morte.
2.1.2 Crime formal ou de consumação antecipada
Conforme Cunha (2015), nesta espécie de crime “a norma penal
também descreve um comportamento seguido de um resultado
naturalístico, mas dispensa a modificação do mundo exterior,
contentando-se, para a consumação, com a prática da conduta típica”.
Logicamente, o crime se consuma, portanto, no momento da ação.
2.1.3 Crime de mera conduta
Trata-se de um delito sem resultado naturalístico, descrevendo a lei
apenas uma conduta, consumando-se o crime no momento da prática
da ação. Como exemplo citemos a violação de domicílio, art. 150 do
Código Penal. Com efeito a consumação da violação de domicílio se dá
no próprio momento da prática delitiva, não importando as ações
subsequentes.
2.1.4 Crime permanente
Ainda nas palavras de Cunha (2015, p. 337) “nos crimes permanentes
a consumação se protrai[1] no tempo, prolongando-se até que o agente
cesse a conduta delituosa”. Exemplo de tal crime é o sequestro ou
cárcere privado, art. 148 do Código Penal.
2.1.5 Crime habitual
Para a consumação desta espécie criminal requer-se a reiteração da
conduta típica. Ou seja, para enquadrar-se no tipo crime habitual a
prática do mesmo deve ser constante e repetitiva.
2.1.6 Crime qualificado pela resultado
Nesta espécie, a consumação dá-se com a produção do resultado que
agrava especialmente a pena (CUNHA, 2015, p. 337). Exemplo: lesão
corporal seguida de morte, art. 129 §3º, Código Penal.
2.1.7 Crime omissivo próprio
Consuma-se no momento que o agente se abstem de realizar a
conduta devida que lhe era imposta pelo tipo mandamental (CUNHA,
2015, p. 337). Como exemplo citamos a omissão de socorro, art. 135
do Código Penal.
2.1.8 Crime omissivo impróprio
Tem a sua consumação, conforme expressa Cunha (2015), com a
produção do resultado naturalístico. Exemplo desta espécie criminal é o
crime do garantidor, art. 13, §2º do Código Penal.
2.2 Crime tentado
Nucci, em seu Manual de Direito Penal (2017), assim conceitua crime
tentado: “É a realização incompleta da conduta típica, que não é punida
como crime autônomo”. Ainda conforme o autor citado, “o Código Penal
não faz previsão, para cada delito, da figura da tentativa, embora a
grande maioria comporte a figura tentada” (NUCCI, 2017, p. 287).
2.2.1 Natureza jurídica da tentativa
Nucci (2017) descreve a natureza jurídica da tentativa como uma
“ampliação da tipicidade proibida, em razão de uma fórmula geral
ampliatória dos tipos dolosos, para abranger a parte da conduta
imediatamente anterior à consumação” (Eugênio Raúl Zaffaroni e José
Henrique Pierangeli, Da tentativa, p. 27 apud Nucci, 2017, p. 288).
Observamos, então, que a tentativa constitui uma ampliação temporal
da figura típica e para que tal ato executório, anterior à consumação,
seja punível é preciso que a figura típica se estenda para o alcançar.
Conforme Jesus (2011, p. 375):
A sua punibilidade se estabelece em face do disposto no art. 14, II, do
CP, que tem eficácia extensiva, uma vez que por força dele é que se
amplia a proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos
que o agente não realiza de forma completa, pois apenas pratica atos
dirigidos à realização perfeita do tipo.
Nota-se, portanto, o que Jesus (2011) chama de “adequação indireta
em face da incidência de duas normas”. Ou seja, a primeira norma,
contida na parte geral do codex permite a ampliação temporal do tipo
incriminador, estendendo-se à preparação do crime e, em junção com
uma segunda norma incriminadora da parte especial, cria novos
mandamentos proibitivos.
2.2.2 Teorias fundamentadoras da punição da tentativa
Nucci (2017) elenca quatro teorias que servem de fundamentação para
a punição da tentativa.
2.2.2.1 Teoria Subjetiva
Segundo tal teoria, deve-se, para a punição da tentativa, levar em conta
a vontade criminosa, “desde que nítida, podendo ela estar presente e
identificada tanto na preparação quanto na execução” (NUCCI, 2017, p.
289). De acordo com tal teoria, como o objetivo é punir quem manifesta
vontade contrária ao Direito, nem sempre deve a pena ser atenuada
pelo juiz.
2.2.2.2 Teoria Objetiva
De acordo com tal teoria “o objetivo da punição da tentativa volta-se ao
perigo efetivo que o bem jurídico corre, o que somente se configura
quando os atos executórios, de caráter unívoco, têm início, com
idoneidade, para atingi-lo”. (NUCCI, 2017, p. 289). Tal teoria é adotada
pelo art. 14, II, do Código Penal brasileiro.
2.2.2.3 Teoria Subjetivo-objetiva
Aqui a punição fundamenta-se pela junção da avaliação da vontade
criminosa com o efetivo risco ao bem jurídico tutelado. Tendo em vista
que é levado em conta a vontade criminosa e o efetivo risco dessa a
um bem jurídico, é faculdade do juiz reduzir ou não a pena.
2.2.2.4 Teoria Sintomática
Segundo Nucci (2017), tal teoria é originária da Escola Positiva,
entendo-se que o fundamento da punição da tentativa concentra-se na
verificação do nível de periculosidade do agente.
2.2.3 Dolo e culpa na tentativa
Das características da tentativa já expostas anteriormente pode-se
deduzir que, tendo em vista que há dois elementos que constituem a
tentativa, qual seja, a) início da execução; e b) não consumação do
crime por circunstâncias alheias à vontade do agente; não há tentativa
de crime culposo, pois em se tratando de crime culposo o agente não
persegue nenhum resultado.
“Quanto ao dolo, no crime tentado, é exatamente o mesmo do delito
consumado. Afinal, o que o agente almeja é atingir a consumação”
(NUCCI, 2017, p. 290). Vimos que a consumação do crime não se dá
por motivos alheios à vontade do praticante, fazendo-se presente o
dolo desde o início da execução que, por forças externas, fora
interrompida.
2.2.4 Tentativa e dolo eventual
De acordo com Nucci (2017, p. 294) “é perfeitamente admissível a
coexistência da tentativa com o dolo eventual, embora seja de difícil
comprovação no caso concreto. Citando Nélson Hungria, afirma Nucci:
Se o agente aquiesce no advento do resultado específico do crime,
previsto como possível, é claro que este entra na órbita de sua volição:
logo, se, por circunstâncias fortuitas, tal resultado não ocorre, é
inegável que o agente deve responder por tentativa. A dificuldade de
prova não pode influir na conceituação da tentativa.
(HUNGRIA, Comentários ao Código Penal, v. I, t. II, p. 90 apud NUCCI,
2017, p. 294)
Vale ressantar, no entanto, que o posicionamento doutrinário acerca da
relação entre dolo eventual e tentativa é conflitante, existindo inúmeros
doutrinadores que discordam da possibilidade de existência da tentativa
em crimes de dolo eventual. Como exemplo, citamos o magistério de
Maia Gonçalves que Nucci traz em seu curso de Direito Penal.
Em contrário, colha-se o magistério de Maia Gonçalves, comentando
que não há tentativa no contexto do dolo eventual, porque o art. 22 do
Código Penal português expressamente se refere à prática de atos de
execução de um crime que decidiu cometer, logo, não pode o agente
ter assumido o risco (Código Penal anotado, p. 131). Admite, no
entanto, que o STJ portugês aceite a tentativa em caso de dolo
eventual, pois nessa forma de dolo também
existe representação e vontade, embora “enfraquecidas ou
degradadas”. (NUCCI, 2017, p. 294) (destacamentos do autor).
2.2.5 Espécies de Tentativa
Segundo Cunha (2015) o instituto Tentativa se subdivide em espécies,
de acordo com o iter criminis percorrido e conforme o resultado
produzido na vítima.
2.2.5.1 Quanto ao inter criminis percorrido
a) Tentativa imperfeita: quando o agente é impedido de prosseguir
no seu intento, deixando de praticar os atos executórios à sua
disposição (cf. CUNHA, 2015, p. 340).
b) Tentativa perfeita: o agente, mesmo tendo praticado todos os atos
executórios disponíveis, não logra a consumação do crime por
circunstâncias alheias à sua vontade.
2.2.5.2 Quanto ao resultado produzido na vítima
a) Tentativa branca ou incruenta: o golpe desferido não atinge a
vítima, consequentemente não gerando lesão à mesma.
b) Tentativa vermelha ou cruenta: a vítima sofre lesão por haver sido
efetivamente atingida.
2.2.5.3 Quanto à possibilidade de alcançar o resultado
a) Tentativa idônea: o resultado era possível, só não o foi por
motivos alheios à vontade do agente.
b) Tentativa inidônea: o crime mostra-se impossível de ser
consumado, seja por ineficácio do meio empregado pelo agente, ou,
por impropriedade do objeto material.
2.2.6 Crimes que não admitem a tentativa
Nucci (2017) elenca uma série de crimes nos quais não é possível a
ocorrência da tentativa, os quais aqui citamos:
a) delitos culposos: pois o resultado é sempre involuntário.
b) Crimes preterdolosos: pois há a necessidade de um resultado
mais grave para a constituição de tal tipo.
c) Crimes unissubsistentes: pois são constituídos por ato único.
d) Crimes omissivos próprios: pois, segundo Nucci (2017), o não
fazer, descrito no tipo, não admite fracionamento.
e) Delitos habituais próprios: são aqueles que se configuram por
uma conduta reiterada. Não admite a tentativa pois os atos isolados
são penalmente irrelevantes.
f) Contravenções penais: a Lei de Contravenções Penais afirma não
ser punível a tentativa (art. 4º).
g) Delitos Condicionados: pois, para sua concretização, são
submetidos à superveniência de uma condição.
h) Crimes de atentado: em tais tentativas a punição é autônoma ou
igual à do crime consumado.
i) Crimes permanentes na forma omissiva: pois não há iter
criminis possível de diferenciar a preparação da execução.
j) Crimes que punem somente os atos preparatórios de outros: pois
dizem respeito à preparação de um crime, tornando-se ilógico punir a
tentativa de preparação de um crime.
3 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
3.1 Conceito
Cunha (2015, p. 343) conceitua a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz como “espécies de tentativa abandonada ou
qualificada”. Assim preceitua o art. 15 do Código Penal, in verbis: “O
agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos
praticados”.
A desistência voluntária, trata-se, portanto, da desistência no
prosseguimento dos atos executórios, de modo voluntário,
respondendo o agente somente pelo qua já praticou. Mesmo que o
agente desista de prosseguir na execução por achar o momento
inapropriado, pretendendo continuar posteriormente, deve ser
beneficiado pela excludente de culpabilidade. Conforme Nucci (2017)
esse é o pensamento majoritário.
Já o arrependimento eficaz consiste na desistência ocorrida entre o
término dos atos executórios e a consumação. O agente, nesse caso,
já fizera o que podia para atingir o resultado pretendido, mas, resolve
intervir para evitar a concretização do mesmo. É importante salientar
também que, no dispositivo legal, art. 15 do Código Penal, exigi-se que
o arrependimento seja necessariamente eficaz, ou seja, capaz de
impedir o resultado. Portanto, mesmo que haja se arrependido, o
agente que não consegue evitar a consumação do crime não será
beneficiado pelo previsto no artigo 15 do referido codex.
3.2 Natureza jurídica da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz
A desistência voluntária e o arrependimento constituem-se, para Jesus
(2017), em causa de exclusão da adequação típica. Citando Nélson
Hungria, Jesus (2011) assim especifica a natureza jurídica de tais
institutos:
Para Nélson Hungria, “trata-se de causas de extinção de punibilidade
(embora não catalogadas no art. 107), ou seja, circunstâncias que,
sobrevindo à tentativa de um crime, anulam a punibilidade do fato a
esse título. Há uma renúncia do Estado ao jus puniendi (no tocante à
entidade ‘crime tentado’), inspirada por motivos de oportunidade” (Ob.
cit., 1977, v. 1, t. 2, p. 93. apud JESUS, 2011, p. 382).
Portanto, quando o crime não atinge sua consumação por força da
vontade do agente, não incide sobre ele a norma de extensão,
explicada no subtópico 1.2.1 Natureza jurídica da tentativa do presente
artigo, pois os atos praticados pelo agente não são típicos em face do
delito que pretendia praticar.
No entanto, é valiosa a contribuição de Nucci (2017) sobre a natureza
jurídica da desistência da tentativa. Com efeito, o referido autor elenca
as três correntes doutrinárias existentes que debatem acerca da
natureza jurídica da desistência e do arrependimento.
a) Causa de exclusão da tipicidade: como já fora visto no presente
artigo, o tipo penal da tentativa é formado pela utilização do art. 14, II,
do Código Penal, o qual prevê o início da execução e a não
consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Daí por
que, segundo os doutrinadores que defendem tal teoria, “se a
desistência for voluntária, não há que se falar em causa alheia à
vontade, afastando-se a tipicidade” (NUCCI, 2017, p. 305).
b) Causa de exclusão da culpabilidade: segundo os representantes
dessa teoria (Roxin e Welzel) “tendo em vista que o agente desistiu de
prosseguir no crime idealizado, não deve mais sofrer juízo de
reprovação social, resultando no afastamento da sua culpabilidade”
(NUCCI, 2017, p. 305).
c) Causa pessoal de exclusão da punibilidade: segundo a presente
teoria afasta-se a punibilidade do que abandona a tentativa, mas não a
tipicidade ou a culpabilidade. Segundo tal corrente, não se pode
suprimir retroativamente a tipicidade.
Exemplificam Zaffaroni e Pierangeli: “A principal objeção que se pode
formular contra o argumento daqueles que pretendem ver na
desistência um atipicidade, seja objetiva, seja subjetiva, encontra-se na
impossibilidade de ter a desistência a virtualidade e tornar atípica uma
conduta que antes era típica. Se o começo de execução é objetiva e
subjetivamente típico, não se compreende como um ato posterior possa
eliminar o que já se apresentou como proibido, situação que muito se
assemelha à do consentimento subsequente. (Da tentativa, p.
87 apud NUCCI, 2017, p. 306).
Defende Nucci essa última corrente como a mais adequada.
3.3 Distinção entre voluntariedade e espontaneidade
De acordo com Nucci, no contexto do Código Penal, há diferença entre
voluntário e espontâneo. “Agir voluntariamente significa
atuar livremente, sem qualquer coação. Agir espontaneamente quer
dizer uma vontade sincera, fruto do mais íntimo desejo do agente”
(NUCCI, 2017, p. 306).
No caso da desistência e do arrependimento eficaz, exige-se apenas a
voluntariedade, mas não a espontaneidade. “Se o agente deixar de
prosseguir na trajetória criminosa porque se arrependeu do que vinha
fazendo, terá agido de modo voluntário e espontâneo, embora não seja
necessário este último requisito para configurar a excludente” (NUCCI,
2017, p. 306).
4 CONCLUSÃO
Com a confecção do presente trabalho ficou claro que falar sobre tal
tema é algo complexo devido a grande quantidade de material
disponível. São diversos os autores que falam do mesmo, no entanto,
buscou-se neste trabalho encontrar a unidade existente entre os
doutrinadores acerca do tema de pesquisa proposto.
É importante salientar também que o presente trabalho é um mero
compêndio sobre a questão do crime consumado e tentado, da
desistência e do arrependimento. Não se buscou apresentar nada de
novo, somente compilar, depois de pesquisa bibliográfica, o que foi
possível captar sobre as características, natureza jurídica e
consequências do crime consumado e tentado, da desistência e do
arrependimento.
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 3. ed.
Salvador: Juspodivm, 2015. 547 p.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 19. ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2017. 983 p.
JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011. 802 p.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 14. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. 1257 p.
NOTA:
[1] Protair significa prolongar-se no tempo.
A Conduta Punível
1. Conceito de Ação
Ação é o comportamento humano voluntário conscientemente
dirigido a um fim. A ação compõe-se de um comportamento
exterior, de conteúdo psicológico, que é a vontade dirigida a um
fim, da representação ou antecipação mental do resultado
pretendido, da escolha dos meios e a consideração dos efeitos
concomitantes ou necessários e o movimento corporal dirigido ao
fim proposto.
2. Teorias da Ação
2.1. Teoria causal-naturalista da ação
Aqui o conceito de ação é movimento corporal voluntário que
causa modificação no mundo exterior. A manifestação de
vontade, o resultado e a relação de causalidade são os três
elementos do conceito de ação. Abstrai-se, no entanto, desse
conceito o conteúdo da vontade, que é deslocado para a
culpabilidade. Todos os efeitos do querer do sujeito que atua são
partes integrantes da ação.
2.2. Teoria final da ação
A “finalidade” ou o caráter final da ação baseia-se em que o
homem, graças a seu saber causal, pode prever, dentro de certos
limites, as conseqüências possíveis de sua conduta. Em razão de
seu saber causal prévio pode dirigir os diferentes atos de sua
atividade de tal forma que oriente o acontecer causal exterior a
um fim e assim o determine finalmente. É uma atividade dirigida
conscientemente em função do fim, enquanto o acontecer causal
não está dirigido em função do fim. Sem a vontade a ação ficaria
destruída em sua estrutura.
A direção final de uma ação realiza-se em duas fases:
1ª) subjetiva (ocorre na esfera intelectiva): a) antecipação do fim
que o agente quer realizar (objetivo pretendido); b) seleção dos
meios adequados para a consecução do fim (meio de execução);
c) consideração dos efeitos concomitantes relacionados à
utilização dos meios e o propósito a ser alcançado (conseqüências
da relação meio/fim);
2ª) objetiva (ocorre no mundo real): execução da ação real,
material, efetiva, dominada pela determinação do fim e dos
meios na esfera do pensamento. O agente põe em movimento,
segundo um plano, o processo causa, dominado pela finalidade,
procurando alcançar o objetivo proposta. Se, por qualquer razão,
não se consegue o domínio final ou não se produz o resultado, a
ação será apenas tentada.
A crítica mais contundente sofrida pela teoria finalista refere-se
aos crimes culposos, cujo resultado se produz de forma
puramente causal, não sendo abrangido pela vontade do autor.
Com efeito, nos crimes culposos, na verdade, decisivos são os
meios utilizados ou a forma de sua utilização, ainda que a
finalidade pretendida seja em si mesma irrelevante para o Direito
Penal. Não são irrelevantes, porém, ao Direito, os meios
escolhidos ou a forma de sua utilização.
2.3. Teoria social da ação
A teoria social da ação surgiu como uma via intermediária, por
considerar que a direção da ação não se esgota na causalidade e
na determinação individual, devendo ser questionada a direção
da ação de forma objetivamente genérica.
4. Os sujeitos da ação
4.1. Os sujeitos ativo e passivo da ação
a) Sujeito ativo
Por ser o crime uma ação humana, somente o ser vivo, nascido de
mulher, pode ser autor de crime. A conduta é produto exclusivo
do Homem. A capacidade de ação, e de culpabilidade, exige a
presença de uma vontade, entendida como faculdade psíquica da
pessoa individual, que somente o ser humano pode ter.
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito como crime na norma
penal incriminadora. É preciso executar total ou parcialmente a
figura descritiva de um crime.
Normalmente, a lei penal, ao tipificar as condutas proibidas, não
se refere ao sujeito ativo do crime. Esses crimes são chamados de
crimes comuns, isto é, podem ser praticados por qualquer
pessoa. Algumas vezes, no entanto, os tipos penais requerem
determinada condição ou qualidade do sujeito ativo. Estes são os
chamados crimes especiais ou próprios.
b) Sujeito passivo
Sujeitos passivo é o titular do bem jurídico atingido pela conduta
criminosa. Sujeito passivo do crime pode ser: o ser humano; o
Estado; a coletividade; e, inclusive, a pessoa jurídica.
3. Modalidades de culpa
a) Imprudência
É a prática de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter
comissivo. É a imprevisão ativa. Conduta imprudente é aquele
que se caracteriza pela intempestividade, precipitação, insensatez
ou imoderação do agente. Há visível falta de atenção.
Uma característica especial da imprudência é a concomitância da
culpa e da ação. Enquanto o agente pratica a ação, vai se
desenvolvendo ao mesmo tempo a imprudência.
O agente sabe que está sendo imprudente, tem a consciência de
que está agindo arriscadamente, mas, por acreditar,
convictamente, que não produzirá o resultado, avalia mal, e age,
e o resultado não querido se concretiza.
b) Negligência
É a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do
agente, que, podendo adotar as cautelas necessárias, não o faz. É
a imprevisão passiva, o desleixo, a inação. A negligência precede
a ação, pois significa a abstenção de uma cautela que deveria ser
adotada antes do agir descuidado.
c) Imperícia
É a falta de capacidade, de aptidão, despreparo ou insuficiência
de conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão ou
ofício.
4. Espécies de culpa
4.1. Culpa consciente
Quando o agente age, deixando de observar a diligência a que
estava obrigado, prevê um resultado, previsível. O agente não
quer o resultado nem assume deliberadamente o risco de
produzi-lo. A despeito de sabê-lo possível, acredita piamente que
pode evitá-lo.
4.2. Culpa inconsciente
A ação sem previsão do resultado previsível. A imprevisibilidade
desloca o resultado para o caso fortuito ou força maior. Na culpa
inconsciente, no entanto, apesar da presença da previsibilidade,
não há a previsão por descuido, desatenção ou simples
desinteresse. A culpa inconsciente caracteriza-se pela ausência
absoluta de nexo psicológico entre o autor e o resultado de sua
ação, ante a inexistência da previsibilidade subjetiva.
4.3. Culpa imprópria
Conduta imprópria que prevê e quer o resultado produzido, sob
pena de se violentar os conceitos dogmáticos da teoria do delito.
Existe uma conduta dolosa objetivando a produção de
determinado resultado típico, embora a motivação esteja calcada
em erro.
Só pode decorrer de erro culposo sobre a legitimidade da ação
realizada.
6. Concorrência e compensação de
culpas
Há concorrência de culpas quando dois indivíduos, um
ignorando a participação do outro, concorrem, culposamente,
para a produção de um fato definido como crime. Havendo
concorrência de culpas os agentes respondem, isoladamente,
pelo resultado produzido.
Não se admite compensação de culpa em Direito Penal, ou seja,
eventual culpa da vítima não exclui a do agente; elas não se
compensam. Somente a culpa exclusiva da vítima exclui a do
agente.
7. Crime preterdoloso
Crime cujo resultado vai da intenção do agente, isto é, a ação
voluntária inicia dolosamente e termina culposamente, porque, a
final, o resultado efetivamente produzido estava fora da
abrangência do dolo. Há dolo no antecedente e culpa no
conseqüente.
Crime Consumado e Crime Tentado
1. Crime consumado
Consuma-se o crime quanto o tipo está inteiramente realizado,
ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo abstrato da
lei penal; quando o agente realiza todos os elementos que
compõem a descrição do tipo legal.
Não se confunde a consumação com o crime exaurido, pois neste,
após a consumação, outros resultados lesivos ocorrem.
Nos crimes materiais a consumação ocorre com o evento ou
resultado.
Nos crimes culposos, só há consumação com o resultado
naturalístico. Se houver inobservância do dever objetivo de
cuidado, mas o evento não se realizar, não haverá crime.
Nos crimes formais e de mera conduta a consumação ocorre com
a própria ação, já que não se exige resultado naturalístico.
Nos crimes habituais a consumação somente existirá quando
houver a reiteração de atos, com habitualidade, já que cada um
deles, isoladamente, constitui um indiferente penal.
Nos crimes permanentes, a consumação se protrai no tempo.
Nos crimes omissivos, a consumação ocorre no local e no
momento em que o sujeito ativo deveria agir e não o fez.
Tratando de crime omissivo próprio a consumação ocorre com o
resultado lesivo e não com a simples inatividade do agente, como
nos delitos omissivos puros.
2. Tentativa
A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo
descrito na lei. Na tentativa há prática de ato de execução, mas o
sujeito não chega à consumação por circunstâncias
independentes de sua vontade.
Na tentativa, o movimento criminoso para em uma das fases de
execução, impedido o agente de prosseguir no seu desiderato por
circunstâncias estranhas ao seu querer.
3. Inter criminis
Itinerário percorrido pelo crime, desde o momento da concepção
até aquele em que ocorre a consumação.
O primeiro momento é a chamada de obligatio. É na mente do
ser humano que se inicia o movimento criminoso. É a elaboração
mental da resolução criminosa que começa a ganhar forma,
debatendo-se entre os motivos favoráveis e desfavoráveis. Estes
atos não são puníveis.
O passo seguinte é a preparação da ação delituosa que constitui
os chamados atos preparatórios, os quais são externos ao agente,
que passa da cogitação à ação objetiva; arma-se dos instrumentos
necessários para à prática da infração penal, procura o local mais
adequado ou a hora mais favorável para a realização do crime
etc.
De regra, não são puníveis. No entanto, algumas vezes, o
legislador transforma esse atos, que seriam meramente
“preparatórios”, em tipos penais especiais, fugindo à regra geral.
Dos atos preparatórios passa-se, naturalmente, aos atos
executórios. São estes, aqueles que se dirigem diretamente à
prática do crime, isto é, à realização concreta dos elementos
constitutivos do tipo penal.
E, finalmente, o momento culminante da conduta delituosa
verifica-se quando atinge a consumação, que, como já se disse,
ocorre quando, “se reúnem todos os elementos de sua definição
legal”.
4. Distinção entre atos preparatórios e atos executórios
O critério material vê o elemento diferencial no ataque direto ao
objeto da proteção jurídica, ou seja, no momento em que o bem
juridicamente protegido é posto realmente em perigo pelo atuar
do agente. O ato que não constitui ameaça ou ataque direto ao
objeto da proteção legal é simples atos preparatório.
No critério formal, o começo da execução é marcado pelo início
da realização do tipo, ou seja, quando se inicia a realização da
conduta núcleo do tipo.
Inclui na tentativa as ações que, por sua vinculação necessária
com a ação típica, aparecem, como parte integrante dela,
segundo uma concepção natural.
5. Elementos da tentativa
a) Início da execução
Exige a existência de uma ação que penetre na fase executória do
crime. Uma atividade que se dirija no sentido de realização de
um tipo penal.
A tentativa só é punível a partir do momento em que a ação
penetra na fase de execução.
b) Não consumação do crime por circunstância independentes
da vontade do agente
c) Dolo em relação ao crime total
O agente deve agir dolosamente, isto é, deve querer a ação e o
resultado final que concretize o crime perfeito e acabado. É
necessário que o agente tenha intenção de produzir um resultado
mais grave do que aquele a que vem efetivamente conseguir.
O dolo é sempre de fazer, de realizar, de concluir uma ação
determinada; não há dolo de tentar fazer algo. O dolo da
tentativa é o mesmo do crime consumado. Quem mata age com o
mesmo dolo de quem tenta matar.
6. Espécies e formas de tentativas
a) Tentativa imperfeita
Quando o agente não consegue praticar todos os atos executórios
necessários à consumação, por interferência externa. O agente
não exaure toda a sua potencialidade lesiva.
b) Tentativa perfeita
Quando o agente realiza todo o necessário para obter o resultado
desejado, mas mesmo assim não o atinge. A execução se conclui,
mas o crime não se consuma por mero acidente.
7. Punibilidade da tentativa
A teoria subjetiva fundamenta a punibilidade da tentativa na
vontade do autor contrária ao Direito. Para essa teoria o
elemento moral, a vontade do agente é decisiva, porque esta é
completa, perfeita. Imperfeito é o delito sob o aspecto objetivo,
que não chega a consumar-se. Por isso, segundo essa teoria, a
pena da tentativa deve ser a mesma do crime consumado.
Na teoria objetiva, a punibilidade da tentativa fundamenta-se no
perigo a que é exposto o bom jurídico, e a repressão se justifica
uma vez iniciada a execução do crime. Como a lesão é menor na
tentativa ou não ocorre qualquer resultado lesivo ou perigo de
dano, o fato cometido pelo agente deve ser punido menos
severamente.
8. Infrações que não admitem tentativa
Os crimes culposos, pois não têm existência real sem o resultado,
que, por definição, integra a estrutura do próprio tipo penal.
Os crimes preterdolos, pois como a tentativa fica aquém do
resultado desejado, conclui-se ser ela impossível nos delitos
preterintencionais.
O crime omissivo próprio, pois não exige um resultado
naturalístico produzido pela omissão. Esses crimes
consumam0se com a simples omissão.
Os crimes unissubsistentes, pois diante da impossibilidade de
fracionamento dos atos de execução.
O crime habitual, pois o que caracteriza é a prática reiterada de
certos atos que, isoladamente, constituem um indiferente penal.
Conclusão: ou há reiteração e o crime consumou-se ou não há
reiteração e não se pode falar em crime.
9. Desistência voluntária
É impunível devido ao interesse do Estado em estimular a não
consumação do crime. É a possibilidade de retornar da esfera da
ilicitude em que penetrara para o mundo lícito.
Embora o agente tenha iniciado a execução do crime, não a leva
adiante; mesmo podendo prosseguir, desiste da realização típica.
Não é necessário que a desistência seja espontânea, basta que
seja voluntária.
“posso mas não quero”
10. Arrependimento eficaz
O agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha,
arrepende-se e evita que o resultado aconteça. Isto é, pratica
nova atividade para evitar que o resultado ocorra. Aqui, também,
não é necessário que seja espontâneo, basta que seja voluntário.
O êxito da atividade impeditiva do resultado é indispensável,
caso contrário, o arrependimento não será eficaz. Se o agente não
conseguir impedir o resultado, por mais que se tenha
arrependido, responderá pelo crime consumado. Poderá,
eventualmente, beneficiar-se de uma atenuante genérica, pelo
arrependimento.
→ Tanto na desistência voluntária como no arrependimento
eficaz, o agente responderá pelos atos já praticados que, de per si,
constituírem crimes.
11. Crime impossível ou tentativa inidônea
O agente jamais conseguiria consumar o crime.
a) Por ineficácia absoluta do meio empregado: o meio, por sua
natureza, é inadequado, inidôneo, absolutamente ineficaz para
produzir o resultado pretendido pelo agente. No entanto, é
indispensável que o meio seja inteiramente ineficaz. Se a
ineficácia do meio for relativa, haverá tentativa punível.
b) Por absoluta impropriedade do objeto: quando o objeto é
absolutamente impróprio para a realização do crime visado. Aqui
também a inidoneidade tem de ser absoluta.
12. Punibilidade do crime impossível
a) Teoria subjetiva: realmente decisivo é a intenção do agente. A
inidoneidade deve ser apreciada segundo a avaliação do agente
no momento da ação. Assim, o autor de um crime impossível
deve sofrer a mesma pena da tentativa.
b) Teoria objetiva: não há tentativa e o agente não deve ser
punido. O que justifica a punibilidade da tentativa é o perigo
objetivo que ela representa para o bem jurídico.
c) Teoria sintomática: busca examinar se a realização da conduta
do agente é a revelação de sua periculosidade. Se esta revelar
indícios da presença de periculosidade no agente, deverá ser
punida.
13. Crime putativo
O crime putativo só existe na imaginação do agente. Este supõe,
erroneamente, que está praticando uma conduta típica, quando
na verdade o fato não constitui crime. Há no crime putativo um
erro de proibição às avessas (o agente imagina proibida uma
conduta permitida).