Resumo:
Os álcoois são reagentes de partida na preparação de muitos compostos orgânicos. Dentre
estes, podem ser produzidos aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos, por reação de oxidação de
álcool. O produto formado a partir destas oxidações depende do agente oxidante empregado e da
natureza do álcool de partida. No experimento foi realizada a síntese de cicloexanona, através de
uma reação de oxidação de um álcool secundário, o cicloexanol, porque álcoois secundários geram
melhores rendimentos de oxidação do que álcoois primários. Realizada sob as seguintes condições,
de acidificação do meio com hipoclorito de sódio e controle de temperatura entre 40-45 ºC,
ajustando se necessário com banho de gelo. O produto foi obtido através da técnica de extração
líquido – líquido com diclorometano e logo após, caracterizado por meio dos testes confirmatórios:
teste de destilação fracionada, teste de confirmação do precipitado com 2,4-dinitrofenilhidrazina e
teste do ponto de ebulição. Contempla-se nos resultados apresentados, a presença de precipitado e
mudança de coloração do meio para amarelo que se obteve êxito na realização na síntese.
Palavras-chave: oxidação,álcoois,secundários,cicloexanona
1. Introdução
Reações de oxidação são reações de grande importância para a ciência, uma delas, a reação de
Baeyer-Villiger (BAEYER, A. Johann) tem como produto a cicloexanona será utilizado na síntese
de muitos compostos orgânicos, tais como fármacos, inseticidas e herbicidas, além de ser um
excelente solvente para resinas e polímeros, na produção de nylon (MARK, F. Hermann). Ela é
obtida pela hidrogenação catalítica (com níquel) do fenol a cicloexanol 12. De composição cíclica
com seis carbonos e um grupo funcional cetona. É um líquido incolor e oleoso com um odor
residual de pimenta e cetona (MARK, F. Hermann), levemente solúvel em água, porém miscível na
maior parte dos solventes orgânicos comumente usados.
Vários agentes oxidantes, incluindo KMnO4, CrO3 e Na2Cr2O7 podem ser utilizados no
oxidação de um álcool primário, secundário ou terciário (figura 1). O produto dessa oxidação vai
depender do agente oxidante empregado e da natureza do álcool utilizado. As oxidações de álcoois
primários com a maioria dos reagentes não terminam no estágio aldeído, seguem e findam
produzindo ácidos carboxílicos ou aldeídos e dependem da quebra da ligação simples carbono-
carbono10. As oxidações com álcool secundário terminam por gerar cetonas. E os terciários não
sofrem com a oxidação6.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cicloexanona
2. Objetivo
Síntese, purificação e classificação da cicloexanona a partir da oxidação de um álcool, o
cicloexanol.
3. Materiais e Métodos
3.1. Materiais
3.1.1. Reagentes
-Cicloexanol -Bissulfito de sódio
-Ácido acético glacial -Água destilada
-2,4-dinitrofenil-hidrazina -Diclorometano
-Hipoclorito de sódio
3.1.2. Vidrarias
-Erlenmeyer 125 ml -Anel para funil
-Becker 200 ml -Garra
-Placa de agitação e aquecimento -Condensador
-Manta de aquecimento -Mangueira de borracha
-Funil de separação 125ml -Balança analítica
-Suporte universal -Tubo de ensaio
-Espátula -Barbante
-Papel de filtro -Termômetro
-Proveta 10ml -Balão de fundo redondo
-Pipeta volumétrica -Estante para tubos de ensaio
-Pipeta pasteur -Vidro de relógio
-Pêra -Agitador magnético
-Bastão de vidro -Papel indicador amido-iodado
3.2. Métodos
3.2.1. Síntese da cicloexanona
Em um Erlenmeyer de 250 mL adicionar 7,8 mL de cicloexanol e 4 mL de ácido acético
glacial.
Ao funil de adição acrescentar 29 mL de hipoclorito de sódio.
Montar a aparelhagem de suporte para o funil.
Iniciar o gotejamento da solução de hipoclorito sobre a mistura de cicloexanol-ácido acético,
cuidadosamente e sob agitação por aproximados 15-20 minutos.
Ajustar a temperatura do meio reacional, ideal entre 40-45ºC (monitorar através da imersão
de um termômetro diretamente na reação). Se necessário, esfriar a reação com o auxílio de um
banho de gelo.
Agitar ocasionalmente a reação enquanto a adição ocorre, permite uma melhor
homogeneização do sistema.
Finalizado o gotejamento deixar o meio reacional em repouso na temperatura ambiente.
Testar o excesso de solução de hipoclorito com papel indicador amido-iodado. Presença de
mancha azul escura é indicativo de excesso de hipoclorito na solução.
Adicionar solução de bissulfito de sódio afim de consumir o excesso de hipoclorito.
Repetir o processo de teste com papel indicador e adição de bissulfito se necessário.
Terminada a síntese, o produto deve ficar em repouso.
Figura 3. Método de Siwoloboff com diferentes dispositivos de aquecimento: a) tubo de Thiele, b) béquer e c) tubo de
ensaio.
4. Resultados e Discussão
Foi adicionado ao Erlenmeyer com auxílio de pipeta 7,8 mL de cicloexanol e 4 mL de ácido
acético. Depois de montado o sistema de aquecimento, foi iniciado o processo de adição de 29 mL
de hipoclorito de sódio contido no funil de separação (figura 4), mantendo sempre o controle da
temperatura reacional com o termômetro, pois o aumento da mesma pode ocasionar oxidação da
porção de hidrocarboneto do cicloexanol, formando assim subprodutos que influem no rendimento
final.
Fonte: https://www.manualdaquimica.com/quimica-geral/decantacao.html
Inicia-se o gotejamento a partir do momento que a temperatura estiver entre 40-45ºC. Pode-se
observar a formação de duas fases na mistura obtida no Erlenmeyer, uma de límpida e outra com
aspecto turvo, mais oleoso. Finalizado o gotejamento, a mistura foi mantida em agitação por
aproximadamente 10 minutos para garantir homogeneidade da solução.
Em seguida, realizou-se o teste utilizando papel iodado, a fim de identificar se no meio
reacional havia presença excessiva de hipoclorito de sódio. Se positivo, o papel assume coloração
azul escura. Testada a solução, conclui-se que o hipoclorito ainda estava em baixa quantidade. Foi
necessária então a adição de mais 29 mL de hipoclorito, de forma lenta e sob agitação, como feito
anteriormente. Finalizada a segunda adição, realizar o teste novamente com o papel iodado, ele
agora assumiu coloração azulada e até mesmo “se queimou” devido ao excesso de hipoclorito.
Adicionou-se 2 gotas de bissulfito de sódio para consumo do excedente ácido e deixar o produto em
repouso por mais 10 minutos.
Posteriormente, preparou-se o funil de separação com o produto obtido da reação. A ele foram
adicionados 20 mL de diclorometano com o intuito de extração do produto desejado, a
cicloexanona. O funil foi deixado em repouso até a observação de separação das fases (figura 5).
Mecanismo
No momento em que se complexa o hipoclorito de sódio com ácido acético, acontece a
formação de ácido hipocloroso3:
Semelhante, o cicloexanol pode atuar como base e receber um hidrogênio do ácido acético:
Por consequência, esse cicloexanol vai sofrer ataques pelo ácido hipocloroso que vai deslocar
a água:
O intermediário formado rapidamente perde um hidreto que ataca o cloro. Enquanto a ligação
O – Cl se rompe para dar origem à ligação C=O, dando origem à cicloexanona protonada:
O ácido acético, além de acidificar o meio vai funcionar como tampão acetato, uma vez que é
produzido acetato e ácido clorídrico, controlando assim a acidez do meio reacional.
5. Conclusões
Quanto à síntese e identificação da cicloexanona, esta foi realizada com sucesso. Através
desta prática, podemos revisar sobre as condições que regem as reações de oxidação aplicadas a
compostos orgânicos. Todavia, quanto aos testes confirmatórios, fora observada discrepância nos
resultados quando comparados aos dados literários, sugerindo que houve algum fator extrínseco ou
intrínseco de natureza humana ou química que descaracterizou a cicloexanona. Destaque para a
presença de impurezas na amostra que alterou os valores de fusão e ebulição, podendo levar a um
baixo rendimento no produto.
6. Referências Bibliográficas
1. BAEYER, A. Johann; V. Villiger Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1899, 32, 3625.
2. BECKWITH, L. J. Athelstan e B. P. Hay, J. Am. Chem. Soc. 111, 1998, p. 2674.
3. CARREIRO, JÚLIO. “Consultoria Ambiental e P, D & I”. 2016. Disponível em:<
http://juliocarreiro.com.br/oxidacao.pdf>. Acesso em 03/10/2019.
4. DIAS, L. Diogo, Manual da Química, Decantação. 2002. Disponível em <
https://www.manualdaquimica.com/quimica-geral/decantacao.htm>. Acesso em 01/10/2019.
5. DIAS, R. F. Flaviana. Resgatando um método eficiente para determinação do
ponto de ebulição de substâncias orgânicas: percolador versus Siwoloboff. 2014.Rio de
Janeiro. Disponível em < http://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=173>. Acesso em
30/09/2019.
6. L.K. Hudson; C. Misra; A.J. Perrotta; K. Wefers; F.S Willians Ullmann’s.
Encyclopedia Industrial Chemicals; 7a ed., Wiley-VCH, Weinheim, 1999, p. 3.
7. MARK, F. Hermann, D. F. Othmer, C. G. Overberger e G. T. Seaborg, Encyclopedia
of Chemical Tecnology, 3ª edição, John Wiley & Sons, New York, 1978, Vol 7, p. 410.
8. MCMURRY, John. Química Orgânica. 4ª edição. Rio de Janeiro: Livros técnicos e
científicos. 1997, v.1.
9. Portal Proenem, “Reações Orgânicas de Oxidação”. 2015. Disponível em
<https://www.proenem.com.br/enem/quimica/reacoes-organicas-de-oxidacao-alcoois/>. Acesso
em 04/10/2019.
10. SCHUCHAEDT, U. Friedrich, W. A. Carvalho e E. V. Spinacé, Synlett 10, 1993, p.
713.
11. SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, Craig B. Química Orgânica 1. 8ª edição.
Rio de Janeiro: LTC, 2005, v. 1.
12. WEISSERMEL, Klaus e H. -J. Arpe, Industrial Organic Chemistry, 2ª edição,
VCH Publishers, Weinheim, 1993, p. 344.
13. Wikipédia, Cicloexanona. 2013. Disponível em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Cicloexanona>. Acesso em 06/10/2019.