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UNIDADE II
ESTADO DE TENSÕES E RESISTÊNCIA AO
CISALHAMENTO
Elaboração
Mateus Arlindo da Cruz
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE II
ESTADO DE TENSÕES E RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1
TENSÕES EM UM PONTO E CÍRCULO DE MOHR............................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2
RESISTÊNCIA DOS SOLOS E ENSAIOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA AO
CISALHAMENTO.......................................................................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS GENÉRICAS DOS SOLOS SUBMETIDOS À RUPTURA............................................................. 16
CAPÍTULO 4
TRAJETÓRIAS DE TENSÕES E APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DE ENSAIOS A CASOS PRÁTICOS.............. 22
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................27
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ESTADO DE TENSÕES
E RESISTÊNCIA AO UNIDADE II
CISALHAMENTO
CAPÍTULO 1
TENSÕES EM UM PONTO E CÍRCULO DE MOHR
σφ = σ . cos² φ Equação 1
Para definir um círculo são necessários três pontos distintos sobre seu
contorno. Isso quer dizer que seria necessário descobrir as tensões normais
e de cisalhamento atuantes em três seções distintas de um mesmo elemento
solicitado. Porém, por meio de correlações é possível traçar o círculo de Mohr
de forma mais simples.
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Ainda, cada ponto no círculo é caracterizado pelo ângulo central (θ), que varia
de 0° a 360°, permitindo, assim, percorrer todos os pontos do círculo. Logo, no
círculo, cada ponto corresponde a uma seção inclinada do elemento se ele tiver
ângulo central de duas vezes o ângulo da normal (θ= 2 φ).
τ′ = c’ + σ′ tg φ’ Equação 3
Em que c′ e φ′ são os parâmetros de resistência ao cisalhamento, chamados
de coesão e ângulo de atrito interno, respectivamente. Alguns autores chamam
também o c′ e φ′ de intercepto de coesão e ângulo de resistência ao cisalhamento.
Por meio do exposto, observa-se que em qualquer ponto do solo ocorrerá o colapso
estrutural, desenvolvendo uma combinação crítica de tensões de cisalhamento
e tensões normais efetivas. Ressalta-se que c′ e φ′ são constantes matemáticas
que expressam o comportamento linear entre as tensões normais efetivas e a
resistência ao cisalhamento do solo.
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
Envoltória de Ruptura
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Na figura 3 é apresentado o caso geral c′ > 0, que diz respeito à relação entre a
resistência de cisalhamento e as tensões principais efetivas durante a falha
estrutural do solo em um ponto específico. Logo, a tensão de compressão é
admitida como positiva no caso representado.
Com a equação 7,
Define-se a equação 8,
ou
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
Linha de Mohr-Coulomb
Círculo de Mohr para tensões efetivas Circulo de Mohr para tensões totais
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
A diferença entre solos não drenados e drenados é que, para solo não drenados,
quando submetidos a um conjunto de tensões, são geradas pressões em seus poros
de forma excessiva. Essa pressão nos poros dos solos não drenados ocasiona a
alteração das tensões efetivas no seu interior.
Já para solos drenados, o excesso da pressão nos poros é nulo, não ocasionando
alteração das tensões efetivas. Resumindo, duas amostras de solos idênticos,
submetidos às mesmas modificações de tensão total, porém em condições de
drenagem diferentes, terão tensões efetivas internas diferentes. Portanto, os
solos terão resistências distintas com base nos critérios de Mohr.
A resistência não drenada pode ser expressa em tensão total, em vez de determinar
as pressões nos poros e as tensões efetivas. Embora a envoltória de ruptura para
esses tipos de solos seja linear, ela terá um gradiente e intercepto diferente. Um
modelo de Mohr pode ser utilizado para solos não drenados, porém os parâmetros
de resistência ao cisalhamento são diferentes.
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CAPÍTULO 2
RESISTÊNCIA DOS SOLOS E ENSAIOS PARA
CARACTERIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
Nos casos em que o corpo de prova do solo se encontra seco, em vez da utilização
das placas porosas, pode-se fazer o uso de placas de metal sólidas, sendo aplicada
uma força vertical, denominada (N), no corpo de prova do solo através da placa de
carregamento.
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Na realização do ensaio são testados vários corpos de provas, cada um sob efeito de
uma força vertical diferente. Os valores da tensão de cisalhamento no momento em
que ocorre a ruptura (τf = T/A) são organizados em gráficos, em função da tensão
normal efetiva (σ′f = N/A).
Embora o ensaio seja muito usado, ele apresenta algumas desvantagens, sendo
que a principal delas é que as condições de drenagem da amostra não podem ser
controladas. Em virtude da impossibilidade de medir a poropressão, apenas a
tensão normal total pode ser determinada. Porém o ensaio é muito utilizado devido
à simplicidade na sua realização e na preparação dos corpos de provas.
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
No ensaio triaxial, o corpo de prova sofre uma deformação não uniforme excessiva,
resultando na indisponibilidade de se chegar no valor extremo das tensões
principais. O aumento do volume que um solo grosso sofre durante o ensaio de
cisalhamento é chamado de dilatância.
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
Nos casos de argilas sobreconsolidadas, o valor de tensão axial sofre um pico, sem
a ocorrência de deformações excessivas. Após o alcance do pico de tensão axial,
ela sofre um decréscimo, seguido de um aumento da deformação específica, sendo
que novamente para esses tipos de argilas não é possível chegar à tensão última.
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CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS GENÉRICAS DOS SOLOS SUBMETIDOS À
RUPTURA
τ′ = σ′ tg φ’ Equação 9
A liquefação do solo foi uma das causas do rompimento da barragem de Fort Peck,
situada nos Estados Unidos da América, a qual foi construída sobre um aterro
hidráulico. O fenômeno de liquefação ocorre pela variação do volume de um solo
quando submetido a tensões.
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
No instante em que se faz o despejo de uma areia sobre uma superfície horizontal,
a inclinação formada é chamada de ângulo de repouso. Em algumas situações,
assume-se que o ângulo de repouso de areias é igual ao ângulo de atrito delas..
No caso de areias muito fofas, o ângulo de atrito fica entorno de 30°; em casos de
areias muito compactas, de grãos arredondados e uniformes, o ângulo de atrito é de
aproximadamente 38°.
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Ainda, constata-se que grãos de areias com formato angular possuem um valor
de atrito maior do que areias formadas por grãos esféricos. Esse fenômeno ocorre
devido ao maior entrosamento das partículas de formatos angulares. Com base nos
aspectos supracitados, pode-se concluir que os fatores que mais influenciam em
ordem decrescente a resistência ao cisalhamento são a compacidade, a distribuição
granulométrica e o formato do grão.
Compacidade
Granulometria
Fofa Compacta
Areias bem graduadas
Grãos angulares 37° 47°
Grãos arredondados 30° 40°
Areias mal graduadas
Grãos angulares 35° 43°
Grãos arredondados 28° 35°
Fonte: Adaptado de Machado, 1997.
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Em argilas saturadas, a umidade final das duas amostras será igual; já no caso
de areias, as duas amostras terão o mesmo índice de vazios. A resistência ao
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
Nota-se, porém, que o ângulo de atrito residual pode sofrer uma redução com o
aumento das tensões, sendo ele dependente do nível de tensão aplicada. Logo,
quando o objetivo do profissional ou do ensaio for a determinação do ângulo de
atrito residual, é necessária a reprodução das condições reais da amostra.
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CAPÍTULO 4
TRAJETÓRIAS DE TENSÕES E APLICAÇÃO DOS
RESULTADOS DE ENSAIOS A CASOS PRÁTICOS
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
Os parâmetros definidos por Terzaghi para tensões efetivas na definição dos valores
de s e t são os seguintes: σ’1 = σ1 – u e σ’3 = σ3 – u. Logo, eles são utilizados como
substituição nas equações 10 e 11.
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Todo ensaio tem por finalidade se aproximar o máximo possível das condições de
campo. No caso dos carregamentos, o ensaio deve ser elaborado visando sempre
retratar as condições críticas nas quais as construções estarão expostas, sejam em
curto prazo de tempo ou no decorrer da sua vida útil.
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Estado de tensões e resistência ao cisalhamento | UNIDADE ii
Quando se fala em tensão efetiva, define-se que quanto mais negativo for o valor das
pressões neutras, maior será a resistência ao cisalhamento do solo. Outra afirmação
a respeito da resistência do solo é que, quanto maior o seu índice de vazios, menor
será sua resistência.
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UNIDADE ii | Estado de tensões e resistência ao cisalhamento
Pela afirmação acima, conclui-se que, em areias ou em solos que possuem elevados
valores de permeabilidade, não é viável a execução de ensaios não drenados e
de forma rápida. Essa conclusão também serve para solos não saturados.
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REFERÊNCIAS
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Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated Drained Conditions., American Society for
Testing and Materials, West Conshohocken, PA: ASTM, 2004.
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estática - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6484: Solo - Sondagens de simples
reconhecimentos com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6489: Solo - Prova de carga
estática em fundação direta. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
BERNUCCI, L B.et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. 3ª edição. Rio de
Janeiro: Editora: Petrobras, 2010. 504p.
BOLTON, M.D. (1991) A Guide to Soil Mechanics., London: Macmillan Press, London1991.
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London: British Stand ards Institution, London.
BROMHEAD, E.N. (1979) A simple ring shear apparatus, Ground Engineering, 1979, 12(5), 40–
44.
CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações diretas: projeto geotécnico. [S.l: s.n.], 2011.
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Referências
GUIA DA ENGENHARIA. Ensaio SPT: aprenda como interpretar os resultados. São Paulo, 2018. v. 1.
Disponível em: http:// https://www.guiadaengenharia.com/resultado-ensaio-spt//. Acesso em: 8 nov.
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http://www.torresgeotecnia.com.br/portfolio-view/amostra-indeformada-bloco/. Acesso em: 8
nov.2019.
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