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Governo do Estado de Minas Gerais

Governador do Estado de Minas Gerais


Romeu Zema Neto

Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais


Júlia Figueiredo Goytacaz Sant’Anna

Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica


Izabella Cavalcante Martins

Superintendente de Políticas Pedagógicas


Esther Augusta Nunes Barbosa

Diretora de Modalidade de Ensino e Temáticas Especiais


Patrícia Queiroz Aragão

Coordenadora de Temáticas de Ensino e


Transversalidade Curricular
Fabiana Benchetrit dos Santos

Equipe Técnica
Débora Adorno de Sousa
Estevão de Almeida Vilela
Luciana Ferreira Perônico
Sara Vitral Resende
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Lista de Siglas
ADR Alternative Dispute Resolution
AGNU Assembleia Geral das Nações Unidas
CNMP Conselho Nacional do Ministério Público
CNV Comunicação Não Violenta
CRAS Centro de Referência em Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado em Assistência Social
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
MEC Ministério da Educação
MPMG Ministério Público de Minas Gerais
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
OGE Ouvidoria Geral do Estado
PNEDH Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
PPP Projeto Político-Pedagógico
PSE Programa Saúde na Escola
RAC Resolução Alternativa de Conflitos
SEDESE Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social
SEE Secretaria de Estado de Educação
SER-DH Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos
SIMA Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação em Direitos Humanos
SIMA Educação Módulo do SIMA dedicado a rede estadual de ensino de Minas Gerais
SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SINARM Sistema Nacional de Armas
SRE Superintendência Regional de Ensino
STJ Supremo Tribunal de Justiça
SVS/MS Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
UPA Unidade de Pronto Atendimento
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Quadro de Legislações
Dispositivo Abrangência Legislação Data

Declaração Universal de Direitos Humanos Internacional Resolução 217 A 1948


(III), da AGNU

Constituição da República Federativa do Brasil Nacional CRFB/1988 05/10/1988

Estatuto da Criança e do Adolescente Nacional Lei Nº 8.069 13/07/1990

Estatuto da Juventude Nacional Lei Nº 12.852 05/08/2013

Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor Nacional Lei Nº 7.716 05/01/1989

Institui o Estatuto da Igualdade Racial Nacional Lei Nº 12.288 20/07/2010

Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica Nacional DCNs/2013 2013

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Nacional PNEDH 2018

Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do Nacional Lei Nº 13.431 04/04/2017


adolescente vítima ou testemunha de violência

Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática Nacional Lei Nº 13.185 06/11/2015


(Bullying)

Código Penal Nacional Decreto Lei Nº 07/12/1940


2.848

Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Nacional Lei Nº 13.819 26/04/2019


Suicídio

Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de Nacional Lei Nº 10.826 22/12/2003
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm

Constituição do Estado de Minas Gerais Estadual 21/09/1989

Estatuto dos servidores públicos de Minas Gerais Estadual Lei Nº 869 05/07/1952

Estatuto do pessoal do magistério público do Estado de Minas Estadual Lei Nº 7.109 13/10/1977
Gerais

Política Estadual de Paz nas Escolas Estadual Lei Nº 23.366 25/07/2019

Programa de Convivência Democrática no Ambiente Escolar Estadual Resolução SEE Nº 29/01/2018


3.685

Colegiado escolar Estadual Resolução SEE Nº 2019


4.188
4

Sumário
Lista de Siglas 2

Quadro de Legislações 3

Orientações em casos de violência nas escolas 5


A Rede de Proteção 7
A Rede de Saúde 8
A Rede de Assistência Social 9
O acionamento do Conselho Tutelar 10
O acionamento da Polícia Militar 11
A atuação da escola 11
Tipos de violência 14
Bullying 15
Cyberbullying 16
Práticas Discriminatórias 18
Automutilação e Suicídio 20
Violência Física 21
Violência Sexual 23
Agressões verbais / Violência psicológica 24
Ameaças 26
Ameaças Virtuais 26
Porte de Arma de Fogo 27
Álcool e cigarro 27
Outros psicoativos - ilícitos 29
Furto e Roubo 30
Violência Patrimonial - Dano 30
Violências no Entorno da Escola 31
Atos Praticados por Servidores Contra Estudantes 32
Algumas Observações 33
Bibliografia 35
5

Orientações em casos de violência


nas escolas

C
om o objetivo de auxiliar a identificação e os encaminhamentos a serem
realizados nas situações de violência que ocorrem e/ou são percebidas na
escola, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais organizou esta
cartilha, com orientações e conceitos no que diz respeito a algumas das violências que
frequentemente são sofridas pelas crianças, adolescentes e jovens.

Ao dizer das violações que podem ocorrer no ambiente escolar é imprescindível


ressaltar a importância da atuação da equipe escolar direcionada ao pleno
desenvolvimento de todos os estudantes. Neste sentido, o papel da escola vai além da
transmissão de conteúdos, sendo esta um locus de interação das múltiplas experiências
vivenciadas por estudantes, profissionais, famílias e demais integrantes da comunidade
escolar. Assim, salienta-se que a escola tem o papel de cuidar e estar atenta a todos
estudantes, sem nenhuma forma de discriminação, sendo fundamental o exercício da
cultura do diálogo e da comunicação não violenta a todo momento. Deste modo, ao se
deparar com um conflito, a equipe deve estar atenta para utilizar os princípios e
metodologias ligadas à resolução dialogada de conflitos, promovendo o acolhimento
necessário a todos os estudantes.

Nessa perspectiva, salienta-se a importância da articulação de um trabalho em rede, de


forma a viabilizar o diálogo entre os diversos campos de atuação do Estado como
Educação, Assistência Social, Saúde e Segurança, de modo que ocorra a produção de
ações que pontuem a prevenção de qualquer tipo de violência que possa ocorrer no
ambiente escolar, como também ações que orientem o acolhimento e encaminhamento
adequado das ocorrências que contrastam com ambiente escolar saudável.

Assim, a responsabilidade por uma educação segura e de qualidade perpassa a rede


institucional que vai para além dos muros da escola. Trata-se de uma construção coletiva
na qual cada instituição deve atuar de acordo com sua competência, mas todas elas de
forma integrada, garantindo assim a implementação de ações preventivas e protetivas
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para todos os estudantes. Somente a partir do reconhecimento da corresponsabilidade


de cada ator e do fortalecimento dos vínculos desta rede será possível construirmos
ambientes escolares seguros e democráticos que permitam o pleno desenvolvimento
de todos os estudantes.

Em todos os encaminhamentos dados, os atores devem seguir as legislações de


referência para promoção dos direitos humanos e para proteção da criança e do
adolescente, em especial a Lei N° 8.069/1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), e a Lei Nº 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Nesse sentido,
é importante o entendimento das peculiaridades da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento, e a função pedagógica e educativa da escola.

Escuta Especializada:

procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou


adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao
necessário para o cumprimento de sua finalidade – Art 7º da Lei Nº 13.431/2017

Depoimento Especial:

é o procedimento de oitiva da criança ou adolescente vítima ou testemunha de


violência perante autoridade policial ou judiciária - Art 8º da Lei Nº 13.431/2017

No que tange às situações de violência, de acordo com a Lei nº 13.431/2017, a criança


e o adolescente serão ouvidos por meio de escuta especializada e depoimento especial,
cabendo às escolas adotar os procedimentos necessários nos casos de revelação
espontânea da violência.

A mesma lei, em seu artigo 13º ainda salienta:


Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão,
praticada em local público ou privado, que constitua violência contra criança
ou adolescente tem o dever de comunicar o fato imediatamente ao serviço
de recebimento e monitoramento de denúncias, ao conselho tutelar ou à
autoridade policial, os quais, por sua vez, cientificarão imediatamente o
Ministério Público. (LEI 13.431/2017, art.13)
7

Assim, a escola e seus funcionários não podem se omitir perante a identificação ou o


conhecimento de caso de violação de direitos. Ao mesmo tempo, também não podem
deixar de prestar assistência às vítimas, como previsto no artigo 135, da Lei nº 2.848 de
07 de dezembro de 1940:

Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à


criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
(Lei nº 2.848/1940, art.135).

Ainda no Código Penal, no art 13, § 2º, é dito que “A omissão é penalmente relevante
quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe
a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (...)”. Por fim, a
Lei Estadual Nº 869/52, em seu art. 216, define que “São deveres do funcionário: (...)
VIII - levar ao conhecimento da autoridade superior irregularidade de que tiver ciência
em razão do cargo;(...)”.

ATENÇÃO!

❖ Deve-se tomar todo o cuidado para que a escuta seja somente a


necessária para possibilitar os devidos encaminhamentos, a fim de
que não se “revitimize” a pessoa em situação de violência.

❖ Atender as crianças e adolescentes sempre que seus direitos forem


ameaçados ou violados é uma das atribuições do Conselho Tutelar
(ECA,1990, art.136, I ), que deve ser acionado nesses casos.

Lembra-se, por fim, que a escola deve sempre realizar o acompanhamento dos
envolvidos em situações de violências de modo a promover a restauração efetiva dos
laços e garantir que todos estão recebendo o apoio que necessitam.

As próximas páginas contêm informações sobre a rede de proteção integral à criança e


ao adolescente e orientações sobre algumas das violências que, infelizmente,
comumente são percebidas no cotidiano escolar.
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A Rede de Proteção

C om o objetivo de facilitar o entendimento dos encaminhamentos adequados


para a rede de proteção, abaixo são descritas algumas características da rede
e de sua forma de atendimento, além dos encaminhamentos que devem ser
dados pela escola.

Nos casos identificados que envolvam membro familiar, acionar o Conselho Tutelar para
garantia de segurança da pessoa em situação de violência.

A Rede de Saúde

Em casos de violências, a escola deve prestar socorro imediato e acionar a família que
deve ser orientada a encaminhar o estudante à Unidade Básica de Saúde (UBS). Em
todos os casos de violência deverá realizar o preenchimento da ficha de notificação
violência interpessoal/autoprovocada, sendo entregue posteriormente na UBS mais
próxima da escola (Anexo I - Ficha de Notificação Individual). O ideal é que esse
documento seja preenchido em duas vias, uma para escola e a outra via para a UBS, que
posteriormente será encaminhado para a vigilância epidemiológica, a qual fará inserção
no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Mesmo que a criança/adolescente não queira ser encaminhada, a


situação deve ser notificada a fim de garantir que a área da saúde esteja
informada e os dados sejam fidedignos para elaboração de políticas
públicas efetivas.

Em caso de dúvidas no preenchimento da ficha de notificação


violência interpessoal/autoprovocada, consultar o Anexo II - Instrutivo
Ficha de Notificação de Violência Interpessoal e Autoprovocada.
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Nos incidentes em que houver risco de vida ou a pessoa vítima de violência solicitar
auxílio, deve-se prestar assistência cabível e realizar as providências para seu
atendimento na unidade de saúde competente.

É importante a atuação preventiva da escola, contando com a ajuda dos profissionais


da unidade básica de saúde mais próxima da escola principalmente por meio do Núcleo
de Apoio à Saúde da Família (NASF) e do Programa Saúde na Escola (PSE), pois assim a
escola pode contar com uma rede de cuidados multiprofissional.

De modo geral, os casos de baixa gravidade e de prevenção devem ser


encaminhados à UBS. Já os casos que envolvem atuação médica mais
complexa, como fraturas ou cortes profundos, devem ser encaminhados
para a Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Por fim, quando a
situação envolver risco à vida, como hemorragias graves e risco de
contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, a vítima deve
ser encaminhada aos hospitais. Nos casos de inconsciência, acionar
imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU),
além de avisar à família da pessoa que se encontra inconsciente.

A Rede de Assistência Social


A rede de Assistência Social tem, em sua composição, três atores importantes para
articulação da escola: os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), os Centros
de Referência Especializada em Assistência Social e as equipes de referência técnica de
proteção especial dos municípios.

❖ O CRAS é destinado à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território


de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos
socioassistenciais de proteção social básica às famílias.
❖ O CREAS é destinado à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se
encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou
contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social
especial.
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❖ Nos municípios que não possuírem CREAS, após a identificação ou risco de


violação de direitos, o encaminhamento do caso deve ser feito para a equipe de
referência técnica de proteção especial do município.

O acionamento do Conselho Tutelar


Conforme o ECA, em seu Art. 13º, “Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar
da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais”. Ainda de acordo
com o ECA, em seu Art. 136º, são atribuições do Conselho Tutelar:

I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando
as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129,
I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social,
previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento
injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa
ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no
art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando
necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos
e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos
no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal ;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do
poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
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XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação


e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender
necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao
Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as
providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009)
(ECA, 1990)

O acionamento da Polícia Militar


Em casos de condutas tipificadas como crimes, contravenções penais, atos infracionais ou
situações de risco iminente, a Polícia Militar deve ser acionada imediatamente via telefone de
emergência 190. Vale ressaltar a importância da criação e participação dos membros da escola
em redes de proteção com Policiais Militares atuantes no bairro ou componentes da Patrulha
Escolar, no entanto, nos casos de urgência e emergência, necessariamente o acionamento da
Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) deve ser feito via 190. Importante frisar, ainda, a
diferença entre situações de indisciplina que devem ser solucionadas pedagogicamente e ações
de cunho efetivamente violento que necessitem do acionamento da polícia militar.
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A atuação da escola

A escola compõe a rede de proteção e, como tal, deve se articular de modo a


garantir o pleno atendimento aos direitos dos estudantes, entendendo quais são
as suas responsabilidades e possibilidades de ação em cada contexto. Neste
sentido, ressalta-se que, em sua estrutura, são diversos os atores e possíveis ações que
podem contribuir para a redução e prevenção das violências:

CONSELHO DE REPRESENTANTES DE TURMA:

a atuação dos Conselhos de Representantes de Turmas é importante frente a


redução e prevenção das violências. Os Conselhos são constituídos por todos os
representantes de turmas eleitos por seus pares nas salas de aula e por um
Educador Referência. Eles desenvolvem, ao longo do ano letivo, um plano de
ação a partir de uma situação problema ou tema de interesse dos jovens. Nesse
sentido, os Conselhos poderão organizar ações que contribuam para um
ambiente mais acolhedor que previna situações de violência e, nos casos em que
ocorrer uma violência, poderão acompanhar os encaminhamentos feitos pela
gestão. De outro lado, devido ao fato dos Representantes de Turma terem sido
eleitos pelos próprios estudantes, o relato de algum ato de violência poderá
chegar até o Conselho. Nestes casos o Conselho deverá acionar a direção da
escola e/ou o Colegiado para avaliação da situação e definição dos
encaminhamentos.

COLEGIADO ESCOLAR:

Essa instância tem por competência, conforme a Resolução SEE Nº 4.188, de


2019, em seu Art. 17º, incisos XI e XII, a elaboração de propostas e o
acompanhamento de ações que promovam uma convivência democrática no
espaço escolar e, nos casos de violência, seja física ou moral, a proposição de
medidas administrativas ou disciplinares no âmbito da escola.
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REGISTRO DE SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA:

é importante que seja realizado o registro adequado das situações de violência


que ocorrem na escola no SIMA Educação de forma a garantir o devido
encaminhamento e possibilitar a estruturação de ações mais efetivas para a
realidade escolar, pautadas em evidências, por parte da Superintendência
Regional de Ensino (SRE) e do Órgão Central.

REGIMENTO ESCOLAR:

deve ser elaborado de forma coletiva e amplamente divulgado e conhecido pela


comunidade escolar. Além disso, deve prever quais são as situações de violências
e de indisciplinas e as suas respectivas sanções de acordo com a legislação
vigente e de forma a garantir os direitos e a proteção dos estudantes.

AÇÕES DE PREVENÇÃO E DE ACOMPANHAMENTO:

é importante saber intervir de forma adequada em cada tipo de situação de


violência. Entretanto, tão ou mais importante é promover, cotidianamente,
ações de prevenção às violências e acompanhar os estudantes e profissionais
envolvidos nos casos de violências para além das intervenções pontuais nos
casos específicos das situações ocorridas, garantindo assim que o fato gerador e
as consequências da violência sejam trabalhados por todos os atores.

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA E RESOLUÇÃO DIALOGADA DE CONFLITOS:

muitas vezes, casos de violências graves se iniciam por um problema de


comunicação e a não capacidade de resolução do conflito de forma dialogada
pode levar a situações cada vez mais complexas. Neste sentido, é importante
atentarmos para a responsabilidade da escola e de seus atores de desenvolver
as capacidades da comunicação não violenta e do desenvolvimento de práticas
dialogadas para resolução de conflitos, como a Justiça Restaurativa e a Mediação
de Conflitos.
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A partir deste panorama geral, nas páginas seguintes passaremos à descrição de


algumas das violências que podem ocorrer nas escolas, suas possíveis formas de
identificação e medidas específicas que podem ser adotadas. Neste ponto, lembra-se
que, longe de esgotar todos os contextos possíveis, o documento visa orientar de forma
geral o olhar da comunidade escolar, ressaltando sempre a importância de se analisar
cada caso de forma específica e de se lembrar da função pedagógica, educativa e
formativa da escola.
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Tipos de violência

____________________________________________Bullying

O QUE É: considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou


psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por
indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou
agredi-la, causando dor e angústia à pessoa em situação de violência, em uma relação
de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. (Lei Nº 13.185/2015, art.1º, §1º).

COMO IDENTIFICAR: não há formas universalmente padronizáveis de identificação do


bullying na escola. Entretanto, pode-se notar se um estudante está sempre isolado dos
demais ou se, no recreio, normalmente se posiciona próximo a um servidor da escola
buscando proteção. Muitas vezes podem apresentar comportamento depressivo,
agressivo, e ou retraído, e podem se excluir ou ser excluídos de atividades em grupo.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Ao presenciar uma situação específica de bullying é importante


que os profissionais da escola intervenham de maneira adequada e viabilizem um
momento e um espaço para o diálogo restaurativo entre o praticante e a pessoa em
situação de violência de forma a promover um ambiente mais tranquilo e seguro para
todos - praticante, estudante em situação de violência e espectadores.

Se for observado que a questão não foi efetivamente solucionada entre os pares, a
escola pode contactar os pais e/ou responsável do agressor para que intervenham a fim
de cessar tal conduta. Caso os pais sejam omissos é preciso estar atento(a) pois pode-se
tratar de casos de “negligência, abandono ou de situações familiares mais graves”. Nesta
situação, como orienta o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) em sua
Cartilha “Educação Semente para um mundo melhor”, de 2016, o Conselho Tutelar
deverá ser acionado para que faça a intervenção necessária.

Ressalta-se que as sanções para estes comportamentos devem estar previstas no


regimento escolar, que deve prever medidas progressivas de responsabilização dos
agressores.
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É importante estar sempre atento às relações sociais no ambiente escolar de forma a


garantir que os direitos de todos sejam respeitados. Assim, pode-se, a qualquer tempo,
realizar intervenções pedagógicas específicas sobre a temática na escola com destaque
para o respeito nas relações e pontuando as possíveis consequências do bullying no
ambiente escolar. Neste sentido, a manutenção de um trabalho preventivo constante
junto aos estudantes e profissionais da escola é fundamental, salientando-se o
desenvolvimento das competências socioemocionais como prática relevante na
prevenção ao bullying na escola.

_______________________________________Cyberbullying

O QUE É: Trata-se de uma forma de bullying que ocorre de modo virtual através das
redes sociais onde o agressor normalmente não é identificável pois atua com um perfil
falso e se vale de instrumentos tecnológicos para depreciar, incitar a violência, adulterar
fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.
(Lei 13185/2015, art.2º, parágrafo único)

COMO IDENTIFICAR: É possível identificar através das redes sociais em comunidades,


sites, vídeos, imagens, intimidações, e até ameaças que ocorrem de forma vexatória.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Independente da vítima ser estudante ou servidor da escola, a


primeira atitude a ser feita é guardar as provas (salvar, imprimir as referidas postagens,
fotos, vídeos, imagens); registrar o endereço completo da página ou número do telefone
e WhatsApp e ter a relação de testemunhas que confirmem o fato ocorrido. Pode ser
realizado boletim de ocorrência e, internamente, deve-se seguir as sanções previstas no
Regimento Escolar. Além disso, é importante sugerir, se for adequado, que a pessoa em
situação de violência procure acompanhamento psicológico.

Sendo possível identificar o agressor:


dialogar com os envolvidos e promover a remoção do conteúdo nas próprias redes
sociais onde se deu a divulgação (Facebook, Instagram, YouTube e Twitter).
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Solucionado o problema:
como prática restaurativa e preventiva realizar um diálogo com os estudantes
envolvidos e pais e/ou responsáveis sobre o fato ocorrido, de forma a evitar novas
situações e possibilitar a resolução do caso sem a necessidade de acionar a justiça.

Não ocorrendo solução:


se não foi possível solucionar por meio da mediação ou por não ser possível identificar
o agressor, poderá efetivar um boletim de ocorrência, comunicar ao Conselho Tutelar,
Ministério Público ou à Delegacia de Polícia no caso em que ocorrer atos infracionais
(agressão moral e física).

ATENÇÃO!

❖ Quando os envolvidos são maiores de idade, os casos podem ser


enquadrados no Código Penal. Adolescentes acima de 12 anos
respondem pelo ato infracional equivalente aos crimes previstos
em lei.

❖ Após identificar a situação, é fundamental que a pessoa em


situação de violência saiba que ela não é culpada e receba apoio
emocional dos familiares, educadores e amigos/colegas. Muitos
têm dificuldade para sinalizar que não estão bem e não
conseguem fazer frente às agressões sofridas, por isso é tão
importante o apoio, sem julgamentos, da escola, da família e dos
amigos.

❖ É importante, ainda, estimular o debate sobre este tema com toda


a comunidade escolar e realizar atividades preventivas, como
previsto na Lei 13.185 que instituiu o Programa Nacional de
combate ao bullying no Brasil. Aproveite os recursos da campanha
Acabar com o bullying #ÉdaMinhaConta e os demais materiais da
SaferNet para promover suas atividades.
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______________________________Práticas Discriminatórias

O QUE É: Ocorre em situações de racismo, LGBTfobia, intolerância religiosa,


preconceitos contra pessoas com deficiência e outras discriminações.

COMO IDENTIFICAR: É preciso ter atenção especial neste caso, pois práticas
discriminatórias podem acontecer diariamente nas escolas sendo entendidas como
“brincadeiras”. Entretanto, são atitudes graves, que violam os Direitos Humanos, a
Constituição Federal e outras leis específicas, que tratam do respeito ao outro e da
igualdade entre todos, sendo os tratamentos diferentes justificáveis apenas no sentido
de promoção da equidade, de acordo com a necessidade de cada um e cada uma.

Neste sentido, ressaltam-se alguns tipos de discriminação que podem ocorrer na escola:

A intolerância religiosa, de acordo com o artigo 208 do Decreto Lei Nº


2848/40, ocorre quando se ironiza alguém publicamente, por motivo de
crença ou função religiosa; impede ou perturba cerimônia ou prática de
culto religioso; menospreza, desdenha ou subestima publicamente ato ou
objeto de culto religioso.

Conforme a Lei Nº 12.288, de 20 de julho de 2010, a discriminação racial ou


étnico-racial é “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por
objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em
igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais
nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada”.

De acordo com decisão do STF de 13 de junho de 2019, as condutas


homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, se enquadram nos crimes
previstos na Lei 7.716/1989. A homofobia “pode ser definida como a
aversão irracional aos homossexuais e a todos que manifestem
orientação sexual ou identidade de gênero diferente dos padrões
heteronormativos”. (SVS/MS, 2016)
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Todas as formas de preconceito podem se manifestar através de atitudes corriqueiras,


como não sentar ao lado de um determinado colega, a exclusão de um/uma colega
sempre em trabalhos em grupo, e por “brincadeiras” que são, na verdade, agressões
verbais/psicológicas, que podem chegar até a violência física. Por isso, é importante
estar sempre atento(a)!

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Para a ação neste tipo de violência é imprescindível a atenção


diária aos atos dos estudantes. Muitas vezes, por não conhecer o “diferente” dela
própria, a criança pode ter atitudes que podem ser fruto de uma incompreensão, mas,
na verdade, são atitudes de discriminação. Assim, cabe à escola e aos professores e
professoras o olhar atento e o trabalho com a turma, ou até mesmo com toda a escola,
de forma preventiva e sempre que notar alguma situação que possa indicar uma prática
preconceituosa. Além disso, a conversa com o/a estudante que tem demonstrado tais
preconceitos pode ser importante para seu melhor entendimento sobre o fato.

Ao presenciar uma atitude de discriminação é fundamental propiciar um espaço para


diálogo entre o agressor e a pessoa em situação de violência, buscando a resolução
dialogada do conflito e o aprendizado dos envolvidos.

Resolvendo o problema:
Levar ao conhecimento do conselho de representantes de turma e ao colegiado
escolar para a construção de ações de promoção voltadas à formação de uma
cultura mais inclusiva das subjetividades, identidades e grupos.
Manter um trabalho preventivo junto aos estudantes e monitorar as relações no
ambiente escolar de forma a evitar a reincidência.

Não solucionando:
Contactar os pais e ou responsável para intervirem junto ao filho(a) a fim de cessar
tal conduta. Caso o responsável não compreenda a necessidade de resolução do
conflito e correção da conduta, o Conselho Tutelar pode ser acionado e Boletim de
Ocorrência pode ser feito.
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ATENÇÃO!

❖ É fundamental a realização recorrente de intervenções


pedagógicas específicas sobre a temática na escola, com destaque
para o respeito nas relações e de forma a pontuar as possíveis
consequências das Práticas Discriminatórias no ambiente escolar.

______________________________Automutilação e Suicídio

O QUE É: A automutilação refere-se a um impulso ou compulsão de comportamento de


autolesão voluntária como escoriações na pele, mucosas, furar os braços, arrancar
cabelos (DALGALARRONDO, 2008).

O comportamento suicida, por sua vez, ocorre, muitas vezes, em indivíduos ansiosos e
deprimidos e normalmente é associado a outros sintomas mentais e condições gerais
como humor depressivo, desesperança, dor ou disfunção orgânica. (DALGALARRONDO,
2008).

COMO IDENTIFICAR: É preciso estar atento aos estudantes, em especial aqueles que
apresentem comportamentos diferentes do comum, como usar blusas de manga
comprida em dias muito quentes, o que pode encobrir autolesões, ou estudantes que
apresentem comportamento de isolamento, depressivo, ou um discurso de
desesperança de expectativas de motivos de viver.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Ao identificar uma situação de risco deve-se comunicar a


família, podendo-se sugerir, se for pertinente e adequado à situação, o
encaminhamento do/a estudante para o Sistema de Saúde a fim de conseguir um
atendimento psicológico/psiquiátrico.

Salienta-se ainda que casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada são


de notificação compulsória ao Conselho Tutelar pelos estabelecimentos de ensino,
conforme a Lei Nº 13.819, de 26 de abril de 2019. Além disso, deve ser realizada
21

notificação à UBS mais próxima da escola, por meio da Ficha de Notificação Individual
(Anexo I), que deve ser preenchida em até 24 horas. Além da notificação formal à UBS
mais próxima da escola, a Direção deve sugerir aos responsáveis que procurem a UBS
mais próxima de seu domicílio para o acompanhamento do estudante.

Nos casos em que, por algum motivo, o ferimento realizado pela automutilação acabar
colocando a vida da pessoa em risco ou a pessoa solicitar auxílio, deve-se prestar socorro
e realizar as providências cabíveis para seu atendimento na unidade de saúde
competente.

A partir da identificação de um caso de automutilação é importante a atuação


preventiva da escola, contando com a ajuda dos profissionais da unidade básica de
saúde mais próxima da escola através do NASF e do PSE, pois assim a escola pode contar
com uma rede de cuidados multiprofissional.

______________________________________Violência Física

O QUE É: Refere-se a uma relação social de poder que se manifesta nas marcas que
ficam principalmente no corpo. Apresenta-se em diferentes graus, cuja severidade e
gravidade podem ser medidas pela intensidade da força física utilizada pelo agressor,
pelo grau de sofrimento causado à pessoa em situação de violência, pela gravidade dos
ferimentos ocasionados (FALEIROS, 2007). Pode ser entendida como ação que ofenda a
integridade, a saúde corporal ou que cause sofrimento físico a outrem. É importante
levar em consideração, entretanto, que o relato da violência pode ocorrer depois que
as lesões já estiverem cicatrizadas, o que não deve diminuir a importância do registro e
da tomada de providências em relação à violência sofrida.

COMO IDENTIFICAR: indícios são marcas que ficam principalmente no corpo, como
machucados, lesões, ferimentos, fraturas, queimaduras, traumatismos, hemorragias,
escoriações, lacerações, arranhões, mordidas, equimoses, convulsões, inchaços,
hematomas, mutilações, desnutrição e até morte (FALEIROS, 2007). Além disso, relatos
das situações sofridas devem ser indícios para a tomada das medidas cabíveis para
22

averiguação da situação, responsabilização do agressor e apoio à pessoa em situação de


violência.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Nos casos de lesão que precise de acionamento do sistema de


saúde, acionar a família para acompanhamento e encaminhamento à unidade de saúde,
hospital ou outros serviços de saúde identificados como necessário. Além disso, deve-
se analisar a necessidade de realizar o Boletim de Ocorrência.

No caso de não correspondência da família/responsável ou da suspeita da atitude de


violência ser realizada por familiar ou responsável, comunicar e registrar o contato com
o Conselho Tutelar e com a rede de proteção social e proceder o encaminhamento e
acompanhamento da pessoa em situação de violência, pois se a vítima está sofrendo, a
não prestação de assistência pode ser considerada omissão de socorro.

Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à


criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou
multa. (Lei Nº 2.848/1940, Art.135)

A Lei Nº 13.431/2017, em seu art. 18, salienta que a coleta, guarda provisória e
preservação de material com vestígios de violência serão realizados pelo Instituto
Médico Legal ou por serviço credenciado do sistema de saúde mais próximo, que
entregará o material para perícia imediata.

Em situações de maior gravidade, registrar o Boletim de Ocorrência e analisar a


necessidade (verificar com a Polícia local e atendimento de saúde) de proceder os
encaminhamentos para exame de corpo de delito para comprovação futura da lesão
sofrida.

Cometido por criança ou adolescente: convocar a família ou responsável, registrar na


escola o fato ocorrido, acionar o Conselho Tutelar, e fazer Boletim de Ocorrência.

Cometido por maior de dezoito anos em idade: comunicar a família, registrar na escola
e fazer Boletim de Ocorrência.
23

ATENÇÃO!

❖ Para o atendimento no Sistema de Saúde é necessário a presença


de responsável legal. Caso o responsável seja o agressor, é
necessária a presença de pessoa de confiança, maior de 18 anos.

❖ Nos casos de inconsciência, acionar imediatamente o Serviço de


Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), além de fazer o
acionamento da família.

❖ Nos casos de identificação, por profissionais da escola, de violência


física sofrida por estudantes fora da escola, deve-se analisar a
situação e acionar a família ou, conforme o caso, o Conselho Tutelar,
o CRAS e o CREAS, procedendo o encaminhamento para a unidade
de saúde competente quando necessário.

_____________________________________Violência Sexual

O QUE É: Violência sexual, no contexto deste documento, é o abuso delituoso de


crianças e adolescentes, em especial de sua sexualidade, negando, inclusive, o direito
das crianças e adolescentes a sua sexualidade em desenvolvimento (FALEIROS, 2007).

COMO IDENTIFICAR: Estar atento a mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no


comportamento, como oscilações no humor entre retraimento e extroversão;
assiduidade e pontualidade exageradas, quando ainda frequenta a escola e demonstra
pouco interesse ou mesmo resistência em voltar para casa após a aula. Queda
injustificada na frequência na escola. Dificuldade de concentração e aprendizagem
resultando em baixo rendimento escolar (SÃO PAULO, 2005).

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Havendo indícios de que um estudante sofreu ou está sofrendo


violência sexual1, a escola deve comunicar imediatamente o Conselho Tutelar e, se for
seguro, a família/responsáveis.

1 “Na literatura, encontram-se diferentes conceituações para a violência sexual contra crianças e
adolescente. Elas são subdivididas nas categorias de abuso sexual intrafamiliar ou incestuoso,
de abuso sexual extrafamiliar e de exploração sexual nas modalidades turismo, pornografia e
tráfico para fins sexuais.” (WERNECK, GONÇALVES e VASCONCELOS, 2014, p. 72)
24

Não havendo Conselho Tutelar no município, comunicar a Delegacia, de preferência


especializada no atendimento de crianças e adolescentes, para investigação do caso. É
extremamente importante garantir o sigilo do caso e a segurança da pessoa em situação
de violência. É fundamental o encaminhamento correto do caso, evitando perguntas e
processos que aumentem o sofrimento da pessoa em situação de violência. Neste
sentido é imprescindível seguir os procedimentos previstos na Lei nº 13.431, de 4 de
Abril de 2017.

Em caso de indícios de violência sexual o indivíduo deve ser encaminhado


imediatamente para a assistência da saúde (neste caso, hospitais) para que sejam
realizadas as medidas profiláticas.

De acordo com a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, em seu artigo 14, §2º,

“Nos casos de violência sexual, cabe ao responsável da rede de proteção


garantir a urgência e a celeridade necessárias ao atendimento de saúde e à
produção probatória, preservada a confidencialidade”.

É importante também que seja indicado o acompanhamento psicológico para a pessoa


em situação de violência, a fim de que o acompanhamento adequado seja realizado.

_________________Agressões verbais / Violência psicológica

O QUE É: As agressões verbais ocorrem na escola quando um estudante ou profissional


desrespeita ou afronta, através de manifestações verbais, seus pares ou outros
membros da comunidade escolar.

Conforme a Lei Nº 13.431, de 4 de abril de 2017, em seu inciso II, alínea “a”:

II - violência psicológica:

a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em


relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento,
ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying)
que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;

Também nesse viés, Faleiros (2007) pontua a violência psicológica como um estado de
poder exercido sobre o outro indivíduo através de um comportamento arbitrário:
25

(..) esse poder é exercido através de atitudes de mando arbitrário (“obedeça


porque eu quero”), de agressões verbais, de chantagens, de regras excessivas,
de ameaças (inclusive de morte), humilhações, desvalorização,
estigmatização, desqualificação, rejeição, isolamento, exigência de
comportamentos éticos inadequados ou acima das capacidades e de
exploração econômica ou sexual.
(FALEIROS, 2007, p.36).

COMO IDENTIFICAR: Presenciando tal ato ou por meio do relato de testemunhas e da


pessoa em situação de violência.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: ao identificar os envolvidos pode-se promover o diálogo entre


o agressor e a pessoa em situação de violência para resolução do conflito de forma a
promover a construção de uma relação saudável entre ambos.

Não solucionando, no caso de estudantes serem os agressores, contactar os pais e/ou


responsável para intervirem junto ao filho a fim de cessar tal conduta. Caso os
responsáveis do estudante agressor sejam omissos, acionar o Conselho Tutelar e/ou
CRAS/CREAS para garantia dos direitos da pessoa em situação de violência. É importante
estar sempre atento e “monitorando” as relações sociais no ambiente escolar.

Além disso, devem ser realizadas intervenções pedagógicas específicas sobre a temática
na escola com destaque para o respeito nas relações e pontuando as possíveis
consequências das agressões verbais e violência psicológica no ambiente escolar,
mantendo um trabalho preventivo junto aos estudantes e professores.

O comportamento dos profissionais também deve ser observado e, havendo relatos de


agressividade verbal, a ocorrência deve ser levada ao superior hierárquico e
devidamente registrada para que seja evidenciada e resolvida.

IDEIAS
Caso perceba que esta é uma prática frequente no ambiente de sua escola, você pode
procurar promover maior diálogo entre os atores da escola, e também o estudo de
técnicas de Comunicação não Violenta.
26

___________________________________________Ameaças

O QUE É: Conforme o art. 147 do Código Penal, “Ameaçar alguém por palavras escritas
ou gesto ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave” (Lei Nº
2.848/1940).

COMO IDENTIFICAR: Através de manifestação do ofendido, testemunhas.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: É preciso que se analise o grau de ameaça. Se for possível e


adequado, pode-se buscar a realização de uma mediação para solução do conflito junto
ao responsável pela ameaça. Entretanto, em alguns casos ou se a mediação não for
suficiente, deve-se contactar os pais e/ou responsável para intervirem junto ao filho a
fim de cessar tal conduta e, caso os pais/responsáveis sejam omissos, acionar a
intervenção do Conselho Tutelar. É importante estar sempre atento e “monitorando” as
relações sociais no ambiente escolar.

Em todos os casos de ameaça a escola deverá proceder o registro do ocorrido na própria


escola, podendo acionar os órgãos policiais competentes e registrar a ocorrência. Nos
casos de ameaça grave, o acionamento da Polícia Militar via 190 deve ser imediato para
o registro do Boletim de Ocorrência e demais providências policiais decorrentes.

____________________________________Ameaças Virtuais

O QUE É: ameaças realizadas por meio virtual através das redes sociais, em que o
agressor pode ou não ser identificável.

COMO IDENTIFICAR: É possível identificar através das redes sociais em comunidades,


sites, vídeos, e-mail, telefonemas, WhatsApp e outras redes sociais e meios de
comunicação.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: Guardar as provas (Salvar, imprimir as referidas postagens com


as ameaças); registrar o número do telefone e WhatsApp. Acionar imediatamente os
órgãos policiais competentes e fazer boletim de ocorrência para que se investigue o
caso.
27

DICA IMPORTANTE!
Para fins de produção de provas, sugere-se apagar o nome do autor das ameaças
virtuais da agenda do telefone, de modo que ao salvar as mensagens possa ser
visualizado o número do telefone.

_______________________________Porte de Arma de Fogo

O QUE É: O artigo 14º da Lei Nº 10.826/03, dispõe sobre registro, posse e


comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas
(SINARM), define crimes e dá outras providências.

COMO IDENTIFICAR: quando se nota no ambiente escolar o porte de arma.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: O porte de arma de fogo, uma vez detectado no recinto escolar,
deverá ser comunicado às autoridades competentes dos órgãos de segurança pública
para que estes façam a intervenção necessária (acionar imediatamente a Polícia Militar
via 190). Além disso, deve-se fazer o registro na escola do fato ocorrido. Tratando-se de
criança ou adolescente, convocar o responsável e acionar o Conselho Tutelar, além de
comunicar às autoridades competentes dos órgãos de segurança pública.

ATENÇÃO!

❖ Nos casos de porte de objetos cortantes ou pontiagudos, deve-se


analisar a situação e, se necessário para garantia de segurança,
recolher o material, que deve ser devolvido aos responsáveis apenas
após o acionamento da família e o registro do ocorrido.

_____________________________________Álcool e cigarro
O QUE É: uso de bebidas alcoólicas ou cigarro - cigarro branco, cigarro de palha, cigarro
eletrônico, narguile e/ou similares - por estudantes no ambiente escolar.

COMO IDENTIFICAR: quando se nota no ambiente escolar o porte ou uso.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: É necessário destacar que álcool e tabaco - cigarro e seus


derivados - não são consideradas substâncias ilícitas. Dessa forma, seu uso não é ilegal.
28

Quando praticado por criança ou adolescente, não é caracterizado como ato infracional.
Dessa forma, deve ser tratado pela própria escola, administrativa e pedagogicamente.

As ações da escola em relação ao uso de álcool e tabaco por seus estudantes deve estar
focada principalmente na prevenção ao uso dessas substâncias.

Como medidas específicas a escola poderá considerar os seguintes procedimentos:

➢ Incluir no Projeto Político Pedagógico ações preventivas, regras claras que


estabeleçam a construção de um diálogo permanente com a comunidade
escolar;
➢ As ações a serem elaboradas deverão considerar a realidade geográfica e social
da escola, considerando suas especificidades como índice de evasão escolar,
índice de violências ocorridos entre outros.
➢ Articular com o comércio local e fortalecer a conscientização acerca da
ilegalidade da venda de álcool, cigarros e tabaco para menores.
➢ Articular parcerias com ONGs, associações de bairros e grupos de jovens para a
promoção de projetos e oficinas na perspectiva de prevenção ao uso e abuso de
álcool e cigarro.
➢ Desenvolver com a equipe de profissionais da escola uma responsabilidade
coletiva através da conscientização sobre a coerência de suas ações no ambiente
escolar frente aos estudantes, como exemplo a seguinte reflexão: “É pertinente
que o servidor fume dentro do espaço escolar uma vez que a Escola trabalha a
prevenção quanto ao uso do cigarro?”
➢ Estimular e incentivar aos estudantes uma postura inclusiva e autônoma,
evitando uma abordagem punitiva e estabelecendo diálogos construtivos que
permitam redimensionar esses sujeitos para mudança e conscientização acerca
do tema.
➢ Informar familiares ou responsáveis por documento formal sobre decisão da
escola de não permitir venda e consumo de bebidas alcoólicas em eventos
organizados pela mesma, importante coletar assinaturas dos responsáveis para
ciência e respaldos desse processo.
29

____________________________________Outros psicoativos - ilícitos


O QUE É: Trata-se de substâncias ou produtos capazes de causar dependência, conforme
disposto na Lei nº 11.343/2006 , artigo 1º, parágrafo único.

COMO IDENTIFICAR:

Inicialmente é necessário fazer uma distinção entre o uso e o tráfico de drogas. O usuário
trata-se da pessoa que utiliza essas substâncias para consumo próprio e o tráfico é
quando envolve a comercialização dessas substâncias.

Ressalta-se que não compete à escola categorizar entre usuário ou tráfico, pois o mesmo
deverá ser feito por autoridade policial.

MEDIDAS ESPECÍFICAS:

➢ Fundamental consultar pais e responsáveis para respaldarem envolvimento dos


estudantes em projetos, pesquisas, oficinas de informação sobre este tema.
Organizar no espaço escolar rodas de conversa, debates que estimulem e
convidem os estudantes para apresentarem seu conhecimento sobre o tema e
impacto no seu cotidiano. Ideal aqui é promover construção coletiva e ativa do
conhecimento permitindo aos jovens identificação das regras (leis) e
entendimentos de suas lógicas, principalmente porque a partir deste
reconhecimento poderão ser melhor compreendidas as consequências de
“transgredir” essas normas.
➢ É importante que essas atividades de intervenção desenvolvidas na escola sobre
essa temática atuem de forma desmistificar concepções equivocadas entre
jovens, como a baixa nocividade à saúde, a pressão de grupo sociais de convívio
do estudante
➢ Salientamos que, estatisticamente, a maioria dos estudantes não se envolve com
drogas ilícitas2. Distinguir os estudantes que precisam de apoio e aqueles que
precisam de ajuda especializada tanto na área de saúde quanto da área social e
fazer o encaminhamento para os equipamentos de proteção, por exemplo.

2
Dados extraídos do V Levantamento Nacional sobre o consumo de Drogas Psicotrópicas entre
estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 capitais
brasileiras, realizado pela Senad em parceria com o CEBRID.
30

➢ Procurar parcerias com Ministério Público e Conselhos Tutelares para


acompanhar e promover uma rede que propicie aos jovens desmistificar
imagens equivocadas e socialmente compartilhadas sobre o consumo de drogas
ilícitas.
➢ O uso ou o comércio de substâncias ilícitas, uma vez detectado no recinto
escolar, deverá ser comunicado às autoridades competentes dos órgãos de
segurança pública para que esses façam a intervenção necessária (acionar
imediatamente a Polícia Militar via 190). Além disso, deve-se fazer o registro na
escola do fato ocorrido.

_______________________________________Furto e Roubo
O QUE É: O Código Penal define como furto “Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel” (DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940, Art. 155). E define
como roubo “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência”.

COMO IDENTIFICAR: Relato direto do estudante, dos responsáveis ou relato anônimo


sobre objeto furtado ou roubado.

MEDIDAS ESPECÍFICAS: O/A servidor/a que tomar conhecimento do fato deverá


comunicar à equipe gestora da escola que fará os encaminhamentos necessários.

Situações que envolvam furto ou roubo deverão ser analisadas pela escola de forma a
se identificar a necessidade de acionamento da Polícia Militar para registro de Boletim
de Ocorrência. Em caso de pequenos objetos ou objetos de menor valia - simbólica ou
financeira - a escola poderá tratar o caso internamente com intervenções pedagógicas
conforme o caso concreto.

___________________________Violência Patrimonial - Dano

O QUE É: Quando há depredação ou danificação do patrimônio escolar


31

COMO IDENTIFICAR: Quando ocorre a prática de ato que caracterize subtração,


danificação, destruição parcial ou total do patrimônio escolar

MEDIDAS ESPECÍFICAS:

Identificando o responsável: Não identificando o responsável:

Realizar a intervenção pedagógica para Compartilhar com os estudantes o


orientar e evitar novo ato. Sendo fato ocorrido e, através de um
necessário, comunicar a família e de diálogo promover medidas
acordo com o ECA/90, em seu artigo preventivas como debates de
116º, “Em se tratando de ato infracional conscientização na escola sobre a
com reflexos patrimoniais, a autoridade importância do patrimônio
poderá determinar, se for o caso, que o escolar para a comunidade.
adolescente restitua a coisa, promova o
Além disso, devem-se realizar os
ressarcimento do dano, ou, por outra
trâmites necessários, com
forma, compense o prejuízo da vítima.
acionamento da SRE para tomada
Parágrafo único. Havendo manifesta de providências e reposição do
impossibilidade, a medida poderá ser bem material danificado.
substituída por outra adequada”.

Ressalta-se que conforme a Súmula 108


do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) “A
aplicação de medida socioeducativa
ao adolescente, pela prática de ato
infracional, é de competência exclusiva
do Juiz”.

_________________________Violências no Entorno da Escola

São as violências praticadas ao redor da escola, inclusive no mesmo quarteirão, mas que
não dizem de violências realizadas na escola. Neste caso, sendo praticados por
estudantes da escola, quando for possível identificá-lo, deve-se comunicar a família,
acionar o Conselho Tutelar no caso de crianças/adolescentes e a Patrulha Escolar ou
Polícia Militar.

Tratando-se de pessoas não pertencentes à escola, a comunidade escolar poderá


acionar a Patrulha Escolar ou Polícia Militar.
32

_________Atos Praticados por Servidores Contra Estudantes

Para os atos praticados por servidores contra estudantes, deve ser seguida a legislação
própria. Qualquer ato irregular ou ilícito cometido por servidor (efetivo ou designado)
ou prestador de serviço deve ser registrado pela direção da escola em documento
escrito e assinado com relato dos supostos fatos, data, hora aproximada e local da
ocorrência. Além disso, devem ser registradas as medidas tomadas pela direção escolar
em relação ao caso. Deve-se realizar as intervenções administrativas necessárias em
relação ao servidor, conforme previsto no Regimento Interno da Escola, na Lei Nº
869/1952 em seu artigo 211º e na Constituição do Estado de Minas Gerais em seus
artigos 4°, 16º e 29º.

Exemplo: um estudante reclama à direção que determinado professor usou termos


pejorativos durante uma aula. Ele diz se sentir ofendido com as colocações do
professor. Nesse caso, cabe à direção registrar o relato do estudante, com o nome dos
envolvidos, data, hora aproximada e local da ocorrência e as medidas que foram
tomadas para averiguar o ocorrido junto ao professor, sendo importante o
acionamento de outros estudantes para conversar sobre o ocorrido.

Nos casos em que não for possível adotar as medidas necessárias para resolução do
ocorrido no âmbito de medidas de gestão e/ou que o ato praticado seja uma violação
aos artigos 172º e 173º da Lei Estadual Nº 7109 de 13 de Outubro de 1977 que contém
o Estatuto do pessoal do magistério público do Estado de Minas Gerais ou à Lei Estadual
Nº 869/1952, utilizar os canais disponibilizados pela Ouvidoria Geral do Estado para
denunciar o ato. Neste registro é importante se identificar para resguardar que os
órgãos competentes foram acionados, em cumprimento ao dever de todo funcionário
público de “levar ao conhecimento da autoridade superior irregularidade de que tiver
ciência em razão do cargo”.
33

Os canais de contato listados pela Ouvidoria Geral do Estado (OGE) são:


1. Site: www.ouvidoriageral.mg.gov.br
2. Disque-Ouvidoria: 162
3. Disque-Saúde: 136
4. Whatsapp: (31) 9.9802.9713
5. Postal: Rodovia Papa João Paulo II, 4001 – Edifício Gerais – 12º Andar
Belo Horizonte - CEP: 31.630-901
6. Atendimento presencial: das 8H às 17H na Cidade Administrativa,
mesmo endereço.
7. Agendamento on-line: O cidadão pode agendar o atendimento
presencial por meio do site. Acesse aqui o formulário de agendamento
8. E-mail Canal Anticorrupção:
canalanticorrupcao@ouvidoriageral.mg.gov.br
9. Posto OGE - Centro - Atendimento Av. Amazonas, 558 - Centro / Belo
Horizonte

Fonte: http://www.ouvidoriageral.mg.gov.br/canais-atendimento

A OGE, por meio da Ouvidoria Educacional, irá entrar em contato com os órgãos de
apuração competentes para dar a devida solução ao caso seja na esfera administrativa,
civil ou penal.

ATENÇÃO!

AÇÕES DE ACOMPANHAMENTO: Restaurar os laços

Muitas vezes, é dada extrema atenção a um caso específico de violência no


momento que ele ocorre. Entretanto, depois de ser “resolvido” não é realizado
nenhum tipo de acompanhamento no que tange os envolvidos (pessoa em
situação de violência, agressor e espectadores).

Assim, salienta-se a importância da realização de diálogos e acompanhamento


da situação escolar dos envolvidos, além da sugestão de acompanhamentos pela
rede quando se julgar necessário.
34

Algumas Observações

❖ Todas as ocorrências de violências devem ser registradas pela escola no SIMA


Educação, e cópia deve compor a pasta do estudante ou do profissional.
❖ A partir do momento que as ações pedagógicas tenham sido realizadas e a
assistência imediata tenha sido prestada, a família e/ou os responsáveis legais
são os primeiros a serem acionados pela escola. Nos casos em que há suspeita
de que os responsáveis legais sejam os atores das práticas de violência contra a
criança/adolescente, a escola pode acionar o Conselho Tutelar, para proteção
dos direitos das crianças e adolescentes, mas também pode e deve acionar o
CRAS/CREAS e/ou a Equipe de Saúde da Família, de forma a garantir que, para
além da solução pontual, sejam realizadas ações para resolver efetivamente a
situação, com o acompanhamento adequado da família/responsável.
❖ Algumas ideias simples podem auxiliar a escola a tomar ciência de situações de
bullying ou de outras violências que vêm acontecendo. Além da conscientização
sobre as temáticas e a importância do respeito ao outro e a si mesmo, pensar
em formas de promover maior diálogo entre funcionários da escola, entre estes
e estudantes e entre os próprios estudantes, e até mesmo pensar, com o devido
cuidado, em mecanismos de “relatos anônimos” podem ser ações que,
mutuamente, previnam e promovam a facilidade de intervenções nos casos
necessários.
❖ De modo geral, é importante que os profissionais da escola estejam atentos a
alteração na frequência e desempenho escolar (assiduidade ou queda
exageradas de frequência) dos estudantes, e observem comportamento de
isolamento, dificuldade de aprendizagem e concentração que podem ser indícios
de situações de violências e violações de direitos da criança ou adolescente.
❖ Nos casos de automutilação ou pensamento/ideação suicida pode ser
disponibilizado para os estudantes o contato do Centro de Valorização À Vida
(CVV): https://www.cvv.org.br, que funciona 24 horas, todos os dias, por
telefone, chat ou email.
35

Bibliografia
BRASIL. Código Penal (1940): decreto lei nº 2.848, de 07 de dezembro, de 1940. 3 ed. São Paulo:
Manoele, 2018. (Legislação).

BRASIL. Lei n° 7716,de 05 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de


raça ou de cor. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm>. Acesso
em: 11 jul.2019.

BRASIL. Lei n° 8069,de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente
e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 12 jul.2019.

BRASIL. Lei n° 10826, de 22 de dezembro de 2003. Dispõe sobre registro, posse e


comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm,
define crimes e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/cciviL_03/leis/2003/L10.826.htm>. Acesso em: 10 jul.2019.

BRASIL. Lei n° 11343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm>. Acesso em: 11
jul.2019.

BRASIL. Lei n° 12288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as
Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de
1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003 Disponível em: <
http://planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm>. Acesso em: 11 jul.2019.

BRASIL. Lei n° 12435, de 06 de julho de 2011. Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12435.htm. Acesso em: 16
jul.2019.

BRASIL. Lei n° 13185, de 06 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à Intimidação


Sistemática (Bullying). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
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