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Conserte
Aparelhos
Eletrônicos

Newton C. Braga

Patrocinado por

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São Paulo - Brasil - 2019

Instituto NCB
www.newtoncbraga.com.br
leitor@newtoncbraga.com.br

Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Impressão: AgBook – Clube de Autores

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico
Autor: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2019
Palavras-chave: Eletrônica – conserto – aparelhos
eletrônicos - service

Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por


qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos,
fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou
que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético
atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou implantado no futuro.
Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua
editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e
parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos
122, 123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).

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Índice
Apresentação..............................................................................7
Apresentação da Edição Original.................................................8
MAIS USOS PARA O MULTÍMETRO.............................................10
Introdução.....................................................................10
Medidas de corrente........................................................14
Medida segura de correntes.............................................17
Medidas de alta tensão....................................................19
Multímetro como medidor de intensidade de campo............21
Interpretando a sensibilidade do multímetro......................22
O multímetro eletrônico...................................................24
Ponte de Wheatstone......................................................25
Identificando enrolamentos de transformadores.................27
Verificação de fugas em capacitores..................................29
Medida de ganho de transistores......................................31
Conclusão......................................................................36
REPARAÇÃO DE AMPLIFICADORES E EQUIPAMENTOS DE SOM...37
Introdução.....................................................................37
Reparação de amplificadores............................................38
Usando o Injetor de Sinais...............................................45
Medida da potência de um amplificador.............................48
O gerador de áudio.........................................................51
Levantando a curva de resposta de um alto-falante............53
Prova de alto-falantes de alta fidelidade............................54
Teste de crossover..........................................................55
Problemas de aterramento...............................................58
Captação de estações......................................................61
Recepção de FM.............................................................62
REPARAÇÃO DE TELEVISORES...................................................68
Introdução.....................................................................68
Defeitos.........................................................................71
Falta de sincronismo vertical............................................74
Falta de altura vertical.....................................................75
Falta de Imagem............................................................76
Falta de som .................................................................78
Falta de som e imagem...................................................79
Imagem sem contraste....................................................80

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Flutuação da imagem......................................................81
Falta de sincronismo horizontal........................................82
Conclusão......................................................................83
GERADOR DE ÁUDIO CMOS........................................................88
Características:..............................................................88
Como Funciona...............................................................88
Montagem.....................................................................89
Provando e usando o gerador...........................................93
GERADOR DE FORMAS DE ONDA ...............................................96
Formas de onda..............................................................96
Sinal senoidal....................................................101
Sinal retangular.................................................105
Sinais triangulares..............................................109
Uso para o Gerador de Sinais.........................................112
Calibração de Receptores de AM/FM......................112
Figuras de Lissajous - determinação de frequências 115
Conclusão....................................................................117
Os outros mais de 100 livros sobre Eletrônica .........................118

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NEWTON C. BRAGA

Apresentação

Mais um livro que levamos gratuitamente aos nossos


leitores sob o patrocínio da MOUSER ELECTRONICS
(www.mouser.com). Trata-se de um livro publicado em 1986,
mas que aborda um assunto que ainda é atual para o caso de
recuperação e reparação de aparelhos antigos e mesmo alguns
modernos que usam componentes discretos. O livro é de uma
época em que reparar, não apenas era possível, como também
um bom negócio. Outros volumes desta série estarão disponíveis
para download grátis como continuação do tema. Na verdade,
podemos dizer que este é uma complementação dos demais que
formam uma coleção bastante interessante para quem gosta do
assunto. Fizemos algumas melhorias, alterações e atualizações ao
republicar esse trabalho, esperando que seja do agrado de nossos
leitores. A maioria dos conceitos apresentados ainda é ainda atual
e elas encontram aplicações práticas. Tudo depende dos recursos,
necessidade e imaginação de cada um. A maioria dos
componentes citados pode ser adquirida na Mouser Electronics
(www.mouser.com). Enfim, mais um presente que damos aos
nossos leitores que desejam enriquecer sua biblioteca técnica e
aprender muito, e sem gastos.

Newton C. Braga (*)

(*) Na época, por ter publicado o livro por uma segunda


editora, diferente daquela em que trabalhava, o autor usou
pseudônimo.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Apresentação da Edição Original

Como no 6º volume (Volume anterior da série),


procuraremos, de forma bastante didática e simples, ensinar, aos
que pretendem se tornar técnicos ou simplesmente gostam de
consertar seus próprios aparelhos, os principais procedimentos
que devem ser tomados na reparação dos principais aparelhos
eletrônicos.
Os aparelhos que abordamos, assim como os defeitos, são
dos mais comuns em nosso mercado e bem dentro da realidade
brasileira, portanto, o que significa uma facilidade total de
trabalho para os que pretendem entrar neste ramo.
Também, tendo em vista o poder aquisitivo limitado e a
impossibilidade da maioria de poder contar com equipamentos
sofisticados em qualquer tarefa de reparação, procuraremos ser
bem objetivos usando no máximo aparelhos de domínio geral
como o multímetro, o gerador de sinais ou então o injetor de
sinais.
Nesta edição, trataremos numa primeira parte de mais
usos para o multímetro, ensinando como utilizar este importante
instrumento na prova de novos componentes eletrônicos e na
realização de medidas que revelem estados anormais dos
aparelhos eletrônicos. Também explicaremos alguns pontos
importantes de medidas que afetam a precisão do instrumento
evitando-se assim interpretações erradas dos resultados.
Numa segunda parte, falaremos dos equipamentos de som
e de alguns dos principais defeitos que podem ser resolvidos sem
muito conhecimento e sem a necessidade de operações
complicadas ou o uso de instrumentos sofisticados. Estes defeitos
servem perfeitamente para iniciação dos leitores como técnicos.
Algumas “dicas” importantes sobre a instalação de caixas,
prova de divisores de frequência e circuitos de alto-falantes
permitirão que o leitor que pretende se fixar como técnico
também faça instalações de som, o que no caso de veículos é
uma atividade bastante lucrativa.
Finalmente, entramos num ramo que muitos dos leitores
mostram avidez de conhecimento, que é a televisão. (A televisão

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NEWTON C. BRAGA

abordada é a da época. A TV analógica com tubos de raios


catódicos (TRC) ou cinescópio já que a TV digital não existia
ainda.)
Explicando o princípio de funcionamento e também os
problemas de recepção, focalizaremos os principais
procedimentos na localização de falhas e os instrumentos que
devem ser usados. Defeitos mais comuns com sintomas e causas
são analisados, assim como é dada uma recomendação de
literatura que todo o técnico deve ter.
Enfim, com a reunião dos temas abordados nesta e na
outra edição, o leitor terá os elementos para sua iniciação como
técnico eletrônico, podendo, desde já, reparar aparelhos que vão
de rádios transistorizados de bolso até aparelhos de televisão.
É claro que existe muito mais por traz da atividade do
técnico do que poucos e simples livros poderiam abordar;
entretanto, damos a possibilidade da iniciação, iniciação que os
leitores das localidades afastadas têm dificuldades por diversos
motivos.
O que recomendamos apenas é que os que realmente
pretendem se tornar profissionais competentes não fiquem
apenas no que ensinamos e que procurem se aperfeiçoar com a
aquisição de obras certas, manuais e de todas as informações
que o seu trabalho vai exigir.

O Autor

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

MAIS USOS PARA O MULTÍMETRO

Introdução
O multímetro é o instrumento de maior utilidade em
qualquer oficina de reparação. Assim, conforme abordamos no 6º
volume, todo o técnico que se estabelece profissionalmente
precisa ter um de boa qualidade.
O multímetro ideal para os trabalhos de reparação deve
possuir pelo menos 3 escalas de corrente, 5 de tensões contínuas
e alternadas e pelo menos 3 escalas de resistências.

Nota: hoje contamos com os tipos digitais também a cus­


to acessível. No entanto, para certos testes e reparação
ainda é conveniente ter um bom multímetro analógico na
oficina.

A sensibilidade do multímetro ideal deve ser superior a


10.000 ohms por volt, e quanto maior for este valor, melhor será
a qualidade do instrumento.
Existem bons instrumentos, inclusive de fabricação
nacional, que podem ser adquiridos com as características
exigidas para um trabalho profissional. (figura 1)

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NEWTON C. BRAGA

O primeiro passo que todo o técnico deve dar ao conseguir


seu multímetro é aprender a usá-lo. Para isso, deve verificar em
seu manual todos os procedimentos para as diversas medidas.
Um ponto muito importante para garantir a integridade do
instrumento e procurar sempre saber o que vai medir.
Cuidado! Nunca confunda as unidades como tensão e
corrente, pois isso pode levar a sérios desastres.
Um desastre comum e a experiência que muitos técnicos
fazem de medir a “corrente“ da rede de alimentação, ligando as
pontas de prova diretamente na tomada com o instrumento
ajustado para a escala de mA (corrente).
Isso causa a queima instantânea do aparelho, pois na
rede o que temos e tensão e não corrente. A corrente é
estabelecida pela carga, que é o instrumento, e como sua
resistência é muito baixa na escala de mA a queima e imediata,
pois a corrente será muito alta.
Para medir a rede, ou seja, verificar se há tensão, a escala
usada é a de volts de corrente alternada (VCA), com fundo de
pelo menos 250. Assim, o valor 110 será 110 V ou 220 V,
conforme a rede.
Devemos então dar algumas noções iniciais sobre as
unidades elétricas que o multímetro mede e seus significados:
a) Volt: é a unidade de tensão, abreviada por V. A medida
de tensão é a mais realizada nos circuitos eletrônicos ligados,
sendo feita conforme mostra a figura 2.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Encontramos as pontas de prova entre os pontos em que


queremos saber a tensão ou diferença de potencial. Se a tensão
medida for continua, a polaridade das pontas de prova deve ser
observada. A ponta vermelha deve ser colocada no ponto de
tensão mais alto ou positivo.
A ponta preta vai ao ponto de menor potencial ou
negativo, que também pode ser o chassi do aparelho. Se a tensão
for alternada, não será preciso observar a polaridade. O
multímetro deve ser ajustado de acordo com a tensão medida.
b) Ohm: é a unidade de resistência, abreviada por .O
(ômega - Ω), que é uma letra do alfabeto grego.
A medida da resistência é feita sempre com o aparelho
desligado e a polaridade deve ser observada no caso de certos
componentes como diodos e transistores.
Com a medida da resistência normalmente se faz a prova
de componentes como os resistores, bobinas, capacitores,
transformadores, etc. Nos circuitos eletrônicos encontramos
resistências tão baixas como 1 ohm ou tão altas como
10.000.000 de ohms.
Na figura 3 mostramos como proceder para a medida de
uma resistência.

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NEWTON C. BRAGA

c) Ampère: é a unidade de corrente, abreviada por A. A


medida da corrente não é muito comum nos testes de aparelhos
eletrônicos, e a sua realização exige alguns cuidados especiais
como a interrupção do circuito, conforme mostra a figura 4.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Dificilmente se mede a corrente num componente de


circuito. O mais comum é a medida da corrente de fontes de
alimentação.

Medidas de corrente
A medida da corrente de uma fonte de alimentação, ou da
corrente de repouso de uma etapa de saída de um amplificador
de áudio e algo que o técnico deve saber fazer.
Para isso, deve ser usado o multímetro na escala
apropriada de corrente. Observamos que, de todas as medidas, a
que exige mais cuidados é justamente esta, pois qualquer
descuido leva à queima do multímetro.
O multímetro deve inicialmente ser colocado na escala
mais alta de corrente.
Depois, antes de ligá-lo ao aparelho, devemos fazer uma
prova isolado do equipamento no qual vamos medir a corrente
para saber se ele não está em curto.
Se ligarmos um amplificador e seus transistores de saída
aquecerem demais instantaneamente ou resistores fumegarem é
sinal que está havendo excesso de corrente em algum ponto. Se
tentarmos medir esta corrente ela pode causar a queima do
instrumento. (figura 5)

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NEWTON C. BRAGA

Uma vez constatada que a corrente está próxima do


normal, ou seja, não ha sina de curto ou excesso, podemos
pensar na sua medida.
Na figura 6 vemos o modo de ligação do multímetro na
escala de corrente em série com a alimentação de um
amplificador.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

O trimpot entre as bases dos transistores de saída deste


amplificador deve então ser ajustado para a corrente de repouso
recomendada pelo projetista. O ajuste deve ser feito com muito
cuidado para se evitar problemas com o multímetro.
Por segurança, um bom procedimento é a ligação em série
de um fusível rápido com a capacidade igual à do fundo da escala
do instrumento, ou seja, em torno de 500 mA.
Na figura 7 damos o procedimento para medir a corrente
de uma fonte de alimentação pequena, que alimenta uma certa
carga cuja corrente queremos saber.

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NEWTON C. BRAGA

É claro que antes você deve ter ideia da corrente que está
sendo fornecida pela fonte para que não haja perigo de
sobrecarregar o instrumento. Os multímetros comuns têm escalas
máximas de corrente em torno de 500 a 600 mA, o que está
abaixo do valor da corrente máxima de certas fontes.

Medida segura de correntes


Para os casos em que não temos certeza da intensidade da
corrente que queremos medir e ela pode atingir valor elevado,
acima de 1 A, existe um método seguro que protege de certo
modo o instrumento contra sobrecargas.
Este método consiste em se medir a tensão sobre um
resistor de valor conhecido e pela aplicação de uma fórmula
simples (lei de Ohm) calculamos a corrente.
Na figura 8 mostramos como isso deve ser feito.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

O resistor usado pode ser de 1 ohm no máximo, mas


valores como 0,1 ohm são recomendados se a fonte for de menos
de 12 volts.
A tolerância do resistor deve ser a mais baixa possível, 2%
ou 5% se possível, pois dela dependerá a precisão da medida.
O que fazemos então é medir a tensão sobre o resistor.
Para 1 ohm, cada volt medido vale 1 ampère, pois:

I = V/R e R=1 ohm

Para 0,1 ohm, cada 0,1 volt vale 1 ampère, pois:

I = V/R e R=0,1 ohm

Veja então que, com este procedimento, toda a corrente


praticamente circula pelo resistor, de modo que, se houver algum
problema de excesso de corrente, é este componente que vai
suportar e o multímetro fica mais seguro.
Colocando o multímetro na escala de 0-5 volts, por
exemplo, podemos medir correntes até 5 A.

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NEWTON C. BRAGA

Com relação à influência do resistor no circuito, para


apenas 1 A numa fonte de 20 volts, provoca uma queda de 1/20
ou 5% sendo esta a alteração provocada no circuito, a qual, para
efeitos práticos, não é significativa.
Vale mais a segurança do que a precisão absoluta neste
caso!

Medidas de alta tensão


Tensões acima de 400 volts são perigosas e exigem
cuidados especiais para a medida. Em especial temos as altas
tensões da ordem de 15 000 a 30 000 volts encontradas nos
tubos de imagem de televisores (TRC) que exigem procedimentos
muito cuidadosos na medida.
No caso de tensões entre 400 e 1200 volts, o principal
cuidado a ser tomado é com o isolamento das pontas, evitando-
se de qualquer modo, tocar em qualquer ponto de circuito
testado.
O multímetro deve ser ajustado para a escala
correspondente e a medida feita, conforme mostra a figura 9.

Neste tipo de medida deve ser considerado um fato


importante: altas tensões podem ser disponíveis de fontes de

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

baixa capacidade de corrente, o que significa uma resistência


interna elevada.
Deste modo, a ligação do instrumento significa a ligação
de uma resistência de carga que pode afetar a própria tensão
medida, levando-a a uma queda significativa.
Assim, num circuito, como o da figura 10, a ligação do
multímetro pode fazer com que a tensão real caia para bem
menos do valor esperado.

Se em aberto a tensão for de 600 V, com a ligação do


multímetro a tensão cairá para 200 ou 300 V e este será o valor
lido, dando uma falsa indicação de funcionamento anormal.
Devemos considerar este fato nas medidas de tensão de circuitos
de altas tensões e baixas correntes.
Para tensões muito elevadas, o principal problema
envolvido é o do isolamento. Por este motivo, existem pontas de
prova especiais de alta tensão, como a mostrada na figura 11,
que são usadas para medidas acima de 2 ou 3 000 volts.

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NEWTON C. BRAGA

Os que pretendem reparar televisores precisarão deste


tipo de ponta de prova para testes no circuito de deflexão que
trabalha com alta tensão.
Na medida de alta tensão o cuidado maior que o técnico
deve tomar é em relação a um possível contacto com o ponto
vivo do circuito, quando então uma descarga muito perigosa pode
ocorrer.

Multímetro como medidor de intensidade de


campo
Pequenos transmissores do tipo walk-talkie, transceptores
de PX, transmissores para faixa de radioamadores e de sistemas
de radiocontrole podem apresentar problemas de funcionamento
e, por isso, levados à sua oficina.
Como verificar se o sinal está sendo irradiado a partir de
um transmissor?
O multímetro, com pequenas adaptações, pode ser usado
para servir como medidor de intensidade de campo, ou seja, para
detectar sinais de radio numa ampla faixa de frequências.
Na figura 12 damos o modo de se fazer a ligação de dois
componentes externos ao multímetro que permitem sua utilização
como medidor de intensidade de campo.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

O diodo pode ser de qualquer tipo de germânio de uso


geral como 1N34, 1N60 ou equivalente. O choque de 1 mH pode
ser construído enrolando-se num pequeno bastão de ferrite umas
200 voltas de. fio esmaltado fino.
A ponta de prova vermelha servirá como antena devendo
ser aproximada da antena do aparelho em teste (evite encostá-
la).
A ponta preta, se o transmissor for potente, pode
simplesmente ficar solta na bancada, mas se o transmissor for
fraco, deve ser ligada a qualquer objeto em contato com a terra.
Se o transmissor estiver emitindo sinal, então a agulha do
multímetro se movimentará proporcionalmente.
Mantendo fixos, o multímetro e sua ponta de prova, este
instrumento pode ser usado para ajustes de maior rendimento
nos transmissores.
Outra aplicação do multímetro nesta configuração é na
determinação da eficiência de uma antena. Bastará aproximar a
ponta de prova da antena e verificar a deflexão da agulha. Com
transmissores potentes, a colocação da ponta de prova até a
alguns metros de distância já provoca movimentação da agulha.

Interpretando a sensibilidade do multímetro


Quando recomendamos um multímetro, normalmente
fazemos a especificação de sua sensibilidade em ohms por volt. O
que significa isso?

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NEWTON C. BRAGA

O instrumento quando usado na medida de tensões se


comporta como uma verdadeira resistência que é colocada em
paralelo com o circuito medido, conforme mostra a figura 13.

Se esta resistência for muito baixa, ela deriva corrente do


circuito, afetando seu equilíbrio e fazendo com que a tensão caia.
A tensão medida não é portanto a que realmente encontramos no
circuito em seu funcionamento normal, mas um pouco menor.
Temos então uma falsa medida, que de modo algum é
conveniente num instrumento.
Um multímetro deve, portanto, apresentar a maior
resistência possível.
Como na prática os multímetros são formados por um
instrumento de bobina móvel com resistências de diversos
valores em série, conforme a faixa de tensões que vamos medir,
para cada faixa de tensões, o instrumento apresenta uma
resistência diferente. (figura 14)

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Entretanto, observamos que, para todas as escalas, a


relação que existe entre a tensão máxima medida e a resistência
total é um valor fixo.
Podemos então indicar a sensibilidade do instrumento por
este valor fixo.
O valor é dado em ohms por volt (resistência que
apresenta o instrumento para certo número de volts de fundo de
escala) e deve ser o maior possível.
Assim, se o seu instrumento tem uma sensibilidade de
10.000 ohms por volts, isso significa que, quando você usa a
escala de 0-5 volts (qualquer que seja a tensão medida neste
intervalo), o instrumento representa uma resistência de 5 x
10.000 ohms : 50.000 ohms.
No uso da escala de 0-50 volts o instrumento representará
uma resistência de 500.000 ohms.
Veja então que, usando o multímetro na medida de
tensões num mesmo Circuito, mas com escalas diferentes, você
pode ter sensíveis diferenças de valores. Se isso acontecer é
porque a resistência interna do circuito analisado é muito alta e o
instrumento está influindo.

O multímetro eletrônico
Para trabalhos sérios, em que qualquer problema de
medida deva ser superado, não havendo influência sensível do

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NEWTON C. BRAGA

instrumento, o recomendado é o uso de um multímetro eletrônico


ou multímetro com FET (transistor de efeito de campo) na
entrada.
Tais multímetros utilizam uma etapa amplificadora na
entrada que leva um transistor de efeito de campo. O que
caracteriza tal componente é a sua elevada resistência de
entrada, tipicamente de 22.000.000 ohms, que passa a ser a
resistência de entrada do instrumento.
Com isso, passamos dos 10.000 ohms por volt, típicos de
um multímetro comum, para 22.000.000, em todas as escalas,
para um multímetro eletrônico.
Com a utilização do multímetro eletrônico, não
precisaremos mais nos preocupar com a influência do
instrumento no circuito analisado.
Entretanto, como tal aparelho usa um amplificador interno,
ele possui uma fonte de alimentação interna e alguns tipos são
mesmo alimentados pela rede local. São alguns destes
instrumentos tipicamente usados na bancada de serviço e não
são portáveis como os multímetros.

Ponte de Wheatstone
A medida de resistências é direta num multímetro, mas
podem haver casos em que a faixa de operação de multímetro
não atinja os valores que devem ser medidos.
Para a medida de resistências existe um circuito muito
importante que o técnico deve conhecer e que denomina-se
“Ponte de Wheatstone" em homenagem ao seu descobridor.
A configuração básica desta ponte é dada na figura 15.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Nesta configuração é mantida a relação:

R1/R2 = R3/R4

Quando isso acontece, a corrente que circula pelo


instrumento detector de nulo é zero. Nas outras condições, a
corrente e diferente de zero.
Veja então que, se R1 = R2, podemos ter R3=R4, no
equilíbrio da ponte, ou seja, quando a corrente no instrumento é
nula.
Assim, se R3 for um potenciômetro, e R4 for desconhecida
(Rx), podemos atuar sobre o potenciômetro até haver o
equ1librio da ponte, ou seja, quando o instrumento marcar zero.
Neste momento, podemos afirmar que a resistência
ajustada no potenciômetro é igual à resistência desconhecida
(R3: Rx). Calibrando o potenciômetro em termos de resistência
fica muito fácil a determinação de valores desconhecidos.
As pontes permitem a medida de resistências numa ampla
faixa de valores com muita precisão. Os técnicos que forem
trabalhar com medidas precisas de resistência deverão saber
como usar este útil recurso da eletrônica.
Além da ponte de Wheatstone existem outros tipos de
pontes que permitem a determinação da capacitância, indutância,
ou ambas em conjunto e que são usadas na prova de bobinas,
capacitores e muitos outros dispositivos eletrônicos.
No caso da ponte de Wheatstone a fonte de energia
externa é uma fonte de corrente contínua. Em pontes de

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NEWTON C. BRAGA

capacitâncias e indutâncias a fonte é um gerador de sinais,


conforme mostra figura 16.

O detector de nulo neste caso é um fone de ouvido ou


amplificador de áudio e a sensibilidade deste dispositivo é dada
pela sensibilidade na escuta do sinal de equilíbrio.

Identificando enrolamentos de transformadores


Transformadores de alimentação podem aparecer com fios
terminais dos enrolamentos sem identificação. Deste modo, fica
difícil visualmente para o técnico saber qual é o enrolamento
primário e qual é o secundário.
Se o transformador for de duas tensões também fica difícil
saber qual é a entrada de 110 V e 220 V.
Damos a seguir o modo de se fazer a identificação dos
enrolamentos de um transformador com a ajuda do multímetro.
O multímetro deve ser colocado numa escala baixa de resistência
(OHMS X10 ou OHMS X 100), e a prova é feita conforme mostra
a figura 17.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

No enrolamento primário, podemos identificar as tomadas


de 110 V e 220 V pela resistência, já que, entre os extremos,
para tensão de 220 V é medida uma resistência maior do que
entre os extremos do enrolamento de 110 V.
No caso do enrolamento secundário de baixa tensão, a
resistência apresentada é bem menor que a resistência do
enrolamento de alta tensão, conforme mostra a figura 18.

Como prova adicional podemos ter a de isolamento entre


os enrolamentos. A resistência entre qualquer terminal do
enrolamento de alta tensão e qualquer terminal do enrolamento
de baixa tensão deve ser maior que 10 M para um transformador
sem problemas de isolamento.

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NEWTON C. BRAGA

Se nas provas de enrolamentos a resistência medida for


infinita estaremos diante de um transformador com enrolamento
aberto.
Num transformador com diversas tomadas, como os tipos
de força usados em rádios antigos, podemos identificar em
progressão cada tomada, pela sua resistência. Do mesmo modo
que as tensões, as resistências medidas em relação ao 0 V estão
em progressão.
O mesmo procedimento para identificação de tomadas
também é válido para bobinas e choques de RF.
Em bobinas de baixas indutâncias, entretanto, a escala de
resistências usada deve ser OHMS X1, pois normalmente os
valores encontrados são pequenos. A resistência de um
enrolamento de bobina pode ser tão baixa que multímetros
comuns não conseguirão medi-la.
Neste caso também, uma medida de altíssima resistência
indica que o enrolamento está interrompido.

Verificação de fugas em capacitores


Capacitores com fugas são motivos de diversos tipos de
problemas em equipamentos eletrônicos.
Nos amplificadores a presença de um capacitor com fuga
pode causar distorções e perdas de rendimento.
Em circuitos de potência a presença de um capacitor com
fugas pode causar aquecimento excessivo e perda de rendimento.
Em circuitos pré-amplificadores de áudio e misturadores
um capacitor com fuga pode causar perda de rendimento e a
produção de ruídos.
Um capacitor com fuga é um capacitor em que o
isolamento entre as armaduras deixa de existir, passando a
circular uma pequena corrente que se torna problemática em
muitos circuitos.
Na figura 19 vemos que entre as placas de um capacitor
deve existir um isolamento perfeito.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

A presença de umidade ou ainda a produção de uma faísca


por excesso de tensão pode prejudicar o isolamento que passará
dar passagem à corrente.
Em condições normais, um capacitor apresenta uma
resistência muito alta, superior a centenas de megohms. Com a
fuga, essa resistência pode cair a menos de 1 M, e com isso o
capac1tor deixa de apresentar as propriedades exigidas pelo
circuito em que ele é usado.
Para verificar se um capacitor está com fuga, devemos
retirá-lo do circuito e usar o multímetro na sua escala mais alta
de resistência, conforme mostra a figura 20.

A resistência medida na prova, depois que o ponteiro


estabiliza, deve ser superior a 10 M para capacitores de poliéster,
óleo, cerâmica, até 1 uF.

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NEWTON C. BRAGA

Para capacitores eletrolíticos essa resistência deve ser


superior a 1M. Em alguns casos (fontes) até mesmo uma
resistência de 500 k ou pouco maior, em capacitores de filtro de
grande valor, é tolerada.
Se na prova da fuga de capacitores eletrolíticos de grande
valor, ou de outro tipo acima de 470 nF o ponteiro não fizer um
movimento oscilatório sensível antes de se estabilizar, então o
capacitor estará aberto, ou seja, a ligação dos terminais com as
placas está interrompida.
Nestas condições, o capacitor não poderá ser usado.
Se na prova, a resistência indicada for nula, então o
capacitor se encontra em curto, não podendo ser usado.

Medida de ganho de transistores


O ganho de um transistor (capacidade de amplificação)
conhecido como Beta é dado pela relação que existe entre a
corrente que obtemos no coletor e a corrente que a causa quando
aplicada à base, conforme mostra a figura 21.

Se a corrente a base de 1 mA causar uma corrente de


coletor de 100 mA então o ganho do transistor em corrente
contínua será de 100.

31
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Num lote de transistores de mesmo tipo (BC548, por


exemplo) podemos encontrar uma faixa muito grande de valores
(125 a 500), o que nos leva à necessidade, em certos projetos,
de fazer a medida.
De fato, se tivermos muitos transistores disponíveis, para
uma aplicação em que o ganho seja importante, será preciso
escolher aquele que o tenha em valor mais elevado.
O multímetro pode ser de grande utilidade na escolha de
um transistor com maior ganho num lote disponível.
Podemos fazer o teste com uma corrente de base de 0,5
mA, o que nos leva a correntes de coletor de 50 a 250 mA com
ganhos na faixa de 100 a 500, o que é bem apropriado para a
maioria dos tipos comuns e perfeitamente medido pelos
multímetros disponíveis.
Partimos então do circuito da figura 22.

O valor do resistor R1 depende justamente da corrente de


base. Supondo uma queda de 0,6 V na junção base- emissor,
temos que R1 pode ser calculado pela seguinte fórmula:

R1 = (V – V1)/I

Onde:
R1 em ohms

32
NEWTON C. BRAGA

V é a tensão de alimentação = 6 V
V1 é a tensão emissor/base = 0,6 V
I = é a corrente de base de 0,5 mA

Temos então:
R1 = (6 - 0,6)/0,5
R1 = 5,4/0,5
R1: 10,8 K ohms

Observe que obtemos o valor em quilohms, pois


trabalhamos com miliampères na fórmula.
Uma aproximação comercial seria usar um resistor de 10
k. Assim, com o circuito da figura 23, temos a seguinte leitura
para ganho de transistores NPN:

Para cada 50 mA de corrente lida no instrumento, temos


um ganho 100. (figura 24)

33
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Para transistores PNP basta inverter a polaridade da


alimentação e do multímetro.
Veja que podemos trabalhar com correntes menores, se o
transistor não suportar.
Assim, usando um resistor de 47 k temos que, para cada
10 mA de corrente temos Um ganho 100.
Um transistor que dê uma leitura de 22 mA, por exemplo,
terá um ganho aproximado de 220 vezes.
Para transistores de potência como os BDs a faixa de
ganhos é menor, situando-se tipicamente entre 10 e 50. (figura
25)

34
NEWTON C. BRAGA

Já para os transistores Darlington devem ser usados


resistores de valores bem mais altos, pois a faixa de ganho é
outra. De fato, teremos para um Darlington ganhos típicos na
faixa de 1 000 a 5 000. Para a prova destes, o resistor R1 deve
ser 470 e para cada 10 mA teremos um ganho 1000.
Outra prova que pode acompanhar o teste de ganho de
um transistor é o teste de fuga. Neste caso, bastará aplicar 6 V
entre o coletor e a base, conforme mostra a figura 26 e anotar a
corrente.
Esta corrente denominada ICEO deve ser inferior a 1 mA
em qualquer transistor. Quanto menor for esta corrente, menor é
a fuga.
Transistores danificados por aquecimento, sobrecarga,
podem apresentar esta corrente num valor não admitido para a
maioria das aplicações. Uma corrente intensa para esta prova
indica um transistor em curto.
O resistor de limitação ligado entre o coletor e a fonte é
justamente para limitar a corrente a valores seguros em caso do
transistor em prova estar em curto.
Com os testes indicados podemos medir o ganho de
praticamente qualquer tipo de transistor de silício com boa
precisão.

35
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Conclusão
E claro que muitas outras provas podem ainda ser feitas
com o multímetro.
A abordagem de todas as possíveis utilizações deste
instrumento poderá ser dada em outras obras, mas por enquanto
o leitor deve apenas concentrar-se no seu uso básico.
A prática poderá levá-lo a descobrir outras importantes
aplicações para seu multímetro, mas cuidado: tenha certeza do
que vai medir, pois erros podem levar à queima do instrumento,
de difícil reparação na maioria dos casos.
Lembramos também que, para a escala de resistências, o
multímetro utiliza uma bateria interna, a qual deve ser testada
antes de qualquer medida, através da união das pontas de prova
e zeramento no Zero Adj.
Se o Zero Adj não levar a agulha do instrumento a zero, é
sinal que a bateria precisa ser trocada.

36
NEWTON C. BRAGA

REPARAÇÃO DE AMPLIFICADORES E
EQUIPAMENTOS DE SOM

Introdução
Os aparelhos de som domésticos e também os de
automóveis são amplamente difundidos em todo o país e não raro
apresentam problemas que exigem a presença de um técnico
competente.
E claro que existem defeitos que exigem também o uso de
instrumentos próprios e técnicas especiais na localização, mas
também existem os problemas que podem ser sanados com
poucos recursos ou ate mesmo nenhum.
O técnico que dominar as técnicas de reparação de
equipamentos de som, especificamente os amplificadores e
demais equipamentos de som, pode ter nisso uma excelente
fonte de renda.
Basicamente são os seguintes os equipamentos de som
que o leitor poderá instalar e consertar:
- Aparelhos 3 em 1
- Toca-fitas de autos
- Gravadores cassete
- Equipamentos de conjuntos musicais
- Amplificadores
- Sintonizadores
- Tape-decks

Basicamente, a técnica de pesquisa de defeitos neste


aparelho não apresenta muita diferença e os equipamentos de
análise exigidos são os mesmos.
Também neste caso, damos como instrumento básico para
as provas o multímetro e além dele o injetor de sinais ou gerador
de áudio, e também o seguidor de sinais.
Se o leitor puder, deve também ter disponível em sua
bancada um amplificador pequeno (de l a 10 watts) para fazer
provas de transdutores ou mesmo retirar sinais de um
equipamento em análise.

37
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Outro recurso importante na bancada e uma fonte bem


filtrada de 12 volts com capacidade de corrente de pelo menos 5
ampères para a prova de rádios e toca-fitas de carros.
Na figura 27 damos um circuito de fonte para a bancada
que pode ser útil no trabalho de verificação de problemas em
equipamentos para autos.

O transformador tem enrolamento de 12 V x 5 A e os


diodos devem ser capazes de suportar 5 A.
O transistor 2N3055 deve ser montado num bom radiador
de calor e o diodo zener é de 13 a 15 V com 400 mW de potência.
Para a filtragem, o capacitor eletrolítico deve ser de pelo
menos 2 200 uF, ou 4 700 uF x 16V ou mais.
Veja que, quanto maior for o capacitor, menor será a
possibilidade de ocorrerem roncos durante a prova de
equipamentos de som.

Reparação de amplificadores
Amplificadores para automóveis são basicamente de dois
tipos: com transistores e com circuitos integrados na saída.

38
NEWTON C. BRAGA

Na figura 28 temos a diferença de configurações para os


dois casos.
As faixas de potência podem variar entre 10 ou 15 watts
até mais de 100 watts.

Com relação aos amplificadores potentes, acima de 50


watts, observamos que, em geral, as especificações dos

39
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

fabricantes não costumam ser reais. Se um amplificador exige


uma corrente de 10 A de seu carro com alimentação de 12 V,
então seu consumo de potência é de 120 watts. Como o
rendimento destes aparelhos costuma ser bem inferior a 100%
(não se pode criar energia) a potência real de um aparelho deste
tipo certamente será inferior a 100 watts. Pelo consumo,
podemos ter certeza da potência real fornecida por um
amplificador.
Para o caso de amplificadores com circuitos integrados, na
versão estéreo, temos dois canais independentes, conforme
mostra a figura 29.

O procedimento para a prova consiste então em injetar


sinais separadamente, primeiramente numa entrada e depois na
outra, observando-se sua reprodução.
Se um canal não funcionar então nele concentraremos a
nossa análise. 1

40
NEWTON C. BRAGA

Se ambos os canais não funcionarem, começamos por


verificar as tensões de alimentação. A ausência de tensão de
alimentação pode indicar que o fusível principal está queimado.
Para analisar um canal, injetamos o sinal no controle de
volume e verificamos se ocorre a reprodução normal do som no
alto-falante. Se o som for distorcido ou baixo em relação ao outro
canal, então verificamos se os componentes apresentam-se em
ordem. Resistores com sinais de estarem queimados ou
capacitores ruins podem indicar que alguma coisa aconteceu com
o integrado. Neste caso, ele deve ser substituído por um de
mesma marca e tipo.
A ligação do integrado é feita do seguinte modo:
Depois de retirar o integrado ruim, coloque o novo na
mesma posição.
Depois, com cuidado, fixe-o no radiador de calor
observando que pode existir um isolador de plástico ou mica
entre ambos. Se quiser melhorar a transferência de calor passe
no integrado e no radiador um pouco de pasta térmica.(figura 30)

41
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Outro problema que pode ser constatado com


amplificadores e o “arranhar” dos potenciômetros de volume.
Neste caso, eles devem ser limpos com bom solvente ou então
trocados por outro de mesmo valor.
Para os amplificadores que usam transistores, a
configuração mais comum é a mostrada na figura 31.

Nesta configuração são usados transistores


complementares, ou seja, um PNP e um NPN, de potência
montados em bons radiadores de calor, normalmente na parte
posterior do aparelho.
Num caso de problema com este tipo de amplificador, um
dos transistores ou os dois transistores podem queimar.
Se um dos transistores apenas queimar, o amplificador
ainda funciona, mas com volume reduzido e forte distorção. Já se
os dois queimarem, o canal fica mudo.
Para análise, devemos também injetar o sinal na entrada
do amplificador para verificar a reprodução.
A prova do transistor pode ser feita diretamente com o
multímetro, medindo-se as resistências entre seus terminais,
como mostra a figura 32.

42
NEWTON C. BRAGA

Uma resistência anormalmente baixa ou anormalmente,


alta num dos pontos pode indicar um transistor em curto ou um
transistor aberto.
Outra medida importante é a da tensão na união dos
emissores dos dois transistores de saída, conforme mostra a
figura 33.

No ponto indicado devemos ter aproximadamente metade


da tensão da fonte de alimentação. Num amplificador de carro,
onde a alimentação é tipicamente de 12 V, a tensão no ponto
indicado será de aproximadamente 6 V.

43
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Uma tensão anormalmente baixa pode indicar que o


transistor PNP está ruim, enquanto que uma tensão
anormalmente alta pode indicar que é o NPN que está em mau
estado.
Também devemos verificar os diodos reguladores e os
resistores de emissor.
Os resistores podem queimar quando os dois transistores
ou um dos transistores e o capacitor eletrolítico apresentarem
problemas. Isso pode ser constatado visualmente.
A prova do capacitor é simples e pode ser feita com a
ajuda do multímetro nas escalas apropriadas de resistências.
Temos finalmente o caso do transistor excitador (driver),
que ao queimar altera a polarização dos transistores de saída
levando-os a um comportamento anormal. Neste caso,
entretanto, a injeção de sinal na entrada do amplificador não leva
a saída alguma.
Finalmente, o técnico deve também pensar em provar
componentes secundários de polarização e acoplamento tais
como capacitores e resistores.
O melhor procedimento para análise é a medida de
tensões nos pontos principais do circuito.
Entretanto, para isso, será preciso conhecer as tensões
que são encontradas em todos os pontos.
O investimento na compra de um manual que possua o
diagrama dos principais aparelhos que se repara será
amplamente compensado pela facilidade em encontrar o defeito e
pela segurança.
Todo técnico deve possuir manuais de esquemas dos
principais aparelhos com que trabalha.
É claro que não será possível comprar todos os manuais
de aparelhos de uma vez só. Por isso, o ideal é pedir o manual
correspondente tão logo o aparelho seja levado a oficina, dando
assim tempo para sua chegada pelo correio, ou buscar nas
livrarias de grandes cidades próximas.
Os mesmos procedimentos são válidos em todos os tipos
de amplificadores de áudio cujas potências estejam na faixa de l
a 200 watts, pois em princípio, todos funcionam do mesmo modo.

44
NEWTON C. BRAGA

Usando o Injetor de Sinais


Sem dúvida, depois do multímetro, na análise de um
amplificador, o segundo instrumento em importância é o injetor
de sinais.
Na figura 34 temos a aparência e o diagrama de um
injetor de sinais típico que o leitor pode montar. (Se quiser, em
artigos do site desta série damos o projeto completo de um
injetor de sinais).

Este injetor consiste num simples oscilador do tipo


multivibrador que opera na faixa de áudio, em torno de 1 kHz
gerando um sinal de potência suficiente para excitar a maioria
das etapas dos amplificadores de áudio.
Apenas não se recomenda a injeção na etapa excitadora e
de saída de amplificadores de mais de 20 watts, pois neste caso,
ele não terá condições de fazer a excitação em níveis apropriados
a uma boa reprodução, mesmo num amplificador em bom estado.
O sinal do injetor é inicialmente aplicado à entrada do
amplificador, conforme mostra a figura 35.

45
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

A ponta de prova vai ao vivo da entrada (terminal de


volume do potenciômetro ou jaque de entrada).
A garra jacaré vai ao chassi ou negativo da fonte de
alimentação.
Num amplificador, podemos fazer a divisão por etapas,
conforme mostra a figura 36.

Começamos então por aplicar o sinal da entrada em


direção ao alto-falante.

46
NEWTON C. BRAGA

Se não houver reprodução, passamos à etapa seguinte,


que é a de pré-amplificação e assim por diante até o ponto em
que ocorre o funcionamento normal do aparelho.
Quando isso acontecer, a etapa anterior é certamente a
causa do problema, devendo ser analisada.
Outro procedimento consiste em se injetar o sinal da etapa
de saída em direção à entrada. No ponto em que deixa de haver
a reprodução do sinal, teremos chegado à etapa que apresenta
problemas.
Para usar o injetor de sinais em outros equipamentos de
áudio, o procedimento é semelhante.
Lembramos que gravadores, tape-decks, misturadores,
equalizadores, são todos formados por circuitos amplificadores de
áudio em sua base.
Nos aparelhos em que não houver amplificação de
potência, como tape-decks, deve ser usado um circuito externo
para monitorar a prova, daí sugerirmos que todo técnico deve
dispor de um amplificador de prova de boa qualidade, não se
preocupando em última análise com sua potência.
Lembramos também que aparelhos estereofônicos são
formados por dois canais independentes de funcionamento na
amplificação de sinais.
Assim, a operação de apenas um dos canais já é Um
indicativo que o problema se encontra na parte de amplificação.
O não funcionamento dos dois canais é sintoma que uma etapa
comum se encontra com problemas como, por exemplo, a fonte
de alimentação.
A injeção de sinais em cada etapa de áudio deve ser feita
nos pontos indicados na figura 37.

47
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Injetamos os sinais na base e no coletor de cada


transistor, eventualmente emissor se a configuração é a de
coletor comum.

Medida da potência de um amplificador


Conforme já alertamos os leitores, muitos fabricantes não
especificam de modo correto a potência de seus, amplificadores,
levados pela falsa crença que muitos têm, de que um
amplificador e tanto melhor quanto mais potente, o que não é
verdade. A qualidade de um amplificador é dada pela sua
fidelidade na reprodução. A potência depende apenas do tamanho
do ambiente que se pretende encher de som.
Se você compra um amplificador de 100 watts, mas nunca
abre o volume totalmente então você não está utilizando os 100
watts por que pagou muito dinheiro, certamente. É um
desperdício de dinheiro.
A medida da potência real (RMS) de um amplificador pode
ser feita com boa precisão utilizando-se o multímetro no circuito
que é mostrado na figura 38.

48
NEWTON C. BRAGA

Injetamos um sinal de 400 Hz ou, na falta deste, até


mesmo de 1 kHz de um injetor, na entrada do amplificador e na
saída ligamos uma “carga fantasma" que consiste num resistor de
aproximadamente 10 ohms de fio, com potência maior do que a
do amplificador.
Abrimos todo o volume do amplificador e medimos a
tensão AC (AC VOLTS) anotando o valor. Deveremos fazer esta
operação em poucos instantes, para não deixar que o resistor se
aqueça.
A potência do amplificador será dada então por:

P=V2/R

Onde:
V é a tensão medida e 10 é a resistência usada na prova.

Se, por exemplo, medirmos uma tensão de 20 volts nesta


prova, então a potência do amplificador será:
P = (20 x 20)/10
P = 400/10
P = 40 watts

Esta potência é RMS. Para obter a potência IHF basta


multiplicar o valor por 1,4. Um amplificador de 100 watts RMS
tem 140 watts IHF.
Observamos que um amplificador que fornece uma
determinada potência na carga de 10 ohms, terá uma potência

49
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

maior com carga de 4 ou 8 ohms. A prova pode também ser feita


com uma resistência de carga de 4 ohms. Neste caso, a fórmula
para cálculo da potência será:

P = V2/4

Suponhamos que a tensão medida num amplificador nesta


prova seja de 8 volts.
O amplificador terá então:
P = (8 x 8)/4
P = 64/4
P = 16 watts

Veja que, se for realizada uma prova com carga de 4 ohms


num amplificador que tenha uma carga mínima de 4 ohms, pode
haver problema de sobrecarga com a queima de componentes do
aparelho. Cuidado, portanto!
A potência real de um amplificador também pode ser
avaliada pela sua tensão de operação e corrente máxima de
consumo.
Assim, se um amplificador tem uma alimentação de 12 V e
uma corrente de pico de 10 ampères, sua potência de pico
consumida será de 120 watts. Certamente ele não poderá ter
uma potência real maior que este valor!
Pelo consumo de corrente de um amplificador, que já
aprendemos a medir com o multímetro, também podemos ter
uma ideia de sua potência.
Basta multiplicar a tensão pela corrente e ter a potência
consumida, que é superior à potência real. Podemos então
estabelecer valores limites para a potência e saber se um
fabricante está ou não mentindo quanto a esta característica de
seu aparelho.
Com relação à prova feita com alto-falantes, ela nem
sempre é recomendada, quer pelo “barulho”, quer seja pela
impossibilidade que o técnico tem em certos casos de dispor de
caixas que suportem a potência total dos aparelhos que estão
sendo testados.
Uma caixa acústica deve ser sempre capaz de suportar
uma potência igual ou maior que a do amplificador em teste.

50
NEWTON C. BRAGA

O gerador de áudio
Diferentemente do injetor de sinais, o gerador de áudio é
um instrumento mais completo, pois produz frequências
específicas numa ampla faixa de valores, sendo por isso de
grande importância na bancada de todo o técnico que trabalha
com equipamentos de som.
Na figura 39 temos o aspecto de um gerador de áudio
típico, que pode cobrir a faixa de frequências que vai dos 10 Hz
aos 100 000 Hz.

Muitos geradores de áudio disponíveis no comércio podem


produzir tanto sinais de prova senoidais como retangulares.

Nota: hoje temos os geradores de funções que produzem


sinais numa ampla faixa de frequências e com diversas
formas de onda.

O sinal senoidal, em especial, é o recomendado para se


verificar a linearidade de resposta de um amplificador de áudio,
quando analisado em conjunto com um osciloscópio.
O gerador de áudio possui ainda controles de intensidades
para os sinais.

51
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

O uso do gerador de áudio se faz de modo semelhante ao


de um injetor de sinais, com a diferença de que, sendo conhecida
a intensidade de seu sinal de saída, ele deve ser aplicado
normalmente na entrada do amplificador.
A partir deste sinal podemos estudar o comportamento do
amplificador, verificando sua curva de resposta, as potências para
diversas frequências e eventuais distorções.
Anotando a intensidade do sinal de saída numa carga
resistiva, para toda a faixa de frequências de Operação do
amplificador, excitando-o com sinal de intensidade constante,
podemos levantar a curva de resposta do aparelho, conforme
sugere a figura 40.

A curva de resposta nos dá a qualidade de um


amplificador, pois nos revela a fidelidade com que ele pode
responder a todos os sons de frequências que ouvimos.
Ponto importante no uso do gerador de sinal é a precisão
com que podemos obter sinais de determinadas frequências, o
que é muito importante em trabalho de ajustes.

52
NEWTON C. BRAGA

Levantando a curva de resposta de um alto-


falante
Com o gerador de áudio, um amplificador, que não precisa
ter potência além de 10 watts podemos, ainda com o multímetro,
levantar a curva da resposta de um alto-falante e até determinar
sua frequência de ressonância.
O circuito é mostrado na figura 41, em que temos ainda,
como componente adicional, um resistor de carga de
aproximadamente 10 ohms x 5 watts.

O procedimento é o seguinte: devemos partir de uma


frequência em torno de 20 Hz com o gerador, e o amplificador
num volume que excite convenientemente o alto-falante, a ponto
de podermos medir uma certa tensão em seus terminais (AC
Volts).
Desse ponto em diante marcamos as tensões no alto-
falante em pontos como: 50 Hz, 100 Hz 200 Hz, 300 Hz, 500 Hz,
800 Hz, 1 kHz, 1 500 Hz, 2 kHz, 2,5 kHz 3 kHz e 5 kHz.
Colocando os valores num gráfico, obtemos uma curva como
mostra a figura 42.

53
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Podemos ver, neste caso, que o ponto em que a tensão


medida é máxima corresponde à ressonância do alto-falante, e
que o ponto em que a tensão é mínima temos a máxima
impedância.
O conhecimento destas duas frequências é muito
importante nos projetos de caixas acústicas.
Veja também que, para um mesmo alto-falante, temos
pontos diferentes de ressonância, fora e dentro de um recinto
acústico. Isso deve ser levado em conta em muitas aplicações
práticas.
Também podemos usar este tipo de procedimento para
analisar a curva de resposta de filtros do tipo crossover.
O ponto em que começa a ocorrer a atenuação do sinal
pode ser facilmente identificado pela queda de tensão no
multímetro.
O gerador deve produzir sinal senoidal neste tipo de prova,
para que os resultados tenham a precisão desejada.

Prova de alto-falantes de alta fidelidade


Com um amplificador de boa qualidade, cujas
características sejam conhecidas, e além disso o gerador de
áudio, a prova de alto-falantes de alta-fidelidade pode ser feita.
Esta prova consiste simplesmente no levantamento de sua
curva de resposta e na determinação da frequência de

54
NEWTON C. BRAGA

ressonância. O alto-falante pode também ser provado em sua


própria caixa acústica caso em que teremos já o seu
comportamento final.
Veja que nunca podemos aplicar potência total num alto-
falante fora de sua caixa. O excesso de potência, nestas
condições, pode danificar o alto-falante totalmente.

Teste de crossover
Filtros divisores de frequências, como o da figura 43,
podem ser testados com a ajuda de um gerador de áudio e de um
bom amplificador, além de resistores de carga.

A ligação do equipamento é feita conforme mostra a figura


44.

55
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Os resistores devem ser de fio e a prova deve ser feita em


baixo volume, com uma potência entre 5 e 10 watts, para que
não haja perigo de sobrecargas.
O que fazemos inicialmente é usar o gerador na faixa dos
10 aos 500 Hz e verificar o ponto em que a leitura do multímetro
na escala de tensões alternadas (AC Volts) cai. Neste ponto
temos a frequência de transição de graves para médios.
Depois ligamos o mesmo multímetro, na mesma escala, na
saída do mid-range e varremos a faixa de 100 Hz aos 2 000 Hz. O
ponto em que começa a subida da tensão deve ser o mesmo em
que tivemos a caída no teste anterior.
O outro ponto, em que temos nova queda de tensão, é a
transição de médios para agudos. (figura 45)

Passamos em seguida para a saída de agudos (tweeter) e


varremos a faixa de 1 000 Hz aos 5 000 Hz. O ponto em que

56
NEWTON C. BRAGA

começa a subida de tensão indica o início da faixa de agudos do


crossover.
O mesmo procedimento pode ser usado no caso de teste
de crossovers ativos ou equalizadores.
Neste caso, a ligação dos diversos equipamentos é feita
conforme mostra a figura 46.

Veja que, se num teste de oficina um crossover não indicar


subida de tensão onde ela é esperada, isso pode significar
bobinas interrompidas ou capacitores abertos.
Excesso de potência ou curtos acidentais podem ser a
causa de danos internos a um filtro divisor de frequência.
A reparação nem sempre é possível, mas em geral a
solução é a troca dos componentes danificados, se forem os
capacitores ou o enrolamento das bobinas, se forem elas a causa
do problema.
Nos filtros em que existem potenciômetros (que são mais
raros) estes são tipos de fio, que podem sofrer problemas de
sobrecarga com a interrupção do seu elemento resistivo. Neste
caso, a única solução é a troca do componente.
O mesmo tipo de análise também é válida para filtros de
dois canais caso em que teremos dois pontos de subida e um
ponto de transição, conforme a curva característica mostrada na
figura 47.

57
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Veja que, em nenhum dos testes recomendamos a ligação


dos alto-falantes, pois estes apresentam pontos de ressonância
que afetam as medidas. Por este motivo é que nos levantamentos
de características sempre preferimos a utilização de resistores de
fios que são cargas que apresentam uma característica de
impedância constante, independente da frequência de prova.
A excitação do amplificador usado na prova deve ser feita
com sinal senoidal de intensidade constante. A curva de resposta
do amplificador deve ser conhecida para melhor segurança na
interpretação dos resultados.

Problemas de aterramento
A rede de alimentação pode induzir roncos nos aparelhos
de som. Para se evitar a indução desses roncos, os aparelhos
devem ser aterrados. A própria caixa, geralmente de metal, serve
como blindagem, evitando que os sinais induzidos pela rede
cheguem aos sensíveis circuitos eletrônicos internos.
O aterramento normalmente é feito aproveitando-se um
dos polos da rede de alimentação (neutro) que tem conexão
elétrica com a terra.
Entretanto, se tivermos diversos aparelhos de som
interligados, os aterramentos feitos em polos diferentes da rede,
ou pequenas resistências internas aos circuitos podem provocar a
indução de roncos e ate o aparecimento de distorções.
Para se evitar o problema de roncos em aparelhos de som
existem diversos procedimentos.
a) O primeiro consiste em encontrar a posição da tomada
ideal para que não ocorra a indução. Num aparelho simples de
som, como gravadores, e até mesmo pequenos receptores de FM

58
NEWTON C. BRAGA

alimentados por eliminadores de pilhas, a rotação da tomada em


180 graus (meia volta) pode ajudar na redução do nível de ronco.
(figura 48)

Nota: nas tomadas modernas, em que já existe um ter­


ceiro terminal de terra este procedimento não é possível.

b) Um segundo procedimento pode ser a colocação de um


capacitor na fonte de alimentação, conforme mostra a figura 49.

Este capacitor deve ser de poliéster ou cerâmico, com


tensão de trabalho de pelo menos 450 V.
c) Nos aparelhos interligados (módulos de som) existem
bornes de conexão à terra, conforme mostra a figura 50, os quais
devem ser interligados por meio de cabo apropriado.

59
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

A ausência desta interligação ou um problema de mau


contato pode levar o aparelho de som a perda de rendimento,
distorções, e até mesmo ao aparecimento de roncos na ausência
de sinal (zumbidos).
d) Cabos de passagem de sinais, como os que interligam
os aparelhos e os que são ligados ao braço do toca-discos,
também podem ser motivo de problemas de captação de
zumbidos.
A malha externa destes cabos deve fazer contato com o
chassi ou massa do aparelho via o jaque de entrada, conforme
mostra a figura 51.

Num jaque RCA ou do tipo P2 a malha é ligada ao conector


externo de modo a fazer contato com a massa ou terra. Se esta

60
NEWTON C. BRAGA

ligação apresentar problemas ou for invertida, ocorre então a


produção de roncos.

Captação de estações
Aparelhos de som sensíveis ou mesmo tape-decks podem
captar estações de rádio mais próximas e, portanto, potentes. Os
Sinais de rádio entram pelos cabos de conexão dos aparelhos ou
mesmo pelos circuitos de entrada e são amplificados, juntamente
com o sinal desejado.
Colocando o aparelho em médio volume sem sinal de
entrada, a estação pode ser ouvida em volume que depende da
gravidade do problema.
Para eliminar este problema existem diversas alternativas.
Uma delas consiste na ligação de um capacitor cujo valor estará
entre 1 nF e 10 nF na entrada da etapa mais sensível do
aparelho, onde se constata a entrada do sinal, interferente,
conforme mostra a figura 52.

Uma verificação das blindagens também é um bom


procedimento para este caso.
A ligação longa de cabos de fonocaptores de toca-discos
ou mesmo de cabeças de gravadores, sem o aterramento
conveniente da blindagem pode levar à captação dos sinais.
Um reforço no aterramento ou a própria blindagem do
aparelho pode ser a solução para os casos mais graves em que
este problema se manifestar. Normalmente, o problema se

61
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

manifesta com maior intensidade com estações da faixa de ondas


médias.

Recepção de FM
Muitos locais estão sujeitos a problemas de recepção de
Sinais de FM. Se o leitor mora em locais em que existam estações
potentes e próximas, certamente não terá muitos problemas de
recepção.
Entretanto, se em suas localidades não existirem estações,
devendo os Sinais serem captados de localidades a mais de 40
km, então os problemas podem começar.
Sinais muito fracos impedem o acionamento do
decodificador estéreo e até mesmo o aparecimento de chiados ou
ruídos que se sobrepõem ao som.
Para estes casos temos as seguintes soluções:
a) Deve ser usada uma antena externa apropriada
apontada para a localidade de onde o sinal dever ser captado. Em
alguns casos, pode ser aproveitada a própria antena de TV
através de um divisor de sinais conforme mostra a figura 53.

Este divisor pode ser mostrado numa caixinha e o seu


único inconveniente é que não permite a utilização simultânea do
aparelho de TV e do receptor de FM. O aparelho de FM interferirá
na imagem do televisor, fazendo com que apareçam linhas
onduladas.

62
NEWTON C. BRAGA

b) Pode ser usada uma antena interna bem localizada, que


consiste em dois fios abertos de aproximadamente 1,5 metro
cada, conforme mostra a figura 54.

Esta antena é ligada ao receptor de FM por meio de fios


paralelos e deve ficar numa parede bem longe de objetos
metálicos que possam causar interferências.
Não se recomenda, nos casos citados, o uso de booster ou
pré-amplificadores de antena, pois eles podem também amplificar
os ruídos.
A utilização de um pré-amplificador de antena deve ser
acompanhada de experiências que evidenciem sua conveniência.
c) Se a antena for externa e os problemas de recepção
ainda ocorrerem, uma tentativa de melhoria consiste em se
mudar no telhado a posição desta antena. Pode ocorrer que
obstáculos estejam atrapalhando a recepção e às vezes um
simples deslocamento de alguns metros resolve o problema.
O técnico que vai instalar um equipamento de som
também deve estar preparado para instalar sua antena.
Para a recepção local existem duas alternativas:
a) A simples utilização de um “rabicho”, ou seja, um
pedaço de fio preso aos terminais de antena na parte posterior do
aparelho. Este fio deve permanecer esticado ou caído e pode ser
suficiente para recepção de estações fortes locais.
Depois de instalar tal antena, o técnico deve verificar se a
recepção de todas as estações locais está sendo feita de forma
conveniente. Se o aparelho de som possuir um VU-meter, este
instrumento deve ser utilizado para avaliação da intensidade do

63
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

sinal recebido. Uma estação em condições boas de recepção deve


levar o ponteiro a sair do zero.
b) Outro tipo de antena que pode ser usado para a
recepção de estações locais fortes é a antena interna de TV, do
tipo de duas varetas, conforme mostra a figura 55.

Esta antena poderá ficar sobre o próprio aparelho de som


ou em um móvel próximo, utilizando-se para isso cabo paralelo
de comprimento apropriado.
A orientação desta antena deve ser feita de modo que seu
plano fique perpendicular à direção de onde vem os sinais da
estação captada.
Como as estações de uma localidade podem ter posições
diferentes, é preciso orientar o usuário do aparelho para a
necessidade de se movimentar a antena no sentido de encontrar
a melhor posição de recepção, caso os sinais não sejam ouvidos
de maneira clara.
c) Este mesmo tipo de antena de TV interna também pode
ser usada com rádios de FM de carros que sejam usados em casa,
com fontes de alimentação de 12 V, caso não se disponha em sua
caixa de adaptação de uma antena telescópica simples.
O procedimento para a ligação da antena é um pouco
diferente neste caso: o cabo paralelo tem dois fios: um deles
deve ser ligado ao pino externo do conector e o outro ao interno,
conforme mostra a figura 56.

64
NEWTON C. BRAGA

Nota: este tipo de cabo paralelo de 300 ohms não é mais


fabricado. Deve ser usado o cabo coaxial com conector
apropriado conforme o receptor.

Fantasmas em FM: na recepção de sinais de TV,, reflexões


em objetos de metal causam problemas de imagens duplas. E o
que ocorre quando existem torres de metal, prédios e até mesmo
montanhas.
Em FM, o problema do fantasma é menos evidente, mas
pode causar o aparecimento de pequenas distorções.
A mudança de posição da antena no telhado ou mesmo
numa casa resolve o problema.

d) Recepção interna: a solução de problemas de recepção


em locais de sinais fracos admite algumas soluções interessantes.
Se você usa antena interna para seu FM e a recepção da sua
estação predileta é feita com certa dificuldade, mesmo com a
mudança de posição das varetas, às vezes seu deslocamento
para outro ponto da casa, mesmo apenas de um ou dois metros,
pode resolver. (figura 57)

65
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

O que ocorre é que, estando na frente de uma coluna com


estrutura metálica interna, há uma dificuldade de chegada do
sinal e com isso a recepção fica prejudicada. Às vezes, o simples
deslocamento de um ou dois metros já é suficiente para
desimpedir a passagem do sinal e a recepção Se torna muito
melhor.
Um bom técnico instalador e reparador de aparelhos de
som deve conhecer estes problemas para saná-los e evitá-los.
Quando um cliente pede para ajudá-lo na instalação de um
aparelho de som, ou para resolver um problema de recepção
todos estes fatos precisam ser conhecidos pelo técnico.
Veja que às vezes fica muito mal para o técnico “receitar”
uma cara antena externa de difícil instalação no telhado, quando
um simples deslocamento de um ou dois metros da antena
interna já existente resolve o problema. Até mesmo a simples
mudança de posição do aparelho na casa pode ajudar a encontrar
um ponto em que a recepção dos sinais seja muito melhor.

66
NEWTON C. BRAGA

Os problemas de interferências já são menos graves no


FM, pois este tipo de recepção é mais imune a ruídos de motores
e lâmpadas fluorescentes. Quando isso acontecer, ou é porque o
sinal recebido é muito fraco, ou então porque realmente a
interferência é suficientemente forte para que sua eliminação
deva ser estudada.

67
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

REPARAÇÃO DE TELEVISORES

Introdução

Nota: conforme explicamos, este livro é de 1986, época


em que haviam apenas televisores analógicos com cines­
cópios. Assim, os procedimentos dados a seguir só são
válidos para este tipo de aparelho. São importantes se o
leitor pretende recuperar um velho televisor deste tipo.

Para a reparação de aparelhos de TV, tanto em branco e


preto como em cores, além de um bom preparo que pode ser
gradativo, o leitor que pretende se tornar técnico, precisa de um
equipamento mínimo de teste, que na medida do possível deve
ser ampliado para se ter maior eficiência.
Este equipamento pode ser inicialmente um bom
multímetro com uma sensibilidade de pelo menos 20 000 ohms
por volt DC e escalas de tensões contínuas até 1000 volts ou
mais.
Posteriormente o leitor pode adquirir um bom gerador de
barras ou convergência, um gerador de RF, culminando com o
osciloscópio que é o equipamento mais útil (e também mais caro)
que o bom técnico terá na oficina. (figura 1)

68
NEWTON C. BRAGA

O uso de um osciloscópio na TV reparação não é simples


exigindo normalmente muita prática e estudo, mas com o tempo
todos os leitores que pretendem profissionalizar-se chegam lá.
A reparação de TV hoje em dia é bem diferente do que
ocorria há alguns anos atrás quando todos os televisores eram
valvulados.
Hoje os televisores em sua maioria são transistorizados e
empregam mesmo muitos circuitos integrados não havendo pois
um procedimento geral para o reparo.
Fazemos então o seguinte tipo de distinção entre os
televisores que o leitor poderá ter de reparar:
a) Televisores antigos valvulados : neste, cada função é
basicamente exercida por uma válvula que normalmente é o
centro do problema que o aparelho apresenta. Uma vez
identificado o defeito, a simples troca da válvula é meio caminho
para a reparação. Nestes televisores, o reparo é, portanto, muito
simples bastando que o técnico possua um bom estoque de
válvulas novas de tipos mais comuns e, além disso, um provador.

69
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

b) Televisores modernos com transistores e circuitos


integrados nestes as configurações básicas ou etapas diferem de
modelo para modelo, o que exige do técnico uma análise do
esquema antes de tentar o reparo. Para cada tipo de televisor os
componentes que podem apresentar problemas com um mesmo
sintoma são diferentes. Não existe meio, portanto, de se fazer um
procedimento geral, já que cada televisor é um problema
diferente.
Levando em conta este fato em relação aos televisores
modernos, para facilitar o aprendizado dos primeiros passos,
damos alguns defeitos comuns que são tomados como exemplo
num televisor de determinada marca e modelo. Escolhemos os
modelos que levam o chassi TV 396 da Philco, e que podem ser
encontrados com relativa facilidade em nosso país.
Na figura 2 temos o diagrama esquemático do aparelho
estudado.

Na figura 3 temos o aspecto do chassi com a identificação


dos principais componentes.

70
NEWTON C. BRAGA

Figura 3

Não focalizaremos neste trabalho todos os defeitos


possíveis, pois existem muitos que são imprevisíveis.
Não queremos dizer também que os defeitos focalizados
sejam inerentes a qualquer tipo de falha de projeto do televisor,
já que se trata de receptor de TV de qualidade comprovada. O
que ocorre que um televisor falha é imprevisível, podendo
basicamente der devido a:
- Sobrecargas por variações da tensão da rede
- Envelhecimento natural de certos componentes
- Absorção de umidade ou ferrugem
- Manuseio descuidado do aparelho
- Funcionamento em local impróprio
- Descargas elétricas ou transientes que se propagam pelo
cabo de antena ou pela própria rede.

Defeitos
Os defeitos são analisados em função do sintoma, ou seja,
em função do que acontece com o televisor como por exemplo
falta de imagem, falta de som, a imagem corre, etc.
a) A tela fica escura com apenas um traço horizontal
(figura 4)

71
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Com os sintomas indicados devemos verificar a presença


do sinal de Sincronismo vertical e também a operação do
oscilador vertical e saída vertical.
Na figura 5 temos o circuito do televisor tomado como
base, mostrando apenas a etapa suspeita.

Em primeiro lugar deve ser verificada a presença do sinal


de sincronismo no ponto 8 do circuito. Uma tensão da ordem de
0,6 V indica que o transistor T405 está em bom estado. No seu
coletor a tensão deve ser de 11,2V.
Uma tensão anormalmente baixa indica que este transistor
tem problemas.

72
NEWTON C. BRAGA

Deve também ser verificado o transistor T404, medindo-se


a tensão no seu emissor que deve ser de 11,6 volts e no coletor
que deve ser de 28 V. Tensões anormais indicam que este
tran51stor se apresentar com problemas.
O diodo D402, o resistor R428 e o capacitor eletrolítico
C423 também devem ser verificados.
O capacitor C431 é outro componente importante no
circuito de deflexão.
Se o sinal não estiver presente já nas bases dos dois
transistores, então o problema pode ser mais grave com a
necessidade de troca do integrado IC401.
Não deixe também de verificar a continuidade da bobina
defletora vertical assim como o estado dos componentes
associados.
Se o leitor já dispuser de um osciloscópio deve observar a
forma de onda do sincronismo vertical na base T405 que é um
sinal como mostra a figura 6.

A ausência de tensão em todos os pontos da etapa deve


levar o técnico a analisar o setor da fonte que alimenta esta parte
do aparelho.
Os transistores T404 e T405 de saída vertical normalmente
trabalham em condições de potência, o que significa que é muito
importante que estejam montados em dissipadores de boa
capacidade.
O superaquecimento de um destes transistores é
normalmente causa do defeito apresentado. Na troca por outro do
mesmo tipo que tenha se queimado, às vezes pode ser necessário
utilizar tipos que suportem maior tensão que o original por

73
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

medida de precaução. Isso evita que ocorra a queima em curto


espaço de tempo após o reparo.
Outro bom procedimento recomendado neste tipo de
reparação e a troca dos dois transistores mesmo que se constate
que apenas um tenha queimado, isso porque, no instante em que
ocorre o problema com um, o outro pode sofrer pequena
sobrecarga, insuficiente para danificá-lo. mas suficiente para
alterar suas características predispondo-o à queima. Troca-se um
e o outro que estava bom se queima voltando o defeito.

Falta de sincronismo vertical


A imagem corre constantemente no sentido vertical, ou
seja, a imagem “roda" conforme sugere a figura 7.

A etapa a ser analisada é a mesma do defeito anterior, ou


seja, o sincronismo vertical.
Se a imagem corre, provavelmente os transistores de
deflexão estão bons, pois a tela está “aberta”, mas o pulso de
sincronismo é que está ausente.
Devemos procurar o pulso a partir do pino 2 do integrado
IC401, onde deve ser medida uma tensão de 1,6 volts. (figura 8)

74
NEWTON C. BRAGA

Uma tensão anormal indica problemas com o integrado


que deve ser substituído.
Devemos depois analisar o transistor T401 e os
componentes a sua volta. Medimos as tensões, devendo ser
encontrada uma tensão de 1,27 volts no coletor e 12 volts na
base. O + B deste transistor após R402A é de 12 V.
No coletor do transistor T401, o pulso de sincronismo
(ponto 4) tem uma amplitude que chega aos 15 Vpp, mas para
perceber sua presença o melhor instrumento é o osciloscópio.
Componentes associados como resistores e capacitores
devem ser verificados, pois estes podem abrir, entrar em curto ou
sofrer alterações de valores que são responsáveis pelo problema
da falta de sinal de sincronismo que faz a imagem correr.

Falta de altura vertical


Conforme mostra a figura 9, a imagem fica “estreita", ou
seja, forma-se uma faixa na tela do televisor onde a imagem
concentra-se sobreposta (dobrada)

75
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Neste caso também o problema deve ser causado por


deficiência na saída vertical em torno de T404 e T405.
As tensões nestes transistores, segundo mostra o
diagrama da figura 9 devem ser medidas, com especial atenção
para a intensidade do sinal que excita suas bases.
Alterações de ganho devido a sobreaquecimento, fugas em
capacitores ou resistores alterados podem “matar” o sinal
impedindo-o de ter a intensidade suficiente para uma deflexão
total.
A intensidade do sinal no integrado também é importante,
pois pode ser causa do problema.
Tensões anormalmente baixas na etapa indicam problemas
com a fonte que também deve ser verificada.
Veja também as tensões nos pinos 3 e 4 do integrado que
devem estar de acordo com o indicado no diagrama.
Finalmente, se o leitor tiver um osciloscópio deve analisar
a forma de onda no ponto 9 que deve ter uma amplitude de 27
Vpp. O +B desta etapa, conforme indicado no diagrama deve ser
de 28 V.

Falta de Imagem
A falta de imagem num televisor, ou seja, a tela
totalmente escura nos leva a suspeitar de problemas na etapa de
saída de vídeo.

76
NEWTON C. BRAGA

Na figura 10 temos o circuito típico desta etapa no


televisor TV936 da Philco que serve de exemplo para nossa
análise.

Verifique em primeiro lugar o estado do transistor T701,


medindo a tensão no seu coletor que deve ser de 85 V
aproximadamente e no seu emissor de 5V. Na base a tensão deve
ser da ordem de 5,3 volts.
Verifique depois a presença do sinal de vídeo na saída do
integrado no pino 2 onde deve haver uma tensão de 4,6 volts.
Se o leitor tiver osciloscópio pode encontrar neste ponto
um sinal em forma de escada descendente com 2 V de amplitude
pico-a-pico.
Os componentes associados a este problema que também
devem ser verificados são os capacitores C233, C225 , C705 e
C706. Os resistores são R220, R701, R702, R710, R708.
O potenciômetro P701 e componentes associados também
devem ser eventualmente analisados, pois ele é responsável pelo
contraste.
Lembramos novamente que a ausência de tensão de +B
na etapa é indicativo de problema com a fonte. Assim, antes de
qualquer análise sempre veja se o setor de alimentação da etapa
suspeita está funcionando bem.
Neste defeito, por exemplo, em que temos somente a falta
de imagem, pois o som é normal, supõe-se já que a fonte esteja
em boas condições, pois caso contrário não haveria alimentação
também para o setor de som que não poderia funcionar.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Falta de som
Evidentemente, a falta de som indica problemas com a
etapa de áudio que no caso do televisor tomado como exemplo é
realizada totalmente pelo integrado IC301, conforme mostra a
figura 11.

O leitor deve então medir as tensões nos pinos do


integrado conforme os valores mostrados no diagrama. Deve
também verificar se o sinal no detector está presente. O detector
é o integrado IC201, vindo o sinal de áudio via pino 3, onde deve
ser encontrada uma tensão de 6 volts.
Veja que, no caso do integrado estar com problemas não
há meio de reparação pela simples troca de componentes. O
próprio integrado deve ser substituído não sem antes ser feita
uma verificação em resistores e capacitores próximos que podem
estar alterados ou em curto.
Se o problema for de volume arranhando o potenciômetro
de volume pode ser causa de problema devendo ser limpo ou
substituído.

78
NEWTON C. BRAGA

Falta de som e imagem


Estando a alimentação das etapas em ordem, mas
faltando som e imagem, o problema provavelmente tem origem
no canal de FI de vídeo e som que deve ser analisado.
Na figura 12 temos o circuito para o televisor tomado
como exemplo, caso em que a parte ativa é exercida pelo
integrado IC201.

Verifique inicialmente as tensões no transistor T701 que


deve ter 10,7 volts no coletor, 2,5 volts no emissor e 3,2 volts na
base.
Depois meça as tensões na saída do integrado onde
devem estar presentes os sinais de vídeo e som separados, isso
nos pinos 2 e 20.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

No pino 2 deve ser encontrada uma tensão de 4,6 volts e


com o osc1loscoplo pode-se observar o sinal de vídeo de 2 volts
de amplitude pico-a-pico.
No pino 20 observamos o mesmo sinal que terá uma
amplitude menor, de 1,8 V pico-a-pico.
Bobinas e capacitores além de resistores nesta etapa
devem ser analisados.
No diagrama encontramos as demais tensões que devem
ser encontradas no circuito integrado responsável pela
amplificação intermediária.

Imagem sem contraste


Uma imagem sem contraste é uma imagem com “névoa”
em que não ha partes escuras e claras bem diferenciadas.
Na figura 13 temos o diagrama do setor de saída de vídeo
e pré-amplificador de vídeo que é onde provavelmente está o
problema que causa a falta de contraste.

Meça inicialmente a tensão no transistor T701 e depois


verifique se o sinal de vídeo está presente no circuito integrado
IC201 (pino 2) acompanhando todo seu percurso até o catodo do
tubo de imagem.

80
NEWTON C. BRAGA

Se o televisor for velho, a falta de contraste pode ser


devido a um “tubo cansado”. Existem recursos para “reativar" por
algum tempo o tubo com a aplicação de tensões maiores de
filamento, caso em que um transformador é utilizado. O certo,
entretanto, em caso de tubos cansados é fazer sua, substituição.

Flutuação da imagem
A flutuação da imagem, ou seja, ela entorta, distorce e
não se fixa, deve-se principalmente a problemas com o CAG.
No circuito tomado como exemplo a linha de CAG sai do
pino 12 do integrado IC201, conforme mostra a figura 14.

Meça a tensão nesta linha verificando o estado de R210 e


do capacitor C211 que pode estar aberto, em curto ou mesmo
com fugas.
Nos televisores transistorizados é comum encontrarmos
um ajuste de CAG que pode estar fora do ponto ideal de
funcionamento, deve ser verificado, assim como diversos
componentes associados tais como transistores, resistores.
O importante é que, em cada circuito o leitor saiba
identificar a etapa que deve ser analisada como causa de um
provável problema.

81
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

No circuito indicado de CAG o capacitor C203 também


deve ser verificado, pois pode ser a causa do problema.

Falta de sincronismo horizontal


A imagem fica “torta” conforme mostra a figura 15.

Pelo diagrama da figura 16 vemos que o setor responsável


pelo Sincronismo horizontal centraliza-se em IC401.

O primeiro passo na análise do circuito é verificar a


presença do- sinal de sincronismo no pino 10 de IC401 ou então
na base de T402.

82
NEWTON C. BRAGA

Se o sinal estiver presente, devemos suspeitar do próprio


transistor T402, verificando se ele está em boas condições. Para
isso devemos medir as tensões em seus terminais.
Na base devemos encontrar 0,33 volts, no emissor O volt,
dispensando medida por estar aterrado e finalmente no coletor 97
V.
Perceba o leitor que este é um transistor de potência que
trabalha em um bom radiador de calor, excitando T403 que é a
saída final de alta potência para o transformador TR402.
Se o transistor T403 estiver em boas condições, passamos
a T403 que e de alta potência e alta tensão.
Na base devemos encontrar - 0,2 volts, no coletor a forma
de onda consiste num pico de 800 volts de amplitude.
Se encontrar alguma anormalidade, antes de trocar o
transistor verifique os componentes associados como por
exemplo D403, R429,R426, L402, FR401 que funciona como uma
proteção, queimando-se em caso de curto no transistor.
O +B desta etapa é de 110 volts. No setor de MAT é
preciso ter muito cuidado ao fazer a análise, utilizando-se a ponta
de alta tensão do multímetro.
Meça todas as altas tensões da etapa de acordo com o
indicado no diagrama, já que a ausência de uma delas indica o
problema constatado.
Na ausência do pulso de sincronismo logo na saída de
IC401, a única alternativa para a reparação é a sua substituição.

Conclusão
Conforme o leitor já deve ter percebido, a análise de
defeitos é relativamente simples a partir do momento em que se
consiga estabelecer qual a etapa a ser analisada em função do
defeito.
Podemos então dar um roteiro geral para. os leitores que
pretendem X se aprofundar na reparação de televisores:
Roteiro:
- Ligar o televisor e verificar o que acontece com a
imagem e o som
- Associar o sintoma à etapa que pode causá-lo ou mais de
uma etapa se for o caso.

83
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

- Medir tensões na etapa suspeita


Testar componentes da etapa suspeita
- Trocar os componentes que estiverem com problemas
- Analisemos este roteiro em pormenores:

Sintoma:
O sintoma é o que ocorre com o som ou imagem de um
televisor que não funciona direito.
Um televisor que não tenha som, que tenha uma imagem
distorcida ou que não para de rodar, evidentemente é um
televisor com problemas.
O sintoma indica que alguma etapa está com problema e
que, portanto, o televisor precisa de reparação.
Verificando-se se o televisor não está com algum problema
mais simples como, por exemplo, ligado em tensão errada, com
os controles desregulados ou com problema de antena, o técnico
deve procurar a origem do problema no próprio circuito interno.

Causa:
Conhecendo o princípio de funcionamento do televisor
podemos facilmente associar o sintoma a etapa que o causa.
Assim, se o problema é som, evidentemente o técnico não
vai medir os componentes da saída de vídeo ou do sincronismo.
Por outro lado, se o problema é de imagem que roda, um
caso de falta de sincronismo vertical, o técnico não vai analisar as
etapas de FI ou de som.

Medidas e testes:
E evidente que para a realização de medidas e testes o
técnico precisa ter não somente um instrumento apropriado
(multímetro) como também saber exatamente onde realizar esta
medida.
Assim é muito importante para o técnico profissional ter
coleções de diagramas dos aparelhos que vão a sua oficina para
reparo.
Estas coleções podem ser adquiridas com certa facilidade e
constituem-se num excelente investimento para o reparador que
poderá recuperá-lo facilmente pelo tempo reduzido com que
chegará aos efeitos dos aparelhos.

84
NEWTON C. BRAGA

Nota: na época haviam esquematecas e publicações es­


pecializadas. Hoje são raras e em caso de necessidade po­
de-se apelar para a Internet.

Chegando a conclusão que o problema se deve a esta ou


aquela etapa o técnico deve abrir o diagrama do aparelho e
analisar a etapa correspondente do aparelho com defeito.
Verificando o percurso do sinal e identificando os
componentes ativos como transistores, válvulas ou circuitos
integrados deve começar medindo as tensões nos principais
pontos.
Anormalidades de tensão podem ser devidas não só ao
componente que apresenta problemas como também a
componentes associados como capacitores, resistores, diodos,
bobinas, transformadores, etc.
Os bons diagramas de televisores trazem normalmente as
tensões que devem ser medidas nos pontos mais críticos.
Anormalidades destas tensões são o primeiro indicativo
que está próxima a origem do problema.

Troca de componentes:
Na medida do possível a troca de um componente deve ser
feita sempre pelo original. Evite usar equivalentes.
Se não houver possibilidade de utilizar um do mesmo tipo,
certifique-se que o equivalente escolhido tenha características
iguais ou melhores que o original.
Feita a troca experimente o televisor e refaça os ajustes,
pois as diferenças de características de um componente
substituído podem exigir retoques diversos nos principais ajustes.
Quando trocar resistores utilize unidades de mesma
dissipação que as originais ou, na sua falta, um pouco maior,
exceto componentes que funcionem como fusíveis. Existem
resistores de fio em televisores que têm por função também
servir de elementos de proteção. Estes resistores não devem ser
substituídos por equivalentes de maior dissipação. Se estes
resistores queimarem com frequência isso é sinal de que existem
problemas no próprio circuito cuja origem deve ser investigada.

85
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Para os capacitores, a troca deve ser feita sempre por


unidades de mesmo valor e tensões de trabalho iguais ou maiores
que as originais.
Evite mudar de tipo de capacitor, ou seja, substituindo um
de poliéster por um cerâmico, ou vice-versa, pois isso pode
causar problemas de funcionamento ao televisor, principalmente
nos setores que operam com sinais de frequências elevadas.

Precauções:
No interior de um televisor encontramos pontos com
tensões bastante elevadas perigosas, portanto, colocando em
risco a própria vida do técnico descuidado.
Assim, ao mexer num televisor para a investigação dos
circuitos sempre o faça com o máximo de cuidado não
encostando em qualquer parte que possa causar choques.
Tenha uma bancada isolada com qualquer tipo de material
que não seja o metal e nunca trabalhe descalço.
Alimente o televisor que está sendo reparado por uma
tomada com disjuntor ou fusível de proteção.
Quando for realizar a troca de componentes desligue a
alimentação do televisor e espere um pouco até que capacitores
eletrolíticos se descarreguem, principalmente os da fonte.
Não trabalhe num televisor ligado a antena externa em
dias de tempestade.
Tenha sempre ferramentas próprias para cada tipo de
trabalho. Não tente improvisar ferramentas, pois elas podem
danificar ainda mais o televisor que está sendo reparado.
Finalmente lembre-se: nenhum defeito é impossível de ser
reparado.
Analisando o circuito, e tendo calma, o leitor chegará à
origem.
Os defeitos mais difíceis são os de natureza intermitentes,
ou seja, aqueles que ocorrem somente em determinados
instantes. Um exemplo é o caso de um televisor que funciona por
alguns minutos ou mesmo horas e depois para repentinamente
sem explicações. Quando desligamos o televisor e o ligamos
novamente depois de certo tempo ele funciona normalmente.
Este tipo de defeito só pode ser descoberto deixando o
televisor ligado na oficina até que ele se manifeste e na hora da

86
NEWTON C. BRAGA

manifestação o técnico deve correr para tentar descobri-lo.


Componentes superaquecidos, interrupções de placa de circuito
impresso ou ainda capacitores podem ser a causa. O aquecimento
dilata-os e provoca a interrupção da corrente.

87
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

GERADOR DE ÁUDIO CMOS

A nossa montagem é de um utilíssimo equipamento de


prova, principalmente para os leitores que trabalham na
montagem ajuste e reparação de aparelhos de áudio. Trata-se de
um gerador de áudio que produz três formas de onda, retangular,
triangular e senoidal, um verdadeiro gerador de funções capaz de
cobrir a gama que vai de 20 Hz a 200 000 Hz.
Com apenas um circuito integrado e alimentado por uma
tensão de 4,5 V ele fornece um sinal de 2 V de amplitude, o
suficiente para a maioria das provas de equipamentos.
Pelas características deste instrumento de prova os
leitores podem ter uma ideia melhor de sua versatilidade.

Características:
Tensão de alimentação: 4,5V
Amplitude de saída: 0 a 2V
Faixas de frequências: 20 a 200 Hz
200 a 2000 Hz
2000 à 20 000 Hz
20 000 à 200 000 Hz
Formas de onda: senoidal – triangular – retangular
Ajustes: simetria e intensidade
Número de circuitos integrados: 1

A base do circuito é um integrado CMOS 4049 que consta


de 6 inversores que podem ser usados como osciladores.
Os leitores poderão empregar este gerador de áudio ou de
funções com as mais diversas finalidades.

Como Funciona
Quatro dos seis inversores são usados na parte osciladora,
onde a frequência de operação é dada tanto pela posição do
potenciômetro de 100 k no circuito de realimentação como pelo

88
NEWTON C. BRAGA

capacitor que é colocado no circuito por uma chave de 1 polo x 4


posições.
Com a escolha de valores apropriados podemos varrer as
4 faixas Citadas nas características.
O potenciômetro de 1M serve de ajuste de simetria para a
forma de onda retangular principalmente, de modo que sua
duração seja igual à separação.
Os outros dois inversores são usados para amplificar o
sinal cuja forma de onda é selecionada por uma chave
comutadora de 1 polo x 3 posições.
Além da amplificação destes dois inversores temos um
transistor que, na configuração de coletor comum, fornece a um
potenciômetro de 1 k um sinal de baixa impedância com boa
intensidade. Neste potenciômetro e que ajustamos a intensidade
do sinal de saída.

Montagem
O diagrama completo do aparelho é mostrado na figura 1.

89
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Como utilizamos um circuito integrado CMOS DIL de 16


pinos é preciso realizar esta montagem numa placa de circuito
impresso cujo desenho em tamanho natural é mostrado na figura
2.

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NEWTON C. BRAGA

91
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Nesta mesma figura temos as ligações dos componentes


externos que são a chave comutadora de faixas, os
potenciômetros de controle de frequência e saída, e a fonte de
alimentação formada por 3 pilhas ligadas em série.
Como não se encontra facilmente um suporte de 3 pilhas,
o que recomendamos é empregar um de 4 pilhas e colocar a
quarta pilha em curto, fazendo uso de uma unidade gasta,
conforme mostra a figura 3.

Esta quarta pilha funcionará como uma ponte


simplesmente de modo a possibilitar o uso do suporte.
Na montagem do integrado CMOS observe a sua posição.
Este integrado é muito sensível a descargas estáticas devendo,
portanto, ser evitado o seu manuseio direto. Somente na hora de
fazer sua soldagem é que o leitor deve retirá-lo da esponja
condutora em que ele tem os terminais espetados.
O uso de um soquete garante maior segurança para este
componente.
Os resistores podem ser de 1/8 ou ¼ W com os valores
indicados na lista de material.

92
NEWTON C. BRAGA

Os diodos são de uso geral 1N4148 exceto o OA9O que é


de germânio.
Na montagem tome cuidado para não inverter nem diodos
nem capacitores eletrolíticos.
Na figura 4 damos uma sugestão de caixa, observando-se
a utilização de uma escala de intensidade para a saída e uma
escala de frequência.

Para a chave comutadora será interessante fazer a


marcação das formas de onda obtidas.
Os potenciômetros são lineares e os capacitores
eletrolíticos devem ter uma tensão de trabalho de pelo menos 6
V. Os demais capacitores tanto podem ser de poliéster como
cerâmica.

Provando e usando o gerador


Terminando a montagem confira tudo, e se achar que o
aparelho está em ordem ligue a alimentação.
A saída pode ser acoplada experimentalmente a entrada
de um amplificador, como mostra a figura 5.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Usamos um cabo com garras para facilitar as ligações do


gerador no aparelho em prova.
Abrindo o volume do amplificador, ajustando o volume
(intensidade) do gerador e selecionando frequências entre 20 e
20.000 Hz devemos ter sua reprodução no alto-falante.
Mudando de forma de onda notaremos isso sob a variação
ligeira do timbre.
Se o leitor puder observar as formas de onda num
osciloscópio poderá fazer o ajuste de simetria. Em princípio basta
deixar o potenciômetro ou trimpot de 47k na posição média.
Para usar o aparelho tenha em mente que seu sinal tem
uma impedância da ordem de 1 k e intensidade máxima de 0 a 2
V.

Lista de Material
CI-1 - 4049 - circuito integrado CMOS
Q1 - BC-548 ou equivalente - transistor de uso geral
D1, D2, D3 - 1N4148 - diodos de silício
D4 - OA90 - diodo de germânio
P1 – 100 k - potenciômetro linear
P2 - 47k - potenciômetro linear
P3 – 1 M - potenciômetro linear
P4 – 1 k - potenciômetro linear
S1 - 1 polo x 4 posições - chave rotativa
S2 - 1 polo x 3 posições - chave rotativa
C1 - 150 pF - capacitor cerâmico
C2. - 1n5 - capacitor cerâmico
C3 - 15 nF - capacitor cerâmico

94
NEWTON C. BRAGA

C4 - 150 nF - capacitor cerâmico


C5 - 3p9 - capacitor cerâmico
C6 - 3p3 - Capacitor cerâmico
C7, C8, C9, C10 - 100 uF .- capacitores eletrolíticos
R1 – 47 k x 1/8 W - resistor (amarelo, violeta, laranja)
R2 – 33 k x 1/8 W - resistor (laranja, laranja, laranja)
R3 - R4 - R10 – 100 k x 1/8 W – resistores (marrom, pre­
to, amarelo)
R5 – 82 k x 1/8 W - resistor (cinza, vermelho, laranja)
R6 – 10 k - 1/8 W - resistor (marrom, preto, laranja)
R7 – 180 k x 1/8 W - resistor (marrom, cinza, amarelo)
R8 – 10 k x 1/8 W - resistor (marrom, preto, laranja)
R9 – 39 k x 1/8 W - resistor (laranja, branco, amarelo)
R12 – 56 k x 1/8 W - resistor (verde, azul, laranja)
Diversos: placa de circuito impresso, jaque de saída, fios,
suporte para integrado, suporte para pilhas, caixa para
montagem, etc.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

GERADOR DE FORMAS DE ONDA

A montagem que descrevemos, para o técnico reparador,


foi de um simples, porém eficiente, gerador de sinais capaz de
produzir três formas de ondas: senoidal, triangular e retangular.
Como usar cada uma das formas de ondas, o que significam estas
formas de onda e como interpretar os resultados
Sabemos que a maioria dos experimentadores não sabem
exatamente o significado de cada um dos sinais que podem ser
gerados e como usá-los na reparação em geral, por isso
dedicamos esta parte final do nosso livro a considerações sobre o
uso especificamente de um gerador de funções como o que
montamos.

Formas de onda
A maioria dos circuitos eletrônicos trabalha com sinais que
correspondem a correntes alternadas de diversas frequenc1as.
Por um sinal entendemos uma corrente que varie periodicamente
de intensidade mudando, por exemplo, de polaridade em
intervalos regulares.
Se abrirmos e fecharmos um interruptor rapidamente, de
modo a termos tensões produzidas em intervalos regulares num
circuito de carga, conforme ilustra a figura 1, estaremos gerando
um sinal.

Figura 1

96
NEWTON C. BRAGA

As características de um sinal podem ser dadas de


diversas formas:
a) A frequência, que é o número de vezes em cada
segundo em que os valores de tensão ou corrente se repetem. No
caso da chave tomada como exemplo, a frequência será dada
pelo número de vezes em cada segundo que a fechamos (ou
abrimos).
b) A forma de onda que é mais importante, no nosso caso,
pois diz de que modo a corrente ou a tensão variam num
determinado intervalo de tempo considerado.
Para entender melhor o que vem a ser a forma de onda,
será interessante também definirmos o que vem a ser período e
um ciclo do sinal.
No caso de um interruptor que abre e fecha, se partimos
do instante inicial em que ele está aberto, e depois o fecharmos,
quando o abrirmos novamente teremos completado um c1clo de
sua operação.
Fechando novamente este interruptor o ciclo se repete e
assim indefinidamente enquanto atuarmos sobre ele.
Representando por um gráfico o que ocorre com a tensão
aplicada no circuito de carga formado por um resistor R, vemos
que num ciclo temos duas situações:
Fase inicial em que a tensão na carga é nula.
Fase final em que a tensão é máxima.
A subida da tensão na carga de zero para o valor máximo
pode ser considerada instantânea. Veja a figura 2.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Observando a figura que o gráfico forma vemos que ela se


assemelha ao degrau de uma escada com uma transição rápida
de o até o máximo.
Se representarmos diversos ciclos em seguida, conforme
mostra a figura 3, teremos um “retrato” desta forma de onda
peculiar que representa variações rápidas da corrente ou tensão
em R.

Esta forma de onda é denominada “retangular", pois os


ciclos têm este formato geométrico na sua representação.
E interessante observar que a corrente que corresponde a
um sinal deste tipo fisicamente não tem nada de retangular, pois
nem sequer tem forma definida. Trata-se de um fluxo de elétrons

98
NEWTON C. BRAGA

que não tem massa perceptível e nem pode ser visto, daí não
poder ser definida a forma.
O nome dado a este tipo de corrente que tem variações
bruscas vem da sua representação gráfica que, conforme vimos,
é correspondente a retângulos.
Na figura 4 temos um tipo de forma em que os intervalos
são maiores que os pulsos em sua duração.

Esta também é uma forma de onda retangular.


Vamos supor agora um outro tipo de corrente que também
corresponde a um sinal.
Imaginemos uma espira de fio condutor que corta num
movimento circular as linhas de força de um campo magnético,
conforme mostra a figura 5.

O que temos nesta estrutura é um gerador de corrente


alternada que gera um tipo de sinal muito especial. Quando a

99
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

espira gira e entra no campo magnético, cortando as linhas de


força, é induzida uma tensão que cresce suavemente de valor até
atingir o máximo a 1/4 da volta completa.
A partir deste ponto, a tensão gerada em suavemente até
atingir novamente o ponto mínimo (zero) em 1/2 volta.
Continuando com o movimento, a tensão novamente
aumenta suavemente de valor, mas como o movimento agora
corta as linhas de força no sentido contrário, a tensão é negativa.
A 3/4 de volta a tensão negativa atinge seu ponto máximo, para
cair novamente a zero na volta completa.
Se representarmos a tensão gerada por este movimento
da espira num gráfico, teremos uma curva suave, conforme
mostra a figura 6.

Esta curva pode ser expressa por uma função matemática


denominada senóide que atribui um valor a cada ângulo da volta.
Dizemos então que a forma de onda desta corrente é senoidal.
A corrente alternada que obtemos na tomada de força de
nossas casas tem forma de onda senoidal, pois os geradores que
as produzem operam segundo o mesmo princípio da espira que
tomamos como exemplo.
É claro que a corrente em sí, nada tem de senoidal, pois
ela não pode ser vista, mas sua representação leva a uma figura
que é uma senóide, daí dizermos que a forma de onda
corresponde à senóide.
A frequência da corrente alternada da rede é 60 hertz (60
ciclos em cada segundo), mas os circuitos eletrônicos trabalham

100
NEWTON C. BRAGA

com frequências de sinais senoidais que podem chegar a


centenas de milhões de hertz.
Para gerar formas de ondas senoidais ou retangulares não
precisamos ter obrigatoriamente chaves ou espirais cortando
campos magnéticos. Circu1tos eletrônicos podem fazê-lo com
facilidade.
Finalmente, temos uma terceira forma de onda que
corresponde a variações de tensão que sobem e descem
linearmente, conforme mostra a representação gráfica da figura
7.

Esta forma de onda é denominada triangular, também pelo


fato de sua representação lembrar a superposição de triângulos
de diversos tipos.
Quando aplicamos sinais de formas de ondas diferentes
nos circuitos, dependendo de sua natureza eles não reagem do
mesmo modo. Cada tipo de sinal tem suas características
próprias em relação a um circuito, o que faz com que devamos
escolher de modo apropriado qual usar, quando utilizarmos, por
exemplo, um gerador de funções.
O que caracteriza cada tipo de sinal será visto a seguir:

Sinal senoidal
O sinal senoidal corresponde a uma oscilação pura, ou
seja, uma oscilação que ocorre naturalmente. Se fizermos um
corpo vibrar, um pêndulo balançar ou um circuito eletrônico

101
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

formado por uma bobina e um capacitor entrar em oscilação, a


representação desta oscilação será uma senóide, conforme a
figura 8.

A senóide corresponde ao tipo de oscilação que ocorre da


maneira mais suave possível, ou seja, àquela que tende a ocorrer
naturalmente. Os sons puros têm formas de ondas senoidais
como, por exemplo, o produzido por um diapasão, usado na
afinação de instrumentos.
Na figura 9 damos um exemplo de circuito eletrônico que
pode produzir um sinal senoidal.

102
NEWTON C. BRAGA

Uma característica importante de um sinal senoidal puro é


que ele está presente numa única frequência, ou seja, na forma
fundamental.
O que ocorre é que, quando um sinal não puro é
produzido, frequências de valores múltiplos também aparecem,
conforme ilustra a figura 10.

103
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Estas frequências são denominadas “harmônicas” e


correspondem ao dobro, ao triplo, ao quádruplo da frequência
fundamental.
Quando queremos trabalhar com filtros, circuitos que
devam operar numa única frequência, a forma de onda utilizada é
a senoidal.
Assim, na prova de circuitos deste tipo devemos usar
sinais senoidais, o mesmo ocorrendo com um amplificador
quando quisermos verificar sua reprodução de um sinal de uma
única frequência.

104
NEWTON C. BRAGA

Sinal retangular
Segundo Fourier, podemos produzir qualquer tipo de sinal
a partir da combinação em proporções adequadas de sinais
senoidais e suas harmônicas.
Assim, um sinal retangular pode ser conseguido pela
superposição de um sinal senoidal com diversas de suas
harmônicas, conforme sugere a figura 11.

Tanto isso é válido que a recíproca é verdadeira: um sinal


retangular possui grande quantidade de harmônicas que se
estendem em uma faixa infinita de valores.
Assim, um sinal retangular não é puro, mas composto de
uma grande quantidade de harmônicas que cobrem um espectro
relativamente amplo. Intensidade relativa
Na prática, por exemplo, gerando um sinal retangular de 1
kHz podemos ter tantas harmônicas que sua presença se fará
sensível mesmo em frequências tão altas como 10 ou 20 MHz.
Na figura 12 temos uma ideia do espectro coberto por um
sinal retangular de 1 kHz.

105
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Nota: na realidade esta curva é formada por pulsos que


correspondem as harmônicas de um sinal fundamental até
20 MHz.

Esta grande quantidade de harmônicas é que faz com que


os circuitos de injetores de sinais operem com formas de ondas
retangulares preferivelmente.
Na figura 13 temos um circuito de injetor de sinais
bastante simples que o leitor pode montar para suas provas de
bancada.

106
NEWTON C. BRAGA

Os transistores são de uso geral (BC548 ou equivalentes)


e os resistores são de 1/8 ou 1/4 de watts, conforme sua
disponibilidade.
Os capacitores determinam a frequência fundamental do
sinal produzido que pode estar em torno de 1 kHz para maioria
das aplicações práticas.
Instalado num tubo de PVC e alimentado por uma única
pilha este circuito serve não só para provas em circuitos de áudio
(quando se aproveita a frequência fundamental) como também
para provas em circuitos de RF quando se aproveitam as
frequências harmônicas, veja a figura 14.

O nosso gerador de sinais pode ser usado na forma de


onda retangular com a mesma finalidade que um injetor.
Usaremos esta forma de onda para excitar circuitos de RF,
com frequências bem acima dos limites previstos para o
oscilador. A presença de grande quantidade de harmônicas
permite que até circuitos de FM sejam analisados com o gerador
que fundamentalmente opere numa faixa de áudio.
Para usar o gerador como injetor, é bastante simples:
basta aplicar o sinal na entrada da etapa que se deseja analisar,
sempre lembrando que a intensidade do sinal para as harmônicas
decai à medida que sua frequência aumenta. Assim, se temos
alguns volts no fundamental, nas harmônicas os sinais podem ter
apenas alguns milivolts ou mesmo microvolts.
Outra aplicação para os sinais retangulares é na prova de
circuitos lógicos digitais.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Estes circuitos operam com dois níveis de tensão 0 e 5 V


para os TTL e , O e Vcc onde Vcc é a tensão de alimentação, para
os CMOS.
A velocidade de operação destes circuitos pode superar os
10 MHz, o que implica na produção ou recepção de sinais
retangulares destas frequências.
Um gerador de sinais retangulares pode, pois, ser usado
para provar estes circuitos.
Entretanto, para a utilização de um gerador nestas
condições é preciso que o nível de sinal de saída seja
perfeitamente conhecido.
Se o sinal estiver abaixo de certo limite de valor, não
haverá excitação do circuito em prova e se for superior a tensão
de alimentação corre-se o risco de danificar o circuito em prova.
A utilização de um sinal retangular na prova de
amplificadores de áudio e circuitos semelhantes exige a presença
de um osciloscópio.
Deformações na forma de onda, como as mostradas na
figura 15 indicam diversos tipos de problemas.

A ligação do gerador e do osciloscópio é feita como mostra


a figura 16.

108
NEWTON C. BRAGA

Observe que a carga do amplificador deve ser puramente


resistiva sendo então o alto-falante trocado por um resistor de
alta dissipação (de acordo com a potência do amplificador).
O nível de sinal de excitação deve ser ajustado de modo a
ter excitação à plena potência. Excesso de sinal de excitação
também pode provocar distorções que serão verificadas no
osciloscópio.
É importante observar que o sinal retangular gerado por
um aparelho já pode ser dotado de certa taxa de distorção que
deve ser previamente verificada.

Sinais triangulares
Até há algum tempo atrás havia muita controvérsia quanto
ao uso de sinais triangulares em diversos tipos de provas de
equipamentos eletrônicos. Tanto é assim, que instrumentos de
excelente qualidade de algum tempo atrás não dispunham de
sinais com esta forma de onda.
Na figura 17 temos um exemplo de sinal triangular gerado
por um instrumento de prova comum.

109
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Novamente notamos que a forma triangular refere-se à


representação gráfica das variações, nada tendo a ver com o sinal
em si.
Um dos argumentos a favor da utilização de sinais
triangulares na prova de equipamentos de áudio refere-se à
maior facilidade com que podem ser detectadas as distorções.
Enquanto que, com um sinal senoidal, só se pode perceber
uma distorção num osciloscópio de pelo menos 5%, utilizando um
sinal triangular, qualquer distorção em torno de 2% já pode ser
percebida.
Isso significa que, se você provar um amplificador que
apresente uma distorção, digamos de 3%, usando sinal senoidal e
o osciloscópio, você não vai perceber nada. No entanto, provando
o mesmo amplificador com sinal triangular, esta distorção já será
facilmente verificada.
Outro fator que aparece a favor da utilização deste tipo de
sinal é que as mudanças de traçado de uma forma de onda
senoidal, verificadas num osciloscópio são de difícil interpretação.
Temos que analisar uma distorção de função que segue lei
trigonométrica, o que não ocorre com o sinal triangular em que
os trechos são funções mais simples, segundo leis lineares,
conforme a figura 18.

110
NEWTON C. BRAGA

A produção de um sinal triangular é relativamente simples


a partir de um sinal retangular. O que se faz é usar um
integrador, um circuito RC, conforme mostra a figura 19.

Os valores de R e C são calculados para resultar nos


trechos lineares da forma triangular de saída, nas frequências de
operação do circuito.
Um integrador mais complexo, usando amplificador
operacional é mostrado na figura 20.

111
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Enfim, os sinais triangulares podem ser usados com as


mesmas finalidades dos demais, observando-se que também são
ricos em harmônicas que se estendem até as faixas de RF.

Uso para o Gerador de Sinais

Calibração de Receptores de AM/FM


Usando a forma de onda retangular podemos ter
harmônicas que se estendem até a faixa de FM o que permite a
utilização do instrumento até mesmo na calibração de receptores
de FM.
Damos a seguir o procedimento mais simples para ajuste
de um receptor (AM ou FM) usando o gerador de sinais.
O gerador é acoplado ao receptor de uma das duas formas
indicadas na figura 21.

112
NEWTON C. BRAGA

No primeiro caso, se houver antena acessível, o gerador


pode ser ligado diretamente a ela, ficando a ponta negativa
(garra) ligada ao negativo da alimentação do receptor. O nível de
sinal será ajustado conforme explicado mais adiante.
No segundo caso, quando o receptor não possui antena
acessível (antena interna de ferrite), enrolamos uma espira de
irradiação com fio comum. Esta espira pode ser desde uma
simples volta até 3 ou 4 para o caso de receptores menos
sensíveis.
O procedimento para o ajuste é o seguinte:
a) Ligamos o receptor a meio volume numa frequência em
que não haja nenhuma estação transmitindo.
b) Ligamos o gerador numa frequência em torno de 1 kHz
para sinais de saída retangulares. Abrimos gradualmente o
controle de intensidade de sinal ate que possamos ouvir o tom do
oscilador no receptor em calibração.
c) Abrimos o controle até obtermos um som apenas
perceptível. Não devemos abrir todo o controle, para não saturar
as etapas do receptor a ser ajustado, pois se isso acontecer será
difícil ajustar para a sensibilidade máxima.

113
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

d) Ajustamos inicialmente as bobinas de FI (com uma


ferramenta apropriada) para a máxima sensibilidade. Maior
volume possível no alto--falante. Não mexemos no controle do
oscilador.
e) Depois de ajustadas as FI, passamos a bobina
osciladora e a bobina de antena (ou trimmer do variável), isso
com o aparelho inicialmente num ponto livre no início da faixa e
depois no final da faixa.
f) Feito o ajuste para máximo rendimento, retocamos as
Fls.
Determinando a frequência de ressonância de um circuito
Eis uma aplicação interessante para o gerador de sinais que deve
estar gerando um sinal senoidal.
Supondo a existência de um circuito ressonante numa
frequência, como por exemplo um filtro LC, como mostra a figura
22, podemos determinar sua frequência de operação.
Usamos um voltímetro (multímetro) nas escalas mais
baixas de tensão e um diodo de uso geral que pode ser um 1N34
ou 1N60. (figura 22)

Varrendo a faixa de frequências de Operação do oscilador


notamos variações da leitura do instrumento. Na frequência de
ressonância a tensão é mínima. O resistor usado como carga é de
aproximadamente 1 k.

114
NEWTON C. BRAGA

Figuras de Lissajous - determinação de


frequências
Se o leitor dispuser de um osciloscópio, a utilização do
gerador de sinais produzindo formas de onda senoidais consiste
numa excelente maneira de se determinar a frequência de um
sinal desconhecido.
Podemos trabalhar tanto com sinais na faixa de áudio
como de RF dependendo do tipo de osciloscópio.
Na figura 23 temos a maneira de conectarmos os diversos
aparelhos para esta comprovação.

Quando os sinais estão na mesma frequência,


dependendo da diferença de fase teremos uma das seguintes
formas de imagem observadas no osciloscópio e mostradas na
figura 24.

115
Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

Se um dos sinais tiver o dobro da frequência do outro,


teremos as imagens mostradas na figura 25.

Para sinais com a relação de frequências de 3 para 2


temos as formas de imagens observadas na figura 26.

Veja então que, contando os lobos formados na vertical da


figura e contando os lobos formados na horizontal temos a
relação entre as frequências dos sinais que são aplicados ao
osciloscópio.
Para melhor observação o ajuste deve ser feito de modo
que a imagem se estabilize.
Estas figuras formadas na tela do osciloscópio que são
resultantes de duas funções senoidais recebem o nome de
“Figuras de Lissajous” e constituem-se num recurso técnico de
grande importância para a instrumentação eletrônica.

116
NEWTON C. BRAGA

Conclusão
O gerador de áudio, o gerador de funções e o gerador de
sinais são instrumentos de enorme utilidade na oficina, mas é
preciso saber quando usar cada forma de sinal produzido e
inclusive também aproveitar-se dos recursos dados por outros
instrumentos. Um laboratório bem equipado é de vital
importância para o técnico profissional.

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Conserte Aparelhos Eletrônicos - Básico – Mouser Electronics

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