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GERENCIAL II

DA ASSISTÊNCIA
TÉCNICA E GERENCIAL
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Presidente do Conselho Deliberativo


João Martins da Silva Júnior

Entidades integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Ministério da Educação - MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB
Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Diretor Geral
Daniel Klüppel Carrara

Coordenação de Assistência Técnica e Gerencial


Matheus Ferreira Pinto da Silva
Módulo 3

Cálculo de custo de produção


Módulo 3

Sumário
Introdução do módulo................................................................................................................ 6
Introdução...............................................................................................................................10
Tópico 1: Custo operacional efetivo...................................................................................12
Tópico 2: Mão de obra familiar............................................................................................23
Tópico 3: Depreciação...........................................................................................................33
Tópico 4: Custo operacional total.......................................................................................45
Tópico 5: Aplicação dos conceitos......................................................................................56
Encerramento do tema.........................................................................................................72
Atividade de Passagem.........................................................................................................73

Tema 2: Cálculo do custo de produção II.............................................................................74


Introdução...............................................................................................................................74
Tópico 1: Custos fixos............................................................................................................76
Tópico 2: Custo total...........................................................................................................100
Tópico 3: Margem bruta.....................................................................................................107
Tópico 4: Margem líquida...................................................................................................120
Tópico 5: Aplicação dos conceitos....................................................................................132
Encerramento do tema.......................................................................................................146
Atividade de passagem.......................................................................................................147

Cálculo de custo de produção  pg. 4


Módulo 3

Tema 3: Cálculo dos indicadores........................................................................................ 150


Introdução.............................................................................................................................150
Tópico 1: Lucro.....................................................................................................................152
Tópico 2: Ponto de cobertura............................................................................................163
Tópico 3: Ponto de cobertura total..................................................................................174
Tópico 4: Taxa de retorno de capital................................................................................179
Tópico 5: Aplicação dos conceitos....................................................................................188
Encerramento do tema.......................................................................................................192
Atividade de Passagem.......................................................................................................193

Encerramento do módulo..................................................................................................... 195

Final de etapa.......................................................................................................................... 197

Gabarito das Questões......................................................................................................... 199

Referências bibliográficas................................................................................................... 203

Cálculo de custo de produção  pg. 5


Módulo 3

Introdução do módulo

Bem-vindo! Você está iniciando o módulo Gerencial II da Assistência Técnica


e Gerencial. Observe no infográfico a sua posição no curso e atente-se ao
seu progresso!

Você está aqui!

Calcular e
interpretar
indicadores técnicos
e econômicos nas
principais cadeias
Módulo 5
produtivas da Planejamento
pecuária ou da da Propriedade
Reconhecer os Módulo 3 agricultura. Rural
Início da conceitos gerenciais
Gerencial III Gerencial III Definir em
jornada da Metodologia de
da Assistência da Assistência que consiste o
Final da
Assistência Técnica
Técnica e Técnica e planejamento jornada
e Gerencial.
Módulo 1 Gerencial Gerencial estratégico da
Gerencial I da Contextualizar os propriedade rural
Metodologia da Assistência Módulo 4 assistida pela
conceitos gerenciais
Assistência Técnica Técnica e Metodologia de
da Metodologia de
e Gerencial Gerencial ATeG, facilitando
Assistência Técnica
e Gerencial. sua compreensão e
Aprimorar conhecimentos Módulo 2 aplicabilidade.
metodológicos para o
desempenho necessário
de ações de assistência
técnica, destacando as
competências requeridas
ao exercício da atividade.

Cálculo de custo de produção  pg. 6


Módulo 3

Na prática, este módulo tem o objetivo de apresentar a você as diversas


peculiaridades que envolvem a identificação dos custos na linha de produção
vegetal, desenvolvendo uma visão mais crítica para o momento da aplicação
em seu trabalho prático. Dessa forma, você terá embasamento em critérios
técnicos, de acordo com a metodologia de Assistência Técnica e Gerencial
para uma análise econômica mais real da empresa rural. Para isso, o módulo
foi dividido em três temas

Tema 1 Tema 2 Tema 3


Cálculo de Cálculo de Cálculo de
custos de custos de indicadores
produção I produção II

Nossa expectativa é que, ao final do módulo, você entenda a teoria geral


de custos com maior aprofundamento e com a prática de realizar cálculos
importantes para levantar o custo de produção e de fazer algumas análises
econômicas sobre a empresa rural.

Tudo isso para que você possa se tornar um autêntico educador agente de
transformações no campo, capaz de:

• identificar a correta alocação das despesas, investigando e diferenciando os


gastos para produção,

• estratificar custos operacionais e custo total, alocando apropriadamente cada


elemento desse cálculo,

• identificar os fatores de maior impacto e os limitantes de desenvolvimento da


atividade, elaborando um planejamento adequado ao final do processo,

• definir os conceitos de margem bruta e lucro, entendendo a relação com o


“lucro da atividade”, além da margem líquida, que fornece dados essenciais
para aplicação da taxa de retorno de um investimento.

Cálculo de custo de produção  pg. 7


Módulo 3

Praticando...
Agora que você conhece os temas que serão trabalhados no módulo, o que
acha de ver esses conceitos de forma mais prática?

Vá ao seu Ambiente de Estudos, assista ao vídeo que


mostra a história do Técnico Marcelo e da Fazenda
Santa Felicidade, aplicando todos esses conceitos
durante o módulo.

Desafios da jornada
Vale lembrar que o conteúdo é todo interligado, por isso, você precisa explorar
o primeiro tema, todos os tópicos e realizar a Atividade de Passagem, para
depois acessar o tema seguinte.

Relembre, a seguir, os tipos de desafios que você encontrará ao longo do módulo!

Pense e Decida
Situações práticas e objetivas em que você deve analisar o cenário
e tomar uma decisão. Não possui valor para a certificação.

Atividade de Passagem
Tem o objetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento
em relação ao conteúdo do tema correspondente e libera o acesso
ao tema seguinte.

Estudo de Caso
Obrigatório e de valor avaliativo, o Estudo de Caso consiste em
uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados.

Cálculo de custo de produção  pg. 8


Módulo 3

Simulado
Depois de passar por todos os temas do módulo e tiver completado
a última atividade, você deverá responder o Simulado.

Avaliação
A Avaliação é obrigatória e tem como objetivo verificar o seu
desempenho em cada módulo.

Fórum
O Fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre
você e o tutor. Existe um Fórum por módulo, que fica aberto
durante todo o seu período de estudos nesta fase.

Ah, não se esqueça:

• Realize, no Ambiente de Estudos, a pesquisa de satisfação.

• A nota do módulo é composta por uma média simples.

• Para passar: Avaliação + Estudo de Caso ÷ 2 = 6 ou mais.

Lembre-se de que é essencial voltar ao Ambiente de Estudos ao final de cada


tema para realizar a sua Atividade de passagem, combinado?

Tenha uma ótima jornada de conhecimento e crescimento. Bons estudos!

Cálculo de custo de produção  pg. 9


Módulo 3

Tema 1: Cálculo do custo de


produção I
Introdução

Você está iniciando o primeiro tema do módulo. O objetivo é que você


compreenda todas as possibilidades de aplicação dos custos variáveis,
sua dinâmica e a correta apropriação de acordo com os diversos cenários
e exemplos.

Ao final deste tema, você será capaz de:

• aplicar corretamente os conceitos que compõem o custo operacional efetivo


(COE) e o custo operacional total (COT),

• estratificar cada elemento de composição desses conceitos,

• realizar propostas de intervenções tecnológicas ou administrativas.

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Módulo 3

Estrutura do tema
A teoria dos custos é um conceito essencial para o gerenciamento financeiro da
propriedade rural. Por isso, saber como aplicá-la na prática é de extrema importância.
Para facilitar o entendimento deste conteúdo e garantir seu gerenciamento, o tema
está dividido em tópicos.

Conheça, então, o objetivo de cada um.

Custo operacional efetivo


Compreender melhor o conceito de “centro de custos” da metodologia de Assistência
Técnica e Gerencial, alocando os custos variáveis sob diversos aspectos e com as
peculiaridades de diversas cadeias produtivas exemplificadas.

Tópico 1

Aplicação dos conceitos Tópico 5 Tópico 2 Mão de obra familiar


Acompanhar a aplicação Conhecer os conceitos que
prática dos conceitos fundamentam a determinação
estudados, de forma dos valores deste que é
detalhada. Tema 1 um dos mais subjetivos e
controversos componentes dos
custos de produção.

Tópico 4 Tópico 3

Custo operacional total Depreciação


Saber qual é a composição do custo Ampliar seus conhecimentos
operacional total, negligenciado em sobre conceituação, aplicação
algumas análises por não ter grande e importância de calcular a
aplicação em campo, mas que é de depreciação como parte relevante
grande importância na avaliação técnico- dos custos de produção.
econômica da propriedade rural.

Entendido o que esperar de cada tópico, siga em frente e ótimos estudos!

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Módulo 3

Tópico 1: Custo operacional efetivo

Você sabe como usar o conceito de centro de custo na


realidade rural?

No decorrer deste tópico você compreenderá melhor o conceito de


“centro de custos”, entendendo como alocar os custos variáveis,
considerando diversos aspectos e peculiaridades de diversas cadeias
produtivas.

O custo operacional efetivo (COE) é a soma de todas as despesas diretas


pagas pelo produtor rural (ou seu administrador) para poder iniciar, conduzir
e concluir o ciclo de produção animal e/ou vegetal.

Basicamente, o que determina que um item de custo é um COE é a


geração de um desembolso efetivo (que pode ser financeiro ou não). A
duração do COE será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo.

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Módulo 3

Os exemplos a seguir mostram quais custos fazem parte do COE no dia a dia
da propriedade.

O imposto sobre o valor da O composto produzido


terra (ITR) pode não ser na propriedade não gera
variável, pois é cobrado desembolso financeiro,
todo ano. Porém, gera mas é efetivamente
desembolso, então é COE. um gasto realizado na
produção de hortaliças de
um produto que poderia
ser vendido. Então, é COE.

É possível citar alguns exemplos de despesas diretas:

• Aquisição de • Aluguel e/ou • Pagamento


sementes, manutenção de mão de
fertilizantes e de máquinas e obra avulsa
corretivos equipamentos (diaristas)
• Despesas • Pagamento de
administrativas e mão de obra
encargos fiscais contratada (CLT)
• Mão de obra • Pagamento de
contratada impostos e taxas
• Combustível, • Arrendamento
energia, frete etc. de terras
• Pagamento de
energia elétrica

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma norma legislativa de


regulamentação das leis referentes ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual
do Trabalho no Brasil, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio
de 1943. Constitui o principal instrumento de regulamentação das relações
individuais e coletivas do trabalho. Desde a sua criação, sofreu várias alterações,
no sentido de criar uma legislação.

Cálculo de custo de produção  pg. 13


Módulo 3

Gastos pessoais, como dentista, médico, escola etc., não são itens de despesa
da atividade, portanto não compõem o COE. Quando a energia elétrica, ou
qualquer outro insumo for compartilhado entre a atividade profissional e a
pessoal, seu custo deverá ser computado separadamente, na proporção das
aplicações realizadas.

Variação das quantidades


Todos esses elementos listados como exemplos de despesa geram
um pagamento sistematizado, que vai variar de acordo com o volume
e a tecnologia de produção que o administrador adotar. Por isso, o
produtor tem autonomia para decidir as quantidades usadas.

Essa afirmação é possível seguindo a seguinte lógica:

Não produzir, logo


não será preciso nem
adquirir insumos.

Aumentar a área de
Consequentemente,
cultivo, logo terá que
existirá a necessidade
preparar um espaço
de contratar
Um produtor maior de solo para a
trabalhadores, adquirir
deseja: implantação de lavoura,
corretivos, sementes,
fruticultura, olericultura,
fertilizantes, água,
ou mesmo de pastagens
defensivos etc.
para seus animais.

Incrementar Consequentemente,
as tecnologias, precisará passar
melhorando a por um processo
produtividade sem chamado de
aumentar a área intensificação do
destinada à produção. cultivo.

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Módulo 3

É possível observar que o COE está diretamente ligado com a produção desejada,
em que cada acréscimo almejado geralmente implica em aumentos desse
custo, embora ele até possa ser nulo, caso não haja produção.
Custo em relação direta com a produção, gerando como resposta o COE.

Note que o gráfico a seguir possui dois eixos: o de produção e o de custos.

Custo R$
Entenda!

Custo em relação direta com a produção, gerando como resposta o COE.


E
CO
Custo R$

Produção

E
CO

Produção
Custo R$

E
CO
Custo R$

O COE parte da
interseção dos
eixos no VALOR
ZERO – então, caso
não haja produção,
Produção
não haverá
despesas diretas.
E
CO

O COE parte da
interseção dos
eixos no VALOR
ZERO – então, caso
não haja produção,
Produção
não haverá Cálculo de custo de produção  pg. 15
despesas diretas.
Módulo 3

Custo R$
Conforme a produção
aumenta, o custo
também aumenta.

E
CO

Produção

Como foi dito, geralmente existe uma relação direta entre o aumento da
produção e o incremento de custo. Porém, pode acontecer que a quantidade
produzida seja ampliada, sem que exista um aumento do COE.

O diagnóstico realizado pelo Técnico de Campo na propriedade pode identificar


algum desperdício de recursos ou a má aplicação deles. A correção/racionalização
desses desvios pode elevar o patamar produtivo ou até apresentar uma redução
de custos, sem alterar suas estruturas.

Análise da elevação de custos


Ao analisarmos a elevação dos custos variáveis em consequência do
aumento da produção, é fundamental relembrarmos os conceitos
apresentados no tópico Economia de Escala do Módulo Gerencial I da
Assistência Técnica e Gerencial.

Essa análise é importante para que não se tenha a ideia equivocada de que o
COE apenas sofrerá aumentos, transmitindo a impressão de que a ampliação
do volume produzido e, portanto, do COE, é sinônimo de maiores despesas e
menores lucros.

A elevação de custos é observada somente no COE total da atividade. Quando


analisamos o COE por unidade produzida, podemos observar que sua redução
gradual é possível, através das seguintes medidas:

Cálculo de custo de produção  pg. 16


Módulo 3

Obtenção de descontos
nos insumos adquiridos
de acodo com o volume
(compra programada ou
coletiva).

Forma de pagamento/
Diluição dos valores de
faturamento
serviços contratados
(faturamento direto
para um maior volume
pela fábrica do insumo
produzido.
em questão).

Entenda acompanhando o exemplo a seguir!

Um produtor que compra apenas uma unidade de ração ou adubo paga um


valor diferente do que desembolsaria ao comprar um volume maior. Então…

O custo de uma unidade


de adubo ou ração é de
R$ 70,00/saca.

O mesmo produto terá


seu valor reduzido para
R$ 60,00/saca se ele comprar
uma quantidade maior.

Assim, o custo total


será maior, pois serão
incrementados mais
insumos no sistema.

Porém, ao analisar o valor unitário


dos insumos adquiridos e o seu
reflexo nos custos unitários dos
itens produzidos a partir deles, será
observada uma redução gradual.

Neste momento não nos aprofundaremos sobre a redução de custos totais por
meio da diluição dos custos fixos obtida com o aumento da escala de produção.
Esse assunto será tratado mais adiante.

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Módulo 3

A realidade do campo

Será comum para você, Técnico de Campo, observar


que nem sempre quem obtém a maior renda bruta
é quem alcança o maior lucro proporcional. Também
verá que não é válido dizer que um COE elevado
é sinônimo de prejuízo.

Despesas diretas no COE


Em relação ao pagamento de impostos e taxas, ao arrendamento de terras e
ao gasto com energia elétrica, já citados como exemplos de despesas diretas,
a metodologia considera que esses itens estão estreitamente ligados ao ciclo
produtivo. Portanto, sua duração será sempre menor ou igual ao ciclo produtivo.

Mesmo que essas despesas sejam esperadas em intervalos e até mesmo em


valores regulares, elas não se configuram como um elemento de custo fixo,
mas sim como parte do COE.

Na prática
Em determinada propriedade rural arrendada, trabalham um funcionário
contratado e um diarista eventual, ambos exclusivos para a produção.

O produtor resolve iniciar um projeto de irrigação, com a finalidade de melhorar sua


produtividade. Isso acarretará maior gasto de energia elétrica e água, ou seja, os
custos vão aumentar.

Por outro lado, caso Já no caso do arrendamento, mesmo que seja regido por
o produtor deseje um contrato com prazos estabelecidos, o administrador
encerrar por completo também realiza um desembolso físico de recursos
a atividade, não haverá financeiros e detém controle absoluto e imediato sobre
motivo para continuar essa despesa.
tendo despesas com
eletricidade, água
e pessoal, podendo
Por isso, ele pode acabar com ela a qualquer tempo,
dispensá-los no
mesmo que para isso suporte o pagamento de eventuais
momento em que
multas rescisórias, algo também observado na situação
tomar essa decisão.
laboral legalmente estabelecida.

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Módulo 3

Para que esse assunto sobre valores e despesas


referentes ao COE fique mais claro, volte ao Ambiente
de Estudos e assista ao vídeo em que o Prof. Erno
explica a metodologia de cálculo do custo operacional
efetivo. Acompanhe!

Planejado versus realizado


É fundamental para os Técnicos de Campo e administradores rurais o entendimento
da conceituação exata do COE, conforme foi tratado. O COE é tão somente
um custo de produção.

Logo, apenas itens que foram efetivamente utilizados para a confecção de


determinado produto em um ciclo produtivo específico, independentemente do
volume de insumos que foram adquiridos inicialmente, são considerados como
custo de produção. É o que se chama de relação “planejado versus realizado”.

Veja na tabela a seguir a exemplificação disso!

Quantidade
Quantidade Valor COE da
Item Unidade Valor total utilizada no
adquirida unitário atividade
ciclo

Fertilizante
Saco 50 kg 20 R$ 120,00 R$ 2.400,00 16 R$ 1.920,00
ureia agrícola

De fato, o produtor
desembolsou a quantia
de R$ 2.400,00 para a
aquisição do insumo.

Porém, em nossa metodologia esse desembolso é anotado


como fluxo de caixa, e não como custo de produção – afinal,
nem todo o insumo adquirido foi utilizado.

É muito importante entender o conceito de que a duração dos itens inseridos


no COE é menor ou igual ao ciclo produtivo da cultura. Caso o produtor adquira
um item que vai perdurar mais do que um ciclo produtivo, esse desembolso
será classificado como investimento, pois seu uso se dará por tanto tempo
quanto sua vida útil permitir.

Cálculo de custo de produção  pg. 19


Módulo 3

Na prática

Qualquer que seja a cadeia produtiva que o técnico estiver


assistindo, é importante que ele adote um período de
referência igual a um ano para poder realizar a análise
dos indicadores dessas atividades.

Assim, será possível ter seus comparativos em relação


aos seus próprios exercícios anteriores, ano a ano, assim
como comparar com outras propriedades que utilizam a
mesma metodologia de cálculo de custos de produção.

Exemplos de investimentos
Macacão para apicultura e regador para olericultura, por exemplo, são itens que
possuem um custo relativamente barato, o que leva alguns administradores à
tendência de os classificarem como COE.

No entanto, se durarem mais de um ciclo produtivo, devem ser classificados


como investimento.

Veja mais uma diferença entre COE e investimento.

COE Investimento

Deve ser reembolsado ao pagador Não deve ser reembolsado logo no


(produtor rural) ao final de cada ciclo, primeiro ciclo de sua utilização. O retorno
para que ele volte a ter capacidade de será dado com a utilização do bem
comprar novamente os insumos. Deve adquirido ao longo do tempo.
ser iniciado a cada ciclo.

No caso do investimento, a metodologia de ATeG dá outro tratamento, conforme


você verá mais afrente.

Cálculo de custo de produção  pg. 20


Módulo 3

Manutenção versus investimento


A manutenção de máquinas, equipamentos, ferramentas e benfeitorias que
são utilizadas para a atividade analisada, seja ela preventiva ou corretiva, é
considerada COE. Isso, porque ela é caracterizada como uma despesa que
gera desembolso direto e tem sua existência atrelada ao ciclo produtivo.

Entretanto, com o passar do tempo, esses itens tendem a se aproximar


do sucateamento, necessitando de manutenções mais complexas (caso o
proprietário deseje permanecer com o bem em pleno estado de utilização),
que são chamadas de “reforma”.

Na metodologia de ATeG, manutenções são classificadas como investimento,


sempre que atingem a representatividade de 30% do valor de mercado
atualizado do bem que está sendo reformado.

Entenda observando o exemplo a seguir!

Na prática

Quando novo, um trator com vida útil de 15 anos custou


R$ 180 mil ao produtor.

Hoje, com 12 anos de uso, seu valor atual de mercado


é de R$ 70 mil.

Infelizmente, o trator quebrou. Se o produtor resolver realizar uma


manutenção, que custa R$ 23 mil, ela deverá ser classificada como reforma,
portanto um investimento. Por quê?

Representatividade do valor da manutenção =


(valor da manutenção ÷ valor de mercado) × 100%

(R$ 23.000,00 ÷ R$ 70.000,00) × 100% = 32,86%

Cálculo de custo de produção  pg. 21


Módulo 3

É possível concluir que houve um investimento, pois o valor da reforma de R$


23 mil superou o percentual de 30% do valor de mercado atualizado do bem
de R$ 70 mil. Assim, a despesa deve ser alocada no fluxo de caixa e integrar
o total de capital imobilizado (empatado) para a atividade, não no COE.

O exemplo apresenta uma decisão puramente administrativa, pois o proprietário


optou por reformar um bem já existente em detrimento de adquirir um novo.
Com um investimento de valor tão considerável quanto esse, vale a pena
reavaliar esse bem sob dois pontos de vista:

Financeiro Vida útil

Seu valor é atualizado. Para isso, basta Devido a esse investimento, o bem
somar o valor investido na reforma àquele avaliado poderá ser utilizado por mais
pelo qual o bem foi previamente avaliado tempo. É recomendável ter bastante
para se obter sua nova cotação. É critério no momento de realizar
realizada a soma porque o administrador essa avaliação, a qual vai influenciar
já tem a oportunidade de capital diretamente nos custos de produção.
imobilizado ou empatado no equipamento Por exemplo, é possível supor que o
antes da reforma e, mesmo assim, decide trator deste caso terá um adicional de
empatar mais essa quantia financeira. 5 anos de trabalho. Ou seja, a vida útil
Mesmo que a máquina ou o equipamento residual será alterada de 3 para 8 anos
não valha esse mesmo valor atualizado (5 + 3), distribuindo ou diluindo o
no mercado, o administrador possui esse custo fixo do bem (depreciação) por um
montante imobilizado no bem. período mais prolongado.

Resumindo o tópico
Neste primeiro tópico, você:

Viu como analisar a Entendeu o que são


Aprofundou-se no
elevação de custos e despesas diretas no COE
conceito de centro
relembrou o conceito de e saberá diferenciá-las
de custos.
economia de escala. dos investimentos.

Compreendeu a importância
da relação “planejado versus
realizado” dentro de uma
análise financeira.

Cálculo de custo de produção  pg. 22


Módulo 3

Tópico 2: Mão de obra familiar

Família que trabalha na propriedade não recebe?

Neste tópico você vai compreender os conceitos que fundamentam


a determinação dos valores de custo com mão de obra familiar.

O custo da mão de obra familiar é fixo e indireto, diferentemente de quando


ocorre o pagamento de funcionários contratados, que representam um custo
direto. Conforme visto anteriormente, o custo com a mão de obra familiar nada
mais é do que a análise de custo de oportunidade.

É importante fazer uma avaliação muito cuidadosa desse item, uma


vez que é um elemento de custo fixo e bastante subjetivo, ou seja,
não vai se alterar no curto prazo. Além disso, a mão de obra familiar
tem participação importante no custo de produção das atividades
agropecuárias, especialmente em pequenas propriedades rurais.

O procedimento usual para valorar essa mão de obra é considerar o salário de


mercado como referência de custo de oportunidade. Sendo assim, é preciso
avaliar a atividade exercida pelos membros da família na propriedade, assim
como a disponibilidade e as especialidades.

Cálculo de custo de produção  pg. 23


Módulo 3

Entenda melhor como calcular o valor da mão de obra familiar a seguir!

Assuntos do campo

A mão de obra familiar é um assunto importante e


que faz parte de muitas propriedades.

Então, vamos começar imaginando o seguinte cenário.

Uma propriedade desenvolve as atividades de


fruticultura e piscicultura.

O produtor rural possui formação superior com


doutorado, mas trabalha em sua propriedade com
atividades básicas, que não necessitam de sua
formação acadêmica.

É possível ver que a ver que a sua mão de obra é


valorada pelo trabalho que realiza e não por causa
da formação ou capacidade intelectual.

O que deve ser avaliado nesse caso, é a atividade


exercida.

Ao contabilizar o impacto que a mão de obra familiar


tem no custo de produção, você, técnico, deve sempre
ter em mente que o produtor rural é um empresário,
um empreendedor, e não um funcionário.

Sendo assim, seus recebimentos não englobam custos


laborais legais, como contribuições compulsórias,
pagamento de férias e 13º salário.

Dessa forma, você deve calcular apenas a estimativa


de renda pelo período analisado, sem acréscimos.

Cálculo de custo de produção  pg. 24


Módulo 3

Ou seja, deve contar os 12 meses do ano, o ciclo


produtivo ou a base de valor da diária paga na região
para a atividade exercida.

Caso o produtor conte com a colaboração de mais


algum membro da família, você vai contabilizar como
mão de obra familiar apenas aqueles que não possuem
retirada de valores sistemáticos da atividade, seja em
capital financeiro, seja em produtos.

Caso contrário, esse membro deve aparecer como


um funcionário, portanto considerado no COE.

Então, atente-se sempre a essa questão quando


estiver cuidando da contabilização desses valores
com o produtor, ok?

Para que tudo fique mais claro, acompanhe um exemplo prático.

Na prática

O produtor de milho, Sr. Manoel, paga ao seu filho Zezinho R$ 100,00 por
semana para que ele vá à cidade se divertir aos domingos.
O rapaz o ajuda diariamente na atividade e merece uma folga…

A tendência de que o Zezinho seja incluído como mão de obra familiar


é grande, pois ele é filho do proprietário.
Também é possível que o pagamento semanal de R$ 100,00 para o
Zezinho entre na saída de fluxo de caixa e nos custos de produção.

O correto é contabilizar o Zezinho apenas como custo semanal igual a R$ 100,00 e


retirá-lo da mão de obra familiar.

Isso porque ele recebe por seus serviços como um funcionário comum,
contratado e pago por semana, mesmo que sua mão de obra esteja
sendo avaliada de forma modesta pelo Sr. Manoel.

Então, o custo da mão de obra do Zezinho deve ser lançado


como custo operacional efetivo (COE).

Cálculo de custo de produção  pg. 25


Módulo 3

Caso não tenha atenção no momento de lançamento de dados, o Zezinho


pode ser contabilizado de forma duplicada nos custos de produção: uma
como pagamento a terceiros (COE de R$ 400,00/mês), e outra como mão
de obra familiar.

Esse tipo de avaliação errônea pode comprometer a viabilidade do negócio


analisado.

Fica nítido, a partir de agora, que o termo “mão de obra familiar” não deve
ser atrelado exclusivamente ao fator parentesco, mas assimilado juntamente
ao contexto de desembolsos, pois também é conhecido como pró-labore do
administrador (pagamento realizado aos sócios pelos serviços prestados à
empresa).

Assim, é necessário ser um


administrador da empresa Sempre que houver essa
rural para justificar o situação de pagamentos
recebimento de pró-labore, regulares a familiares
apresentando grau de ou administradores, eles
parentesco ou não, desde que deverão ser desqualificados
não seja sistematicamente dos custos fixos e alocados
remunerado, causando no COE, pois passaram a
desembolso físico de capital ser uma despesa direta.
ou produtos.

Em algumas propriedades rurais o proprietário faz uma retirada (pró-labore)


de um valor mensal para arcar com as despesas da família e muitas vezes até
para socorrer outras atividades. Porém, esse valor não condiz com a realidade
de custo dessa mão de obra, considerando o tempo dedicado e a natureza das
tarefas executadas.

Cálculo de custo de produção  pg. 26


Módulo 3

Na prática

O Sr. Roberto é produtor de


hortaliças e também cultiva milho e
soja em sua propriedade.

Como a horta gera receita O técnico que atende a propriedade,


mensal, o proprietário retira do conversou com os familiares para
valor recebido, R$ 5.000,00 identificar o que cada um deles faz
todos os meses, para arcar na atividade e o tempo dedicado em
com as despesas da família e, suas funções, chegando à conclusão
em alguns momentos, para de que o custo da mão de obra
comprar insumos para a lavoura. familiar é de R$ 3.000,00.

R$ 3.000,00 é o valor correto a ser lançado


Não se deve confundir custo como custo de mão de obra familiar, já que
de mão de obra familiar
o restante do valor (R$ 2.000,00) pode ser
com remuneração do
empreendedor, tema que interpretado como remuneração do capital ou
será visto logo a diante. ainda como lucro da atividade – remuneração
do empreendedor.

É muito importante destacar que a mão de obra familiar, em alguns casos,


dedica um esforço maior que a mão de obra contratada, além de trabalhar por
um período superior à jornada legal de um funcionário. Logo, para dimensionar
o valor do trabalho da mão de obra familiar, não se deve apenas contar o
número de pessoas envolvidas, mas sim qual seria o custo para substituí-las,
dadas as atividades executadas por elas.

Para complementar esse raciocínio, veja mais este exemplo!

Cálculo de custo de produção  pg. 27


Módulo 3

Um pai e seu filho trabalham sozinhos na


propriedade rural. Acordam diariamente
às 5h da manhã e encerram sua jornada
de trabalho às 19h. Ambos realizam 11
horas de trabalho e têm mais 3 horas
de almoço e descanso. Muito dedicados
e concentrados nas atividades, são
eficientes nas operações que exercem.

Certa vez, resolveram tirar uma semana


de férias com toda a família e, para isso,
contrataram duas pessoas para substituí-
los. Porém, já no primeiro dia notaram
que os dois contratados, em suas 8 horas
de trabalho diário, não executaram
sequer 50% das tarefas que pai e filho
realizavam.

Dessa forma, tiveram de contratar mais


duas pessoas para executar o serviço,
chegando a quatro contratados. Nesse
caso, a alocação deve ser de quatro
salários para pai e filho como custo fixo de
mão de obra familiar, pois eles realizam
atividades que somente a contratação
dessa quantidade de funcionários
atenderia à demanda.

O que acha de confirmar se esse conceito está claro para você?

Cálculo de custo de produção  pg. 28


Módulo 3

Pense e decida

Em uma propriedade rural, o pai, a esposa e seus cinco filhos trabalham


nela. A situação da mão de obra é a seguinte:

• Pai e mãe: trabalho integral.

• Filho mais velho: formado; trabalho integral.

• Outros 4 filhos: cursam ensino técnico pela manhã e o trabalho é em


meio período.

Ao chegarem dos cursos, o pai fala com os filhos sobre a importância


da lida do sítio, porém a cada dia todos eles estão menos interessados
nas atividades rurais, pois acreditam que pequenas propriedades não
apresentam perspectivas de melhoria. Esse pensamento é validado por
seus pais, ao não deixarem seus filhos participarem da administração
da propriedade, ocultando os resultados alcançados pela família.

Dessa forma, a participação desses filhos no trabalho da propriedade


existe, mas está cada vez menor. Diante desse contexto, qual é o custo
da mão de obra familiar nessa propriedade?

O valor de sete salários de mercado O valor de cinco salários de mercado


para cada um dos sete membros para essa função.
da família.

Justifique aqui a sua escolha!

Cálculo de custo de produção  pg. 29


Módulo 3

Feedback

Nesse caso, o custo da mão de obra familiar deve ser dimensionado com o
mesmo critério de outras situações, ou seja, para substituir o trabalho dessa
família, devemos considerar a quantidade de pessoas necessárias pelo salário
de mercado.

Ao analisar as informações, você poderá concluir que para as atividades


realizadas por essa família são necessárias cinco pessoas: pai, mãe e filho
mais velho – cada um dos três com salário de mercado integral – e quatro
filhos a meio período – o que totalizaria dois salários integrais, por exemplo.
Logo, o custo da mão de obra familiar será o valor de cinco salários de
mercado para essa função, e não de sete.

Remuneração do empreendedor
Caso o administrador/empreendedor tenha em mente que a única fonte de
renda para a mão de obra familiar faça parte dos seus custos de oportunidade,
deve ter sido realizada uma análise errada e pouquíssimo atrativa ao produtor.

É importante ter em mente que a remuneração do empreendedor acontece


em três momentos. Acompanhe!

Cálculo de custo de produção  pg. 30


Módulo 3

Mão de obra Custo de Lucro


familiar oportunidade da atividade

O valor da mão de obra De uma forma geral, esse De forma conceitual, para
familiar representa o custo de item é um componente dos entender a alocação do lucro
oportunidade do trabalho do custos fixos, pois não existe que a atividade proporciona
produtor rural e sua família, desembolso e representa nessa etapa de cálculos, basta
considerando as funções que também um custo de compreender que o lucro, na
todos desempenham dentro do oportunidade de investimento. verdade, não é diretamente
sistema produtivo. do empreendedor, mas
Nesse caso, será avaliado, por
sim do negócio – os custos
exemplo, se compensaria mais
com seu trabalho já foram
o empreendedor ter investido
remunerados.
R$ 1 milhão de capital médio
na infraestrutura da atividade Em muitos empreendimentos,
ou se teria uma melhor o lucro é destinado a diversas
remuneração investindo esse finalidades, de acordo com
mesmo capital na poupança o planejamento estratégico
– um investimento tradicional da empresa. Por exemplo:
e com rendimento histórico 10% do lucro é destinado
médio de 6% ao ano que para ações de marketing;
é adotado na metodologia 2% para doações; 20% para
de Assistência Técnica e investimentos em pesquisa;
Gerencial como parâmetro de 50% para aquisição de
comparação. novos negócios e 18% para
distribuição de dividendos
Assim, esse R$ 1 milhão
entre os sócios do negócio.
renderia na poupança, a 6%
a.a., a quantia de R$ 60 mil/ Assim, caso não haja
ano. Obrigatoriamente, para destinação para investimentos
ser minimamente atrativa, em novas áreas ou destinação
a atividade deveria render a de recursos para outros
partir desse valor. setores, o lucro deverá ser
destinado do negócio ao
empreendedor.

Cálculo de custo de produção  pg. 31


Módulo 3

Tanto o custo de oportunidade quanto o lucro serão tratados mais profundamente


no tema seguinte.

Assim, a fórmula para o cálculo da remuneração do produtor rural/empreendedor


será:

Custo de oportunidade

REMUNERAÇÃO  =  MOF  +  CO  +  LUCRO

Mão de obra familiar Resultado econômico

Veja um exemplo!

Na prática

Ao final da apuração anual dos resultados obtidos por uma propriedade rural, o Técnico
de Campo do empreendimento encontrou os seguintes valores:

• custo mensal da mão de obra familiar igual a R$ 1 mil,


• custos de oportunidade do capital iguais a R$ 60 mil por ano,
• lucro anual igual a R$ 20 mil.

A remuneração total do empreendedor no ano analisado pela consultoria foi encontrada


aplicando a fórmula:

Remuneração = MOF + CO + LUCRO

REMUNERAÇÃO = (R$ 1.000,00/mês × 12 meses) + R$ 60.000,00 + R$ 20.000,00


REMUNERAÇÃO = R$ 12.000,00 + R$ 60.000,00 + R$ 20.000,00

REMUNERAÇÃO = R$ 92.000,00

Portanto, a remuneração total do empreendedor será igual a R$ 92 mil ao ano.

Cálculo de custo de produção  pg. 32


Módulo 3

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Pôde aprofundar seus


Entendeu a
Compreendeu conhecimentos sobre os
fundamentação de
como funciona a elementos da mão de
como determinar o
remuneração do obra familiar, do custo de
custo de mão de obra
empreendedor. oportunidade e do lucro da
familiar.
atividade.

Tópico 3: Depreciação

Você consegue avaliar o impacto do valor da depreciação


nos números de uma propriedade rural?

A partir de agora, você verá como reconhecer a importância de


calcular a depreciação como parte relevante dos custos de produção.

A depreciação é uma reserva monetária destinada a gerar fundos necessários


para a substituição de bens ao final de sua vida útil.

Ela permite que o produtor rural/empreendedor se prepare para o momento

Cálculo de custo de produção  pg. 33


Módulo 3

da troca de bens de produção – itens necessários para manter a capacidade


produtiva da empresa – como:

Equipamentos, Forrageiras não


máquinas, anuais (capineira,
benfeitorias canavial etc.)

A depreciação é um custo fixo que não representa desembolso,


portanto é um custo indireto.

Na metodologia de ATeG para o cálculo de custo de depreciação, consideramos


o método linear e que o valor de sucata dos bens sempre seja igual a zero.
Esse método tem o objetivo de minimizar a subjetividade do cálculo de custo
da agropecuária.

Ao optar pelo método linear também ocorre uma estabilização da depreciação


ao longo de toda a vida útil do bem, necessitando que se realize seu cálculo
apenas uma única vez, até que ela se encerre. Assim, depreciação é igual a:

Valor de novo

Sucata
VN - S (sempre igual a “0”)
Depreciação d  =
VU

Vida útil

Será necessário que o Técnico de Campo apure o valor de novo do bem,


independentemente da quantidade de anos de uso ou do seu estado de
conservação, desde que esteja dentro de seu prazo de vida útil.

Entenda a partir de um exemplo prático!

Cálculo de custo de produção  pg. 34


Módulo 3

Na prática

Para um trator no valor de novo de R$ 150 mil, com vida útil de 15 anos, qual
será sua depreciação?

VN – S R$ 150.000,00 – 0
d= d=
VU 15 anos

d = R$ 10.000,00

Nesse caso, o custo anual de depreciação do trator é igual a R$ 10 mil/ano.

Vale destacar que sempre que o bem for adquirido novo e estiver dentro de seu
prazo de vida útil, a fórmula para calcular a depreciação é essa apresentada.
Para os casos em que o produtor não for o primeiro dono do bem, o cálculo é
outro, e será visto adiante.

A vida útil se refere ao tempo que o bem pode ser usado para desempenhar sua
função tendo utilidade econômica na empresa rural. Na metodologia de ATeG,
ela é contabilizada em anos, podendo ser subdividida pelo intervalo de
tempo que o administrador desejar para suas análises pessoais, até mesmo
em horas.

É preciso ter muito critério ao realizar essa avaliação, pois os custos com
depreciação geralmente são “mascarados” ou não “enxergados” pelo produtor
rural, uma vez que não se realizam desembolsos para seu pagamento.

Cálculo de custo de produção  pg. 35


Módulo 3

Informação extra

Devido ao Brasil ser um país de dimensões continentais,


apresentando um grande mix de produtos agropecuários,
com características edafoclimáticas* diversas, e os bens
sofrerem intensidades de uso e de desgaste diferentes,
não é possível tabelar essa informação de modo que seja
aplicável em todo o território nacional.

Porém, os valores de vida útil podem ser encontrados


em tabelas disponíveis em obras especializadas para
agropecuária, que servem de base para o Técnico de
Campo realizar sua avaliação de acordo com a realidade
local, como zona litorânea; trabalho em solos arenosos
em oposição ao trabalho em solos argilosos; regime de
chuvas na região etc.

Edafoclimáticas são características definidas por fatores do meio, tais como clima, relevo,
litologia, temperatura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica
e precipitação pluvial.

Os parâmetros de vida útil para cada item do inventário de recursos, caso não
sejam estabelecidos pela Coordenação Nacional de ATeG, deverão ser definidos
pela Coordenação Estadual. Os exemplos utilizados aqui no curso são apenas
hipotéticos, não servindo de base para a utilização no campo.

São itens que sofrem depreciação:

Benfeitorias (casas do proprietário e dos funcionários,


aprisco, galpão, depósito, caixa de abelha, cercas etc.)

Semoventes
(animais de serviço,
reprodutores, rebanhos
não estabilizados etc.)

Máquinas e equipamentos
(veículos, tratores, balança,
roçadeira, misturador de ração,
ferramentas etc.)

Forrageiras não anuais.

Cálculo de custo de produção  pg. 36


Módulo 3

Quando o produtor não realiza cálculo de custos de produção, existe a tendência


de se considerar a depreciação como parte de seus lucros, uma vez que a
“reserva” financeira é algo raro no hábito dos brasileiros. Uma opção viável
é aplicar essa reserva em investimentos de longo prazo, chamados no
mercado financeiro de “renda fixa”.

Sempre que a vida útil do bem for esgotada, o cálculo da depreciação não
será mais necessário, pois ela será sempre igual a zero, uma vez que toda a
depreciação já foi paga.

Casos especiais
Quando se fala em depreciação, existem alguns casos especiais que necessitam
de um pensamento diferente para esse cálculo. Acompanhe!

A. Bens adquiridos usados

Na aquisição de bens já usados, porém dentro do prazo de vida útil, o Técnico


de Campo deve utilizar como base de cálculo o valor desembolsado pelo
produtor para adquiri-lo, independentemente de seu valor de mercado.

O que está sendo avaliado é o custo real, e não a oportunidade, conforme a


fórmula a seguir:

Cálculo de custo de produção  pg. 37


Módulo 3

Valor de compra

Sucata
VC - S (sempre igual a “0”)
Depreciação d  =
VR

Vida útil residual

A vida útil residual é obtida a partir da subtração entre a vida útil total estipulada
para o bem e o tempo efetivo de seu uso até o momento da compra.

Observe um exemplo prático.

Na prática

Uma bomba d’água elétrica nova custa R$ 18 mil e tem vida


útil de 15 anos.

O produtor comprou uma usada por R$ 8 mil e com 11 anos de


uso. Qual será a depreciação desse bem?

VC – S R$ 8.000,00 – 0 R$ 8.000,00
d= d= d=
VR (15 – 11 anos) 4 anos

d = R$ 2.000,00

Nesse caso, o custo anual de depreciação é igual a R$ 2 mil/ano.

Cálculo de custo de produção  pg. 38


Módulo 3

C. Depreciação da lavoura

Toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Com
o decorrer dos anos, a lavoura vai perdendo seu potencial produtivo,
sofrendo depreciação. Então, em determinados momentos, ela precisará receber
intervenções, como a poda drástica ou até mesmo o novo plantio.

A metodologia de ATeG utilizada para a formação dos custos de depreciação de


lavouras consiste em dividir o investimento realizado para a sua formação
pelo número de anos de vida útil média de produção, com algumas
particularidades a serem descritas a seguir.

Conheça a fórmula:

VI Valor do investimento em formação

Depreciação d  =
VU Vida útil produtiva

Cálculo de custo de produção  pg. 39


Módulo 3

A fórmula é aplicável a expectativa de vida útil produtiva que o produtor estima


para sua lavoura, cuja duração deverá ser avaliada caso a caso pelo Técnico
de Campo, que assim obterá a quantificação exata da reserva contábil que
deverá manter em sua propriedade, por hectare, por talhão e até mesmo por
planta, para que se proceda às intervenções naturalmente necessárias.

Também é possível encontrar casos em que as intervenções vão ocorrer antes


mesmo do encerramento da vida útil produtiva esperada para a lavoura em
questão. Estes serão tratados pela metodologia da seguinte maneira:

VR Valor do investimento em renovação

Depreciação d  =
VU Vida útil produtiva

A depreciação incide sobre a cultura formada, ou seja, as lavouras em formação


e em renovação são consideradas investimentos e, portanto, a depreciação
será zero durante esse período de análise.

Na prática

Uma propriedade implantou um talhão de 1 ha e


apresentou os seguintes gastos com o plantio:

• R$ 5 mil/ha no primeiro ano,


• R$ 6 mil/ha no segundo ano,
• Expectativa de 10 anos de vida útil produtiva.

Porém, o produtor decidiu realizar uma intervenção/reforma em sua lavoura


na oitava safra, com um custo de renovação de R$ 6 mil.

Com a intervenção/reforma, qual será a depreciação dessa lavoura ao longo


do período analisado?

Cálculo de custo de produção  pg. 40


Módulo 3

Para chegar à resposta, é necessário dividir essa análise em dois momentos.


Observe!

Análise até o momento da reforma

VI R$ 5.000,00 + R$ 6.000,00
d= d= d = R$ 1.375,00 / ano
VU 8

Análise após a reforma

VR R$ 6.000,00
d= d= d = R$ 600,00 / ano
VU 10

Do primeiro ao oitavo ano produtivo, o valor de depreciação que deverá ser


reservado será de R$ 1.375,00 por ano. No entanto, a partir da retomada da
produção após a reforma, e considerando que não mais sofrerá intervenções
antecipadas pelo período de 10 anos, a nova reserva de depreciação deverá
ser de R$ 600,00 por ano.

É possível observar no exemplo, que o fato da intervenção/reforma ter sido


realizada antes do período previamente programado não alivia os custos com
a depreciação. Pelo contrário, os custos são pressionados, causando uma
elevação em sua análise anual.

Cálculo de custo de produção  pg. 41


Módulo 3

D. Exaustão da floresta

O conceito de depreciação é aceitável contabilmente para a análise de florestas


plantadas. Porém, gramaticalmente, na língua portuguesa, utilizar tal terminologia
para essa cadeia produtiva não faz o menor sentido, uma vez que um bem
depreciado é aquele que foi perdendo sua capacidade produtiva (tornou-se
obsoleto) ao longo dos anos. Nas florestas, o que ocorre é justamente o
contrário.

Com o passar dos anos, a floresta vai se tornando cada vez mais valiosa,
ganhando mais e mais metros cúbicos para extração. A essa extração dá-se
o nome de exaustão da floresta, que é como devemos chamar a depreciação
nesse caso.

A exaustão é o custo de cada período pelo valor referente à parcela


consumida da floresta, ou seja, representa a porcentagem que foi removida
da floresta, para que se possa calcular proporcionalmente o investimento
realizado na implantação e na condução da floresta.

Cálculo de custo de produção  pg. 42


Módulo 3

Para isso, primeiro é aplicada a seguinte fórmula:

% de árvores extraídas:
(árvores extraídas ÷ total de árvores) × 100%

Depois de encontrar essa porcentagem representativa, é aplicada outra fórmula


para saber a proporção da exaustão:

Exaustão: investimentos × % de árvores extraídas

Entenda acompanhando o exemplo a seguir.

Na prática

Em um florestamento que envolve 10 mil pés de


eucaliptos, cujo custo de formação foi de R$ 56.300,00,
foram cortadas 4.800 árvores.

Para calcular o valor da exaustão, deve ser observado o seguinte critério:


• descobrir o percentual de árvores exauridas;
• aplicá-lo sobre o valor investido na formação.

Cálculo percentual das árvores extraídas:

% de árvores extraídas = (árvores extraídas ÷ total de árvores) × 100


% de árvores extraídas = (4.800 ÷ 10.000) × 100
% de árvores extraídas = 0,48 × 100
% de árvores extraídas = 48%

Assim, o custo com a exaustão da floresta será 48% de R$ 56.300,00 investidos


= R$ 27.024,00. Isso significa que do valor da venda das árvores extraídas, R$
27.024,00 devem ser direcionados para cobrir o investimento realizado na formação
da floresta.

Cálculo de custo de produção  pg. 43


Módulo 3

A depreciação é um fator que precisa ser levado em consideração na administração


do negócio rural, e as únicas formas de amenizar os impactos desse custo
são o uso adequado e a conservação pelo devido tempo de qualquer bem ou
infraestrutura.

Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:

Conheceu os casos Compreendeu como


Entendeu o impacto do especiais que devem encontrar o valor dessa
valor da depreciação na ser considerados ao rubrica diante das
propriedade rural. calcular o custo da particularidades de uma
depreciação. propriedade rural.

Cálculo de custo de produção  pg. 44


Módulo 3

Tópico 4: Custo operacional total

Você conhece a real necessidade de se calcular o custo


operacional total?

A partir de agora, você verá a composição do custo operacional


total, que é de grande importância na avaliação técnico-econômica
da propriedade rural.

O custo operacional total (COT) permite avaliar se uma atividade é sustentável


no médio prazo.

O COT inclui o custo operacional efetivo (COE), o pagamento da mão de obra


familiar (pró-labore) e, também, as depreciações de benfeitorias, máquinas,
animais de serviço e forrageiras perenes. Dessa forma, o COT é calculado da
seguinte maneira:

Custo operacional total Mão de obra familiar ou pró-labore do administrador

COT  =  COE  +  MOF  +  d

Custo operacional efetivo Depreciação

Cálculo de custo de produção  pg. 45


Módulo 3

No caso de análise de florestas plantadas, o fator depreciação deve ser


trocado pela exaustão da floresta, de maneira que a fórmula aplicada fica um
pouco diferente, como você pode ver a seguir:

Custo operacional total Mão de obra familiar

COT  =  COE  +  MOF  +  EX

Custo operacional efetivo Exaustão da floresta

No cálculo do COT, também se deve considerar apenas a atividade analisada,


e, portanto, todos os demais custos envolvidos em seu cálculo deverão ser
rateados proporcionalmente caso haja necessidade.

Esse conceito de rateio dos custos também se aplica à mão de obra


familiar e à depreciação, porém proporcionalmente, de acordo com a
relação de uso, ou o tempo empregado para a atividade, ou ainda com
a relação de composição da renda quando couber.

Entenda melhor acompanhando o exemplo a seguir!

Na prática

Um produtor divide seu tempo entre:

É justo que o técnico atribua o


pagamento de custo da mão de
30%
Fruticultura obra familiar proporcionalmente à
cada cadeia produtiva analisada.
70%
Olericultura Portanto, não é tão simples quanto
parece identificar corretamente o
COT, pois deve considerar diversas
variáveis dentro de cada item de
sua composição.

Cálculo de custo de produção  pg. 46


Módulo 3

Aproximar do custo real


Devido à grande diversidade de cadeias produtivas atendidas pela metodologia
de ATeG, a flexibilidade de sistemas de produção e às especificidades de cada
uma delas, é natural que se tenha que ajustar alguns conceitos para que
se possa atender de forma satisfatória a todas elas e, assim, se aproximar
do custo real das atividades agropecuárias.

Essa tentativa de “aproximação” com o custo real se dá pela impossibilidade


de se controlar totalmente, fora do ambiente experimental e laboratorial, as
transformações e as inter-relações biológicas ocorridas no campo, que por si
só comprometem a análise econômica fiel, diferentemente do que acontece
em um ambiente industrial, por exemplo.

Como visto, além do COE existem dois outros custos da propriedade rural que
são importantes para a identificação do custo operacional total de produção:

Mão de obra familiar Depreciação

Para iniciar essa discussão, além das características já elencadas sobre o


COE, você conhecerá alguns casos especiais para esse item que impactam
diretamente o COT.

Particularidades do cálculo do COE para atividades


agrícolas
Por causa da complexidade do cálculo do custo de produção da atividade
agrícola, é recomendável que o técnico tenha forte interação na determinação
do custo, e o produtor, na busca de uma interpretação dos resultados que mais
se aproximem da realidade.

Cálculo de custo de produção  pg. 47


Módulo 3

Muitas atividades agrícolas possuem produção conjunta, gerando um produto


principal e outros que podem, ou não, ser considerados como subprodutos ou
atividades secundárias.

Saber operacionalizar corretamente as ferramentas de controle é


muito importante, porém ainda se esbarra em subjetividades. Por isso,
o mais importante em um diagnóstico é ter um critério de julgamento
justo com as atividades analisadas.

Acompanhe a seguir um exemplo!

Na prática

Propriedade com foco na olericultura.

Apenas essa atividade será analisada nela.

Se o técnico resgatar a nota fiscal de fertilizantes que


o produtor adquiriu e observar apenas o valor total do
documento, sem verificar que no meio do faturamento
estavam elencados fertilizantes para o cultivo de frutíferas
e também para suas plantas ornamentais, a análise estará
errada, pois seriam listadas despesas que não são de
competência da atividade da olericultura.

O critério é simples:

Utiliza frutíferas e plantas ornamentais para produção de olerícolas?

Em geral, não Sim, no caso em que os resíduos


gerados pelas frutíferas ou plantas
ornamentais sejam utilizados na
Salvo essa exceção, as frutíferas produção de composto.
e as plantas ornamentais não têm
absolutamente nada a ver com a
atividade estudada. Então, compõe subproduto
da olericultura.

Portanto, as despesas relativas a eles não devem ser consideradas no custo da olericultura.

Cálculo de custo de produção  pg. 48


Módulo 3

Prática na atividade olerícola


Agora que o conceito está mais claro, pense na prática da atividade olerícola,
que é uma operação complexa.

Na olericultura, existe um subproduto intrínseco ou inerente à atividade que


é a produção de composto. Considerando que a produção estudada esteja
estabilizada, esse produtor terá que reter a produção de composto para manter
a de hortaliças, ou mesmo aumentar a produção de composto, mas focando
apenas uma delas

Apenas uma parte desse composto será utilizada na propriedade para


compor o estoque da produção ou ser utilizado na atividade como
adubação orgânica, e todo o restante será comercializado.

Você sabia?

A compostagem é a transformação de resíduos orgânicos


em produto de maior valor agregado e ambientalmente
mais adequado. O uso do composto na produção de
hortaliças tem por objetivo o enriquecimento dos solos
baseado em princípios ecológicos. Pelo manejo dos recursos
naturais e do solo — a nutrição vegetal —, utilizam-se
insumos que estejam presentes dentro da propriedade,
evitando a importação dessas matérias, o que acarreta o
aumento da rentabilidade da produção. Geralmente, em
produções orgânicas, a adubação é baseada na utilização
de material orgânico (composto) e pode chegar a 100%
dependendo da disponibilidade da matéria-prima e do
objetivo do produtor.

A venda de composto muitas vezes representa um volume considerável de


entrada de recursos na propriedade, mas é considerada uma subatividade
da produção olerícola. Assim, é justo que ela também seja onerada com os
custos de sua produção Então:

Cálculo de custo de produção  pg. 49


Módulo 3

É necessário
fazer o rateio
proporcional do COE
no que compete
exclusivamente
à atividade
olerícola.

Feito como de
todos os demais
custos de uso em
comum. Seguir a mesma
proporção encontrada
na relação renda
do leite/renda da
atividade.

Assim, a análise realizada diz que a atividade necessita do composto para


que seja iniciada a produção de alface, por exemplo, porém ao término de
uma safra esse composto é totalmente desnecessário para a produção dessa
mesma alface.

Portanto, o item “aquisição de resíduos orgânicos” é um custo totalmente


referente à produção de composto, e não com a qual a atividade olerícola deva
arcar sozinha. Da mesma forma que, para produzir composto para venda, não
é necessário que esta atividade seja onerada com insumos, como fertilizante
químico, produtos fitossanitários ou sementes.

A fórmula
A aplicação de uma fórmula matemática específica nos permite descobrir o COE
da produção de alface de forma bem detalhada, diferentemente de outras
metodologias que não trabalham com centro de custos, nas quais o custo é
total e a atividade olerícola tem de arcar com todas as despesas.

Cálculo de custo de produção  pg. 50


Módulo 3

1º - removem-se os
elementos que não 2º - todo o resto 3º e último - serão
são de uso comum de despesas integralmente somados
para ambas as comuns é rateado os valores que
atividades (fertilizantes proporcionalmente de pertencem à produção
químicos, produtos acordo com a relação da alface, pois o que
fitossanitários, entre a renda da se pretende descobrir
sementes e resíduos atividade e a renda é apenas o COE da
orgânicos), pois os total. alface.
três primeiros são
exclusivos da alface, e
o último, da venda de
composto.

Assim, tem-se a seguinte fórmula para basear esses custos:

COEAL = [(COE AT - FQ - PF - SEMENT – RO) x RL] + FQ + PF + SEMENT

COEAL da alface custo operacional efetivo da alface

custo operacional efetivo da atividade de


COE da atividade COEAT
olericultura

FQ fertilizante químico

produtos fitossanitários (recomendados para a


PF
cultura da alface)

SEMENT sementes

RO resíduos orgânicos

RL renda da alface/
proporção da renda bruta da alface sobre a
renda da atividade de
renda bruta da atividade olerícola
olericultura

Cálculo de custo de produção  pg. 51


Módulo 3

Outras cadeias
Em cadeias da produção vegetal, geralmente o raciocínio é menos complexo.
Nas cadeias produtivas de cereais e na própria olericultura, encontra-se a
semelhança de que todas as plantas pertencem ao COE, uma vez que são
tratadas como insumos (compra de mudas ou sementes).

São considerados assim, pois se faz necessária sua aquisição sempre que um
ciclo se encerra e para que se possa iniciar o subsequente.

Um ciclo de produção
é um processo que um
determinado produto
passa para ser produzido.

Os ciclos produtivos Este ciclo é calculado


das culturas podem ser pelo tempo em que
repetitivos com uma certa cada etapa leva para
regularidade dependendo ser realizada, desde
da espécie vegetal a semeadura até a
cultivada. colheita.

A colheita é a última
etapa de um ciclo
produtivo e após se
inicia um novo ciclo de
produção com uma nova
semeadura.

Cálculo de custo de produção  pg. 52


Módulo 3

Tome nota

As plantas serão ao mesmo tempo itens que necessitam ser


adquiridos no início da produção, como também o próprio
produto a ser comercializado. Como geram desembolso
direto e se encerram ao final do ciclo produtivo, compõem
o COE.

O critério é válido mesmo para aquelas plantas que


apresentam ciclos com duração maior que um ano, como
a compra de mudas de abacaxi, uma vez que o termo
“ciclo” não é restrito ao tempo fixo de um ano, mas sim
ao período para o desenvolvimento da plantação.

A metodologia de ATeG considera sempre o centro de custos, ou seja, a


separação total dos itens para cada segmento da produção.

Isso se chama “custo


No caso de a propriedade
de oportunidade”, que Esse conceito serve
ter mais de uma
representa o que o para o administrador
atividade, será sempre
produtor receberia caso avaliar qual decisão
como se o produtor
decidisse vender seu será financeiramente
estivesse vendendo o
produto no mercado, ao mais vantajosa para
insumo para ele mesmo
invés usá-lo em outra sua empresa.
pelo preço de mercado.
atividade na propriedade.

Já o trator e a mão de obra utilizados para a obtenção desses insumos continuarão


alocados em outro centro de custo, sempre rateando proporcionalmente os
custos que eventualmente sejam de uso comum a ambas as atividades.

Cálculo de custo de produção  pg. 53


Módulo 3

Fruticultura e floresta
Nos cultivos de árvores frutíferas —
incluindo o café — e também nas
florestas plantadas, as metodologias de
custo de produção tratam de maneiras
diferenciadas para cada um desses dois
segmentos, comparativamente às demais
cadeias produtivas atendidas pela ATeG.

Todos os gastos decorrentes da


implantação desses cultivos, que
nitidamente poderiam ser classificados
como COE (como operações de
pulverização, defensivos agrícolas,
fertilizantes de cobertura e foliares,
sementes, mudas etc.) por causa das
suas características, serão considerados
investimento.

Essa classificação é necessária para que a avaliação econômica da atividade


não se mostre com consecutivos prejuízos ano após ano, uma vez que a renda
esperada apenas começará a compor o fluxo de caixa dessa propriedade anos
após a sua implantação.

Tome nota

Em caso de plantas frutíferas que iniciam sua produção


já no primeiro ano de sua implantação, como é o caso da
banana, os investimentos realizados são contabilizados
no COE normalmente como quaisquer outras despesas
diretas, ao contrário das demais plantas de produção
tardia, pois sua produção já foi iniciada no primeiro
período de análise e é considerada investimento.

Cálculo de custo de produção  pg. 54


Módulo 3

No caso de florestas plantadas, todas as despesas


diretas precisam ser adquiridas a cada ciclo produtivo
com mais de um ano de duração, uma vez que,
dependendo da espécie cultivada, o gestor é quem
decidirá se aproveitará a rebrota ou não.

Portanto, são insumos que passam de um ano para


outro, mas, ao final do ciclo, a própria planta é o
produto a ser comercializado. Já na produção de
frutas, a árvore produtora não será extraída do solo,
e o seu produto final é o fruto, e não a própria árvore.

Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:

Entendeu a diferença
Compreendeu a Conheceu a
desse custo de
importância de forma correta de
acordo com a
calcular o custo se aproximar do
cadeia produtiva ou
operacional total. custo real.
atividade praticada.

Aprofundou seus
conhecimentos sobre
a fórmula do COT,
conhecendo os elementos
que a compõem.

Cálculo de custo de produção  pg. 55


Módulo 3

Tópico 5: Aplicação dos conceitos

Consegue prever como aplicar tudo o que foi visto


na prática?

Neste tópico você verá na prática os conceitos aprendidos sobre


os indicadores de custos e a forma como podem ser calculados.

Para começar, pense no custo operacional efetivo (COE). Nele, são contabilizadas
apenas as despesas de custeio que envolvem desembolsos inerentes à
atividade.

Ele está relacionado aos desembolsos do produtor, como:


• mão de obra contratada; • reparos de benfeitorias;

• concentrados; • consertos de máquinas;

• fertilizantes; • impostos e taxas;

• sementes; • energia elétrica;

• medicamentos; • combustível e outros dessa natureza.

• sais minerais;

Cálculo de custo de produção  pg. 56


Módulo 3

No estudo de caso, será analisada a atividade de horticultura. da


Fazenda Santa Felicidade.

Veja a seguir a planilha de despesas apresentada pelo Sr. Ariovaldo!

Despesas de custeio Valor anual

Mão de obra temporária (diarista) R$ 3.300,00

Técnico Agrícola (assessoria) R$ 2.400,00

Sementes R$ 11.700,00

Fertilizantes químicos R$ 6.000,00

Adubos orgânicos R$ 1.170,00

Substrato R$ 7.800,00

Gastos com alimentação da família R$ 11.543,00

Fungicida R$ 720,00

Inseticida R$ 960,00

Despesas com vestuário da família R$ 500,00

Energia R$ 1.600,00

Combustível R$ 2.280,00

Material escolar para filhos R$ 1.000,00

Aquisição de resíduos orgânicos R$ 2.000,00

Embalagens R$ 1.800,00

Impostos sobre vendas (% vendas) R$ 2.401,20

Aquisição de um sistema de irrigação R$ 6.000,00

INSS + impostos + contribuição sindical R$ 4.350,00

Reparos de benfeitorias R$ 5.000,00

Reparos de máquinas e equipamentos R$ 3.500,00

Outros gastos de custeio R$ 2.000,00

Total R$ 78.024,20

Cálculo de custo de produção  pg. 57


Módulo 3

A aquisição de um sistema de irrigação, que nada mais é que um conjunto de


equipamentos destinados a realizar a irrigação mecanizada da área cultivada,
é comum na produção de olerícolas.

Essa aquisição é tratada como um investimento e, portanto, não é um item a


ser incluído na somatória do COE, assim como as despesas com o vestuário
da família, os gastos com alimentação familiar e o material escolar dos filhos.

Separando os gastos da família para definir o custo operacional efetivo da


atividade, basta somar as despesas de custeio. Observe a diferença das tabelas
a seguir!

Despesas de custeio Despesas da família

Despesas de custeio Valor anual


Mão de obra temporária (diarista) R$ 3.300,00

Técnico Agrícola (assessoria) R$ 2.400,00

Sementes R$ 11.700,00

Fertilizantes químicos R$ 6.000,00

Adubos orgânicos R$ 1.170,00

Substrato R$ 7.800,00

Fungicida R$ 720,00

Inseticida R$ 960,00

Energia R$ 1.600,00

Combustível R$ 2.280,00

Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem R$ 2.000,00

Embalagens R$ 1.800,00

Impostos sobre vendas (% vendas) R$ 2.401,20

INSS + impostos + contribuição sindical R$ 4.350,00

Reparos de benfeitorias R$ 5.000,00

Reparos de máquinas e equipamentos R$ 3.500,00

Outros gastos de custeio R$ 2.000,00

Custo operacional efetivo da atividade (COE) R$ 58.981,20

Cálculo de custo de produção  pg. 58


Módulo 3

Despesas da família Valor anual


Gastos com alimentação da família R$ 11.543,00

Despesas com vestuário da família R$ 500,00

Material escolar para filhos R$ 1.000,00

Total R$ 13.043,00

Apenas os gastos com atividades inerentes à atividade serão utilizados para


uma avaliação econômica.

COE de um produto da atividade


O COE permite ao administrador avaliar, em separado, cada um dos produtos
de uma atividade e, com isso, tomar as decisões adequadas na gestão de cada
produto ou subproduto.

Nas atividades agropecuárias, alguns


Ao mesmo tempo, alguns itens de
itens de custo são difíceis de ratear
custos são específicos de um produto.
para cada produto da atividade.

Por exemplo: quanto do combustível


Por exemplo: para produzir composto,
utilizado na atividade foi para o
não é necessário usar produtos
transporte da alface e quanto foi para o
fitossanitários.
transporte do composto?

Por exemplo: quanto do combustível


Por exemplo: para produzir
utilizado na atividade foi para o
composto, não é necessário produtos
transporte da alface e quanto foi para o
fitossanitários.
transporte do composto?

Com essas informações, veja como vamos calcular o COE da produção de


alface na Fazenda Santa Felicidade.

Cálculo de custo de produção  pg. 59


Módulo 3

Itens que são COE apenas da alface

• Produtos fitossanitários:
» fungicida;
» inseticida;
» acaricida;
» outros itens vinculados a produtos fitossanitários.
• Reparos de benfeitorias (estufas)
• Fertilizantes químicos

Itens que não participam do COE da alface

O primeiro passo é definir quais itens não serão rateados.

● Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem

Os demais itens são rateados em proporção da renda obtida pelo produto do


qual se deseja separar o custo, ou seja, assume-se que o custo do produto
dividido pelo custo da atividade é igual à renda do produto dividida pela renda
da atividade.

Dessa forma, deve ser considerada a correspondência a seguir:

COE da alface Renda da alface

COEAL RAL
=
COETA RA

COE da atividade Renda da atividade

Cálculo de custo de produção  pg. 60


Módulo 3

Logo, para se definir o COE da alface, parte-se do princípio de que:

COEL COEAT RL RA

Para corrigir essa conta, é necessário subtrair do COE da atividade aqueles


itens que não são proporcionais e adicionar ao final apenas os que são
100% da alface.

Considere os valores a seguir!

• Produtos fitossanitários (fungicida + inseticida) = PF = R$ 1.680,00

• Fertilizantes químicos = FQ = R$ 6.000,00

• Reparos de benfeitoria (estufa) = RB = R$ 5.000,00

• Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem = RO = R$ 2.000,00

• Renda da alface: R$ 265.565,38

• Renda da atividade: R$ 281.565,38

• COE da atividade: R$ 58.981,20 (COEAT

Assim, você tem o seguinte cálculo.

RENDA DA ALFACE R$ 265.565,38


= 94,31%
RENDA DA ATIVIDADE R$ 285.565,38

RAL
COEAL ={(COE AT - PF - FQ - RB - RO) x } + PF + FQ +RB
RA

COEAL ={(R$ 58.981,20 – R$ 1.680,00 – R$ 6.000,00 – R$ 5.000,00 – R$ 2.000,00) x


94,31% } + R$ 1.680,00 + R$ 6.000,00 + R$ 5.000,00

COEAL = R$ 54.460,46

Cálculo de custo de produção  pg. 61


Módulo 3

Com base nos resultados, é possível observar como é grande a diferença


encontrada (R$ 4.520,74) entre o COE total da atividade e o COE específico
da alface.

Viu como não é justo que uma atividade arque sozinha com as despesas
de outras? Esse erro pode comprometer a análise de viabilidade da
atividade

O mesmo raciocínio pode ser adotado em qualquer atividade. Por exemplo:


a embalagem específica da alface é custo só da produção de alface, que logo
não deve ser rateado com a produção de composto.

COEAL por unidade


Agora, veja como encontrar o indicador COEAL/unidade da Fazenda Santa
Felicidade.

Para isso, basta dividir o COEAL pela produção obtida nos últimos 12 meses.
Acompanhe!

• COE da alface (COEAL) = R$ 54.460,46

• Produção = 360.365 unidades

O cálculo fica dessa forma:

R$ 54.460,46
COEAL/unidade = = R$0,15
360.365 unidades

Assim, para a produção total de alface, foi despendido R$ 0,15 para cada
unidade de alface.

COEAL por preço médio


A renda representa a receita obtida com a venda de alface ao longo do período
analisado. Sabendo que a atividade de olericultura:

Cálculo de custo de produção  pg. 62


Módulo 3

e que ao longo do ano, devido a


diferentes fatores mercadológicos
quando executada de
(disponibilidade do produto,
forma racional é
demanda, região analisada, época
ininterrupta,
do ano etc.), os preços sofrem
diversas alterações,

é necessário investigar qual é o


valor médio recebido ao longo do
período analisado, que será
chamado de preço médio.

Esse indicador é encontrado dividindo o valor total obtido com a venda de alface
(exclusivamente) pelo volume total produzido durante o período compreendido
pela análise, independentemente de quantas alterações o preço tenha sofrido.

Acompanhe os números da Fazenda Santa Felicidade!

R$ 265.565,38
Preço médio = Renda da alface = R$ 0,73/unidade
R$ 360.365 unidades

Assim, pode-se dizer que o Sr. Ariovaldo, ao longo do período analisado,


recebeu em média o valor de R$ 0,73 por cada uma das 360.365 unidades
de alface que comercializou. Note que o destacado é o valor e as quantidades
comercializadas, não o produzido. A outra parte pode ter sido destinada para
consumo interno da propriedade.

Tendo o COE da alface por unidade, é interessante descobrir, também,


quanto representa o COE em relação à renda (pode-se assumir que a renda
bruta unitária seja igual ao preço unitário) obtida na comercialização.

0,15
COEL/PREÇO MÉDIO = = 20,54%
R$ 0,73

De acordo com o resultado obtido, sabe-se que 20,54% do que o produtor recebe
(R$ 0,73) já estão comprometidos com o pagamento do COE (R$ 0,15/unidade).

Cálculo de custo de produção  pg. 63


Módulo 3

Depreciações
Conforme visto, a depreciação consiste em uma reserva monetária contábil,
anual, para a substituição de um bem ao final de sua vida útil.

Ela é calculada de forma linear, dividindo o valor do novo pela vida útil, conforme
a fórmula a seguir:

VALOR DE NOVO - VALOR DE SUCATA


DEPRECIAÇÃO =
VIDA ÚTIL

Vale relembrar que o valor de sucata recomendado pela metodologia de ATeG


é igual a R$ 0,00. Isso visa minimizar subjetividades.

Ao final da vida útil do bem, ele é considerado sucata, logo não serão mais
contabilizadas depreciações, mesmo que ele ainda possua utilidade.

Agora, você vai rever os inventários da Fazenda Santa Felicidade apresentados


no Módulo 2, mas agora compreendendo ainda mais os conceitos.

Inventário de benfeitorias

Utilização na
Valor unitário Valor total Vida útil
Item Quant. atividade de Idade
novo (R$) (R$) (anos)
horticultura
Galpão de 96 m² de
1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10
madeira (depósito)
Galpão de 80 m² de
1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23
madeira (máquinas)

Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 5

Estufa de
4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5
40 m x 50 m
Estufa de produção
de mudas 1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16
10 m x 20 m

Poço artesiano 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22

Unidade de lavagem
1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5
de hortaliças
Unidade de
produção de 1 50% 1.000,00 500,00 20 5
compostagem

TOTAL 116.400,00

Cálculo de custo de produção  pg. 64


Módulo 3

Inventário de máquinas e equipamentos

Utilização na Valor
Valor total Vida útil Idade
Item Quantidade produção de unitário
(R$) (anos) (anos)
alface novo (R$)
Caminhão-baú
1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5
– câmara fria
Pulverizador
3 100% 100,00 300,00 10 5
costal
Carrinho de
3 100% 200,00 600,00 5 1
mão
Ferramentas
1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12
diversas
Sistema de
1 100% 10.000,00 10.000,00 15 16
irrigação
Trator 65 CV 1 80% 50.000,00 40.000,00 15 16
Enxada
rotativa 1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5
encanteiradora
Semeadora
de hortaliças 1 100% 400,00 400,00 15 5
manual
Computador
com 1 80% 2.500,00 2.000,00 5 7
impressora
Equipamento
para lavagem 1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2
de hortaliças
Bebedouro tipo
1 100% 300,00 300,00 5 2
gelágua
TOTAL 137.640,00

Inventário de móveis, utensílios e outros bens

Utilização na Valor Valor total Vida


Idade
Item Quantidade produção de unitário (R$) útil
(anos)
alface novo (R$) (anos)
Mesa de
1 100% 250,00 250,00 10 5
escritório
Armário com
1 80% 350,00 280,00 10 12
fichário
Mesa para
computador e 1 100% 200,00 200,00 10 11
impressora
Bandeja para
produção de
500 100% 9,00 4.500,00 5 2
mudas (com
200 células)
Equipamento
de proteção 1 100% 80,00 80,00 5 2
individual (EPI)
Caixas de PVC 300 100% 20,00 6.000,00 5 2

TOTAL 11.310,00

Cálculo de custo de produção  pg. 65


Módulo 3

Tome nota

Em relação à aplicação de defensivos agrícolas, perante


a Instrução Normativa nº 46, de 24 de julho de 2002,
a recomendação técnica de mistura em tanque de
agrotóxicos é proibida. Isso explica a utilização de
três pulverizadores costais (aplicação de herbicida,
inseticida e fungicida), e somente será necessário um
equipamento de proteção individual (EPI) pelo fato
de utilizar um pulverizador costal para cada classe de
produtos aplicados.

O que acha de fazer uma busca rápida? Identifique nas tabelas anteriores os
itens que possuem idade superior à vida útil.

Saiba Mais

Como foi a sua busca? Observe a lista e veja se bate com


os itens que você identificou!

Inventário de benfeitorias
• Galpão de 80 m² de madeira (máquinas)

• Estufa de produção de mudas 10 m x 20 m

• Poço artesiano

Inventário de máquinas e equipamentos


• Ferramentas diversas

• Sistema de irrigação

• Trator 65 CV

• Computador com impressora

Inventário de utensílios e outros bens


• Armário com fichário

• Mesa para computador e impressora

Mesmo que bens tenham funcionalidade devido às manutenções realizadas,


ao final da vida útil eles são considerados sucata, ou seja, sua vida útil é igual
a zero. Matematicamente, a depreciação passa a não existir, pois o resultado
matemático de qualquer valor atribuído ao bem dividido por zero é zero.

Cálculo de custo de produção  pg. 66


Módulo 3

Quanto às benfeitorias, é difícil atribuir um valor comercial, logo, para


efeito de cálculos, deve-se utilizar o valor de novo para calcular a
depreciação.

Depreciação do galpão de 96 m² de madeira (depósito) = 30.000,00 ÷ 0 = 0

Calculando a depreciação
Observe os valores de depreciação de acordo com os inventários da Fazenda
Santa Felicidade e entenda o cálculo de alguns itens!

Inventário de benfeitorias

Utilização
Valor
na Valor total Vida útil Idade Depreciação
Item Quantidade unitário
produção (R$) (anos) (anos) (R$)
novo (R$)
de alface

Galpão de 96
m² de madeira 1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10 1.500,00
(depósito)

Galpão de 80
m² de madeira 1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23 Não existe
(máquinas)*

Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 5 50,00

Estufa de 40 m x
4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5 4.000,00
50 m

Estufa de
produção de
1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16 Não existe
mudas 10 m x
20 m

Poço artesiano 1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22 Não existe

Unidade de
lavagem de 1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5 90,00
hortaliças

Unidade de
produção de 1 50% 1.000,00 500,00 20 5 25,00
compostagem

TOTAL 116.400,00 5.665,00

Cálculo usado para chegarmos a esse resultado:


Galpão de 96 m² de madeira (depósito) = (R$ 30.000,00 - 0) ÷ 20 = R$ 1.500,00

Cálculo de custo de produção  pg. 67


Módulo 3

Inventário de máquinas e equipamentos

Utilização Valor
Vida
na unitário Valor total Idade Depreciação
Item Quantidade útil
produção novo (R$) (anos) (R$)
(anos)
de alface (R$)

Caminhão-baú
1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5 5.333,33
– câmara fria

Pulverizador
3 100% 100,00 300,00 10 5 30,00
costal

Carrinho de
3 100% 200,00 600,00 5 1 120,00
mão

Ferramentas
1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12 Não existe
diversas

Sistema de
1 100% 10.000,00 10.000,00 15 16 Não existe
irrigação

Trator 65 CV 1 80% 50.000,00 40.000,00 15 16 Não existe

Enxada
rotativa 1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5 66,66
encanteiradora

Semeadora
de hortaliças 1 100% 400,00 400,00 15 5 26,66
manual

Computador
com 1 80% 2.500,00 2.000,00 5 7 Não existe
impressora

Equipamento
para lavagem 1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2 240,00
de hortaliças*

Bebedouro tipo
1 100% 300,00 300,00 5 2 60,00
gelágua

TOTAL 137.640,00 5.876,65

Cálculo usado para chegarmos a esse resultado:


Equipamento para lavagem de hortaliças = (R$ 1.200,00 - 0) ÷ 5 = R$ 240,00

Cálculo de custo de produção  pg. 68


Módulo 3

Inventário de móveis, utensílios e outros bens

Utilização
Valor Vida
na Valor total Idade Depreciação
Item Quantidade unitário útil
produção (R$) (anos) (R$)
novo (R$) (anos)
de alface
Mesa de
1 100% 250,00 250,00 10 5 25,00
escritório
Armário com
1 80% 350,00 280,00 10 12 Não existe
fichário
Mesa para
computador e 1 100% 200,00 200,00 10 11 Não existe
impressora
Bandeja para
produção de
500 100% 9,00 4.500,00 5 2 900,00
mudas (com
200 células)
Equipamento
de proteção
1 100% 80,00 80,00 5 2 16,00
individual
(EPI)
Caixas de
300 100% 20,00 6.000,00 5 2 1.200,00
PVC*

TOTAL 11.310,00 2.141,00

Cálculo usado para chegarmos a esse resultado:


Caixas de PVC = (R$ 6.900,00 - 0) ÷ 5 = R$ 1.200,00

Total das depreciações

Depois de aplicar a fórmula com os dados fornecidos na planilha, confira o


resultado da somatória do total das depreciações.

Inventário Total de depreciações

Benfeitorias R$ 5.665,00

Máquinas R$ 5.876,65

Móveis e utensílios R$ 2.141,00

Total R$ 13.682,65

Custo da mão de obra familiar


O custo da mão de obra familiar representa o quanto o empresário rural
deveria pagar no mercado em que ele atua para substituir o trabalho realizado
por ele e sua família. Vale lembrar de que isso não tem nada a ver com os
gastos pessoais do produtor – é simplesmente o valor de mercado das tarefas
realizadas pela família.

Cálculo de custo de produção  pg. 69


Módulo 3

Entenda melhor, acompanhando como funciona esse aspecto na Fazenda Santa


Felicidade

O Sr. Ariovaldo tem um


funcionário chamado
Roberto. Ele é contratado
com carteira assinada e os
dois trabalham juntos, de
forma que seus desempenhos
são muito semelhantes.
Desconsiderando encargos
sociais, férias e
13º salário, Roberto recebe
R$ 1.100,00/mês.

Porém, além dessas atividades, o Sr. Ariovaldo também realiza a administração


de sua empresa e negocia ativamente com seus fornecedores e clientes.
Portanto, um valor justo para a remuneração dessa mão de obra familiar (ou
pró-labore do administrador) foi avaliado em R$ 1.600,00 por mês.

Logo, o custo da mão de obra* familiar é:

R$
R$
1.600,00/ 12 meses
19.200,00
mês

Na verdade, esse é um custo anual que não vai se distanciar muito do valor real do custo de
um funcionário contratado com carteira assinada, quando se consideram todas as obrigações
patronais (pagamento de encargos, férias e 13o salário).

Cálculo de custo de produção  pg. 70


Módulo 3

Custo operacional total da atividade (COTA)


Conforme visto, o custo operacional total da atividade é obtido pela adição da
depreciação e do custo da mão de obra familiar ao COE.

• Total de depreciações = R$ 13.682,65

• Custo da mão de obra familiar (MOF) = R$ 19.200,00

• COEAT = R$ 58.981,20

COTAT COEAT Depreciações MOF

COTAT = R$ 58.981,20 + R$ 13.682,65 + R$ 19.200,00


COTAT = R$ 91.863,85

Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:

Analisou Compreendeu a
Aprofundou seus
informações e importncia dessas
conhecimentos sobre
dados relevantes análises para um
o tema, através de
de uma gerenciamento
exemplos práticos.
propriedade rural. eficiente.

Cálculo de custo de produção  pg. 71


Módulo 3

Encerramento do tema
Você chegou ao final deste primeiro tema e, durante os estudos, pode conhecer
o conceito e o comportamento de um dos principais custos de produção da
metodologia de ATeG, os custos variáveis. Você pôde compreender:

A importância de
realizar uma análise
profunda dos custos,
A forma de decompor ou seja, ter uma
os custos fixos, a anotação detalhada
depreciação e a das despesas como
Como diferenciar contabilização dos uma ferramenta
elementos de custo valores de mão de de controle dos
fixo de uma despesa obra familiar. processos produtivos
de valor fixo, como
e administrativos.
arrendamentos,
aluguéis, mão de
obra contratada e
energia elétrica.

Esta primeira etapa de preparação para um trabalho de excelência no campo


foi intensa e fundamental. São conceitos de gerenciamento essenciais para que
você cumpra o atendimento de assistência técnica e gerencial de qualidade.

Para finalizar, o que acha de retornar ao seu Ambiente


de Estudos, assistir ao vídeo e seguir acompanhando
Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade?

Cálculo de custo de produção  pg. 72


Módulo 3

Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!

Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo


estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok?

Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao


assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos.

Questão
Leia os itens a seguir e relacione cada um deles com os seguintes elementos:

• (COE) custo operacional efetivo; ( ) Despesas diretas

• (COT) custo operacional total; ( ) Reserva contábil

• (d) depreciação; ( ) Exige desembolso de capital

• (MOF) mão de obra familiar. ( ) Ocorrendo retiradas na forma de


“salário fixo”, deixa de ser um custo fixo,
tornando-se COE

( ) Serve como parâmetro de análise


de viabilidade da empresa no curto e
médio prazos

Assinale a alternativa que contém a ordem correta:

1. COE / d / COE / COT / MOF

2. COE / COE / d / COT / MOF

3. COE / d / COT / MOF / COE

4. COE / d / COT / COE / MOF

5. COE / d / COE / MOF / COT

Cálculo de custo de produção  pg. 73


Módulo 3

Tema 2: Cálculo do custo de


produção II
Introdução

Você está iniciando o segundo tema do módulo. O objetivo é que você se


aprofunde nos custos fixos, entendendo a sua importância no planejamento
das atividades agropecuárias, compreenda que os custos totais oferecem
condições de analisar com maior precisão a real situação econômica da
propriedade, direcionando uma tomada de decisões mais assertivas. Além de
iniciar a compreensão do conceito de viabilidade financeira do negócio.

Ao final deste tema, você será capaz de:

• analisar de forma completa o panorama de custos de uma empresa,

• compreender que poucos são os negócios verdadeiramente inviáveis, mas que


são muitos os negócios mal dimensionados para o mercado em que atuam e
para a infraestrutura que possuem.

Cálculo de custo de produção  pg. 74


Módulo 3

Estrutura do tema
PPara que todo esse conteúdo fique mais claro e de fácil entendimento, o tema
foi dividido em tópicos. Conheça, a seguir, o objetivo de cada um deles.

Custos fixos
Entender o dimensionamento total do custo fixo, assim como diversas análises
que podem ser feitas a partir da sua identificação.

Tópico 1

Aplicação dos conceitos Custo total


Tópico 5 Tópico 2
Saberá aplicar os conceitos Conhecer a determinação do
estudados de forma custo total de uma produção
detalhada. agrícola, respeitando as
Tema 2 peculiaridades de cada cadeia
produtiva quando houver.

Tópico 4 Tópico 3

Margem líquida Margem bruta


Compreender o conceito de margem Conhecer a margem bruta e
líquida, saber como calcular, interpretar aprender a calcular, interpretar
os resultados e tomar decisões com base os resultados e tomar decisões,
nela, que é fundamental para checar se o além de analisar a viabilidade de
negócio tem capacidade de se manter no um negócio.
longo prazo e para verificar a coerência
entre a estrutura de custos do negócio e
sua escala de produção.

Agora que você já viu o objetivo de cada tópico, siga em frente neste tema e
ótimos estudos!

Cálculo de custo de produção  pg. 75


Módulo 3

Tópico 1: Custos fixos

O que você entende como custo fixo?

Durante este tópico você verá como é a formação dos custos


fixos, além de algumas análises que são possíveis a partir da sua
identificação.

A depreciação e a mão de obra familiar já foram estudadas no tema 1, agora


você vai se aprofundar no terceiro componente – o custo de oportunidade do
capital.

A clássica divisão dos custos em variáveis e fixos muitas vezes é arbitrária e


difícil de ser operacionalizada, já que um fator de produção pode ser classificado
como fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo fator pode
ser fixo no curto prazo e variável no longo prazo.

Em razão dessas dificuldades, existem outros critérios para a


classificação dos custos que se ajustam melhor às necessidades
do empresário rural, como despesas diretas e indiretas e custos
operacionais

Cálculo de custo de produção  pg. 76


Módulo 3

Na metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, custos fixos são:

Eles tendem a permanecer


inalterados em curto e médio
Aqueles que não resultam em
prazos (desde que forem
despesas diretas, ou seja, não
mantidas as mesmas estruturas
ocorre um desembolso físico de
produtivas), porque seu valor
capital para sua remuneração.
independe do volume produzido
e jamais será igual a zero.

• Mão de obra familiar

• Depreciação

• Custo de oportunidade do capital empatado

Entenda a fórmula:

Custo fixo Depreciação

CF  =  MOF  +  d  +  CO

Mão de obra Custo de oportunidade

Observe que a fórmula do CF (custo fixo) engloba todos os elementos de


custos, exceto os variáveis (COE). É possível afirmar também que a somatória
de ambos os elementos resulta no CT (custo total).

Para ficar mais claro, acompanhe o exemplo a seguir.

Cálculo de custo de produção  pg. 77


Módulo 3

Na prática

Uma propriedade tem um galpão de máquinas no valor de


R$ 36.000,00 com vida útil de 30 anos.

Agora, é preciso calcular o custo fixo dele.

1º Passo: Calcular a depreciação

VN – S 36.000,00 – 0
d= d= d = R$ 1.200,00
VU 30

2º Passo: Calcular o custo de oportunidade

VN – S 36.000,00 – 0
CO = X i CO = X 6% CO = 1.080,00/ano
2 2

3º Passo: Calcular o custo fixo

CO = MOF + d + CO CF = 0 + R$ 1.200,00 + R$ 1.080,00

CF = R$ 2.280,00

Cálculo de custo de produção  pg. 78


Módulo 3

Note que no exemplo, a mão de obra familiar foi considerada igual a zero,
pois estamos avaliando o custo fixo de um bem, então não podemos envolver
esse item.

Os elementos na análise de uma propriedade


A mão de obra familiar, a depreciação e o custo de oportunidade do capital
empatado são custos que não geram desembolsos diretos ao produtor rural.

A realidade do campo

Ao analisar uma propriedade, você deverá prestar


atenção nesses três elementos de custos, pois eles
podem demonstrar qual é a capacidade produtiva
da empresa rural.

Ao mesmo tempo, eles limitam a capacidade


produtiva pela falta, podendo inviabilizar a atividade
quando a estrutura for muito pesada.

Outra observação importante é que deve se realizar o inventário somente


de bens que compõem a atividade e considerando seu uso efetivo na
atividade rural.

Acompanhe um exemplo!

Cálculo de custo de produção  pg. 79


Módulo 3

Na prática

Na olericultura, não deve ser


alocado um curral de ordenha
para essa atividade, mesmo que a
propriedade desenvolva ambas.

Quando uma infraestrutura é


compartilhada entre duas ou mais
atividades, seu custo deverá ser
rateado proporcionalmente.

Se um mesmo galpão é utilizado


para guardar rações do gado
leiteiro e também fertilizantes,
a atividade que for mais
representativa em uso deverá
arcar com uma maior porcentagem
dos custos fixos desse local.

Outra situação a se observar é o inventário das terras. Quando a propriedade


trabalha exclusivamente com uma atividade, toda a área deverá ser lançada
como sendo dessa atividade. Porém, quando é desenvolvida mais do que uma
atividade, devemos considerar para a área da atividade o espaço que ela utiliza
diretamente e fazer o rateio das áreas consideradas de uso comum, como
pátios, estradas, aplicativos, reservas etc.

Cálculo de custo de produção  pg. 80


Módulo 3

Uma propriedade com valores


de depreciação e custo de De outra maneira, quando
oportunidade muito elevados encontramos propriedades
mostra que possui uma vasta com esses mesmos custos
infraestrutura (benfeitorias, muito baixos, podemos
máquinas, equipamentos supor que têm pouca
e ferramentas). Ou seja, capacidade produtiva, ou
que existe uma grande que estão operando abaixo
capacidade produtiva da capacidade.
instalada.

Em ambos os cenários, a empresa poderá operar em situação de ociosidade,


normalidade ou até mesmo abaixo da necessidade. Tudo isso só será possível
analisar quando avaliarmos o negócio como um todo, com a obtenção de mais
dados, conforme veremos a seguir.

Mão de obra familiar

Resumindo...
Resumindo...
É contabilizada no custo fixo porque geralmente não existe um
pagamento efetivo ‒ o produtor não paga a si mesmo.
Configura-se como um custo indireto, não havendo desembolso.
É um custo que sempre existirá, a não ser que se interrompa a atividade
e não haja mais possibilidade de executá-la

Cálculo de custo de produção  pg. 81


Módulo 3

Durante todo o ciclo produtivo, o produtor realiza diversas pequenas retiradas


de valores para honrar compromissos pessoais, geralmente não uniformes,
mas de acordo com suas necessidades. Essas retiradas devem sair dos ganhos
da atividade olerícola e não devem ser consideradas como remuneração da
mão de obra familiar.

O valor atribuído à mão de obra familiar deve ter como base os valores
praticados na região. Ou seja, caso o produtor contrate alguém em seu
lugar, quanto pagaria pelo mesmo serviço? O mesmo critério deve ser
utilizado para todos os membros da família envolvidos na atividade.
Dois pontos críticos devem ser observados, pois são facilmente solucionados
quando se atêm a realidades distintas, mas que podem ocorrer na propriedade.
Conheça!

Incapacidade de trabalho do produtor

O produtor não possui mais condições físicas e/ou mentais de realizar


trabalho algum, muitas vezes já recebe os benefícios de aposentado rural.
Nessa situação, por não haver a oportunidade de venda da sua mão de obra,
esse custo não deverá ser computado.

Retirada sistemática de valores pelo administrador

Quando o administrador ou administradores realizam retiradas sistemáticas


e padronizadas, caracterizando salário. Sendo assim, elas vão compor o
COE (pagamento da administração), e não o custo fixo. Tal situação é mais
comum em grandes propriedades rurais, que podem até mesmo ter vários
proprietários (grupos empresariais).

A mão de obra familiar é tratada como custo fixo também pelo fato de não
responder, de forma imediata, às variações de escala de produção.

Note que não estamos dizendo que a aposentadoria que o produtor recebe
anula a contabilização na mão de obra familiar. Renda pessoal não possui nexo
algum com a renda oriunda da atividade rural. Em muitos casos, o produtor
é aposentado por idade ou tempo de contribuição, mas ainda se encontra em
pleno gozo de suas faculdades físicas e mentais, gerando uma oportunidade
e, portanto, um custo de mão de obra familiar

Cálculo de custo de produção  pg. 82


Módulo 3

Depreciação

Resumindo...
Resumindo...
É um custo fixo e consiste em uma reserva monetária
para que a propriedade possa substituir os bens
duráveis no final de sua vida útil, mantendo a
capacidade produtiva da empresa.
Os principais itens geradores desse custo são
equipamentos, máquinas, veículos, forrageiras e
outra culturas não anuais, fertilizantes, sementes.

Na metodologia de ATeG para o cálculo dos custos de produção aplica-


se o método linear, ou seja, o valor da depreciação anual é igual em
todos os anos durante sua vida útil do bem.

Para minimizar a subjetividade, a mesma metodologia considera o valor de


sucata sempre igual a zero. Observe a fórmula:

Valor de novo

Sucata
VN - S (sempre igual a “0”)
Depreciação d  =
VU

Vida útil

Acompanhe como foi feito o cálculo da depreciação anual de um caminhão-


baú/câmara fria na Fazenda Santa Felicidade!

Cálculo de custo de produção  pg. 83


Módulo 3

Fazenda Santa Felicidade

O Técnico de Campo Marcelo sugeriu que o sr. Ariovaldo


analisasse a depreciação do seu caminhão-baú/câmara fria.

Juntos, chegaram a estes dados:

• Valor de novo do caminhão (VN) = R$ 80.000,00

• Vida útil (VU) = 15 anos

• Valor de sucata (S) = 0

Assim, foi calculado:

R$ 80.000,00
d= d = R$ 5.333,33/ano
15

A depreciação anual do bem é de R$ 5.333,33, valor que o sr. Ariovaldo deve reservar para
a reposição do veículo ao final de sua vida útil.

Para situações em que há aquisição de máquinas, equipamentos e veículos usados


ainda dentro da vida útil, a metodologia prevê um tratamento diferenciado.

Para calcular a depreciação nesses casos, é utilizado o valor pago pelo bem,
denominado na fórmula como valor de compra (VC). O valor atribuído à sucata
será sempre zero e para a vida útil consideramos o valor residual (VR).

Valor de compra

Sucata
VC - S (sempre igual a “0”)
Depreciação d  =
VR

Valor residual

Continue acompanhando o Sr. Ariovaldo e a sua história com o caminhão baú.

Cálculo de custo de produção  pg. 84


Módulo 3

Fazenda Santa Felicidade

O Técnico Marcelo fez os cálculos supondo que o sr. Ariovaldo


vá comprar de uma propriedade vizinha um caminhão já com
cinco anos de uso.
• Valor de compra (VC) = R$ 57.000,00
• Valor de sucata (S) = R$ 0
• Vida útil residual (VR) = 10 anos

Assim, foi calculado:

R$ 57.000,00 – 0
d= d = R$ R$ 5.700,00/ano
10

Nesse caso, sr. Ariovaldo deverá reservar R$ 5.700,00 por ano para que, ao final da vida
útil do bem, tenha condições de fazer sua reposição.

Custo de oportunidade do capital


O custo de oportunidade sobre o capital empatado consiste na remuneração
anual esperada pelo dono do capital por emprestá-lo à atividade. Se
o valor dos bens (investimento do dono do capital em toda a propriedade)
estivesse aplicado na poupança, por exemplo, daria ao capitalista um retorno
de aproximadamente 6% de juros ao ano. É o mínimo que se espera que a
atividade seja capaz de remunerar pela oportunidade de uso do capital.

Como já visto, para calcular o custo de oportunidade do capital investido em


bens dentro do prazo de vida útil, devemos usar a seguinte fórmula:

Cálculo de custo de produção  pg. 85


Módulo 3

Valor de novo Sucata (sempre igual a “0”)

VN - S
Taxa de juros
Custo de oportunidade CO  = X i (6% a.a.)
2

O cálculo do custo de oportunidade sobre o capital empatado se apoia no ideal


de capital médio (divisão do valor de novo por 2), enquanto o bem avaliado
ainda está dentro do prazo de vida útil.

A lógica para utilizarmos o capital médio é:

Porque os juros sobre esse Para minimizar a


capital ficam estabilizados subjetividade no momento
(linearmente) ao longo de do levantamento do valor
toda a vida útil do bem, pois dos bens, já que para apurar
durante parte do tempo a o valor de novo existem
avaliação será mais próxima parâmetros diferentes ao
do valor de novo e, no estimar o valor atual de um
restante, se aproximará do bem usado.
valor totalmente depreciado.

A avaliação dos itens do inventário deverá ser realizada individualmente, item


a item, e não uma avaliação genérica de todos os itens conjuntamente. O
cálculo é realizado uma única vez, enquanto o item ainda está dentro de seu
prazo de vida útil

Entenda!

Cálculo de custo de produção  pg. 86


Módulo 3

Na prática

Agora, veja como calcular o valor do custo de oportunidade


sobre o capital empatado.

• Trator com valor de novo igual a R$ 150.000,00.

• Vida útil dentro do prazo.

VN - S R$ 15.000,00 - 0
CO = X i CO = X 6%a.a
2 2

CO = R$ 4.500,00/ano

Nesse caso, o custo de oportunidade desse trator será de R$ 4.500,00 por ano.

A metodologia de ATeG não considera o cálculo de juros sobre o capital empatado


em terras, somente sobre benfeitorias, máquinas, equipamentos, ferramentas,
pastagens, culturas não anuais e rebanho.

Informação extra

Também não é considerado o cálculo de juros sobre o


capital de giro, pois devem ser observadas, em cada caso,
a dimensão e a necessidade desse item. A metodologia
de ATeG atende, sob a mesma ótica, diversas cadeias
produtivas com características individuais diversas,
o que a torna pouco prática para a realização de uma
análise de capital de giro caso a caso.

Cálculo de custo de produção  pg. 87


Módulo 3

Custo de oportunidade de bens depreciados


Após o encerramento da vida útil dos bens, a forma de calcular o custo de
oportunidade sobre o capital empatado é alterada. A justificativa é de que não
haverá mais tempo de uso desse bem para estabilizar o cálculo desses juros
no decorrer do período analisado.

Porém, o administrador (produtor rural) ainda detém o bem em sua posse,


portanto, tem oportunidade de capital implícito, mesmo que o item já não
valha mais o que valia no início de sua vida útil.

A metodologia de ATeG prevê particularidades no cálculo do custo


de oportunidade dos bens depreciados, conforme a categoria a que
pertencem: animais, benfeitorias e plantações, máquinas, veículos e
equipamentos.

Particularidades no cálculo do custo de


oportunidade sobre o capital empatado em
máquinas, veículos e equipamentos já depreciados
Nesses casos, deverá ser considerado o valor atual de mercado do bem, a fim
de valorar quanto se poderia obter de capital ao comercializá-lo. Entretanto,
este já não será capital médio, e sim integral, de acordo com a fórmula a seguir:

Valor de mercado Sucata (sempre igual a “0”)

Taxa de juros
Custo de oportunidade CO  = VM - S X i (6% a.a.)

Uma vez que, ano a ano, todos os bens sofrem paulatinamente uma redução
no seu valor de mercado, será necessária a realização de uma atualização
do inventário de bens depreciados anualmente, a fim de que o inventário se
aproxime o máximo possível do custo real.

Cálculo de custo de produção  pg. 88


Módulo 3

Na prática

Uma propriedade rural possui em seu inventário um trator:

• quando novo valia: R$ 120.000,00,

• atualmente vale: R$ 30.000,00.

Considerando a taxa de juros médios de 6% a.a., observe o


cálculo do custo de oportunidade do capital investido.

CO  =  VM  -  S  X  i CO  =  R$ 30.000,00 - 0  X  6%a.a

CO  =  R$ 1.800,00/ano

Assim, observamos que o custo de oportunidade desse trator é de R$ 1.800,00 ao ano.

Custo de oportunidade sobre benfeitorias e


lavouras não anuais já depreciadas
No caso de benfeitorias e lavouras com a vida útil esgotada, o custo de
oportunidade do capital investido continua sendo calculado com base no capital
médio. Acompanhe!

Cálculo de custo de produção  pg. 89


Módulo 3

Na prática

Observe como é feito o cálculo do custo de


oportunidade do capital do seguinte item:

• estufa para produção de olerícolas com a vida útil


já esgotada,

• (VN) valor de nova de R$ 50.000,00,

• juros médios de 6% a.a.

VM - S R$ 50.000,00 - 0
CO = X i CO = X 6%a.a
2 2

CO = R$ 1.500,00/ano

Custo de oportunidade sobre uma área de cultivo


de seringueiras
Extraído da seringueira, o látex usado na produção de borracha e luvas cirúrgicas
também está presente em pneus de carros, aviões e variado número de
utensílios. Essa árvore deve ser vista como um dos componentes para a
mensuração da riqueza do produtor rural, pois a madeira possui valor de
mercado. Isso se mostra totalmente verdadeiro quando o produtor decide
paralisar sua atividade de produção de látex e se desfazer das plantas
de seringueira

florestal
(madeira) em capital
corrente
(dinheiro).

Cálculo de custo de produção  pg. 90


Módulo 3

A forma de mensuração desse capital empatado em madeira se dará pela


quantificação do estoque por categoria por estágio de desenvolvimento das
seringueiras (inventário florestal), multiplicado pelo valor médio de mercado local
para cada uma das fases de desenvolvimento das plantas arbóreas cultivadas.

O valor considerado deve ser uma média dos preços pagos na região,
para não correr o risco de mascarar os resultados, superdimensionando
esse capital considerando o valor máximo, ou subdimensionando
considerando o valor mínimo

Uma vez estabelecido o critério de avaliação pelo valor médio, é utilizada a


mesma base da fórmula de custo de oportunidade sobre bens depreciados.
Observe!

CO  =  VM  -  S  X  i

Entenda!

Na prática

Uma propriedade rural desenvolve atividade de cultivo da


seringueira.

• O inventário total da floresta está avaliado em


R$ 3.850.000,00.

• O valor do custo de oportunidade sobre capital


empatado será:

CO = (VM + S) × i
CO = (R$ 3.850.000,00 + 0) × 6%
CO = R$ 231.000,00

Cálculo de custo de produção  pg. 91


Módulo 3

Conforme observado no exemplo, geralmente será encontrado um grande impacto


do custo de oportunidade nas florestas analisadas. Por isso, é fundamental ter
muito critério no momento dessa análise, pois corre-se o risco de distorcer o
custo total de produção.

Pare para pensar

O capital empatado em madeira pode ser elevado, o que


impacta os custos fixos na forma de custo de oportunidade
sobre o capital. O que precisa ser investigado é se
o seringal está desestruturado e os motivos dessa
desestruturação.

Pode ser que:

• a atividade esteja sendo ineficiente, com muitas plantas


improdutivas na floresta;

• as plantas estejam sendo intensivamente exploradas com


o propósito de aumentar a produção ao ponto de perder
unidades por morte — a utilização de mão de obra não
qualificada na extração do látex pode gerar o mesmo
problema de mortes de plantas;

• a área de cultivo de seringueira está muito elevada em


relação à produção.

O que acha? Já pensou nisso?

Escreva o que você acredita quanto a esse questionamento


e siga. Ao finalizar o tema, volte e veja se sua opinião
mudou!

Cálculo de custo de produção  pg. 92


Módulo 3

É fundamental entender as motivações do elevado estoque de capital empatado


em plantas de seringueiras para que se tenha condições de fazer uma boa
leitura da situação e, junto com o produtor, tomar as decisões mais coerentes.
Observe um exemplo!

Uma propriedade conta com:

• 500 plantas

• em três fases diferentes de desenvolvimento

Para o cálculo do custo de oportunidade (juros)


sobre o capital empatado em plantas de seringueira,
estando dentro ou fora da vida útil, utiliza-se a
seguinte fórmula:

CO  =  VM  -  S  X  i

Observe na tabela a forma prática desse cálculo!

Valor médio
Quant. de Vida útil Custo de
Descrição unitário (por Idade
plantas (anos) oportunidade
planta)

Seringueiras 1 225 R$ 7,00 24 10 R$ 94,50

Seringueiras 2 200 R$ 7,70 24 15 R$ 92,40

Seringueiras 3 75 R$ 8,40 24 20 R$ 37,80

TOTAL R$ 224,70

Juros de financiamento versus custos de produção


É importante que o Técnico de Campo e o produtor tenham plena consciência
de que a atividade em si não necessita de financiamento, apenas de recursos,
para que possa ser executada, não importando a fonte ou as taxas envolvidas.

Entenda!

Cálculo de custo de produção  pg. 93


Módulo 3

Na prática

Uma produtora de milho adquiriu um trator financiado


com os seguintes parâmetros:

• valor de novo igual a R$ 120.000,00,

• vida útil de 15 anos,

• taxa de juros anuais contratada definida pela


instituição financeira em 8% ao ano,

• tempo de carência de 3 anos,

• 7 parcelas anuais até a quitação do bem, totalizando


10 anos.

Observe a maneira de contabilizar a entrada desse bem no sistema produtivo, no custo de


produção da atividade.

A aquisição dessa máquina resultará em três alterações financeiras na propriedade:

• custo de oportunidade sobre capital empatado,

• depreciação do bem,

• fluxo de caixa.

As duas primeiras dizem respeito ao custo de produção; a última, apenas ao próprio fluxo
de caixa.

Cálculo da depreciação:

VN - S R$ 120.000 - 0
d= d= d = R$ 8.000/ano
VU 15

Cálculo de custo de produção  pg. 94


Módulo 3

Cálculo do custo de oportunidade:

VM - S R$ 120.000,00 - 0
CO = X i CO = X 6%a.a
2 2

CO = R$ 3.600,00/ano

Em relação ao fluxo de caixa, temos:

• valor de novo = R$ 120.000,00,

• valor total dos juros contratados = R$ 96.000,00 (R$120.000,00 x 6% a.a. x 10 anos)

• custo total do bem para a produtora = R$ 216.000,00,

• valor da parcela anual = R$ 30.857,14 (7 parcelas após 3 anos de carência).

Esse será o valor (R$ 30.257,14) que vai compor o fluxo de caixa – é um pagamento, uma
saída de capital da empresa. Não há nenhuma relação com o custo de produção.

De acordo com a análise do exemplo, essa máquina comporá o custo de produção


de milho com a depreciação e o custo de oportunidade do capital empatado.

Observe que o valor do equipamento foi aportado no inventário de recursos da


propriedade, totalmente no início do primeiro ciclo, não tendo ligação alguma
com seu parcelamento e prazo de carência. O que foi contabilizado é seu custo
(depreciação e custo de oportunidade) durante sua vida útil produtiva.

Cálculo de custo de produção  pg. 95


Módulo 3

Custo fixo médio


O custo fixo médio nos remete ao custo fixo por unidade produzida em
determinado período analisado, e é calculado desta forma:

CF Total Custo fixo total

Custo fixo médio CFM  =


Produção total no período
Produção analisado (ano, mês etc.)

É importante que o Técnico de Campo realize o cálculo do custo fixo médio


por unidade, para que possa fazer a análise da eficiência dessa empresa em
ofertar seus produtos ao mercado. O aumento do custo fixo unitário pode ser
um indicativo de ineficiência da atividade.

Porém, isso não é regra, pois é possível que a aquisição dos bens, que geram
aumento no custo fixo, causem redução no COE. Acompanhe um exemplo!

Na prática

Uma propriedade de produção de alface realizou, de uma só vez,


todo o investimento necessário em infraestrutura de:

• galpões para depósito;

• estufas para produção;

• sistema de irrigação;

• pulverizador;

• automóvel;

• etc.

Porém, ainda está em fase de formação da escala de produção


de alface.

Logo, sua análise de custo fixo unitário será altamente prejudicada,


uma vez que o cenário aponta alto custo fixo, com pouca produção.

Cálculo de custo de produção  pg. 96


Módulo 3

Assim como no exemplo, temos ainda o comportamento do custo fixo médio


(CFM), que, diante de diferentes volumes anuais de produção de alface
(aumentados em uma escala de 200 unidades/dia em cada simulação — 200
unidades por dia x 365 dias = 73.000 unidades), mantém inalterada a estrutura
de custo fixo total (CFT).

Veja na tabela!
Volume
Simulação CFT (R$) CFM (R$)
(unidade da alface)

1 73.000 R$ 2,60

2 146.000 R$ 1,30
R$ 190.000,00
3 219.000 R$ 0,87

4 292.000 R$ 0,65

A partir dos dados apresentados, teremos diferentes impactos dos custos


fixos totais sobre a unidade produzida, de acordo com a escala de produção
estabelecida.

Observe o gráfico!

É possível observar que o


custo fixo total se mantém
estável ao longo de todo o
período analisado.
R$

Isso ocorre
independentemente do
volume de produção, desde
Custo que se mantenham estáveis as
Fixo Total
variáveis que o compõem
(mão de obra familiar,
Custo depreciação e custo de
Fixo Médio oportunidade).

Produção

Observe também o
comportamento do custo fixo
Cálculo detem
médio, que custo de produção 
tendência de pg. 97
R$

redução por unidade produzida


Produção quando a produção aumenta.
Fixo Médio oportunidade).

Produção
Módulo 3

Observe também o
comportamento do custo fixo
médio, que tem tendência de
R$

redução por unidade produzida


quando a produção aumenta.

Custo
Fixo Total Essa redução pode chegar a
valores irrisórios, porém
jamais será igual a zero.
Custo
Fixo Médio
Produção

Valor da Terra
A metodologia de cálculo do custo de produção utilizada não considera o valor
da terra como componente do custo de produção. São avaliadas todas as
benfeitorias úteis que estão sobre ela (incluindo poço artesiano, se houver).

Pare para pensar

Em duas propriedades com a mesma atividade, porém


em regiões onde há grande variação no valor da terra,
não existe a oportunidade de comparação. Isso acontece
porque a atribuição de menores custos da atividade vai
para quem tem a terra com valor menor, e os maiores
custos da atividade vão para quem tem a terra com
valor maior.

Os bens são inventariados à parte, quando o estoque de capital médio é


apurado. Para obtermos o valor da terra nua, deve ser desconsiderado todo o
inventário realizado, contabilizando somente o tamanho da área multiplicado
pelo valor de mercado do hectare naquela região.

Cálculo de custo de produção  pg. 98


Módulo 3

Utilizamos a seguinte fórmula:

Valor da Valor do
Área
terra nua hectare

Na metodologia de ATeG, não é contabilizada a remuneração do capital empatado,


nem a depreciação sobre o valor da terra nua. O capital empatado em terras será
levado em consideração apenas quando for calculada a taxa de remuneração do
capital com terra, conforme você verá mais adiante no tema sobre indicadores.

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Compreendeu Analisou a forma Entendeu como realizar os


como é formado o que esse indicador cálculos necessários para
custo fixo em uma é aplicado em casos chegar aos resultados
propriedade rural. práticos. esperados.

Cálculo de custo de produção  pg. 99


Módulo 3

Tópico 2: Custo total

Será que determinar o custo total é somar todos os demais


custos, simples assim?

A partir de agora, você verá como determinar o custo total de uma


produção agropecuária, compreendendo as peculiaridades de cada
cadeia produtiva.

O custo total engloba todos os custos, tanto variáveis como fixos, pois é a
soma do custo operacional total (COT) com o custo de oportunidade (CO) do
capital empatado em benfeitorias, máquinas, equipamentos, veículos, móveis,
utensílios e outros bens.

Sua fórmula é a seguinte:

Custo operacional total Custo de oportunidade

Custo total CT  =  COT  +  CO

Cálculo de custo de produção  pg. 100


Módulo 3

Além da depreciação e da mão de obra familiar, devemos contabilizar o custo


de oportunidade do capital investido na atividade, que corresponde à remuneração
pelo uso do capital no processo produtivo analisado.

É como se todo o dinheiro aplicado na atividade estivesse


alocado em outro tipo de investimento e a nossa base
de comparação é a taxa de remuneração da poupança,
que paga juros reais de 6% ao ano, em média.

O custo de oportunidade do capital investido corresponde, em média,


a 6% ao ano sobre o somatório dos valores investidos na atividade
rural avaliada.

Nesse ponto, é importante dividir o produtor em duas figuras distintas: o


empreendedor e o capitalista.

Empreendedor Capitalista

O empreendedor é quem realiza o Capitalista é o dono do capital.


processo produtivo. Ele precisa de Ocorre que, na maioria das vezes, o
recursos financeiros para executar empreendedor e o capitalista são a
a atividade de sua opção. Porém, o mesma pessoa, ou seja, o produtor
empreendedor é tão somente um rural tem recursos próprios, que
executor que não detém recursos serão empregados na execução da
financeiros e deve recorrer ao produção. Em caso de tomada de
capitalista para tomar emprestado os crédito de custeio e/ou investimentos
recursos necessários. – aquisição de dívidas – o dono do
capital (capitalista) deverá arcar com as
parcelas e os juros do financiamento.
A atividade, representada pelo
empreendedor, remunera o capitalista
(dono do capital) pela oportunidade de
uso do capital, o que na metodologia
de ATeG chamamos de custo de
oportunidade sobre o capital empatado.

Cálculo de custo de produção  pg. 101


Módulo 3

Quando o produtor é, ao mesmo tempo, empreendedor e capitalista, não é


nada mais natural que o capital aplicado/emprestado seja remunerado.
Na configuração apresentada, isso não vai gerar desembolsos diretos, pois a
remuneração será paga a ele mesmo. Além disso, não vai compor o fluxo de
caixa, apenas o custo de produção.

Entenda!

Na prática

Um produtor de cítricos financiou um valor em uma


instituição de crédito para a compra de fertilizantes.

• Valor financiado: R$ 50.000,00.

• Taxa cobrada para esse capital de giro: 25% a.a.

• Prazo de pagamento: seis meses.

Veja como encontrar o valor atribuído ao COE dessa atividade e o valor de juros pago.

O valor a ser atribuído ao COE será apenas a quantia de R$ 50.000,00. Isso se dá pelo fato
de que a atividade necessitava do fertilizante (comprado por esse valor no mercado), e não
do capital, muito menos dos juros.

Como a metodologia de ATeG não considera juros sobre capital de giro, não incidirão juros
no custo de produção.

O produtor contratou o crédito com a taxa de 25% a.a., ou seja, pagará o equivalente a
12,5% no período correspondente ao prazo de pagamento (6 meses).

Calculando o valor total a ser pago pelo produtor, temos:

R$ 50.000 x 12,5
Valor a ser pago = Valor a ser pago = R$ 6.250,00
100

Apenas a título de juros à instituição credora, o produtor tomador pagará a quantia de R$


6.250,00. Essa quantia não vai compor o custo de produção, somente o fluxo de caixa,
uma vez que vai de fato “sair do caixa”. Esse custo, apesar de efetivo, é debitado ao
empreendedor, e não à atividade.

Cálculo de custo de produção  pg. 102


Módulo 3

Custo total médio


O custo total médio é o resultado da divisão do custo total da atividade pelo
volume produzido, calculado assim:

Custo total
Custo total médio =
Produção

É fundamental conhecer e analisar o custo total por unidade produzida. Ele nos
dará condições de analisar a eficiência da empresa, se seus custos e receitas
estão equilibrados e se a escala de produção está adequada em relação à
estrutura envolvida.

O gráfico a seguir nos ajuda a compreender a tendência de comportamento


do custo total médio em função da escala de produção. Observe!
Custo total médio

0 q Produção
Custo total médio

Cálculo de custo de produção  pg. 103


Módulo 3

Custo total médio

Quando a escala de produção


é pequena, o custo total
médio tende a ser alto, pois
as unidades produzidas são
poucas para poderem diluir o
custo fixo.

0 q Produção

A diluição vai acontecendo com o aumento


da escala de produção.
Custo total médio

Para fazer com que a produção


aumente, geralmente os custos
variáveis aumentam, com o
pagamento de insumos, mão de
obra, serviços de máquinas etc.,
fazendo com que o custo total
médio volte a subir.

0 q Produção

Cálculo de custo de produção  pg. 104


Módulo 3

O custo total médio pode ser utilizado para diversas unidades comerciais, como:

• unidade de alface, repolho, couve-flor;

• arroba de erva-mate;

• litro de leite;

• metros cúbicos ou lineares de madeira;

• hectares de terra (10.000 m²);

• toneladas de resíduos orgânicos;

• quilo da carne;

• sacas de milho (ou de café, feijão, arroz, trigo, soja);

• caixa de tomate (ou de laranja, uva, maçã etc.).

Custo total por área


O custo total por área é resultado da divisão do custo total da atividade pela
área utilizada. O cálculo é realizado da seguinte forma:

Custo total
Custo total por área =
Área da
atividade/ha

A análise do custo total por área oferece elementos para compreender a


eficiência do uso dos recursos, especialmente da terra, permitindo ainda fazer
comparações entre áreas da propriedade e outras propriedades.

Muitos são os empresários rurais que se preocupam com os preços dos


produtos e poucos são os que dedicam tempo e energia para conhecer
e controlar os custos de produção. São os custos que estão sob nosso
controle, não os preços.

Todos os fatores formadores de custos de uma atividade precisam ser conhecidos


e, a partir daí, administrados. Só dessa forma seremos bem-sucedidos em
nossas atividades.

Cálculo de custo de produção  pg. 105


Módulo 3

No Youtube, neste link:


https://www.youtube.com/
watch?v=JxDDwCliOew&list=PLpvd_
yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=18

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Entendeu as
Compreendeu complexidades existentes
o conceito de em cada cadeia produtiva
custo total. para a determinação do
custo total.

Cálculo de custo de produção  pg. 106


Módulo 3

Tópico 3: Margem bruta

Afinal, o que é margem bruta na prática?

A partir de agora, você verá o conceito de margem bruta e como


defini-la considerando as variáveis de uma atividade rural.

Margem bruta é um indicador que é frequentemente utilizado de forma empírica


pelos produtores. Muitas vezes é interpretado erroneamente como lucro (cujo
conceito ainda será estudado neste módulo).

MB RB COE

Em um reflexo natural, depois que o produtor vende a produção e paga as


despesas, ele analisa quanto sobrou e chama isso de lucro, o que não passa
da margem bruta. Ele esquece que foram pagos apenas os custos operacionais
efetivos, sem considerar a mão de obra familiar, a depreciação e o custo de
oportunidade do capital.

Cálculo de custo de produção  pg. 107


Módulo 3

A margem bruta permite ao gestor analisar aspectos fundamentais da produção


e do negócio. A partir da sua apuração é possível:

• identificar se a margem bruta é suficiente para cobrir os custos fixos,

• analisar se essa unidade produtiva é capaz de suportar oscilações de mercado,


tanto nos preços dos insumos quanto no preço de venda dos produtos.

Conheça os passos para calcular a margem bruta!

Assuntos do campo
E o papo da vez é a margem bruta, o indicador
essencial para que uma propriedade continue
produzindo.
Afinal, para que isso aconteça, ela precisa de fluxo
de caixa positivo, o que só é possível se tiver a
margem bruta positiva.
A margem bruta permite analisar a capacidade
operacional da empresa a curto prazo.
Para calcular esse indicador de forma correta, o
gestor precisa realizar três passos. Anote, porque
é importante!
O primeiro passo é considerar a receita obtida pela
venda dos produtos e subprodutos da atividade.
A riqueza que foi produzida no período analisado,
mas que ainda não foi vendida, também entra como
renda.
Essa situação acontece nas atividades de criação
animal, caso tenha ocorrido uma variação no
inventário, em que o produtor aumentou seu
patrimônio.
Outra consideração é o consumo de produtos gerados
pela atividade e que não são comercializados,
como carne e feijão para o consumo das pessoas,
leite para o aleitamento de bezerros, esterco ou
composto para adubar as lavouras e pastagens.

Cálculo de custo de produção  pg. 108


Módulo 3

O segundo passo é retirar os pagamentos ou


recebimentos referentes a empréstimos, pois eles
não são componentes da renda, mas apenas do
fluxo de caixa.
Se o dinheiro for utilizado como capital de giro, os
insumos adquiridos entram no custo operacional
efetivo do produto.
Já o terceiro passo é retirar os itens de
investimento, ou seja, verificar se atendem a mais
de um ciclo produtivo, não fazendo parte do custo
operacional efetivo.
É importante fazer esse filtro antes da análise, pois
é muito comum considerar um item que foi pago
à vista como despesa, mesmo que ele possa ser
utilizado por mais de um ciclo produtivo.
Os itens que devem ser destacados podem ser, por
exemplo, latões de leite, roçadeira costal e aparelho
de cerca elétrica, entre outros.
É isso! Seguindo esses três passos, fica mais fácil
calcular a margem bruta.

Fazer com que o empreendimento tenha margem bruta positiva e sustentável


é a primeira tarefa do gestor, pois qualquer empreendimento com margem
bruta negativa, se não tiver sua estrutura de custos revisada, estará à beira
do fechamento.

Cálculo de custo de produção  pg. 109


Módulo 3

Análise da margem bruta


Veja os tipos de margem bruta:

MB > 0

MB = 0
MB < 0

MB < 0 | Margem bruta negativa

Numa empresa em situação de margem bruta negativa, a renda obtida com a


venda da produção não cobre os custos operacionais efetivos (desembolsos),
o que gera dificuldades operacionais que comprometem o fluxo de caixa,
chegando a inviabilizar completamente a atividade. É preciso muita cautela
ao interpretar indicadores, pois eles nos dão informações sobre o momento
da análise, não significando que a situação apresentada seja definitiva. É
necessário um constante acompanhamento de sua evolução.

MB = 0 | Margem bruta igual a zero

Na empresa que apresenta resultados de margem bruta iguais a zero, a


renda obtida com a venda da produção é suficiente apenas para cobrir os
custos operacionais efetivos. Ela não consegue pagar mão de obra familiar,
depreciação e custo de oportunidade do capital empatado. Caso a situação
não seja revertida, a tendência é a de que seus bens venham a se exaurir, já
que a empresa não terá condições de mantê-los, tampouco de substitui-los.

MB > 0 | Margem bruta positiva

Quando a margem bruta for maior do que zero, significa que a propriedade
é viável no curto prazo, podendo pagar todos os custos operacionais efetivos
e sobrando recursos para pagar toda ou parte da mão de obra familiar, da
depreciação e do custo de oportunidade do capital.
A empresa que apresenta uma situação de margem bruta positiva, porém
com margem líquida negativa, requer um acompanhamento da evolução de
seus indicadores, a fim de que sejam identificados os principais gargalos e
realizados os ajustes necessários.

Cálculo de custo de produção  pg. 110


Módulo 3

Acompanhe um exemplo prático!

Na prática

Fazenda Jussara
A Fazenda Jussara é uma propriedade de médio
porte destinada à produção de batata-doce, cujo
cultivo é realizado com variedades precoces e tardias
em várias etapas durante o ano para garantir a
venda ininterrupta do produto. O seu proprietário
está analisando qual é a viabilidade da sua
fazenda no curto prazo e quer saber se o negócio é
sustentável pelo cálculo da margem bruta. Para isso,
conta com a ajuda de um Técnico de Campo.

Ao analisar os dados da Fazenda Jussara, o seguinte quadro se apresentou. Observe!

Renda bruta da produção de batata-doce


Mês Quantidade em caixas Valor unitário Valor total
Janeiro 725 R$ 30,00 R$ 21.750,00
Fevereiro 765 R$ 35,00 R$ 26.775,00
Março 830 R$ 30,00 R$ 24.900,00
Abril 750 R$ 40,00 R$ 30.000,00
Maio 715 R$ 30,00 R$ 21.450,00
Junho 900 R$ 45,00 R$ 40.500,00
Julho 915 R$ 40,00 R$ 36.600,00
Agosto 940 R$ 40,00 R$ 37.600,00
Setembro 925 R$ 30,00 R$ 27.750,00
Outubro 850 R$ 30,00 R$ 25.500,00
Novembro 835 R$ 35,00 R$ 29.225,00
Dezembro 850 R$ 35,00 R$ 29.750,00
Renda bruta total 10.000 R$ 351.800,00

Cálculo de custo de produção  pg. 111


Módulo 3

Planilha do custo operacional efetivo (COE) da produção de batata-doce


Item Valor
Mão de obra permanente R$ 17.000,00
Mão de obra avulsa (diarista) R$ 4.000,00
Subsolagem do solo R$ 1.750,00
Gradagem do solo R$ 2.300,00
Levantamento de leiras R$ 4.000,00
Adubos R$ 5.000,00
Corretivos R$ 2.000,00
Fungicida R$ 500,00
Transporte R$ 1.200,00
Energia e combustível R$ 7.000,00
Inseticida R$ 350,00
Impostos e taxas R$ 2.500,00
Reparos de benfeitorias R$ 2.300,00
Reparos de máquinas R$ 2.750,00
Outros gastos de custeio R$ 4.580,00
COE TOTAL R$ 57.230,00

Analisando os dados fornecidos nas planilhas, temos:

• RB = R$ 351.800,00

• COE = R$ 57.230,00

MB = RB – COE

MB = R$ 351.800,00 – R$ 57.230,00

MB = R$ 294.570,00

Assim, chegamos à conclusão de que na propriedade a atividade proporcionou margem


bruta positiva no valor de R$ 294.570,00/ano.

Dessa forma, o proprietário pode ficar tranquilo, já que a atividade é viável a curto prazo,
pois cobre os custos operacionais. Mas o Técnico de Campo já avisou que não se pode
estender essas informações para um longo prazo, já que não existem dados sobre os custos
fixos, que podem ser maiores do que a margem bruta.

Cálculo de custo de produção  pg. 112


Módulo 3

Apenas conhecendo a margem bruta da atividade não é possível concluir a


viabilidade da atividade a médio e longo prazos.

Margem bruta/área
Considerando a manutenção das estruturas de custos fixos, esse indicador
pode ser utilizado para comparar diversas atividades agropecuárias e decidir
qual explorar. Vamos voltar ao exemplo da Fazenda Jussara.

Na prática

O proprietário viu que ocupa uma área de 10 hectares da propriedade para a produção de
batata-doce. Mais uma vez, com a ajuda do Técnico de Campo, realizou o seguinte cálculo:
• produção média por hectare de batata-doce: 1.000 caixas de 20 kg cada uma;
• área: 10 hectares da propriedade;
• comercialização em caixas de madeira e papelão: R$ 35,18 em média na lavoura (sem
o processo de lavagem da batata-doce) para cada caixa de 20 kg.

A renda bruta é calculada levando em consideração a quantidade de caixas produzidas por


hectare multiplicada pela quantidade de hectares utilizados na produção para obter seu
total. Depois, é multiplicado o total produzido pelo preço de venda.

Renda bruta:
• Produção = 1.000 caixas/ha
• Produção = 1.000 x 10 ha = 10.000 caixas
• Preço médio = R$ 35,18/caixa

Renda bruta = 10.000 cx. x R$ 35,18 = R$ 351.800,00

Renda bruta = 36.000 sacas x R$ 33,00 = R$ 1.188.000,00

Cálculo de custo de produção  pg. 113


Módulo 3

O cálculo do COE total da produção de batata-doce é simples, basta saber o valor do custo
operacional efetivo por hectare e multiplicar pela quantidade de hectares ocupados pela
cultura.

R$ 5.723,00
COE = x 10 ha
ha

Então, para calcular a margem bruta total, basta utilizar o valor da renda bruta da produção
e subtrair o valor do COE total, tendo assim a margem bruta da atividade.

MB = R$ 351.800,00 – R$ 57.230,00 =
MB = R$ 294.570,00

MB 294.570,00
=
ha 10

MB
= R$ 29.457,00/ha
ha

Diante desse cenário, o empresário identificou que, com a mecanização


que tinha disponível e com as características de clima e topografia, poderia
explorar milho na mesma área. Para definir se manteria a batata-doce ou
exploraria milho, ele calculou a margem bruta/ha projetada para o milho
naquele ano agrícola.

Observe!

Cálculo de custo de produção  pg. 114


Módulo 3

Na prática

Planilha de custo operacional efetivo (COE) da produção de milho por hectare:

Item Valor (R$)


Semente de milho 461
Corretivo de solo 93
Macronutrientes 899
Micronutrientes 217
Fungicida 85
Inseticida 223
Adjuvante 31
Herbicida 263
Operações mecanizadas 165
Reparos de benfeitorias 124
Reparos de máquinas 161
Operações e aéreas 92
Transporte da produção 240
Beneficiamento 191
Assistência técnica 15
Armazenagem 70
Impostos e taxas 42
Despesas de administração 128
COE TOTAL 3.500

Atividade principal: milho


COE: R$ 3.500,00/ha

Renda bruta:
• Produção = 120 sacas/ha
• Produção = 120 x 10 ha = 1.200
• Preço = R$ 33,00/saca
• Renda bruta = 1.200 x R$ 33,00 = R$ 39.600,00

COE da atividade = R$ 3.500 x 10 ha = R$ 35.000,00


MB = R$ 39.600,00 – R$ 35.000,00 = R$ 4.600,00
MB/ha = 4.600,00/10 = R$ 460,00/ha

Cálculo de custo de produção  pg. 115


Módulo 3

Por fim, ele comparou os resultados:

MB/ha – batata-doce: R$ 29.457,00/ha

MB/ha – milho: R$ 460,00/ha

Diante desse cenário, o empresário pôde tomar a decisão de explorar a atividade


de produção de batata-doce, e não de milho.

Margem bruta por unidade produzida


A margem bruta por unidade produzida, ou margem bruta unitária, é obtida
com a divisão da MB pela quantidade de unidades produzidas. Logo, nesse
indicador devemos utilizar as unidades comerciais.

Exemplos de unidades comerciais:


• arroba de erva-mate;

• unidade de alface, repolho, couve-flor etc.

• metro cúbico ou linear de madeira;

• hectares de terra;

• tonelada de resíduo orgânico;

• sacas de milho (ou de café, feijão, arroz, trigo, soja);

• caixa de tomate (ou de laranja, uva, maçã etc.).

Entenda!

Na prática

No exemplo da Fazenda Jussara, a margem bruta unitária seria:

MB total R$ 294.570,00
MB Unitária = MB Unitária =
Produção 10.000 caixas

MB Unitária = R$ 29,45/caixa

Cálculo de custo de produção  pg. 116


Módulo 3

A margem bruta unitária é utilizada para identificar:

Rendimentos
Sustentabilidade
Quanto do preço do
Capacidade daquele
produto sobra ao
negócio para suportar
produtor para pagar
oscilações de preços
seus custos fixos e
no mercado.
dimensionar seu lucro.

Uso da margem bruta como ferramenta para


dimensionar o sistema produtivo
Esse indicador pode ser utilizado para projetar quantas unidades devem ser
produzidas para alcançar determinada meta financeira. Entenda melhor,
acompanhando a Fazenda Jussara!

Na prática

Na Fazenda Jussara, o produtor decidiu que deve produzir um


número mínimo de caixas de batata-doce suficiente para pagar o
custo fixo de R$ 16.000,00 e fazer uma retirada de R$ 80.000,00
anualmente.

Ele precisa saber o número de caixas a serem colhidas para atingir


essa meta financeira.

O número de caixas a serem colhidas é igual à meta financeira:

R$ 96.000,00 anualmente
R$ 16.000,00 + R$ 80.000,00 =
MB por caixa (R$ 29,45)

Número de caixas = Número de caixas = R$ 96.000,00


R$ 29,45 por caixa

Número de caixas = Número de caixas = 3.260 caixas

Isso significa que, para cobrir um custo fixo de R$ 16.000,00 e fazer uma retirada anual de
R$ 80.000,00, o produtor deverá colher ao menos 3.260 caixas de batata-doce anualmente.

Cálculo de custo de produção  pg. 117


Módulo 3

Nas outras cadeias, o mesmo raciocínio pode ser utilizado para:

● sacas de cereais;

● unidade de alface, repolho etc.;

● número de poedeiras;

● tonelada de laranja;

● quilograma de frutas

Margem bruta em equivalentes às unidades


produzidas
É a conversão do valor financeiro da margem bruta em unidades produzidas.
Isso é obtido pela margem bruta dividida pelo preço médio de venda.
Entenda!

Na prática

Na Fazenda Jussara, cuja atividade é a produção de batata-doce, o cálculo fica da


seguinte forma:

MB em equivalente Margem bruta R$ 294.570,00


= MB eq =
unidades produzidas Preço médio R$ 35,18
(valor médio do ano/caixa

MB em equivalente Margem bruta R$ 294.570,00


= MB eq = MB eq = 8.373 caixas
unidades produzidas Preço médio R$ 35,18
(valor médio do ano/caixa)
em bruta R$ 294.570,00
MB eq = MB eq = 8.373 caixas
o médio R$ 35,18
(valor médio do ano/caixa)

Cálculo de custo de produção  pg. 118


Módulo 3

A margem bruta em equivalentes às unidades produzidas permite ao gestor:

Comparar sua
eficiência com
outras regiões onde Conhecer sua Analisar os
o preço de mercado margem bruta resultados obtidos
é diferente, convertida na em safras ou
pois a unidade unidade de ciclos produtivos
comercializada comercialização. diferentes.
é a mesma nas
regiões.

Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:

Reconheceu a renda Entendeu como


Compreendeu como usar
bruta como um realizar a análise
a margem bruta para
indicador de extrema da margem bruta,
dimensionar o sistema
relevância para a incluindo as suas
produtivo.
propriedade rural. variáveis.

Cálculo de custo de produção  pg. 119


Módulo 3

Tópico 4: Margem líquida

Você sabe a importância de analisar o resultado do cálculo


da margem líquida?

A partir de agora, você verá como calcular a margem líquida,


interpretar os resultados e tomar decisões com base nela.

A margem líquida (ML) é o resultado da soma do custo operacional efetivo


mais a depreciação e a mão de obra familiar menos a renda bruta da
atividade (RB). Ou seja, é a renda bruta menos o custo operacional total.
Observe a fórmula!

ML RB COE d MOF

ML RB COT

Cálculo de custo de produção  pg. 120


Módulo 3

A análise da margem líquida permite ao administrador identificar se a atividade


está sendo viável em curto e médio prazos.

• Se positiva, sinaliza ao empresário que a estrutura empregada na atividade


está compatível com a escala de produção.

• Se negativa, indica desequilíbrio na estrutura de custos e, muitas vezes, elevado


estoque de capital empatado na atividade, sem uma escala de produção que
a justifique.

Análise da margem líquida


Ao analisar a margem líquida e identificar que ela é menor que zero, ou seja,
negativa, deve-se investigar em qual das duas situações ela se enquadra:
ML negativa com MB negativa ou ML negativa com MB positiva. Entenda as
diferenças!

ML > 0
MB > 0

ML = 0 ML > 0
ML < 0
MB < 0

ML < 0 com margem bruta negativa

Essa atividade não é sustentável nem mesmo no curto prazo, portanto requer
uma revisão minuciosa na estrutura de custos e no sistema de produção.
Vale destacar que alguns itens do COE, em situações de baixa escala de
produção, podem comprometer grande parte da renda, mas podem ser diluídos
com a escala de produção como energia elétrica, mão de obra contratada e
combustível.

Cálculo de custo de produção  pg. 121


Módulo 3

ML > 0
MB > 0

ML = 0 ML > 0
ML < 0
MB < 0

ML < 0 com margem bruta positiva

Significa que a atividade está cobrindo os custos operacionais efetivos, mas


não consegue cobrir todas as depreciações e o custo da mão de obra do
produtor, além de não pagar o custo de oportunidade sobre o capital investido.
Analisando economicamente, podemos dizer que a atividade é viável apenas
no curto prazo.
Caso a situação de margem líquida negativa persistir, ocorrerá o empobrecimento
da empresa, inviabilizando a atividade, que não conseguirá recursos suficientes
para renovar seus bens duráveis.

ML = 0

Uma atividade na situação de margem líquida igual a zero é considerada viável


no médio prazo, porém ela fica muito sensível às oscilações de mercado e de
tecnologia. Pode-se dizer também que o negócio não é atrativo, pois não paga
o custo de oportunidade do capital empatado, nem mesmo com uma taxa de
6% ao ano, conhecida como taxa de atratividade mínima.

ML > 0

Quando a margem líquida é maior que zero, significa que essa atividade é
viável em médio prazo, pois é capaz de cobrir o custo operacional efetivo, as
depreciações, o custo da mão de obra familiar e ainda sobram recursos para
pagar pelo menos parte do custo de oportunidade sobre o capital empatado.
Porém, não podemos definir se esse negócio é atrativo, antes de avançarmos
para as análises econômicas vinculadas ao lucro.

Cálculo de custo de produção  pg. 122


Módulo 3

No meio rural, a margem líquida, apesar de importante, é pouco analisada pelos


produtores e gestores de fazendas, que não demonstram a devida preocupação
com as estruturas geradoras de custos fixos que, quando superdimensionadas
e com baixa escala de produção, acabam por inviabilizar as propriedades

De maneira geral, é possível afirmar que o crédito facilitado é


algo positivo, capaz de proporcionar incremento de produção e
desenvolvimento das unidades produtivas. Porém, infelizmente, muitos
produtores têm inviabilizado suas propriedades ao tomarem crédito
e investirem em estrutura, sem analisarem o impacto dessa ação, e
depois enfrentam dificuldades para arcarem com seus compromissos
diante das instituições financeiras.

É muito comum encontrarmos no mercado produtores insatisfeitos com os preços


dos produtos, porém no período de alta nos preços também é muito frequente
identificarmos superinvestimentos. Os produtores, movidos pela empolgação
nos períodos de valorização, usam uma sobra de dinheiro e investem em bens
depreciáveis, sem prever o custo da reposição desses itens para manter a
eficiência do sistema.

A margem líquida, assim como os outros indicadores de análise de rentabilidade,


é calculada com base em algo realizado – com dados passados. No entanto:

...aumenta ...corre o risco de


Se o produtor
seus custos de inviabilizar sua
tem uma margem
depreciação sem atividade ou diminuir
líquida restrita em
aumento da renda ou a eficiência até então
sua atividade...
redução do COE... alcançada.

Em outras palavras, se um produtor adquire um bem qualquer que possui


depreciação anual superior à sua margem líquida, e esse bem não promoveu
redução no COE, nem aumento de produção, o produtor pode concluir que, a
princípio, esse investimento é inviável ou incompatível com suas projeções atuais.

Entenda acompanhando um exemplo!

Cálculo de custo de produção  pg. 123


Módulo 3

Na prática

Nos últimos 12 meses, uma determinada atividade


contabilizou uma margem líquida de R$ 10.000,00. Ao
visitar uma feira agropecuária, ofereceram ao produtor
rural um trator e implementos que, juntos, contabilizam
uma depreciação de R$ 12.000,00 ao ano.

No primeiro momento, sabendo que a margem bruta da atividade era de R$ 35.000,00 nos
últimos 12 meses e vendo um programa de financiamento com carência e prestações de R$
8.000,00, o produtor pensou em adquirir o trator.

De fato, no curto prazo estava tudo certo, e ele conseguiria pagar as prestações. Porém,
não sobrariam recursos para pagar o custo extra de depreciação do novo trator.

Ao avaliar que não aumentaria sua produção, pois não tinha mercado para isso, o produtor
calculou qual seria sua nova margem líquida se adquirisse o trator:

Depreciação
Margem líquida
ML dos novos bens
anterior
adquiridos

ML = R$ 10.000,00 - R$ 12.000,00

ML = -R$ 2.000,00

O resultado mostra que, a longo prazo, esse seria um investimento inviável para
sua atividade.

Cálculo de custo de produção  pg. 124


Módulo 3

A margem líquida também é avaliada por unidade e por equivalência em unidades


produzidas. Observe como aplicar os conceitos usando os dados da propriedade:

• depreciação anual do trator: R$ 12.000,00,

• mão de obra familiar: R$ 15.000,00,

• COE da atividade: R$ 338.930,00,

• renda bruta: R$ 446.150,00.

COT COE d MOF

COT = R$ 338.930,00 + R$ 12.000,00 + R$ 15.000,00

COT = R$ 365.930,00

Com esses dados, agora basta encontrar a margem líquida.

ML MB COT

ML = R$ 446.150,00 - R$ 365.930,00

ML = R$ 80.220,00

Cálculo de custo de produção  pg. 125


Módulo 3

Margem líquida unitária


A margem líquida unitária é representada pela relação entre a margem líquida
e a quantidade produzida.

ML
ML unitária =
Produção

Esse índice é utilizado para verificar quanto está sobrando de cada unidade por
unidade produzida depois que foi pago o COT (COE, depreciação e mão de obra
familiar). Caso a margem líquida unitária seja positiva, começa a ser remunerado
o capital, conhecido como custo de oportunidade do capital investido.

Entenda!

Na prática

Na propriedade da batata-doce, há os seguintes dados:

• ML = R$ 40.220,00

• Produção em caixas = 3.000

O cálculo aplicado a esse contexto é

R$ 40.220,00
Margem
=
líquida/caixas
3.000 caixas

Margem
= R$ 13,40/caixas
líquida/caixas

Isso significa que esse é o valor que sobra após o pagamento dos custos operacionais
efetivos, das depreciações e do custo da mão de obra familiar, ou seja, o valor que sobra
por caixa vendida para remunerar o capital empatado.

Cálculo de custo de produção  pg. 126


Módulo 3

Essa mesma análise pode ser feita para qualquer atividade. Observe!

Pecuária Agricultura

• ML/kg de carne • ML/saca (café, milho e soja)

• ML/litro de leite • ML/tonelada (cana, silagem)

• ML/dúzia de ovos • ML/arroba de fumo

• ML/kg mel • ML/caixa (hortaliças e frutas)

Margem líquida em equivalentes às unidades


produzidas
É a conversão do resultado financeiro da margem líquida em unidades produzidas.
Esse valor é obtido com a divisão da margem líquida pelo preço de uma unidade
do produto em questão. Observe!

ML
ML em equivalentes às unidades produzidas =
Preço unitário

Agora, para dar uma variada, o que acha de testar o que tem visto neste tema?

Cálculo de custo de produção  pg. 127


Módulo 3

Pense e decida

Analise o resultado na apuração da margem líquida equivalente em uma


atividade de gado de corte do Produtor A. Depois, para que essa análise seja
eficiente, compare com os resultados apresentados pelo Produtor B, ambos
utilizando áreas equivalentes.

Para isso, considere a fórmula:

ML da atividade
ML equivalente =
Preço unitário

Produtor A Produtor B
• ML da atividade = R$ 80.220,00 • ML da atividade = R$ 75.900,00
• Preço = R$ 148,72/arroba • Preço = R$ 130,00/arroba

R$
R$80.220,00
80.220,00 R$
R$75.900,00
75.900,00
ML
MLequivalente
equivalente ML
MLequivalente
equivalente
== ==
aaarrobas
arrobas aaarrobas
arrobas
R$
R$148,72
148,72 R$
R$130,00
130,00

ML
MLequivalente
equivalente ML
MLequivalente
equivalente
== 539,40
539,40arrobas
arrobas == 584,84
584,84arrobas
arrobas
aaarrobas
arrobas aaarrobas
arrobas

Depois dessa análise, é nítido que o Produtor A, cuja margem líquida foi de
R$ 80.220,00 para a mesma área, ganhou mais dinheiro que o Produtor B.

Porém, qual dos dois foi mais eficiente tecnicamente?

Produtor A Produtor B

Justifique aqui a sua escolha!

Cálculo de custo de produção  pg. 128


Módulo 3

Feedback

O produtor A obteve uma margem líquida da atividade equivalente a 539,40


arrobas.

Já o produtor B obteve uma margem líquida da atividade equivalente a


583,84 arrobas.

Portanto:

583,84 arrobas (Produtor B) menos 539,4 arrobas (Produtor A) = 44,44


arrobas a mais para o produtor B.

Assim, podemos observar que o resultado produtivo do Produtor B foi melhor


que o do produtor A em 44,44 arrobas, ambos explorando áreas equivalentes.
Porém ele não foi economicamente melhor, devido ao menor preço que obteve
na comercialização da sua produção.

Essa informação é rica para os dois produtores, mostrando que um pode


comercializar seu produto melhor e o outro consegue ser mais eficiente
tecnicamente.

Ao converter o resultado financeiro em unidades produzidas, o


produtor também consegue comparar seus resultados ao longo dos
anos, podendo avaliar o resultado da aplicação de tecnologias em
diferentes safras. Esse comparativo anual de resultados é muito
importante para visualizar a interação do sistema de produção que o
produtor tem com o que acontece no mercado.

Usando o contexto do Produtor A de erva-mate, que nos últimos 12 meses


obteve margem líquida de 2.979,25 arrobas, acompanhe...

Pesquisando em seus
Essa análise permitiu ao
registros, ele viu que
Produtor A concluir que,
no ano 2000, antes de
para justificar as tecnologias
implementar diversas
implementadas, ele precisaria
tecnologias, sua margem
aumentar sua eficiência técnica
líquida foi de 3.100
e sua escala de produção.
arrobas.

Cálculo de custo de produção  pg. 129


Módulo 3

Para ficar mais claro, observe um exemplo prático!

Na prática

Uma propriedade com uma cultura de milho apresenta


os seguintes dados:

• margem líquida da atividade = R$ 80.220,00,


• preço do milho = R$ 33,00/saca.

Agora, vamos apurar a margem líquida equivalente a


sacas de milho.

• ML equivalente a sacas = R$ 80.220,00 ÷ R$ 33,00


• ML equivalente a sacas = 2.430 sacas

O resultado permite comparar a margem líquida com


outros produtores que vendem a preços diferentes,
como também comparar com a sua própria margem
líquida em épocas diferentes. A moeda então é
convertida em produto.

A margem líquida pode ser usada na equivalência com qualquer unidade


produzida. Veja os exemplos a seguir:

Cálculo de custo de produção  pg. 130


Módulo 3

Pecuária Agricultura

• Equivalente a kg de carne • Equivalente a sacas (café, milho e soja)

• Equivalente a litros de leite • Equivalente a toneladas (cana, silagem)

• Equivalente a dúzia ou caixa de ovos • Equivalente a arrobas de fumo

• Equivalente a kg mel • Equivalente a caixas (hortaliças e frutas)

Para conhecer mais sobre margem líquida, acesse o


Youtube e assista ao vídeo “Margem Líquida – Série
ATeG Gestão”, disponível em
https://www.youtube.com/
watch?v=K6tMmwToGd0&list=PLpvd_
yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=13.

Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:

Conheceu o cálculo da margem


Compreendeu como realizar a
líquida e a sua importância
análise desse índice, incluindo
na análise financeira da
suas variações.
propriedade rural.

Cálculo de custo de produção  pg. 131


Módulo 3

Tópico 5: Aplicação dos conceitos

Você consegue, com o que viu até aqui, analisar uma


propriedade rural sob esses conceitos?

Neste tópico você vai ver a aplicação dos conceitos de custos


fixos, custo total, margem bruta e líquida nas cadeias produtivas
do agronegócio.

É importante manter o foco, pois quando todas as contabilizações dos custos


de produção estiverem finalizadas, será feita a análise dos dois principais
indicadores econômicos apresentados neste tema: margem bruta e margem
líquida.

Custo fixo
Custo fixo (CF) é o somatório dos custos da mão de obra familiar (MOF),
depreciação (d) e custo de oportunidade (CO).

Cálculo de custo de produção  pg. 132


Módulo 3

Fórmula:

CF MOF d CO

Observe os dados para calcular o custo fixo:

• CO = R$ 6.125,04

• MOF = R$ 19.200,00

• d = R$ 13.682,65

Cálculo e resultado:

CF = R$ 19.200,00 + R$ 13.682,65 + R$ 6.125,04

CF = R$ 39.007,69

Custo de oportunidade do capital empatado


Para esse cálculo, serão usados dados da enxada rotativa encanteiradeira,
como visto anteriormente.

O custo de oportunidade é calculado da seguinte forma.

CO = [(VN - S) ÷ 2] × 6%

Observe os dados:

• Valor de novo = R$ 1.000,00

• Vida útil = 15 anos

• Idade = 5 anos

Cálculo de custo de produção  pg. 133


Módulo 3

Veja que a idade é menor do que a vida útil, logo:

CO = [(R$ 1.000,00 - 0) ÷ 2] x 6%

CO = R$ 30,00

Custo de oportunidade do capital = R$ 30,00/ano

Para o cálculo do custo de oportunidade do capital dos bens da atividade de


olericultura nas tabelas abaixo, seguimos o mesmo padrão e a mesma fórmula
do exemplo da enxada rotativa encanteiradeira. Observe!

Benfeitorias no período da vida útil

Utilização Valor
Custo de
na unitário Valor total Vida útil Idade
Item Quantidade oportunidade
produção novo (R$) (anos) (anos)
(R$)
de alface (R$)

Galpão de 96
m² de madeira 1 100% 30.000,00 30.000,00 20 10 900,00
(depósito)

Banheiros 1 100% 1.000,00 1.000,00 20 10 30,00

Estufa de 40 m
4 100% 15.000,00 60.000,00 15 5 1.800,00
x 50 m

Unidade de
lavagem de 1 100% 1.800,00 1.800,00 20 5 54,00
hortaliças

Unidade de
produção de 1 50% 1.000,00 500,00 20 5 15,00
compostagem

TOTAL 2.799,00

Cálculo de custo de produção  pg. 134


Módulo 3

Máquinas e equipamentos no período da vida útil

Utilização Valor
Custo de
na unitário Valor total Vida útil Idade
Item Quantidade oportunidade
produção novo (R$) (anos) (anos)
(R$)
de alface (R$)

Caminhão-baú
1 100% 80.000,00 80.000,00 15 5 2.400,00
– câmara fria

Pulverizador
3 100% 100,00 300,00 10 5 9,00
costal

Carrinho de
3 100% 200,00 600,00 5 1 18,00
mão

Enxada
rotativa 1 100% 1.000,00 1.000,00 15 5 30,00
encanteiradora

Semeadora
de hortaliças 1 100% 400,00 400,00 15 5 12,00
manual

Equipamento
para lavagem 1 100% 1.200,00 1.200,00 5 2 36,00
de hortaliças

Bebedouro tipo
1 100% 300,00 300,00 5 2 9,00
gelágua

TOTAL 2.514,00

Cálculo do custo de oportunidade do capital de


equipamentos já depreciados
Neste caso, é importante recorrer às particularidades previstas na metodologia
de ATeG, a qual estabelece que em vez do capital médio (valor de novo ÷
2) deve ser utilizado o valor de mercado do bem para o cálculo do custo de
oportunidade do capital. Entenda!

Cálculo de custo de produção  pg. 135


Módulo 3

Sistema de irrigação Cálculo e resultado

• Valor de novo do sistema de irrigação CO = (VM + VS) x i


= R$ 10.000,00
CO = (R$ 1.000,00 + 0) x 6%
• Valor de mercado do sistema de
irrigação = R$ 1.000,00 CO = R$ 60,00

• Vida útil = 15 anos O custo de oportunidade anual do sistema


de irrigação é igual a R$ 60,00.
• Idade = 16 anos

Considerando o valor atualizado de mercado dos bens já depreciados de acordo


com o que foi visto no exemplo, observe o custo de oportunidade sobre o
capital empatado da Fazenda Santa Felicidade.

Equipamentos já depreciados

Valor
Valor
Utilização unitário
total Custo de
na atualizado Vida útil Idade
Item Quantidade para a oportunidade
produção de (anos) (anos)
atividade (R$)
de alface mercado
(R$)
(R$)

Ferramentas
1 80% 230,00 184,00 10 12 11,04
diversas

Sistema de
1 100% 1.000,00 100,00 15 16 6,00
irrigação

Trator 65 CV 1 80% 15.000,00 1.500,00 15 16 90,00

Computador
1 80% 250,00 200,00 5 7 12,00
com impressora

TOTAL 119,04

Cálculo de custo de produção  pg. 136


Módulo 3

Cálculo do custo de oportunidade das benfeitorias


Neste caso, devemos considerar tanto as benfeitorias que estão no período de vida
útil quanto as já depreciadas, com base no capital médio (valor de novo ÷ 2).

Confira os resultados nas tabelas!

Benfeitorias já depreciadas
Utilização
Vida Custo de
na Valor de Valor total Idade
Item Quantidade útil oportunidade
produção novo (R$) (R$) (anos)
(anos) (R$)
de alface
Galpão de
80 m² de
1 80% 20.000,00 16.000,00 20 23 480,00
madeira
(máquinas)
Estufa de
produção de
1 100% 1.500,00 1.500,00 15 16 45,00
mudas 10 m
x 20 m

Poço
1 80% 7.000,00 5.600,00 20 22 168,00
artesiano

TOTAL 693,00

Somatório do custo de oportunidade anual

Inventário Custo de oportunidade (R$)

Máquinas e equipamentos 2.633,04

Benfeitorias 3.492,00

TOTAL 6.125,04

Custo total (CT)


O custo total pode ser obtido pela soma do custo operacional efetivo (COE)
ao custo fixo ou pela soma do custo operacional total (COT) ao custo de
oportunidade sobre o capital próprio. Observe a fórmula:

CT COT CO

Cálculo de custo de produção  pg. 137


Módulo 3

Agora, veja como ficou o CT da Fazenda Santa Felicidade!

Dados Cálculo e Resultado

• COT = R$ 91.863,85 CT = R$ 91.863,85 + R$ 6.125,04


• CO = R$ 6.125,04 CT = R$ 97.988,89

Custo total proporcional de um produto


O custo total de um produto pode ser obtido pela soma do COT desse produto
com o custo de oportunidade proporcional à renda gerada por ele em relação
à renda bruta da atividade (RA). Observe a fórmula:

CO
COT
CT alface x
da alface
(RAAL/RAAT)

Os dados são:

• RAAT = Renda da atividade

• RAAL = Renda da alface

Cálculo e resultado:

CT alface = R$ 85.472,08 + (R$ 6.125,04 x (265.565,38/281.565,38 ))

CT alface = R$ 85.472,08 + (R$ 6.125,04 x 0,9431)

CT alface = R$ 85.472,08 + R$ 5.776,52

CT alface = R$ 91.248,60

O custo de oportunidade de R$ 6.125,04 é o total referente ao custo


de oportunidade de todos os itens que a atividade possui em uso
compartilhado por uma ou mais atividades, devendo, portanto, ser
rateado.

Cálculo de custo de produção  pg. 138


Módulo 3

Não é tão complicado determinar um custo de produção de forma correta, no


entanto, esse conhecimento exige uma constante visão sistêmica do processo,
sabendo reconhecer o que pertence ou não à atividade, proporcionalizando
quando for o caso.

Por isso é que dissemos logo no começo: ninguém melhor para definir os
custos de produção do que quem trabalha diretamente na atividade. Ou seja,
produtores e técnicos de campo.

Margem bruta da atividade

A margem bruta da atividade (MB) é obtida pela diferença entre a renda bruta
(RB) e o custo operacional efetivo (COE), conforme a fórmula:

MB RB COE

Neste estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, a renda foi obtida pelo
somatório:

Cálculo de custo de produção  pg. 139


Módulo 3

• da venda de alface no atacado e a


varejo;
= R$ 281.565,88
• da venda de composto e da alface
utilizada para consumo..

O custo operacional efetivo foi de R$ 58.981,20.

Os dados podem ser observados mais detalhadamente na tabela!

Produto Valor

Renda da alface no atacado 236.267,00

Renda da alface a varejo 28.861,50

Alface consumida pela família 437,38

Venda de composto 16.000,00

TOTAL 281.565,88

A partir da apuração da renda bruta e do COE, podemos calcular a margem


bruta:

MB = R$ 281.565,88 – R$ 58.981,20

MB = R$ 222.584,68

Cálculo de custo de produção  pg. 140


Módulo 3

Variações na análise da margem bruta da atividade


A) Margem bruta unitária

É a margem bruta por unidade produzida e deve ser calculada pela divisão da
margem bruta pela produção. Observe a fórmula!

Margem Bruta
MB unitária =
Produção
Na Fazenda Santa Felicidade, os dados são os seguintes:
• Produção = 360.365 unidades
• Margem bruta = R$ 211.105,42

MB unitária = R$ 211.105,42 ÷ 360.365

MB unitária = R$ 0,58

A margem bruta por unidade produzida na Fazenda Santa Felicidade é de


R$ 0,58.

B) Margem bruta em equivalentes às unidades produzidas

Ela consiste em converter o valor da margem bruta da atividade em unidade


de alface (produto principal), dividindo a margem bruta pelo preço da alface.
Isso permite comparar o resultado de margem bruta entre as propriedades,
sem o efeito do preço.

Veja a fórmula a seguir:

Margem Bruta
MB equivalente =
Preço

MB equivalente = R$ 222.584,18 ÷ R$ 0,73

MB equivalente = 304.909,83 unidades

No período analisado, a margem bruta da atividade é de R$ 222.584,18, que


equivale a 304.909,83 unidades de alface.

Cálculo de custo de produção  pg. 141


Módulo 3

C) Margem bruta por área

É a margem bruta dividida pela área utilizada para a produção. Veja!

Margem Bruta
MB área =
Área

• Margem bruta = R$ 222.584,18


• Área = 1,5 ha

MB/área = R$ 222.584,18 ÷ 1,5 = R$ 148.389,45 por ha

A margem bruta por hectare utilizado para a produção foi de


R$ 148.389,45/ha.

D) Margem bruta por estufa

A margem bruta por estufa* é utilizada no gerenciamento de uma


propriedade para dimensionar a quantidade necessária para atingir uma meta
financeira.
Na propriedade produtora de alface, é feita por estufa.

Margem Bruta
MB/Estufa =
Estufas

• Quantidade de estufa = 4

MB/Estufa = R$ 222.584,18 ÷ 4

MB/Estufa = R$ 55.646,04

Nesse caso, a margem bruta da atividade corresponde a R$ 55.646,04 por


estufa em produção.

Esse indicador não tem uma referência-padrão, pois depende muito do sistema de produção
em que está inserido. Por exemplo, uma estufa de produção em larga escala e altamente
tecnificada tende a gerar uma maior margem bruta por estufa, porém naquelas com um

Cálculo de custo de produção  pg. 142


Módulo 3

nível tecnológico baixo, ou seja, de baixos investimentos, a produção é menor, sendo uma
consequência a redução da margem bruta por estufa. Esse indicador é importante para tomar
uma decisão mais segura em relação à ampliação da produção quando se tem conhecimento
da demanda e da oferta do produto.

Margem líquida da atividade

A margem líquida da atividade (ML) é obtida pela diferença entre a Renda


Bruta (RB) e o custo operacional total (COT), conforme a fórmula a seguir!

ML RB COT

No estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade, os dados são:

• RB = R$ 281.565,38

• COT = R$ 91.863,85

Observe o resultado!

ML = R$ 281.565,38 – R$ 91.863,85 = R$ 189.701,53

Cálculo de custo de produção  pg. 143


Módulo 3

Variações na análise da margem líquida


da atividade
Conheça as variações na análise da margem líquida da atividade:

ML unitária - Margem líquida unitária

É a margem líquida por unidade produzida e deve ser calculada pela divisão
da margem líquida pela produção:

Margem Líquida
ML unitária =
Produção
Dados:
• Produção = 360.365 unidades de alface
• Margem líquida da alface = R$ 180.093,30

Resultado:
ML unitária = R$ 180.093,30 ÷ 360.365
ML unitária = R$ 0,49

ML equivalente - Margem líquida equivalente

Consiste em converter o valor da margem líquida da atividade em unidade


de alface dividindo a margem líquida pelo preço médio da alface. Isso
permite comparar o resultado da margem líquida entre as propriedades,
sem o efeito do preço. Veja a fórmula abaixo:

Margem Líquida
ML equivalente =
Preço

Dados:
• Preço = R$ 0,73
• Margem líquida = R$ 180.093,30

Resultado
ML equivalente = R$ 180.093,30 ÷ R$ 0,73

ML equivalente = 246.703,15 unidades de alface

Cálculo de custo de produção  pg. 144


Módulo 3

Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:

Entendeu como Conheceu os cálculos


Aprofundou os seus
analisar os custos necessários para
conhecimentos sobre
com base em dados e aplicar os conceitos
os custos através de
informações de uma na documentação
exemplos práticos.
propriedade rural. financeira e produtiva.

Cálculo de custo de produção  pg. 145


Módulo 3

Encerramento do tema
Você chegou ao final do segundo tema e, de acordo com o que foi visto até
aqui, você pôde conhecer os conceitos e a aplicações dos principais custos
de produção por meio da metodologia de Assistência Técnica e Gerencial –
tanto os fixos quanto os variáveis – além de avaliar o resultado econômico
da propriedade por meio das margens bruta e líquida. Você pôde então
compreender:

A relevância de
enxergar o quanto
de esforço físico
Como elaborar e financeiro estão
unidades de medida sendo direcionados
de custos mais claras apenas para pagar
A importância da para o produtor, custos e não para
análise dos dados de traduzindo números gerar lucro.
produção e dos custos, em produtos.
além das receitas,
que devidamente
.
processados,
possibilitam a avaliação
econômica do negócio
e o planejamento da
empresa.

A segunda etapa deste módulo foi bem intensa e bem relevante para você,
que deseja fazer a diferença no trabalho do campo.

Para encerrar este tema, retorne ao seu Ambiente


de Estudos, assista ao vídeo e acompanhe Marcelo
em seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade!

Cálculo de custo de produção  pg. 146


Módulo 3

Atividade de passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!

Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo


estudado até aqui para passar para o próximo tema.

Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao


assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos.

Questão
A partir do que foi estudado neste tema, analise os dados apresentados a
seguir, em que são identificados o custo fixo médio (CFM) e o custo total (CT)
da atividade.

• Um trator novo financiado, com valor de R$ 150.000,00 e 15 anos de vida útil.


Pagamento em 8 parcelas anuais. Juros e taxas à instituição financeira iguais
a R$ 45.000,00.

• Uma carretinha de arrasto com valor de novo igual a R$ 14.000,00 e 10 anos


de vida útil. Atualmente, está com 11 anos de uso e valor de sucata igual a R$
5.000,00.

• Produção de composto no valor de R$ 22.500,00.

• Uma mão de obra familiar no valor de R$ 1.034,00 ao mês, com um dia de folga
na semana.

• Construções (casa e galpão para depósito) erguidas na mesma época, 11 anos


atrás, e dentro da vida útil de 40 anos, totalizando R$ 230.000,00.

• Produção de alface: 260 unidades/dia, com preço médio de R$ 1,00/unidade.

• COE total: R$ 37.230,00.

Cálculo de custo de produção  pg. 147


Módulo 3

Observe o contexto dos dados nas tabelas a seguir!

Inventário de recursos

ITEM VALOR VIDA ÚTIL DEPRECIAÇÃO CUSTO DE OPORTUNIDADE

Trator R$ 150.000,00 15 R$ 10.000,00 R$ 4.500,00

Carretinha R$ 5.000,00 0 R$ 0,00 R$ 300,00

Construções R$ 230.000,00 40 R$ 5.750,00 R$ 6.900,00

Total R$ 15.750,00 R$ 11.700,00

Mão de obra familiar

ITEM VALOR MENSAL QUANTIDADE VALOR TOTAL

Mão de obra familiar R$ 1.034,00 12 R$ 12.408,00

Produção de alface

ITEM VOLUME DIÁRIO DIAS DO ANO VOLUME TOTAL

Produção de alface 260 unidades 365 94.900 unidades

INDICADORES DE CUSTO

Custo fixo total da alface R$ 39.858,00,00/ano

Custo fixo médio da unidade de alface R$ 0,42/unidade

Custo total da alface R$ 77.088,00/ano

A partir dos dados apresentados, analise as afirmativas abaixo e as classifique


em verdadeiro (V) ou falso (F):

( ) A mão de obra familiar, por ter um dia de folga na semana, deveria ter
sido reduzida.

( ) O custo de bens financiados será integralmente apropriado ao custo de


produção no momento da disponibilização para uso, sem considerar o tipo
ou os valores de parcelamento.

( ) Os custos com juros de financiamento deverão ser adicionados ao bem,


pois, se não houvesse necessidade do bem para a produção, não haveria
financiamento.

Cálculo de custo de produção  pg. 148


Módulo 3

( ) Itens que chegaram ao final de sua vida útil não precisarão mais reservar
valores relativos à sua depreciação, porém continuarão a contabilizar custo
de oportunidade.

( ) O custo de oportunidade sobre o capital empatado em composto é o mais


representativo dos custos fixos por ser calculado sobre o valor integral,
porém é um item indispensável à produção.

1. F, V, F, V, V.

2. V, V, F, V, V.

3. F, F, V, V, V.

4. F, F, V, V, F.

5. V, F, V, F, F.

Cálculo de custo de produção  pg. 149


Módulo 3

Tema 3: Cálculo dos


indicadores
Introdução

Você está iniciando o terceiro tema do módulo. O objetivo é que você compreenda
os cálculos dos custos e da renda como necessários para a análise da rentabilidade,
que consiste em apurar a margem bruta, a margem líquida e o lucro.

Ao final deste tema, você será capaz de:

• calcular e interpretar os resultados inerentes ao lucro, verificando a capacidade


que um negócio tem para se manter no longo prazo.

• analisar a equivalência de produção, assim como o ponto de cobertura total.

• calcular a taxa de retorno sobre o capital investido, indicador importante para


o empresário definir a atratividade do negócio e comparar com as opções que
ele tem no mercado

Cálculo de custo de produção  pg. 150


Módulo 3

Para que todo esse conteúdo fique mais claro e de fácil entendimento, o tema
foi dividido em tópicos. Conheça, a seguir o objetivo de cada um deles.

Lucro
Entender como calcular, interpretar os resultados e tomar decisões com o lucro,
analisando a atratividade do negócio, levando em conta o custo de oportunidade
do capital empatado no empreendimento.

Tópico 1

Aplicação dos conceitos


Tópico 5 Tópico 2 Ponto de cobertura
Aplicar durante o estudo (PCOE e PCOT)
de caso da Fazenda Santa
Felicidade os conceitos Aprender a apurar os
obtidos no tema. indicadores PCOE e PCOT em
Tema 3 unidades produzidas.

Tópico 4 Tópico 3

Taxa de retorno do capital Ponto de cobertura total


Conhecer a taxa de retorno do Compreender como apurar um dos
capital, vendo como calcular essa indicadores mais importantes para
taxa e seus componentes, levando saber quanto do que foi produzido foi
em conta o estoque de capital com e comprometido para o pagamento do custo
sem a terra. total ou quanto teria sido necessário
produzir para que todos os custos fossem
pagos, caso se atue em um cenário de
prejuízo econômico.

Conhecido o objetivo de cada tópico, siga em frente neste tema e ótimos


estudos!

Cálculo de custo de produção  pg. 151


Módulo 3

Tópico 1: Lucro

O que é lucro na realidade do negócio rural?

No decorrer deste tópico, você verá como calcular, interpretar os


resultados e tomar decisões relacionadas ao lucro.

O lucro (L) é um indicador de atratividade do negócio. No meio rural ele


é pouco utilizado, pois muitas vezes os produtores tomam suas decisões de
investimento com base no lado técnico, voltando o foco para o aumento da
produtividade e da produção, em vez de buscar o melhor retorno econômico.

Cálculo de custo de produção  pg. 152


Módulo 3

A realidade do campo

No seu dia a dia de atendimento, não será raro


observar que produtores se tornam referência
na sua região pelo nível de eficiência produtiva e
poucas vezes por alcançar eficiência econômica.

Essa situação normalmente ocorre por impulso


de vendedores ou até mesmo por ser algo visível
em outras propriedades, chamando a atenção e
despertando interesse dos vizinhos, enquanto a
questão econômica não aparece.

O lucro é obtido pela diferença entre a renda bruta (RB) e o custo total (CT),
conforme a fórmula abaixo:

Renda bruta Custo total

Lucro L  =  RB - CT

O Técnico de Campo e/ou empresário rural, quando inicia um trabalho


de viabilização da propriedade, começa seu desafio aplicando na
atividade a margem bruta positiva. A partir disso, ele busca atingir
também a margem líquida positiva, trabalhando a produtividade e o
aumento da produção para chegar ao lucro com aquele negócio.

Esse entendimento escalonado é fundamental, especialmente para que o desafio


de viabilidade de uma propriedade seja suportado pelo empresário rural.

Cálculo de custo de produção  pg. 153


Módulo 3

Análise do lucro
Entenda a variação do lucro para melhor analisá-lo.

L>0
Lucro maior
que zero

L=0
Lucro igual
a zero

L<0
Lucro menor
que zero

L < 0 | Lucro menor que zero

Essa posição significa que a renda bruta obtida na atividade não foi suficiente
para cobrir os custos totais. Ou seja, existe um desequilíbrio entre renda e
custos, portanto o produtor atua então dentro de um cenário de prejuízo
econômico.

Vale destacar que, se uma propriedade tem lucro negativo,


esta pode ser uma situação momentânea. Não significa que
ela não seja atrativa, mas sim que a forma com que o negócio
foi dimensionado não está atendendo às expectativas para
a geração de lucro.

Cálculo de custo de produção  pg. 154


Módulo 3

Pare para pensar

Uma propriedade produtora de tomate apresenta lucro


negativo. Isso não significa que a cultura de tomate não
seja lucrativa. Como mudar esse cenário? O que você
sugeriria para o proprietário da fazenda?

Escreva aqui a sua sugestão de resolução e, depois de


finalizar o módulo, volte e veja se continua com o mesmo
pensamento!

L>0
Lucro maior
que zero

L=0
Lucro igual
a zero

L<0
Lucro menor
que zero

L = 0 | Lucro igual a zero

Na economia, o lucro zero também é chamado de lucro normal. Neste cenário, existe
equilíbrio entre a renda bruta e os custos totais – ambos se equivalem equivalem.

Cálculo de custo de produção  pg. 155


Módulo 3

Isso porque todos os custos


Esta pode não ser a situação ideal,
operacionais foram cobertos e o
porém quando ela ocorre, foi
capital foi remunerado em 6%
alcançado o que se chama de nível
ao ano, conforme preconiza a
mínimo de atratividade.
metodologia de ATeG.

Lucro zero não significa que o produtor não tenha dinheiro no bolso depois de
pagar os custos operacionais efetivos, remunerar a mão de obra da família,
recolher o valor referente à depreciação e remunerar o capital empatado em
forma de custo de oportunidade

Em situação de lucro zero, pode-se estabelecer a estabilidade do negócio


e, em alguns casos, pode ocorrer inclusive crescimento.

Acompanhe um exemplo!

Na prática

Dentro da atividade, um produtor


com lucro igual a zero conseguiu
Isso acontece
promover uma grande variação porque a atividade
patrimonial que, fora da consegue retornar
os investimentos
atividade, talvez realizados, muitos
não conseguiria. deles feitos por
O fator de
meio de crédito
Automaticamente, produção, com
subsidiado.
itens como tratores,
a mesma taxa implementos, sistema
de irrigação etc.,
de 6% de passa a contribuir
remuneração para a geração de
renda, ainda que
média, quando esses recursos não
submetida a um Com isso, surge uma tenham sido pagos.
oportunidade que o
capital maior, produtor não teria,
resultará em maior caso o capital estivesse
na poupança, por
retorno ao empresário. exemplo.

Atuando nesse negócio, o produtor pode planejar seu sistema de produção para um maior
retorno, porém também está submetido a riscos. Cabe ao produtor, com apoio do técnico,
definir os melhores caminhos para obter lucro.

Cálculo de custo de produção  pg. 156


Módulo 3

L>0
Lucro maior
que zero

L=0
Lucro igual
a zero

L<0
Lucro menor
que zero

L > 0 | Lucro maior que zero

Um resultado de lucro maior que zero também é chamado de lucro supernormal.


Isso significa que o negócio avaliado remunera todos os custos e ainda sobra
dinheiro ao empresário para retirada ou aplicação no próprio negócio ou em
outros investimentos.

No meio agropecuário, buscar o lucro maior que zero é o refinamento da


gestão. Isso ocorre quando o produtor atinge a maturidade gerencial e se
torna um empresário rural. Enquanto o objetivo for puramente produzir,
raramente o produtor conseguirá essa margem de lucro.

Cálculo de custo de produção  pg. 157


Módulo 3

Quando o produtor
atinge maturidade
empresarial, o lucro
passa a ser uma
constante.

Com a sua gestão,


ele consegue
dimensionar os
investimentos, Ele também passa a
especialmente os que visar redução dos custos
se referem ao capital e aumento da renda,
próprio, de forma ou aumento no custo
mais coesa. total que seja justificado
pelo aumento da renda
superior ao impacto no
custo.

Variações do lucro
A) Lucro unitário

É o lucro por unidade produzida, calculado pela divisão do lucro pela produção.
Veja a fórmula abaixo:

Lucro
Lucro unitário =
Produção

Este indicador pode ser utilizado para verificar se o negócio avaliado tem
capacidade para suportar variações no preço de venda sem que tome prejuízo.

Essa análise pode ser feita para qualquer cultura, observe!

Cálculo de custo de produção  pg. 158


Módulo 3

Pecuária Agricultura

• Lucro/kg de carne • Lucro/saca (café, milho e soja)

• Lucro/litro de leite • Lucro/tonelada (cana, silagem)

• Lucro/dúzia de ovos • Lucro/arroba de fumo

• Lucro/kg mel • Lucro/caixa (hortaliças e frutas)

B) Lucro em equivalentes às unidades produzidas

Consiste em converter o valor do lucro de reais para volume de produção,


bastando para isso dividir o lucro apurado pelo preço médio da unidade
produzida. Isso permite comparar o resultado do lucro entre as propriedades,
sem o efeito do preço*. Observe a fórmula!

Lucro
Lucro equivalente =
Preço

O lucro equivalente às unidades produzidas é utilizado para comparação


entre propriedades diferentes do mesmo negócio, podendo ser usado
para comparar períodos diferentes.

Logicamente, o preço recebido vai interferir no resultado desse indicador. De acordo com a
fórmula, se o mesmo valor for apurado como lucro em duas propriedades e elas receberam
preços diferentes pelo produto, o lucro equivalente será diferente.

Para ter esse conceito mais claro, realize a atividade!

Cálculo de custo de produção  pg. 159


Módulo 3

Pense e decida

Conheça os dados de duas propriedades produtoras


de café.
Propriedade A:

• lucro de R$ 100.000,00 no ano,


• comercializou o café por R$ 450,00/saca.

Propriedade B corrigida para o mesmo número de matrizes:

• lucro de R$ 110.000,00 no ano,


• comercializou o café por R$ 550,00/saca.

Propriedade
Propriedade
A A Propriedade
Propriedade
B B

Lucro
Lucro Lucro
Lucro
Lucro
Lucro Lucro
Lucro
= = = =
equivalente
equivalente equivalente
equivalente
Preço
Preço Preço
Preço

R$R$
100.000,00
100.000,00 R$R$
110.000,00
110.000,00
Lucro
Lucro Lucro
Lucro
= = = =
equivalente
equivalente equivalente
equivalente
R$R$
450,00
450,00 R$R$
550,00
550,00

Lucro
Lucro Lucro
Lucro
equivalente
equivalente
a a = = 222,22
222,22
sacas
sacas equivalente
equivalente
a a= = 200
200
sacas
sacas
sacas
sacas quilos
quilos

Analisando o resultado, fica claro que a propriedade A foi a mais eficiente.


Porém, qual das propriedades obteve maior lucro equivalente a sacas de café?

Produtor A Produtor B

Justifique aqui a sua escolha!

Cálculo de custo de produção  pg. 160


Módulo 3

Feedback

A propriedade A, ainda que com um resultado econômico menor, foi mais


eficiente tecnicamente que a propriedade B. Assim, é possível dizer que a
propriedade A precisa melhorar a qualidade de seu produto ou as formas
de comercialização, para conseguir comercializar o seu produto com maior
valor na saca de café.
Pense bem no contexto geral das duas propriedades!
Já a propriedade B teve um lucro maior com um preço unitário maior,
mostrando que conseguiu agregar valor à saca de café, mas mesmo assim
não representou o maior lucro equivalente.

Considerando o contexto apresentando na atividade, vale destacar dois aspectos:

O gestor da propriedade B, ao ver


o resultado da propriedade A, deve
analisar as potencialidades de aumentar
a produtividade do seu sistema, desde
que isso não comprometa a qualidade
do produto e, consequentemente, os
preços de venda.

A propriedade B, ao fazer uma análise


histórica, identifica que já conseguiu,
em outros períodos, maior lucro
equivalente a quilos de carne. Dessa
forma, ela validou que pode melhorar
sua produtividade.

Cálculo de custo de produção  pg. 161


Módulo 3

O Senar em Campo tem um vídeo interessante sobre


o assunto: “Lucro – SérieATeG Gestão”, disponível no
YouTube no link:

https://www.youtube.com/
watch?v=LtFAlCW711Q&list=PLpvd_
yKjERaf4xHrtG0sx87tWtaFes9TS&index=10>

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Descobriu como
Conheceu o conceito do encontrar o lucro Entendeu as variações do
lucro na gestão de uma e analisar seu lucro e como usá-las para
propriedade rural. impacto na gestão da uma gestão madura e de
resultados.
propriedade.

Cálculo de custo de produção  pg. 162


Módulo 3

Tópico 2: Ponto de cobertura

Você sabe como pensar em estratégias de gerenciamento


e gestão mais assertivas usando cálculos e comparações?

No decorrer deste tópico você verá o cálculo do ponto de cobertura,


que ajuda a comparar os resultados de uma propriedade em
diferentes períodos.

Cálculo de custo de produção  pg. 163


Módulo 3

PCOE PCOT
Ponto de Ponto de
cobertura cobertura
operacional operacional
efetivo total

Esta forma de analisar o custo consiste em converter custos em unidades


produzidas. Assim, o empresário e a assistência técnica conseguem definir a
parcela da produção necessária para cobrir os custos de uma propriedade, ou
então, ao elaborar o planejamento, projetar a produção que será necessária
para pagar o COE e o COT.

Um jeito bem fácil de calcular o custo equivalente é dividindo o custo


que se deseja analisar pelo preço de comercialização do produto, para
verificar sua conversão.

A conversão do custo em unidades produzidas também permite ao gestor


comparar seus resultados em diferentes períodos. Essa análise ajuda a avaliar
o negócio numa série histórica, guiando tomadas de decisão.

Entenda!

Foi realizada uma análise comparativa do custo operacional efetivo (COE) por
meio do custo equivalente às unidades produzidas em uma produtora de café
em um período de 2 anos.

Observe os resultados:

Cálculo de custo de produção  pg. 164


Módulo 3

A propriedade
gastou 100
sacas de café
para pagar o
COE

ANO 1

ANO 2

A propriedade
gastou 120
sacas de
café para
pagar o COE

Isso significa que, no segundo ano, foi comprometida uma parte maior da
produção para pagar o COE. É possível dizer, então, que no ano 2 a propriedade
foi menos eficiente?

Não! É necessário que o empresário, antes de chegar a essa conclusão, associe


a análise com a renda gerada por essa variação de custo.

Observe as hipóteses que podem justificar a variação:

Cálculo de custo de produção  pg. 165


Módulo 3

Queda no preço da saca de café,


sendo necessárias mais sacas
para pagar o COE no ano 2.

Alta nos preços dos insumos


devido a uma variação cambial,
por exemplo.

O aumento no número de sacas


foi justificado por um crescimento
da produção, ou seja, a produção
cresceu mais do que as 20 sacas
aumentadas no COE.

Ponto de cobertura operacional efetivo (PCOE)


O resultado do PCOE representa o volume da produção necessária para pagar
o COE. Ele pode ser calculado pela fórmula:

COE
Ponto de cobertura operacional efetivo =
Preço Médio

O resultado do PCOE é obtido em unidades produzidas, dependendo da unidade


que usada para comercializar o produto, por exemplo:

• arrobas por ano de erva-mate;

• quilos de mandioca por ano;

Cálculo de custo de produção  pg. 166


Módulo 3

• unidade de alface por ano;

• metros cúbicos de madeira por ano;

• arrobas de tabaco por safra;

• toneladas por ano de laranja;

• sacas por ano;

• litros de leite por dia;

• quilos de carne por ano.

Entenda melhor acompanhando o exemplo da Fazenda Cambirela na prática!

Na prática

Fazenda Cambirela
Produtora de feijão: produz 320 sacas em 8 hectares de área,
comercializa o feijão em média a R$ 120,00 a saca de 60 kg e tem
COE de R$ 12.000,00 no ano.

Com os dados apresentados, observe como calcular o PCOE dessa


propriedade.

Fórmula:
COE
Ponto de cobertura
=
operacional efetivo
Preço Médio

PCOE = R$ 12.000,00 ÷ R$ 120,00 = 100 sacas/ano

No caso do feijão, cuja produção pode ser expressa por ano, para
que o número fique mais claro para o produtor, dividimos o valor
do PCOE anual por 8 hectares (área para produção). Portanto:

PCOE = 100 sacas ÷ 8 hectares = 12,5 sacas/ha

Isso significa que, das 320 sacas (40 sacas por hectare) de feijão
produzidos por safra, essa propriedade compromete 100 sacas
(12,5 sacas por hectare) para pagar o COE.

Cálculo de custo de produção  pg. 167


Módulo 3

Esse custo é muito analisado pelos produtores, mesmo de forma empírica, sem
considerar alguns pagamentos, como impostos e taxas, entre outros.

Muitas vezes, o produtor contabiliza apenas as despesas diretamente ligadas


à produção. No entanto, a interpretação correta desse indicador é o ponto de
cobertura operacional efetivo.

Para fixar esse conceito, acompanhe mais este exemplo!

Na prática

Um produtor de milho em um determinado ano agrícola teve os seguintes itens


de COE para 20 hectares:

Elementos de despesa Unidade Quantidade Valor unitário Valor total

Herbicida L 40 R$ 20,00 R$ 800,00

Adubo de base (30-20-10) sac. 150 R$ 65,00 R$ 9.750,00

Adubação de cobertura sac. 120 R$ 63,00 7.560,00

Semente sac. 20 R$ 500,00 R$ 10.000,00

Tratamento de semente L 3 R$ 70,00 R$ 210,00

Herbicida pré L 30 R$ 20,00 R$ 600,00

Herbicida pós L 40 R$ 20,00 R$ 800,00

Inseticida L 3 R$ 120,00 R$ 360,00

Fungicida L 3 R$ 150,00 R$ 450,00

Adubo foliar L 5 R$ 30,00 R$ 150,00

Mão de obra contratada un. 1 R$ 4.695,00 R$ 4.695,00

Horas trator dessecação h 5 R$ 20,00 R$ 100,00

Horas plantio h 20 R$ 40,00 R$ 800,00

Horas inseticida – herbicida h 5 R$ 20,00 R$ 100,00

Horas inseticida – fungicida h 5 R$ 20,00 R$ 100,00

Hora colheita h 15 R$ 250,00 R$ 3.750,00

Frete un. 1 R$ 3.360,00 R$ 3.600,00

Funrural 2,3% un. 1 R$ 1.932,00 R$ 1.932,00

Deslocamento do produtor un. 1 R$ 550,00 R$ 550,00

        R$ 46.307,00

Cálculo de custo de produção  pg. 168


Módulo 3

A produção total da lavoura = 3.400 sacas de milho (170 sacas por ha x 20 ha)

Ele comercializou o milho por um preço médio de R$ 28,50 a saca.

Logo:

COE equivalente R$ 46.307,00


=
sacas de milho
R$ 28,50

COE equivalente
= 1.624,8 sacas de milho
sacas de milho

Isso significa que, nesse período, seriam comprometidas 1.624,8 sacas da


produção total para pagar o COE.

O produtor tem posse de um trator, de uma plantadeira e de um


pulverizador, e isso justifica os valores baixos das horas na tabela
citados (os valores da tabela em relação a pulverização e plantio são
apenas do custo da operação). O produtor possui uma depreciação
anual desses equipamentos no valor de R$ 5.833,33.

Análise do ponto de cobertura operacional efetivo


Ponto de cobertura operacional efetivo maior que a produção

Quando o PCOE supera a produção, é possível ver que a empresa rural precisa
rever a eficiência na utilização dos itens do COE. Ela também apresenta
problemas gerenciais graves, pois o empresário precisará usar recursos próprios
ou de terceiros para manter o sistema funcionando.

Popularmente, costuma se dizer que o dinheiro da produção não deu para


pagar as contas. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como:

Cálculo de custo de produção  pg. 169


Módulo 3

Mão de obra
Erros graves na
contratada operando
técnica de produção Problemas
em sistemas de baixa Catástrofes naturais que comprometem a fitossanitários que
escala de produção que limitam a produtividade, como ocasionam perda de
e participando produção. desequilíbrio nutricional plantas.
excessivamente do
das plantas.
custo.

Ponto de cobertura operacional efetivo menor que


a produção
Com um PCOE menor que a produção a propriedade se mantém, pelo menos
em curto prazo. Isso porque, ao vender sua produção, ela consegue pagar
todas as despesas de custeio e ainda sobra dinheiro.

Entenda!

Na prática

Se um produtor de arroz produziu 10.000 sacas no ano e seu PCOE equivalente foi
de 4.000 sacas, significa que ele será capaz de pagar todas as despesas e ainda
sobrarão 6.000 sacas.
10.000 sacas no ano

PCOE
4.000 sacas

6.000 sacas de sobra

Esse produtor pode comparar, também, quantas sacas gastou para produzir as mesmas
10.000 sacas no ano anterior. Se ele gastou 5.000 sacas no ano anterior e apenas
4.000 neste ano, é possível concluir que, economicamente, ele foi mais eficiente.
Como isso se justifica? Por uma melhoria na eficiência técnica ou por variações no
mercado.

Cálculo de custo de produção  pg. 170


Módulo 3

O produtor que pretende obter o máximo da produção deve trabalhar o manejo


e as tecnologias de forma a comprometer o mínimo possível da produção para
pagar o COE.

Ponto de cobertura operacional total (PCOT)


O PCOT é o resultado da divisão do COT pelo preço médio de venda de
um produto.

COT
PCOT =
Preço Médio

O resultado expressa o COT convertido em unidades produzidas, ou seja,


quantas unidades foram, ou precisam ser produzidas para pagar o COT.

Análise do ponto de cobertura operacional total


Ponto de cobertura operacional total maior que a produção

Esse indicador significa que a produção obtida pelo sistema não foi capaz de
pagar o COE, mão de obra familiar e depreciações. Nesse cenário, o produtor
deve fazer algumas verificações:

Verificar se o COE da propriedade é coerente com a produção.

É interessante revisar os conceitos de PCOE.

Cálculo de custo de produção  pg. 171


Módulo 3

Checar se a estrutura da propriedade é compatível com a escala


de produção.

Os produtores rurais, muitas vezes impulsionados pelo fácil acesso ao


crédito, ou mesmo pelo dinheiro em caixa, superdimensionam seus sistemas
de produção, comprando máquinas e construindo benfeitorias sem analisar
criteriosamente os impactos nos custos e na renda. Dessa forma, para
ajustar esse indicador é necessário reduzir bens ociosos ou aumentar a
escala de produção.

Checar se o fluxo de produção no qual a mão de obra familiar está


inserida pode ser melhorado.

Se o fluxo for adaptado, o recurso humano passaria a produzir mais, diluindo


esse custo.

Ponto de cobertura operacional total menor que a


produção
Na situação em que a produção supera o PCOT, dizemos que esse negócio é
sustentável pelo menos no médio prazo, pois além de cobrir o COT, sobram
recursos para remunerar o capital empregado na atividade.

Cálculo de custo de produção  pg. 172


Módulo 3

Na prática

Relembre o contexto daquela produtora de milho que conhecemos


no estudo do COE equivalente a unidades produzidas.

Estes são os dados:

• COE = R$ 46.307,00.

• Total de depreciações anuais = R$ 5.833,33.

• Produção total da lavoura = R$ 3.400 sacas de milho.

• Mão de obra familiar realizada por marido e esposa = R$


22.500,00 por ano (R$ 937,50,00 x 12 meses x 2 pessoas).

• O preço da arroba comercializada no período foi de R$ 148,72.

Cálculo e resultado

Primeiro, devemos encontrar o COT:

COT = COE + DEPRECIAÇÃO ANUAL + MÃO DE OBRA FAMILIAR


• COT = R$ 46.307,00 + R$ 5.833,33 + R$ 22.500,00
• COT = R$ 74.640,33

Depois, calculamos o PCOT

COT R$ 74.640,33
PCOT = PCOT =
Preço Médio R$ 28,50

PCOT = 2.618,95 sacas de milho

Isso significa que essa empresa comprometeu 2.618,95 sacas da sua produção
para pagar o COT.

Resumindo o tópico
Neste tópico, você:

Entendeu como usar Compreendeu como


Conheceu os
as comparações para calcular e analisar
índices de ponto de
pensar em melhores contextos de propriedades
cobertura operacional
estratégias para a a partir desses indices e
efetivo e total.
propriedade rural. suas variações.

Cálculo de custo de produção  pg. 173


Módulo 3

Tópico 3: Ponto de cobertura total

Você sabe como o ponto de cobertura total (PCT) pode


ajudar no gerenciamento da propriedade rural?

No decorrer deste tópico, você verá como calcular o ponto de cobertura


total e sua importância para a gestão da propriedade rural.

Esse é um indicador muito importante! O PCT é obtido ao se converter o


custo total em unidades produzidas, ou seja, quanto da produção a empresa
comprometeu ou terá que produzir para pagar o custo total.

Para calcular o PCT é muito simples: basta dividir o custo total pelo preço:

CT
Ponto de cobertura total PCT =
Preço Médio

Bem fácil, não é mesmo? Agora, entenda como analisar esse índice!

Cálculo de custo de produção  pg. 174


Módulo 3

Análise do ponto de cobertura total


Ponto de cobertura total maior que produção

Quando o resultado do cálculo do ponto de cobertura total é maior que a


produção, vemos que a produção não foi suficiente para pagar o custo total.
Isso se dá em algumas situações, como:

1 2

Catástrofes naturais que Má aplicação da técnica de


comprometeram a produção produção – Muitas vezes, o
– Dessa forma, o produtor tem o produtor reduz a utilização de
custo integral, mas apenas parte da recursos que influenciam os custos
produção. de produção. Outras situações
podem levar o produtor a não
atingir o ponto de cobertura total,
especialmente a falta de gestão e a
ineficiência no uso dos recursos.

Acompanhe um exemplo!

Na prática

Uma fazenda de produção de milho estava


contabilizando custos muito altos e nada de lucro.
Seu proprietário resolveu, então, reduzir o uso de
fertilizantes, acreditando solucionar o problema.

A curto prazo, atitudes


como essa produzem Porém, esse tipo de
redução das despesas comportamento pode
e um ajuste de fluxo de promover uma redução
Assim, para que o produtor eleve a caixa momentâneo. da produção, que acaba
produção novamente, terá que reinserir inviabilizando o negócio.
na atividade aqueles insumos que retirou,
o que causará uma mudança no custo
utilizado para obter o PCT.

Cálculo de custo de produção  pg. 175


Módulo 3

Isso explica por que o PCT não é o indicador da produção que representa o
lucro, mas se trata da parcela da produção utilizada para cobrir o custo total.

Sistema de produção com baixa escala de produção


Muitos sistemas de produção têm alto custo fixo, porém operam em baixa
escala de produção. O curioso é que, nesses casos, quando calculado o PCT,
vemos que o resultado apresentado é de alto valor, mesmo com um alto custo
fixo e operação em baixa escala.

O que fazer
nesse caso ? Para aumentar a produção, seria
necessário um aumento em toda a
parcela variável do COE, o que
resultaria num CT maior do que o
que foi usado para o cálculo do PCT.

Mais uma vez, se vê que não podemos dizer que o PCT indica se a produção
terá lucro, mas sim qual a parcela da produção que seria necessária para cobrir
o custo total atribuído ao produtor.

O produtor precisa analisar em qual cenário ele se enquadra, tomando


as decisões administrativas mais assertivas para que não continue
produzindo sem lucro.

Especialmente nos casos de produção de composto, na atividade olerícola, por


exemplo, ao aumentar a compostagem, haverá um crescimento no estoque
de capital sem existir elevação nas depreciações, uma vez que o composto é
um produto que não sofre depreciação.

Logo, isso causaria um aumento no custo de oportunidade do capital empatado.


Esse aumento pode ser justificado pelo crescimento da produção.

Cálculo de custo de produção  pg. 176


Módulo 3

Ponto de cobertura total menor que a produção


Nesse caso, a interpretação é bem simples.

• O PCT representa a parcela da produção comprometida para pagar o custo total.

• A análise do PCT se fundamenta em compreender se o produtor está alcançando


o nível mínimo de produção para pagar todos os custos; caso não esteja, deve
procurar saber o que pode fazer para obter tal patamar de produção.

Esse indicador se torna mais visível quando o produtor usa o valor para comparar
seus resultados com outros produtores que recebem preços diferentes, podendo
dizer quem foi mais eficiente em unidades produzidas. Outra forma de usar esse
indicador é comparando os resultados da própria empresa rural em períodos
diferentes.

Observe o exemplo da Fazenda Morada dos Ipês!

Na prática

Fazenda Morada dos Ipês


Uma produtora de trigo. O proprietário
tem recebido o apoio de uma Técnica
de Campo. A propriedade conta
com extensão expressiva de terras,
e a Técnica tem aplicado vários
conhecimentos da metodologia ATeG
para ajudar a propriedade a crescer.

Acompanhe!

Dados:

• COT = R$ 116.524,61.

• Preço médio do trigo (sacas de 60 kg) = R$ 34,68.

• Estoque de capital em máquinas, equipamentos, benfeitorias = R$ 453.343,52.

Cálculo de custo de produção  pg. 177


Módulo 3

Acompanhe!

Dados:

• COT = R$ 116.524,61.

• Preço médio do trigo (sacas de 60 kg) = R$ 34,68.

• Estoque de capital em máquinas, equipamentos, benfeitorias = R$ 453.343,52.

R$ 453.343,52
Custo de oportunidade do capital empatado = x 6%
2

Custo de oportunidade do capital empatado = R$ 13.600,30

CT = R$ 116.524,61 + R$ 13.600,30

CT = R$ 130.124,91

CT equivalente R$ 130.124,91
=
sacas de trigo
R$ 34,68

CT equivalente sacas de trigo = 3.752,16 sacas

Veja que os cálculos aprendidos até aqui apresentam suas particularidades,


mas são simples e fáceis de memorizar. Lembre-se da importância e da forma
correta de aplicar cada um deles.

Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:

Conheceu o ponto Entendeu como


de cobertura total analisar os dados da Observou esse indicador
e a sua importância propriedade, com sendo aplicado em
para a gestão de uma base nesse indicador exemplos práticos nas
rotinas rurais.
propriedade. e nas suas variações.

Cálculo de custo de produção  pg. 178


Módulo 3

Tópico 4: Taxa de retorno de capital

Você entende a relação da taxa de retorno com a


margem líquida?

Neste tópico você verá como funciona a taxa de retorno sobre o


capital empatado (TRC), calculando novamente a margem líquida e
considerando os tipos de estoques e demais fatores que contribuem
para o cálculo correto desse indicador.

Como já visto, existe uma série de fatores a considerar no momento de realizar


os cálculos de indicadores, entre os quais está a taxa de retorno sobre o
capital empatado, conhecida como TRC.

A taxa de retorno do capital empatado (TRC) é o indicador central da análise


da atividade e sem dúvida o mais importante. Isso porque ele é formado a
partir da combinação de indicadores de produção e produtividade, custos
operacionais, renda bruta e estoque de capital, como mostra a figura abaixo:

Cálculo de custo de produção  pg. 179


Módulo 3

TRC

ML Capital

Renda Benf. Maq. Terra


COT Equip.

Produção Preço COE MOF e d

Área Produt.

Qualquer variação na produção, no preço, nos custos operacionais efetivos,


na depreciação, no valor da mão de obra familiar, ou ainda, no estoque de
capital, terá impacto na TRC.

A taxa de retorno sobre o capital empatado (TRC) corresponde, em termos


percentuais, à capacidade da atividade de remunerar o capital médio que foi
aplicado na produção. Ela é calculada considerando o estoque de capital
com e sem a terra.

A realidade do campo
O Técnico de Campo deve realizar ambas as
análises, com e sem terra, para que o efeito do
“valor da terra” seja posto à parte, conseguindo
avaliar apenas a atividade em si. Isso é importante
especialmente quando o empresário rural não cogita
a hipótese de vender a terra, o que é muito comum
nesse meio.

A taxa de retorno do capital é calculada com a seguinte fórmula:

Margem Líquida
TRC = x 100
Estoque de capital

Cálculo de custo de produção  pg. 180


Módulo 3

Margem líquida
A margem líquida é o resultado da diferença entre a renda bruta e o custo
operacional total, ou seja, o que sobra da renda bruta quando abatido o COE,
depreciações e custo da mão de obra familiar. Esses custos são inerentes à
operação e são reais.

Por mais que a depreciação


e a mão de obra familiar não
resultem em desembolso
sistemático, elas são custos
do sistema que não retornam
ao empresário.

Com relação à mão de


obra familiar, por mais que
o desembolso não seja
sistemático, o trabalho por
ela realizado precisa ser
valorizado e custeado pelo
sistema de produção.

A depreciação ocorre ao longo do tempo e, mais cedo ou mais tarde, haverá


necessidade de substituição do bem e o consequente desembolso, ou seja, a
estrutura do negócio, se não monetizada, não é uma riqueza, e sim um custo.

Cálculo de custo de produção  pg. 181


Módulo 3

Na prática

Uma propriedade produtora de café possui um sistema de


produção que precisa de um trator para fazer os tratos culturais.

• Valor de mercado = R$ 70.000,00


• Vida útil = 15 anos.

Durante esses 15 anos, ele terá apenas os gastos com


manutenções. Porém, ao final da vida útil o dinheiro investido
nesse trator possuirá um valor residual mínimo.

Podemos concluir que, se a atividade com o trabalho do trator


não remunerar pelo menos os R$ 70.000,00 nesse período, é
melhor que o empresário não aplique seu dinheiro nesse trator,
pois esse item será um custo, e não uma riqueza.

Não se usa o lucro para calcular a taxa de retorno, porque dele são contabilizados
os custos de oportunidade sobre o capital empatado e esse custo não se
incorpora ao produto, sendo apenas analítico. Assim, esse valor também
retorna ao empresário

O objetivo principal ao se calcular a taxa de retorno é justamente


identificar se o negócio avaliado possui retorno superior a 6%, que
constitui a taxa média de remuneração do capital, balizada na poupança.

Conheça os estoques e seus cálculos!

Cálculo de custo de produção  pg. 182


Módulo 3

Estoque de capital médio em benfeitorias, plantas


perenes, máquinas e equipamentos (ECM)

Estoque de capital em floresta (ECF)

Estoque de capital em terra (ECT)

Estoque de capital médio em benfeitorias,


plantas perenes, máquinas e equipamentos (ECM)

O estoque de capital médio consiste em calcular a média do capital empatado,


considerando um determinado bem ao longo de sua vida útil. Como na metodologia
de ATeG considera-se um valor de sucata igual a zero, um bem empregado na
atividade passará toda a sua vida útil nela.

Dessa forma, o bem vai de 100% a 0% do capital nele empatado dentro da


atividade. Em média, ao longo da vida útil, o bem tem 50% do capital investido
na atividade.

Logo, para máquinas, plantas perenes, equipamentos e benfeitorias, o capital médio


é calculado usando a seguinte fórmula:

Valor de novo do bem


Estoque de capital =
2

Estoque de capital em floresta (ECF)

O estoque de capital em floresta é também chamado de inventário florestal, ou


seja, é o valor da floresta. Vale destacar que, para fazer esse levantamento, deve-
se definir um valor médio de cada planta da floresta (e não o valor dos eucaliptos
melhores, por exemplo).

Em outras palavras, se essa floresta fosse vendida, quanto ela valeria no mercado
atual?

Cálculo de custo de produção  pg. 183


Módulo 3

Estoque de capital em terra (ECT)

O estoque de capital em terra é o valor da terra nua no mercado em que a


propriedade está inserida, multiplicado pela área da propriedade.

Valor da terra nua (R$)


Estoque de capital em terra =
Área (ha)

Vale destacar que, se na propriedade houver mais de uma atividade, devemos


ratear as áreas de construções, estradas, reservas e outras áreas improdutivas.
Esse rateio pode ser feito em proporção à área útil utilizada em cada atividade.

Entenda melhor acompanhando o exemplo!

Na prática

Uma propriedade de 100 hectares produz café e limão.


Observe os dados!

• Área destinado para reservas = 30 ha.

• Áreas construídas = 70 ha úteis, divididos entre


limão e café.

• Participação do limão na área útil = 28/70 = 40%.

• Participação do café na área útil = 42/70 = 60%.

Logo:

• Área de reservas e construções destinadas ao limão = 30 ha x 40% = 12 ha.

• Área de reservas e construções destinadas ao café = 30 ha x 60% = 18 ha.

Se o valor da terra nua na região for de R$ 10.000,00/ha, o estoque de capital em terra


destinado para cada atividade será:

ECT para o limão = (28 ha + 12 ha) x R$ 10.000,00 = R$ 400.000,00.

ECT para o café = (42 ha + 18 ha) x R$ 10.000,00 = R$ 600.000,00.

Cálculo de custo de produção  pg. 184


Módulo 3

Taxa de retorno do capital sem a terra (TRCST)


A taxa de retorno do capital sem a terra é utilizada para comparar diferentes
sistemas de produção, ou até mesmo definir qual atividade explorar.

Uma questão importante é que a maioria dos proprietários de terra não estão
dispostos a vendê-la, portanto é importante saber o que dá maior retorno
sobre a terra para a tomada de decisão. Além disso, esse indicador é utilizado
também para casos de arrendatários.

A taxa de retorno do capital sem terra é calculada da seguinte forma:

Margem Líquida
TRCST  = X 100
ECST
Taxa de retorno do capital sem terra.

Estoque de capital sem terra, que corresponde à soma do estoque de capital médio de
máquinas, benfeitorias e plantas perenes com o estoque de capital em reflorestamento
ou em produção de composto.

Entenda melhor vendo esse cálculo aplicado num exemplo prático:

Na prática

Em uma fazenda produtora de soja, foi calculada a taxa


de retorno do capital sem a terra. Observe!

• Estoque de capital médio em máquinas,


equipamentos e benfeitorias = R$ 650.000,00

• Margem líquida = R$ 65.000,00

Margem Líquida
TRCST = x 100
Margem Líquida ECST
R$ 65.000,00
TRCST = x 100 TRCST = x 100 TRCST = 10%
ECST R$ 65.000,00

Significa dizer que todo o capital investido na propriedade (tudo o que está em cima da
terra), anualmente, retorna ao produtor 10% desse capital. Esses 10% retornam por meio
da renda (margem líquida) da atividade que a propriedade possui.

Cálculo de custo de produção  pg. 185


Módulo 3

Taxa de retorno do capital com terra (TRCCT)

A taxa de retorno do capital com a terra permite ao empresário analisar a


capacidade que o sistema de produção integrado à terra tem de remunerar o
capital. Seu cálculo é feito através da seguinte fórmula:

Margem Líquida
TRCCT  = X 100
ECCT
Taxa de retorno do capital com terra.

Estoque de capital com terra, que é a soma do estoque


de capital sem terra com o estoque de capital em terra.

Interpretação da TRCCT
Entenda o que os valores encontrados nesse indicador podem apontar:

A referência mais A referência é especulação


comum é a poupança e imobiliária, quando existe a
outros investimentos de decisão de manter a terra
Vale destacar
renda fixa assegurada, contando com uma valorização
Para definir se a taxa de que a metodologia de
porém cada empresário desse patrimônio. Uma taxa de
retorno do capital é ATeG não calcula a
pode adotar uma taxa retorno menor é aceitável, pois
atrativa, cada gestor variação do patrimônio
mínima de atratividade o risco dessa decisão é menor,
precisa adotar sua em terra, pois considera a
de acordo com as quando comparado a montar
referência. decisão de ter a terra
oportunidades que ele um sistema de produção em
tem para o capital. como outra atividade.
qualquer cadeia.

Em algumas atividades, Esse tipo de sistema


como a produção de soja Algumas situações demanda grandes
com nível de tecnologia podem causar uma extensões de terra, pois
baixo, o estoque de capital Dependendo do valor da
TRCST alta. opera normalmente em
em benfeitorias, máquinas terra na região, isso resulta
baixa produção.
e equipamentos é muito em baixas taxas de retorno
baixo. Isso pode causar do capital investido.
uma alta TRCST.

Dessa forma, podemos afirmar que em regiões de terra de alto valor, para
viabilizar e manter a terra é necessário ter uma produção intensiva em qualquer
atividade agropecuária.

Cálculo de custo de produção  pg. 186


Módulo 3

Na prática

Ainda usando o contexto da propriedade produtora de


soja, observe as informações a seguir:

• Estoque de capital médio em máquinas,


equipamentos e benfeitorias = R$ 650.000,00

• Valor da terra: R$ 10.000,00/ha

• Área = 200 ha
Margem Líquida
TRCST = x ha
• Estoque de capital em terra = 200 100x R$
ECST
10.000,00 = R$ 2.000.000,00

• Margem líquida = R$ 65.000,00

Cálculo e resultado:

R$ 65.000,00
TRCCT = x 100 TRCCT = 2,45%
R$ 650.000,00 + R$ 2.000.000

Logo, podemos concluir que é necessário ter uma produção intensiva para viabilizar e
manter a terra.

Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:

Entendeu a relação da
Compreendeu o TRC com a margem
Conheceu os
conceito da taxa líquida e a sua
estoques de capital
de retorno sobre o importância para os
ECM, ECA e ECT.
capital empatado. cálculos da taxa de
retorno.

Explorou a taxa de retorno


de capital com e sem
terra, e sua interpretação
diante de contextos de
aplicação prática.

Cálculo de custo de produção  pg. 187


Módulo 3

Tópico 5: Aplicação dos conceitos

Qual é o papel que a comunicação desempenha no


processo de desenvolvimento rural?

No decorrer deste tópico vamos aplicar o que aprendemos ao


longo do módulo no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade.
Também vamos relembrar alguns conceitos já aprendidos e que o
ajudarão a construir seu conhecimento.

Agora é hora de aplicar todos os conceitos trabalhados no tema, analisando


os dados da Fazenda Santa Felicidade.

Então, antes de começar, vá até o Ambiente de Estudos e relembre todas as


informações da Fazenda Santa Felicidade.

Com base nesses dados, entenda como calcular o lucro e os indicadores


relacionados ao lucro, destacando o PCT.

Cálculo de custo de produção  pg. 188


Módulo 3

Lucro (L)
O lucro é obtido pela diferença entre a renda bruta (RB) e o custo total (CT),
conforme a fórmula:

L RB CT

Cálculo e resultado:

L = R$ 281.565,38 – R$ 97.988,89

L = R$ 183.576,49

Variações do lucro

1 2
1 Lucro unitário

O lucro unitário é aquele obtido por unidade produzida. Conseguimos o seu


valor calculando a divisão do lucro pela produção. Veja a fórmula:

Lucro
Lucro unitário =
Produção

Cálculo e resultado:

Lucro unitário = R$ 183.576,49 ÷ 360.365

Lucro unitário = R$ 0,50

Cálculo de custo de produção  pg. 189


Módulo 3

2 Lucro equivalente às unidades produzidas

Consiste em converter o valor do lucro em unidades de alface dividindo esse


valor encontrado pelo preço da alface. Isso permite comparar o resultado de
lucro entre as propriedades sem o efeito do preço. Veja a fórmula:

Lucro
Lucro equivalente =
Preço

Cálculo e resultado:

Lucro equivalente = R$ 183.576,49 ÷ R$ 0,73

Lucro equivalente = 251.474,64 unidades de alface

COE, COT e CT
Agora, observe as fórmulas e a aplicação de cada uma delas, considerando os
dados da Fazenda Santa Felicidade.

Os valores dos custos são convertidos em unidades de alface, ou seja, quantas


unidades de alface são necessárias para cobrir COE, COT e CT.

COE

COE – PCOE equivalente a unidades de alface

Dados:
• COE = R$ 58.981,20.
• Preço médio ponderado da alface = R$ 0,73.

Cálculo e resultado:

PCOE equivalente à unidade de alface = R$ 58.981,20 ÷ R$ 0,73

PCOE equivalente à unidade de alface = 80.796,16 unidades/ano

Para entender melhor esses resultados, dividimos esse valor em unidades por
dia, pois, na prática, o que o produtor planeja é sua produção diária.

80.796,16 unidades ÷ 365 dias = 221,35 unidades por dia

Assim, a quantidade da produção diária comprometida para pagar o COE foi


de 221,35 unidades.

Cálculo de custo de produção  pg. 190


Módulo 3

COT

COT – PCOT equivalente em unidades de alface

Dados:
• COT = R$ 85.472,08.
• Preço médio ponderado da alface = R$ 0,73.

Cálculo e resultado
PCOT = R$ 85.472,08 ÷ R$ 0,73
PCOT = 117.085,04 unidades/ano

No PCOT, a conversão será em unidades por dia, dividindo o volume anual


por 365 dias.

117.085,04 unidades ÷ 365 dias = 320,78 unidades por dia

Portanto, 320,78 unidades de alface da produção diária são comprometidas


para pagar o COT.

CT

CT – Ponto de cobertura total (CT equivalente em unidades de alface)

Dados:
CT = R$ 97.988,89.

Preço médio ponderado da alface = R$ 0,73.

Cálculo e resultado
PCT = R$ 97.988,89 ÷ R$ 0,73
PCT = 134.231,35 unidades/ano

Agora, veja o cálculo em unidades por dia:

134.231,35 ÷ 365 = 367,75 unidades por dia

Concluindo: a produção diária necessária para pagar todos os custos é de


367,75 unidades.

Viu só como é simples fazer os cálculos e ter uma visão mais ampla dos custos
e lucros de uma empresa rural?

Cálculo de custo de produção  pg. 191


Módulo 3

Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:

Aplicou o conhecimento
do tema, aprofundando- Acompanhou o passo Analisou os cálculos sobre
se no estudo de caso a passo dos cálculos o lucro a partir dos dados
da Fazenda Santa utilizados. da fazenda.
Felicidade.

Encerramento do tema
Durante o tema, foi visto que é essencial entender como calcular os principais
indicadores de rentabilidade, para um gerenciamento eficiente da propriedade.
Você pôde compreender:

Que esse indicador é


ainda mais evidente
quando se calcula
A importância de a taxa de retorno
analisar o lucro do capital, em que
como parte da o produtor passa
Como o lucro avaliação do custo de a comparar as
ajuda a medir a oportunidade do seu oportunidades do
atratividade do capital. mercado.
negócio, entendendo
que ele também é
um refinamento da
gestão por parte do
empresário rural.

A terceira etapa desse módulo foi uma chuva de cálculos, não é? O entendimento
desses conceitos, a análise e a aplicação são essenciais para basear o seu
trabalho de gerenciamento, garantindo a qualidade e a rentabilidade que toda
propriedade precisa!

Agora, para finalizar o tema, retorne ao Ambiente de


Estudos, assista a um vídeo e acompanhe Marcelo e
o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade!

Siga em frente para encerrar esse módulo!

Cálculo de custo de produção  pg. 192


Módulo 3

Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!

Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo


estudado até aqui para finalizar este módulo e seguir para a
avaliação.

Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao


assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos.

Questão
Leia o trecho adaptado de um texto retirado do portal da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG…, s.d.)

“Atualmente, a cadeia da olericultura consiste num segmento do


agronegócio de elevada concorrência, incertezas e redução continuada
das margens de ganho. Os sistemas de produção são complexos e
diversificados. Cada produtor deve desenvolver seu sistema de produção,
combinando suas metas às condições ambientais e mercadológicas,
devendo aliar às suas capacidades financeiras e recursos humanos,
tendo como base as responsabilidades social e ambiental. A capacidade
gerencial do administrador, envolvendo o planejamento, a direção e o
controle dos processos da atividade, bem como a alocação dos recursos
produtivos de maneira racional, são fundamentais para a eficiência
técnica e econômica. A gerência não deve permitir que o aumento de
custo unitário diminua sua vantagem competitiva. Quando se aumenta
a produtividade, aumenta-se o custo total (principalmente o variável).
Devido à maior quantidade de produtos gerados (sacas de composto ou
unidades de alface), o custo unitário diminui. Com menor custo unitário
de produção e mesmo preço médio de venda, ocorre maior receita
total, além de aumento do lucro total e da rentabilidade do sistema. A
produtividade deve ser analisada de acordo com a disponibilidade dos
fatores de produção (terra, trabalho e capital), que, sendo mais escassos,
tornam-se mais caros. Quando se aumenta a produtividade da olericultura,

Cálculo de custo de produção  pg. 193


Módulo 3

observa-se também o aumento da produtividade da terra, do trabalho


e do capital. O uso de tecnologias permite aumentar a produtividade e,
consequentemente, reduzir o custo médio unitário. É por esse motivo
que as propriedades mais tecnificadas são mais competitivas.”

Com base no que você aprendeu neste tema do curso e analisou no texto,
classifique as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F):

• O lucro de uma atividade é produto da diferença entre custos e receitas. Quanto


maior a eficiência produtiva, melhor é a diluição dos custos fixos, aumentando
o lucro unitário.

• O ponto de cobertura operacional efetivo (PCOE) representa um nível de produção


necessário para cobrir o COE. Portanto, é variável de acordo com a produtividade.

• Uma maior infraestrutura produtiva impacta diretamente o estoque de capital


médio. Assim, o equivalente em produção do lucro obtido será maior quanto
maior for esse estoque.

• A diferença entre a quantidade total de unidades de produtos agropecuários


produzidos e o ponto de cobertura total permite ao produtor conhecer seu lucro
equivalente em produtos.

• Uma maior eficiência produtiva melhora as perspectivas de lucro e de taxa


de retorno do capital. Porém, para encontrarmos a TRC, utilizamos a margem
líquida, e não o lucro — este já contabiliza o custo de oportunidade do capital
empatado (CO).

1. F, F, V, F, F.

2. V, F, V, V, V.

3. V, V, F, V, V.

4. V, F, F, V, V.

5. V, F, V, F, F.

Cálculo de custo de produção  pg. 194


Módulo 3

Encerramento do módulo

Durante este módulo, foram abordados conceitos de extrema relevância para


o gerenciamento da propriedade rural, garantindo um trabalho eficiente nas
finanças e nas decisões produtivas. Relembre!

• É importante
diferenciar os
elementos de custo
fixo, decompor
os custos fixos, a • O lucro é um indicador
depreciação e a que ajuda a medir
• A análise dos dados de a atratividade do
contabilização dos
produção e custos, além negócio e também é
valores de mão de obra
das receitas, quando um refinamento da
familiar.
devidamente processada, gestão por parte do
• A análise profunda possibilita a avaliação empresário rural. Isso
dos custos, ou seja, econômica do negócio fica mais evidente
ter uma anotação e o planejamento da quando calculamos
detalhada das despesas empresa. Podemos a taxa de retorno do
é uma ferramenta visualizar o quanto de capital e a comparamos
de controle dos esforço físico e financeiro com as oportunidades
processos produtivo e está sendo direcionado do mercado.
administrativo. apenas para pagar custos
e não para gerar lucro.

Cálculo de custo de produção  pg. 195


Módulo 3

O objetivo é garantir que você se aproprie de conhecimentos e tenha o


desenvolvimento de competências que lhe deem condições para transferi-los
de maneira mais eficiente e efetiva ao produtor, o que fará de você um legítimo
promotor de mudanças e transformações.

Antes de finalizar este módulo, vá ao seu Ambiente


de Estudos e assista ao vídeo de encerramento.

Siga em frente, volte ao Ambiente de Estudos e acesse o Estudo de Caso, o


Simulado e a sua Avaliação.

Sucesso e até o próximo módulo!

Cálculo de custo de produção  pg. 196


Módulo 3

Final de etapa

Parabéns pelo seu percurso até aqui!

Este é mais um momento para você aplicar os seus conhecimentos! Então,


para finalizar o módulo, retorne ao Ambiente de Estudos onde você deverá
realizar três atividades. Veja o que deve ser feito!

Estudo de Caso
Será apresentada para você uma situação problema relacionada
aos temas estudados no módulo. Responda, fazendo uma análise
da situação. Você deverá responder ao Estudo de Caso em forma
de texto, ok? Essa atividade será corrigida pelo tutor, que dará
uma nota e um feedback.

Cálculo de custo de produção  pg. 197


Módulo 3

Simulado
São 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo.
Você pode realizar o Simulado três vezes, permitindo que você
se prepare bem para a Avaliação.
A realização dessa atividade é obrigatória, porém não vale nota.
Ela é uma ótima oportunidade para verificar o seu conhecimento,
estudar e ter uma prévia de como será a avaliação. Aproveite!

Avaliação
Depois de realizar o Simulado, você terá acesso à Avaliação.
Ela também é composta por 17 questões objetivas de múltipla
escolha e é composta por todo o conteúdo estudado no módulo.
Essa atividade é obrigatória e vale nota.
O seu desempenho nela será contabilizado na sua média. A
correção é automática, ou seja, é o LMS que fará a correção
da atividade.

Onde acessar?
Para acessar essas atividades, clique no menu do seu Ambiente de Estudos e,
depois, em Minhas Avaliações.
Início | Ambientação | Conteúdo | Biblioteca | Minhas Avaliações | Turma | Comunicação |

Importante! A Avaliação estará disponível somente depois que você


passar pelo Simulado. Comece apenas quando tiver a segurança e
a confiança necessárias nos seus estudos, pois você terá somente
uma tentativa de acerto.

Ah! Caso falte energia durante a avaliação, não se preocupe, pois o sistema
de avaliações, incluindo o Simulado, são salvos automaticamente. Você não
perderá nada do que já respondeu!

Para obter informações mais detalhadas sobre o acesso ou se tiver qualquer dúvida,
por favor, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo e-mail faleconoscoead@
faculdadecna.com.br ou ainda pelo telefone 0800 006 4849 de segunda a sexta-
feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no horário de Brasília.

Até o próximo módulo!

Cálculo de custo de produção  pg. 198


Módulo 3

Gabarito das Questões


Tema 1
Alternativa correta: 5. COE / d / COE / MOF / COT

O custo operacional efetivo é variável e exige desembolsos financeiros para que


a produção ocorra. A depreciação representa a reserva de capital destinada
à substituição de itens ao final de sua vida útil, desprezando-se os valores de
sucata. Já a mão de obra familiar representa uma despesa de natureza fixa,
que não exige desembolso de capital financeiro para seu pagamento, pois
apenas é um levantamento da oportunidade implícita em se vender o trabalho,
em vez de trabalhar para si próprio. Ou seja, a atividade se torna obrigada a
remunerar esse fator de produção, caso contrário, será melhor aplicá-la em
outra atividade ou lugar. Porém, quando há pagamento sistemático desse
trabalho executado para si mesmo, a terminologia mais adequada é pro-labore.
Ao ser identificada essa ocorrência, o aconselhável é remover esse item dos
custos fixos da propriedade e alocá-lo nos variáveis, pois há, de fato, saída de
capital. Por fim, o custo operacional total representa uma somatória do COE,
depreciação e MDOF. Caso seja negativo com COE positivo, isso significa que
a atividade se mantém no curto prazo. Caso o COT seja nulo, significa que ela
poderá se manter no médio prazo. Em caso de COT positivo, é necessário dar
sequência aos estudos e analisar se houve ou não lucro na empresa. Diante
do exposto, a resposta que melhor completa as informações elencadas é “E”.

Tema 2
Alternativa correta: I. F, V, F, V, V

Analisando item a item das informações fornecidas:

• Trator: o valor total do bem para o sistema produtivo será seu valor de novo,
sem taxas ou juros bancários. Portanto, R$ 150.000,00. Sua vida útil será igual
a 15 anos, independentemente do número de parcelas do financiamento.

• Carretinha de arrasto: é um bem depreciado, ou seja, não possui mais vida útil,
porém ainda possui valor de mercado, atualmente avaliado em R$ 5.000,00.

Cálculo de custo de produção  pg. 199


Módulo 3

• Produção de composto estabilizado: não sofre depreciação. Seu valor é


contabilizado integralmente para o cálculo de custo de oportunidade.

• A mão de obra familiar não possui acréscimos de obrigações trabalhistas,


sendo considerado apenas o salário mensal estabelecido, multiplicado pelos
12 meses do ano.

• Foi informado que as construções custaram R$ 230.000,00 quando novas, e


esse será o valor a ser considerado. O fato de já estarem sendo utilizadas há
11 anos, em comparação aos 40 anos de vida útil total, não irá alterar a forma
de calcular a depreciação, pois a metodologia utiliza a depreciação linear. O
custo de oportunidade também não será afetado por esse uso, uma vez que
o importante é saber apenas se o bem analisado está ou não dentro do prazo
de vida útil.

• Produção de alface: foi fornecido o volume de produção diária (260 unidades),


devendo ser encontrado o volume anual.

• Preço da alface: essa informação não será usada para responder ao exercício, mas
é sempre bom ter em mente o valor recebido por cada unidade comercializada,
a fim de agilizar diversas análises, como o lucro ou o prejuízo unitário.

• COE: esse valor deverá ser utilizado como referência do COE, sem rateios.
Identificação dos indicadores de custos: Para determinar o custo fixo médio,
ou seja, o custo fixo por unidade de alface produzido, é necessário encontrar
o custo fixo total, para então dividi-lo pelo volume total da produção anual
dessa propriedade. O custo fixo será igual à somatória da mão de obra familiar,
depreciação e custo de oportunidade.

CF = MDOF + d + CO

CF = 12.408,00 + 15.750,00 + 25.110,00

CF = R$ 53.268,00/ano

CFM = CF  ÷  Produção total

CFM = R$ 53.268,00/ano  ÷  94.900 unidades/ano

CFM = R$ 0,56

Isso significa que a cada R$ 1,00 ganho na venda de cada unidade de alface,
esse produtor possui R$ 0,56 comprometidos somente em custo fixo.

Cálculo de custo de produção  pg. 200


Módulo 3

Uma vez conhecidos os valores do COE e CF, fica mais fácil determinar o CT.
Veja:

CT = COE + CF

CT = 37.230,00 + 53.268,00

CT = R$ 90.498,00/ano

Isso significa que o custo total suportado por esse produtor, para que ele oferte
seus produtos no mercado, é de R$ 90.498,00 ao ano.

Tema 3
Alternativa correta: 3. V, V, F, V, V

A afirmativa A é verdadeira, pois lucro é função de renda bruta menos custos


totais. Relembre a fórmula: L = RB – CT. Nos custos totais, estão inclusos tanto
os variáveis quanto os fixos. Os primeiros têm por característica aumentar
conforme se aumenta a produção, sendo pequena sua redução por unidade
produzida.

Já os segundos se mantêm constantes, sendo mais impactante sua amortização


quando se tem maior eficiência produtiva, pelo simples processo da diluição
(distribuição).

Corroborando com essa explicação, temos a afirmativa B, que também é


verdadeira. Afinal, o COE tanto poderá não existir quanto poderá não ter
limite para chegar ao seu máximo, sendo dinâmico, em conformidade com a
produção alcançada ou desejada.

Para respondermos à afirmativa C, vamos relembrar que o CF é composto


pela somatória da depreciação, custo de oportunidade do capital empatado
na atividade e mão de obra familiar. Sendo o CF um componente do CT (e,
conforme vimos, a margem de lucro é dependente dos custos), podemos afirmar
que quanto maior o estoque de capital médio, maior será seu impacto no CF
da atividade (e CT), podendo comprometer o lucro, reduzindo-o conforme se
aumenta esse estoque e mantendo-se as mesmas expectativas de renda bruta.
Portanto, essa afirmativa é falsa.

Cálculo de custo de produção  pg. 201


Módulo 3

A afirmativa D é verdadeira, pois, ao assumirmos que o PCT representa a


quantidade de produtos necessários para se cobrir os custos totais de produção,
e conhecendo o volume total produzido, podemos afirmar que a diferença entre
eles representa o lucro do produtor em equivalente produto.

A afirmativa E necessita de uma análise mais profunda. Relembre a fórmula


da TRC: (margem líquida/estoque de capital) x 100. De fato, utiliza-se a ML
para cálculo de TRC, ao invés do lucro. O motivo, conforme visto no conteúdo
que você estudou, é que o custo de oportunidade, já embutido na análise do
lucro, não se configura como um custo operacional, sendo apenas analítico.
Inserir o lucro nessa fórmula exigiria que a atividade pagasse em duplicidade
o custo de oportunidade. Assim, essa afirmativa também é verdadeira.

Cálculo de custo de produção  pg. 202


Módulo 3

Referências bibliográficas
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