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Desenvolvimento de Estudos de Engenharia Geotécnica/

Geologia com Vistas à Geração de Relatório e Mapa


Geotécnico dos Solos e Rochas Superficiais da Área Urbana
da Cidade de Caxias do Sul
CONTRATO DE ASSESSORIA TÉCNICA ESPECIALIZADA UFRGS-PMCS

PRODUTO 4 – RELATÓRIO E MAPA FINAL


(setembro,2005)

Equipe :
Prof. Luiz A. Bressani, PhD
Prof. Juan A. A. Flores, PhD
Géol. Lisandro F. Nunes

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004


MINISTÉRIO DAS CIDADES / CAIXA
PROGRAMA HABITAR BRASIL BID
SUBPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
ESTUDO E MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL


Estudos para geração de mapa geotécnico da área urbana de Caxias do Sul

RESUMO
Este Relatório apresenta os resultados do levantamento geológico-geotécnico
realizado para obtenção dos Mapa Básico de Unidades Geotécnicas da área urbana de
Caxias do Sul. Foram realizados estudos de petrografia e mineralogia das principais
rochas presentes na área, realizados ensaios geotécnicos nos solos derivados destas
rochas. Foram encontradas os seguintes principais materiais rochosos, denominados
segundo a sua maior área de abrangência na cidade:
(a) Dacito Ana Rech - encontra-se na região administrativa de Ana Rech e grande
parte da área norte do cidade, geralmente nas cotas superiores na região
(podendo atingir cota (900m);
(b) Dacito Caxias (muitas vezes localmente denominado Carijó) – é o de maior
abrangência na região, ocupando a parte central da cidade e grande parte da
área ao sul do centro. Geralmente encontra-se desde a cota 700m até o
contato com o Dacito Ana Rech (variável);
(c) Topo do Dacito Caxias – este material se constitui da porção de topo do
derrame anterior mas apresenta características vítreas tão importantes que
poderia ser identificado como Vitrófiro Forqueta. Sua presença mais
característica é na região administrativa de Forqueta mas ocupa diversas
áreas mais planificadas da cidade que são topos de erosão como a região do
aeroporto. Devido à origem, as cotas de ocorrência acompanham as do Dacito
Caxias/Carijó;
(d) Dacito Canyon – este material tem grande importância por ser altamente
alterável e ocorrer em algumas áreas de cidade. Seus afloramentos mais
importantes e característicos são no bairro Canyon (no entorno da cota 700m),
junto à entrada do Bairro Santa Corona (cota 680m) e nos vales ao sul da
cidade (em direção a Galópolis e também ao sul do Desvio Rizzo;
(e) Dacitos Galópolis – originalmente 2 derrames que ocorrem de forma bem
característica na região de Galópolis, foram unificados em uma só unidade
devido à declividade do local, o que proporciona uma proximidade em planta
baixa, e semelhança de comportamento dos solos plásticos derivados.

Para fins de mapeamento de materiais geotécnicos, foram realizadas inspeções


de campo, analisadas fotos aéreas e realizados ensaios geotécnicos de caracterização. A
partir da análise detalhada das fotos aéreas em escala 1:30.000, juntamente com o
conhecimento obtido na inspeção direta de cerca de 330 pontos de campo, foram
lançados na base base cartográfica (Mapa de Unidades Geotécnicas), os contornos que
delimitam a presença dos seguintes solos derivados das rochas acima descritas:
(a) Solo Ana Rech - solos não-plásticos, de cor bruno-amarelado, originados
do Dacito Ana Rech. Incluem horizontes B incipientes e solos saprolíticos;
(b) Solo Forqueta – solos plásticos, vermelhos com bandas de alteração,
originados, na sua maioria, da porção superior vítrea do Dacito Caxias;
(c) Solo Caxias/Carijó – solos saprolíticos pouco ou não-plásticos, cinza a
levemente avermelhados, com estruturas estratificadas horizontais
geralmente bem visíveis, originados da alteração da proção mediana do
Dacito Caxias/Carijó;
(d) Solo Canyon – solos plásticos a muito plásticos, vermelhos a bruno-
avermelhados, podendo conter argilas expansivas, originados da
decomposição da espessa porção superior vítrea do Dacito Canyon;

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(e) Solos Galópolis – solos plásticos originados dos Dacitos Galópolis. Devido
à declividade das zonas de ocorrência, encontram-se geralmente
misturados com materiais transportados de cotas superiores. Em planta
baixa observa-se a presença de solos do horizonte B e solos saprolíticos
em grande proximidade com depósitos de colúvios.

A disposição destes materiais em planta foi bastante afetada por movimentos


tectônicos que provocaram deslocamentos de blocos e tiveram grande importância na
modelagem da topografia e paisagem atual da região. Alguns destes movimentos
provocaram um grande fraturamento das rochas em certas regiões o que causou
intemperismo intenso posterior. Estas zonas de lineamentos são apontadas no mapa.

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O Plano Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais (PEMAS),


elaborado pela Unidade Executora Municipal (UEM) a partir das diretrizes do Programa
Habitar Brasil/BID – Subprograma Desenvolvimento Institucional (DI), contempla a
elaboração de estudo e mapeamento das áreas de risco na área urbana da sede do
município de Caxias do Sul.
O objetivo deste trabalho, segundo o documento de contratação, é a elaboração
de um mapa básico geológico-geotécnico da área urbana do município de Caxias
do Sul. O mapeamento aqui apresentado gerou um Mapa de Unidades Geotécnicas
dentro da área urbana de Caxias do Sul, que representam comportamentos geotécnicos
similares. Para isto foram inspecionados e descritos os principais tipos de solos
presentes na região com comportamento geotécnico similares sob o ponto de vista de
interesse para obras e ocupação urbana.
A realização do mapa teve como premissa norteadora a de servir como
instrumento para o planejamento urbano básico e para a realização de estudos
específicos de risco geológico-geotécnico, especialmente em áreas de assentamentos
subnormais.
O Quadro abaixo descreve a relação deste trabalho com as metas na matriz do
Plano Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais (PEMAS).

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Quadro 1. Enquadramento da ação nas metas da Matriz do PEMAS


OBJETIVO META
COMPONENTE AÇÃO
Descrição Indicador Descrição Indicador

A3 - Sistematizar a atuação da Plano de A3.1 – Estudo Elaborar mapa


Programa de Administração Municipal atendimento Elaborar estudo elaborado e básico geológico-
Gerenciamento em relação as situações / emergencial e e mapeamento áreas de risco geotécnico da área
de Áreas de áreas de risco preventivo a das áreas de mapeadas. urbana de Caxias
Risco emergencial e situações de risco risco do Sul e respectivo
preventivamente elaborado relatório técnico.

Para desenvolver este trabalho na região de Caxias do Sul foram utilizados os


conhecimentos básicos de Geologia regional e trabalhos já executados de forma
preliminar por Nunes (2003). Houve uma seqüência de inspeções de campo para tentar
definir os principais tipos de materiais presentes e suas semelhanças. No trabalho de
Nunes (2003) os 4 principais solos encontrados foram agrupados em 2 grupos: solos
plásticos e solos não-plásticos. Esta divisão é interessante pois coloca num mesmo grupo
os solos de comportamento geotécnico semelhante. Aquele trabalho também propunha o
estabelecimento das fronteiras das diversas litologias presentes, tendo sido identificadas
4 rochas principais: Dacito Ana Rech, Vitrófiro Forqueta (topo do Dacito Caxias), Dacito
Caxias (porção mediana da camada vulcânica) e Dacito Canyon.
Este relatório descreve o aprofundamento dos trabalhos que levaram a um Mapa
significativamente mais detalhado do que o proposto por Nunes (2004). A partir de uma
nova interpretação dos dados já coletados e, principalmente, a partir de inspeção nos
pontos de contato entre os diversos materiais, pode-se constatar os seguintes pontos que
nortearam o resultado aqui apresentado:
a) os contatos entre os diversos materiais foi estabelecido com maior detalhe a
partir de análises de fotos aéreas;
b) houve uma série de observações de campo que deram suporte à idéia de que
a união de 2 materiais plásticos de origens diferentes sob uma mesma
unidade iria ofuscar nuances de comportamento de interesse para a
Geotecnia. Por isto foram estabelecidos os contornos de 5 materiais
ocorrentes na região;
c) os pontos de inspeção de campo foram divididos em 2 fases. Os pontos
denominados de PTCxxx (C-campo) correspondem aos pontos resgatados
dos trabalhos efetuados por Nunes (2003) e à primeira fase dos trabalhos
deste contrato. Posteriormente foi obtida uma nova seqüência de pontos de

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inspeção visando determinar os contatos entre os 5 materiais definidos. Esta


seqüência foi denominada de PtRxxx (R-revisão);
d) alguns contatos em campo entre os materiais de origem são bastante nítidos
(como pode ser visto nas ilustrações deste relatório) sendo pontos de controle
importantes (veja PtR044 por exemplo). No entanto alguns dos contatos são
transicionais por natureza (variação no intemperismo), impedindo uma
definição clara do contato (indefinição geométrica);
e) além do comentário anterior, é preciso acrescentar que todo o trabalho se
baseou em inspeção direta de campo e análise de fotos aéreas. Isto deu
excelentes resultados em áreas onde contatos e materiais foram encontrados
em cortes de estradas, valetas de drenagem e escavações de construção.
Entretanto há um certo grau de incerteza na região central da cidade (Bairro
Pio X e Centro), que além de ser bastante plana (sem indicadores
topográficos importantes), está completamente urbanizada.

A caracterização das informações geológicas e geotécnicas constantes no mapa


e obtidas através da metodologia é descrita neste Relatório Técnico. São apresentadas
fotos dos perfis típicos/representativos encontrados e dados de caracterização dos
materiais, juntamente com recomendações de uso visando a ocupação urbana. A
classificação dos materiais foi feita em grande parte de maneira expedita a partir da
observação do comportamento de campo e correlação com dados de laboratório obtidos
de pontos de controle.
O Mapa obtido representa um grande avanço no conhecimento geotécnico da
cidade de Caxias do Sul e, pela sua própria abrangência e pela complexidade dos
materiais presentes na região, levantou questões que necessitarão trabalhos de
aprofundamento posteriores (rejeitos de blocos, melhor definição da transição
mineralógica interna dos vulcanitos presentes, refinamento de escala em áreas de
interesse para a Prefeitura Municipal ou em áreas de grande complexidade estrutural
(como na região do bairro Cruzeiro).

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2. CONHECIMENTO PRÉVIO

Estes itens estão descritos em maior detalhe no Anexo A deste Relatório que é
uma compilação do material apresentado no relatório do Produto 3.

2.1 Localização e geologia

A área foco do estudo compreende a região urbana do município de Caxias do


Sul que está localizada na extremidade leste da encosta superior do nordeste do Estado
do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil. Os limites extremos do município encontram-se
delimitados entre os paralelos 28°19` e 29º19` de l atitude Sul e entre os meridianos
50º46` e 51°91` de longitude a Oeste de Greenwich.

2.2 Geologia local

A Formação Serra Geral recobre toda a metade norte do Estado do Rio Grande
do Sul e é representado por uma sucessão de derrames de lavas. Diques e corpos
concordantes de diabásio, encaixados em unidades rochosas mais antigas e
relacionados à efusivas, têm ocorrência generalizada na área cartografada. O município
de Caxias do Sul está inserido na unidade geológica denominada de Formação Serra
Geral.
Neste relatório a Formação Serra Geral é considerada como agrupando uma
espessa seqüência de vulcanitos basálticos e dacíticos, estes últimos se tornam mais
abundantes no topo do pacote, que extravasaram desde o Triássico Superior,
desenvolveu-se de modo significativo durante o juro-cretáceo. Intimamente relacionados
aos processos geodinâmicos que culminaram com a abertura do Atlântico Sul e a
conseqüente separação continental América do Sul - África, esses vulcanitos fissurais
têm, como contrapartes hipabissais, inúmeros diques, sills e corpos irregulares de
diabásio que cortam de modo generalizado na área cartografada. Corpos de arenitos
eólicos, que ocorrem entremeados nas lavas e mesmo interdigitados com os derrames
basais da Formação Serra Geral, a despeito de sua semelhança com os litótipos da
Formação Botucatu, foram também considerados como integrantes da unidade em
questão.
No município de Caxias do Sul afloram rochas vulcânicas da Formação Serra
Geral e arenitos da Formação Botucatu. As rochas vulcânicas da Formação Serra Geral

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são as rochas dominantes da região. Estas rochas foram geradas num grande evento
magmático, consideradas uma das maiores manifestações vulcânicas do planeta, com
duração de cerca de 10 milhões de anos, ocorrido entre 138 e 128 Ma (RENNE, et al.
1992, STEWART, 1996, ROISENBERG & VIERO, 2000) em conseqüência do processo
de ruptura do continente gonduânico.
Esta unidade é constituída de vulcanitos ácidos e rochas básicas estruturados na
forma de derrames tabulares que repousam discordantes sobre os arenitos eólicos da
Formação Botucatu (Figura 2.2.3.1b). Baseado em estudos geoquímicos, as ácidas desta
região foram classificadas como vulcânicas do tipo Palmas e as básicas designadas
como tipo Gramado (BELLIENI et al, 1986, PEATE et al, 1992). Na região do município
de Caxias do Sul predomina o tipo Palmas como litologia aflorante, recebendo localmente
a denominação de Unidade Caxias.
Como resultado dos trabalhos de campo permitiu a definição, indicada na figura
2.2.3.1 dando-se ênfase às litologias que ocorrem no município de Caxias do Sul. Desta
forma, da base para o topo da seqüência vulcânica, a partir do contato inferior com as
vulcânicas basálticas foram definidas as seguintes unidades:
• Dacito Galópolis. Caracteriza-se por apresentar uma espessura da ordem
70 metros. É representado por rochas dacíticas em que se destaca o
intervalo basal do vulcanito com um vidro vulcânico característica.
• Dacito Canyon. Este intervalo vulcânico pelo predomínio de estruturas de
fluxo verticalizados e granulação fina, que favorece o desenvolvimento de
espesso solo.
• Dacito Cax
do pacote de vulcanitos ocorrem vitrófiros, caracterizados por uma coloração
preta e constituídos por fenocristais e microfenocristais de plagioclásio e piroxênio numa
matriz vítrea. Esta unidade litológica possui no máximo algumas dezenas de metros de
espessura. A sua principal área de ocorrência é nas localidades de Criúva, Ilhéus e São
Jorge a norte do município na unidade geomorfológica Planalto dos Campos Gerais-
Antas, aflorando nestes locais principalmente acima da cota de 920 metros. Estas rochas
são mais suscetíveis às alterações intempéricas e geram solos do tipo latossolo amarelo.

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Figura 2.2.1 - Coluna estratigráfica das rochas que compõem o arcabouço geológico do
Município de Caxias do Sul. É indicada a espessura de cada unidade vulcânica e os
respectivos solos derivados da alteração destas rochas.

2.3 Zoneamento morfo-estrutural do município de Caxias do Sul

A dinâmica natural, intemperismo, escoamento superficial, infiltração, erosão,


movimentos de massa, é afetada pela ação antrópica, podendo ser acelerada e causar
danos, especificamente em áreas urbanas. Objetiva-se aqui estabelecer o zoneamento
morfoestrutural das manchas urbanas do município de Caxias do Sul, direcionado para
contribuir na identificação e hierarquização de áreas de risco geotécnico.
A classificação das formas do relevo, entre outros parâmetros naturais(rocha, solo, ,
vegetação, águas pluviais, de escoamento superficial e subterrâneas), é básica para o
estabelecimento de estratégias geotécnicas com o fim de acompanhar os processos de
urbanização, uma vez que a dinâmica externa é, em grande parte, condicionada pelas
variações dos modelados do relevo.
Na escala regional este trabalho teve como ponto de partida o mapa
geomorfológico do município de Caxias do Sul, Lisboa et. al. SAMAE (2003), inédito,
Figura 3.1. A influência estrutural no relevo do município, em especial nos modelados de
dissecação, é considerável. Ocorrem dezenas de lineamentos de médio porte > do que

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10 Km associados a falhas, e centenas de lineamentos de pequeno porte < do que 1,6


Km, associados a fraturas Gold (1980), figura 2, Lisboa et. al, op. cit.

D
divisor de águas entre a
Bacia do Rio Caí e Antas

E limite municipal

0 5 15 Km

Domínios geomorfológicos Unidades geomorfológicas

A Planalto dos Campos Gerais - Caí

Bacia do Rio Caí B Planalto dos Campos Gerais Dissecado - Caí

C Serra Geral - Caí

D Planalto dos Campos Gerais - Antas

Bacia do Rio Antas E Planalto dos Campos Gerais Dissecado - Antas

F Serra Geral - Antas

Figura 3.1 – Geomorfologia do Município de Caxias do Sul.

Tendo em conta os lineamentos de médio porte estatisticamente associados a


falhas, onde tendem a se concentrar os principais processos de movimentos de massa,
hídricos e erosivos, foi feita a compartimentação morfoestrutural da área, onde ocorrem

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as principais manchas urbanas do município. O estudo baseou-se na análise e


interpretação de fotografias aéreas na escala 1: 110 000.
Uma primeira compartimentação feita em setores,( 1 e 2), considerou como
elementos divisores fundamentais a Falha Caxias do Sul, Lisboa et al. Op. cit., e a linha
de divisor de águas das bacias dos rios Antas e Caí.Nestes dois domínios, foram
separadas 8 unidades morfoestruturais, denominadas arbitrariamente de acordo com
uma localidade tipo, enquadradas nas unidades geomorfológicas da figura 1,ou tidas
como transicionais, quando era o caso, Figura 3.1.

Para cada área separada foi avaliada qualitativamente a forma do relevo


predominante, as características do regolito referentes à espessura, infiltração de água e
processos de rastejo. Nas vertentes foi avaliada a presença de face escarpada ( queda
de blocos), vertente de detritos e ou colúvio (fluxos de detritos, terras e
escorregamentos). Os dados estão sintetizados na tabela 1, onde as unidades estão
ordenadas na ordem crescente de risco geotécnico, de cima para baixo. As 8 unidades
morfoestruturais foram descritas, com base na análise e interpretação de fotografias
aéreas na escala 1:30 000 e ilustradas e descritas com fotos panorâmicas de campo,
seguindo a hiearquia da tabela. Anexa-se esquema gráfico ideal dos elementos do relevo
e processos descritos nas unidades.

Unidade Unidade Forma do Regolito Face Vertente Vertente


Morfoestrutural Geomorfol relevo Infiltração escarpa de de
e localidade tipo ógica predominan Rastejo da detritos colúvio
te
Línea-
mentos
1.a Samuara Planalto Planalto não Espesso (4 a 8 m) Ausente Ausente Incipiente
dos dissecado Fácil
Campos Não Ausente
Gerais - observa-
Antas veis

2.b Nossa Planalto Planalto não Espesso Ausente Ausente Incipiente


Senhora do dos dissecado Fácil, a
Rosário Campos Incipientes impermeabilização Incipien-
Gerais- parcial te
Antas Incipiente
2.a Caxias do TransicionalPlanalto Espesso Ausente Incipiente Incipiente
Sul - Central , divisor derebaixado Fácil, a incipien
águas Discretos impermeabilização te
Antas-Caí severa
Incipiente
1.b Nossa Planalto Mesas Espesso no nível Discreta Discreta Discreta
Senhora da dos dissecadas inferior, menos no no nível no nível no nível
Saúde Campos em 2 níveis superior (0 a 4m) superior superior inferior
Gerais Alguns Fácil
Dissecado - Considerável no
Antas nível inferior
2.c Matheo Planalto Mesas Espesso no nível Conside- Considerá Considerá
Gianella - Ana dos dissecadas inferior, menos no rável no vel no vel no

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Rech Campos em 2 níveis superior nível nível nível


Gerais Muitos Fácil superior superior inferior
Dissecado- Considerável no
Caí nível inferior
2.d São Victor Planalto Mesas Espesso Muito Considerá Incipiente
dos dissecadas Fácil desenvol vel
Campos em um nível Moderado vida
Gerais Muitos
Dissecado-
Caí
1.c Nossa Transicional Relevo Pouco espesso Incipient Considerá Considerá
senhora da , Planalto densamente Predomina e vel vel
Conceição dos dissecado escoamento
Campos Muitos Considerável
Gerais –
Serra Geral
2.e Galópolis Transicional Relevo Pouco espesso Conside- Considerá Considerá
, Planalto densamente Predomina rável vel vel
dos dissecado escoamento
Campos Muitos Considerável
Gerais-
Serra Geral
Tabela 1 – Avaliação morfológica qualitativa das unidades morfoestruturais

1.
Segue uma descrição dos aspectos principais destas unidades:

Samuara (1.a) – Esta área situa-se na Unidade Geomorfológica Planalto dos


Campos Gerais – Antas, constituindo-se em amplo planalto não dissecado, com leve
basculamento para o quadrante noroeste, em direção à calha do rio das Antas. Na
superfície do planalto, os lineamentes são aparentemente ausentes. Aparecem
lineamentos de pequeno porte a noroeste, no limite com a unidade 1.b Nossa Senhora da
Saúde e sudeste, no limite com a unidade 1.c, Nossa Senhora da Conceição.

Nossa Senhora do Rosário (2.b)– Esta área situa-se na Unidade


Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais – Caí, constituindo-se em um planalto
pouco dissecado, onde lineamentos são aparentemente ausentes nas partes planas.
Aparecem a sudeste, nos limites com a unidade 2. c Matheo Gianella – Ana Rech. No
planalto pouco dissecado, tende a ter regolito espesso, infiltração fácil parcialmente
comprometida pela urbanização e processos de rastejo ausentes a incipientes. No limite
com a unidade 2.c, faces escarpadas são aparentemente ausentes, predominam
vertentes de detritos – colúvios, junto aos lineamentos, nas vertentes dos vales, onde
podem ocorrer movimentos de massa moderados.

Caxias do Sul Central (2.a) – Esta área situa-se em uma faixa transicional entre
os Planaltos dos Campos Gerais Antas e Caí, funcionando como um divisor de águas
entre as duas bacias hidrográficas, fato que justifica a sua individualização como unidade
morfoestrutural. Seu limite Oeste corresponde ao traço da linha de falha Caxias, ali o

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relevo é bastante aplainado e baixo, criando zonas potenciais de alagamento. A intensa


impermiabilização do solo pela urbanização dificulta a infiltração e favorece o
escoamento superficial que se não drenado convenientemente, pode criar problemas
quando de chuvas intensas. Faces escarpadas são aparentemente ausentes, bem como
vertentes de detritos, predominando regolitos residuais espessos e vertentes de colúvios.

Nossa Senhora da Saúde (1.b) - Esta área situa-se no compartimento


geomorfológico Planalto dos Campos Gerais Dissecado – Antas, constituindo-se em um
relevo mesiforme dissecado em dois níveis. O nível inferior tende a apresentar regolito
mais espesso do que o superior As condições de infiltração tendem a ser fáceis,
parcialmente obstruídas pela urbanização Movimentos de rastejo podem ocorrer nas
encostas do nível superior Junto a lineamentos de médio e pequeno porte, especialmente
nos limites com as unidades 1.a, 2.a e 2.b, podem ocorrer discretas faces escarpadas,
vertentes de detritos no nível superior e vertentes de colúvio no nível inferior.

Matheo Gianella – Ana Rech (2.c) – Esta área situa-se no compartimento


geomorfológico Planalto dos Campos Gerais Dissecado – Caí. As formas do relevo
predominantes são mesas dissecadas em dois níveis. A área Matheo Gianella- Ana Rech
se diferencia por apresentar uma densa série de lineamentos de pequeno porte na
direção N700E, pouco comuns nas demais unidades. Os vales apresentam forma em V ,
com vertentes retilíneas nestes lineamentos, passando a formas mais abertas e mesmo a
pequenas planícies nas intersecções dos lineamentos. O regolito tende a ser mais
espesso no nível inferior do relevo, a infiltração deve ser mais eficiente nos topos planos
do nível superior e nas pequenas planícies do nível inferior.

São Victor (2.d) – Esta área situa-se na unidade geomorfológica Planalto dos
Campos Gerais Caí – Dissecado, o relevo, de modo geral, é modelado na forma de
mesas em um nível, vales encaixados em lineamentos, destacando-se um de médio
porte, com direção N600W, nos limites com a unidade morfoestrutural 2.c Matheo
Gianella – Ana Rech. A oeste, nos limites com as unidades 2.a e e 2 e, respectivamente
Caxias- Centro e Galópolis, ocorrem lineamentos com direções variadas. Fora destes
setores limítrofes, o regolito tende a ser espesso, predominando solos residuais na parte
aplainada do relevo mesiforme, onde a infiltração deve ser fácil e processos de rastejo
ausentes. Associadas aos lineamentos limítrofes descritos podem ocorrer vertentes

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escarpadas discretas ou abruptas, vertentes de detritos predominando sobre vertentes


de colúvio.

Nossa Senhora da Conceição (1.c) – Esta área situa-se em uma faixa de


transição entre as unidades geomorfológicas Planalto dos Campos Gerais – Cai e Serra
Geral. O relevo é densamente dissecado, dissecação esta controlada pelos lineamentos.
Dentre estes, destaca-se a Falha Caxias com direção N300E que delimita esta unidade
da 2.e Galópolis. O solo residual tende a ser pouco espesso, predomina o escoamento
superficial sobre a infiltração, áreas com possibilidades de rastejo acelerado são muitas.
Predominam as vertentes de detritos – colúvio.

Galópolis (2.e) - Esta unidade situa-se uma zona de transição entre o Planalto
dos Campos Gerais – Caí e a Serra Geral. O relevo é densamente dissecado, vales
encaixados em lineamentos, principalmente junto ao limite com a unidade morfoestrutural
2.d, São Vítor, a leste. Nestas áreas são mais conspícuas vertentes de detritos - de
colúvios e ocasionais faces escarpadas, onde predomina o escoamento superficial sobre
a infiltração.

3. TIPOS DE MATERIAIS ROCHOSOS PRESENTES

Este Relatório apresenta os resultados do levantamento geológico-geotécnico


realizado para obtenção do Mapa Básico de Unidades Geotécnicas da área urbana de
Caxias do Sul. Foram realizados estudos de petrografia e mineralogia das principais
rochas presentes na área, realizados ensaios geotécnicos nos solos derivados destas
rochas, os quais estão apresentados em detalhes nos Anexos A e B.
Foram encontrados os seguintes principais materiais rochosos, denominados
segundo a sua maior área de abrangência na cidade: Dacito Galópolis, Dacito Canyon,
Dacito Caxias/Carijó e Dacito Ana Rech.

3.1 Dacito Galópolis

Originalmente compreende dois pacotes vulcânicos dacíticos que ocorrem de forma


bem característica na região de Galópolis. Destaca o intervalo basal do vulcanito com um
vidro vulcânico característico. Neste trabalho os mesmos foram agrupados numa unidade
devido à semelhança de comportamento dos solos plásticos derivados e à declividade do
local , o que proporciona uma grande proximidade em planta baixa.

3.2 Dacito Canyon

Este material tem grande importância por ser altamente alterável e ocorrer em
algumas áreas de cidade. Seus afloramentos mais importantes e característicos são no
bairro Canyon (no entorno da cota 700m), junto à entrada do Bairro Santa Corona (cota

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680m) e nos vales ao sul da cidade (em direção a Galópolis e também ao sul do Desvio
Rizzo). Este intervalo vulcânico caracteriza-se pelo predomínio de estruturas de fluxo
verticalizados e granulação fina, que favorece o desenvolvimento de espesso solo.

3.3 Dacito Caxias (muitas vezes localmente denominado Carijó)

É o de maior abrangência na região, ocupando a parte central da cidade e grande


parte da área ao sul do centro. Geralmente encontra-se desde a cota 700m até o contato
com o Dacito Ana Rech (variável). Em termos estruturais do vulcanito destaca-se o
caráter estratificado desta seqüência com notável tabularidade do pacote.

3.4 Topo do Dacito Caxias

Este material se constitui da porção de topo da seqüência anterior mas apresenta


características vítreas tão importantes que poderia ser identificado como Vitrófiro
Forqueta. Compreende vulcanitos com marcada estrutura de fluxo verticalizado e
associado com autobrechas e presença abundante de vesículas e amígdalas nas
porções mais superiores. Sua presença mais característica é na região administrativa de
Forqueta, mas ocupa diversas áreas mais planificadas da cidade que são topos de
erosão como a região do aeroporto. Devido à origem, as cotas de ocorrência
acompanham as do Dacito Caxias/Carijó.

3.5 Dacito Ana Rech

Encontra-se na região administrativa de Ana Rech e grande parte da área norte


da cidade, geralmente nas cotas superiores na região (podendo atingir cota (900m).
Caracteriza-se pela sua marcada estratificação horizontalizada em toda a sua área de
ocorrência).

A descrição da seqüência vulcânica da região de Caxias do Sul é representada na


Figura 3, em que se define a espessura de cada pacote vulcânico e os respectivos solos
derivados da alteração destas rochas.

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004 14


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Figura 3 - Coluna estratigráfica das rochas que compõem o arcabouço geológico do


Município de Caxias do Sul em que é indicada a espessura de cada unidade vulcânica e
os respectivos solos derivados da alteração destas rochas.

4. TIPOS DE SOLOS PRESENTES E METODOLOGIA

Neste item é apresentado um resumo dos dados apresentados no Anexo A partir


dos dados de campo e avaliações dos dados de ensaios de laboratório. Como explicado
acima, foram definidos 4 rochas principais ocorrentes na região. O intemperismo natural
atuando sobre estes 4 tipos de rochas deu origem a 5 tipos de solos principais. Estes
solos serão descritos abaixo.

4.1 Metodologia utilizada – exemplos e condicionantes

A identificação dos principais materiais encontrados em campo foi feita a partir de


testemunhos coletados e analisados em Laboratório e de análises expeditas e
observações feitas nas inspeções de campo. A pesquisa de campo envolveu o
caminhamento de diversos perfis ao longo dos vales e drenagens e o exame de cortes e
afloramentos de solo e rochas.
A identificação dos solos da região levou em conta principalmente o
comportamento geotécnico de campo que se reflete em aspectos como topografia
(ondulações do terreno, mudanças bruscas de declividade ou declividades mais

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004 15


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acentuadas), cor dos materiais expostos, comportamento frente à erosão hidráulica ou


aos fenômenos de modelagem do terreno, afloramentos de água ou mudanças de
vegetação. A inspeção de campo permitiu estabelecer alguns dos pontos de controle que,
uma vez transferidos para as fotos aéreas, serviram para balizar os parâmetros de
definição dos contornos em escala mais geral. Foram reconhecidos 5 tipos de solos
presentes na região que puderam ser agrupados formando 5 Unidades Geotécnicas
principais. Esta divisão é de grande interesse prático porque, sem sub-classificar
excessivamente os diversos materiais presentes, o que tornaria o Mapa de utilização
muito complexa, mantem um nível de detalhe ainda bastante alto.
Os ensaios geotécnicos de caracterização dos solos foram realizados no
Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(apresentados no Anexo B).

4.2 Solo Ana Rech

Solo Ana Rech - solos não-plásticos, de cor bruno-amarelado, originados do


Dacito Ana Rech. Incluem horizontes B incipientes e solos saprolíticos.
O Dacito Ana Rech apresenta um padrão mineralógico- estrutural que origina
solos de características arenosas a granulares grosseiros. Este material encontra-se em
regiões aplainadas, nas cotas mais altas (entre 780m e cerca de 900m). Isto favorece a
drenagem e a oxidação, formando solos Bruno-amarelados com excelente resistência ao
cisalhamento. Geralmente não apresenta problemas geotécnicos, exceto nas transições
com o solo Forqueta posicionado imediatamente abaixo na topografia. Nestes casos, a
topografia fica bastante íngreme e pode gerar situações de risco pela relativa baixa
resistência do material inferior.
São solos que tem uma textura grosseira com predominância da fração areia e
silte. Abaixo é reproduzida a curva granulométrica típica deste solo.

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DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA COM DEFLOCULANTE


Amostra - PTC - 069
argila silte areia fina ar. média areia grossa pedregulho

10

20
Percentagem retida (%)

30

40

50

60

70

80

90

100
0,001 0,01 0,1 1 10 100

Figura 4.1 – Gráfico de distribuição granulométrica de solo saprolítico de dacito com


estrutura em estratos horizontalizados centimétricos a métricos do Bairro Ana Rech, cota
828.

4.3 Solo Forqueta

Solo Forqueta – solos plásticos que podem evoluir para solos de média plastici-
dade, vermelhos com bandas de alteração e originados, na sua maioria, da porção
superior vítrea do Dacito Caxias.
O Dacito Caxias (ou Carijó como é mais conhecido), apresenta na sua porção de
topo uma estrutura diferenciada da parte mediana, apresentando estruturas de fluxo
similares às apresentadas pelo Dacito Canyon. Isto causa uma aceleração do
intemperismo químico desta zona, levando à formação de um solo plástico. Nas zonas
em que este material está no topo da região topográfica e há boa drenagem, desenvolve
solos espessos e com características mais evoluídas pedologicamente. Isto ocorre em
vários topos de morros como na zona do aeroporto, nas regiões altas do Desvio Rizzo e
Região Forqueta.

4.4 Solo Caxias /Carijó

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Solo Caxias/Carijó – solos saprolíticos pouco ou não-plásticos, cinza a levemente


avermelhados, com estruturas estratificadas horizontais geralmente bem visíveis,
originados da alteração da proção mediana do Dacito Caxias/Carijó.
Este solo desenvolve-se a partir da porção mediana da rocha denominada Dacito
Caxias, formando espessos pacotes de solo saprolítico, de características silto-arenosas.
Apresenta um bom comportamento geotécnico sendo bom material de construção. Sua
granulometria apresenta-se bastatne dependente do grau de intemperismo, podendo ter
agregados frágeis de grãos. A figura abaixo apresenta uma curva de granulometria típica
destes materiais, onde nota-se a descontinuidade granulométrica.

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA COM DEFLOCULANTE


DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA COM DEFLOCULANTE
Amostra - PTC - 050
Amostra - PTC - 050
argila silte areia fina ar. média areia grossa pedregulho
argila silte areia fina ar. média areia grossa pedregulho

0
0
10
10
20
20
(%)
(%)

30
retida

30
retida

40
40
Percentagem

50
Percentagem

50
60
60
70
70
80
80
90
90
100
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
0,001 0,01 0,1 1 10 100

Figura 4.2 – Gráfico de distribuição granulométrica de solo saprolítico de Dacito com estrutura em
estratos horizontalizados centimétricos a métricos do Bairro Vila Lobos, cota 582.

4.5 Solo Canyon

Solo Canyon – solos plásticos a muito plásticos, vermelhos a bruno-


avermelhados, podendo conter argilas expansivas, originados da decomposição da
espessa porção superior vítrea do Dacito Canyon.
Este solo plástico a muito plástico tem ocorrência em uma área bastante extensa
da região de Caxias do Sul. Seu nome deriva de um afloramento na base do vale que

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define o bairrro Canyon. Neste ponto o solo tem grande espessura e apresenta minerais
argilosos de grande atividade. Este material é muito importante para o mapeamento pois
diversos acidentes geotécnicos que ocorreram na região, envolveram este material.

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA COM DEFLOCULANTE


Amostra - PTC - 051
argila silte areia fina ar. média areia grossa pedregulho

10

20
Percentagem retida (%)

30

40

50

60

70

80

90

100
0,001 0,01 0,1 1 10 100

Figura 4.3 – Gráfico de distribuição granulométrica de PTC-051, solo saprolítico de dacito com

estrutura de fluxo sub-vertical, do Bairro Vila Lobos, cota 654.

4.6 Solo Galópolis

Solos Galópolis – solos plásticos originados dos Dacitos Galópolis. Devido à


declividade das zonas de ocorrência, encontram-se geralmente misturados com materiais
transportados de cotas superiores. Em planta baixa observa-se a presença de solos do
horizonte B e solos saprolíticos em grande proximidade com depósitos de colúvios.
Estes solos são geralmente depósitos de encosta (ou colúvios) formados por
escorregamento ou arraste de partículas de solo das cotas superiores para os níveis de
deposição. Os dacitos presentes nos vales de cotas inferiores (470m a 600m)
apresentam um grau de intemperismo acentuado, seja por sua mineralogia especial seja
pelas condições favoráveis de umidade que ocorrem nestas regiões.

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004 19


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4.7 Resumo do comportamento

A Tabela abaixo apresenta um resumo das características encontradas nestes


solos. Estas condições devem ser tomadas como indicativas, já que foram englobadas
nestas classes de solos materiais com diversos graus de alteração, o que provoca
variação da granulometria e da plasticidade.

Solo Cor Características principais


Ana Rech Bruno-amarelado solos não-plásticos
horizontes B incipientes e solos saprolíticos
Forqueta Bruno- solos plásticos (IP ~ 20)
avermelhado bandas de alteração
originados, na sua maioria, da porção superior
vítrea do Dacito Caxias
Caxias/Carijó Cinza (carijó) solos saprolíticos pouco ou não-plásticos (IP
com nuances de variável)
vermelho estruturas estratificadas horizontais geralmente
bem visíveis
originados da alteração da porção mediana do
Dacito Caxias/Carijó
Canyon Avermelhados e solos plásticos a muito plásticos, vermelhos a
bruno- bruno- avermelhados, podem conter argilas
avermelhados expansivas
originados da decomposição da espessa porção
superior vítrea do Dacito Canyon
Galópolis Bruno- solos plásticos originados dos Dacitos Galópolis.
avermelhado Devido à declividade das zonas de ocorrência,
encontram-se geralmente misturados com
materiais transportados de cotas superiores
(colúvios) – muito heterogêneos, geralmente com
alta umidade.

5 LINEAMENTOS – falhas e outras descontinuidades estruturais

A disposição destes materiais em planta foi bastante afetada por movimentos


tectônicos que provocaram deslocamentos de blocos e tiveram grande importância na
modelagem da topografia e paisagem atual da região. Alguns destes movimentos
provocaram um grande fraturamento das rochas em certas regiões o que causou
intemperismo intenso posterior. As principais zonas de lineamentos são apontadas no
mapa.

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6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS MATERIAIS – MAPA

6.1 Mapa Básico de Unidades Geológico-Geotécnicas


Apresenta-se em Anexo um arquivo em formato dwg o qual foi baseado na base
cartográfica fornecida pela Prefeitura Municipal de Caxias do Sul e que apresenta um
mapa das Unidades /geotécnicas definidas neste levantamento. A título de ilustração,
reproduz-se abaixo uma imagem do mapa resultante, primeiramente com as ruas da
cidade e depois o Mapa de Unidades Geotécnicas.

Figura 6.1 – Representação das vias e ruas do município de Caxias do Sul.

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004 21


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Figura 6.2 – Representação gráfica simplificada das Unidades Geotécnicas definidas.

6.2 Áreas que apresentem maior ameaça geológico-geotécnica (risco)


Nos levantamentos de inspeções de campo, ficou evidenciado que a questão de
ameaça (ou risco quando envolve dano econômico ou pessoal) está associado a diversos
condicionantes, como segue:
a) a declividade dos terrenos e a natureza dos mesmos;
b) a presença de materiais de baixa resistência (solos mais plásticos) em
áreas mais íngremes, muitas vezes sob outros materiais mais
resistentes;
c) a presença de água;
d) a ação antrópica e suas importantes modificações das condições
naturais.

Assim, as áreas de maior ameaça de escorregamentos geralmente estão associ-


adas às bordas de contato entre os materiais, aproximadamente na seguinte ordem:
a) contato do Dacito Caxias com o solo Canyon
b) contato do Dacito Ana Rech com o solo Forqueta
c) zonas fraturadas
d) áreas de grande declividade e que apresentam quedas de blocos e
escorregamentos.

Estas indicações estão baseadas em casos de rupturas que ocorreram no passado


em Caxias do Sul nas condições descritas (veja ilustrações abaixo).

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004 22


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Figura 6.3 - Ruptura de escavação junto à Av. Sinimbu – contato entre Dacito
Caxias e Solo Canyon.

Figura 6.4 – Ruptura em escavação junto à av. Perimetral – contto entre Dacito
Caxias e solo Canyon.

CONTRATO N° 2615.000386 – 97 / 2004 23


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7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

a) Foram definidas cinco Unidades Geotécnicas na área urbana de Caxias do Sul. Estas
unidades correspondem a grupos de solos de comportamento semelhante entre si
(granulometria e plasticidade) e de origem da mesma rocha ou mineralogia
semelhante;
b) os contatos entre os diversos materiais foi estabelecido com maior detalhe a partir de
análises de fotos aéreas;
c) houve uma série de observações de campo que deram suporte à idéia de que a
união de 2 materiais plásticos de origens diferentes sob uma mesma unidade iria
ofuscar nuances de comportamento de interesse para a Geotecnia. Por isto foram
estabelecidos os contornos de 5 materiais ocorrentes na região;
d) os pontos de inspeção de campo foram divididos em 2 fases. Os pontos
denominados de PTCxxx (C-campo) correspondem aos pontos resgatados dos
trabalhos efetuados por Nunes (2004) e à primeira fase dos trabalhos deste contrato.
Posteriormente foi obtida uma nova seqüência de pontos de inspeção visando
determinar os contatos entre os 5 materiais definidos. Esta seqüência foi denominada
de PtRxxx (R-revisão);
e) alguns contatos em campo entre os materiais de origem são bastante nítidos (como
pode ser visto nas ilustrações deste relatório) sendo pontos de controle importantes
(veja PtR044 por exemplo). No entanto alguns dos contatos são transicionais por
natureza (variação no intemperismo), impedindo uma definição clara do contato
(indefinição geométrica);
f) além do comentário anterior, é preciso acrescentar que todo o trabalho se baseou em
inspeção direta de campo e análise de fotos aéreas. Isto deu excelentes resultados
em áreas onde contatos e materiais foram encontrados em cortes de estradas,
valetas de drenagem e escavações de construção. Entretanto há um certo grau de
incerteza na região central da cidade (Bairro Pio X e Centro), que além de ser
bastante plana (sem indicadores topográficos importantes), está completamente
urbanizada.

Recomenda-se que sejam feitos mais estudos da geologia estrutural e que sejam
melhor detalhados os contornos dos materiais nas zonas consideradas de maior
interesse pela equipe da PMCS.

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ANEXOS

Anexo A – ASPECTOS GEOLÓGICOS

Anexo B - ESTUDOS GEOTÉCNICOS – ensaios de caracterização

Anexo C – COMPILAÇÃO DE CADERNETA DE CAMPO- 1ª. FASE

Anexo D - COMPILAÇÃO DE CADERNETA DE CAMPO- 2ª. FASE

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