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Bem próximo do estilo "câmera na mão" tem uma rima visual incrível, da
desconstrução de uma memória que insiste em não ir embora. Se analisarmos bem a
estrutura da narrativa, veremos que, nesse momento presente (os dois se conhecendo
pela segunda vez, a consciência de um atrito, e reconciliação) são as únicas que
realmente existiram para Joel e Clementine, o período transitório da narrativa, das
memórias, das alegrias e feridas do casal, não existiam mais.
A fotografia do filme traz o ar gélido de Nova York e nos faz penetrar na sensação
de estar na mente de Joel, algo feito por Kaufman em “Quero ser John Malkovich” e ao
mesmo tempo esboça as características do próprio Joel, já que o que acompanhamos é o
ponto de vista dele. Sob os vários caminhos da sua mente sem lembranças. Por isso, há
uma fusão de cenários e o interessante é observar conforme as suas memórias são
extraídas, a trilha sonora se altera, as cores e o rosto das pessoas vão perdendo o
tracejado. Há uso de efeitos que se realizam em função das necessidades do roteiro,
distanciando-se do que comumente vê-se. Soma-se a isso a escolha estética da
montagem. A linha temporal do filme é um recurso que também leva a reflexão do
espectador, incluindo não apenas o entendimento do filme, mas levantando pensamentos
sobre o modo de encarar as relações. Embora seja uma construção fragmentada, diluída,
ela é construída para que o espectador se mantenha atento e não deixe de ligar os fios
conectores. Quando você acha que sabe o que está acontecendo, um novo acontecimento
muda sua perspectiva sobre a obra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS