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JOSE WILLIAM VESENTINI (ORG.) OENSINO DE GEOGRAFIA NO SECULO XXI PAPIRUSEDITORA 59554 CompruRUSP Born 301648 rowzone 59.00 deseo Seaeceoats 7 i ttn aas dt ‘anes .sstha eee eres een ESION ina Say arr) Bel. onmrgitaee wnat don temaonatda Catogtetone uber (CP) ‘Gecbietnn sh Tishaa new ilk aan VaR Seen SPPan sot ~(ComaPamn ear) Veorapers Sbleyeta neeonarcea ‘.orogea-tsvtooeare 2 Pugin 3.Praeaco SSE Nis dasa eS SUMARIO. conto APRESENTAGAO secon 7 i Hdalapaatablstolalniase José William Vesentini 7 1. OENSINO DE GEOGRAFIA NOS ESTADOS UNIDOS .... save 1B ‘Susan W. Hardwick ow 2, OENSINO DE GEOGRAFIA NO MEXICO: sade BASICA (PRMARIA 8 SECUNDAIGA)S ® Javier Castateda Rincin 3. AEDUCACAO GEOGRAFICA EM PORTUGAL. 87 Ena Sande Lemos ot eaeto 4. UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIANA ESPANA... 97 2007 Xosé Manuel Souto Gonzilez errant 5. OENSINODEGEOGRAMIA NA FRANCA. nee MS eerste Isabelle Lefort Pet 6. OBNSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL: UMA Sop ereamee eae Pensmnctiva issouce 181 Se Vania bia Farias Vack dispondo de uma potente janela ma ‘como mundo. 3~A Asia Oriental * Uma drea de poder em expansio: a poténcia da Asia Oriental origina-se, a principio, de seu peso demogréfico, Apesar de marcada por uma grande diversidade de sistemas politicos, de nfveis de vida e de atividaces econdmicas, essa rea de poder encontra um elemento de unidade em seu dinamismo. Ela compreende o Japiio, a Coréia cdo Sul, Tatwan, a China ltordnea e Cingapura. Trate-se de uma érea multipolar, animada pelas trocas comerciis, plas redes de empresas € pelos investimentos hibridos. Ela 6 estudade, aqui, globalmente. + A megal6pole japonesa: a megalGpole japonesa constitu ¢ objeto de um estado espectico. Dominada por Téquio, cidade mundial, ‘concentra o essential da populacdo e das aividades econdmicas do Japao. Ela & vista em relagéo com a Asia Oriental e 0 mundo. As sgyandes densidades e as pressdes e intempéries naturals conferem importancia particular &s questées de meio ambiente. Ill Mundos em vias de desenvolvimento (18 h) 1 ~ Unidade ¢ diversidade do sul: recorda-se, inicialmente, desenvolvimento desigual em escala mundial. Os Estados do sul apresentam tracos comuns, lgados ao subdesenvolvimento. Ele se diferenciam, entretanto, de maneira crescente, em razao de poliicas de desenvolvimento desigualmente eficazes. Estuda-se 0 exemplo do Brasil para mostrar os contrastes espaciais do desenvolvimento em escalas nacional e urbana. 2 ~ Uma inteiface norte/sul: 0 Mediterraneo constitui um espago de clivagem e, ao mesmo tempo, de contato entre o espago mediterraneo, 05 paises do norte eos paises do sul. Nesse quadro geogrsfico, estudarn- se as varlagbes de desenvolvimento, a mobilidade dos homens (migragSes, mudancas turisticas, as trocas econdmicas, financeiras culturas. Apoiando-se sobre alguns exemplos, so enfacados os efeitos esses fendmenos sobre as sociedlades e os tertitrios. 3 - Um Estado e um espaco em recomposigio: 0 mais vasto pats do mundo € confrontado com o problema do pas-sovietismo. Estuda-se 2 Réssia, marcada pela crise des estruturas politicas e econdmicas e pelos problemas demogréficos e sociais. Para assegurar as bases de um novo desenvolvimento, a Rtssia pode, no entanto, contar com vantagens, principalmente entre seus recursos naturals. Novas légicas de organizacio do espago aparecem, contribuindo para mudangas 1, que a coloca em relagio; 6 O ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA HISTORICA Vénia Rubia Farias Viach - ela [a caminhada} utiliza a U6gica cldssica e os princt- ios de ientidade, de néo-contradigdo, de dedugdo, de indutgdo, mas conhece seus limites, e sabe que, em certos ‘casos, é preciso transgredi-ios. (..) Trata-se de articular 03 principior de ordem: e de desorem, de separagdo e de jun- (00, de attonomia ede dependencia, que estio em dialdgica (complementares, concorrentes e antagénicos) no seio do tuniverso, Em sumta, 0 pensamento compiexo no é 0 con- trévio do pensamento simplificante, ele o integra (..): 0 paradigna da complexidade prescreve reunir tudo e distin- ‘ui (..) Prata-se, portanto, (..) de procurar(..) wm méton do que permita ao mesmo tempo reunir e tratar a incertezt, tum método que, ao mesmo tempo que é integrado pelo espi- rito, pernita o desenvolvimento de um pensamento comple- 430, A reforma do método é insepardvel de wma reformsa do pensamerto, ela prépria insepardvel de wna reforma do ensiro. ‘Edgar Morin ‘Apresentar, de uma perspectiva histética, o ensino de geogrefia no Breil _ ‘nos remete, entre outras possibilidades, 2s relagBes entre educago,ciénciae politica, (© ensino de goograti no séaulo XX! 167 importantes na distribuigéo geografica dos homens e das atividades 186 Popius Edtora bot Se Rahitrcunnd \ Ne pian ter. ‘emuma sociedad autor, cindida ent os que “pensam”e os que “fazemn”. Nao ‘Surpreende, pois, a tardial institucionalizagao da escola (apés 1930), mesmo se a {deta de um “sistema naciOMaTe edicaeao” ToT pane cas PrOpOsTas da Assembleia Coasttuint,reunida em 1823 para elaborar a primeira consttsggo do Império do Brasil. Essa proposta no foi inclufda no texto final da Constituigao de 1824. Em 1827, aprovou-se a Anica lei gera relativa 20 ensino elementar até 1946 (..). Esta Lei era gue resultara do projeto de Januério da Cunhe Barbosa (1826), onde estavam presentes as idéias de educagio come dever do Estado, da distribuigio racional por todo o territio nacional das escolas dos diferentes graus ¢ da necessétia graduagao do processo educativo, Dele [projeto]vigorou simplesmente a idéia de distribuicdo racional por todo ‘ teritrio nacional, mas apenas das eacelas de primeiras letras, o que cequivale aume limitagdo quanto ao grau (s6 um) e quanto 20s objetivos do tal grou (primeiras letras) (Ribeiro 1982, p. 48, grifo da autora) Janvétio da Cunha Barbosa foi um dos proponentes da fundagio do dle te sini ar ed magn atl. enors de ie . trend) Sona eco filo Colgo Fed trope NTS os estudos literirios e desinteressados, mant » aS as ostieatsée tin Brasseria plated o)nowanesauin, "07 TOM AEN acs Heri desires ‘nets : guessed Tso nfo sd mediam ogasarummonmento Me fojuce citer gees ta: (Assad 1971 Tie cla Lik de gl6cia nacional, proveitando muitos rasgos histricos que disperses escapantvorageit dos tempos, mas ainda pretendem abrir um curs0 de As inexitinckveis relagbes entre a escola, o ensino de geografia e a io Estado-nagio brasileiro se Colocam em evidEncia, pois, desde 0 infeio do séeulo XIX ee Para compreendermos © que eram as escolas de primeiras letras, Lei de 15 de outubro de 182: 1. nd aa ede do Rio de Janene 12 1838, come il di Societe Aultindore da Incistra Nacional (tas de 1828), con objetivo de minister grandes auxios&pubica xministeao ao escareclmento de tos os Braseics” Revista do Instlado Hltrico 1 Geogdfico Braver 1839, p. 8. 160 Papin Bator seus ntee k& Pe ne pure Shi Te De maneira especial, interessa-nos assinalar que o artigo 39, do decreto (0s professores ensinarto ler, eserever, as quatro operagies de aitmética, pritica de quadrados, decimais e proporgbes. as nogBes mais gczais de geometria pritica, a gramética da lingua nacional, e os prineipios de moral cristé e da doutrina da religito catdlica e apostslica romana, proporcionsdos & compreensio des meninos; preferindo para a leitaras ‘a Consttuigdo do Império e a Historia do Brasil. (Colegio das Leis do Irapétio do Brasil de 1827, Parte 18, 1878, p. 72) Por conseguinte, 0 ensino de geogratia nao integrava disetamente os conte ds esoolas de primeirasTeds. Iso nzOTMpEE, pore, ques HEE 7 presente de inaeita indireu? nessak escotue-SuuTpRETENGT Ccorvia pO meio da pcan Oia ria do Brasil eda lingua nacional, cujos textos enfatizavam a descrigio. do rio, soa dimes, suas belezas mala, eee La» SO Goats [Ao Tim relagio ao ensino secundéio, rogistre-se ghee a Ginicainsttvigdo de cultura gera, criada desde y‘Independéncia até a a oy Repblica, 0 o Cokégio Pedro I, fundad em 3437 (.). lofi, desde as suas origens, Uh grande coléBio de humanidades 0 mais importante ‘riado pelo goverio do Império e, no dominio dos estudos literérios, 8 crane SOL AE } de 2 de dezembro de 1837 (data de sua fundagio), een io ensinadas cy Ge Bloke Weds} be Car sFmedida em que essa escola {oj fundada tendo em vista a definicto de um -cundério em todo © pais. No fundo, esse objetivo fampolim para 0 fe das exames ‘CE Vania Rubia F Viach “A propia do ensno de geografia: Em queso, onacionlismo paris” Ste Paulo Depo de Geog da USR 1988, 206 parent de mesedo LFS ga, tenes oe Soyefn om det de ane Rowe tt "gear ial By Curvatio ‘ho Pe visbeeted Af Ren VGA 8h wry 1831, que certamente contribuiu para a sita incluso no Colégio Pedro I Por outro lado, a iniciativa privada no tardou a se interessar pela | educagiio tanto nas cidades mais importantes das provincias como na capital | Conde a primeira escola normal foi criada em 1874), oferecendo | | para as faculdades de direito des i a instrugo primsria superior ou complementar, com nogies de hist ce geografiapatrias ede cinciasfisicas e naturis “aplicadas 206 usos da vide", Cuidando de tormar ebjeiivos ais estudos, embora muitas vezes smal digerissem as informagBes que recebiam do exterior, porfiavamn 0s diretores naadogto de métodose recursos didsticos wlizados na Europa enos Estados Unidos, (Haidar 1972, p. 199) Que geografia era ensinada nas escolas primérias superiores-ow complefienares. nas escolas sectindérias e nas escolas normais, em sua maioria iniciativa privada? ——— oo Ensinava-se uma geografia muito semelhante 2quela inspirada pela pena mo Aquela regisirada elas paginas da Revista ico Brasileiro. Ems Gira plavras, uma geografia. er, seqnes, lass Dan drarerre ide, | 8eus Contemporaneos, Aléxander von Humboldt ¢ Kari Ritter, os “pais-da (ue pc geoiatiarmextema”y nag eam alheios. Wdéntica Gbservagio deve ser feita aos opal: spoucos traballios de geografia publicados na mencionada revista’ pois, embora “] — _Vitios se auto-intitulassem descrig&o, na verdade, tratava-se de trabalhos antes ‘= baseados na nomenclatura do que na deserigko cientifica. pull HeqseCE™ Yh no Ambito da escola (priméria superior ¢ socundé sho (wes hb judd Mina de ia) que-surgem propostas de tmudanga fia abordagem da ciéncia geogrifies. Nesse-sentido, GESRCESE INTO diddtico Compéndio de geografia elementar, de autoria de Maiiuel Said AlTTda* (1861-1953), que se destacou como: pesquisador da lingua BD To dea an sat, dvs oo Rite d sins ae soon cenit ey tn Cau t e wb 7 Histérico ¢ Geogrifice Brasileiro, vol. 196 (1950). Cr, ene outros, Bvaildo Bechara "M. Suid Ali cso contigo area filslogia portugues Rio de Janele: Insituto de Edveago do Estado da Guanabera, 1962 65p. (tse de concso, (Céeda de Lingus e Litera). j ee os 417 de geograi isto cre de 25%. CE. Revista do In igs, dos quis apenas 417 de geopafi, isto 6 cece evista do Isto au : po Aorslyodo cone on cebater Goci fer Om oven anoel Aires de Casal, que publicara, em 1817, sob patrocinio oficial, — ate Yodgodao dp iva, dado E [que Aires de Casal ndo acompanhava os debates cientificos da 6 yuais ogy taster Gar spanava os debates cientiicos da époc, aos quais' feccetir pais pots 62 sangria | portuguesa: professor de slemo (fot lente dessa disciptina no Colégio Pedro T) frances e inglés, ¢ professor de geografia; nessa gitima acepel0, cumpre registrar, de um lado, a influéncia do historiador JoBo Capistrano de Abreu (que também motivou seus estudos de lingua) , de outro, 0 fato de M. Said Alter sido um “apaixonado cultor das cincias, que estadava nos liv ¢ na Natureza Em meio a uma producio muito vasta na érea de Iinguas (portuguesa, principelmente), que se iniciou, provavelmente, cm 1887, Compéndio de _gcografiaclemeniar, data 75 so ivro que publicouem Bega. ‘De quale miei, ¢ Hess oben Gis, poe pines VF, UN-AWtor Pronde estadar o Brasil em regides, argumentando: is nize sie com elas ‘Se atendermos ds afinidades econdmicas dos estados entre si conciliarmos, tanto quanto posstvel, as condigges geogréficas, exemos «a seguinte diviso racional: 7 7 au ‘Brasil Central ou Ocidental, compreendendo as cabecciras tuibutésias amaz6nicos (e Tocantins-Araguaia): Mato Grosso & Gods. “Brasil Setenrional, ou Estados da AmarSnin: Amazonas Paré. Brasil de Nordeste, Zona a leste das duas precedentestimitada ao sal pole rio S. Francisco (trecho inferior), © caracterizada pela falig de vios navegéveis, secas mais ou menos periédices © pela produgio de algodio, agicare gaéo no interior. Compreende: Maranhio, Piauf, Ceard, Rio Grande do Norte, Parafba, 7 Pernambuco Alagoas. (3505 aaa escapee dof Fe ete qu tina nen 2 erin i) we ae saviny e cujo prolongemento 2o sul é o rio Parané até a sua confluéncia «oe ee eB Seger Doe aston ‘Espitito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro ¢ ‘So Panto, «Brasil Meridional ou regio produtora de mate, araucérias ¢ cereais: a eal mp 0 ‘Sem divida alguma, foi _proy oneira, da qual importa, antes de } mais nada, ressaltar a apresentagio de alguns critérios que tentaram, de fato, considera “as influncias recfprocas entre esas regis ¢ os homens que cS , iy = if sina tei, rae ang or Mito Bato Sa ante agua pores pera 39 Pasta, ; MS ue evidencia a importncia de su conibuigo ness ce. Aon Gorm ce ( ensino de geograia no século XX! 181 on eo. vic Nelo res wcoe don GBIF OF rake ol} que ow aT 1 ‘ !habitam”, Entretanto,em seu desenvolvimento subsegiiente, M, Seid Ali cbordoa osestados, uma um, na ordemem que os listou, quando de sua inchiséo em uma dada zona geogrifica (regio, em nossa denominacao), 0 que, certamente em ‘grande parte, pode ser explicado pela auséneia de condigées objetivas para a realizagao de um trabalho de tal envergadure, o que demandaria, no mfnimo, a existéncia de um levantamento/mapeamento do territ6rio nacional, E claro que © autor, ao definir essas cinco zonas geogrificas (regi6es), estava tentando constituir uma anélise do Brasil todo, contrapondo-se absolutamente ao que pademos designar como o padtio vigente até entio: © estudo dos “Estados Unidos do Brasil”, consoante seus estados-membrds, geralmente dividindo-os em maritimos ¢ interiores, configurando uma divistio meramente administrativa do Estado-nagio brasileiro. Este procedimento ‘empobresia demasiado a descrigto de seu vasto(¢diferencindo) tertério, ~ Ofraoivo. Campre destacar que a tentativa do professor M. Said A#assinalou, em um livre diddiice paid 0 enstiid Sectndatio, nia apenas sua preocupagzo de acompanhar os “progressos geogréficos” que ocorriam no exterior-mis, ‘indamieitalmente, repré¥EatOu o ingteo iniGial de discussdes de ordemtesrico- sTeIOdOTOgICa, Pascahdo imaugorar a geogratia Cientifica no Brasil. De qualquer forma, essa tentativa de anélise do Brasil confSrme suas regi6e&, deinidas por critérios racionais, passou despercebida as demais autores de livros tidaticos de geografia no Brasil. Apenas Carlos Miguel Delgado de (Cavatho® (1884-1980), que fez. cursos superiores na area de letras e ciéncia politica na Franga (em Lyon ¢ Paris, respectivamente), direito na Suica (em Lausanne) e economia ¢ politica na Gré-Bretanha (em Londres), no inicio do século XX. atentou para o sex significado, ©, em 1913, quando publicow.o seu Geagrafia do Brasil, tomo I, Geografia Geral, adovou" eoprmneays ap eanlyieaiaiseeredo an Camara pn nse oeesont eects ee Smaps ag Nee et ee Shae ea iat a 2 ue ems, \noascrems emt br, 2 Se a ae va tleo ~* Cocoa reradacin—y Neleyde de Ge ae" a 2 CP Be Ciera de ntotio dese ive edo permite nfs que Delgado he de Carvalho tinha absoltta clareza acerea das limitagSes Gie Caracterizavam a io somenteacetamos essa divsto sob oponto de vistaracional, como igna de seF Gta as pea A doe Ta Ten, para ainoldar SOE CNG ESTO FEOHTATICD, ATE HOPE, exClasivaniente baseado sobre a ii ad do pas. (Carvalho 1913, p. VI) Por sinal, no prefici da primeira edigdo desselivro, ohistoriador Oliveira » Lima registrou mudanga substancial em relagdo ao estudo da geografia no Brasil: | Sr, Delgado de Carvalho, partindo do principio nacional de que as divistes da geografia 6 devem ser procuradas na prépria geografa, : condena nesse sentido a divisto administrativa por Estados, divisio toda | fisicamente convencional, « baseiaa sua descrigdo nas regides naturais do Brasil. Deduz-se ainda de tal principio que no se dovem desprezar as Ligagdes naturais, eque os fats geogrificos se esclarecem segundo a ordem em que se acham agrupados. (Lima apud Carvalho 1913, p. 1) _ day, Sucef > Caria JaS 2 avarce SUS et FS lalla late fel ltt beetle Ss ua cofounder tae co Brgpesta de M. Said Ali, Cujo pioneit Pena. Co“no~geografia no Brasil nos primérdios do sécilo XX, ainda muito distante da Ke ografia cientitica, Por isso mesmo, metodolopieamente, Concentrou suas corftiGas haquilo que, alé enido, ete entendido Como geografia, e que naghesiou em designar, com propriedade, de “concepy0es GeOgTAHCAS tadicionais”,cem 5x ; responsabilizou a “geografia admitnistrativa” €O-excesso de principio de conexio que, no seu entender, ondenava de eogrificos,afirmou: LY # pois mais que necesssiio abolirmos, no ensino da geografia pritica, tudo quanto € romenclaura, wado quanto € puramente mnemotéerico, ‘para $6 encerar os fatos “em marcha” pode-se dizer, eno sea respectivo 7 lugar. & Gti} afastar-se, de vez em quando, do quadro habitual das / cconcepgdes googréficastradicionas, Até hoje, ao nosso entendimento, toda idéia nova, todo progresso de cigncia geogréfica ene nés, tem sido sacrficados aos moldes antigos,tém sido apresentados num quadro azcaico: 0s espiritos nto so levados a ver @ geografia, tal qual ela 6. (Carvalho 1913, p. VD dp) olins omienn ences Valls 7 crate, cumtelive” @ 6 t natuireza, (Cazvalio 1913,p. VD _satureza, (Carvallo 1913,p. VD Ce Dsraarie Owr foyer Odean SO MUM ocd Imediatamente, iniciava significativa discuss acerca das regides do a tradicional divisio administrativa (ou “geografia administratva’) do teriée rio brasileizo: — Assim sendo, ¢ tornando-se necesséria uma nova norma para 0 agrupamento dos fatos geogréficos do Brasil, encontramos o dificil problema da divisto gia loa ua dsogsosin spd fSearada na propria geografia. F dizer desde ja que nos afastamos ‘rancamente da divisto cesnido detathado dos fatosfisicos, econdmicos e sociais de nossa terra. Ente n6s a diviso por Estados, para cole duereiesaee Ms major obsiteulo da cidnca geogiicno donna diafio. ‘Os Estados por seus limites baseados sobre as wadicdes, - CO direito, vom desiruir aharmonia dos fenémenos cau ola decorrem do fato de que essa geografia ers, a seu ver, prejudicial & légica da cigncia geogréfica e & (sua concepgao de) politica: ssa divisto [a sua] por regies nature vik.) apenss como um plano de trabalho, uma tinida protesago contra 0s méiodos de geogratia auministrativaerigidas (sic) em prinfpios absolutes, desnaturando a fisionomia da geografia tra, falseando 0 espitto geogréfico das geragbes escolares ¢afatando dos estudos geogrdficos os que neles sé encontraram descrgGessrdas, nomenclaturas caregadas, ausencia tal de vida ede interest. ‘Qgasino da gengrafia pétria é entretanto, um dever de inteligéncia ede ‘attotsmo. Acs nostos jovens patios no dovemos apreseniar a Fe cane ura napa cpt suo. Poe ‘elo Te bans apa = dagranas de 5 for possve, ¢ preciso to 46 pals, pela consciencia de sped oases Of 9 dos aconie “inteligente, sem frases “Ecego, mas, sim, jusificado e pobre Tian in cmon Hos Estados, teot iguais'€ eauivalentes, tais conio exo na _SOTITTENG,passareriba aaulisitaz 03 Isiores de diferenciagio, de STGRIBEAgRO que fazem competar ene sacionais. Mais -nsceaniria aparecert a ida sacrossanta da unido que fez 2 loge 194 Pepirus Edtora ilaistrativa, que até hoje serviu de base 20 SS Gate ™ ee Coteus levers [pew ¢ nomadoosaisie sn firms priest (Caao sigagmnereemrnt te oy os | Em outros temos, a importincia que Delgado de Carvalho confeit 20 ensino de geografia liga-se inextrincaveliente & 1460 to ne palriotco, €, significativamente, a ciéncia geogrdfica deveria fornecer-Ine 08 Caparo, be ra gicos com o fm de atingir um "patrotismo verdadein, 06 intigeme”; dao seu prepésto de ode edifcagio da geografia cientfica no Brest ~ A ideologia do nacionalismo pairidtico nos remete a0: stent? facoee au em m poucas palavias, pode ser eardeterizada por um process inadidvel: a formagio da nag&o brasileira. Se a, ierupgao do Brasil como Esta ee independente em 1822 jé havia colocedo a formagio da hago como a ques oor exceléncia, ileiray 6 Tato € que. quase T0 set \dos Teres| Se a eee ae suas aes © Git ds piDyROSPUTTTGos paca o RstadoTBraaleo, enfendTa Gus a educagzo GO POvOCTE Arycau inka alfematva pata ealizaguo deste amplo e complexo proceso, dadas us Fespecificidades de uma sociedadé cujas liderangas indagevam, enti® 6 fal do a [século ‘as duas 0 tts isis UEARES GO SSCUTS A 6 a et ‘@mestigagem + (Giciggice ¢ cultufaly nis inviabilizara o futuro do Brasil como Estado Far outro lado, no thes passeva despercebido que a idéia de nagdo pein bes cesconder as diferengas entre as formagdes sociais brasileiras! Daf havere1 ie compreendido, finalmente, que a nagtio brasileira ja nfo podia ‘se limitar as elites © a seus representantes poW{ticos. Contribuir de maneira efetiva para formar ‘inico povo, uma vinica naglo, es 0 desafio da educagao no inicio do séeulo A ja, uma “das “das disciplinas mais vteis ¢ mais necessérias- mais titeis ¢ mais vida” (Tavora apud Geikie 1882, p.X), foi entendida como uma Ne pscoav uns ooananaptca (0 da educagiio do povo. De um lado, poraue! IO TSG TEifo 0 elemento pares GRTRELEE SEN TOietdo, porque sua dascrigio VAIOHZAVA Sua dimenséo, suas pn. Z| Fiquezas,suabeleza de outs lado, porque aidéia de territGrio por €la Veicilada i ifjelto pelo objeto, Em outras a pleas ida de Jeli elo Ate 8, i op aes [P Weyda do Gvekonn - Siem Guwe fine Sirvon | No sentido de criar condig&es para que o ensino de geegrafin” de 6€(o. ~obras de Humboldt ¢ Karl Ritter”, conforme registrou na conferéncia em que se . desempenhasse seu papel dé “disciplina da nacionalizagao”, Delgado de Carvalho. 1 dirigiu aos participanted do referido Curso Livre, datada de 25 de maio de 1926. rganizéu no ambito da Sociedade. de Geowafia da Rio de Janeiro’ o Curso | Ye. Nessa conferéncia, apropriadameate denominada “A nova concepeéo da Livre Superior de Geogratia, em 1926. Coetentemente com o objetivo indica, seografia”, 1) fez viras coasideragées metodolégicas gerais a respeito da ‘S pdblico queeise- Cassa, Livre visava alingir era constitutdo por professores Sec. Ap geogratia, stando-s historicamente;2)afimou que “tems pera nds que Ratzel foi quem viu com mais clareza os objetivos da geografia” (Backheuser 1926- 1927, p. £0), na medida em que compreendeu que o cenério 's6 toma yaler © realce quando-0 Komem nele penetra ¢ comega a desenrolar o Grama bistSico” ‘Géem, p. 81); 3) explicitou que “o estado da comparenté Hiimania se traduz.(...) pelo exame dos diversos estégios da cultura da humanidade. Essa avaliagao do ‘grav de cultura nos parece ser um elemento de enorme valor geogrético. E por Carta Og -cle que vemos a atuacio do fator homem” (ibidem, grifo do autor); 4) precisou que “a famosa teoria das ‘possibilidades', de que tanto alarde fazem Lucien primérigs, qi careciam de oportunidades para entrazem em contato com o que Hl Delgado de Carvaiho® denaminow de "orientacko moderna’ (Carvalho T923) OPH em geogratia. Po _Nease momento, outro personagem passou a se destacar de maneira t articular no proceso de formacao. Bileira por meio da CAUCE © ddensino de geografia, Referimo-nésa veranda [dolpho Backheuser? (1879- {951}. Formado em engenharia e professor catedritico de mineralogiae geologia = da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, de 1914 «1925, esse apaixonado pela. CuCab ‘geografia (desde a escola priméria), inseriu-se na perspectiva daeducagioe do | w Febvre e outros autores franceses, assim como a nossa do ‘grau de cultura’ ‘ensino dessa disciplina chamando a atengio para a questo da unidade politico- fe Quo Ge nada mais so, afinal, (..) que @ propria teoria de Ratzel (..)” (idem, p. 82); terttorial do Estado brasilcito: Ghaadanly cho 5) definin essa “verdadeiraciencia” nos seguintestermos: .t Sesanch© (~) Beate os grandes problemas referetsa vid do Basil nenhum Seepete Gur Goograi iene exalts de erepedaie, oo oy a spe o i uae, eras queries do ebsneowtio Wun Uy am tlima e homem, em una setae deermnade reizo da superficie da DecKX Maman ittimamente liad o pogresso de nosa patria, devem ser explora, " ‘Terra © em um dado momento da sua Histria. (dem, p. 84) ‘aurea prdndo de vista quo 0 escpo principal de todos os basins \\Cféia( ane 8, 4 deve ser 0 de nos manter como um tode uno e indestrutivel, pois sofia ei ei tinea pro inn mio wri € 6) terminou sua fala convidando os professores primérios que participavam Ne Tite ee eee e te do Curso Livre a serem “és mesmos os gedgrafos do nosso pats [onde] tudo Jurko | est por fazer” Cider, . 89). . "° Da mesma forma que seu colega Delgado de Carvalho, Everardo 7 ovr “Backhouser defendia a “geografia moderna”, cujas otigens encontravam.se “nas ‘Mais do gue um convite, desejava sensibilizar os professotes-para uma ld greakt tarefa de natureza politica, Desde que havia comprendido “que o grande r ‘gles brasileiro ¢ o da manutengao da unidade da Patria” Gackneuser 1926, p.97), predcupava-se como ensino primdrio, “aquele que delineia os primeiros, Caanp “OQ Daw tragas.do caviar de cada cidadio” (idem, p. 99). Por iatOTRESMo, 0 ensino ws | pri leveria se “unificar”. Isso explica sua posigiio contréria ao decreto (were 16.782-A, de 13 de janeiro de 1925, que institiu a Reforma Luiz AlvevRocha @ Cum om Vaz que, a sou ver, “vai aumentar as diferengas de nivel intelectual entre os lncke of Estados que jf hoje ndo estZo na mesma cota mental” (idem, p. 98). rere ‘importante registrar que Backheuser nio fez referéncia a0 fato de que,. Pan " pela primeira vez, uma Teforma dé ensino introduziu temas da “geografia Ge Funan Ri de Jani em 1883, "afi de preencher a lacuna, hi muito tempo setida, le uma sosndade nacional, qu tome a seu cargo o estado, a dscasso, as investigagdes € as explorjtes ciation de peografia nos sous diferentes ramos, princlpos, elec, Aescobes, progress eapicages; «com espeiliéadeoetudoecomecento dos fatos ‘documentos concernentes& eogafa do Brasil” (Bolen de Sociedade de Geografa do io de Janciro 1885, p. 4. Foi um dos signtrios do Manifesto das Paneias da Bdueagd Nove (1932}-— GF, etre utes, Sydney NG. dos Santos. A culura opulena de Everando Bactheuser, Os conceltr eas lets basica da geopotica. Rio de Janeto: Carioca de Engenharia, 1989, 1493p Rit de Cfssia M. dS, Anselmo, “Geoprafa geopoitica na formacso nacional ‘easier: Bverardo Adolpho Backbeuser Rio Claro: IGCE da Unesp, 2000, 274 p (ese & doutorado em geograia 0 180 Popes Esta jrosshurnes © ensno de gosta no sao Xx! 107 LL aol & py po tfawe~ oh LEE P9195 enc gramas dessa disciplina, certamente uma vitéria importante. ~ ele"mesmo, Raviam compreendido © papel politicos its socedads baler. Ws esa towns jira, Mas essa reforma acabow implantar os fundamentos d2 uma educaglo nacional tendente a dat 20 Brasil uma grande forga coesora (sic). (Idem, p. 103) | [Em outras palavras, apends um ensino primétio de ambito e caniter 1 Scions poder con efetivamente para a formagio da nagio brasileira. i lhando, com Oliveira Vianna, 2 tese de que o Estado tem a missio-de | sfundador da Nagao, porque organizador supremo da sua unidade politicaeda = | | sua ordemlegal” (Viana 1974, p. 104), Backheuser entendia ‘que cabia ao Estado ‘assumir, sobretudo, a responsabilidade pela dissemimagao do esino primario Foddae in fodo 0 Brasil, organizade sob os preveitos da “Uaiaade Nacional” ‘Compreende-se, pois, porque ciiticou @ falta de atengHo ao “ensino primério e | ne profisional .) fundamental ma vida das democracia especialmenteno Brasil, [WY \ “pais de analfabetos"” (Backheuser 1926, p. 104), por parte dos consttuintes de ayy ang 1891. Assim, apresentou Consfituigéo de 1891 tsetmendasrelatvasaoensino |, | bande rancia gral, mas “inluincopreceitos que nivelem a instrucaoprimiie eS ~ sera Beis op cei pic a ns reel nce CeO mee bo divisio geogréfica por meio das regiGes neturais! Porém, a imposigao dos jaan PELL ors contetidos programiticos de geografia do Colégio Pedro II, em todas as escolas ~ A.Snfase no ensino primfrio no o impediu de partilhar, dessa vez.com secundfrizs brasileira, nfo remetia a um “modelo” de educagiio deletério, Fernando de Azevedd,**Senleiimiento J aie educa popular preparo e+» respaldado pela Constituigo de 1891, e que ainda persistia no Brasil? Vejamos $as.lites som tim andlise, es duas faces de um Gnico problema: aformagio, de cultura nacional” (Azevedo 1957, p. 453)- B, tendo em vista seu interesse Wa Os contetidos de geografia dessa instituigdo escolar haviam sido estabelecidos pelo professor Delgado de Carvalho que,em 1925, pode registrar, entre outros, 2 aceitagao do (seu) principio racional da divisao geogréfica em regiGes naturais: f Pouco a pouco, a idéia de amoldar a deserigio fsa do Brasil aregides 7, naturais penetrou nos espirtes mais adiantados e dat nos programas, Hoje figura a divisfo por egies naturais nos programas primaios do Distrito Federal [Rio de Janeiro}, no programa secundério do Colegio Pedro I e da Fscole Normal. (Carvalho 1925, p. 88) suas palavras: pela coesto nacional, concerdava, igualmente, com a concepgio de que @ Os constituintes de 1891 traziam, mesmo sem o querer, a inteligencia ken} universidade desempenha uma “fungi politica”; “nem se pode encontrar, na. bh dain Arcee dominate ipa m te pare participou do Movimento da Escola Nova; aliés, foi membro fundador da ier trcbinel Plaiutene, tales atte teknientd mn “Associagio BRAG etra dé Eecigio (ABE), em que ocupou varios cargos até : a eanpenine ate 1931, quando se afastou ¢ se fomou um dos lideres do grupo catélico de 4 j | ‘molded peles diretrizes da edueacao imperial, que se havia esforgado 1 Lo obra de coesto nacional, instramento mais eficez do que o das Universidade” gyn. 0 ‘em formar um escol de letrados assentando os pésemt uma massacolossal GL ¥e Dube (Azevedo 1937, p. 458), importante, pois, epistrar que Backheuse também| > | Mae estabelecimentos de ensino superior e um grande colégio nacional, no t Gual oensino em tendencioeamenteovientado pam as “elas leas”, © educadores, no Rio de Janeiroe em escala nacional. ‘nunca se preccupou sinceramente com o ensino primétio. (Backheaser 1925, p. 103) ‘Bckheusercolaboron ne reforna de ensno que Fernando de Azevedo elaboron no Rio de Snito antigo Datta Federal, em 1977; Azevedo fo diretor da Insruei0 Psblice do Distito Eederal, de 1926 a 1930. 12. Fundada por Heitor Lira da Siva em 1924, no Rio de Janeiro, a Associogio Brasikira de ‘Btucagio propunka una renevagko da educagto no Brasil, a servigo da formagio da | acionalidade, Backheutr, ev amigo, fo um dos inspcedores da associagdo. Oxtros t ‘merabros fundadores: Delgedo de Carvalho (seu primeiro presidente), Sussekind de ; ‘Mendonga e Vensncio Fi. A seu ver, a Reforma Luiz Alves/Rocha Vaz deixa que persistam as dividas que até hoje tém atropelado 0s que procuram disseminar a instrug3o, ou melhor, os que se esforyam por 10, No final da décate de 1970, ria lcionado no Colégio Pedo Tl (onde cusou o secundéro), 198 Papirus Etre (© enslno do goograta ro século XK! 198 Outra questéo também se destacou, simultaneamente, na cena mundial € brasileira, desde 0 final da Primeira Guerra Mundial e ao longo da década de 1920: Ao final da Primeira Guerra Mundial, surgiu na Aleman, em decomréncia ee son a i condigdes geogrificas [de maneira que a] Geopolitica nao € parte ou capftulo ou pardgrafo da ciéncia Geografia, mas da ciéncia Politica” (Backheuser 1942, p. 22). Os gedgrafos, a seu ver, nfo tardaram a apoiar a geopolitica, porque essa Ultima e a geografia “se apGiamn nos mesmos resistentes prinefpios de ‘espago’ & ‘posigio’ da doutrina de Retzel” (idem, p. 26). Entendendo que a diferenciagiio entre geografia politica e geopolitica é filos6fica, afirmou: ‘A mesma questo tericade “espago”,o mesmo fatopritico de “éominio", pode ser visto de dois mods: j como questo (ou fato) politico eestaré noraio da geopolitic, js como questio (ou fato) meramente geogréfico, © 0 estudi-Jo cabers & geografia politica (Idem, p. 32) Por outro lado, fez. questao de esclarecer que 0 seu estudo para. a-dtvisto itoridT do Brasil,” “ainda que apoiado emi Condigdes geogrdlicas, tom aitidos ijetivos politicos, , porS, problema essencialmente de geopolftica” (ideni;p. 38), Eomnestio we plow tte de que fo ardaroso defenor: ransferénca fe e ordem fica @ de ordem politica-e que thes * (idem, p, 34)_0 objetivo de seu estiido para advise terfifOrial €fa“manter, ¢ aumentar, a unidade facie 1933, p. 46), Tanto adivisio territorial quanto a Veetesialy ' seu ver, contrabalancar 9 risco de esfacslament que decorria, dentre outros, de sua grande érea a _Aléin disso, Delgado de Carvalhe tamibami participou do debate atinente geografia politica e A geopolitica. No livro Introdugdo 4 geografia politico, abdiseuttro sew objets, 1) Tembrou que “varias expresses foram empregadas para designar a parte da geografia que se refere ao homem: geografia humana, ‘geografia social, Antropogeografia ¢ ultimamente ainda, Geopolitica” (Carvalho 1929, p. 16);2)assinalou as diferengas entre a “Geografia Politica dos franceses” © a “Geopolitica de Kyellen (sic) e de Backheuser”; ¢ 3) defini a geografia politica como capital poderiam, parte da Geografia do Homem que procuraexplicar por meio de dados histéricos, geogrficos e econémicos os movimentos dos povos sobre 8 13. Backheuserpresiiv a Grande Comissho Nacional de Redivisi Teron cada em 1933. ‘Shiguenolt Myumoio. Geopalica ¢ poder no Bras. Csipinas: Papin, 1985, 257 p (CE ose William Vesentsi, A capital da geopoltica. Sto Paslo: Aca, 1986, 240. 14 © ensino de gooeratia no século Xx 201 ional brasileira” (Backheuser superficie da Terra a sua fixagio em territérios de certa forma, frea, posigio e fronteizas ~ a formaco dos Estados, com suas modalidades c suas relagSes pacificas © guerreiras ~ as aglomerapées bumanas em cidadese as razes determinantes das atividades policasem geral. (Idem, p. 19) Na medida em que enfatizou movimento e dinamica da sociedade (em sua relagio com a natureza) por meio da mobilidade dos povos ede sua fixacto emterritérios (érea, posiglo, fronteiras), da formagio dos Estados (considerando a guerra a paz), das aglomeragées humanas orgenizadas na forma de cidades, © das atividades politicas, podemos inferir que essa definigao de Delgado de Carvalho nao opée geogratia politica e geopolitica Por que teria preferido utilizar 0 termo geografia politica? Essa escolha seria uma decorréncia da influéncia das idéias da “escola francesa de geografia"? Everdade gue, nas obras que publicow a partir do inicio do século XX, La Blache avangou muito, simultaneamente, na perspective te6rico-metodolégica'’ e na pprspectiva das relagdes geografiae polttica.'*Mtas,tambémé verdade, no utlizou terme geopolitca nein mesino ema suas iltimas publicegSes. De qualquer manciza, ‘podemos nos indagar porque o “pai” da escola francesade geografia ndo conseguiu incentivar estudos on pesquisas de geografia politica. Afinal, cm 1918, uma geografia politica a francesa poderia haver comegado apoinndo-se em duas bases sides. De um Indo, a5 duasttimas obras de Vidal dela Blache, La France de 'Bst Le Bassin dela Sare era claramente contribuighes de geografia politica. De outro lado, a reorganizagto da mapa politico da Europa quanto dos cinco tatados de paz de 1919-1920 havia evado o governoasecercar de uma pléinde de ‘e6grafosa0redor das mesas de negociagto (Auerbach, Blache, Chabot, Demangeon, de Margecie, de Martonne, Gallas) (..) O entuiasm> ‘verdadeitoinelizmente nao ocore, porqueelese derontourapidamente contra ums reagdo violenta de rejeigéo da Geopotitt ale .). De maneira clara, Ratzel, depois « Geopolit, criaram um bloqueio psicoligico (..). Sanguin 1996, pp. 203-204, grifos do autor) 15, Cf, Pal Viol dea Blache. Tableau dela géographie de ia France. Pals: La Tabi Ronde, 1994. 559 p. (a primeicaetgdo & de 1909); "Régions fanguses". Révue de Paris, 15 de devemio de 1910, pp. 821-849. 16, Centre outas obras, Paul Vidal de Ia Blache. La France de! (Lorraine Alsace} 1917 Paris: Armand Collin, 1920, 287 p. 202 Papirus Estora Esse“bloqueio psicolégieo” no se verificou no Brasil, muito menos em Delgado de Carvalho, pois as idéias de Ratzel tambér exerceram influéncia em ‘sis proposigGes; por sinal, ele conhecia profundaménie a obra do gedgrafo slemio, conforme podemos constatar nas referéncias que the fez em varias ‘éginas da sua Introducfo a geografia politica, ¢ em oatras obras de sua autoria” ‘A escolha do termo goografia politica, nesse livro datado de 1929, nko seria uma tentativa de demarcar sua contribuigio daquela que vinha sendo feita por Byerardo Backheuser? Por outto lado, no preficio de Politische Geographie, éatado de 1897, Ratzel assinalow que, se a geografia politica “deve ser completamente assimilada pelo observador dos fendmenos geozoliticas” (Ratzel 1987, p. 55), esse senso geogrifico nfo faltou jamais aos homens de Estado ‘pragméticos e ele caractesiza nagSes inteiras. Entio, denomine-se-o instinto de expansdo, dam Je colonizagao, senso inato da dominagio; © ‘onde se fala de instinto paltico sfo, pensa-se na maior parte do tempo «uma aprectagiio correta dos fuidamentos geogrificos do poder politico. Parece-me que esse “sense geogrifico” pode sex, senfo aprendido, 20 menos desenvolvido ¢ ele contribuird em uma grande medida & ‘compreensio ¢ a0 julgamerto fundados dos fatos edos desenvelvimentos histérioas e politicos. (Idem, pp. 55-56) ‘Ao enfatizar “os fundanentos geogrificos do poder politica” gm-sua andlise acerca da realidaile ngcional, Backheuser Tez tials do que, em.sias “Pulavins, moder & eMpeito da GRAILPH pala do Bras tendo como referéicia o livre Polifische Geographie. A nosso ver, foi mais longe, bu seja, caminhou di geogratia politica & geopoltica: ee ee (0 solo & examinado na Gincia Politica, nao em si, como o fezem os ge6lozos ou 0s fisiégrafos, mas como solo politico, como “Reich”, como “pals”. Desse sol politico, tio somente dee, ¢ que se copa Geopolitica Isso mesmo 6, aids, o que queria Retzel (Backheuser 1926, p. 46) 17. Dslgado de Carvalho nko szituiv nen carter inovsdor ao chatnad possbiismo; pelo contro, mas de una vez sesnlon que mutes de sus dias havi sido constatadas pelo ‘niciador da geogrfia humana, &, Raze, bem com o fat de que aescola de Science Sociale ‘fermece antes da "sscol” de Vidal ela Blache, argumentosfavordveis¢ decisivos ao que ‘stati ato-ntitfos positlimo. Porsinal, La Blache nanea erpregou esse tem; em ‘suas oben, referiv-e As posibiades(posiblies) que a natrezaoferese ao homem.e cue podem, ou nfo, er aproveitass por ee. CO enehno de gengrata no século XK! 209 i % Fada # Cc |____Batoexcerto permitenos afar que ato se desonhecia no Brasil, ebate entre os ge6grafos europeus acerca da geografia politica eda geopolitica. \E, ao mesmo tempo, permite-nos compreender porque Backheuser,emboranto “7 ina sido o primeiro entre nds a realizar anélises geopoliticas,* inovou nesse framo”, “quicé o remo fundamental dessa nobre ¢ elevada cincia que forma a ipula do saber humano” (idem, p. 44), isto é,a politica. E, finalmente, fezque M8, ickheuser fosse reconbecido como aquele que sisteifizon 8 geopolitica no" Brasil, 6 Gile, posteriormente, permitiria o desenvolvimento de ume-escola brasileira de geopolitica” (caracterizada pela atuagBo dos militares). Delgado de Carvalho, talvez, niio tenha dado atenco maior aos “fundaméntos geograficos do poder politico”, pelo menos nos trabalhos que antecederain a Jntrodiigdo @ geograjia politica. De qualquer maneira, suas idéias influenciaramrérios-geopoliticos braslelrOs, Como Mario Travassos, que ' podemos apontar como um dos precursores da referida asG0la de geopolitca, e Golbery do Couto e Silva, que Ihe dedicou, na qualidade de “discipulo sen”, o lived Geopottied do Brast(1967). A930 PAS > ded cho cantes de M. Said Ali, Delgado jucagio, aowensino de ae nO que’se refere aos dois ttimos, hd que se acrescentar, & geografia politica € sexotie ors mesmo, nfo supresde oft de gue Arado do processo de institucionalizagao (ojove icuov-sé, primeiro curso superior de geoe ‘fo scetar) a sua avaliagto, segtindo a qual ascbras publics na oca imperil eno perodo republican anes de Sox Reese Crormics eqns! qe Aichuane~ es \ om r Rate Ca Mibu tiby Jeon ‘modésios compéndios destinados 20 en aparecem eivados dos defeitos qué tx ‘CEpETAT- ABRAMOS, Be eas, ial o primatio ou secundétio ¢ Em primeiro lugar, Aroldo de Azevedo pareceu ignorar as contribuigdes eas inovagies de M. Said Ali, Delgado de Carvalho” e Everard Backheuser; ‘em segundo lugar, pareceu menosprezar 08 livros didaticas** de geografia (ele mesmo jd um autor consagrado de livros didticost Ou seré que apenas os seus livros eram isentos dos defeitos da “velha geografia"?), em terceiro lugar, considerou a fundagio da Universidade de Sa Paulo, em 1934, como o marco. inaugural da geografia cientifica, o que sigeTe uma compresnatd linear, formal, oficial Go procisse de tastTticiotalizacao Uessa ciéncia, “Por outro Tado, 0 Fato de quc.os primciros professores de. geografia do curso de geogralia ¢ histéria da USP tenham sido Pierre Deffontaines.(1934- 1935Ye Piarre Monbeig (1935-1946), fidis discipulos da “escola francesa de \ get Ge vutros TepTeNEAUAtes dessa escola ~ refere-se a geracao de 1870—| foram 70 - foram aponiados por Aroldo de Azevedo como aqueles que prepararam “os responstiveis pela Tundagio & SObi asileires®? © {que] formou os membros da chamada jeografia (sic)” (Azevedo 1976, p. 28) permite-nos afirmar que a “escola ages de Spree one eons ho Lparbi de 1930. Isso obnbilou, durante algumas décedas, a influéncis CCariosament, em out publicagfo do mesmo ano, registrou que Delgedo de Carvako j6 dig)” vastto"portotce ecmadoo nin damotera Gopal (Aza 93, P23), Delgado de Carvalto panicipau da Comissao Nacional do Livro Didatica em 1939. Aroido {de Azevedo foi metmbea do Grupo de Esta do Livro Didtico, formado pala Seesetaria ce Eidecagdo do Estado de Sto Paulo crn 1960, FFundaca em 7 desetebro de 1934 (n80 por acsso!), em Sto Faul, por Pies Detfontsines, .gntou com a patsipselo (no ifcio) de Caio Prado JUnior (enue cuts). Durante vise a1 Te ‘igcada, suas assembidias se caracterizaram pea realizagSo da “pesquisa de campo em 18, Ci. Shiguenoli Miyamoto. Geopoltiza ¢ poder no Brasil. Campinas: Paps, 1995, 257 p.. Ajtuling jure Cy emir” propost por Francis Ruellan. Cr, entre outos. NL. Mule. "Aspects da vide da 19. Cry estre euros, Wilson dos Samos. "A obra de Arolda do Azevedo: Uranavaiogc™ Rio ‘Associ dos Gedgrafon Braslelrs”, Solem Paulista de Geografia, Sto Paulo, ot 38, ‘Garo: FGCR da Unesp, 1984, 54, Gssertagdo de meseato em geografa. ANew es p. 43-56, julto de 196. 204 Pepin Etna Oe Geli = Os? - 1934 | (© ensino de geogratia no séoulo XX1 205, cla da Associaga0 dos Ge6grafos. i L Soa. | z dy Cops ___Potsonsepuinteafimagto de Seng / sriarain um bloqueio psicolég 4 dado concreto na realidade’ | Refeinioenos &s potiderag6es de Aroldo de Azevedo acerce das “relages| ent ‘a geogratia ea cigncia politica”, o que o levou a discutir, nao sem embarago, & geogratia politica e a geopolttica: ‘Mesmo que procurasse simplificar a questi, limitando-me ao campo dda Goografis Politica, nfo me senttia perfeitamente a vontade. E que, no meu entender (e aeredito que tenho a meu Tado o que hié de mais significative da modema geracio de gedgrafos do Brasil), a Geografia Politica € 0 menos geogtéfico dos ramos da ciéncia geogrfica. ‘Como se tudo isso nto bastasse, cumpre-me lembrar que, quando se penetra nesse terreno, seate-se logo uma sensagio de inseguranga. TInseguro e pouco preciso é o seu conceito, Incertaé sua esfera de apio. ‘Traigoeira & sua bibliogeafia. (.) quando menos se espera, dé-se um passo’em falso e (..) esti-se defendendo, semi o saber, 0 ponto de vista politico de uma poténcia ov a ideologia de cerca faccHo partidéria, aleivose ou disfargadamente infilrados era obras de carter ciemtfico, Or, trabalhar assim, psraquem pretende ser imparcial, nada tem de atraente(.). Azevedo 1955, p.43) Aroldo de Azevedo estaria preocupado apenas em evitar que ideologias elou facgbes pantidérias maculassem a ciéncia geogrdfica? A geopolitica seria “a ideologia de certa facgo partidéria”? A geopolitica repercutiria no ensino de sgeografia? Que resultados poderiam advir dessa repercussio? A geopolitica, se implantada na universidade, nio poderia mitigar a influéncia, agora preponderant das idéias e representagGes dos membros da “escola francesa de geografia” no Brasil? Para tentarmos responder aessas (¢ outras possiveis) indagagoes,€ preciso ‘considerar 0 contexto em que tal artigo foi publicado, Sempretendermos esgotar essa perspectiva (0 que nos obrigaria a um exame-do Brasil em meados do século XX), apresentaremos um esbogo para uma breve andlise, com base em “Bibliografia selecionadae acessivel”, que o autor apresentou (citou 43 autores, os quais 32 estrangeiros). Destacaremos apenas alguns autores nacionais. Apés citar o livro Estrutura politica do Brasil, de 1926, dois artigos (“Geopolitica e 208 Papicus Ettore geografia politica”, de 1942; “Alguns conceitos geogrificos e geopoliticos”, de 1946), Azevedo citou o livro A geopolitica geral e do Brasil, de Everardo Backheuser, datado de 1952. Citou, gualmente, Conjuntura nacional: Aspectos geopolitices, de Golbery do Coutge Silva, publicado pela Escola Superior de Guerra em 1954, Projegdio continental do Brasil,® de Mario Travessos, de 1938, Geopolitica do Brasil, de Lisias A. Rodrigues,” de 1947, Geografia humane, ‘acompanhava as obras daqueles que defendiam a geopolitics no Bras "Na medida em que Backheuser entendia a geopolitica como alge que permite compreender o Brasil “em s2u conjunto teritorial, nfo estaria motivando ‘0s jovens brasileiros a se interessarem fortemente por ela? Por conseguinte, seria necessétio reavaliar a neutralidade da ciéncia! Paralelamente, esse interesse no poderia levé-los a se aproximerem, de uma maneira ou de outra, das id¢ias «e propostas expostas as reuniGes da Escola Superior de Guerra, fundada em 19497 Em raziio de guerra fria no contexto internacional e da gravidade das crescentes diferengas econémicas eregionsisno contexto nacional, seus membros privilegiaram o estudo ea andlise dos “problemas ‘brasileiros” de uma perspectiva {que procarava transformer os fundamentos geopoliticos em prinefpios para ditigir a acio do Estado brasileiro nas arcas da polftica, da economia, da diplomacia, da cultura, da educagdo, nos moldes de um Estado federal forte © centralizador, ‘Compreende-sé* pois, porque Everardo Backheuser, Delgado de Carvalho, Mario ‘Travassos, Lisias A. Rodigues e Golbery do Couto e Silva éstio presentes na | bibliografia do artigo A geografiaa servize da politica, dé Aroldo de Azevtio, } artigo A geografina $077 ice te es NaS seria Esse 0 “pano de fundo” da tarefa de que Aroldo de Azevedo se incumbin ao assurnir o papel do Ider que deve chamar os jovens universitarios ‘a0 “bom caminho"? Senfio, come interpretar a afirmagio que se segue? (..) como professor, ndo tenko o diteito de ignoraro que se vem fazendo nase setor da Geografia {a geografia politica}, como também julgo BB, Baltado pela primeira vez em 1934, com o titulo de Aspectos geogréficos sub-anerizanos. Por sages dos editores da Corpethia Eeitora Nacional, o autor pubicou, em 1935, 2 segunda edigio (ampliads), ietitlindo-¢ Projecde cantiental do Bras ‘24, Disipulo de Backheuser,defendon de um lado, a tansferéncia da capital federal, do outro, ‘exerci da iderange police, pr pare do Estado brasileiro ns Amica do Sul, baseando- sens proportainlcal de Mario Tavassos 125, Esse ivr 6 uma “versio didtica” da obra Introdugdo a geografia pote, pbicada em 1925. A primeira ecigho & Geografia humana, police e eccndmica, chamada “edigto proviséria", data de 1933. © ensina de goograta no século XXI 207 politica e econdmica,® de Delgadode Carvalho, de 1935, 0 que deixa claro que ~~, dae a que temos o dever de chamar a atsngio dos alunos para tal campo de estudos, pelo menos pars alerté-los contra os perigos existertes Sinceramente, nfo desejo que aqueles que me leer venham a dedicar- seatais estudos; pretendo, apenas, esclarec8-los, na medida de minhas possibilidades © conirariando frontalmente preferéncias fatima (Azevedo 1955, pp. 43-44) A seguir, no item geografia politica e geopolitica, apés fazer uma apreciagio de “Ratzel e Kjellén”, “Mackinder e Haushofer”, apresentou “A posigio dos franceses”, para reforgar @ sua prpria posicao, ou seja, arejeigio da goopolitiae, no limite, a aceitago da geogratia politica elaborada pelos franceses. Em suas palavras: co 7 7 De facciosismo dessas doutrinas geopolticasresuliou gattude discrete dos verdadeiros gedgrafos, acostumados a pisrterrenos mais fimes ea lidar com fatos mais objetivos,(.) ‘Outra nao pode ser a explicacéo para 0 ponto de vista dos gevgrafos fanceses, sompre na primeira liaha em todos os setores da Geografia, mas osteasivamente desinteressados por semelhantes debates, (..) No centanto, a diferenga entre as suas obras eas produzidas pela Geopolitica lem € total: quem quer que venha consuliar as estudos de CAMILLE VALLAUX, de JEAN BRUNHES, de JACQUES ANCEL ou de GEORGES HARDY nfo sente a menor desconlianga de ser emt em sua boa ff; (..) mas ser forgado_areconhecer a honestidade entice daqueles mestes e, acima de tudo, a seredade com que explanam os assuntos a que deram preferéncia. (dem, p. 47) essa maneira, as “doutrinas geopoliticas” anglo-saxGnicas, contraps 0s trabalhos de geografia politica dos “verdadeiros ge6grafos” franceses: explicitou © pressuposto da neutralidade cientifica; defendeu a filiagio da ‘gcografia brasileira aos “mestres” franceses. Finalizou o item assinalando as, contribuigSes & geopolitica e & geografia politica “nos Estados Unidos” e, na Altima frase, referiu-se a “ilusires figuras das Forcas Armadas” brasileiras e 20s dois livres do “saudoso professor Everardo Backheuser”. Por que Aroldo de Azevedo ndo acrescentou um pardgrafo intitulado “No Brasil"? No itemseguinte, abordou alguns temas da geografia politica, “no desejo de demonstrar que a Geografia pode realmente dar sua contribuigdo & Ciéncia Politica, sem que venba a abastardar-se” (idem, p. 48). Assim, preparou.o leitor para expor, “com fundamentornos postulados e conceitos da Geografia Politica, tum retrato do Biasil” (idem, p. 58, grifo do autor). Esse terceiroe timo item — 208 Papius Edhra “o espago brasileiro”, “a posigio do Brasil", “as fronteiras brasileiras”, “o Brasil € ainda muito jovem”, “o Brasil ¢ 0 expansionismo colonial”, “uma visio do futuro” e “conclustio” — ¢ extremamente importante, porque aqui as contradicdes do autor se mostram de maneira mais nitida. Vejamos: + adimensio do tertit6rio nos livra dos percalgos do “espago vital”, + a posigiio do Brasil explica a tropicalidade, que, provavelmente, -manifesta-se também “(.. em certas caractristicas psicol6gicas, bem cconhecidas, de uma parcela ponderivel de nossa populaglo (..)"” (idem, p. 59), ¢ no fato de que (..) somos 0 mais populoso pafs de populago branca do Mundo ‘Tropical ~ nada menos que 30 milhoes de brancos puros, perfeitamente integrados na civilizagio ocidental -,o queconstita formal desmeatido aqueles que ousaram afirmar que o homer ‘branco nfo poderia sobreviver na zona inter-ropical; encontramno- ‘nos numa excepcional posigao, sob 0 ponto de vista estratégico- militar, ois estamos fadados a controlar a porcio meridional da, bbacia do AtHintico —o mais importante dos oceanos, somos ma, as encruzithadas das rotas mundiais(.). (Idem, p. 60) + o-estudo das fronteiras permite “(..) encararmos © aspecto da conformagao territorial (..)" (idem, p. 61, grifo do autor); * ofato deo Brasil ser muito jovemo leva a indagar a respeito de seus “fins politico-econémicos” no futuro: Dominaremes um dia, pelo menos no ponto de vista econtm atotalidade da Bacie Amaz6nice? E muito provével, Acontecerdé ‘omesmo emrelaglo & Bacia do Prata(...)? Possivelmente,embora, ‘enhamos, neste caso, de enfrentar uma forga politico-econémica, ppoderosa, a Argeotina (..). Aspiraremos, um dia, controlar as, ‘costas afticanas, que nos so oposta, a fim de realizar 0 sonho {de fazer do Atlantico Sul um grande “lago” brasileiro? (..), (ders, p.62); + a dimensdo de seu tertitério permite afirmar que o Brasil é um ““verdadeiro Império Colonial”, mal aproveitado pouco povoado, onde © “triangulo Rio-Minas-Sio Paulo” exerce papel de “metrépole”. Esse heartland & secundado pelos estados do Sul (sobretudo 0 Rio Grande do Sul), pelo Rec6ncavo Briano, Pemambuco ¢ o Nordeste agucereiro, O restante do territério desempenha os papéis de “col6nias (© ensino do geogratia no século XX) 209 propriamente ditas”: a AmazOnia, o Centro-Oeste, “talvez mesmo 0 Nordeste Ocidental assemnetham-se ds coVnias de povoammento” (idem, 1. 65, gros do autor); 0 serffo do Nordeste Oriental ea regio do Sto Francisco correspondem as “colénias de enquadramento”. A seu ver, se a administragdo piblica assumisse tal “expansionismo colonial”, poderia atender “es verdadeiras necessidades regionais”, sem ferir 0 patriotismo nem a unidade nacional, ¢ a Cepital Federal deixaria de lado sua auto-suficiénca, e, assim, adiitira a existencia de “outros ccentros politico-econdmicos ¢ culturais”; + quanto 2o futuro: estou plenamente convencidode que, una vez atingidasuaplena ‘mocidade, 0 Brasil nio poder se contentar com 08 seus oito € ‘meio milbes de kn. Teremos, entio, o nosso verdadeiro Lmpério Colonial? Julgo que no. Mas poderemos nos utilizar, com inegaveis vantagens, dos territ6rios colonizados pelos portugueses. (Idem, p. 65, grifo do autor) Go.) No sou dos que imaginam reali2avel o sonho de uma “Confederagdo Luso-Brasileira; mas sou dos que acreditam que ‘05 povos que felam a lingua portuguesa, fortemnente unidos por lagos espirtuais, poderdo vir a ser liderados pelo Brasil, mesmo sem que ligmes politicos os unam, Representaremos wim papel semelhante ao dos Estados Unidos em relagdo ao manda de lingua inglesa, (Idem, p. 65); + econclui negando a defesa de qualquer “politica imperialista” para o Brasil: Prevejo apenas, com base nos ensinamentos de uma si ¢ ‘construtiva Geografia Politica, um natural inevitAvel aumento de nossa “esfera de influéncia”. Porque nfo encaro com pessimismo o futuro do Brasil; porque confioplenae sinceramente, ‘em seus grandes destinos, (idem, p. 67) ‘Uma anélise dessas idéias de Aroldo de Azevedo evidencia como elas repercutem em suas propostas de ago: se, teoricamente, a dimensio do territério. brasileiro, acrescida de sua incipiente ocupagio, afastam-nos de qualquer preocupagdo em relagdo a0 “espaco vital”, por que os $ milhes e 300 mil quilémetros quadrados deixariam de contentar 0 Brasil? Por que “poderemos nos utilizar, com inegdveis vantagens, dos territérios colonizados pelos portugueses”? Para qué? Nao acreditava em uma “Confederagao Luso-Brasileira” 210 Papirus Esto a porque entendia que “o Impétio colonial portugués passari a ser incluido no ‘espago vital do Brasil, pelo motos para a realizagio de seus objetivos politico sconémicos” (idem, p- 66). &havia indieios na cena internacional do processo de descolonizagao na Africae na Asia, acentuado a partir da década de 1950t (Ou ser que Portugal (c apenas ele!),“impondo-se por uma politica de igualdade entre os europeus e os indigenas”™ (ibidem), conseguitia mantero seu “sido” {mpério colonial? Porque eivindicou oexereicio de uma lideranga para o Brasil? ‘Apenas para “fazer do Attintiso Sul um grande ‘lago' brasileiro”? Bstamos “adados a controlar a porgic meridional da bacia do Atlantica”? Por que comparar o papel que o Brasil deveria desempenhar no Atlintico Sul com o papel que 0s Estados Unidos jéJesempenhavam no “mundo de ingua inglesa"? Qual era efetivamente, o pape. dos Estados Unidos no mundo pés-1945? Ena ‘AmeéricaLatina, em particular? Por que os “fins politico-econémicas” do Brasil, ‘no futuro, pressuporiam uma dominago de toda a bacie amazénica, da bacia do Prata,emibora “tenhammos, nestecaso, de enfrentar uma forga politico-econdmica poderosa, a Argentina”? Por qué? Para qué? Quais seriam as “certas ccaracterfsticas psicol6gicas, ben conhecids, de una parcela pondervel de nossa populacéo”? Quem eram os “30 milhées de brancos puros, perfeitamente {ntegrados na civilizacéo ocidental"? Qual o significado de “somos © mais populoso pais de populagio branea do Mundo Tropical”? Por que a preocupagio ‘coms “ensinamentos de uma. e constrativa Geografia Politica"? Por que os “ensinamentos de uma si e construtiva Geografia Politica” justficariam “um naturale inevitével aumento de nossa ‘esfera de influéncia"? Qual o significado éoaumento de “nossa ‘esfera de influéacia™? Por que 0 interesse no futuro do Brasil? Quais seriam 08 “grandes destinos” do Brasil? Por que seriam importantes? Para que (ou para quem) serviriam? Dene as ponderagbes que podemos fazer com base nasidias que Aroldo de Azevedo apresentou nesse artigo, destacamas 0 feto de que quase todas as suas observagées remetem, 10 mesmo tempo, 28 questdes colocadas (e/ou ban cn \ ‘WeGapaixoriado, spoiico, cem so deixar levar pelaconstanteexaltagdo ' 49 gue € foss0 o4 tansfommarse em insiumento de PopaganGe pnplecbel cl ‘ass pei moder apenas so [SEE abo € da depteciagio das nosias cavasteristicas GB Povo e de fe d. eee ae Poss Dre db po Cha WL on die | po Agu Sem divida alguma, sua posigio representa © conjunta dos gedgrafos ‘mostra bem a sua pratiGa alien alienada das. grandes questes Tiicion: t | oie eee cio da década de 1960; em poucas palavras, uinélagos regionals” ea cansalidacio de um espaco. Tigonacional, entra (jentativade)construgio de uma sociedad democrtica €a imposigo de um Estado ford" Sitoritario, Nesse contexto, « polit ‘Dioilamess di naotrdane-a sor sabi (eS TH Specter fe plano, 608 cos de sua ciéncia,afastanddo-se SET So ine ‘das demais ciér ‘humana. Embora Ev ser alo tea publicado Tvtes ditions, isso ~nio oTrApedia de afluirna teenagiode eprofessores de goografia nemde inceitivar _Dinteesse pela BeDpotsa. Na primeira situaglo,& preciso acrescentar que, a0 "Jado de Delgo de Carvalho, tir sires dos “cursdede speiieigoamento tres dos" a « Bara professores dé Geogratie, do ciclo secundaria”, ; rzanizados pela Sossade An paenBrasileira de Geografia,™ no Rio dé Janet eit 1945, qualido essa Sociedade i ri oe 28, Em 1945, com a aprovagio de novos estates, a Sociedude de Geografla do Rio de Jancto ¢f passou a denominacse Sociedade Brasileira de Geografia. JL onneen ema fon hader or etbothores SO nly eet eae deus 1 da propria geografia, da Sociedade Diaesia €a5 Tuk \ A. Aehpde o pr Pook was af Laan Ne fomretinre a te, 0 ensing de nossa disciphng, ¢, assim, a formagiio de perms ensinos rade askin Roe is, gS ere superior” =tamibem munessesentido:Na ‘Segands sitaacio, ” (), de alguma universidade brasileira: (), de alguma universidade brasitir ‘Quando houver de ser generalizado no Brasil 0 ensino de Geopoltica, ‘em que faculdade superior deveré ser inserida a respectiva cadeira? A resposta é simples; onde for feita a formacao de estadistas, ou seja, portanto, nas Faculdades de Ciéncias Politica. (Backheuser, sd, p.7) Porsua vez, a posicio de destaque de Delgado de. decer searpapal iovador na geografia eno ensino de geografis, sobremudo na qualidade de guior de livros didaticos, os quais conquistaram o mercado nacional durante..-e petiodo-qne.se estendeti das décadas de 1920 2 1940, quando foram, 1 xadativamente, suplantados pelos manuals éscoleres de Aroldo de Azevedo. Vio obstante seus livros chroictnyine Ob, estes no inicio da década de 1960, Tal bused se tantieod oe pevaga as 5), quando Beograli ea historia foram descaracterizatas pope’ ad ais, As consegléncias da imposigio de ua regime militar onduziram, 0s poucos esimultaneamente, lutas pela redemocratizacio do Estado brasileiro, por uma cidadania plena, pela defesa da escola piiblica ¢ pela defesa do ensino de geografia nos entio primeira (S*a® série) e segundo graus, o que, por si s6,exigia uma geografia: }comprometida com a realidade brasileira, indissociével da arena politica mundial e de seus desafios, que também se manifestavam em escala nacional, tais comoa necessidade <éeconstrugio de urna sociedade que pudessevivenciar a experigncia do ter direito ater direitos”, também do ponto de vista da questiio ambiental, Os muitos obsticulos do impediram, particularmente a partir de meados da década de 1970, mareada ‘Por numerosos movimentos sociaisna cena politica, a emergéncia, a retomada el ou desenvolvimento de debates que desembocaram na(s) Beogratia(s) critica(s) ‘no Brasi Referéncias bibliogréficas ALI, M.S. 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Esse €0 motivo pelo ‘qual mais importante que 0 domtnio da matéria, por parte do professor & 0 exercicio continuo da attvidade deaprendizagem, de tal modo que ele nfo transmita um “conhecimento petrificado”, mas demonstre constante- mente como o saber & produzida. Hannah Arendt (© ensino do geogratia no séoulo XX! 218 mn) nice, Neckas - eee [tnroarsto (chr dast connote 9 rusdafe, 13 cla. escoleres Exist sim, mas elas, por via de repr, seguetn caminhos mas ou MY ‘menos previamente tragados ¢ amplamente discutidos por exemplo: a aplicagto do construtivismo na matemitica, das “novas histérias” (do género, da vida jana) na hiséria assim por dinate -, algo diferente das tenttivas na eografa, que vao desde propostas de substitu totalmente atradigto geogrética Brasil vive uma fase decisiva, um momento de redefinigdes impostas tanto pela J sociedade em geral ~ pelo avancar da Terceira Revolugo Industrial e da slobalizagio, pela necessidade de (te}construir um sistema escolar que contribua ara a formagio de cidadios conscientes atives ~— como também pelas modificagtes que ocorrem na ciéncia geogréfica. O sistema es: ent sit | Assim como acontece em muitos outros paises, 0 ensino da geografiano jigumas vezes Thais équilibradas, A geografia escolar, dessa forma, vive um MENLO Fic complexo, com una intensa plarddade de caminhgh Gc a Ho Por acaBO COMING conti as profundas redelitigoes no sistema ‘BS COMETATON Guestionamenfs ao ensino tradicional dessa disciplina.-- — nibs bo ensino tradicional dessa E no Brasil, 20 contrério do que seria de se esperar ~ em face da desvalorizactio do ensino ¢ da carreira docente, da falta de recursos nas escolas, dos baixfssimos salérios pagos aos professores em geral - essa rigueza e = pluralidade & maior ainda do que nas demais sociedades nacionais. Talvez bela autoridades, pelo educacores pelo piblico erm geral que algumas vezes ‘exatamente esse descaso para com & educagéo ~e também as intensas discusses é : haa saber € obsoleto para alae panderanese| aoa atual ._ travadas ‘no seio do professorado de geografia ~ tenha contribufdo para gerar outras vezes, acreditam que 0 melhor seria uma profunda reformulagdo no seu ve * essa riqueza e complexidade, fazendo que os docentes se sentissem mais livres ig midanges radicals, tenativas de eliminagio ou minimizaglo, por- oredeatros ode de uma tiaior valocizagio, por parte de outros. Uma segunda ‘vez pois algo semelhante ocorred nos aos 60 ¢ 70, embora num outro contexto © com outro significado, ocasiio em que em alguns paises falou-se muito, € algumas vezes se agiu nesse sentido, em substituire geografia escolar por outras disciplinas mais “modems” ~ o ensino da geografia vem sendo questionado contedido € nos seus objetivos. Uma cois: iBional_da- oa oe deaeive alk acehcahaet Teneo heen? para inovar, para experimentar diferentes caminhos, para no continuar com & copra di ._. totina do tradicional. Por esse motivo, o Brasil é um caso especial no tocante a0 nto fei Wagar na escola do século XXI. Ou a geogratia muda radicalmente e Sia pads i Fo isto p Se eu ‘daaeaivor ‘ensino da geografia: por um lado, é um pais no ual © professorado vé com a invej: ris © condig&e ig itos nas e: sy Se a ee es ees Soh eer problematicas entre Sociedade e tatureza e enue ves as 5 eecalas geo: seogréficas,, =e of Ao ‘aula eee | maa arcane qwinercmeno-renaopivinodso | T= Apne psc frm sida vio ress dren acrediano que “io havin rata de adn | | SEO Els eons ow enol epg aoa pte de ivOIVADON com x eucageo A respelto de 20 froma poration! eur seats denote em epee, O papel, & quals sho og contetdos, OF OBjetivos © as estratégias mais ‘que produziam essa desvalocizarao da dscping, Um texto exemplar dessa tendéncia, qe Ag, serincSmiconiofonetrsen, 60 qe sa eenemente a revina Gaile (34 selene d= 2002p. 86, Bitora Globe) Come ula de“A miséiagageogrfa"o aro jenslisica poeura demonstar que fo a incorpraso de “temas eens ela georafs escola — tis como reforea agra, lobalizato,datibuigSo socal darenda ~ qu fc eos alunos

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