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Os mitos da alimentação para animais de estimação






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Devemos dar comida crua aos animais? E os doces provocam


cegueira? Há mitos sobre alimentação para animais de
estimação que têm pouco fundamento. Conheça os mais
comuns.
24 novembro 2021 Especialista |
Dulce Ricardo

Editor |
Sofia Frazoa
,
Ana Rita Costa
e
Alda Mota

iStock

Atualmente, muitos animais de estimação são corretamente acompanhados por


médicos veterinários e consomem rações, mas existem algumas crenças populares sobre
a alimentação para cães e gatos que ajudamos a esclarecer.

1. Comer doces ou açúcar provoca cegueira


É uma ideia muito difundida, que não corresponde à realidade. Se um cão é diabético, ou
seja, se já apresenta um grave problema de produção de insulina que o impede de
metabolizar os açúcares, ao ingerir um extra de açúcar aumenta o nível de glicose no
sangue e pode facilitar a formação de cataratas e, em consequência, originar a perda de
visão. Mas, se um cão não é diabético, ingerir açúcar não terá esse efeito.

No entanto, apesar de os animais gostarem de doces, há limites à sua ingestão porque os


açúcares:

contribuem, muito abruptamente, com uma quantidade excessiva de glicose e por um


curto período de tempo;
alteram o apetite, facilitam o aparecimento de diarreias e a alteração da flora
intestinal;

podem contribuir para um aumento de peso.

2. A comida humana é má para os cães


A comida humana não é boa nem má para os cães. Porém, para o seu cão não ter
problemas nutricionais, evite desequilíbrios.

Por exemplo, ao alimentar o cão com fiambre e arroz cozido, uma carne magra como a de
frango, cenouras e ervilhas, até pode estar a dar-lhe uma dieta apetitosa e equilibrada.
Mas, caso lhe dê exclusivamente fiambre, já será certamente uma dieta muito
desequilibrada e incompleta, que não cumpre as necessidades nutricionais do animal.
Nem sempre os cães conseguem dosear as quantidades ingeridas, e a comida dos
humanos é muito saborosa, pois contém gorduras e açúcares. Assim, caso dê ao seu cão
comida humana, tenha alguns cuidados:

escolha produtos de origem proteica (carne de vaca, frango ou borrego – sem ossos
–; peixes; queijo fresco; iogurte ou requeijão);

sirva pequenas quantidades;

misture com a comida habitual, no recipiente próprio;

assegure-se de que não representa mais do que 5 a 7% da ração diária e subtraia essa
quantidade da alimentação normal do seu cão;

evite alimentos que podem ser prejudiciais para os animais. Cebola, alho, passas, uvas,
chocolate, alguns frutos secos e alimentos adoçados com xilitol são de evitar. Saiba
porquê mais abaixo em “Alimentos que deve evitar dar aos animais”).

3. Snacks são um mau hábito


A maioria dos snacks para cães tem a indicação, no rótulo, da quantidade diária
recomendável, dependendo do tamanho do cão. Por norma, os rótulos também indicam
que uma parte equivalente da ração deve ser retirada para manter uma dieta adequada.

Existem muitos tipos de snacks, por exemplo:

alguns são encarados como "mimos" ou "recompensas", mas outros têm um uso
funcional (limpeza dental, melhoria da digestão, redução da flatulência, suplementos
nutricionais para pele e pelos, entre outros);

alguns snacks são, essencialmente, cereais e podem ser dados na quantidade certa,
outros têm mais gordura e outros, ainda, são matérias-primas pouco elaboradas
(cozidas e prensadas, fumadas, peles secas, etc.), devendo ter-se sempre em atenção a
quantidade indicada para dar ao seu cão;

muitos snacks são pequenas porções do tamanho de uma ervilha ou avelã e outros
são barritas maiores, pelo que deve ter em atenção o recomendado.

Pode dar snacks ao seu cão, desde que respeite algumas regras:

sejam snacks adequados ao tamanho do cão;


o ideal é reservar os snacks para “recompensar” o fiel amigo quando faz algo bem
feito, pois assim ele associa o esforço à recompensa;

os snacks indicam sempre para que cães são adequados, em que casos e como devem
ser utilizados, incluindo a recomendação de dose diária ou semanal;

é muito importante remover a quantidade proporcional de ração.

4. Os cães devem consumir carne ou comida crua


Existem algumas dietas denominadas tipo BARF (Biologically Apropriate Raw Food ou
Bones and Raw Food), que defendem ser mais natural para o cão comer, principalmente,
carne crua. Mas a realidade é que os cães convivem com os humanos há muitos séculos
e, além de alimentos crus, também ingerem alimentos cozidos e sobras.

Este tipo de comida crua à base de carnes e alguns vegetais e batatas ou cereais pode, no
entanto, ser mais suscetível de sofrer contaminação microbiana, sobretudo se for
preparada em casa. Se o fizer, é importante que, como em qualquer tipo de dieta caseira,
garanta que os animais estão a consumir todas as vitaminais e minerais essenciais nas
proporções certas. Para isso, peça orientação a um médico veterinário. Escolha
ingredientes de fontes seguras para garantir a segurança alimentar. Há vários parasitas
e bactérias, como Salmonella, Listeria ou E. Coli, que podem ser transmitidos ao animal
através de dietas cruas mal preparadas.

Já os alimentos crus preparados comercialmente dão algumas garantias de segurança:


são formulados para fornecer o equilíbrio nutricional que os animais de estimação
precisam na sua dieta diária, o rótulo contém instruções precisas sobre como deve
alimentar o animal e, por serem preparados comercialmente, estão sujeitos a legislação
rigorosa que exige vários testes para garantir a segurança, o que minimiza o risco de
contaminação de origem alimentar tanto para o animal como para os donos.

Se preparar refeições com carne crua para os seus animais em casa, siga estas regras:

compre carne que esteja em boas condições. Não devem existir sinais visíveis de
danos na embalagem;

lave as mãos com água quente e sabonete após manusear a carne;

lave todas as superfícies que estiveram em contacto com a carne crua;

após cada uso, lave os comedouros ou qualquer utensílio com detergente e água
quente, enxague bem e seque bem antes do próximo uso;

armazene corretamente os recipientes que contêm a comida para limitar qualquer


risco de contaminação cruzada. Ao armazenar os alimentos para animais de
estimação no frigorífico, certifique-se de que os produtos crus ficam na parte inferior.

5. As rações mais caras são as melhores


Na ração, os preços variam muito, e não é verdade que a ração mais cara seja melhor: é
possível encontrar rações de alta qualidade a um bom preço.

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6. O leite é um bom alimento para os gatos


Ao contrário da crença popular, os gatos e os cães não devem beber leite de vaca. Este
alimento não é bem digerido pelos animais de companhia, uma vez que estes não
produzem a enzima que processa a lactose, a lactase. Porém, se lhes der um pouco de
leite sem lactose, de vez em quando, à partida este não lhes fará mal.

7. Os gatos podem comer comida de cão


Existe uma razão pela qual os fabricantes de comida para animais produzem alimentos
para cão e para gato: as preferências e as necessidades nutricionais de cada um são
diferentes. Por isso, é essencial que os gatos comam comida para gato, que, à partida, é
completa e equilibrada para responder às suas necessidades nutricionais específicas e
para que estes tenham uma vida saudável. Os gatos, mais do que os cães, precisam de
obter substâncias como a taurina, vitaminas e determinados ácidos gordos através da
alimentação.

Se por algum motivo tiver de alimentar o seu gato com ração de cão, à partida esta não
lhe fará mal. No entanto, se transformar isto num hábito frequente, o gato pode
desenvolver problemas metabólicos devido à deficiência de determinados nutrientes.

Como alimentar corretamente um animal de estimação


Estabelecer hábitos de alimentação corretos para o seu animal de estimação é essencial
para que este se mantenha saudável e ativo em todas as etapas da vida. Saiba como
alimentar cães e gatos de forma adequada.

Cães

Dê alimento na quantidade certa

A maioria das embalagens de ração vem acompanhada de uma tabela que permite saber
qual a quantidade de ração necessária para o animal, de acordo com o seu peso e idade.
No entanto, a energia de que o animal necessita varia de acordo com vários fatores:
condição de vida, atividade física diária, stresse, etc. Pese a ração diariamente e o seu
cão semanalmente para garantir que se mantém no peso ideal. Se engordar muito,
provavelmente terá de diminuir a quantidade de ração que lhe está a dar; se emagrecer,
terá de aumentar.

Escolha o alimento certo

O tamanho do croquete também é importante. Não dê a um caniche a mesma ração que


daria a um pastor-alemão. O croquete deve ser grande o suficiente para que o animal
tenha de o quebrar com os dentes e mastigar, pelo menos, uma ou duas vezes.

Coloque água à disposição

Se alimenta o seu cão com ração seca, é importante que coloque água suficiente à sua
disposição.

Gatos
Deixe a comida à disposição

Ao contrário dos cães, os gatos sabem dosear a comida e raramente comem tudo o que
se coloca no comedouro de uma única vez. A menos que o seu médico veterinário
recomende o contrário, os gatos devem ter sempre acesso à comida para comerem
quando quiserem. Desta forma, comerão entre 12 e 20 pequenas refeições por dia.

O mesmo acontece com a água. Apesar de conseguirem viver com pouca água, os gatos
devem conseguir aceder à mesma sempre que queiram.

Alimentação mista é uma boa opção

A ração seca é essencial, sobretudo porque contribui para a higiene oral dos animais.
Algumas contêm até pirofosfatos, que podem ajudar a prevenir a formação de placa
bacteriana nos dentes. Contudo, pode complementar a ração seca com alguma ração
húmida. Como sentem pouca sede, os gatos são mais suscetíveis ao desenvolvimento de
cálculos no trato urinário. Para garantir que se mantêm hidratados, dê-lhes alimentação
húmida, que contém entre 78 e 82% de água, duas a três vezes por semana. Apesar de
não ser essencial, a alimentação húmida é uma opção mais agradável ao palato e pode
compensar uma alimentação seca mais pobre.

Além disso, independentemente do alimento que escolher dar ao seu gato, o mais
importante é que meça a comida todos os dias para controlar as quantidades que este
está a ingerir. Consulte as tabelas nutricionais disponíveis nas embalagens das rações
comerciais.

Evite dietas vegetarianas

Os gatos domésticos descendem de carnívoros estritos. Ao caçar, procuram pequenas


presas, como ratos, pássaros e insetos. Além disso, a química e a estrutura do sistema
gastrointestinal do gato são adequadas para digerir e absorver nutrientes de proteínas e
gorduras de origem animal. Por essa razão, as dietas vegetarianas não suplementadas
podem resultar em deficiências de certos aminoácidos essenciais, ácidos gordos e
vitaminas.

No caso dos cães, é um pouco diferente. Os cães são omnívoros e, por esse motivo,
podem adaptar-se a uma dieta vegetariana equilibrada. Já existem inclusive várias
opções comerciais completas e equilibradas. Contudo, antes de optar por este tipo de
alimentação para o seu animal, fale com um médico veterinário.

Alimentos que deve evitar dar aos animais


Há alimentos consumidos pelos humanos que são tóxicos para os animais de companhia
e que os podem deixar doentes.

Chocolate, café e cafeína

Tanto o chocolate como o café contêm metilxantinas, substâncias que quando são
ingeridas pelos animais podem causar vómitos e diarreia, respiração ofegante, sede,
hiperatividade, ritmo cardíaco anormal, tremores, convulsões e até morte. Quanto mais
escuro o chocolate, mais prejudicial é, uma vez que contém maior quantidade de
metilxantinas.

Citrinos
Os cães não devem comer a casca, as peles brancas da laranja ou quaisquer partes da
planta. É muito importante remover todos os vestígios de pele, caroços e sementes,
porque podem conter componentes prejudiciais. Se ingeridos em quantidades
significativas, estes podem causar irritação e até depressão do sistema nervoso central.
No entanto, pequenas doses de laranja provavelmente não causarão problemas além de
uma pequena dor de estômago.

Coco e óleo de coco

Ingeridos em pequenas quantidades, o coco e os produtos à base de coco provavelmente


não causam problemas graves aos animais de companhia. Contudo, contêm óleos que
podem causar dores de estômago ou diarreia. Além disso, a água de coco é rica em
potássio e, por isso, não deve ser dada ao seu animal de estimação.

Uvas e passas

Embora a substância tóxica presente nas uvas e passas seja desconhecida, estas podem
causar insuficiência renal aos cães.

Noz-macadâmia e outros frutos secos

A noz-macadâmia pode causar fraqueza, depressão, vómitos, tremores e hipertermia em


cães. Os sinais geralmente aparecem 12 horas após a ingestão e podem durar entre 24 e
48 horas.

Leite e laticínios

Como os animais de companhia não possuem quantidades significativas de lactase (a


enzima que processa a lactose presente no leite), o leite e outros produtos lácteos
podem causar diarreia ou outros problemas digestivos.

Cebola, alho e cebolinho

Tanto a cebola como o alho e o cebolinho podem causar irritação gastrointestinal aos
animais, assim como anemia. Embora os gatos sejam mais suscetíveis, os cães também
correm risco se consumirem uma grande quantidade.

Carne crua, ovos mal cozinhados e ossos

A carne e os ovos crus podem conter bactérias como Salmonella e E. Coli, que são
prejudiciais tanto para os animais como para os humanos. Os ovos crus, por exemplo,
contêm uma enzima chamada avidina, que diminui a absorção de biotina (uma vitamina
B), o que pode causar problemas de pele.

Além disso, alimentar os animais com ossos pode ser muito perigoso, uma vez que estes
se podem engasgar ou sofrer um ferimento grave caso o osso se estilhace e se aloje no
trato digestivo do animal.

Xilitol

O xilitol, usado como adoçante em muitos produtos, como as pastilhas elásticas e a


pasta de dentes, pode estimular a libertação de insulina na maioria das espécies, o que
pode levar à insuficiência hepática. Isto pode resultar numa diminuição brusca do nível
de açúcar (hipoglicemia). Os sinais iniciais de intoxicação nos animais incluem vómitos,
letargia e perda de coordenação. Estes sintomas podem depois progredir para
convulsões.
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