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SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA / SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS


COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR
COLÉGIO ESTADUAL DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS NIVO DAS NEVES
Prof.(a) Alisson Matutino e Jurcimá da Penha Atividade Semanal
Aluno(a) Disciplina ATUALIDADES
Série 3º Turma Turno MATUTINO Data: 18/08/2021

Atenção!

Aula 13- Nessa aula vamos estudar: Quem ganha "Os gestores trabalham por blocos. Para ele, real e
e quem perde com a alta do dólar: o impacto do peso argentino não têm grande diferença. [A
câmbio do turismo à indústria. Objetivo: variação cambial] é um processo que vem
Compreender sobre os reflexos negativos da alta acompanhado de algum nível de volatilidade e
do dólar para o consumo interno de bens cotados incertezas na região", diz Rafael Cagnin,
em dólar. economista do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Quem ganha e quem perde com a alta do
dólar: o impacto do câmbio do turismo à Os preços vão subir (ou os empresários vão lucrar
indústria menos)?

Para economistas ouvidos pela BBC News Brasil, Segundo o economista André Braz, coordenador do
efeitos mais imediatos no bolso do consumidor Índice de Preços ao Consumidor da Fundação
tendem a ser no preço das viagens ao exterior, já Getulio Vargas (FGV) e analista de inflação, a alta
que câmbio influencia tanto gastos em dólar quanto do dólar ainda não começou a surtir efeito na
preços de passagens e combustíveis. inflação.

Na noite de segunda-feira (25), uma declaração do "Não houve tempo para que a recente
ministro da Economia, Paulo Guedes, gerou desvalorização impacte a inflação. Já os
pessimismo no mercado financeiro. "É bom se combustíveis — dada a política de reajustes da
acostumar com juros mais baixos por um bom Petrobras — podem sofrer aumentos repassando
tempo e com o câmbio mais alto por um bom efeitos cambiais mais rapidamente", diz.
tempo", afirmou o ministro, em entrevista em
O repasse da variação cambial para os preços e
Washington, capital dos Estados Unidos.
para a inflação, que na linguagem econômica é
A reação veio rápida: o dólar fechou o dia de chamado de "pass-through cambial", ainda não
ontem cotado R$ 4,239. No dia, chegou a bater R$ está ocorrendo, diz Braz.
4,27, o maior valor nominal da história sobre o
Analisando um grupo de produtos comercializáveis,
real.
ou seja, que podem ser importados e exportados,
Mas, na memória econômica do brasileiro, o sobe- Braz diz que a variação de preços acumulada em
e-desce da moeda tende a preocupar. A inflação vai um ano ainda está desacelerando, ou seja: o
subir? Os juros vão aumentar? Como essa alta câmbio não está forçando a alta desses preços.
pode afetar os planos financeiros para o ano que
No futuro, se a alta persistir, o aumento pode ser
vem?
mais percebido pelo consumidor. "Ainda não vi
Para economistas ouvidos pela BBC News Brasil, os alimentos com alta por conta de câmbio. O pão
efeitos mais imediatos no bolso do consumidor francês, por exemplo, dado que é intensivo em
tendem a ser no preço das viagens ao exterior — já trigo (commodity agrícola) que o Brasil importa
que o câmbio influencia tanto nos gastos em dólar muito, pode repassar desvalorizações cambiais."
quanto no preço das passagens, e no preço dos
Mesmo a alta dos preços da carne bovina tem mais
combustíveis. Mas, se a alta persistir e se
relação com a demanda da China, que tem
transformar em tendência permanente, os efeitos
aumentado diante de uma queda na produção de
podem ser mais amplos, como, por exemplo, na
suínos no país, do que com o câmbio.
inflação e nos custos para as empresas.
Michael Viriato, professor de finanças do Insper, diz
Segundo os analistas, a alta recente do dólar
que o desempenho fraco da economia brasileira
reflete a preocupação de investidores e gestores de
funciona como um "desacelerador" do repasse da
recursos com as turbulências na América Latina,
alta do câmbio para os preços ao consumidor. Ele
como os protestos no Chile e a incerteza política na
cita o exemplo das vendas de Natal: se os lojistas
Bolívia.
aumentarem muito os preços podem acabar com
produtos encalhados nas prateleiras.
"O que favorece a não repassar é nossa economia Para Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB
estar frágil, os consumidores não conseguem Capital, o dólar deve se manter acima dos R$ 4,00
absorver o aumento dos preços. Se os empresários pelo menos até o primeiro semestre de 2020.
repassarem muito alto as pessoas não vão
comprar. O que vai acontecer no curto prazo é um Na análise de Bergallo, o aumento na velocidade
aperto de margem por parte dos empresários." dos cortes na taxa de juros acabou afastando
investidores estrangeiros, afinal, a taxa fica cada
Para ele, quem vai ser mais favorecido no curto vez mais próxima dos juros americanos que,
prazo será o turismo local, que abarcará os turistas apesar de darem retorno menor, são mais seguros.
que desistirem de viajar para fora.
"A queda da diferença entre as taxas de juros
Os exportadores vão ficar mais felizes? internas e externas é um dos motivos. Reduziram-
se em muito os atrativos para que haja um fluxo de
Para entender como o sobe-e-desce do dólar dólares para o mercado brasileiro. O Banco Central
influencia a economia, é preciso adotar uma lógica acelerou o ciclo de cortes dos juros básicos,
simples: ganha mais quem recebe pagamentos em trazendo-os a inéditos 5% ao ano e com
dólar, e perde quem tem custos a pagar na moeda perspectiva de chegarmos em 4,5% nos próximos
americana. meses."

Mas, para os exportadores, a alta precisaria ser Nas projeções do boletim Focus, divulgado
mesmo mais prolongada para que o aumento semanalmente pelo Banco Central com a projeção
rendesse mais negócios e mais produtos vendidos de economistas para os principais indicadores, a
no exterior. "Bens manufaturados [produtos moeda americana fechará o ano de 2019 cotada a
industriais] não são commodities. A exportação R$ 4,10 — a projeção era de R$ 4 na semana
envolve fatores como design, qualidade, serviços passada. Para o fechamento de 2020, a previsão é
conexos, venda, contratos mais longos. Não se de R$ 4 por dólar.
troca de fornecedor em um estalar de dedos. A
reação leva mais tempo", diz Cagnin, do Iedi. Em relatório divulgado nesta semana, a consultoria
LCA afirmou que "cresceu a chance de que, em
Desde seu início, 2019 não tem sido um bom ano breve, passemos a projetar, nesse nosso cenário
para exportadores. De janeiro a setembro, o base, dólar e Selic um pouco mais altos do que ora
superávit comercial somou US$ 33,6 bilhões (quase projetamos. E cabe alertar que aumentaram os
R$ 142 bilhões), um montante 20% menor do que riscos de um quadro frustrante no ano que vem,
no mesmo período de 2018. Por trás desse com elevação de incertezas políticas e sociais
desempenho fraco estão, inclusive, a profunda ameaçando o andamento da agenda econômica".
desaceleração do comércio mundial e a crise
econômica em um parceiro importante como a Por que subiu tanto?
Argentina.
Em sua fala nos Estados Unidos na segunda-feira, o
"Geralmente a alta do dólar é um processo que ministro Paulo Guedes disse não haver motivo para
vem acompanhado de algum nível de volatilidade. preocupação, porque a inflação está controlada e
Só vai ter esse efeito benéfico se tiver a alta por porque o câmbio desvalorizado facilita a
mais tempo", diz. exportação. Para ele, a valorização do dólar sobre o
real reflete uma mudança de políticas no Brasil,
Para Cagnin, o dólar pode ter efeitos negativos que tem baixado os juros. Atualmente, a taxa Selic
especialmente para os que dependem de insumos e está em 5% ao ano.
maquinário importado. "O nível de atividade
econômica atual é muito baixo então impacto em Viriato, do Insper, diz que as turbulências políticas
preços é menor do que no passado. Mas pode na América Latina criaram certo receio por parte
encarecer produtos importados e insumos dos investidores em relação aos ativos da região.
importados na indústria." "Recentemente, todas as moedas da região estão
se desvalorizando (em relação ao dólar)."
Até quando vai durar essa alta do dólar?
Para a LCA Consultores, a alta do dólar também
"A volatilidade não é boa para ninguém. Só serve reflete a frustração dos mercados com os leilões
para dificultar as projeções", diz o professor dos blocos exploratórios de petróleo e gás do pré-
Michael Viriato, do Insper, ilustrando como até para sal, que resultaram na entrada de menos dólares
quem estuda muito o tema é difícil prever o futuro do que se esperava. Além disso, reflete "a
do câmbio diante de tanta oscilação. percepção de que os fundamentos das contas
externas podem estar piorando. A revisão das
contas externas divulgadas pelo Banco Central esta
semana revelou que o déficit em conta corrente
tem sido maior do que apontavam as estatísticas
preliminares".

A LCA prevê, no entanto, que a pressão do câmbio


tende a se acomodar, permitindo que os juros
continuem caindo até chegar a 4,25% ao ano até
fevereiro.

Referências:

BBC NEWS. Quem ganha e quem perde com a


alta do dólar: o impacto do câmbio do turismo
à indústria. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/11/27/que
m-ganha-e-quem-perde-com-a-alta-do-dolar-o-impacto-
do-cambio-do-turismo-a-industria.ghtml Acesso: 17 de
agosto de 2021.

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