Hidra 2
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3 Mei Leandro de Castro "Decomposição do nú" Decomposição de algarismos árabes nas suas formas/traços
elementares. Esta decomposição é feita de acordo com o valor que
representa cada um dos algarismos, resultando numa leitura
ideogramática. Primeira fase: de 1 a 3.
6 (1) Liberto Cruz "Exercícios de fonética nº 5" Este trabalho estabelece uma ponte de ligação entre a poesia e a
musica. Existe uma aposta na sonoridade que sobrevive através
dos significantes, desligando-os do significado. A disposição das
palavras na página parece produzir a ilusão visual de uma pauta
musical.
7 José Alberto Marques "Texto matérico" A matéria (carteira de fósforos) ultrapassa o seu universo
convencional para se expandir dentro de um universo artístico. A
carteira de fósforos deixa de ser objecto para se transformar em
"poema-objecto".
8 António Aragão "Faça o seu avião" Aqui está perfeitamente explícita a vertente lúdica da Poesia
Experimental, bem como a necessidade de uma participação activa
por parte do leitor. Este é convidado a preencher os espaços em
branco mediante algumas "dicas", posteriormente deverá criar uma
versão tridimensional do poemal.
9 Silvestre Pestana "Atómico acto" Poema-objecto construído por um balão de borracha, transformando
o objecto, que adquire uma carga semântica diferente, devido à sua
dexcontextualização.
11 (3) E. M. de Melo e Castro "Sintagrama-67" Os "morfemas livres", com os quais se inicia este "Sintagrama",
"AMOR" e "LUME" são trabalhados de acordo com um raciocínio
matemático-combinatório.Tendo em conta as considerações do
autor, "Sintagrama-67" poderá funcionar como base para a
construção de poemas fonéticos apoiados nas combinações
resultantes.
contra-capa
Operação 1
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capa João Viera banda desenhada Funciona como um álbum que contém os trabalhos dos seus
participantes. A capa é feita em cartolina com banda desenhada em
relevo.
1 António Aragão "Olha a mortal idade que záz!" Evocação da relação entre a poesia e a banda desenhada, com o
recurso aos balões de enunciação que parecem dar voz às
imagens. Destruição da letra "S", rompendo com o seu valor
tradicional. Ligação entre pontuação e símbolos. Aposta na vertente
visual do poema.
2 António Aragão "Antes de Vós" Este trabalho surge na mesma linha do anterior devido à presença
do balões de enunciação, à aposta na visualidade do texto, ao
recurso de sinais gráficos e de letras do alfabeto, representadas de
forma pouco convecional.
3 Ana Hatherly "Alfabeto estrutural - O "Alfabeto estrutural" de Ana Hatherly surge como uma tentativa
desenvolvimento-1" de desfamiliarização da linguagem, levada às últimas
consequências. Aquilo que inicialmente se reconhece como uma
letra do alfabeto, é trabalhado gradualmente até se tornar
irreconhecível, devido ao aproveiamento plástico da estrutura
caligráfica. A apontada desfamiliarização funciona como uma
desautomatização, e este deve ser o papel da arte (segundo o
formalismo russo). Aquilo que inicialmente poderia ser catalogado
como a letra "A" adquire um novo significado que culmina num
"ideograma".
capa
capa (interior)
1, 5, 6 Herberto Helder Texto-introdução Espécie de manifesto, a título individual. Reflexão sobre o papel da
arte- o problema da mimésis.
2, 3, 4 Max Jacob, Pierre Reverdy, citações Reflexões sobre o papel da poesia, a sua evolução através dos
Maiakovski, Léon-Paul tempos e a constante necessidade de renovação dentro da
Fargue, Ungoretti, Carl literatura.
Sandburg, Jean Cocteau,
William Saroyan, Robert
Bréchon, Gillo Dorfles,
Umberto Eco, Jean-Clarence
Lambert, Pierre Garnier
7, 11, 12 António Aragão "Roma nce de iza mor f ismo" A unidade da palavra é dispersa através de um processo de
intercalação de sílabas, originando vários signos em simultâneo. A
porcura de signos interiores dentro da mesma palavra aumenta a
carga entrópica do texto, criando variadíssimas possibilidades de
leitura.
32, 33, 34 António Aragão "Roma nce de iza mor f ismo", O "Poema framentário" permite uma leitura de três espaços gráficos
"Poema fragmentário" (separadamente ou em simultâneo). Para o concretizar, o poeta
recorre à visualidade, isto é, à mancha gráfica do texto, dando ao
leitor a possibilidade de escolher o seu percurso.
37, 41, 42 António Aragão "Poesia encontrada" Antes de nos debruçarmos sobre essa "Poesia encontrada",
devemos atentar nas notas do autor que nos explicam como foi
"descoberta" essa poesia e que nos propõem uma orientação de
leitura. Contudo a colaboração ou invenção de outras leituras fica,
como explica A. Aragão, a cargo do "fruidor".
38, 39, 40 António Aragão "Poesia encontrada" A utilização de recortes de jornais e a sua posição dentro da folha
impede uma leitura discursiva, procurando uma sintaxe plásica que
se descobre através da percepção visual. Teremos possíveis pistas
nas dimensões dos caracteres utilizados e nas "correcções" do
autor que parecem funcionar como provocação. A
desautomatização da reacção do leitor perante esta deslocação da
frase do seu contexto habitual e, portanto, automatizado, provoca
aquilo que Shklovsky chamou de "ostraneniye" (estranhamento).
43, 47, 48 António Barahona da "O alquimista", "A casa de dentro "O alquimista" é uma alusão ao acto criador, em que o
Fonseca do poeta" alquimista/poeta "destrói palavra por palavra" no acto de
experimentação/criação do poema.
44, 45, 46 António Barahona da "As barcas", "O peixe", "Do teatro"
Fonseca
56, 57, 58 E. M. de Melo e Castro "Transparência" Ao agruparmos a letras de menor dimensão, obtemos a palavra
“transparente”, que parece dispersar-se ao longo da página branca.
Em oposição a este movimento surge “ÃO”, escrito a letras
garrafais, sugerindo um movimento de queda. A frase "A PAX
EVITA A EXPLOSÃO", parece funcionar como a chave de ouro do
poema e ao mesmo tempo como pista para a leitura dos caractéres
dispersos.
61, 65, 66 Herberto Helder "A máquina máquina de emaranhar A partir de excertos de textos de natureza diversa e de difernte
paisagens" (fragmento) conteúdo (Génesis, Apocalipse, François Villon, Dante, Camões e
do próprio Herberto Hélder), amálgamados, misturandos,
emaranhados lentamente, produzindo, a cada passo, um novo
texto. O resultado final é a abertura do texto ao leitor, cabendo a
este o papel de encontrar e completar a significação do trabalho do
autor, gozando de liberdade total para jogar com o que lhe é dado.
68, 69, 70 Salette Tavares "Brin cadeiras" Fazem parte do caderno "Brin cadeiras" as "Kinetofonias", em que
percebemos que autora aposta na componente fónica do texto
poético, recorrendo a repetições sonoras; a "Aranha" recorre a
sintaxe visual para fazer uma representação que exprime
visualmente o tema central do poema.
71, 72, 73 Salette Tavares "Brin cadeiras" "os efes" devem ser compreendidos tendo em conta o seu carácter
verbivocovisual. A letra "F" é o tema central do poema, trabalhada
nos seus aspectos sonoros e gráficos. Apesar da carga entrópica
presente, é possível adiantar que o leitor é "forçado" a descodificar
uma mensagem política, a partir de um apontamento da autora:
"Onde se lê fachinho pode ler-se tachinho. Onde se lê facheta pode
ler-se fascista(...)"
74, 75, 76 Luis de Camões "Os chamados disparates da Índia"
79, 83, 84 Luis de Camões, Emilio Villa "Os chamados disparates da Índia"
80, 81, 82 Ângelo de Lima, Mário "Odd'ora addio... - mia soave!...", "Odd'ora addio... - mia soave!..." permite fazer uma ponte de ligação
Cesariny de Vasconcelos, "Ditirambo", "Carta para Ruggero entre a escrita e a emoção do momento criativo. O uso recorrente
Emilio Villa Jacobbi" de maiúsculas destaca a importância das palavras, sublinhando a
inovação vocabular. A pontuação e a aparente indeterminação
semântica permitem-nos flutuar através das imagens que o poema
pretende criar. "Ditirambo" é também exemplo de inovação
vocabular. Cesariny utiliza o processo joyceano de formação por
aglutinação, intercalação silábica, sufixação e prefixação. Deste
modo, estabelece relações entre imagens e vocábulos, criando um
universo fantástico e surreal.
85, 89, 90 Quirinus Kuhlmann "O XLI beijo de amor" O uso quase exclusivo da substantivação servirá, como explica o
autor do poema, para um jogo de criação e de combinação, em que
o poeta propõe. Aproxima-se da literatura potencial, em que o texto
permite numerosíssimas combinações a partir de uma proposta
base. No entanto, o que se destaca nesta proposta não é o apelo à
capacidade de cumprir tal empresa, mas a evidência do seu
absurdo.
1 colaborações
1 informações sobre os cadernos
3 Pedro Xisto "Composição em 5 fases" A "Composição em 5 fases" cria um jogo de antonímia em cada
uma das suas "fases", destacando-se não só pela significação de
cada uma das palavras, mas também pelas dimensões dos
caractéres que enfatizam esta distinção. Nas composições "GRAV
IDADE ZERO" e "NEGRO" verifica-se a utilização de formas
geométricas (quadrados e rectângulos), consigidas através da
disposição do texto verbal.
4 Salette Tavares "Brincad iras" No segimento da sua colaboração no primeiro número da revista de
Poesia Experimental, Salette Tavares intitula o seu caderno de
"Brincad iras" e elabora um poema com o mesmo título que parece
acrescentar à leveza da palavra "brincadeira" a agressividade da
"ira". Segundo a própria autora, trata-se de uma reacção "frente a
tanta cabeça dura de miolos moles". Na zona de "Algarimo alfinete",
encontramos uma homenagem a Fernando Pessoa, perceptível
através da referência a 2 dos seus heterónimos (Álvaro Alberto) e
uma "alfinetada política" enfeitada pela ironia.
4 Salette Tavares "Brincad iras" "parlapatisse" é um jogo de sílabas que se deslocam, como peças
de um puzzle, permitindo uma brincadeira fonética.
5 Luiza Neto Jorge "a primeira pessoa do singular do Esta composição poética destaca-se pela utilização de dois códigos
presente do indicativo do verbo em simultâneo, de um lado a linguagem e do outro a imagem,
reflexo encontrar-se" ligando significante e referente. As indicações dadas pela autora
("riscar o que não interessa") dão ao leitor a possibilidade de criar o
seu próprio poema.
5 Luiza Neto Jorge "a primeira pessoa do singular do
presente do indicativo do verbo
reflexo encontrar-se"
6 Herberto Helder sem título Neste caderno de Herberto Hélder é possível descobrir uma sátira
ao poder, além de diversas referências à essência da poesia e ao
uso convencional da linguagem, encobertos pela amálgama de
significantes e pelos "recortes" feitos nos próprios textos, impelindo
o leitor para a descoberta do não-dito.
7 José Alberto Marques "Cliché 9", "Dois fragmentos de Os poemas aqui apresentados pelo autor deixam a descoberto uma
uma experiância", "Esqueleto- das práticas mais defendidas pela PO.EX - o abandono do discurso
poema-matriz ou fragmento de: o tradicional através de uma nova sintaxe. Enquanto que em "Cliché
poema experiância ou poema- 9" e "Esqueleto-poema-matriz ou fragmento de: o poema
experiância" experiância ou poema-experiância" encontramos palavras
dispersas, desligadas de qualquer discursividade, em "Dois
fragmentos de uma experiância" deparamo-nos com caminhos
ininterruptos de letras, sem qualquer tipo de separação ou
pontuação. A finalidade fica bem delineada pelo próprio autor: "o
objecto artístico poderá ser o resultado de um trabalho de iniciativa
poligonal e múltipla sintetizando: morte do leitor passivo"
10 E. M. de Melo e Castro sem título Destaca-se a vertente visual deste poema que gera uma espécie de
cofusão, deixando imperar um ruido de significantes que se
multiplicam, metamorfoseiam e misturam, deixando latente um
sentimento de raiva (bem marcada pela constante repetição da letra
"R") e uma necessidade crescente de libertação ("um homem só
chora por dentro" - "liberdade" - "a dor provoca a acção").
10 E. M. de Melo e Castro sem título, "peça 59 música A "peça 59 música negativa", apresentada no "Concerto e audição
negativa ou poema" pictórica" (1965), permite duas leituras distintas - uma leitura
musical e uma outra morfossemântica. A sua representação está
feita numa pauta musical onde foram colocados alugns sinais, estes
possuem indicações que facultam a possibilidade da execução
instrumental, bem como uma leitura linguística.
12 Álvaro Neto "Gramática Histórica": Exploração da iconicidade do material tipográfico, fazendo ressaltar
"demonstrativando", "verbos nos poemas as estruturas linguísticas (fonéticas, morfológicas,
incompletos", "locuções" sintácticas, semânticas).
14 António Aragão "Mirakaum em 5 episódios" intercalação de sílabas, originando vários signos em simultâneo.