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de Sete Cabeças
(Os ensinamentos do ocultismo hindu à luz do Cristianismo).
Conteúdo:
Dois Caminhos.
O Curandeirismo.
Teosofia.
Doutrina.
O ser humano não pode, como no caso de um animal dar-se por satisfeito apenas com
as coisas materiais. Mais cedo ou mais tarde ele começa a sentir falta de algo espiritual
em sua vida e então surgem numerosas perguntas essenciais: para que ele vive, qual é a
finalidade da sua existência, se há algo além dos limites do mundo físico, etc. O
Cristianismo ajuda o homem a escapar da opressão da vanidade do cotidiano, achar o
sentido da vida e desenvolver as mais nobres aptidões da sua alma. Mas, começando
pelo fim do século passado, o mundo ocidental viu-se cada vez mais invadido pelas
diversas doutrinas ocultas hindus, "orientais," que ofereciam seus métodos para tornar a
vida mais espiritual. Adaptadas à mentalidade das pessoas formadas pela cultura
ocidental, essas doutrinas são divulgadas usando-se amplamente a terminologia cristã e
as noções cristãs, criando-se a impressão de que elas não contrariam o Cristianismo,
mas tão somente, completam o que nele falta. Na realidade, porém, estes ensinamentos
colidem frontalmente com o Cristianismo e colocam as pessoas em um caminho
espiritual errado. Infelizmente, nem todos são capazes de elucidar os seus erros, —
principalmente porque as idéias propagadas por estes ensinamentos freqüentemente se
entrelaçam com as cristãs.
As Três Correntes.
Todas as ciências ocultas hindus, podem ser de um modo geral, divididas em três
correntes: 1) As que apresentam aspecto científico e filosófico. 2) As que apostam nas
práticas psicofisiológicas e 3) As que visam o desenvolvimento da intuição e da
espontaneidade.
Este rol inclui ao lado dos ensinamentos orientais tradicionais, suas modificações
supostamente com fundamento científico e usadas na psicoterapia, — as práticas
"criadas em casa" do tipo método de Ivanóv. Se os métodos tradicionais apresentam
teorias simples e primitivas, os métodos modernizados podem apoiar-se em pesquisas
"científicas" sérias que tocam o mundo dos fenômenos e ilusões que se abrem por meio
dos narcóticos ou exercícios respiratórios (como nos métodos de S.Grof).
O arranjo aqui apresentado das ciências ocultas hindus — é relativo. Antes devemos
falar da acentuação do papel do intelecto, da prática e da intuição numa ou noutra
corrente. Todas elas até certo ponto se cruzam e possuem muito em comum. O principal
fato que as aproxima é a visão peculiar de Deus como um princípio impessoal do
mundo e o uso generalizado dos métodos de meditação e da yoga.
Os Ensinamento Orientais
À Luz do Cristianismo.
O leitor não versado em questões teológicas, poder pensar que a questão de Deus ser
pessoal ou impessoal é puramente filosófica, já que a Sua essência de qualquer modo é
incognoscível. Importante é ser um homem honesto e bondoso, — mas estas qualidades
são defendidas por todas as religiões independentemente de suas idéias. Porém, como
veremos, a questão sobre a pessoalidade e autoconsciência de Deus — é de longe não
uma questão abstrata, mas uma questão que determina todo o conteúdo ideológico e
prático de uma determinada religião ou ensinamento.
Substituindo Deus pessoal por uma vaga noção da energia onipresente, eles colocam o
homem no centro da atenção e tem como meta levá-lo aos meios para usar esta energia
para seu próprio desenvolvimento e felicidade.
Deus e o Mundo.
Toda a ciência, por mais lógica e coerente no pensamento que seja, como por exemplo a
matemática, se apoia num certo número de verdades "óbvias por si mesmo," axiomas,
premissas imediatamente evidentes que não podem ser provadas e devem ser aceitas
pela fé. Se pudessem ser provadas — se tornariam teoremas, mas isto é impossível. Não
é de se estranhar, que ramos menos exatos do conhecimento humano como a religião e a
filosofia também se apoiem sobre de seu modo "axiomas" ou dogmas, que tão pouco
são demonstráveis e são objetos da fé. O axioma básico de todos os ensinamentos da
filosofia religiosa é a idéia de Deus. Enquanto as religiões que buscam Deus se apoiam
na fé em Deus-Pessoa, as ciências orientais hindus, chegam às suas conclusões partindo
da premissa de um princípio impessoal.
Do mesmo modo, — concluem estes ensinamentos, — toda religião tem razão, — cada
qual a seu modo. As religiões dos homens são planos diferentes do entendimento da
mesma verdade. Assim, Cristo, Buda, Confucio, Zoroastro, Maomé, Krishna e outros
"avatares" são aceitos como "mestres" que pregam os mesmos princípios, porém, em
várias formulações verbais. Portanto, a maioria dos ensinamentos ocultos hindus negam
a existência de heresias e erros, achando que tudo não passa de vários níveis da
percepção da Realidade. Baseando-se na idéia da relatividade das doutrinas religiosas,
os ensinamentos ocultos hindus estimulam os estudos de religiões para ampliar nossos
horizontes intelectuais. Por outro lado, eles acusam de serem fanáticos aqueles que
defendem a exclusividade de sua doutrina, como por exemplo os cristãos. A idéia da
incognoscibilidade da Verdade, — como princípio, é o fundamento do Zen Budismo. Já
que o mundo é fantasmagórico e ilusório, a Verdade é incognoscível. Ensinar alguma
coisa a alguém é tido como impossível, o que vale também, para aprender com alguém.
Para conceber algo, é mister, em primeiro lugar, livrar-se de todos os preconceitos e
opiniões pregadas pelas várias religiões. A Realidade não possui conteúdo objetivo —
existe, apenas nossa percepção subjetiva. A Verdade deve ser alcançada diretamente
pela intuição numa integração daquilo que é percebido com aquele que é perceptivo. Os
livros podem ser úteis para um iniciante pois eles fomentam a meditação. Negando a
razão e a lógica, Zen exorta a intensos exercícios de meditação — no sentido que os
iogos imprimem a ela. Ao meditar, a pessoa deve livrar sua mente de todas as
impressões externas e relaxar completamente. Tudo que um homem pode conhecer virá
espontaneamente de dentro dele. O principal é chegar a sentir-se como uma parte do
Inteiro. Uma vez alcançado isto, a pessoa imerge num estado de deleite sentindo-se
"deus’.
O conceito da Verdade absoluta e imutável baseia-se na idéia de Deus ser uma Pessoa.
Ao criar o homem, Ele proveu-o da razão semelhante à Divina, apta a relacionar-se com
Ele e conhecer a Verdade. Comparando Deus ao Sol, a razão humana seria o olho que
tem a capacidade de receber sua luz, se bem que não em toda sua intensidade de brilho,
— e, iluminado por Ele, conceber a essência das coisas espirituais e materiais.
Para o primeiro homem, em sua pureza, era possível comunicar-se com Deus e até falar
com Ele (Gen. cap.2-3). O pecado o afastou Dele. Sua mente obscureceu e como
resultado surgiram várias pseudo-religiões. Porém, Deus não abandonou o homem. Pai
amoroso, Ele não deixou de preocupar-Se com a salvação dos seres humanos e enviou-
lhes Seus Profetas-mestres.
A Verdade em sua plenitude foi revelada ao mundo pelo Senhor Jesus Cristo, Filho de
Deus, Unigênito. Ele acrescentou às Escrituras do Antigo Testamento o que lhes faltava
e proporcionou noções mais aprimoradas sobre Deus e muitos assuntos espirituais. Ele
expôs com clareza o que é correto e o que é errado, como deve-se viver e o que aspirar
para entrar na vida eterna. Ele não tencionava satisfazer a curiosidade dos homens
revelando os dificilmente assimiláveis mistérios da existência, mas tomou por assunto
central aquilo que é o mais importante para nós — como alcançar o Reino Celeste. O
ensinamento de Cristo é preservado em sua pureza e incolumidade nos Evangelhos
compostos pelos quatro Evangelistas e é interpretado nos escritos do Santos Apóstolos.
Deste modo, a Bíblia encerra a verdadeira e não corrompida revelação Divina.
A principal tarefa de nossa vida aqui na terra é compenetrar-se das verdades reveladas
por Deus, e sob orientação da Igreja edificar sobre elas a nossa visão do mundo e a vida
cristã. Apesar de um ser humano nem sempre ser capaz de aprofundar-se na Revelação ,
— ele tem a faculdade de aceitar pela Fé aquilo que ela afirma.
Sem ter a única fonte de revelação , ou seja, — Deus , as doutrinas ocultas hindus
apoiam-se nas manifestações dos "espíritos," "irmãos brancos" ou dos "gurus." A
fundadora da sociedade Teosófica, E. Blavá tskaya, por exemplo, afirmava que achava-
se em contínuo contato telepático com os "mahatmas" do Tibete, recebia deles ordens,
dirigia-se a eles com perguntas e ouvia suas respostas. Ela considerava a sua vida e
doutrina teosófica como cumprimento da vontade dos mestres misteriosos que
habitavam acima das nuvens nos cumes das montanhas do Tibete. Resumindo, — o
Cristianismo distingue nitidamente as verdades reveladas por Deus das opiniões dos
homens e afirma que a Verdade é única ao passo que os falsos juizes podem ser
numerosos. Tudo que contradiz a verdade revelada por Deus não passa de fruto da
fantasia.
No entender cristão, o homem é uma criatura de Deus e porta o signo da Sua imagem.
Diferentemente dos anjos e dos animais dotados da natureza simples — espiritual no
primeiro caso e física no segundo, ele é um ser composto de duas partes; de uma alma
racional e um corpo perecível. Apesar da natureza da alma e do seu aparecimento no
mundo na hora do nascimento da criança serem um mistério da Criação de Deus , o
Cristianismo ensina claramente que a alma do nascituro não é um espírito que habitava
alhures e se incorporou nele, mas é um novo ser que surgiu no ventre materno em algum
instante após a formação do embrião. Herdando dos seus pais vários caracteres físicos, o
nascituro herda também os espirituais, — tanto positivos, bem como negativos. Mas,
com toda esta semelhança com os pais, a criança que acaba de nascer é um "Eu"
totalmente novo, diferente do "Eu" dos seus progenitores. Ele é único, uma
individualidade, que não permite réplica e é dotada de consciência e razão
independentes e do livre arbítrio. A alma do nascituro não vem habitar o corpo como se
fosse um inquilino, mas se liga a ele numa união no íntimo , esta que nos desígnios do
Criador deve ser eterna. A morte que resultou do pecado é um fenômeno anormal e
atenta contra a própria natureza. Apesar do corpo ser privado do princípio da vida,
desintegrar-se, ficando reduzido aos elementos que o compõem, a ligação misteriosa
entre o corpo e a alma perdura. A alma ao abandonar o corpo conserva a personalidade
do homem — sua experiência espiritual, conhecimentos acumulados e o estado moral
que ele alcançou. Sua personalidade, seu "Eu" único depois da morte física continua a
perceber, raciocinar, lembrar, sentir e querer. Para a alma, a separação do corpo é
discordante da sua natureza e não passa de um estado temporário. Ela não foi criada
para ser um anjo ou um fantasma, mas como uma parte integrante da natureza humana
— sua parte espiritual. Por tudo isso, os seres humanos jamais poderão conformar-se
com a tragédia da morte — ela é um fenômeno que contraria a própria natureza.
A finalidade da vinda ao mundo do Nosso Senhor Jesus Cristo foi corrigir a anomalia
que é a morte e restabelecer o ser humano em sua condição de união das duas naturezas.
Esta restauração virá no dia da Ressurreição geral dos mortos, quando a alma de cada
homem retornará ao seu corpo renovado e dotado do espírito por Deus, para que depois
disso, o homem desfrute a vida eterna. É importante entender que a alma de cada
homem irá juntar-se com o seu próprio corpo, e não com algum corpo novo. Portanto,
trata-se justamente da restauração do ser humano na sua condição de portador das suas
duas naturezas, como Deus o criou.
O Problema da Personalidade.
A cada ser humano é dada a possibilidade de formar o seu "Eu" como quiser, mas
aquilo que ele adquiriu no seu íntimo, ninguém pode extinguir, — nem ele mesmo. Na
infância todos são parecidos. Pode ser que ao nascer duas crianças, digamos , — o
profeta Moisés e Jack o "estripador" eram só um pouco diferentes entre si. Mas, com o
tempo, um deles tornou-se um profeta lembrado com gratidão por todos, ao passo que o
outro tornou-se um facínora cruel — ambos seguiram um caminho livremente
escolhido. Após a morte cada um deles vai perceber claramente o que ele é e o que
merece. Este fato da estabilidade da personalidade seria uma terrível tragédia se não
existisse a graça Divina que "sana os debilitados e supre os carentes." Mas ainda
retornaremos a este importante assunto posteriormente.
O Pecado e o carma.
O Cristianismo entende por pecado a violação da lei moral estabelecida por Deus.
Pecaminosos podem ser não somente os atos, mas também pensamentos, sentimentos,
palavras e o endereçamento da volição, em resumo, — tudo o que leva o homem ao
caminho do afastamento de Deus. O repúdio consciente de Jesus Cristo, a falta de boa
vontade em acreditar Nele como o Salvador do mundo, enviado por Deus — também é
um pecado (João, 16:9). De acordo com o Apóstolo Tiago (4:17) quem tem a
oportunidade de fazer uma coisa boa e não a faz também peca.. Um ato pecaminoso,
bem como a volição pecaminosa deixam uma mácula na consciência. Os pecados
repetidos e o endereçamento da volição pecaminosa tornam o homem moralmente
doente e o puxam para o abismo do Mal. O homem é exortado a lutar contra suas
inclinações ao Mal, mas muitas vezes o pecado supera suas forças espirituais e ele
necessita da ajuda Superior. Ao rigor, a praga do pecado original é tão forte que todo ser
humano necessita da força, da graça de Deus para renascer.
Apesar disto, as migalhas do Bem foram colocadas por obra de Deus na nossa natureza,
e devido a isto, cada homem instintivamente anseia o Bem e quando faz algum mal, um
sentimento desagradável apodera-se dele, inquietando-o e deprimindo-o Isto acontece
porque Deus dotou a nossa natureza espiritual de um instrumento muito sensível e
preciso que atua na área moral, — a consciência. Não é de se estranhar, então que tanto
os pagãos como os maometanos e pessoas que professam as mais variadas religiões, são
unânimes na definição do que o Bem e do que é o Mal, o que é virtude e o que é pecado.
Disto, nem os que seguem os ensinamentos ocultos hindus discordam, apesar do
hinduismo teoricamente não fazer diferença entre o Bem e o Mal, considerando-os
"duas faces da mesma moeda." Na prática, ele tem algo que aproxima-se da noção de
pecado, que é chamado de carma.
O carma (que quer dizer em hindu "obra"), é algo indevido e negativo, uma espécie de
mancha que adere ao homem e o acompanha nos processos da reecarnação. Já que na
doutrina hindu falta um Deus que perdoe e purifique o homem, o carma ganha um
caráter puramente mecânico e formal. Os cultos orientais entendem como carma uma lei
imutável de retribuição, uma lei que não depende do arbítrio superior consciente. Suas
conseqüências se deixam sentir em todas as reencarnações vindouras, de modo que cada
ato cometido determina com extrema precisão o futuro da alma. Assim, pessoas sadias,
felizes e ricas — são aquelas que em vidas passadas colheram um bom carma, ao passo
que os que sofrem, ou de modo geral são menos felizes recebem o que corresponde aos
pecados e erros do passado. Deste modo, para a doutrina do carma, o pecado e o castigo
acham-se numa relação matemática. Nela não existe um Deus misericordioso ou
Salvador Que redime os homens do pecado. A lei do carma é implacável e soma todo o
mal feito pelo homem para ser pago nas próximas encarnações que podem repetir-se
milhares ou até milhões de vezes.
A lei do carma, surgiu provavelmente para tentar explicar a causa dos sofrimentos. Uma
criança inocente, por exemplo, sofre porque numa de suas vidas anteriores fez algum
mal e agora deve pagar por isto. Mas, se nos aprofundarmos mais nesta questão, fica
evidente que a lei do carma torna legítima uma injustiça, pois, se na morte uma
determinada personalidade desmancha-se, a nova que surge na reencarnação não pode
entender por qual ato tem de pagar e portanto seus sofrimentos não terão nenhum valor
como ensinamento moral. Tudo o que poderá surgir — é um vago sentimento de
injustiça na vida.
Enquanto o cristão espera a ressurreição do seu corpo, aquele que ele possuía, /o único/,
— o seguidor de cultos orientais considera seu corpo como um invólucro temporário,
uma espécie de prisão da qual ele poderá um dia livrar-se. No hinduismo, a essência
espiritual impessoal para "corrigir o carma" depois deve depois da morte reencarnar-se,
quer no homem, no macaco, na cabra, ou até numa planta.
São bem diferentes os numerosos casos contados nas descrições das vidas os santos e na
literatura religiosa em geral, bem como numerosas narrativas contemporâneas sobre a
vida após a morte que desmentem a doutrina da transmigração das almas na sua própria
origem.
Na realidade, estes aparecendo para alguém eram capazes de partilhar sua experiência e
os conhecimentos adquiridos em sua única vida e sua autoconsciência não era apagada
pela morte. Os antigos profetas Moisés e Elias ao aparecerem para Cristo no monte
Tabor muitos séculos após terem deixado este mundo, preservaram a clara noção
daquilo que foram no passado. Do mesmo modo, em todos os casos anotados pelos
médicos que trabalhavam na reanimação de pessoas, a alma ao deixar o corpo
continuava a sentir-se a mesma que habitava o corpo antes do momento da morte. Se é
que ela desejava voltar ao mundo, era para completar sua missão ainda não acabada e
não para começar uma nova vida. Além disto, as almas dos recém falecidos ao
encontrarem-se com as almas de parentes que já haviam falecido, — reconheciam uns
aos outros como as determinadas pessoas que foram em vida.
Em todos os casos conhecidos pela religião e pela ciência, as almas dos mortos
conservam seu "Eu" e a experiência acumulada durante a vida. Desta forma, a
autoconsciência é indelével — o que desmente o ensinamento sobre a transmigração das
almas e sua dissolução no nirvana. Tudo isto mostra com clareza que o ensinamento
hindu choca-se com a doutrina cristã da Redenção. O exemplo trazido pelo Evangelho
— o caso do Bom Ladrão ilustra bem isto. Este, no instante da sua adesão e súplica a
Cristo herda o Reino Celeste, evitando o carma e vidas errantes cíclicas pelas vias
cósmicas. Assim, a Redenção trazida por Cristo nos livra do poder dos processos
cósmicos e do destino cego.
"A Salvação" é uma idéia própria do Cristianismo, onde ocupa um lugar central, porém
desconhecida dos pensamentos ocultos hindus. O Cristianismo ensina que Deus criou o
ser humano para a vida imortal. Se não houvesse o pecado original não seria necessário
salvá-lo. Este pecado maculou moralmente a natureza humana, desarmonizou o seu
mundo íntimo e com isto privou o homem do relacionamento vivo com Deus. A praga
do pecado com todas as suas conseqüências nefastas nós recebemos como herança, mas
recuperar a vida eterna, não podemos somente através dos nossos esforços pessoais.
Para isto necessitamos da ajuda de Deus, precisamos Do Salvador! Se o Senhor Jesus
Cristo não redimisse nossos pecados na Cruz , estaríamos todos fadados à morte eterna,
— não no sentido da aniquilação da alma, mas sendo condenados a permanecer nas
trevas, em eterno tormento. Porém, graças ao Senhor Jesus Cristo, o caminho da
salvação é aberto a todo homem. O sangue por ele derramado na Cruz nos purifica do
pecado e faz renascer nossas almas. Mas isto não ocorre automaticamente. É necessário
fazer um esforço para ter fé Nele, aceitar o Seu ensinamento e viver uma vida cristã.
O tema da Salvação é deveras amplo para tentar abarcá-lo aqui. O jejum, a oração, o
estudo da palavra de Deus, as boas ações, os sacramentos da Igreja, — todos são meios
para o renascimento espiritual do homem. Assim, para a salvação existem duas
condições: o esforço pessoal no caminho até Deus e sua ajuda pela graça invisível que
Ele nos dá. Por salvação entende-se o restabelecimento do homem na condição de ser
que possui duas naturezas com total liberação do pecado e de todas as suas
conseqüências. Mas isto será algo maior do que o retorno à bem-aventurança do Eden,
pois será acompanhado pela espiritualização e transfiguração tanto do ser humano,
como de todo o mundo. Tudo o que é corrupto se tornará imperecível e os justos
resplandecerão com o Sol. A bem-aventurança, o sentimento de alegria serão
proporcionais àquele nível moral que foi alcançado em vida, na terra. Por isso o
Cristianismo nos exorta a multiplicar os talentos que foram dados e aumentar o tesouro
espiritual. Quem planta em abundância terá colheita abundante e quem semeia com
parcimônia — terá colheita pobre.
Com este sentido de "salvação," é natural que todas as atividades também tenham um
sentido e finalidade totalmente diferentes do que no Cristianismo. Ao invés do
relacionamento vivo com Deus como Pessoa através da prece, estes ensinamentos
estimulam a criação de laços com os mahatmas (espíritos) e gurus por meio da telepatia,
a saída para o astral, a repetição de mantras, a evocação dos espíritos, etc. No lugar da
penitência perante o Criador e a correção dos defeitos — estas doutrinas ensinam seus
seguidores a contar com suas próprias forças e desenvolver o sentido da sua
"divindade," fazendo-os sentirem-se superiores aos "não esclarecidos."
Nosso Senhor Jesus Cristo com sua única Encarnação e a vinda ao mundo realizou a
redenção da humanidade. As divindades hindus corporizam-se de maneira diferente.
Vishnu, cuja atividade é a manutenção do Cosmo, aparece na forma de Narayana —
como o protótipo de todos avatares. Outros avatares foram Buda, Rama, Krishna,
Confúcio, Zoroastro, Maomé, o rei George V, Mahatma Gandi entre outros. Como é
ilimitado o número de rios que nascem das águas do oceano (pela evaporação que dá
origem às chuvas), enquanto que este nunca seca, — assim são inúmeras as
corporalizações de deus, — afirma o hinduismo. Estes avatares aparecem supostamente
nos momentos mais críticos da História para ensinar determinadas verdades.
O avatar do momento é alvo de grandes honras. Como ele é unido à divindade, possui
uma força sobrenatural (siddhis) que o coloca acima das leis do carma. Porquanto está
no corpo ele pode demonstrar as emoções humanas, mas o seu estado espiritual
ultrapassa os limites do tempo e do espaço (maya). No décimo capítulo Bhagavad-Gita
Krishna declara: "Sou o príncipe sobre os demônios." Esta confissão lança luz sobre a
natureza sinistra dos avatares hindus.
Na sua Epístola aos Tessalonicences, o Apóstolo Paulo fala sobre o último avatar (o
anticristo) e diz que "a vinda dele é por obra de satanás, com todo o poder, com sinais e
prodígios mentirosos" (II Tess. 2:9 ; conf.: Apoc.13:2).
O Cristianismo ensina que Deus não deixa de ter para conosco todos os desvelos, como
o mais bondoso pai para com os seus filhos, e isto apesar de sermos pecadores e
teimosos. Não somente a nossa vida como um todo, mas até os seus detalhes ele dirige
para o nosso bem. Se nós não O contrariássemos, mas nos portássemos como filhos
obedientes, — não existiria o Mal na terra, a vida nela terminaria em eterna alegria no
Seu Reino Celeste. Os homens desgraçam-se sozinhos já que Deus não os coage,
deixando exercer o livre arbítrio, não força a acreditar Nele ou mesmo, viver
virtuosamente. Ele tem o poder de modificar o desenrolar dos acontecimentos e fazer
algo que pela lógica humana não seria possível. Em uma palavra, — a nossa vida é
determinada não tanto pelos fatores externos, quanto pela nossa livre vontade e pela
Providência Divina.
A Escatologia.
O Cristianismo prepara os fiéis para a segunda vinda de Cristo, que ocorrerá com o fim
do mundo material. Nela, o Senhor ressuscitará os mortos e depois fará o juízo sobre os
homens e os demônios. Cada qual vai receber aquilo o que merece pelos seus feitos. A
terra e tudo o que está sobre ela serão consumidos pelo fogo. Mas Deus vai criar o novo
céu e a nova terra onde "vai habitar a Verdade." Nisto, uns ingressarão na vida eterna,
enquanto outros serão sentenciados à pena eterna junto ao diabo e seus anjos.
A Sagrada Escritura prediz que o tempo que antecede o fim do mundo, será o tempo da
apostasia, da abjuração do Cristianismo e extremo recrudescimento do Mal. Então,
surgirão numerosos falsos profetas, que irão atrair os homens para seus ensinamentos. A
fé dos homens enfraquecerá, eles vão dedicar-se a vários vícios, entusiasmar-se pelas
mais variadas atividades do ocultismo e adoração dos demônios. A abjuração do
Cristianismo será liderada pelo "grande" governante que a Sagrada Escritura chama de
"Besta" e "Anticristo."
Provavelmente ele presidirá o Governo Mundial e irá ser não somente um líder político,
mas também inspirador de novas idéias religiosas. O seu governo terá sucesso graças à
intensa vigilância sobre os povos. O Cristianismo será perseguido como uma religião
inoperante, superada e fanática e para os fiéis virão tempos nos quais serão confessores
e mártires.
Com a eliminação de um critério objetivo para o discernimento entre aquilo que deve
ser considerado a iluminação genuína e o que não passa de uma engano , ou o resultado
de mais intensa excitação, — os adeptos dos ensinamentos ocultos hindus oferecem um
princípio subjetivo: "Se algo funciona — então é bom." As pessoas, que chegaram à
iluminação mística, quando perguntadas de como a alcançaram, em vez de darem uma
resposta razoável, ficam com um olhar que denota a exaltação, aparentando entrar em
transe. Pouco depois, ao recuperar os sentidos, eles recomendam com um sorriso afável:
"Experimentem, e irão se convencer." Quando os sentimentos substituem a razão e
todos critérios objetivos são rejeitados, as tentativas de distinguir a realidade da ilusão
afundam no mar da subjetividade.
No Cristianismo, todo sentimento subjetivo tem de passar pelo crivo do testemunho das
Sagradas Escrituras e pela experiência espiritual da Igreja. A razão deve estar sempre
alerta e não estimular a fantasia. Caso contrário, o homem enveredará por um caminho
perigoso e poderá ceder à tentação do demônio.
Porém, para nos proteger da presunção e do orgulho, Deus não torna evidente a
presença da Sua luz, mas esta penetra invariavelmente na alma humana durante a prece,
do arrependimento sincero, da leitura atenciosa da Sagrada Escritura, na hora das
reflexões sobre as coisas espirituais, da comunhão, da presença nos Santos Ofícios.
Mas, sentir plenamente a alegria por achar-se na vivificante luz Divina, — só nos será
dado na outra vida.
Os ensinamentos ocultos hindus, não somente não alertam contra a sedução demoníaca,
como ainda estimulam-na e recomendam vários métodos que levam a ela.
É verdade que as pessoas que alcançaram a iluminação mística por meios ocultos
experimentam um enlevo incomum, chegando a sentir a sua "divindade." Trata-se,
porém de um estado doentio e muito perigoso, que lembra a ação inebriante dos
narcóticos. Na insana auto-admiração, a veneração a Deus vem a ser substituída pela
orgulhosa afirmação: "deus sou eu." Nisto, desaparece a própria noção da
responsabilidade moral e do Juízo Superior. O sentimento da "iluminação" torna-se o
critério da verdade e o árbitro de todos os atos.
A seguir, vamos fazer uma análise das diferenças entre as noções da espiritualidade do
Cristianismo e dos ensinamentos ocultos.
Dois Caminhos.
O Curandeirismo.
"Muitos Me
dirão naquele
dia: Senhor,
Senhor, não
profetizamos
nós em Teu
nome, e em
Teu nome
fizemos
muitos
milagres?
Então Eu
lhes direi
bem
alto: Nunca
vos conheci;
apartai-vos
de Mim, vós
que praticais
a iniqüidade"
(Mat. 7:22-
23).
Cristo veio para nos livrar do poder do diabo e da servidão ao pecado. "Todo o que
comete o pecado, é escravo do pecado. Ora o escravo não fica para sempre na casa, mas
o filho fica nela para sempre. Por isso, se o Filho vos livrar, sereis verdadeiramente
livres" (João, 8 :34-35). No sacramento do batismo, o homem se livra dos grilhões dos
vícios e ganha de Cristo a força para lutar contra sua inclinação para o mal. Não existe
uma paixão ou um vício que um homem não seja capaz de superar com a ajuda de Deus.
Mas, para isso necessita decididamente entrar em luta com o pecado e começar a viver
espiritualmente — a rezar, penitenciar-se com sinceridade, comungar e pedir a ajuda de
Deus. O notável é que ao vencer seus defeitos o homem fortifica-se e cresce
espiritualmente. Neste crescimento interno é que se resume a finalidade da nossa vida
na terra.
Para concorrer com a ação benéfica cristã sobre a alma, vários cultos orientais do nosso
tempo (krishnaitas e outros), além dos numerosos curandeiros ocultos particulares e
"extrasensos," oferecem seus tratamentos médicos. Eles prometem a cura total dos
grandes males como o alcoolismo, o fumo, a dependência de tóxicos, a obesidade, o
desejo sexual desmedido, além de outros. Se é que existem algumas diferenças nas
práticas, o tratamento é próprio do curandeirismo que se resume na aplicação de energia
concentrada do curandeiro para influenciar a psique do paciente. O curandeirismo, aliás,
como todos os procedimentos mágicos, exige uma completa abertura, atenção tranqüila,
sem esforço e confiança incondicional naquele que realiza o tratamento. De fato, são
conhecidos casos em que as pessoas que aderiram a algum culto oriental e seguindo
suas técnicas ocultas ou recorrendo a um curandeiro, livraram-se completamente do seu
mal. Entretanto, precisamos saber, que "curas" semelhantes podem ser piores do que a
moléstia que se pretendia combater. Os dotados de percepção extra-sensorial, os
hipnotizadores e os curandeiros com seus métodos ocultos destroem o sistema de defesa
da alma humana , que a protegem do tenebroso mundo demoníaco. Isto ocorre devido à
concentração da atenção do paciente sobre a pessoa do curandeiro, que como um
médium permite a transmissão da ação demoníaca. Isto pose ser comparado com a
lobotomia, cirurgia na qual é removido o lobo frontal do cérebro, que controla o
comportamento agressivo. Como resultado, o foco do comportamento violento dos
pacientes psiquiátricos é extinto, mas, também as faculdades humanas mais nobres,
como a sutileza do intelecto e das emoções, a criatividade e, especialmente — a
capacidade de ter fé em Deus, rezar e levar uma vida cristã perdem-se . Mas, se até
então o homem não viveu espiritualmente, é muito provável que nem perceba a perda de
algumas delas.
De qualquer modo, o homem paga com sua saúde espiritual a "cura" por meios ocultos
porque alguma parte de sua natureza espiritual fica atrofiada para sempre.(Veja a
pesquisa sobre patologia oculta de Dion Fortune: " A defesa psíquica contemporânea."
Ed. "Sofia," Kiev,1993).
Nos últimos tempos, muitos estão preocupados com o "mau olhado" , que traz
"quebrante" ou "trabalhos" feitos por feiticeiros profissionais para prejudicar as pessoas.
Para estes feiticeiros, como também para os que possuem capacidade extra- sensorial,
esta preocupação se tornou uma fonte de renda: enquanto uns causam o mal, outros
acabam com ele. Assim, eles se ajudam reciprocamente no "bussiness" . Não há dú vida
que aqui existe muita charlatanice, mas sempre existe o perigo da ingerência dos seres
do outro mundo. O único meio eficaz de defesa contra eles, como também de todas as
espécies de danos e "quebrante," — é a graça do Espírito Santo que a pessoa que tem fé
recebe gratuitamente na Igreja. Assim, o homem deve parar de ter medo dos danos ou
do "mau olhado" e recorrer a Deus em busca de proteção e de ajuda: rezar, ler com
atenção a palavra de Deus, penitenciar-se, comungar, fazer o bem para os outros. Neste
caso a aproximação dos espíritos das trevas não será possível.
O Hinduismo.
O Hinduismo surgiu 1500 anos aC., após a invasão da Índia pela tribos arianas vindas
da Ásia Central . A partir daí, passou por diversas fases e sofreu várias divisões. Os
conquistadores arianos trouxeram o vedismo — a fé nas mais variadas divindades, que
não parou de crescer. Os arianos acreditavam na transmigração das almas, praticavam o
rito da purificação pelo fogo e cremavam seus mortos.
A primeira parte da Veda (Rig Veda) contém hinos, fórmulas de sacrifícios, lendas,
preces ricas em idéias politeístas, pagãs. A segunda parte, (Upanishada ou Vedanta),
que apareceu mais tarde, contém a exposição da visão religioso-filosófica do mundo
segundo o Hinduismo. Apesar do Hinduismo antigo encerrar um sem-número das mais
variadas divindades, no decorrer do tempo elas passaram a ser consideradas como
revelações distintas do mesmo princípio. O ditado hindu "Braman é único e não há
outro além dele" soa aparentemente monoteísta. Mas, Braman não é uma pessoa
transcendental e sim, o princípio subjacente à existência. Da multidão de deuses pagãos
antigos só três tornaram-se proeminentes: Braman assumiu o papel do criador, Vishnu
— do conservador e Shiva — do deus destruidor. Evidentemente, não existe nenhum
paralelo com a Trindade cristã, pois todos são uma projeção do mesmo princípio
prímeo, impessoal. Agora, a Vishnu começaram a atribuir a faculdade de encarnar-se e
assumir feições humanas.
Já que o mundo consiste de pura energia, a natureza material dos objetos não passa de
ilusão. A exemplo de que o sonho só existe na percepção de quem dorme, — o nosso
mundo é uma espécie de sonho da divindade. O deus é a alma do mundo (Mahatman) e
cada alma "individual" (Atman) é o seu reflexo. O Hinduismo atribui grande
importância ao carma e à transmigração das almas (sobre o que nós já falamos). E é do
Hinduismo que estes ensinamentos passaram para a teosofia, o movimento "New Age"
e outros cultos orientais.
Já que o ser humano faz parte da alma cósmica e portanto é "deus," o pecado não passa
de uma ilusão, e a noção de culpa de ter negligenciado os preceitos morais, — de algo
próprio ao populacho supersticioso. Vivecananda diz: "Pecado é considerar alguém
pecador" Acreditando nisso, os seguidores do Hinduismo não sentem nenhuma
necessidade de penitenciar-se e emendar-se segundo os mandamentos revelados por
Deus. A finalidade da vida e das numerosas transmigrações é o nirvana — a união com
Brama e a dissolução nele, ou seja — a aniquilação da vida individual. Em outras
palavras — a morte eterna. E isto é proclamado como a máxima bem-aventurança!
Mas, com toda esta falta de uma nítida estrutura e com a facilidade com que sofre
mudanças, — não podemos dizer que ele seja totalmente alheio aos dogmas. A sua
universalidade e a tolerância provêem do princípio básico, que afirma que tudo é uma
coisa só. Ele determina todas as peculiaridades do Hinduismo, — a diversidade e as
contradições de suas idéias religioso-filosóficas, como também a falta de ditames
morais claros.
Dados históricos:
O Budismo foi fundado por Siddharta Gautama (563-483aC). A sua biografia é rica em
lendas. Conta-se que era um príncipe hindu e cresceu em ambiente requintado, repleto
de coisas agradáveis e belas. Porém, quando já na idade adulta conseguiu sair pela
primeira vez do palácio e descobriu como viviam os outros, ficou impressionado com a
pobreza extrema e com os sofrimentos. Logo renunciou à riqueza, deixou a esposa e os
filhos e começou a vagar pelo mundo à procura da Verdade. Por ocasião de meditação
profunda, um pensamento surgiu em sua mente — que a causa de todos os sofrimentos
humanos reside na avidez de viver. Portanto, renunciando-se a qualquer desejo, os
sofrimentos cessarão. Tendo compreendido isto , ele dedicou o resto de sua vida à
elaboração e divulgação do seu ensinamento.
Pelo fato de ter sido iluminado ele ganhou o nome "Budda," que quer dizer
"esclarecido’.
Buda pregava contra o sistema de "castas" na sua terra e afirmava a igualdade de todos
os seres humanos perante Deus. Ele incentivava a caridade e a compaixão. Exortava
todos a tornarem-se monges, pois só estes são capazes de levar uma vida cheia de
privações que é necessária para a "iluminação." Qualquer atividade, ligada a coisas
materiais, provoca nele o sofrimento. Buda não falava nada sobre a existência do futuro,
pois considerava-o fora da realidade. A finalidade da vida para ele era o nirvana —
estado de absoluta quietude, livre de qualquer pensamento, sentimento e desejo. Este
estado ele considerava como a bem-aventurança.
No ano 236 a.C. um concilio composto por quinhentos monges budistas juntou e
guardou por escrito as memórias sobre Buda, até então transmitidas verbalmente.
Assim, formou-se a coletânea que leva o nome de "Tipitaka."
A doutrina
Satisfazendo estas oito condições estabelecidas por Buda, o homem pode escapar da lei
do carma e evitar as encarnações infrutíferas. Livrando-se de todos os desejos, o homem
finalmente imerge em um "bem-aventurado" estado do nirvana, apagando-se. Apesar da
idéia básica do budismo ser extremamente simples, as regras para seguir o "caminho"
são deveras complicadas e numerosas. Assim, o seu estudo leva a vida inteira, o que faz
do Budismo o ensinamento mais complicado e paradoxal do mundo.
O autodomínio
Todos os esforços de um sábio budista não almejam a descoberta dos lados positivos da
vida, nem o estabelecimento da Verdade, mas a demonstração da ilusão e engano que é
a vida. Tudo nesta complicada semi-filosófica, semi-mística obra deixa transparecer a
tendência de diminuir a intensidade da vida até a sua total aniquilação. A meta aqui não
é o crescimento do espírito, como é o caso do Cristianismo, — mas sua extinção.
No Budismo a virtude é considerada como algo passageiro, pois nos estágios mais
elevados do aperfeiçoamento ela torna-se um empecilho, já que todos os atos realizados
nesta vida levam à nova transmigração. Os maus atos são ainda piores porque
aumentam os sofrimentos na nova encarnação. O Budismo desconhece o pecado
original, bem como todo o problema do Mal. Ele afirma que "o Mal deve existir ao lado
do Bem, o prazer junto aos sofrimentos porque de outra maneira a ordem perde sua
razão de ser. Sem o caos, como também o superior é impossível sem o inferior ou o
prazer sem a contraposição do sofrimento. "Por maiores que sejam as privações e
necessidades dos outros, ninguém deve sacrificar a sua própria salvação" consta no
código moral budista.
Ramificações do Budismo.
Além disso, existe o Zen Budismo ou Zen , que é uma versão japonesa do Budismo.
Para o Zen a análise lógica — é um tabu. Ensinar algo a alguém é considerado
impossível, assim como aprender alguma coisa com ela. Cada um deve livrar-se dos
preconceitos e das opiniões alheias. Zen rejeita todos os ensinamentos e religiões: os
milagres e fenômenos sobrenaturais ele considera como uma miragem, uma ilusão. Ele
ensina que a realidade não possui um conteúdo objetivo, — existe apenas a percepção
subjetiva. As "verdades" são compreendidas diretamente pela intuição, — quando une-
se aquilo que é percebido com aquele que percebe.
Ao meditar, o homem tem de livrar a sua mente do apego às coisas deste mundo e não
pensar tanto em coisas más, como nas boas. O importante é concentrar-se em um só
pensamento até esgotá-lo por completo. Tudo o que o homem pode conhecer vem do
seu íntimo. O principal é chegar a sentir-se uma parte inseparável do Integro. Isto leva a
um estado de uma iluminação espontânea , que seria a maior bem-aventurança. Na
realidade o resultado comum da meditação receitada por Zen são as alucinações e a
visão de demônios.
A doutrina do Zen é caótica. Ela não afirma nada e não nega nada, — somente indica "o
caminho." Como o Hinduismo, o Zen ensina que Deus e o homem- são a mesma coisa.
Portanto, não existe nenhum objeto de veneração, nem sagradas escrituras, celebrações
e rituais. O Zen não reconhece nem virtudes, nem pecados, uma vez que os considera
como fruto da percepção subjetiva. Ele é totalmente dirigido ao homem, — para que
este se sinta bem, considerando tudo que passa em volta como algo sem importância. O
ensinamento do Zen agrada àqueles que sentem repulsa a dogmas e às autoridades.
Provavelmente, é isto que atrai os intelectuais contemporâneos, fartos da enxurrada de
informação sem nenhum valor espiritual. O número de adeptos do Budismo chega a
trezentos milhões, colocando-o no quarto lugar entre as religiões no mundo.
A filosofia do Zen Budismo deu origem ao movimento hippie , com seu "amor livre."
Apesar das exigências quanto à moral no Zen serem assaz rigorosas, quando aplicadas
aos novatos, — o mestre tem a liberdade de fazer tudo o que lhe aprouver. O Budismo
contemporâneo destaca-se pela abundância do ocultismo, feitiçaria e relações com os
espíritos.
O Cristianismo, ao contrário, não considera o desejo como um mal. Pois o Próprio Deus
dotou-nos de vontade de criar, aperfeiçoar-se, alegrar-se com a vida. O mal está no fato
do pecado ter desestabilizado o equilíbrio original entre os desejos corpóreos e os da
alma, e esta que deveria ser a dona do corpo, tornou-se sua escrava. Emaranharam-se as
noções dos valores, antes corretas, — o que nos leva freqüentemente a aspirar algo de
que na realidade nem precisamos ou o que pode até ser nocivo para nós, ao passo que
desprezamos os bens realmente valiosos — como o relacionamento com Deus e nosso
mundo íntimo. O alvo da fé Cristã , — é nos ajudar a colocar em ordem os nossos
pensamentos e desejos e direcionar todos os esforços para obter a vida eterna.
Teosofia.
Apesar da maioria das teses deste ensinamento fantástico e confuso serem tão velhas
como o Hinduismo, Blavátskaya teve o "mérito" de ter conseguido despertar o interesse
para as meio esquecidas idéias ocultas e apresentá-las de uma maneira atraente para as
pessoas com inclinação para a mística e que anseiam conhecer os mistérios da vida. A
Teosofia atrai com sentenças no estilo empolado: criar a fraternidade mundial, que
uniria pessoas de todas as raças e dos mais diversos modos de ver o mundo, fomentar o
estudo das religiões, correntes filosóficas e das últimas descobertas da ciência, penetrar
nas misteriosas forças da natureza e dos fenômenos paranormais.
Mesmo usando às vezes uma linguagem cristã, a teosofia está totalmente dominada pela
visão panteísta do mundo. Todas as suas afirmações sobre o desenvolvimento da
espiritualidade do homem e sobre a união com o princípio divino, baseiam-se na
metafísica, no ocultismo e na psicologia inventadas. A ética da teosofia nega o caráter
absoluto dos princípios do Bem e do Mal, o livre arbítrio e, como o Hinduismo,
subordina os seus seguidores à lei do carma. Ela não possui nenhuma prova de suas
conclusões supostamente científicas, além das afirmações infundadas dos seus líderes
do misticismo doentio, charlatanismo e truques que imitam milagres.
Mesmo as lojas teosóficas não tendo sido muito numerosas, as idéias da Teosofia
tiveram grande influência no pensamento da alta sociedade da Rússia antes da revolução
e hoje foram absorvidas por várias sociedades ocultas, incluindo o movimento "New
Age."
Dados históricos
Em 1872 ela chegou a Novas Iorque onde dedicou-se ao espiritismo. Foi lá que em
1875 junto com o coronel Henry Olcott fundou sua sociedade teosófica que existe até
hoje. Três anos mais tarde ela visitou novamente a Índia onde junto com Olcott
estabeleceu o Centro Teosófico Mundial. Depois de ser publicamente acusada de
charlatanismo foi obrigada a deixar a Índia e passou a viajar pela Europa, sempre
divulgando suas idéias ocultas.
Finalmente ela fixou residência em Londres. Lá, em 1884 suas pretensões aos milagres
e recados miraculosos escritos pelos "senhores" foram examinados pela sociedade
"Physical Research" e julgados inconsistentes. A Sociedade a acusou publicamente de
feitiçaria, do uso da hipnose e, principalmente, — de charlatanismo. O seu prestígio
novamente sofreu um revés. Nem por isso Blavátskaya sossegou. Ela continuou a
escrever muito e a difundir suas idéias. Uma leitura mais atenciosa das suas obras
mostra muitas coisas emprestadas da literatura do ocultismo mais antigo, especialmente
da Cabala. Entre as "obras" de Blavátskaya destacam-se "A doutrina Secreta" e "The
Voice of Silence" . O conhecido escritor Vsévolod Solovyóv, que a conheceu de perto, a
acusava de truques e falcatruas. ("A Sacerdotisa Contemporânea de Isis" — XXX Vs.
Solovyóv).
Após sua morte, o coronel Olcott continuo na direção da Sociedade Teosófica, apesar
desta ter entrado em declínio. Quando Olcott faleceu, uma fiel discípula de Blavtskaya –
Anie Besant (1847-1933), veio a presidir a Sociedade Teosófica e ajudou na exposição e
consolidação das idéias de Blavatsky. Ela também chefiou o Departamento Esotérico
desta sociedade, cuja atividade principal era feitiçaria e espiritismo.
Embora não muito numerosas, as lojas teosóficas existem até hoje em várias cidades de
Europa e da América. As idéias ocultas de Madame Blavatsky contribuíram para o
afastamento da Igreja da intelligentsia russa antes da revolução comunista no país. Hoje,
muitas idéias da Teosofia foram assimiladas pelo movimento da "Nova Era". Os liberais
da Igreja Católica também foram contaminados por muitas de suas idéias.
Doutrina.
É muito difícil analisar e refutar todas as teses teosóficas, devido a grande confusão que
impera em todas elas. Basicamente, a Teosofia é um emaranhado de teorias fantasiosas
e infundas, cuja originalidade e ousadia é peculiar somente as fantasias dos "profetas"
das ciências ocultas.
Yoga.
Junto com a propagação de idéias ocultas hindus, ganhou cada vez mais popularidade
no Ocidente uma antiga invenção do Hinduismo — a Yoga. Surpreende o fato de que
um número considerável de médicos defendam a yoga como um método "inofensivo e
eficaz" para alcançar a saúde física e psíquica.
No sentido amplo da palavra o Hinduismo considera a yoga como uma atividade que
traz a união com a "alma do mundo." A este fim levam diversos caminhos — alguns
mais rápidos e fáceis, outros mais lentos e trabalhosos. Assim, por exemplo, temos a
Bhakti Yoga — adoração da divindade, o que é o mais popular na Índia. Ela inclui a
repetição contínua do nome oculto, o mantra. Existe o Karma Yoga — que atrai pessoas
inclinadas para a atividade prática. O Jnana Yoga (o caminho do conhecimento) impele
a procurar a orientação do guru e dedicar-se aos estudos das sagradas escrituras hindus.
Enfim, o Raja Yoga (o caminho da contemplação) inclui as diversas técnicas de
meditação que deixa aprender a disciplinar o corpo e a alma para alcançar samadhi — a
união com o Absoluto. Na linguagem comum, a Yoga entende-se como exercícios
especiais que compreendem posturas determinadas, ajustes da respiração e a meditação.
Há método para desenvolver a clarividência, "abrindo o terceiro olho." A clarividência
supostamente cria possibilidades de ver aquilo o que acontece à distância e também , —
os acontecimentos do passado e do futuro. Num determinado momento dos seus
exercícios o discípulo enxerga uma face radiante de um "mestre" que doravante será seu
mentor.
Na medida dos avanços dos exercícios da Yoga, o homem chega a vários degraus da
revelação dos seus sentidos. Por exemplo, — seguindo a receita da agni-yoga ("Yoga
ígnea" de E. Rerich) ele pode alcançar a "visão das estrelas do espírito" — os pontos
cintilantes de várias cores. Este estado pode ser atingido também através da leitura de
livros ocultos. Depois vem a vez da "contemplação de fogos dos centros purificadores,"
os chacras, que supostamente são os responsáveis pela recepção do mundo invisível e
possibilitam a sua influência sobre o homem. Na próxima fase o devoto começa a ouvir
a "voz do seu mestre invisível" que desvenda os mistérios ocultos para ele. (E.
Blavátskaya e E. Rerich escreveram muitos volumes ditados por estas vozes). No mais
alto degrau ocorre a revelação da "chama externa" que une a consciência pessoal com a
cósmica. Esta fase corresponde à total "abertura" dos sentidos habilitando para a união
com o mundo dos espíritos. O Hinduismo considera isso como uma iluminação mística.
Todo tipo de yoga é perigoso porque, por assim dizer, — abre antes do tempo à força o
botão ainda verde, não maduro da sua essência espiritual. Estes exercícios mutilam na
pessoa aquele centro da vida espiritual, cujo desenvolvimento Deus destinou somente
em outra vida, quando ele estará livre da malignidade do pecado. Ao observar os
resultados nefastos dos exercícios da Yoga, várias autoridades no assunto advertiram
contra eles.
Assim, Gopi Krishna fez esta observação: "Todos os sistemas da Yoga tem por
finalidade produzir alterações psico-físicas no homem, necessárias para a transfiguração
da sua consciência." Estas alterações são conseguidas por determinadas posturas do
corpo e através das técnicas de respiração, — o que leva ao surgimento da energia
oculta do homem e forças psíquicas que causam mudanças dramáticas na sua
consciência — de tal potência, que a maioria fica com a psique alterada para sempre.
Apesar de nos nossos dias, muitos recorrerem à yoga apenas para exercitar-se e
movimentar-se eles não estão a par de onde ela poderá levá-los. São conhecidos casos
quando os mais inocentes exercícios da yoga tiveram como resultado a demência e o
endemoninhamento. Mas, o mais funesto, é que estas alterações psíquicas que a yoga
causa (até os acessos de loucura) são tidos por alguns como uma experiência positiva,
que é capaz de levar à iluminação mística.
Comentando "Pantanjali Yoga" Sutras Shree Purohit Swami adverte: "Na Índia e
Europa eu encontrei cerca de 300 pessoas que sofreram por causa da técnica falha. Os
médicos ao examiná-los não constataram nenhum distúrbio no organismo, e assim não
puderam receitar nada." Outra autoridade em Yoga, Hans Ulrich Rieker, autor da "The
Yoga and Spiritual Life" vem com esta admoestração; "A Yoga não é uma simples
diversão, levando em conta que o seu exercício pode levar à morte ou insanidade,
particularmente na kundalini Yoga, se a respiração (prana) for retirada antes do tempo.
Aí surge o perigo iminente de morte para o yogo.
O já citado conhecedor da Yoga Gopi Krishna adverte sobre os perigos dos exercícios
porque estes podem provocar uma forte reação do sistema nervoso central e levar à
morte.
O clássico compêndio do Hatha Yoga, "The Hatha Yoga Pradipica" no seu segundo
capítulo adverte: "Da mesma forma como se deve acautelar-se dos leões, elefantes e
tigres, é mister ter sob controle o prana (esta "divina" energia da respiração), senão ela
pode matar o praticante. Swami Pranbhavananda ("Yoga and Mysticism" inclui no rol
das possíveis conseqüências da prática errada da Yoga, as doenças do cérebro, moléstias
incuráveis e insônia. Podemos acrescentar também o estado de espírito sombrio, o
transe e a loucura, — tudo isso devido a um "pequeno erro." Deduz-se então que, se os
mestres da Yoga fossem mais francos em relação aos recifes que ela encobre, muitos
escapariam da catástrofe.
Meditação Transcedental.
O movimento da "Nova Era" está bastante popular. Alguns o enxergam como uma
nova religião, outros acham que é apenas uma nova compreensão para a vida. Em
primeiro lugar, quem pensa que há algo de novo neste movimento está errado. Na esfera
religiosa e filosófica da "Nova Era" não há nada De novo, há uma mistura de vários
ensinamentos ocultos que ficaram perdidos por muito tempo. A novidade da "Nova Era"
é sua maneira de comercializar seus materiais ocultos para atrair trapaceiros de diversos
interesses e gostos. Neste ponto, a "Nova Era" é um espécie de loja espiritual, um
shopping center, onde qualquer um pode achar algo interessante ou útil.
História.
A "Nova Era" nunca foi um movimento organizado. Mas possui uma rede crescente de
grupos independentes, que compartilham diversos interesses ocultos. O sucesso do
movimento da "Nova Era" ocorre devido a sua habilidade para adotar e assimilar as
mais variadas doutrinas, prometendo melhorar o bem-estar do indivíduo e da sociedade.
O movimento da "Nova Era" não rejeita nada, absorve qualquer coisa de interesse
místico ou práticas similares.
Um livro popular chamado A Course in Miracles é estudado por jovens cristãos como
um guia para entender facilmente os ensinamentos de Jesus Cristo e como aplicá-los
facilmente na vida moderna. Este livro de 1200 páginas parece a Bíblia em sua
aparência externa e sua divisão de capítulos. Algumas paróquias católicas oferecem
diversos cursos sobre este livro. Estudantes americanos estão sendo influenciados pelos
ensinamentos da "Nova Era" sobre a concentração nos estudos e fortalecimento de
energia, sobre como atingir maior sucesso na vida, como descobrir habilidades e
significados para a vida.
Ensinamentos.
A filosofia da "Nova Era" traz diversas confusões e idéias inconexas juntas. Nascimento
e morte, médiuns e curandeiros, paranormalidade e metafísica, realidade e ilusão, Bíblia
e lendas, vidas passadas e futuras reencarnações — tudo isso vem junto com a "Nova
Era." Neste movimento você pode achar um panteísmo ordinário, karma, transmigração
de almas, e diversos fatores do misticismo oculto, refeito para atrair a atenção do
consumidor contemporâneo.
Para estes místicos, a "Nova Era" oferece diversas práticas ocultas, como meditação
hindu, exercícios psicológicos, espiritualismo, adivinhação, Ioga e projeção astral. A
ideologia da "Nova Era" aceita qualquer prática e convicção religiosa, não importando o
quanto estranho e fantástico esta possa ser. O movimento da "Nova Era" emprestou da
filosofia Oriental a crença na existência de diversas energias invisíveis, dentro e fora do
organismo humano. Isto é chamado de chi pelo chinês, de ki pelo japonês e de prana no
Ioga. A holística se espalhou pelo mundo, com sessões em que seus participantes
imergem em uma transe, entrando em contato íntimo com a natureza. Também é muito
popular a crença em UFOs, na vida das plantas e nos significados místicos dos números
(oriundo da Cabala). A "Nova Era" assimilou idéias da parapsicologia, ufologia,
antroposofia, Rosacruz, astrologia e psicanálise. O movimento convida as pessoas para
entrar em estados alterados da consciência. Sua meta em desenvolvimento é apagar o
limite entre o mundo material e espiritual e sentir o "cosmo."
A idéia sobre esta "iluminação" tem um grande papel no movimento da "Nova Era! Ao
atingir esta iluminação, a pessoa deve muda seus valores e sofre uma mudança
psicológica. A velha visão sobre o mundo deve ser substituída por uma nova visão, algo
como a "Era de Aquário." Este estado é atingido por uma experiência mística na qual o
discípulo da "Nova Era" se ente como um espírito cósmico, ele e o mundo viram um.
A iluminação da "Nova Era" deve ser buscada por um caminho que consiste em quatro
fases: 1) "entrada," onde é eliminada toda idéia comum sobre o mundo; 2) "exploração"
quando começa a tentativa para atingir um novo nível de consciência com a ajuda de
técnicas psíquicas; 3) "integração," quando a percepção racionalista da interconexão do
fenômeno é debilitada pelo método intuitivo; e 4) "o feitiço" a fase na qual a identidade
descoberta difere da própria pessoa, em diversas fontes de energia para "trazer o bem
para a humanidade." Meditação, Ioga, seções espíritas, hipnose, talismãs mágicos e
cristais, feitiçaria, e até mesmo narcóticos de todos os tipos são utilizados como ajuda
para esta iluminação mística. Em um estado de total esclarecimento místico a pessoa
parece virar o mestre absoluto do corpo e da alma, em contato com a "energia" divina
da pessoa, que se torna um "deus-homem."
Entre os muitos tipos de atividades sobre qual o movimento da "Nova Era" se ocupa, há
as que interessam ao mundo inteiro, como melhorias ecológicas, resolução dos
problemas sociais, busca por unificação política das nações e estabelecer uma unidade
completa de todo o gênero humano.
O movimento da "Nova Era" tenta dirigir as atividades dos indivíduos para difundir
suas idéias e implantar nas esferas do negócio, da arte, filosofia e cultura. Seminários de
treinamento são utilizados para isso. A transformação pessoal do homem busca uma
renovação do planeta inteiro, desde que tudo é um. O movimento da "Nova Era"
também busca uma mudança política para resolver os problemas comuns da terra.
Considerando que somos cidadãos do mundo, precisamos de um mundo unificado, e
também de uma espiritualidade universal. Antes do fim deste século, todos líderes
religiosos devem trabalhar de uma maneira conjunta para fazer leis universais que
seriam as mesmas para todas as religiões. "Considerando que nós todos, cidadãos do
mundo, precisamos de um mundo unificado, e precisamos de uma espiritualidade
universal. Eles deveriam se comunicar com líderes políticos, de forma que eles saibam o
que Deus, os deuses e o cosmo esperam da raça humana... Um único sistema político
mundial é exigido para provocar a harmonia global. Nosso planeta está em um estado de
grande confusão. Devemos começar a agir."
Cabala significa "tradição oral," é um sistema teosófico judeu que começou no início da
Era Cristã, mas foi aumentando gradualmente, juntando idéias pitagóricas, gnósticas e
neo-platônicas. A Cabala parece ser uma reação contra o ritualismo e formalismo do
Judaísmo.
O século XVI foi um período que teve um grande interesse pela Cabala. A Cabala teve
grande influência em vários sistemas ocultos ocidentais, inclusive na Maçonaria,
Teosofia e Antroposofia. Entre os pensadores que estudaram a Cabala estão: Pico della
Mirandola, Reichlin e Paracelso . Também serviu como base para a fundação de
movimentos messiânicos de Shabbatai Zevi e Jacob Frank e mais tarde para Hasidism.
Gnose.
A Gnose ocidental teve muita influência do platonismo e dos neo-pitagóricos, com seus
diversos graus das emanações da Deidade. Os gnósticos acreditam que acima de tudo há
um Ser Supremo, que possui vários nomes que denotam seu poder absoluto: o mais
Alto, o Todo-Poderoso, o Incomparável, o Infinito, o Auto-Suficiente. Mas quando
viram que o mundo é desordenado e caótico, e tiveram que explicar suas origens, e
parecia impossível que este mundo fosse criação do Deus todo Poderoso, pois então,
toda a fonte do mal emanaria dele.
Ao invés disso, os gnósticos acreditam que o mal deste mundo é uma emanação do
Absoluto, que seria como um fantasma. Porém, é óbvio que esta partícula da divindade
tenha construído o mundo. Portanto, todas as seitas gnósticas acreditam que o mundo é
feito de partículas da luz mergulhadas na escuridão da matéria.
Para resolver estes problemas, os gnósticos inventaram um sistema complexo de eons,
seres que emanam ou fluem do Absoluto, como uma cachoeira. Em algumas crenças
gnósticas, o número de intermediários entre o Grande Desconhecido e o mundo material
é trinta e dois, um número mágico, derivado da Cabala.
O eon mais distante do Absoluto, e mais fraco, colocou tudo na escuridão da matéria. O
primeiro eon emanado do Absoluto é chamado de Demiurgo. Seria Demiorgo o criador
do mundo, composto de elementos espirituais aprisionados na matéria. A matéria é
considerada o mais baixo eon, e má. Todos que buscam uma vida espiritual ficam
presos na matéria, pois foram presos no mundo pela matéria, considerada má. O desejo
do gnóstico é voltar a se unir com o Absoluto. Tal união é atingida pelo conhecimento
dos mistérios da existência — gnosis.
Considerando que os Gnósticos acreditam que a matéria é má, eles não aceitam a
Encarnação do Messias. Para eles, é impossível um ser espiritual como Cristo entrar em
contato com a matéria. Conseqüentemente, apareceu a heresia docetisma (de dokeo —
aparecer), pregando que Cristo parecia um homem, mas era na realidade um espírito.
No fim do século III, as seitas gnósticas começaram a desaparecer, mas suas idéias
influenciaram muitos movimentos ocultos, como a Maçonaria, Teosofia, Antroposofia e
também as escolas filosóficas de Jacob Boehme, Schopenhauer, Swedenborg, Paracelso,
Schelling e outros.
Notamos que, lamentavelmente, a tentação de criar uma ponte entre o Criador todo-
perfeito e a criação afetou também a teologia russa, devido aos escritos filosóficos de
Vladimir Soloviev. Vários escritores russos, inclusive o Arcebispo Paul Florensky,
Arcebispo Sergius Bulgakov, Prof. Nicholas Berdiav e alguns teólogos de Paris,
apanharam idéias gnósticas, e escreveram diversos livros sobre Sofia, a alma do mundo,
e o "aspecto feminino de Deus."
Conclusão.
Percebemos que cada vez mais os ensinamentos hindus e ocultos florescem, entrando
até nos meios cristãos mais tradicionais da sociedade. O autor do livro Revelação
registra uma visão sobre os últimos tempos:
"Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os
chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios... Abriu, pois, a boca
em blasfêmias contra Deus, para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os
habitantes do céu. Foi-lhe dado, também, fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu
autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação, e hão de adorá-la todos os habitantes
da terra, cujos nomes não estão escritos desde a origem do mundo no livro da vida do
Cordeiro imolado" (Revelação 13:1 6-8)
Não faz parte do nosso trabalho lidar com os aspectos políticos destes assuntos, ou os
meios que serão utilizados em um governo mundial, mas devemos estudar o lado
espiritual deste assunto. Em primeiro lugar, notamos que o dragão tem muitas cabeças.
Se a cabeça é utilizada para significar um símbolo de sabedoria e conhecimento, uma
multidão de cabeças correrá até a base ideológica que formará esta Babilônia futura.
A referência que o livro da Revelação faz para a "adoração da besta," não significa a
aceitação de um sistema político específico, mas sim a aceitação de uma ideologia anti-
cristã. Não que o Deus pessoal seja rejeitado formalmente, e mais provável que Ele seja
ignorado, como se não existisse. E provavelmente, Cristo será visto apenas como um
dos muitos mestres do homem.
Um famoso conto da mitologia grega nos conta a história da vitória de Hercules, sobre
um dragão de nove cabeças. Nesta heróica batalha, Hercules só derrota o dragão quando
corta todas suas cabeças. Claro que isso é apenas uma história, as cabeças do dragão da
Revelação não é tão fácil de cortar. Em uma análise espiritual, o dragão representa os
ensinamentos hindus e ocultos que arruínam milhares de almas, com suas idéias pseudo-
religiosas. O Apocalipse descreve o monstro de várias cabeças como feroz e
sanguinário, tendo em vista seus efeitos espirituais. Por fora, este monstro parece
bastante inofensivo, até mesmo amigável e sorridente, enganando as pessoas sobre seu
verdadeiro aspecto. Caso contrário, como seria possível um monstro do inferno obter
tanto sucesso destruindo almas humanas?
Não é necessário que um cristão lute contra cada uma das cabeças desta besta —
refutando toda idéia hindu e Teosófica. Para derrotar o monstro, é necessário vigiar seu
próprio coração, este "coração" é o ponto cardeal do ataque das doutrinas ocultas — a
rejeição de um Deus pessoal. Um cristão só pode ter em seu coração a crença de que há
um Deus pessoal, Que criou o mundo, Que nos ama, Que deseja nossa salvação como
um Pai solícito e que espera a nossa fidelidade, fazendo isso, todas as doutrinas ocultas
desapareceram como fumaça.
A batalha não é um combate visível e mundial, mas sim individual, onde cada cristão
deve superar a decepção deste falso misticismo oculto. Como está escrito, quem supera
a besta é merecedor da vida eterna. Felizmente, não estamos a sós neste combate. Em
nosso lado temos Nosso Deus Jesus Cristo, que prometeu que ninguém roubará um fiel
de sua mão (João 10:28).
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nos salve da besta do inferno, para que possamos o
glorificar eternamente, junto com o Pai, que sempre existiu, com o Espírito da Vida.
Amém.
O Credo Niceno.
Bibliografia.
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1990.
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