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6 – Prestação de serviços
1.6.1- Conceito
Além disso, é válido fazer uma pequena análise do artigo 594 do Código Civil, o qual
estipula que serviços e trabalhos lícitos, sejam eles materiais ou imateriais, podem ser
contratados mediante retribuição. Nesse sentido, em outras palavras, qualquer atividade
corpórea(material) ou incorpórea(imaterial) que seja lícita pode ser contratada de forma
eventual, remunerada e sem subordinação, o que não afasta o reconhecimento de que o
tomador do serviço eventualmente indique ao prestador a forma como quer que seja realizada
a atividade.
O artigo 595, por sua vez, estipula acerca do analfabetismo das partes; como técnica
de proteção à vulnerabilidade do prestador, que se encontra na difícil condição de analfabeto,
o dispositivo anotado prescreve a possibilidade de o contrato ser feito por escrito, cuja forma
servirá como meio de prova, quando qualquer das partes não souber ler nem escrever, ocasião
em que o instrumento contratual poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
O artigo 596 do Código Civil trata a respeito do caso da prestação de serviço não ser
estabelecida convencionalmente. Nesse caso, se o valor da prestação não for estipulado de
forma convencional, e as partes não chegarem a um acordo acerca do valor do serviço, o
Poder Judiciário exercerá tal função de forma subsidiária, devendo estipular, por meio da
persuasão racional do magistrado, um valor equânime para o serviço que fora prestado.
O artigo 597 do Código Civil trata a respeito de que modo se pagará o serviço
prestado. Assim, a norma em análise tem um caráter supletivo, ou seja, assume caráter
cogente na ausência de disposição contratual contrário, fixando como regra geral que o
serviço deverá ser pago após a sua realização, exceto se o costume do local ou a convenção
determinarem o adiantamento do pagamento, ou que este seja feito em prestações.
O artigo 598 transmite a ideia de que a prestação de serviço pode ser estabelecida por
prazo determinado, contudo no prazo legal máximo de quatro anos, findo o qual o contrato se
extinguirá por caducidade.
O artigo 599 do Código Civil, por sua vez, trata a respeito do direito de resilição
unilateral do prestador, o qual somente pode ser exercido quando o contrato não tiver prazo
estipulado, ou não se puder aferir qual a natureza do mesmo segundo a consulta aos costumes
ou a quaisquer outros meios de convicção.
Da parte do contratante, ele tem a obrigação, tal como foi dito antes, de dar uma
remuneração ou qualquer tipo de pagamento ao prestador de serviços. Mas, de outro modo,
ele tem o direito de exigir uma devida prestação de serviço.
1.6.6 – Espécies
O contrato de prestação de serviços pode ser caracterizado como bilateral, “uma vez
que o prestador se obriga a realizar a atividade, em troca da retribuição, e o tomador se obriga
a pagar o pactuado, em retorno à conduta efetivada.”(FILHO; GAGLIANO,2019, p.561).
Nessa mesma toada, de acordo com Gonçalves (2020, p.511), “ trata-se de contrato bilateral
ou sinalagmático, porque gera obrigações para ambos os contratantes. O prestador assume
uma obrigação de fazer perante o dono do serviço, que, por sua vez, compromete-se a
remunerá-lo pela atividade desenvolvida.”
Muito embora nos dispositivos legais se tenha feito menção apenas à forma onerosa de
prestação de serviços, pode-se ter tambem contrato de prestação de serviços gratuitos: “No
sistema brasileiro, portanto, a prestação de serviços não onerosos está fora do campo de
aplicação das regras codificadas, sendo própria da disciplina do trabalho
voluntário.”(FILHO;GAGLIANO,2019, p.561). Nesse sentido, de acordo com
Gonçalves(2020, p.511), “ por trazer benefícios ou vantagens para um e outro contratante, a
prestação de serviços é também contrato oneroso. A remuneração é paga por aquele que
contrata o prestador”.
1.6.10– Comutativo ou aleatório?
Interessante pontuar, acerca desse último tópico que, quando “[...]na hipótese de
qualquer não ser alfabetizada, a lei estabelece um meio de prova para a sua declaração de
vontade.”(FILHO; GAGLIANO,2019, p.564). De fato, isso pode ser depreendido a partir do
artigo 595 do Código Civil de 2002. Alem disso, vale observar o ensinamento de
Gonçalves(2020, p. 512): “ a prestação de serviço é também contrato consensual, uma vez que
se aperfeiçoa mediante o simples acordo de vontades”. Assim, de acordo com
Gonçalves(2020, p. 512), “Estatui o art. 595 do Código Civil que, ‘quando qualquer das partes
não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas’”.
Além disso, é importante ressaltar que “ a inserção da morte de qualquer das partes
como causa de extinção da prestação de serviço demonstra o caráter personalíssimo ou intuiu
personae da avença, insucestível de transmissão causa mortis.”(GONÇALVES, 2020, p.515).
Interesante notar também que diferentemente do Código Civil de 1916, o qual considerava
terminado o contrato com a morte do prestador de serviço, o atual Código Civil prevê como
causa de extinção a morte de qualquer das partes.