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RESUMO
INTRODUÇÃO
Para dar início ao trabalho, foi realizado uma visita a unidade básica de saúde com o
objetivo de conhecer o local e as pessoas que compõem a equipe de Estratégia de Saúde
da Família (ESF). Além disso, buscou-se criar vínculo para uma melhor execução da
atividade sem que o trabalho da equipe da ESF sofresse intercorrências. Ainda nesse
primeiro contato, foram realizadas conversas entre as alunas e coordenador da unidade,
que pontuou várias dificuldades e demandas.
Ficou acordado entre estagiárias e coordenador que as visitas aconteceriam todas as sextas
feiras e as alunas acompanhariam o trabalho das ACS nas visitas domiciliares realizadas
as famílias que possuía idosos. As observações e questionários foram feitas entre os dias
8 de Outubro e 12 de Novembro de 2021. No geral, foram realizadas uma conversa com
coordenador, três visitas, um retorno, e questionário estruturado com enfermeira chefe e
agente comunitária de saúde. Por não haver atendimento psicológico local e analisando
os questionamentos feitos pela equipe da ESF, o grupo optou por não estender as
visitações para não gerar intercorrências na UBS e um fazer social que deixaria de existir
em poucos dias, deixando um “vazio” que não seria possível preencher.
Em visita realizada a uma idosa, chamada Helena (nome fictício), esta relatou sobre um
sentimento de abandono pela família. Além disso, também foi diagnosticada com
ansiedade e síndrome do pânico. Recorre a medicamentos para diabetes como
Sinvastatina, Metformina, para osteoporose Alendronato de Sódio e Clonazepam devido
à ansiedade. Apesar do relato da necessidade de fazer o uso do medicamento controlado,
informou que a família não aceita que ela os utilize.
Trouxe uma narrativa de vida sofrida, informando que seu marido é alcoólatra desde a
fase do namoro e que ela sofreu e continua sofrendo com situações de agressões
psicológicas dentro do lar. Deixou claro um relato de relacionamento abusivo por ser
controlada pelo marido em alguns afazeres.
Apesar de conviver diariamente com o filho e marido, deixou claro que eles não a
procuram para conversar, informou que os filhos deixam aparente a vontade de que ela
faleça, nesse momento expressou com muito vigor o sentimento de inutilidade e
inferioridade. Porém, no retorno, dona Helena demonstrou estar diferente, com
pensamentos positivos para mudança e com perspectiva para viver melhor. Deixou claro
que a presença das estagiárias foi de grande valor para que ela desse um “start” sobre seu
modo de vida.
Já em outra visita, o segundo grupo foi até a residência de dona Nair (nome fictício), uma
senhora de 72 anos que logo com a chegada das alunas se mostrou bem receptiva, disposta
a conversar e contar sobre sua história. Relatou que toma vários medicamentos e que um
deles é o Bromazepan 6mg uma vez ao dia devido à ansiedade, pois sofreu um trauma
muito grande em sua vida e que após isso não consegue mais ficar sozinha em casa,
começou a ter crises de pânico, ansiedade, depressão e choro durante a noite sem motivo
aparente. Dona Nair contou ainda que estava sem seus medicamentos de hipertensão e
que por isso estava pegando remédio emprestado com sua vizinha porque há muito tempo
não conseguia recebê-los da unidade de saúde. Quando questionada pelas alunas sobre
essa questão, a agente de saúde respondeu que verificaria na UBS o que havia acontecido
porque lá teria todo o histórico da idosa. No final da visita, dona Nair se mostrou mais
alegre por conseguir desabafar um pouco sobre sua vida e seus medos.
Esses grupos enfrentam grandes desafios diariamente em lares no qual se deparam com
idosos portadores de transtornos mentais, casos de negligência ou mesmo abandono,
pessoas que necessitam de uma atenção maior. Durante o período em que estivemos em
campo na unidade de saúde de Porto Santana em Cariacica/ES, foi possível notar com
precisão essa deficiência.
O trabalho afeta a vida do trabalhador, e seus modos de gerir sua vida afetam
suas práticas de trabalho, ou seja, a afetação provocada pelos diversos
encontros com a diferença, seja ela com relação ao território em que habitam
os usuários, a forma de vida deles, as articulações que os usuários fazem para
viver, as suas condições de vida e até mesmo a forma com eles governam suas
vidas, irão reverberar em suas práticas cotidianas, mais especificamente nas
práticas de cuidado, acolhimento e responsabilização pela demanda.
(CAMURI, DIMENSTEIN, p.810, 2010)
Além disso, é preciso pensar na formação do profissional que atua na Atenção Básica,
sobretudo aqueles que trabalham diretamente com o atendimento domiciliar, para que
esse entenda que o seu fazer pode gerar transformações positivas, saindo do método
institucionalista de atuação, produzindo acolhimento, atenção, vínculos, e dessa forma,
promovendo o bem-estar.
Não há para essas equipes nenhuma orientação sobre que tipos de intervenções
devem ser desenvolvidas para essas pessoas com necessidades múltiplas,
vivendo situações de isolamento social, de abandono familiar e com baixo
nível de adesão aos serviços de saúde. O trabalho cotidiano apresenta-se
instituído, dentro dos padrões conhecidos e pouco inovador. Os processos de
trabalho são esquadrinhados a partir de cada categoria profissional e o usuário
não é compreendido a partir das problemáticas sociais do território onde vive.
(CAMURI, DIMENSTEIN, p.812, 2010)
Apesar de não haver muitas visitações, foi percebido a necessidade de escuta psicológica
com as idosas. Em um dos casos, notou-se que o comparecimento das estudantes foi
transformador, produzindo um pensamento libertador que levou a promoção do bem-
estar.
LÓSS, JCS, Meira LC, Figueira HM. A saúde mental do idoso na atenção primária e
o papel do médico de família. Anais Congr Capixaba Med Fam Comunidade.
2020;2:108.
ANEXOS