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Dossiê

Discurso e Memória
DOI: http://dx.doi.org/10.20396/resgate.v24i1.8647097

Águeda Aparecida da Cruz Borges Memória e atualidade:


guidabcruz@hotmail.com um percurso, um olhar,
um (des)encontro
1 Graduada em Letras pela Universidade do Es-
tado de Mato Grosso (Unemat), mestre e dou-
tora em Linguística pela Universidade Estadual de Memory and news: a journey, a look, a
Campinas (Unicamp). É professora da Universida- (des) meeting
de Federal de Mato Grosso, campus universitário
do Araguaia

Resumo Abstract
Sob a perspectiva teórica da Análise de Dis- Under the theoretical perspective of the
curso de base materialista, procuro compre- materialist basis of Discourse Analysis, I
ender os materiais significantes recortados try to understand the significant materials
para análise, dentre eles algumas imagens, delimited for analysis, including some
que concebo como discurso. O objetivo é pictures, which I conceive as speech. The
mostrar a partir das análises, mais uma vez, objective is to show, again, from the
o modo revolucionário de leitura propor- analysis, the revolutionary way of reading
cionado pela teoria, já que esta supera a provided by theory, since it overcomes
transparência da linguagem e, além disso, the transparency of language and, in
atravessa a estrutura linguística, pois consi- addition, permeate the linguistic structure,
dera outras materialidades significantes: a considering other significant materialities:
imagem, a cidade, por exemplo, sobre o que the image, the town, for example, over
imprimo o olhar, trazendo para o presente, what I printed the look, bringing to the
uma memória indígena Xavante na cidade present, a Xavante indigenous memory
de Barra do Garças (MT), que se inscreve nes- in the city of Barra do Garças (MT), which
ses materiais. forms part of these materials.

Palavras-chave: Análise de Discurso; Memó- Keywords: Discourse Analysis; Memory;


ria; Materialidades. Materialities.

Resgate - Rev. Interdiscip. Cult., Campinas, v. 24, n. 1 [31], p. 55-72, jan./jun. 2016 – e-ISSN: 2178-3284 55
Dossiê
Discurso e Memória
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I n t r o d u ç ã o

A
introdução de um texto exige Discurso e memória
alguns elementos para que, a
partir deles, sejam desenvolvi-
dos os trajetos... Este texto traz como Assim, sob a perspectiva teórica da Aná-
corpus alguns materiais aparados da lise de Discurso de base materialista,
tese de doutorado que defendi em procuro compreender, o “corpus” como
2013. São aqueles recortes, que con- arquivo conforme define Pêcheux (1982,
tinuam a incomodar povoando a me- p. 57), “no sentido amplo do campo de
mória e colocando questões. documentos pertencentes e disponíveis
sobre uma questão”, muito produtiva
O objetivo principal compreende em nos estudos da Análise de Discurso. Não
chamar a atenção, mais uma vez, para o se trata de considerar tal noção como
modo revolucionário de leitura propor- enunciados conservados por uma via
cionado pela Análise de Discurso, que arquivística, mas como um modo de
supera a transparência da linguagem acompanhar as práticas discursivas de
e, ainda mais, atravessa a estrutura lin- uma sociedade, acerca de um tema,
guística, pois considera outras materiali- de um assunto. Citando Guilhaumou e
dades significantes: a imagem, a cidade, Maldidier (2010, p. 162):
neste caso, Xavante na cidade de Barra
A partir da busca por aquilo que instala
do Garças (MT), sobre o que imprimo o
o social no interior do político, não pu-
olhar, trazendo para o presente os senti- demos mais ignorar a multiplicidade de
dos que se inscrevem nesses materiais. dispositivos textuais disponíveis. Vemos

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que a Análise de Discurso ampliou seu imagem produz-se outra imagem, outro
campo de investigação: do interesse pelo texto, sucessivamente e de forma plena-
discurso doutrinário ou institucional, ela
mente infinita. Movimento totalmente
passou ao que poderíamos chamar a his-
inverso ao que ocorre com a linguagem
tória social dos textos.
verbal, pois quanto mais se segmenta a
As imagens, de acordo com Orlandi língua, menos ela significa.
(2010), concebo como discurso. A auto-
E é pensando sobre tais aspectos que
ra diz que a imagem carrega o desloca-
considero importante escrever, também,
mento de sentidos, tem pontos de de-
sobre os efeitos de sentido da teoria em
riva, incide em outros discursos. Dessa
mim, sinto a mudança na compreensão
maneira, funciona com o verbal na cons-
dos materiais, da sociedade, do mundo
trução da memória discursiva (a memó-
que me trouxeram para esta reflexão, ou
ria do dizer).
seja, me possibilitaram produzir deste e
Observar o discurso, na opacidade não de outro modo este texto. É no mo-
do não verbal, faz com que, segundo mento em que eu me debruço sobre as
Pêcheux (2007) em O Papel da Memória, leituras, antes incompreensíveis, e agora
o tema da imagem seja revisto. O autor significando, ao passo que vai se dando
escreve que a questão da imagem en- o movimento no gesto de interpretação,
contra a análise de discurso por outro permitindo a construção do arquivo co-
viés: não mais a imagem legível na trans- lado à teoria, que me constituo, subje-
parência, porque um discurso a atraves- tivamente e, também, como analista. É
sa e a constitui, mas a imagem opaca e no/pelo gesto de interpretação, desde a
muda, quer dizer, aquela da qual a me- seleção dos materiais para a construção
mória “perdeu” o trajeto de leitura (ela do “corpus”, que é o procedimento meto-
perdeu assim um trajeto que jamais dológico da Análise de Discurso, que nos
deteve em suas inscrições) (PÊCHEUX, conformamos eu e o texto.
2007, p. 55).
De acordo com Nunes (1994, p. 30-31) “a
O caráter de incompletude da imagem interpretação só é possível para algo que
aponta, dentre outras coisas, a sua recur- é da ordem do sujeito, e não da língua,
sividade. Quando se recorta pelo olhar das gramáticas”, se na/pela Análise de
um dos elementos constitutivos de uma Discurso consideramos o “outro”, per-

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cebemos conforme o autor que é, tam- râneos. O interesse desse heterogêneo


bém, nessa direção que Pêcheux define discursivo, feito de cacos e de fragmen-
a possibilidade do ato interpretativo: o tos, é que ele permite recuperar as con-
outro como “o próprio princípio do real dições concretas da existência das con-
histórico”: tradições através das quais a história se
produz, sob a repetição das memórias
É porque há o “outro” nas sociedades e
estratégicas (PÊCHEUX, 1981).
na história, correspondente a esse outro
próprio ao linguageiro discursivo, que aí
O modo como os acontecimentos sig-
pode haver ligação, identificação ou trans-
nificam em mim se desdobra em ques-
ferência, isto é, existência de uma relação
abrindo a possibilidade de interpretar. E é tões que desejo responder, pois:
porque há essa ligação que as filiações his-
Os sentidos são determinados pela ma-
tóricas se podem organizar em memórias,
neira como se dá a inscrição do sujeito
e as relações sociais em redes de signifi-
na língua e na história, e como se dá o
cantes (PÊCHEUX, 1990, p. 54).
acontecimento na história do sujeito. O
Real do Sentido. [...] é por essa inscrição
O trabalho de leitura e produção, des-
na língua e na história que os sentidos se
de a seleção dos materiais contribui produzem na trajetória de pesquisa que
para que nos conheçamos e ao Outro, se dá a construir (DIAS, 2011, p. 13).
o diferente, o indígena Xavante presen-
te na cidade de Barra do Garças (MT) e Assim, envolvida pela teoria, sigo en-
afirmemos que ele é atravessado pela tre fazer um pouco da sua história,
memória discursiva, aquilo que retorna seus efeitos e críticas “provocações”,
pela formulação de um já-dito, estrutu- deslocamentos e constituir-me ana-
rado pelo esquecimento ideológico, da lista para me posicionar, por exemplo,
ordem do inconsciente, que nos inter- como professora/pesquisadora, que
pela e nos afeta. A ideologia determina reside em Barra do Garças (MT), uma
a filiação do sujeito a redes de memória cidade frequentada por indígenas,
para produzir sentidos para um “saber” principalmente, os Xavante.
que produz efeitos (PÊCHEUX, 1999).
Considero sempre importante, frente a
É imprescindível se confrontar com essa várias vertentes da Análise de Discurso,
memória sob a história que sulca o ar- redizer a história, do meu jeito, sobre a
quivo não escrito dos discursos subter- vertente a que me filio. Ela teve inaugura-

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ção na França, com Michel Pêcheux e co- ticas técnicas, das práticas científicas
laboradores (década de 1960), foi e é di- é significativa. Ele diz que as ciências
fundida e renovada/ampliada no Brasil, a no jogo constitutivo de se projetarem
partir da obra de Eni Orlandi. Não é uma criam seu próprio spielraum, se ajustan-
metodologia, é uma disciplina de inter- do a novos espaços em prol de sua con-
pretação que se dá na/pela intersecção sistência. Espaços em que a ciência co-
de epistemologias distintas: a linguística, loca questões através da interpretação
o materialismo histórico e a psicanálise. de instrumentos pela teoria. Em outras
É Orlandi (1996) quem credita à teoria a palavras, é esse movimento da ativida-
condição de disciplina de entremeio, já que de científica que a faz uma prática.
sua constituição se dá às margens das
É possível observar que as Ciências So-
chamadas ciências humanas, entre as
ciais têm um sentido técnico, mas sig-
quais ela produz um deslocamento sig-
nificativo com a prática política e com
nificativo.
a ideologia no discurso. Assim, se é no/
Henry (1997, p. 14) explicita a proposta de pelo discurso que se liga a humanidade,
Pêcheux quando o autor aponta a aber- já que não há uma relação direta entre
tura de uma fissura teórica e científica na o sujeito e o mundo, nada mais signifi-
área das Ciências Sociais e, assim, propor- cativo do que compreendê-lo, enquan-
ciona com a Análise Automática do Dis- to funcionamento, numa injunção a in-
curso um instrumento científico para as terpretação (cf. ORLANDI, 1996). Nessa
Ciências Sociais. O que seria para Pêcheux dinâmica o sujeito é capturado na opa-
um instrumento? A resposta a este ques- cidade da linguagem. Paul Henry (1997,
tionamento passa pela compreensão de p. 24) cita Pêcheux “o instrumento da
que toda ciência é vista/produzida por prática política é o discurso, ou mais
uma mutação, o que lhe é peculiar na precisamente, que a prática política
construção do conhecimento. tem como função, pelo discurso, trans-
formar as relações sociais reformulan-
O autor segue dizendo que para do a demanda social”.
Pêcheux a ciência em si é uma ciên-
cia da ideologia, com a qual se rompe Pensando por essa vertente discursiva, o
(HENRY, 1997, p. 17). Nessa medida, a espaço naturalizado torna-se promissor
reinvenção dos instrumentos, das prá- à reflexão teórica sobre as dessimetrias e

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as dissimilaridades entre os interlocuto- Daí, não fazer sentido, numa abordagem


res “em convívio” em determinadas con- discursiva, pensar a imagem, circunscrita
dições de produção. É nesse ponto das numa moldura, como um todo coeren-
amarras da diferença, configuradas no te. Nem tampouco pensá-la como um
discurso, que Pêcheux constitui a rup- “meio privilegiado das intenções comuni-
tura, o dispositivo teórico. Daí é sempre cativas” (SOUZA, 2001, p. 65).
relevante enfatizar o caráter revolucio-
nário atribuído pela Análise de Discurso O indígena presente na cidade de Barra
aos estudos da linguagem, afastando-se do Garças, no/pelo enredamento discur-
do aspecto formal e categorizador con- sivo, como materialidade significante,
ferido pelo estruturalismo. no movimento possibilitado pela Aná-
lise de Discurso, funciona como condi-
Não é minha pretensão recompor, neste ção de produção no discurso no âmbito
artigo, toda a história da Análise de Dis- do visível, ao mesmo tempo em que é
curso, até porque, o meu desejo é sempre constituído por uma rede de diferen-
o de experimentar o seu funcionamento
tes e conflitantes discursos se tornando
na análise dos materiais. No entanto, é
opaco e contraditório para os sujeitos
importante enfatizar que a Análise de
(HASHIGUTI, 2007).
Discurso se constituiu, em determina-
das condições de produção, como um Ao olhar do outro, o sujeito (corpo do
acontecimento nas práticas linguísticas sujeito) significa pela sua materialidade
que contrariavam as ideias dominantes colada à posição que se inscreve em um
do estruturalismo. Ela nasceu no inters- determinado espaço. Assim, ao lançar o
tício das contradições existentes entre olhar para o corpo indígena Xavante na
as disciplinas da Linguística Imanente e cidade da pesquisa, não o vejo separado
as Ciências Sociais, como já dissemos, e desse espaço, os dois se constituem, ou
se formou no lugar em que a linguagem seja, é preciso considerar no gesto de in-
precisa ser referida a sua exterioridade terpretação a espacialização do corpo. So-
para que se apreenda o seu funciona- bre essa imbricação, Orlandi (2004), no
mento, enquanto processo significativo. seu livro Cidade dos Sentidos, nos coloca
Arranca a linguagem da transparência que em diferentes espaços, diferentes
ao expor o sujeito ao equívoco, à ideolo- corpos são permitidos, acolhidos ou ex-
gia, na sua relação com o simbólico. cluídos, posicionando diferentemente

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os sujeitos. Desse modo, podemos rea- po da cidade imprime marcas na cons-


firmar que há uma interconstitutividade trução discursiva urbana (Imagens 1 a 3)
entre corpo e espaço na identificação do como, por exemplo: numa placa de rua
sujeito no discurso. “Rua Xavante”; no nome da maior viação
de ônibus do lugar, “Viação Xavante”, cir-
Levando em conta que venho chamando culando em vários lugares; na fachada
a atenção para o olhar, os jeitos de olhar, da “Auto Escola Xavante” [sic]; e, propria-
o corpo olhado e que se olha, seria preci- mente, na presença viva, frequente des-
so buscar fundamentos construídos his- ses corpos indígenas que movimentam
toricamente acerca dos significados do a, movimentam-se na/pela cidade e por
corpo/olhar e muitos autores o fizeram,
dentre eles trago Courtine (2008, p. 10),
que afirma: “Jamais o corpo humano co-
nheceu transformações e uma grandeza
e de uma profundidade semelhantes às
Imagem 1 - Placa de uma rua em Barra do Garças (MT)
encontradas do decurso do século XX”. (maio/2011).
O autor enfatiza, no seu volume III, as mu- Fonte: Elaborada pela autora.
tações do olhar que se lançou sobre o cor-
po desde o apagamento da linha divisó-
ria do ‘corpo’ e do ‘espírito’ atravessando
muitos pensadores e sendo inventado
teoricamente na psicanálise. O enuncia-
do “o inconsciente fala através do corpo”
foi base de muitas interrogações e ainda Imagem 2 - Muro do Prédio da Empresa Xavante em
Barra do Garças (maio/2011).
o é. Aqui trato do corpo linguagem que
Fonte: Elaborada pela autora.
se abre ao simbólico produzindo efeitos
de sentido a partir do gesto de interpre-
tação pela via do olhar que não desvin-
cula o corpo indígena na relação com
as imagens, desse sujeito, impressas no
corpo da cidade. Imagem 3 - Fachada do Prédio da Autoescola Xavante
(maio/2011).

A presença/frequência indígena no cor- Fonte: Elaborada pela autora.

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este texto. Nomear é também dominar, Transgressão na organização social: [P1] “Já

a cidade é dominada pelo corpo e pela acostumamos a ver índio por todo canto,
jogado por aí”.
imagem do nome: Xavante.
Negação: [P4] “É... tá normal, mas não de-
A cidade, embora incorpore na sua
via de ser assim, eles devia se tocá e voltá
organização a impressão do nome
pro lugar de onde veio”.
Xavante, enxerga o sujeito indígena
como um fora do lugar, um corpo que Conformação: [P5] “Fazer o quê? Já tão aí

não cabe na cidade, no entanto, para- me smo né?”.

doxalmente, vai criando uma espécie de


Outras formas de naturalização se im-
naturalização acerca dessa presença/
primem em materiais que apelam para
frequência na constituição urbana.
o uso de imagens de indígenas, não
Como apresentado na materialidade os que circulam pela cidade, mas que
significante das imagens, observamos remontam ao imaginário de indígena
a inscrição do discurso de uma presen- da colonização, ou seja, com penas,
ça na escrita dos/nos lugares, pois o in- pintados na contradição constitutiva
dígena, ele mesmo, contraditoriamen- do processo de identificação do sujei-
te à presença marcante na cidade, não to indígena Xavante, imprimindo um
é um indivíduo no convívio das relações desejo de que ele retorne ao que era.
sociais (com raras exceções), pois, no O jogo de imagens estereotipadas faz
geral, apenas faz parte de um cenário, emergir lugares de enunciação, como
como retorno a uma memória colo- o do empreendimento, o do turismo eco-
nial/colonizadora, como um “enfeite”, lógico como esperança para a geração
ou um nome. Enquanto nome sim, en- de empregos.
quanto sujeito não. Enquanto sujeito é
negado, é alvo de preconceito, não che- Fomos movidos a observar algumas
ga a ser brasileiro, não devia estar na imagens (Imagens 4 e 5), montagens
cidade, suja, enfeia, entulha o espaço no facebook do Portal do Araguaia -
urbano (BORGES, 2013). Essa presença Agência de Viagem e Turismo, de Barra
é recoberta por uma naturalização que do Garça, e que consideramos bastante
ressoa no discurso da população que significativas para pensar o nosso obje-
indicamos com P1, P4, P5, como: to, nessa contradição.

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Imagem 4 – Publicação sobre tribos indígenas de Barra Imagem 5 – Publicação sobre a geografia de
do Garças. Barra do Garças.

Fonte: PORTAL (2012). Fonte: PORTAL (2012).

Primeiramente, é preciso observar que liza-se de um artefato tecnológico de


a imagem dos indígenas que aparecem montagem, cria uma estratégia para
nas fotomontagens (Imagens 4 e 5) não impressionar os turistas, vende a ima-
são nem de Xavante e nem de Bororo gem, gira o capital.
que frequentam a cidade de Barra do
Garças, aliás, as indumentárias típicas Além disso, os dizeres impressos na
e próprias para os rituais, não são, co- Imagem 4 tomam a cultura indígena
mumente, usadas na cidade, por um como folclore. Nesse caso, o indígena
lado poderíamos pensar na ruptura que frequenta a cidade, que é rejeitado
com o imaginário de índio homogêneo, desse espaço, no discurso, não coincide
ou seja, há muitas etnias, diferentes en- com o indígena das imagens em que o
tre si e entre nós, mas o lado que indica exótico é mostrado, oferecido.
a circulação das fotomontagens é, sob
a nossa perspectiva, focado no empre- Aqui, consideramos importante refletir
endimento realizado na/pela venda da no jogo discursivo, sobre a fotografia,
imagem estereotipada de indígenas, reiterando que essa materialidade não
como retorno à memória. O portal uti- funciona apenas como ilustração ela

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é da ordem do não verbal e compõe a tador a partir do caráter de incompletu-

discursividade, não é um complemento, de inerente, eu diria, à linguagem verbal

faz parte do processo de significação. e não-verbal. O caráter de incompletude


da imagem aponta, dentre outras coisas,
Um dos grandes desafios que se apre- a sua recursividade. Quando se recorta
senta ao analista do discurso diante de pelo olhar um dos elementos constitu-

uma materialidade discursiva que mis- tivos de uma imagem produz-se outra

tura o verbal e o não verbal é a própria imagem, outro texto, sucessivamente e


de forma plenamente infinita (SOUZA,
definição da materialidade discursiva.
2001, p. 73).
Muitos trabalhos, fundamentados na
Análise de Discurso, que tem o corpus
Courtine (2008), nos fala sobre os estú-
construído de imagens, ao interpreta-
dios e empresários do cartão postal na
rem o funcionamento discursivo, apre-
França e na Inglaterra, no caso enfo-
sentam-se como a Semiótica e muito de
cando as bizarrices do corpo humano,
análise histórica.
de maneira a despertar a curiosidade.
O exercício de interpretação da imagem, Com as palavras do autor:
como na interpretação do verbal, numa
A questão era a exploração das formas
perspectiva discursiva, exige, também, a
materiais de uma cultura visual da mas-
relação com a cultura, o social, o históri- sa. Os modos de difusão desses singula-
co, o sujeito, o espaço, as condições de res cartões postais demonstravam que a
produção. Por exemplo, uma fotografia exibição do anormal tem precisamente
consiste no aspecto material, nas técni- por alvo a propagação de uma norma
cas fotográficas, no olhar de quem foto- corporal. O monstro é sempre uma ex-

grafa e, assim, como outras materialida- ceção que confirma a regra: é a norma-
lidade do corpo urbanizado do cidadão
des, expostas aos leitores estará sujeita a
que o desfile dos estigmatizados convida
outras interpretações.
a reconhecer no espelho deformador do

Ao se interpretar a imagem pelo olhar - anormal [...]. A percepção das excentrici-

e não através da palavra - apreende-se dades do corpo, ilustrada por esses car-
a sua matéria significante em diferentes tões tinha parentesco, de fato [...] com
contextos. O resultado dessa interpre- uma exploração da periferia do território
tação é a produção de outras imagens nacional, com mergulho na profundeza
(outros textos), produzidas pelo espec- dos campos distantes [...] da produção de

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imagens médicas e de um exotismo etno- memória da imagem que se tem de in-


logizado (COURTINE, 2008, p. 280). dígena, mas não de um sujeito indíge-
na de uma determinada etnia. Nesse
Não quero dizer que é o mesmo que
caso, é possível enxergar, na materia-
ocorre na exposição de imagens do
lidade da figura, a conjunção de ele-
corpo indígena enfeitado, diferente,
mentos de diversas etnias: colar de um
exótico, em condições de produção
povo, cocar de outro, brincos de outro
outras, mas os efeitos de sentido pro- e na própria fisionomia não há uma
duzidos em quem olha recobre o ob- marca que possibilita dizer: esse indí-
jetivo de quem expõe considerando gena é do povo Xavante, por exemplo.
a sociedade de consumo, de proposi- Reafirmo é uma criação que retoma o
ções de empreendimento, do turismo imaginário indígena genérico. Assim
chamado ecológico, exótico. é possível asseverar que, pelo imagi-
nário que se tem de índio, trata-se da
Outra imagem estereotipada que me
pintura de um sujeito indígena; contu-
intrigou nesse olhar para o indígena na
do, é impossível identificá-lo em uma
cidade foi uma pintura em um muro
etnia específica. É uma imagem feita
(Imagem 6) que no enredo discursivo,
que afeta o olhar curioso. Tomo nova-
sob o meu parecer, pode intervir no pro- mente Courtine (2008, p. 323), quando
cesso de (des)identificação do indígena o autor coloca que:
Xavante, por exemplo, na relação com
o rosto exposto/desenhado se abrindo A produção e a distribuição em massa das
mercadorias culturais, a urbanização dos
para a rua, espaço público e, de certa
públicos, a sistematização das técnicas
forma, impondo um discurso de que
de fabricação das imagens determinam
ao artista tudo é lícito. Quando penso,
as expectativas, padronizam o modo de
assim e não de outro modo, me ponho recepção, homogeneízam as respostas
a crer que ao analista de discurso, tam- emocionais: a fábrica de sonhos inventa o
bém, quando ele se utiliza desse dispo- espectador moderno.
sitivo teórico para interpretar.
A quantidade diversa de materiais sig-
O indígena da fotografia não é um nificantes espalhados na cidade im-
Bororo, não é um Karajá, não é um primindo a marca indígena, isto é, dis-
Xavante, a imagem materializa uma cursos sobre, de, para os indígenas em

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Imagem 6 – Pintura em um muro da cidade de Barra do Garças (maio/2011).

Fonte: Elaborada pela autora.

Barra do Garças funciona significando- quando a autora trata da tatuagem no


-os neste espaço. Porém, a pluralidade corpo, o sujeito se textualizando ou do
de materiais que toma conta dos espa- grafiteiro na produção de inscrições nos
ços sem que os sujeitos se deem conta, muros da cidade. Já em 2004, Orlandi
sem controle, se mostrando visíveis/in-
escreveu que:
visíveis, encontra os discursos de nega-
ção do sujeito indígena. A imagem que [...] na prática capitalista a materialidade
é produzida é outra. Esse é mais um simbólica da cidade fica reduzida à urba-

modo de disfarçar os sentidos que pro- nização: a cidade e o social passam a sig-
nificar somente pela discursividade urba-
duzem e reafirmam a explosão do so-
nista. Assim, “a quantidade estruturante
cial no espaço urbano. É possível pensar (n)da cidade, não se metaforiza bem: o
como Orlandi (2012, p. 195), em Trans- tempo urge, o espaço é entulhado, o ou-
bordamento de um excesso de linguagem, tro é inimigo. O conflito, a diferença, o

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social se transferem, naturalizadamente, desenho da nomeação, pela disposi-


para os sentidos da violência. (ORLANDI, ção/exposição de imagens diversas
2004, p. 35).
no espaço urbano funda uma cidade
O que as incursões no corpus possibili- Xavante, na contradição com o sujeito
tam visualizar são deslocamentos dis- presente/frequente, pois, diferente do
cursivos desde a conversão missionária/ sujeito deportado em que “não se apa-
colonizadora da época do “descobrimen- ga a vida: a acústica da voz em um corpo
to” para outras discursividades, nas con- habitado pela quebra”, os Xavante, no
dições de produção atuais, fundadas no silêncio da língua própria que o Outro
real da história=na contradição. desconhece, se impõe na materialida-
de do corpo que circula no espaço da
É na perspectiva que trabalha Barbai cidade entre o vir e retornar à aldeia,
(2010) que nos orientamos para ampliar corpo que se mostra, que resiste à in-
a reflexão, o autor utiliza o termo des- visibilidade, diríamos, ao processo de
pessoalizado remetendo-o ao imigrante colonização, de despessoalização. Para
brasileiro deportado, atentemos: fortalecer a reflexão cito Orlandi (2011,
p. 15), no que concordamos:
A deportação não silencia o corpo quebra-
do, desenraizado do espaço. Ela produz A materialidade do sujeito implica o cor-
uma disjunção entre corpo e voz, fazendo po. O que em si é uma inversão do que diz
a boca balbuciar e exibir o corpo como um Foulcaut (1977, p.70), onde ele afirma que
resto, uma sobra que transforma a voz em a materialidade do corpo implica o sujei-
cacos de enunciação, ponto de furo do in- to. A perspectiva de que ele fala permite
terdiscurso no intradiscurso. Viver despes- a M. Pêcheux criticá-lo em seu sociologis-
soalizado é habitar no limiar entre o nacio- mo.

nal e o intruso, o jurídico e o ilegal, a vida


O interdiscurso - a memória afetada
e a morte, o humano e o inumano. Porém,
pelo esquecimento- é irrepresentável,
não se apaga a vida: a acústica da voz em
um corpo habitado pela quebra. (BARBAI,
mas, no funcionamento se presentifica
2010, p. 32, grifo nosso).
na textualização do discurso, na ma-
terialidade significante, nos vestígios
Em Barra do Garças, sob o nosso olhar, deixados pelos gestos de interpreta-
o sujeito indígena materializado pelo ção. Desse modo, posso dizer que, no

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processo de configuração (e legitima- tramas como as que abordamos.


ção) de determinadas forma-sujeito na
Certificamos que o espaço naturalizado
relação como outras formas materiais,
é promissor à reflexão teórica sobre as
há recorrências discursivas e há, neces-
os sujeitos “em convívio” nas mais diver-
sariamente, a produção da resistência.
No caso deste texto, interessa-nos, que sas condições de produção e na cons-

se compreenda, que se reflita questões tituição do processo de identificação/

importantes para o campo teórico da subjetivação desses sujeitos.

Análise de Discurso, sobretudo, pelo


É importante reafirmar a prática políti-
fato de que em toda relação com os
ca-ideológica conferida pela Análise de
sentidos ficam vestígios passíveis de
Discurso aos estudos da linguagem e
serem mobilizados. Nesse movimento,
os efeitos de sentido da teoria em mim,
sob o efeito ideológico, sujeito/espaço
pois venho experimentando os deslo-
e sentido vão se constituindo na trama
camentos na compreensão teórica e na
indelével do discurso.
análise dos materiais, na relação com a
Ao apresentar a proposta inicial deste sociedade, o mundo, o político na pro-
texto eu disse sobre a importância de dução dos meus escritos.
nos conhecermos e conhecer o “outro”,
É preciso sempre reiterar que a Análi-
o diferente que faz parte do nosso espa-
se de Discurso partiu do materialismo
ço de vivência. Quanto a mim venho me
histórico. E foi desse lugar que teceu
desafiando a, pelo menos, produzir al-
críticas às filosofias espontâneas da lin-
gumas reflexões em relação ao que toca
guagem de caráter idealista. Esse fato
historicamente os povos indígenas.
não é perceptível para muitos estudio-
Ao “final” é preciso dizer que a relação sos, mas o próprio Pêcheux reconheceu
sujeito/cidade é, de fato, um espaço que não escapamos dos riscos de cair
movente, dinâmico, um universo opa- no idealismo naqueles pontos onde
co chamando à interpretação. A cida- “pensamos” ser materialistas, mas é, na
de expõe as diferenças, e nos expõe ao contradição, que podemos trabalhar o
cruzamento de sentidos heterogêne- imaginário de que os sujeitos concreta-
os, principalmente, quando se trata de mente fazem sua história. Se não nos

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debruçamos sobre essa questão, nos Estado como o modelo ocidental, que
impossibilitamos de entender e, assim, tem como base as categorias comando-
propor possíveis enfrentamentos ao de- -obediência.
sumanizante sistema capitalista.
A passagem ao ambiente urbano, às ve-
Um aspecto forte dessas considerações zes é colocada como automática crista-
“finais”, que se encontra, também, na lizando-se, assim, estados ou situações,
tese de doutorado, já anotada, está em em modos de ser. Diferente de outros
que a forma sujeito histórica capitalis- modos de migração, de outros povos,
ta, dominante, não atinge integralmen- o deslocamento da aldeia para a cidade
pode se dar, também, como migração
te o indígena Xavante na cidade, ainda
em relação a determinados povos indí-
que interpelado por essa forma sujeito,
genas que migraram para as cidades e
sofrendo/vivendo sob esse modo de
passaram a habitá-las, como os Panka-
produção, os indígenas Xavante, que se
raru migraram do nordeste brasileiro e
deslocam para a cidade carregam outra
se estabeleceram nos arredores, em fa-
formação social, outro modo de pro-
velas da cidade de São Paulo; mas, por
dução. Pêcheux (1988, p. 286) “no pró-
exemplo, não podemos dizer o mesmo
prio sujeito, os traços inconscientes do
sobre os Guarani-Kaiowá em Dourados
significante não são jamais ’apagados’
(MS), já que ali a cidade é que cresceu e
ou ’esquecidos’, mas trabalham, sem “engoliu” a aldeia. São muitos e diferen-
se deslocar, na pulsação sentido/non tes casos que carecem de tratamento
sens do sujeito dividido”, dividido entre diferenciado. O que analisamos é di-
a aldeia e a cidade, a forma histórica ferente em relação aos dois exemplos
Xavante-da aldeia e a forma histórica apresentados, pois como em Barra do
ocidental-da cidade. Garças (MT) os Xavante são frequentes,
por assim dizer: estão em um vai e vem
Na perspectiva ocidental o poder não
constante entre as aldeias e a cidade.
alcança, na totalidade, a memória Xa-
vante, não porque são “incapazes”, “in- As especificidades de cada caso im-
feriores”, “incompetentes”; mas porque plicam modos (e intensidades) de re-
resistiram/resistem a esse tipo de or- lação específicos com a cidade. Há de
ganização negaram-se a constituir um se levar em conta a sócio cosmologia

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de cada povo, a formação social e os Corpo/sujeito/nome/imagem se cons-


discursos constitutivos do sujeito. Ao tituem na materialidade do aconteci-
olhar do outro, o corpo/sujeito signifi- mento Xavante na cidade de Barra do
ca pela sua materialidade colada à po- Garças, mas no real da história impera
sição que se inscreve em um determi- a contradição, e o próprio do aconteci-
nado espaço. Assim, ao lançar o olhar mento que realiza no direito a um dos
para o corpo índio Xavante na cidade modos de inscrição no urbano.
da pesquisa, não o vi separado desse
espaço, os dois se constituem, pois, Enfatizando que, no caso deste texto,
no gesto de interpretação produz-se a imagem irrompe como um aconte-
a espacialização do corpo. Nesse ponto é cimento do significante entre o gesto
relevante imprimir que há uma inter- artístico e o gesto interpretativo a que
constitutividade entre corpo e espaço a sociedade e, em especial, os educa-
na identificação do sujeito no discurso. dores deveriam ter acesso.

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