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ALUNO: Jonathan Matos de Faria – 201368015-3

Livro em Análise: A ética protestante e o espírito capitalista

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo é um livro desenvolvido pelo sociólogo Max


Weber. Tal obra é conhecida pelo nexo estabelecido, sob as perspectivasde Weber,entre ideais
econômicos e religiosos. Ao longo do texto, este cerne é utilizado para a elucidação da forma em que o
caráter protestante influenciou o engendramento do capitalismo moderno. Este contexto fomenta-se a
partir das comparações sobre a maneira em que os mesmos fenômenos e fatos sociais apresentaram
divergências de significados entre a civilização oriental e a ocidental. Por conseguinte, Weber descobriu
que as respectivas índoles ocidentais e os preceitos protestantes configuraram-se como a força motriz que
impulsionoude maneira decisiva a construção e consolidação do sistema capitalista.
De início, para a compreensão dos pontos de vista políticos e sociais deste autor, deve-se atentar
ao contexto histórico-social que o mesmo estava inserido. Portanto, o engendramento das posições
teóricas weberianas esta condicionada majoritariamente pelo ambiente geopolítico da Alemanha do
século XIX. Igualmente, é preciso considerar todo o quadro das ciências sociais da época, especialmente
no que diz respeito à esfera histórica e filosófica, bem como no campo político-econômico alemão e
europeu, uma vez que, muitas das análises de Weber foram baseadas em dados conjecturais deste
continente, como no caso de seu livro Ética Protestante e Espírito Capitalista, alvo desta discussão. Logo,
em uma breve síntese, podemos dizer que o palco histórico germânico apresentava um cenário de
transformações conflitantes. Além do fenômeno da revolução industrial e do progresso do capitalismo
moderno, era notória uma metamorfose cultural que incidia sobre a sociedade.

A semelhante conversão se deflagra na forma de uma mudança na superestrutura, onde inúmeras


relações de poder se tornam antiquadas e são suplantadas por novas concepções, na medida em que, a
sociedade em si experimenta gamas de inovações nos processos de produção e nos meios de organização,
sejam políticos, religiosos, culturais ou econômicos. Não cabe aqui pormenorizar cada elemento, no
entanto, deve-se ressaltar que tais mudanças foram de suma importância para a formação dos estudos de
Max Weber. Outrossim, vale destacar que, nesse período, houve o destacamento de diversos pensadores
sociais que contribuíram diretamente ao desenvolvimento dos estudos weberianos. Por exemplo, a dupla
Karl Marx e Friedrich Engels que abordavam sobre o capitalismo, suas crises e alternativas; a ascensão do
Positivismo; além do francês Emile Durkheim – reconhecido internacionalmente como um clássico nas
ciências sociais – que teorizava sobre o ideal de solidariedade social e acerca da divisão do trabalho e
suas consequências. Igualmente, em relação à Durkheim, é imprescindível considerar sua participação no
movimento positivista. Este estágio, liderado pelo pensador francês Augusto Comte - criador da
sociologia e do positivismo – surgiu da necessidade de compreensão do lugar e papel do homem no
desenvolvimento da sociedade. Desta forma, os seguidores desta corrente focam no conceito da reflexão
explicativa. Em outras palavras, seu estudo é baseado na observação, no confronto e na experiência, que
por sua vez, conduzem ao descobrimento das leis do desenvolvimento social. Como é dito no livro Curso
de Filosofia Positiva (1830-1842), “o estado positivo caracteriza-se, segundo Comte, pela subordinação
da imaginação e da argumentação à observação”. Outro grande autor-fundador da sociologia configura-se
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na figura de Herbert Spencer. Assim como Comte, Spencer busca expor sistematicamente o tema,
objetivos e perspectivas da sociologia.

Inobstante, Weber faz uma réplica ao movimento positivista, na medida em que, rompe com os
desígnios do mesmo. Essencialmente, são introduzidas as circunstâncias históricas como aspecto chave de
qualquer estudo social, já que, segundo Weber e sua corrente idealista, o entendimento pleno de um
ambiente social é condicionado ao exame de toda a diversidade e processos ocorridos na região em
questão. Este ensejo de observação de especialidades sociais é aprofundado pelo sociólogo brasileiro
Guerreiro Ramos onde, de acordo com sua obra Redução Sociológica, enfatiza que, “a redução é uma
atitude metódica que tem por fim descobrir os pressupostos referenciais de natureza histórica dos objetos
e fatos da realidade social”. Finalmente, pode-se dizer que Weber defendia a sociologia como um
processo interpretativo e sistemático. Como remate, é válido considerar os aspectos intrínsecos a vida de
Weber, como o fato de sua origem protestante que exerceu certa influência, principalmente em sua
metodologia sociológica.

Como dito anteriormente, Weber fundamenta o livro em questão através de um panorama


religioso – a priori, o protestantismo -, contudo, o perpassa em um quadro econômico-social de
determinados países europeus, onde descobre a existência de uma relação mútua e agradável entre as
doutrinas protestantes e os preceitos capitalistas. Todavia, Weber perpassa por um longo caminho
histórico-social, no que diz respeito, aos elementos relativos à formação das sociedades. Em primeiro
momento, Weber identifica um problema que se pode ser parafraseado como estratificação social. Tal
problemática emerge-se no fato de que os protestantes, predominantemente, aparecem com alta incidência
entre os denominados donos do capital, ou seja, aqueles ao qual possuem elevados níveis de qualificação
e concentração de renda. Além disso, também é apontado estratos nas áreas de educação e política. Por
exemplo, de acordo com Weber, o indivíduo de caráter protestante tem por enfoque educacional voltado
para a esfera econômica, em outras palavras, a um estilo existencial burguês, ao passo que, os católicos
preocupavam-se com uma educação de vertentes humanísticas.
Weber sustenta esta postura ao identificar o tipo ideal do conceito protestante e seus respectivos
ensinamentos. Esta generalização mantém por base principal a concepção de que o lucro e a riqueza, sob
as perspectivas éticas protestantes, são vistas como um sinal da graça de Deus. Também é percebido por
Weber, que os fundamentos, por exemplo, dos calvinistas, explicitam que ser próspero é um indício
concreto de que algum indivíduo esta ao lado de Deus, ao mesmo tempo em que, tal bonança terrestre o
assegura-lhe um lugar no céu após a morte. Além disso, um fato importante para o capitalismo é que a
usura e ganância em relação à riqueza são excluídas do caráter pecaminoso, na medida em que, a
respectiva magnificência seja utilizada somente para gerar mais riqueza, e não em prol de prazeres
carnais.
Não obstante, Weber planeiasuas discussões além do conceito-chave religioso. Por isso, num
segundo momento de sua obra elucida a essência do ele denomina como espírito capitalista. Sua análise,
apesar de exemplificar ascaracterísticas de tal sistema por meio de inúmeros povos em diferentes
momentos do tempo, como nas antigas sociedades da Babilônia, China e Índia, tem por enfoque nas
feições modernas do capitalismo, uma vez que, em toda história, a sociedade humana sempre teve como
afinco a cobiça e a divisão de classes, contudo, o fenômeno da organização racional do trabalho é algo
que somente pode ser percebido com clareza no hodierno. Esta racionalização instrumental é um
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elemento fundamental do capitalismo do ocidente e apresenta como principais exemplos à procura, em


meados dos séculos XVI a XX, do desenvolvimento da investigação científica,de métodos de aumento de
produtividade e eficiência, e do progresso das ciências contábeis.
Para demonstrar a relação entre o emergir gradual destes meios racionais com a religião, Weber
examina a manifestação do capitalismo. Desse modo, ele cita inúmeras passagens oriundas de Benjamin
Franklin. Esta empreitada revela o caráter avarento de Franklin. No início das críticas de Weber, vê-se o
caráter egoísta, onde a figura da honestidade só é útil se aplicada à conquista de crédito. Além disso, esta
ética do lucro é marcada pelo detrimento e eliminação do prazer. Portanto, a lucratividade é definida com
um fim em si mesmo. Isto se configura como umas das causas fundamentais do destaque protestante em
relação à aglomeração de dinheiro, já que, como o próprio Weber diz neste livro em questão, “quando a
limitação do consumo é combinada com a liberação das atividades de busca da riqueza, o resultado
prático inevitável é óbvio: o acúmulo de capital mediante á impulsão ascética para a poupança. As
restrições impostas ao gasto de dinheiro serviram naturalmente para aumentá-lo, possibilitando o
investimento produtivo do capital.”
Weber baseou seus estudos nos países europeus majoritariamente protestantes e, embora examinar
a existência divisões entre os tais, ele atenta para o tipo ideal desta. Assim, foram traçados os elementos
em comum dos protestantes como a predestinação, a vocação e o intenso trabalho, além das já abordadas
preocupações ascéticas.
A apropriação crítica do conceito de predestinação dá-se na seguinte ilustração: nenhum indivíduo
tem noção de quem será salvo. Contudo, fora acreditado por Calvino – fundador do calvinismo e
propagador dos ideais de predestinação – que Deus sabe quem está destinado a se salvar. Desse modo,
Calvino admite que existam formas de descobrimento de tal predestinação e que tais residem em uma
conduta humilde e sóbria de um indivíduo na Terra. Assim, a forma mais fidedigna de encontrar a Deus é
alcançar uma conduta íntegra através do trabalho e da renúncia ao prazer por exemplo. Este ensejo nos
permite introduzir outro ponto importante nas análises weberianas: o conceito de vocação ou chamado.
Em síntese, tal termo remete a vida hedonista, onde a primazia do homem encontra-se no pleno
cumprimento de sua profissão. Por conseguinte, é dever do indivíduo dedicar seu tempo no trabalho e
numa vida ascética com todo afinco possível.

Nesse seu trabalho ele tinha a intenção de examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos homens, procurando avaliar a
contribuição da ética protestante, em especial o calvinismo, na promoção do moderno sistema econômico.

Um dos principais legados substanciais de Weber é a sua descrição das características do capitalismo moderno.  Weber considerou o capitalismo como um sistema
em evolução, de modo que o capitalismo atual tem algumas características bastante diferentes daqueles no início do capitalismo moderno.  Ele não fez, no
entanto, consideram a actividade comercial e capitalista como algo novo na era moderna, uma vez que tal comportamento tinha existido na maioria das
sociedades em earliertimes, bem como em outras sociedades consideradas não-capitalista, no momento presente. Sob o capitalismo moderno, no entanto, as
atividades de um padrão um pouco diferente e natureza ocorreu daqueles nas outras formas de capitalismo. As convicções religiosas desses puritanos os
levavam a crer que o êxito econômico era como uma bênção de Deus. Aquele definia o capitalismo pela existência de empresas cujo objetivo é produzir
o maior lucro possível, e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo do lucro e da disciplina racional que
constitui historicamente o capitalismo.

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