O documento discute a anamnese, que é uma entrevista médica com o paciente para obter informações sobre sua história médica e sintomas atuais. A anamnese pode ser conduzida de três formas e tem como objetivos estabelecer uma boa relação médico-paciente e obter detalhes sobre a história atual da doença, sintomas, hábitos de vida e condições socioeconômicas do paciente. O documento fornece recomendações sobre como conduzir uma boa anamnese.
O documento discute a anamnese, que é uma entrevista médica com o paciente para obter informações sobre sua história médica e sintomas atuais. A anamnese pode ser conduzida de três formas e tem como objetivos estabelecer uma boa relação médico-paciente e obter detalhes sobre a história atual da doença, sintomas, hábitos de vida e condições socioeconômicas do paciente. O documento fornece recomendações sobre como conduzir uma boa anamnese.
O documento discute a anamnese, que é uma entrevista médica com o paciente para obter informações sobre sua história médica e sintomas atuais. A anamnese pode ser conduzida de três formas e tem como objetivos estabelecer uma boa relação médico-paciente e obter detalhes sobre a história atual da doença, sintomas, hábitos de vida e condições socioeconômicas do paciente. O documento fornece recomendações sobre como conduzir uma boa anamnese.
Anamnese significa trazer de volta a mente todos os fatos relacionados a doença e a
pessoa doente, sendo ela o núcleo da relação médico paciente. Em essência a anamnese é uma entrevista, ou seja, conversar com o paciente sobre os fatos que causam tal anormalidade na vida do paciente, de forma que se enquadra como uma triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e preocupações, registrando a maneira como a pessoa responde a essas situações. A anamnese pode ser conduzida de três formas: 1ª: deixando o paciente relatar tudo por livre e espontaneamente suas queixas, sem nenhuma interferência do médico; 2ª: é a anamnese dirigida, onde o médico tem na mente um esquema básico e a partir dele conduz a entrevista de modo objetivo; 3ª: essa forma deixa o paciente relatar primeiramente suas queixas livremente, para que então, depois, o médico possa entrevistar o paciente de forma objetiva. A anamnese é o resultado de uma conversação com um objetivo explícito, conduzido pelo examinador e cujo conteúdo foi elaborado criticamente por ele, aí reside a diferença entre uma história feita por um iniciante e a obtida por um médico competente e experiente. Os objetivos dessa entrevista são: 1) estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente; 2) conhecer, através da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam seu processo saúde-doença; 3) fazer a história clinica registrando detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do paciente; 4) avaliar de forma detalhada, os sintomas de cada sistema corporal; 5) registrar e desenvolver práticas de promoção à saúde; 6) avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares ambientais que influenciam no seu processo de saúde-doença; e 7) conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como as suas condições socioeconômico-culturais. No processo de anamnese há três erros que são cruciais: 1) ter pressa; 2) ter espírito pré concebido, ou seja, quando o examinador tem tendência inexistente no paciente por uma determinada enfermidade; 3) falta de conhecimento sobre os sintomas da doença. RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: 1) É no primeiro contato que reside a melhor oportunidade para fundamentar uma boa relação entre médico e paciente. Perdida essa oportunidade, sempre existirá um hiato intransponível entre um e outro; comprimente o paciente logo pergunta-lhe o nome e dizendo o seu. Não use termos como vovô, vovó, vozinho, vozinha, para idosos. Demonstre que você está atento ao que o paciente está falando. Procure de pronto identificar alguma condição especial – sono, dor, ansiedade, irritação, tristeza – para que você saiba a maneira como conduzirá a entrevista; 2) Conhecer e compreender as condições culturais do paciente representa uma ajuda inestimável para reconhecer a doença e compreender o paciente; 3) perspicácia e tato são qualidades indispensáveis para a obtenção de dados sobre doenças estigmatizantes ou distúrbios que afetam a intimidade da pessoa; 4) Ter sempre o cuidado de não sugestionar o paciente com perguntas que nascem de espírito pré concebido; 5) O tempo reservado para anamnese distingue o médico competente do incompetente; o ultimo tende a transferir para instrumentos e para o laboratório a responsabilidade do diagnóstico; 6) Sintomas bem investigados e mais bem compreendidos abrem caminho para um exame físico objetivo. Isso poderia ser anunciado de uma outra maneira: só se acha o que se procura, e só se procura o que se conhece; 7) A causa mais frequente de erro de diagnóstico é uma história clínica mal colhida; 8) Obtidas as queixas, estas devem ser elaboradas mentalmente pelo médico, de modo a encontrar o desenrolar lógico dos acontecimentos; 9) Os dados fornecidos pelos exames complementares nunca corrigem as falhas e as omissões de uma anamnese; 10) Somente a anamnese permite ao médico uma visão de conjunto do paciente, indispensável para a prática de uma medicina humanista. SEMIOTÉCNICA DA ANAMNESE: A anamnese se inicia com perguntas do tipo: “o que o(a) senhor(a) está sentindo?” “qual é o seu problema”. O médico deve estar imbuído da vontade de ajudar o paciente a relatar os seus padecimentos, para conseguir isso, Bates sugere as seguintes técnicas: APOIO: despertar segurança, dizendo: “eu compreendo”, encorajando o paciente a seguir com o relato; REFLEXÃO: repetição das palavras que o médico considerar as mais significativas durante o relato do paciente; ESCLARECIMENTO: definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando; CONFRONTAÇÃO: consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento; INTERPRETAÇÃO: o médico faz uma observação a partir do que vai mostrando do relato ou comportamento do paciente; RESPOSTA EMPÁTICA: a intervenção do médico mostrando empatia, ou seja, compreensão e aceitando algo sobre o relato do paciente (palavras, gestos ou atitudes); SILÊNCIO: é o mais recomendado quando o paciente se emocionar ou chorar. ELEMENTOS COMPONENTES DE UMA ANAMNESE: IDENTIFICAÇÃO QUEIXA PRINCIPAL HISTÓRICO DA DOENÇA ATUAL (HDA) INTERROGATÓRIO SINTOMALÓGICO (IS) ANTESCEDENTES PESSOAS OU FAMILIARES HÁBITOS DE VIDA CONDIÇÕES SOCIOECONOMICAS E CULTURAIS. IDENTIFICAÇÃO: É o ponto de inicio da relação médico-paciente, por isso, é a parte que colhe os dados de identificação, o interesse clínico e o ponto de vista pericial, sanitário, e médico trabalhista. São obrigatórios os seguintes elementos: NOME: principal dado da identificação; IDADE: cada grupo etário tem sua própria doença; SEXO/GÊNERO: levando em consideração as diferenças fisiológicas, há doenças que só ocorrem em determinado sexo e ainda que exista um processo de adoecimento diferenciado na mesma doença para homens e mulheres; COR/ETNIA: registro de cor de pele através da seguinte nomenclatura: cor branca, cor parda, e cor negra; (doenças podem ser mais incidentes em determinadas etnias); ESTADO CIVIL: aspectos médico- trabalhistas e periciais podem estar envolvidos, e o conhecimento civil passa a ser um dado valioso; PROFISSÃO/LOCAL DE TRABALHO: pode haver relação direta entre o trabalho do individuo com a doença que o comete (pedir as profissões e locais de trabalho antigos e atuais), afinal o local de trabalho e a profissão podem envolver fatores que agravam uma afecção preexistente; NATURALIDADE: local onde nasceu; PROCEDÊNCIA: residência anterior do paciente, ou local em que o paciente esteve pouco antes do atual; RESIDÊNCIA: onde o paciente mora atualmente, incluir o endereço (distribuição geográfica de diferentes endemias); NOME DA MÃE: diferenciar pacientes homônimos; NOME DO RESPONSÁVEL/CUIDADOR: importante para firmar a relação de corresponsabilidade ética no processo do tratamento; RELIGIÃO: algumas proibições relevantes no planejamento terapêutico; FILIAÇÃO A ORGÃOS/INSTITUIÇÕES PREVIDENCIARIAS/PLANOS DE SAUDE: facilita o encaminhamento para exames complementares, outros especialistas ou até mesmo para outros hospitais. QUEIXA PRINCIPAL: em poucas palavras, é o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo, na anamnese, se possível, as mesmas expressões utilizadas pelo paciente. Geralmente um sinal ou sintoma, suscitado nas próprias palavras da pessoa que descreva o motivo da consulta. Assim, esclarecer os sintomas que se apresentam como “rótulos diagnósticos”, e perguntas ao paciente o que mais o incomoda no momento. (Qual o motivo da consulta; por que o(a) senhor(a) me procurou?; o que o(a) senhor(a) está sentindo?; o que o(a) está incomodando?) HISTÓRICO DA DOENÇA ATUAL (HDA): é o registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente s buscar assistência médica, desde seu início até a data atual. Algumas normas fundamentais para obter uma HDA: 1) permita o paciente falar de sua doença; 2)determine o sintoma-guia; 3)descreva o sintoma-guia com suas características e analise-o minunciosamente; 4) use o sintoma-guia como fio-condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele em ordem cronológica; 5)verifique se a história obtida tem início, meio e fim; 6) não induza respostas; 7) apure evolução, exames e tratamentos realizados em relação a doença atual; 8) leia a história escrita por você para o seu paciente para que ele possa confirmar ou corrigir algum dado relatado, ou mesmo, acrescentar alguma queixa esquecida. SINTOMA-GUIA: é o sintoma ou sinal que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão. Não é necessariamente o mais antigo, mas tal atributo deve ser sempre levado em conta. Não é obrigatório que seja a primeira queixa relatada pelo paciente, contudo, isso também não pode ser menosprezado. Como orientação geral, o estudante deve escolher como sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado pelo paciente ou simplesmente começar pelo relato da queixa principal. O passo seguinte é determinar a época que o sintoma teve início. O terceiro passo consiste em investigar a maneira como evoluiu o sintoma, e assim constrói-se uma história clínica através do modo como evoluem os sintomas. Visto em conjunto esse esquema básico de composição da anamnese, verifica-se que a meta almejada é conter uma história que tenha inicio, meio e fim. (início, duração, característica do sintoma na época que iniciou, evolução, fatores de piora e melhora, relação com outras queixas, situação do sintoma no momento atual). INTERROGATÓRIO SINTOMALÓGICO: é um complemento da história da doença atual, e também é chamada de anamnese especial ou revisão dos sistemas. A principal utilidade do IS reside no fato de permitir ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA. Também é no interrogatório sintomatológico que nasce a suspeita diagnóstica mais importante. A sistematização do IS, é a seguinte: sintomas gerais, pele e fâneros, cabeça e pescoço, tórax, abdome, sistema genitourinário, sistema hemolinfopoiético, sistema endócrino, coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades, músculos, artérias, veias linfáticos e microcirculação, sistema nervoso, exame psíquico e avaliação das condições emocionais. VER PAGINA DE SINTOMAS PORTO. ANTESCENDENTES PESSOAIS E FAMILIARES: Essa investigação não pode ser esquematizada , ela é possível e útil como um roteiro e diretriz do trabalho. Antecedentes pessoais: antecedentes pessoais e fisiológicos incluem dados sobre a gestação e nascimento, sobre como decorreu a gravidez, sobre o uso de medicamentos ou irradiações contidas pela genitora, fatos contraídos durante a gestação, condições do parto, estado da criança ao nascer, e ordem de nascimento. Desenvolvimento psicomotor e neural: dentição, engatinhar e andar, fala, desenvolvimento físico, controle dos esfíncters, aproveitamento escolar. Desenvolvimento sexual: puberdade, menarca, sexarca, menopausa, orientação sexual. Antecedentes pessoais patológicos: doenças sofridas pelo paciente, alergias, cirurgias, traumatismo, transfusões sanguíneas, história obstétrica, imunizações, medicamentos em uso. Antecedentes familiares: pergunta-se sobre casos de enxaqueca, diabetes, tubérculos, hipertensão arterial, câncer, doenças alérgicas, doença coronariana arterial, acidente vascular cerebral, dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase, e varizes, que são doenças de maior natureza familiar. E ainda, cabe perguntar sobre doenças de caráter hereditário. HÁBITOS DE VIDA: alimentação: no exame físico será avaliado parâmetros de estado de nutrição do paciente. E torna-se referencia o que seria a alimentação adequada para o paciente. Anamnese alimentar. Ocupação atual e ocupações anteriores: nessa parte da anamnese obtêm-se informações sobre a natureza do trabalho desempenhado e com quais substâncias entrou em contato, quais os graus de ajustamento do paciente com o trabalho e com o meio em que exercia o trabalho. Atividades físicas: relação entre doenças e o hábito de vida. Hábitos: Uso de tabaco: os efeitos nocivos do tabaco são indiscutíveis, câncer de pulmão e de bexiga, afecções broncopulmonares (asma, bronquite,enfisema e bronquiectasias), afecções cardiovasculares (insuficiência coronária, hipertensão arterial, tromboembolia), baixo peso fetal (mãe fumante), intoxicação do recém nascido (nutriz fumante); Bebidas alcoólicas: o álcool tem efeitos deletérios graves sobre o fígado, cérebro, nervos, pâncreas e coração, também é importante perguntar o tipo de bebida e quantidade habitual ingerida. CONDIÇÕES SOCIO-ECONOMICAS E CULTURAIS: Habitação: é importante saber quanto a habitação, se a pessoa mora na zona urbana ou rural, pelo fato de algumas áreas estarem mais suscetíveis a algumas doenças. Na área rural preocupa o fato de as habitações possuírem precariedades, e então, as casas podem se comportar como abrigo de vetores de doenças. Já na cidade, fatores como a urbanização e poluição implicam na qualidade de vida, afinal, a invasão a periferia contribui para o surgimento de doenças infecto parasitárias. Condições socioeconômicas: é obrigação do médico compatibilizar sua prescrição com os rendimentos do paciente. Condições socioculturais: as condições culturais não abrangem somente a escolaridade mas também a religiosidade, as tradições, as crenças, os mitos, a medicina popular, os comportamentos e os hábitos alimentares. Vale também saber se o paciente é alfabetizado ou analfabeto. Tudo isso é importante para estabelecer um processo saúde-doença. Vida conjugal e questionamentos familiares: investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre cônjuges.