Você está na página 1de 13

ESPECIALIZAÇÃO

NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL

$yfl
ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL

Copyright 2021 Futebol Interativo / São Paulo - SP


Este material é de propriedade do Futebol Interativo,
é proibida qualquer reprodução sem autorização prévia.

$yfl ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
AUTORA

TATIANE BECKER
MONTICELLI
NUTRICIONISTA DAS CATEGORIAS DE BASE
DO GRÊMIO FOOTBALL PORTOALEGRENSE

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético
e Composição Corporal
N aexercício
história evolutiva da humanidade o
físico é reconhecidamente
ciente para a manutenção da saúde, para
promover mudanças na composição corpo-
uma das atividades da espécie humana ral e possibilitar bom desempenho físico.
com maior sucesso biológico, pois possui O estabelecimento de referências
papel importante para a saúde e prevenção nutricionais específicas para atletas repre-
de doenças, podendo proporcionar benefí- senta a disponibilização de um importante
cios à composição coral e à qualidade de instrumento teórico para o planejamento
vida, indiscutivelmente. dietético destinado a esta população.
Além de minimizar os danos à saú- A adequação do consumo energético
de, o atleta que ingere nutrientes de acordo e nutricional é essencial para a manutenção
com as necessidades e demandas do seu do desempenho esportivo. Ao contrário, a
esforço físico, também preserva sua com- baixa ingestão de energia pode resultar em
posição corporal (músculos, ossos e gordu- fornecimento insuficiente de importantes
ra), favorece o funcionamento das vias me- nutrientes relacionados ao metabolismo
tabólicas associadas ao exercício físico, energético, à reparação tecidual, ao siste-
permite melhor armazenamento de energia ma antioxidante e à resposta imunológica
(glicogênio hepático e muscular), retardan- (ACSM, 2009). O déficit energético em atle-
do a fadiga pelo aumento da resistência ao tas tem sido associado a alterações meta-
esforço físico, contribui para o incremento bólicas e reprodutivas relacionadas ao
da massa muscular e auxilia na recupera- exercício.
ção de lesões ou traumas provocados pelo
exercício (McARDLE, 2003). A ocorrência de amenorréia em mu-
lheres atletas está associada a marcantes
A alimentação é, portanto, de fun- reduções no consumo de energia e lipídeos
damental importância para um bom desem- e nas concentrações sangüíneas de lepti-
penho em qualquer modalidade esportiva. na, estrogênio, hormônios da tireóide e in-
Para isso, deve ser balanceada e completa, sulina (ASMA JAVED et al., 2013). Neste
fornecendo todos os nutrientes necessários esteio, a estimativa do dispêndio energético
para que sejam realizadas as funções de de atletas é baseada no gasto metabólico
crescimento, reparo e manutenção dos te- basal e no tipo, intensidade, duração e
cidos e, além disso, para produção e repo- frequência do exercício. De uma forma ge-
sição energética. As necessidades nutricio- ral, é recomendado que atletas homens e
nais, porém, são diferentes pois, além das mulheres que se exercitam por mais de 90
especificidades do esporte, depende de fa- minutos por dia, tenham uma ingestão
tores como idade, sexo, peso, altura, com- energética acima de 50kcal/kg e 45-50kcal/
posição corporal e patologias (HERNAN- kg, respectivamente (ACSM, 2009).
DEZ et al., 2009).
O desequilíbrio entre a ingestão e a
Para os indivíduos desportistas ou gasto energético leva ao balanço energéti-
que praticam exercícios físicos sem maio- co positivo ou negativo. O balanço energé-
res preocupações com o desempenho, uma tico positivo é a condição básica para o
dieta balanceada, que atenda às recomen- aparecimento da obesidade, alteração nu-
dações dadas à população em geral, é sufi-

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético e Composição Corporal

tricional mais importante em adultos no tisticamente é bem mais vulnerável, pois a


país hoje . Com as mudanças no perfil nutri- atividade física é inquestionavelmente bem
cional e o aumento das doenças crônicas desenvolvida. As DCNT são muito citadas
não transmissíveis (DCNT) cresceram as pelos atletas, existentes em seus familiares.
investigações sobre a associação destas A alimentação de praticantes
doenças com o estilo de vida, particularmen- de atividade física e atletas requer uma
te a ingestão alimentar e a atividade física. escolha apropriada de alimentos e de
Os objetivos principais da avaliação seus nutrientes. Trata-se de um fator
da ingestão alimentar em populações são o importante para manutenção da saúde,
cálculo do balanço alimentar (principalmen- controle de peso e composição corporal
te o balanço energético); a identificação de (Nicastro e colaboradores, 2008). Especifi-
padrões alimentares; a monitoração de camente em atletas jovens, a qualidade
tendências da ingestão de determinados da dieta costuma diminuir (Rego e colabo-
(ou grupos de) alimentos; a identificação de radores, 2015). O acesso aos alimentos
segmentos da população com padrões ali- considerados saudáveis nem sempre é fá-
mentares associados a doenças; e o plane- cil, além do pouco tempo disponível
jamento de programas de assistência ali- para o controle da alimentação.
mentar. No processo de avaliação da in- Neste período, há uma tendência de
gestão alimentar, existem, entretanto, desa- transição nutricional, aumentando o con-
fios que devem ser enfrentados que vão sumo de alimentos ricos em gorduras e
desde como obter informações confiáveis, açúcares e reduzindo os carboidratos
passando pela identificação de sub/super complexos, frutas e legumes (Matthews,
registros até o cálculo de balanço com vis- DoerreDworatze, 2016). Uma má alimenta-
tas ao estabelecimento de recomendações ção gera consequências na composição
e intervenções. corporal, outro fator importante para o bom
Diversos estudos relacionam as desempenho, pois os menores valores
DCNT à alta ingestão de colesterol, ácidos de gordura corporal podem favorecer o
graxos saturados e lipídios totais associada rendimento máximo, devido a movimenta-
à baixa ingestão de fibras. No Brasil, os ção intensa, com alta exigência energéti-
dados comparativos da evolução do con- ca durante as partidas de futebol. A
sumo alimentar avaliado pelas Pesquisas massa corporal excedente, provocada
de Orçamentos Familiares (POF) documen- pelo acúmulo de tecido adiposo, acarreta-
tam essas alterações para a população rá maior dispêndio energético, dificultando
brasileira como um todo. Esse perfil, encon- o processo de recuperação (Petreça, 2009).
trado tanto em países desenvolvidos quanto Deve-se considerar que a individualidade
em muitos países em desenvolvimento, le- biológica de cada pessoa também influ-
vou a Organização Mundial da Saúde encia na composição corporal.
(OMS) a lançar a Estratégia Global sobre O gasto energético varia de in-
Dieta, Atividade Física e Saúde na perspec- divíduo para indivíduo e, dentro do pró-
tiva de prevenção das DCNT para, junto prio jogo, é notório que alguns gastam
com os Estados Membros, estabelecer polí- mais calorias do que outros, conforme
ticas e programas em nível nacional. a posição tática em que atuam. Assim,
No futebol, a preocupação se dá conhecer os nutrientes e seus benefícios
muito mais pela ingestão alimentar propri- para o organismo, torna-se essen-
amente dita e pela questão social que esta- cial a um atleta universitário. A demanda

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético e Composição Corporal

energética exigida pela rotina de treinos duais do atleta. A frequência, à intensi-


e jogos é grande e requer que os joga- dade e a duração do treinamento
dores consumam uma dieta balanceada, também devem ser considerados no pla-
que atenda suas necessidades nutricio- nejamento alimentar.As atividades despor-
nais (Fuke, 2010; Guerra, 2001). Inges- tivas, em especial o futebol, demandam
tões inadequadas podem causar diminui- uma quantidade elevada de energia,
ção do desempenho em treinamentos e interferem na composição corpórea e
competições, além de propiciarem o apare- contribuem com os diferentes fatores
cimento de enfermidades futuras (Panza e ligados ao crescimento, ao desenvolvimen-
colaboradores, 2007). O conhecimento nu- to ósseo e muscular (Elizondo e colabora-
tricional foi desenvolvido para analisar dores, 2015).As necessidades nutricionais
o processo cognitivo individual referente variam conforme às fases de crescimen-
à alimentação e nutrição (AxelsoneBrin- to e devem ser adequadamente supri-
berg, 1992). daspara que o indivíduo possa desen-
Nicastro e colaboradores (2008), volver seu potencial genético em ter-
desenvolveram o primeiro estudo a ana- mos de estatura final, pico de massa
lisar o conhecimento nutricional de atletas óssea e pico de massa muscular
profissionais e amadores de atletismo. (Carvalho,Mezzomo,Lacerda Filho,
2018).Os jogadores de futebol treinam
Em De Lima e colaboradores, com intensidade, de moderada a alta, e
(2010) aplicaram o mesmo instrumento têm suas necessidades energéticas em
em atletas profissionais de futebol, e se torno de 3150 a 4300 kcal (Barros e
depararam com um baixo conhecimento Guerra, 2004; Clark, 1994).O gasto
nutricional por parte dos atletas. Ainda energético durante um treinamento é
assim, os estudos revelam uma carên- em geral de 12 kcal/min. e o de uma parti-
cia em relação à análise do emba- da de 2100 a 2520 kcal (Sanz-Rico e cola-
samento sobre alimentação de atletas boradores, 1998; Shepard, 1999).Portanto,
jovens .Dado que a relação entre a ingestão alimentar e o gasto ener-
o conhecimento nutricional e composição gético devem manter um equilíbrio para
corporal pode ser um componente im- evitar perdas ou ganhos nutricionais não
portante para a saúde e desempenho desejados.Os atletas necessitam de um
esportivo. aporte adequado de carboidratos, para
Através de uma alimentação equili- potencializar os estoques iniciais e a
brada com a presença de todos os reposição pós exercício de glicogênio
nutrientes necessários para o bom funcio- muscular diminuindo a fadiga e man-
namento do organismo, o atleta mantém a tendo à glicose sanguínea durante o
saúde, preserva sua composição corpo- esporte. As gorduras, são utilizadas
ral, os estoques de energia, retarda a no organismo como fonte energética e
fadiga, melhora a performance e à recu- para desempenhar um papel relevante na
peração de possíveis lesões geradas formação de hormônios esteroides e na
pela prática do futebol (Dias,Bonatto, modulação da resposta inflamatória (Krei-
2011).Um bom planejamento alimentar der e colaboradores, 2010).E as proteínas
deve considerar fatores fundamentais, são utilizadas no reparo das lesões nas fi-
tais como: adequação energética da die- bras musculares, no aumento na massa
ta, distribuição dos macronutrientes, dos muscular e na participação como fonte
micronutrientes e às necessidades indivi- energética em exercícios intensos e de

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético e Composição Corporal

longa duração (Poortmans e colaborado- limite pode resultar em estocagem do


res, 2012).Além dos macronutrientes, esqueleto carbônico dos aminoácidos
uma atenção especial deve ser dada a re- na forma de gordura ou na oxidação
comendação das vitaminas e minerais, destes. A oxidação de aminoácidos au-
como cálcio, ferro, vitamina c, entre ou- menta o risco de desidratação devido a
tras podem acarretar disfunções no necessidade de diluição dos seus metabóli-
crescimento, anemia, fadiga e diminuição tos excretados pela urina. Os estudos já
da imunidade (Gleeson, 2016).As vitami- mencionados encontraram ingestão
nas e os minerais são importantes proteica igual ou superior ao reco-
no metabolismo energético, estresse mendado nos atletas por eles estudados
oxidativo, contração muscular e regu- (O’brien e colaboradores, 2019). O que
lação do balanço hídrico (Silva e Rosa, se justifica pela tendência, principal-
2019). Um fato importante a ser consi- mente entre atletas ao uso de dietas
derado é que muitas recomendações ener- ricas em proteínas. De acordo com a dire-
géticas são baseadas nas referências triz da Sociedade Brasileira de Medicina
para adultos, as quais não consideram do Exercício e do Esporte
as especificidades da adolescência (Stei- (SBMEE-2003) ,o consumo de suple-
ger e Williams, 2007). mentos proteicos acima das necessidades
A ingestão adequada de carboi- diárias não determina ganho de massa
dratos tende a melhorar o desem- muscular adicional, nem promove au-
penho, por aumentar os estoques de mento do desempenho. Dessa forma,
glicogênio muscular e glicose circulante. não há evidências científicas de que
Os carboidratos são responsáveis pela dietas com elevado teor proteico, além
manutenção da intensidade do esforço e das necessidades, possam ter efeitos
por proporcionar uma resistência maior à benéficos no desempenho do exercício.
fadiga muscular. Estudos mostram que o Juntamente com o carboidrato,
consumo de carboidratos por jogado- a gordura é a principal fonte de energia
res de futebol, encontram-se abaixo durante o exercício. O objetivo da utilização
do recomendado para o nível de treina- de gordura durante o exercício é pou-
mento (O’brien e colaboradores, 2019. A par o uso do glicogênio muscular, obvi-
fadiga durante uma partida de futebol amente dentro das quantidades e de uma
está associada à depleção dos es- qualidade adequada.
toques de glicogênio muscular. Isto pode Apesar de sua importância, os estu-
ser comprovado devido às baixas con- dos já mencionados encontraram
centrações de glicogênio muscular obser- resultados elevados quanto a ingestão de
vadas no final de um jogo e o uso maior gorduras, o que é um problema muito
deste substrato no primeiro tempo de comum nas dietas de atletas, o que pode
partida comparado ao segundo (Clark, acarretar problemas para a saúde, tais
1994). A recomendação proteica aumenta como dislipidemia, ganho de peso, dores
em até 100% para pessoas fisicamente articulares e consequentemente perda de
ativas e é influenciada por fatores rendimento (O’brien e colaboradores,
como ingestão energética, disponibilida- 2019).
de de carboidratos, intensidade, dura-
ção e tipo de exercício realizado, qua- As vitaminas são micronutrientes
lidade da proteína ingerida, sexo e idade. que apesar de requerem quantidades mí-
Porém o fornecimento excedendo o valor nimas são essenciais para o bom fun-

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético e Composição Corporal

cionamento do organismo, sendo assim mentar o risco de desenvolvimento de


cruciais para o desempenho dos atle- osteoporose (Wondracek, Volkweis e Be-
tas, podendo afetar negativamente a netti, 2017).O balanço positivo de
saúde desses quando não ofertadas cálcio é necessário para o crescimen-
adequadamente. Atletas que seguem uma to linear e obtenção do pico de massa
dieta desequilibrada e com restrição óssea. Entretanto, ingestão de quanti-
de energia podem desenvolver defici- dades elevadas deste mineral pode
ência de vitaminas(Eskici, 2015). interferir na diminuição da absorção de
Os jogadores de futebol, por ferro. No estudo realizado por Wondra-
se exercitarem durante longos períodos cek, Volkweis e Benetti (2017) encontra-
sob alta intensidade, perdem minerais ram que o consumo de cálcio estava
no suor excessivo. Se a ingestao de significativamente inferior ao recomendado
vitaminas e minerais for inadequada, o pelas DRIS, que é de 1.300 mg/dia. Em
seu desempenho pode ser comprometi- um estudo feito por Rodrigues, Spuldaro
do. Além do que, o consumo despro- e Biesek (2016) que investigaram o con-
porcional de alimentos embutidos pode sumo alimentar de atletas adolescentes,
levar à retenção de líquidos, pelo alto encontraram resultados semelhantes
teor de sódio em sua composição (Hirs- em relação à ingestão do cálcio, sendo a
chbruch, 2002) média de 481 ± 134,95 mg/dia, mui-
to abaixo da recomendação.
Na adolescência ocorre aumento
da demanda de ferro devido à constru- Salienta-se a importância de
ção da massa muscular, a qual é uma intervenção nutricional, através do
acompanhada por maior volume san- profissional nutricionista, no planejamento
guíneo e de enzimas respiratórias alimentar das refeições ofertadas aos
celulares (Carvalho, Mezzomo e Filho, atletas e, o investimento neste setor para
2018). que haja qualidade adequada de um mode
geral da alimentação.
Ainda, perdas de ferro em
atletas podem ocorrer devido à hemólise, A adequação da composição
sangramento gastrointestinal, hematúria, corporal e do perfil bioquímico, estão
sudorese, bem como, mudanças na inten- relacionados à melhoria de diversos
sidade e tipo de treinamento ou aspectos do futebol, tais como: agili-
competição. Desta forma, acompanhar o dade, resistência, força, potência e velo-
status de ferro sérico de atletas é im- cidade.
portante para a manutenção e/ou Haja vista que o acúmulo de
adequação do estado nutricional. gordura corporal em esportistas en-
Segundo Vitolo (2008),a deficiência volvidos em atividades que exigem
de ferro na adolescência é uma pro- deslocamento e sustentação da massa
blemática atualmente devido à elevada corporal, está relacionado ao decréscimo
prevalência e as consequências no de performance esportiva, bem como,
desenvolvimento dessa população. pode trazer possíveis riscos à saúde geral
do indivíduo. Além da aptidão física,
A ingestão de cálcio nessa faixa etá- realizar avaliações antropométricas é re-
ria se faz importante nesta fase, pois é levante para traçar o perfil da equipe
onde ocorre a formação óssea, sendo e realizar uma adequada intervenção
um período preocupante, pois pode au- para potencialização dos resultados

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético e Composição Corporal

nos treinos e competições, ademais temente alterados durante e após o


acompanhar o estado de saúde des- exercício físico extenuante (Armstrong e
tes indivíduos. Em esporte de alto colaboradores, 2017).A avaliação da
rendimento, a avaliação com instru- composição corporal pode fornecer in-
mentos e protocolos adequados são formações importantes em relação a di-
essenciais para prescrever o treinamento mensões e elementos corporais de jogado-
individual, de acordo com o objetivo res (Petreça, Bonoldi Júnior, Becker,
de cada atleta (Canever, Baratto, 2017).
2018).Avaliar o consumo máximo de oxigê- A avaliação e a determinação
nio (VO2máx) e a potência são impor- das medidas antropométricas de massa
tantes para verificar as aptidões aeróbicas corporal, estatura e composição corporal
e anaeróbicas.O VO2máxprediz a ca- são essenciais para o êxito da equipe
pacidade funcional do sistema car- durante toda a temporada, visto que es-
diovascular e respiratório, já a potência tas informações devem ser utilizadas pelo
muscular caracteriza a capacidade de ge- treinador para mudar a função do jogador
rar força e movimento, principalmente ou até mesmo mudar a forma tática de
em esportes que envolvem velocidade, toda a equipe, visando maximizar o de-
como no futebol (Peterson e colabora- sempenho da mesma (Canever, Barat-
dores, 2006; Hader e colaboradores, to, 2018).
2016). Estimar a composição corporal
tem fundamental importância não Além disto, a gordura corporal é me-
apenas na determinação do estado nutri- nor em atletas, quando comparada
cional do indivíduo como também na in- com a de indivíduos não atletas. O ex-
fluência do desempenho destas valências cesso de massa corporal pode compro-
que podem variar até mesmo dentro da meter o rendimento físico do jogador de fu-
modalidade (Serra, Ornellas, Navarro, tebol, sendo assim é relevante buscar
2010). amassa corporal ideal de um atleta, vi-
sando potencializar a função muscular
De acordo com Lohman(1992) o va- para que este possa atingir o melhor resul-
lor esperado de gordura corporal relati- tado, vistoque jogadores de futebol preci-
vamente desejado para atletas do sexo sam transportar sua massa corporal nos
masculino é de 13 a 15%. Acima desses deslocamentos que ocorrem durante um
valores é possível que o desempenho jogo, e quando em excesso gera fa-
seja prejudicado, além de aumentar o diga precoce e trabalho desnecessário
risco de lesões e outros agravos. O moni- (Serra, Ornellas, Navarro, 2010)
toramento de marcadores bioquímicos
é necessário para conhecer o estado A importância em ter o percentual
orgânico de atletas diante da rotina ex- de gordura na média é de evitar níveis de
tenuante de treinamento e competição. Ao fadiga muscular, prevenindo lesões e
acompanhar e compreender parâme- outras complicações (Ribas e colabora-
tros bioquímicos que influenciam na per- dores, 2014). Segundo Jeukendrup, Glee-
formance do esportista podem-se compre- son (2010),esportes têm exigências
ender as adaptações fisiológicas frente a diferentes nos componentes, como por
prática desportiva e adequada prepara- exemplo no percentual de gordura, sendo
ção física do atleta, podendo ser um dife- que este pode influenciar no desempenho
rencial no desempenho esportivo. Níveis do atleta exigindo em jogadores de fute-
de fluídos e eletrólitos são constan- bol valores entre 10 e18%.

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Balanço Energético e Composição Corporal

Valores de massa gorda redu- apresentou valores maiores do percen-


zidos podem favorecer o rendimento, vis- tual de massa magra, ou seja, análise de
to que a movimentação durante os jogos é bioimpedância (BIA) de 67,8 ± 16,3. A
intensa, com alta exigência energética. As- composição corporal e A massa corpo-
sim, a massa corporal excedente, gerada ral, são dois dos vários fatores que
pelo maior acúmulo de tecido adiposo, de- contribuem para uma ótima performance.
nominado de massa corporal inati- A massa corporal pode influenciar a ve-
va, resultará em maior dispêndio locidade, resistência e potência dos atle-
energético, dificultando no processo de tas, enquanto a composição corporal
recuperação pós-esforço (Freitas e colabo- pode afetar a força, a agilidade e a apa-
radores, 2017). rência dos mesmos, estes dois fatores
De acordo com Matzenbachere devem se encontrar em taxas favo-
colaboradores(2016), modificações na ráveis (Candia, 2007).
composição corporal em relação ao per-
centual de gordura podem ocorrer em
razão de diversos fatores, tais como:
perfil genético, estado e o período do
treinamento, o nível competitivo e a idade
dos jogadores. O futebol é uma modalidade
caracterizada por esforços intermitentes,
de extensão variada e de periodicidade
aleatória, onde valores ótimos de gordu-
ra corporal para futebolistas são difíceis
de definir. Gerosa-Neto e colaboradores
(2016)em um estudo com 82 jogadores
profissionais de futebol de campo obtive-
ram valor médio para percentual de gor-
dura de 14%. Valores semelhantes aos
encontrados por Silvestre e colaboradores
(2006) (13,9%).
A quantidade de massa magra
é um fator importante na determinação
da aptidão física. Porém, a densidade
depende da proporção do conteúdo
mineral e a água corporal, o que pode
variar. Assim, se um indivíduo apresentar
hiper-hidratação, o valor de massa ma-
gra será superestimado, pois através da
quantidade de água corporal total pode-
se obter a massa corporal magra (Ribas e
colaboradores, 2014). Pineau e
Frey(2014), avaliaram a composição cor-
poral de 30 atletas de diferentes modalida-
des, do gênero masculino, com idade supe-
rior a 18 anos. O resultado encontrado

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
Referências
Bibliográficas
Axelson, M.;Brinberg,D. The measurement and conceptualization of nutrition knowledge. JNutr Educ. Vol.
24. 1992. p.239-246. 2-Brasil, Ministério da Saúde. Manual de Vigilância Alimentar e Nutricio-
nal (SISVAN):

Orientações Básicas para coletas, processamento, análise de dados e informações e serviços de saú-
de. Brasília.2004

BERNING, J. R. Nutrição para o desempenho em exercício e esportes. In: MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP,
S. Krause:  Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Tradução de Andréa Favano. São Paulo: Roca,
2005,11. ed., cap. 26, p. 598.

Canever, M.F.; Baratto, I. Avaliação da composição corporal de uma equipe profissional de futsal da
cidade de Pato Branco-PR. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. São Paulo. Vol. 12. Num.
69. 2018. p. 21-29.

Cooper,K. H. A Means of Assessing Maximal Oxygen Intake: Correlation Between Field and Treadmill Tes-
ting. JAMA. Vol. 203. 1968. p. 135-138.

Mendonça CP, Anjos LA. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do
crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad Saúde Pública 2004; 20:698-709. 2. Popkin
BM. The nutrition transition and obesity in the developing world. J Nutr 2001; 131:871s-3s.

BRAGGION, G. F. Suplementação Alimentar na Atividade Física e no Esporte – Aspectos Legais na Conduta


do Nutricionista: aporte de vitaminas e minerais: Nutrição Profissional, São Paulo, ano 4, n. 17, p. 41-
50, jan./fev. 2008.

CABRAL, C. A. C. et al. Diagnóstico do est. Nutricional dos atletas da equipe Olímpica Permanente de Le-
vantamento de Peso do Comitê Olímpico Brasileiro (COB): Revista Brasileira de Medicina do Espor-
te, v. 12, n.6, Niterói, nov./dez. 2006.

COSTILL, D. Nutrição: A Base para o Desempenho Humano. In: Fisiologia do Exercício. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, 2008

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
GUERRA, I. P. L. R; BARROS NETO, T.; TIRAPEGUI, J. Futebol: Uma revisão. In: Nutrire, ver. Soc. Bras. Alim.
Nut., São Paulo, v. 28, p. 80-90, dez. 2004.

GOMES, A. I. da S.; RIBEIRO, B. G.; SOARES, E. de A.. Caracterização nutricional de jogadores de elite de
futebol amputados: Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 1, Niterói, Jan./Feb. 2005.

Matzenbacher, F.; Pasquarelli, F,N.; Rabelo, F,N.; Stangarelli, L.C.R. Demanda fisiológica no futsal competiti-
vo: características físicas e

fisiológicas de atletas profissionais. Rev Andal Med Deporte. Vol. 7. Núm. 3. 2016.p.122-132

O'brien, L.; Collins, K.; Doran, D.; Khaiyat, O.; Amirabdollahian, F.; Dietary Intake and Energy Expendi-
ture Assessed during a Pre-Season Period in Elite Gaelic Football Players.Sports. Vol. 7.
Num. 3. 2019. p. 62

PANZA et al. Consumo alimentar de atletas: reflexões sobre recomendações nutricionais, hábitos alimentares
e métodos para avaliação do gasto energético e consumo energético. Revista de Nutrição, Campi-
nas, v. 20, n. 6, nov./dec. 2007.

RAMOS LIMA, G. G.; PERCEGO, D. A.. A Importância da Nutrição no Futebol: Nutrição e Performance, São
Paulo, ano 3, n. 13, p. 13-17, out./nov. 2001.

RIVERA, F. S. R.; SOUZA, E. M. T. de. Consumo alimentar de escolares em uma escola rural. Disponível em:
http://64.233.169.104/search?q=cache:vY8fBFqRlt8J:www.fepecs.edu.br/revista/artigos2_2006/Arti-
go4.pdf+%25+de+adequa%C3%A7%C3%A3o+de+micronutrientes+segundo+a+OMS&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=7&gl=br

Rodrigues, B.; Spuldaro, L. I.; Biesek, S. Intervenção nutricional em atletas adolescentes praticantes de
Futsal de uma Associação Atlética de Curitiba-PR.Revista Brasileira de Nutrição Esportiva.-
São Paulo.Vol. 10. Num. 56. 2016. p. 126-135

SAÚDE E PERFORMANCE. Orientações gerais para os treinos de futebol. Disponível em: http://www.jornalli-


vre.com.br/135076/orientacoes-gerais-para-os-treinos-de-futebol.html

VIEBIG, R. F.; NACIF, M. de A. L.. Nutrição aplicada à atividade física e ao esporte. Nutrição e atividade física.
In: Silva, S. M. C. S. da; MURA, J. D. P.. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo:
Roca, 2007. Cap. 16, p. 224-226.

Vitolo, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rubio. 2008

ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL
ESPECIALIZAÇÃO
NUTRIÇÃO PARA O FUTEBOL

$yfl

Você também pode gostar