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Ano letivo 2021/2022

Prova de aptidão artística Relatório


final
Cristina Rodrigues Martins Nº 44905
Professor Orientador: Hugo Santos
Pianista acompanhadora: Tatiana Balyuk

Escola Artística de Música do Conservatório Nacional


13/06/2022

- Texto de apreciação crítica-

A minha jornada no mundo da música iniciou-se quando eu tinha 6 anos de idade. Vinda
de uma família enraizada na prática desta área, eu comecei por frequentar uma banda
filarmónica denominada Sociedade Filarmónica Democrática Timbre Seixalense. Nesta
eu aprendi algumas bases musicais como o solfejo onde mais tarde foi-me introduzida a
prática de um instrumento de metal, o trompete. Após 3 anos, com a ajuda do meu
primeiro professor de trompete Ângelo Borges fiz a minha primeira prova para tentar
ingressar no 4º ano de Iniciação na Escola Artística do Conservatório Nacional. Sem
sucesso na Sede do Conservatório, nesse mesmo ano acabei por frequentar o ano de
iniciação no Pólo do Seixal, pelo que fiquei logo com o meu professor atual, Hugo
Santos. No ano seguinte consegui então ingressar na sede do Conservatório Nacional ao
qual permaneci no ensino integrado até ao 5º Grau e por fim admitida no Curso
Profissional de Sopros e Percussão na especialidade de trompete em 2018.

-Aquisição de métodos e disciplina de estudo individual-


e
-Desenvolvimento e consolidação da técnica da execução do instrumento-

Desde o meu primeiro ano de aprendizado com o professor Hugo Santos e também com
os restantes professores da classe de trompete Daniel Louro e Felipe Coelho, fui
instruída a fazer uma boa técnica de base isto é tentar dominar o instrumento usando
vários métodos de estudo tais como: Arban Complete Method For Trumpet, Allen
Vizzuti 1,2 e 3, Bai Lin, Caruso, H.L. Clark, Charles Colin, Claude Rippas, Earl D.
Irons, James Stamp Supplemental Studies, e Vincent Cichowicz. Outras técnicas muito
importantes que não incluam um método em livro são as técnicas de respiração que
ajudam a ter um maior controlo do ar; a prática do bocal pudendo ou não usar o piano; o
buzzing que se caracteriza pela emissão de ar através da vibração dos lábios; e a prática
das escalas de grande importância no domínio de qualquer tonalidade.
Todos estes métodos de trabalho levam a uma evolução na destreza dos dedos,
flexibilidade, trabalho de som, maneira de usar o ar (sem utilizar pressão), embocadura,
resistência, o domínio das várias articulações e dinâmicas. Todas estes aspetos são
pontos construtivos para a performance de um trompetista.
Todas as ferramentas que me foram dadas para que o meu estudo individual fosse o
mais eficaz, mas depende do aluno concretiza-las. O meu professor sempre me disse que
o trabalho individual é o mais importante, pois é neste que vamos aplicar e desenvolver
os conhecimentos por ele transmitidos. Estes requerem tempo (duas aulas por semana
não são suficientes) e persistência pois os resultados não surgem a curto prazo.

Conquista progressiva de autonomia e capacidade de organização do trabalho

Eu, como aluna não só de trompete, sempre tive alguma dificuldade de organização, o
que numa escola como o Conservatório é fundamental. Manter um método de trabalho
bem estruturado é essencial, pois tenho várias disciplinas, eventos, trabalhos e provas,
ou seja, necessito de conciliar tudo isto de forma responsável. A organização é sem
dúvida um dos aspetos que tenho tentado vir a melhorar não só para o Conservatório,
mas como para todas as áreas da minha vida. Para além deste último ponto existem
outros fatores como a carga horária que são necessárias de gerir, eu como vivo no Seixal
levo por vezes até 2 horas de viajem, que para além do cansaço físico e mental
diminuem o tempo de estudo que com a minha por vezes falta de organização faz com
que as coisas se compliquem.
Em dias que nem sempre conseguia organizar o meu tempo de forma correta mantive a
minha prática diária no trompete, que com uma maior organização podia ter alcançado
maior nível em menos tempo. O meu professor sempre me aconselhou a estudar aos
poucos.
A conquista da capacidade de organizar o meu tempo com o tipo de repertório que
estava a preparar no momento começou desde muito cedo com insistência do Professor
Hugo Santos. Fui sempre habituada a tocar todos os dias, as habituais escalas, os
estudos do momento e as peças para apresentar em audições de classe. Ao longo destes
3 anos deparei-me com provas, ensaios de música de câmera, concertos de orquestras
em simultâneo, logo, com muito repertório para preparar ao mesmo tempo. Desta
forma, aprendi que a melhor maneira de estar em forma em qualquer obra seria estudar
muito bem uma secção de cada obra por dia, em vez de estudar tudo de uma obra muito
bem.

-Aquisição e exploração do reportório-


O repertório estudado foi bastante variado, toquei peças e excertos de vários
compositores pertencentes a épocas diferentes.
Para além de peças acompanhadas com piano, tais como “Concert Etude” de Alexander
Goedicke e o Concerto nº.6 de V.Sheolokov também toquei a “Rondo for Lifey” de
Leonard Bernstein.

-Experiência resultante das apresentações em público-

Em relação à minha experiência em apresentações, desde o começo da minha aventura


no Conservatório Nacional que tenho audições todos os períodos, o que fez com que eu
supostamente tivesse experiência a lidar com o público. Eu sou uma pessoa que sofre de
ansiedade, então em situação de apresentação demonstro muitos nervos. Perante tal, o
professor Hugo, ajudou-me, ensinando-me técnicas de meditação e respiração que me
ajudam a acalmar. Com a ajuda dele percebi que a nossa atitude durante as atuações
influencia muito a nossa prestação. Estar concentrado e demonstrar confiança enquanto
tocamos é a forma de conseguir uma prestação exemplar. Não digo que não fico
nervosa, mas ao longo dos anos fui aprendendo a não transparecer tanto tal sensação
para o público. Apesar desta minha dificuldade mais mental percebi que o nosso estado
mental é essencial para esta profissão. Quanto mais calmos e confiantes conseguirmos
estar melhor, e temos que estar bem preparados mentalmente para todas as adversidades
pois nem sempre as coisas correm como desejamos e é necessário atuar nesse momento
para não desistirmos e lutar pelas nossas metas e sonhos, para qualquer área da nossa
vida.

-A minha participação em projetos artísticos da escola ou outros-


A minha participação em projetos artísticos ao longo destes 3 anos do Curso
Profissional foram na participação de estágios nas bandas militares, especificamente na
Banda da Armada, na Banda da GNR e, a última onde tive o privilégio de tocar, na
Bandado Exército. Para além dos estágios nas bandas participei também no estágio da
orquestra sinfónica do Conservatório Nacional.
-Notas de programa-

 Concerto número 6 – Vjacheslav Shcheslokov


Vjacheslav Scheslokov nasceu a 1904 em Yelan da província de Saratov e faleceu a 4
de janeiro de 1975. Em 1924 tornou-se aluno do Conservatório de Moscou como
trompetista com o professor M.I.Tabakov. Passados 4 anos este mudou-se para a
Faculdade de História e Teoria, onde estudou com o compositor A.V.Aleksandrov na
aula de composição.
Após a sua formatura no Conservatório de Moscou em 1931, Scheslokov ingressou na
faculdade de Música de Sverdlovsk como professor na classe de trompetes e disciplinas
teóricas. Mais tarde foi convidado a professor de trompete no Conservatório do Estado
dos Urais onde progrediu na carreira e permaneceu durante alguns anos. Tendo iniciado
a sua carreira como trompetista numa banda de metais e, posteriormente liderando
várias orquestras, Shcheslokov compôs várias obras paras as mesmas. São
principalmente Valsas, marchas, uma das quais tendo sido destacada em 1930 numa
competição de marchas para o Exército Vermelho. Durante os anos de guerra o
compositor compôs várias obras dedicadas ao momento conturbado tais como
“Gastello” (1942) – um poema sinfónico, “Victory March” (1945) - para orquestra
sinfónica, e muitas outras.
Shcheslokov entrou na história da arte musical Russa como o compositor de um grande
número de obras para o seu instrumento favorito, o trompete. Este compôs dez
concertos para trompete, e muitas obras de pequena duração destinadas desde crianças a
virtuosos. Obras como “Cinco Peças”,” Pequena Marcha”, “Balada”, entre outras. Para
além dos seus concertos também são destacadas as obras de longa duração, como: “Dois
Estudos”, “Suíte Pioneira”, “Scherzo”, “Humoresque” e “Poema”. Schelokov criou
obras de destaque para vários outros instrumentos como para clarinete, violoncelo e
violino.
A obra que irei executar, “Concerto nº 6” para trompete, está composto para ser tocado
acompanhada pelo piano e contém na sua estrutura 3 andamentos: Rápido – Lento –
Rápido.

 Rondo for liefey- Leonard Bernstein (1918-1990)


Leonard Bernstein, uma das figuras mais influentes na história da música clássica
americana nasceu na cidade de Lawrence, em Massachussetts, nos Estados Unidos.
Iniciou uma carreira ilustre como compositor, maestro, pianista e professor.
Como compositor Bernstein escreveu para variados estilos como música sinfónica e
orquestral; ballet; cinema e música de teatro; obras corais; música de câmara e obras
para o trompete e para o piano. Este destacou-se pela cena musical da Broadway, onde
compôs On the Town , Candide e West Side Story.
Como maestro, depois de se formar em Harvard, tornou-se o Diretor Musical da
Orquestra Filarmônica de Nova York e regeu as principais orquestras do mundo,
formando um significativo legado de gravações de áudio e vídeo.  Para além, destes, foi
também uma figura crítica no renascimento moderno da música de Gustav Mahler.

Leonard Bernstein, inquestionavelmente, adorava cães, e demonstrou isso ao escrever


inúmeras peças curtas com uma em particular. Bernstein deixou-nos esta mini-ode
(composição poética), “Rondo for Lifey”, dedicada a um skye terrier da amiga do
compositor, a actriz Judy Holliday. Escrita a 1948, esta é uma peça composta para
trompete e acompanhada por piano. Iniciada com uma breve introdução expressiva e
lenta, a peça em si tem uma natureza lúdica. O trompete solo no começo vai, com o
decorrer da música, ganhando “vida” com a introdução do tema principal acompanhado
pelo piano, com frases de stacatto simples de caráter divertido e leve.
O estilo leve da seção de repetição da peça usa colcheias em staccato nas assinaturas de
compasso entre triplo simples e corte comum dá uma sensação instável e espasmódica à
música; algo que é evidente em toda a peça. A obra também tem algumas seções líricas
fugazes, contrastando com o tema inicial espasmódico e o trompete ecoando no piano
em um estágio quase antes da linha terminar dá uma sensação de movimento suave
contínuo antes de um retorno pela última vez ao tema principal, este tempo apresentado
com um mudo antes de uma cadência perfeita terminar a peça.

Polonaise de Concert
Someone to watch over me

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