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Escola Secundária João Araújo Correia

António Damásio
Integração cognitivo-emocional

José Filipe
Luana Fonseca
Mariana Garcia

2022

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José Filipe
Luana Fonseca
Mariana Garcia

Integração cognitivo-emocional
(António Damásio)

Trabalho de pesquisa para a disciplina


de Psicologia. Secundária João Araújo
Correia. Com efeito de conclusão do 3º
Período Escolar.
Pedagoga: Bárbara Monteiro

Peso da Régua
2022

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Resumo: Quando estudamos o cérebro e os processos emocionais, vimos que
António Damásio procura compreender a mente a partir do funcionamento do
cérebro. Contesta as conceções que, durante séculos, defenderam uma mente
apensas orientada pela razão, independente do corpo, das e emoções e dos afetos.
Damásio rejeita o dualismo corpo-mente, afirmando que a mente é uma produção
do cérebro. Analisam-se três tópicos: a origem de Damásio; a teoria de Damásio e o
método utilizado por Damásio.
Palavras-Chave: Damásio, António; integração cognitivo-emocional; imagiologia
cerebral; Prática clínica
Abstract: When we studied the brain and emotional processes, we saw that António
Damásio seeks to understand the mind from the functioning of the brain. It disputes
the conceptions that, for centuries, have defended a mind-oriented beaded by
reason, regardless of the body, emotions and affections. Damásio rejects body-mind
dualism, stating that the mind is a brain production. Three topics are analyzed: the
origin of Damásio; Damásio's theory and the method used by Damásio.
Key words: Damásio, Antony; cognitive-emotional integration; brain imaging; Clinical
practice.

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Sumário:
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6-8
2.1. Origem de Damásio
2.1.1. Teoria de Damásio
2.1.1.1. Metodologia de investigação
2.1.1.1.1 Reflexão Crítica da teoria de António Damásio
3. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. Bibliografia/ Webgrafia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5. Glossário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

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1. Introdução
Neste trabalho iremos abordar a vida do investigador português António Damásio,
as suas investigações em relação às funções do cérebro ao nível da dimensão
pessoal e social do comportamento. O facto de processos cognitivos como a
perceção, a memória, a inteligência e outros se manifestarem em pleno
funcionamento não assegurava um comportamento social e pessoal equilibrados.
Para além dos numerosos contributos em revistas científicas da especialidade há
três obras em que Damásio expõe as suas conceções fundamentais: O Erro de
Descartes, O Sentimento de Si e Ao Encontro de Espinosa. Nas suas investigações,
Damásio destaca-se por propor um grupo de hipóteses inovadoras quanto ao
funcionamento do cérebro, baseando-se para isso no estudo do comportamento de
doentes com lesões cerebrais. Assim, desenvolveu trabalhos de pesquisa onde
analisa as consequências de uma lesão nos lobos pré-frontais num acidentado em
1848. É neste âmbito que surge o caso de Phineas Gage, operário cujo cérebro
fora perfurado por uma barra de metal e sobrevivendo a este incidente, que perde a
capacidade de tomar decisões e que vê as suas emoções alteradas. Este trabalho é
constituído por quatro capítulos, no primeiro iremos abordar a origem de Damásio;
no segundo a teoria de Damásio e os métodos que este utilizou. No terceiro é
apresentado a conclusão do trabalho. E no último é apresentado a
Biografia/Webgrafia. O objetivo deste trabalho é perceber o funcionamento do
cérebro no ponto de vista de Damásio.

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2. Desenvolvimento
2.1. Origem de Damásio
António Damásio nasceu em Lisboa, em 1944. Licenciou-se e fez o doutoramento
em Neurologia, na Universidade de Lisboa, tendo começado a desenvolver as suas
pesquisas no Centro de Estudos Egas Moniz, no laboratório de investigação da
linguagem. Vai para os EUA com investigador do Centro de Pesquisas da Afasia de
Boston. Integra a Universidade de Iowa, dirigindo o Departamento de Neurologia do
Comportamento e Neurociência Cognitiva e o Centro de Investigação da Doença de
Alzheimer desta universidade.
É o estudo do comportamento de muitos dos seus doentes, com lesões cerebrais,
que o leva a colocar um conjunto de hipóteses inovadoras relativamente ao
funcionamento do cérebro. Juntamente com a sua mulher, Hanna Damásio, e uma
equipa de investigadores, desenvolveu trabalhos de pesquisa que o levam a
analisar as consequências, no comportamento, de uma lesão nos lobos pré-frontais,
decorrente de um acidente ocorrido em 1848. O caso de Phineas Gage e o papel
que o seu estudo teve no conhecimento das funções do cérebro ao nível da
dimensão pessoal e social do comportamento. O facto de processos cognitivos
como a perceção, a memória, a inteligência e outros se manifestarem em pleno
funcionamento não assegurava um comportamento social e pessoal equilibrados.
Esta constatação vai levá-lo a novas áreas de trabalho.
Para além dos numerosos contributos em revistas científicas da especialidade, há
três obras em que Damásio expõe as suas conceções fundamentais: O Erro de
Descartes, O Sentimento de Si e Ao Encontro de Espinosa. O rigor científico do
discurso, associado a uma forma acessível, clara e sugestiva de escrita, tornou os
seus livros, simultaneamente, marcos na história das neurociências e grandes
sucessos junto do público.
Devido à sua articulação original e audaciosa entre a neurobiologia e a evolução
social, Damásio também contribuiu para a consolidação da neuroética, nos seus
dois principais domínios: (1) como uma reflexão bioética e ética-normativa sobre as
novas técnicas e inovações tecnológicas produzidas pela neurociência e (2) numa
abordagem moral aos problemas da chamada filosofia da mente, da psicologia
moral e, mais recentemente, psicologia social e epistemologia social.

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2.1.1. Teoria de Damásio
Para Damásio, assim como os nossos sentidos [a visão, a audição, o tato, o gosto e
o olfato] nos dão a conhecer o mundo exterior através de processos de ativação
nervosa, as emoções são padrões de ativação nervosa que correspondem a
estados do nosso mundo interior. Se vemos aproximar-se um cão com um ar feroz,
esta imagem vai ativar o sistema nervoso simpático: o ritmo cardíaco fica acelerado,
a respiração mais rápida, a tensão muscular aumenta, etc. Estas modificações
corporais correspondem a uma emoção a que chamamos medo. O nosso cérebro
regista esta informação, que pode vir a ser utilizada mais tarde. As emoções são,
portanto, representações cognitivas de estados corporais. Este é um dos
mecanismos que levam Damásio a encarar o organismo como uma totalidade em
constante interação com os meios exterior e interior: o corpo, o cérebro e a mente
agem em conjunto, porque são uma realidade única.
Damásio vai desenvolver o conceito de um mecanismo que vai ter uma grande
influência nas suas conceções e que constitui uma das contribuições mais
inovadoras: o conceito de marcador somático. O exemplo do cão, o estado corporal
de medo, que provocou como resposta, ficou registado, marcado. É criada, assim,
uma representação cognitiva que inclui duas informações: a informação que resulta
da perceção externa [o cão com ar feroz] e a informação emocional interna [o medo
face ao cão]. Isto é, ficam associadas na nossa memória as duas informações, que
serão utilizadas numa situação semelhante.
“Quando o marcador somático negativo é justaposto a um resultado futuro, a
combinação funciona como uma campainha de alarme. Quando, ao invés, é
justaposto um marcador somático positivo, o resultado é um incentivo.”
São muitos os exemplos que mostram o valor adaptativo das emoções. Para
Damásio as emoções, são um instrumento para avaliarmos o meio, as situações e
agirmos de forma adaptativa. Quer o meio interno, quer o meio externo, são fontes
de desequilíbrios, de perturbações, que exigem respostas adaptadas, que exigem
decisões. A decisão implica uma avaliação do mundo, que é acompanhada pelas
emoções e pelos sentimentos.

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A emoção e o sentimento desempenham um papel no raciocínio e esse papel é
geralmente benéfico. Quando o papel é benéfico, a presença da emoção e do
sentimento é indispensável. Cada experiência das nossas vidas é acompanhada por
algum grau de emoção, por mais pequeno que seja, e este facto é especialmente
notável em relação a problemas sociais e pessoais importantes. Quer a emoção
responda a um estímulo pela evolução, tal como acontece no caso da simpatia, ou a
um estímulo aprendido individualmente, tal como acontece no medo que podemos
ter adquirido em relação a um certo objeto. O facto é que as emoções, positivas ou
negativas, bem como os sentimentos que se lhe seguem, se tornam componentes
obrigatórias das nossas experiências sociais. Valorizamos as emoções e os
sentimentos ligados às consequências futuras das decisões visto que eles
constituem uma antecipação da consequência das ações, uma espécie de previsão
do futuro. É importante notar que o sinal emocional não é um substituto do
raciocínio. O sinal emocional tem um papel auxiliar. Aumenta a eficiência do
raciocínio e aumenta também a sua rapidez.
Acabamos de reconhecer que emoções e sentimentos estão intimamente
relacionados com a razão, são os alicerces da mente: integram os processos
cognitivos e a capacidade de decidir, bem como a consciência de si próprio.
As emoções e os sentimentos são como que orientadores, guias internos que nos
permitem sentir os estados do corpo (e, assim, sentimos prazer ou dor, alegria ou
tristeza, desejo, felicidade, etc.); são também emissores de sinais que servem de
comunicação aos outros.

2.1.1.1. Metodologia de investigação


O estudo do caso de Phineas Gage, 120 anos depois
da sua morte, a partir das descrições do seu médico
Harlow, constitui uma abordagem inovadora, na
medida em que combina os testemunhos do passado
com as mais modernas tecnologias. Damásio e a sua
mulher Hanna vão, através de técnicas de imagiologia
cerebral, reconstituir a situação da autópsia: a
trajetória da barra de ferro e as lesões provocadas no cérebro de Phineas Gage. É a
relação entre o reconhecimento das lesões e o efeito no comportamento que leva a
equipa de Damásio a investigar situações semelhantes nos seus doentes. Estudam,
sobretudo, os danos neurológicos nos sistemas emocionais, comparando o
funcionamento dos cérebros saudáveis com os cérebros lesionados. É a partir do
estudo aprofundado destes casos e baseado em experiências laboratoriais que
Damásio elabora a sua teoria.

2.1.1.1.1 Reflexão Crítica da teoria de António Damásio


Para Damásio as emoções e os sentimentos estão intimamente relacionados com a
razão, são os alicerces da mente.

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A ideia de que o organismo inteiro, e não apenas o corpo ou o cérebro, interage
com o meio ambiente é menosprezada com frequência, se é que se pode dizer que
chega a ser considerada. No entanto, quando vemos, ouvimos, tocamos,
saboreamos ou cheiramos, o corpo e o cérebro participam na interação com o meio
ambiente. Exempli gratia, imaginemos a visão de uma paisagem predileta. Nessa
visão encontram-se envolvidos muito mais do que a retina e os córtices visuais do
cérebro. De certo modo a córnea é passiva, mas tanto o cristalino como a íris não
só deixam passar a luz, como também ajustam suas dimensões e forma em
resposta à cena que presenciam. Os sinais sobre a paisagem são processados
dentro do cérebro. Quando o conhecimento relativo à paisagem é ativado no interior
do cérebro a partir de representações dispositivas em diversas áreas, o resto do
corpo também participa no processo. Por fim, quando se formar essa memória da
paisagem agora observada, essa memória será um registo neural das muitas
alterações do organismo. Algumas dessas alterações tiveram lugar no cérebro (a
imagem construída para o mundo exterior, juntamente com as imagens constituídas
a partir da memória), enquanto outras ocorreram no próprio corpo.
Ter perceção do meio ambiente não é, portanto, apenas uma questão de fazer com
que o cérebro receba sinais diretos de um determinado estímulo, muito menos
imagens fotográficas diretas. O organismo altera-se ativamente de modo a obter a
melhor interface possível. O corpo não é passivo.
O organismo atua constantemente sobre o meio ambiente (no princípio foram as
ações), de modo a poder propiciar as interações necessárias à sobrevivência. Mas,
para evitar o perigo e procurar de forma eficiente alimento, sexo e abrigo, é
necessário sentir o meio ambiente (cheirar, saborear, tocar, ouvir, ver) para que se
possam formular respostas adequadas ao que foi sentido. A perceção é tanto atuar
sobre o meio ambiente como dele receber sinais.
À primeira vista, a ideia de que a mente emerge do organismo como um todo pode
parecer contraintuitiva. A mente não se encontra no corpo, mas o corpo contribui
para o cérebro com mais do que a manutenção da vida e com mais do que feitos
modulatórios. Contribui com um conteúdo essencial para o funcionamento da mente
normal.

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3. Conclusão
Em síntese as obras de António Damásio tiveram, como já dissemos, um forte
impacto entre os especialistas e o público em geral. Culminando um conjunto de
investigações que, desde a década de 70 do século XX, vinham a ser desenvolvidas
sobre o papel das emoções. Damásio produziu uma integração que corresponde a
um marco importante nas neurociências e na Psicologia. A perspetiva
interdisciplinar que acompanha as suas investigações e reflexões tem um objetivo:
desvendar e compreender o que significa ser humano. A afirmação de que o
cérebro e a mente constituem uma realidade una e a forma como as emoções e os
sentimentos passaram a ser encarados constituem-se como elementos
fundamentais da Psicologia atual. A afirmação da base biológica da mente e o papel
das emoções e dos sentimentos nos processos cognitivos, como a resolução de
problemas e as tomadas de decisão, perspetivam, de uma forma inovadora, as
grandes questões da Psicologia. Ultrapassa, assim, as dicotomias mente-corpo,
razão-emoção.

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4. Bibliografia/ Webgrafia
Monteiro, Manuela; Ferreira, Pedro; Moreno, Cândida; PSI para PSI: Parte 2
Psicologia B 12º ano; 1ª Edição. Porto: Porto Editora, 2018.
Damásio, António, O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano.
São Paulo: SCHWARCZ.SA, 2019. Acesso 05/26 às 16:00.

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5. Glossário
Exempli gratia Do latim , exempli gratia, significa por
exemplo.

Retina Uma das membranas do seguimento


posterior do olho, que tem a função de
transformar o estímulo luminoso em um
estímulo nervoso e enviá-lo ao cérebro,
para que as imagens sejam lidas.

Marcador somático Reações emocionais que aumentam a


eficiência e a precisão do processo de
tomar uma decisão.

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