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Neste sentido, Caputo Bastos, 2018, p. 97-99, faz o seguinte histórico do direito de
arena:
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CF, art. 5º, XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
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Lei nº 8.672, de 06.07.93, Art. 24. Às entidades de prática desportiva pertence o direito de autorizar a
fixação, transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo desportivo de que participem.
§ 1º Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço da autorização serão distribuídos, em
partes iguais, aos atletas participantes do espetáculo.
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Lei nº 9.615, de 24.03.98, Art. 42. Às entidades de prática desportiva pertence o direito de negociar,
autorizar e proibir a fixação, a transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo ou eventos
desportivos de que participem.
§ 1º Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço total da autorização, como mínimo, será
distribuído, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo ou evento.
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Lei n° 9.915/98, artigo 42, com a redação da Lei nº 12.395/2011. Art. 42. Pertence às entidades de
prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou
proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens,
por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem. (Redação dada
pela Lei nº 12.395, de 2011).
§ 1º Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% (cinco por cento) da receita proveniente da
exploração de direitos desportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas profissionais,
e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela
de natureza civil. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
qual participe seja objeto de cobrança a terceiros, retribuindo-se ao atleta
alguma espécie de pagamento, como ocorre nos jogos de futebol. Esta é a
essência do direito de arena, consagrado, inclusive, no art. 5º, XXVIII, a, da
CF: “XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às
participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas”.
O art. 42, caput, da Lei n. 9.615/1988 (Lei Pelé), com a redação que foi
imposta pela Lei n. 12.395/2011, assim definiu o direito de arena:
A inovação legislativa, portanto, trouxe para cenário normativo do direito de arena, três
significativas mudanças: a) a redução do percentual destinado ao atleta, de 20% para
5%; b) a fixação da natureza civil da parcela paga ao atleta por sua participação no
espetáculo; c) a participação, como intermediário, do sindicato da categoria profissional,
cuja lei passa a atribuir o múnus de receber a participação do atleta e de distribuí-la aos
participantes do espetáculo.
Quanto à redução do percentual (a), explicou Corrêa da Veiga, 2016, p. 106-112, que a
origem desta alteração legal, fora um acordo firmado entre os sindicatos dos atletas e os
clubes de futebol, homologado em 2000, perante o Juízo da 23ª Vara Cível do Rio de
Janeiro, nos autos do processo nº 07.001.141973-5, no qual houve a redução do
percentual de direito de arena de 20% (previsto na legislação vigente), para 4%. Explica
o autor que, antes da alteração legal promovida em 2011, eram raros os casos em que o
atleta recebia alguma quantia de direito de arena (daí porque a lei passou a prever a
participação dos sindicatos nesta repartição). Segundo o articulista, com base na referida
ação ordinária, que resultou no acordo citado, o sindicato da categoria profissional
conseguiu reunir quantias relevantes que, ao ver da entidade sindical, justificou a
redução do referido percentual a ser recebido.
A redução do percentual, por negociação coletiva, acabou não sendo aceito pela Justiça
do Trabalho7, até que o tema restou pacificado com a promulgação da referida lei, em
2011.
Todavia, ao contrário do que se poderia prever, diante do múnus público dos sindicatos
na defesa dos interesses individuais e coletivos da categoria profissional (art. 8º, III, da
CF), o repasse dos valores aos atletas pela participação no espetáculo desportivo, nem
sempre vem ocorrendo de forma tempestiva e efetiva, o que levou o legislador a
promover mais uma alteração no artigo 42 da Lei nº 9.615/98, como será demonstrado a
seguir.
Diante da falta de efetividade e presteza nos repasses aos atletas, dos valores recebidos
pelos sindicatos a título de direito de arena, a Lei nº 9.615/98 recebeu nova alteração,
tendo sido introduzido, em péssima técnica legislativa8, o art. 42-A, pela Lei nº 14.205,
de 17.09.2021, com a seguinte redação:
Abstraindo-se das demais alterações previstas no artigo 42-A, que escapam ao escopo
deste estudo, a que interessa diretamente a este trabalho está definida no parágrafo
quarto, que impõe o repasse pela entidade sindical, aos atletas, dos valores do direito de
arena, no prazo de 72 horas do recebimento pelo sindicato. A novidade, portanto, é o
prazo, antes omisso na legislação pretérita.
Os sindicatos de atletas, como se disse, não são titulares dos valores pagos a título de
direito de arena. Os sindicatos são meros depositários, com a obrigação de, após a
arrecadação, transferirem 5% destes valores aos atletas, cujo restante pertence à
entidade desportiva, por expressa disposição legal.
Os sindicatos recebem os valores em razão da determinação do art. 42, § 1º, da Lei
9.601/98, constituindo modalidade de depósito necessário, por obrigação legal, como
prevê o art. 647, caput, e inciso I, do Código Civil, in verbis:
No que diz respeito ao deposito voluntário, o art. 628, do Código Civil, também de
aplicação subsidiária ao depósito necessário, expressamente dispõe que:
Mesmo que a lei civil não tivesse tal previsão de gratuidade do depósito, o sindicato,
que exerce o múnus público de defesa dos interesses individuais e coletivos dos atletas
(art. 8º, III, da CF), não poderia cobrar qualquer valor por tal depósito. Para o sustento
do sistema confederativo de entidades sindicais e, em particular, da entidade sindical de
primeiro grau, denominada sindicato, o ordenamento jurídico brasileiro já prevê
inúmeras contribuições9.
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O custeio do sistema sindical brasileiro é feito por meio de pelo menos quatro tipos de
receitas, consagradas no ordenamento jurídico, a saber: a) contribuição sindical, de natureza
facultativa, prevista em lei e amparada constitucionalmente (CLT, arts. 578 a 610 e CF, art. 8º,
IV); b) contribuição confederativa, com previsão constitucional e necessidade de aprovação
em assembleia da categoria (art. 8º, IV, da CF), ainda assim devida somente aos associados do
sindicado (PN nº 119, da SDC/TST, Súmula nº 666, do STF e Súmula Vinculante nº 40 do STF); c)
mensalidade associativa, exigível daqueles que tomarem a iniciativa de se associarem ao
sindicato; d) a contribuição assistencial, em regra devida quando da assinatura da Convenção
ou Acordo Coletivo de Trabalho, com a finalidade de ressarcir a entidade sindical dos gastos
Os sindicatos, portanto, como fiéis depositários dos valores de direito de arena, na
proporção de 5%, têm dever de guarda deste bem, de forma gratuita, bem como de
transparência na gestão deste patrimônio.
Os sindicatos, atentos ao múnus público que lhe foi atribuído por lei, e ampliado pela
Constituição da República, têm o dever de agir de acordo com seus objetivos
estatutários e estes, por sua vez, não devem se afastar do escopo constitucional que
definiu a atribuição dos sindicatos, conforme regra do art. 8º, III, da CF:
A natureza jurídica de direito privado dos sindicatos não lhes retira sua missão pública
e, consequentemente, as prerrogativas e ônus inerentes a este múnus.
Da mesma forma que o Estado concede benefícios aos sindicatos, como, por exemplos,
fonte de custeio imposta por lei (refiro-me à contribuição sindical acima mencionada), e
a imunidade tributária do seu patrimônio (art. 150, VI, “c”, da CF 12 c/c Súmula 724 do
STF, convertida na SV n° 5213), também impõe aos dirigentes sindicais enorme
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A própria norma constitucional – art. 8º, I – ressalvou a necessidade de registro do sindicato
no órgão competente, como requisito para sua existência jurídica. Registro não se confunde
com autorização do Estado. O registro consiste no simples depósito dos estatutos do sindicato
no Ministério do Trabalho. O único juízo que este órgão poderá fazer, no que tange ao registro
do sindicato, diz respeito à verificação do respeito à unicidade sindical. Neste sentido a Súmula
677 do STF: “Até que lei venha a dispor a respeito, cabe ao Ministério do Trabalho proceder ao
registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade”.
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A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical.
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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio,
renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
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Súmula 724 do STF. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, desde
responsabilidade quanto à gestão das entidades sindicais. Tanto é assim que o art. 522
da CLT promoveu a equiparação dos dirigentes sindicais aos gestores públicos,
conforme segue:
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. A referida
súmula foi convertida na Súmula Vinculante nº 52: Ainda quando alugado a terceiros,
permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art.
150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas. (destaquei as mudanças).
permanece, indevidamente, com o numerário dos atletas, pratica crime de apropriação
indébita, nos termos do art. 168, caput, do Código Penal, a seguir transcrito:
A entidade sindical, não obstante sua natureza jurídica de direito privado, exerce função
pública que permitiu ao legislador, como visto acima, distingui-lo dos demais entes
privados. Diante deste múnus público, entre tantas funções que foram atribuídas aos
sindicatos, está a guarda e o dever de distribuição dos valores devidos a título de direito
de arena.
No que diz respeito aos entes públicos, e até mesmo às entidades privadas que recebem
recursos públicos, a Lei de Transparência (Lei nº 12.527, de 18.11.2011), criou uma
série de mecanismos para viabilizar o acesso às informações de interesse público, a fim
de dar concreção ao art. 216, § 2º, da CF:
A Lei de Transparência, acima referida, em seu artigo 10º, permite que qualquer
interessado tenha acesso às informações de interesse público.
A lei também cuida, em seu art. 31, do acesso às informações de cunho pessoal, e
resguarda o sigilo e a intimidade de tais dados, a saber:
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de
forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e
imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
As informações acerca dos valores a título de direito de arena são de ordem pessoal dos
atletas e, da mesma forma referida na Lei de Transparência, devem ser preservadas. Isso
não impede, contudo, que os sindicatos, de forma premente e transparente, mantenham
em seus portais, sites ou qualquer outro veículo de comunicação com a categoria, listas
atualizadas e acessíveis por senha, para que cada atleta possa, imediatamente, saber os
valores que lhe são devidos.
7. A PARTICIPAÇÃO DA ANDD
O Estatuto da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD) inseriu em seu art. 4º,
IV, entre as finalidades da instituição:
A nosso ver, a ANDD possui legitimidade tanto para fazer uma denúncia ao Ministério
Público, para que este possa buscar a tutela do interesse coletivo dos atletas às
informações quanto ao pagamento do direito de arena, quanto para propor, de forma
independente, medida judicial com este propósito, na tutela de interesse difuso de toda a
sociedade.
O interesse dos atletas à informação sobre o direito de arena constitui direito coletivo
stricto sensu, conforme previsão do art. 81, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC):
No que diz respeito à atuação do parquet, parece-nos, salvo melhor juízo, que se insere
na atribuição do Ministério Público do Trabalho. Neste sentido, a Lei Complementar
75/93, art. 83, III, in verbis:
O acesso à informação dos atletas quanto ao direito de arena, e o dever das entidades
sindicais em disponibilizar tal informação, são temas que se inserem na competência da
Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, I, da CF:
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Art. 81, III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum.
DIREITO DE ARENA. CONTRATO DESPORTIVO QUE TEVE
INÍCIO, DESENVOLVIMENTO E FIM NA VIGÊNCIA DO
TEXTO LEGAL ANTERIOR À LEI Nº 12.395/2011.
PERCENTUAL PREVISTO EM ACORDO JUDICIAL. DECISÃO
FUNDAMENTADA NA VALIDADE DE ACORDO DE REDUÇÃO
DO DIREITO DE ARENA. Trata-se o presente caso de redução do
direito de arena de contrato desportivo que teve toda a sua vigência
em período anterior à alteração da Lei nº 12.395/2011, em que existe
acordo judicial firmado perante o juízo cível prevendo a redução do
percentual do direito de arena de 20% para 5%. A nova lei alterou o
texto do artigo 42, §1°, da Lei n° 9.615/98, estabelecendo para os
atletas o percentual de 5% a título de direito de arena e a natureza civil
da parcela. Pelo texto anterior da lei, o direito de arena era de 20% e a
jurisprudência firmou-se no sentido de que a parcela era de natureza
remuneratória. A lide deve ser analisada sob a redação e interpretação
da lei antiga (tempus regit actum), porque o contrato desportivo teve
início, desenvolvimento e fim antes da vigência da Lei n°
12.395/2011. Pelo texto da lei antiga, salvo convenção em contrário, o
percentual aplicável era o de 20%. A convenção a que aludia a lei era,
evidentemente, a coletiva, inclusive porque a participação era para
distribuição coletiva aos atletas. E a convenção coletiva de trabalho,
redutiva de direitos para 5%, não foi firmada. O que foi firmado
foi um acordo em juízo incompetente para o desiderato (Juízo
Cível), sem que a categoria representada pelo sindicato dos atletas
o tivesse autorizado em assembleia. Assim, tem-se por ineficaz, para
efeitos trabalhistas, o acordo judicial, visto que foi celebrado sem que
a categoria profissional fosse ouvida, com vício de forma, e sendo o
referido acordo firmado perante um juízo incompetente. Recurso de
revista não conhecido, no particular. (grifei)
Esta demanda, no nosso ponto de vista, é de competência da Justiça do Trabalho 16, pois
se trata de conflito envolvendo trabalho, ainda que interpretado em sentido amplo
(acesso à informação).
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Art. 81, I, da Lei nº 8.078/90 - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato;
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Revimos nossa posição em sentido contrário, defendida em outro artigo que deu sustentação ao
presente: Dever de Transparência das Entidades Sindicais quanto aos valores devidos a título de direito
de arena, 2016, p. 153-154.
ou difuso)17, com existência jurídica a pelo menos 1 ano, tutelar em juízo o direito de
arena negado, ou retardado, pelo sindicato da categoria profissional.
Todavia, nada obsta a utilização de medidas executivas indiretas, a fim de que seja
cumprido o comando legal de repasses ao atleta, como a fixação de multa-diária
(astreinte), até que se efetive o cumprimento da obrigação pelo sindicato, de repassar ao
titular do direito (atleta), seus valores a titulo de direito de arena.
O sindicato não é devedor do ponto de vista estritamente técnico do termo, pois não
mantém com o atleta uma relação obrigacional de crédito e débito. Todavia, sua função
de depositário lhe impõem condutas que, se descumpridas (atraso no repasse), permite
ao Judiciário a utilização de medidas coercitivas, para efetivar o cumprimento de ordens
judiciais, conforme prevê o artigo 139, IV, do CPC, in verbis:
(...)
10. CONCLUSÕES
17
Neste sentido, André Roque, 2019, p. 12: “Quanto às associações civis, para que ostentem
legitimidade, devem obedecer aos requisitos da pré-constituição de um ano (que poderá ser dispensada
pelo juiz se houver manifesto interesse social) e da pertinência temática, ou seja, a matéria discutida na
ação coletiva deve se inserir nos fins institucionais da associação (art. 5º, V e § 4º da Lei n.º 7.347/1985
e art. 82, IV e § 1º do CDC).
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Neste sentido já decidiu o STJ, RECURSO ESPECIAL Nº 1.758.774 - SP (2014/0346346-4), relatora
Ministra NANCY ANDRIGHI, julg em 12.10.2018.
1. Os sindicatos de atletas, como fiéis depositários dos valores devidos a estes
últimos, a título de direito de arena (art. 42, § 1º, da Lei nº 9.615/98), têm o
dever de guarda e restituição do numerário que lhes foi confiado, por depósito
legal, portanto necessário, nos termos do art. 647, I, do Código Civil.
2. O múnus público exercido pelo sindicato de classe lhe impõe uma série de
responsabilidades quanto à gestão de seu patrimônio, bem como quanto ao
patrimônio de terceiro (direito de arena), com o risco da prática de crime de
apropriação indébita, ou mesmo de peculato.
3. Os sindicatos têm o dever de dar transparência à gestão do direito de arena, pois
não se trata somente de direito individual do atleta, ou da coletividade de
atletas, mas sim toda a sociedade (direito difuso) quanto ao acesso à
informação, pois envolve a manutenção da prática do desporto.
4. O Ministério Público do Trabalho possui legitimidade, e a Justiça do Trabalho
competência, para exigir dos sindicatos transparência na informação quanto à
distribuição do direito de arena aos atletas profissionais.
5. A ANDD possui legitimidade para buscar a tutela, na esfera cível, quanto à
informação relativa à distribuição do direito de arena, com interesse na
preservação do desporto, resguardada a intimidade dos atletas e o sigilo quanto
às informações de cunho pessoal.
6. Na tutela do direito individual de repasse ao atleta, da parcela que lhe é devida a
titulo de direito de arena, cabe a fixação de multa-diária a ser imposta ao
sindicato que descumpre ou retarda o repasse do direito de arena ao atleta, na
forma do art. 139, IV, do CPC.
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2008.
MOURA, Marcelo. Curso de Direito do Trabalho. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016
MOURA, Marcelo Antonio de Oliveira Alves de. Dever de transparência das entidades
sindicais quanto aos valores devidos a titulo de direito de arena. In: OLIVEIRA,
Leonardo Andreotti Paulo de (Coord.). Direito do Trabalho e Desporto. Vol. III. São
Paulo: Quartier Latin, 2016.
VEIGA, Mauricio de Figueiredo Corrêa da. A verdadeira história do acordo judicial que
fixou em 5% o percentual do direito de arena. In: BARROS, Marcelo Jucá e VEIGA,
Mauricio de Figueiredo Corrêa da (Org.). Revista da Academia Nacional de Direito
Desportivo (ANDD). Ano 1, nº 1, Rio de Janeiro, Jan/2016.