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S ANTO
Autor:
Prof. Alexandre Cândido X AVIER1
April 5, 2021
1 https://sites.google.com/site/alexandrecandidoxavierufes/home
ii
Este livro (inacabado) trata da apresentação de elementos básicos de alguns tópicos da disciplina Geomática, sendo
estes: introdução de geodésia; Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS, “Global Navigation Satellite Sys-
tem”); planimetria e altimetria. Este texto vem sendo utilizado na graduação, disciplina Geomática I (ENG05644),
que ministro semestralmente na Universidade Federal do Espı́rito Santo (UFES), campus de Alegre, para os cur-
sos de Agronomia, Engenharia Florestal e Geologia. Para estes cursos, o conteúdo referente a outros tópicos da
área Geomática, como o sensoriamento remoto, os sistemas de informação geográficas e o geoprocessamento, são
apresentados em uma outra disciplina, denominada Geomática II, e não é tratada neste texto.
Embora exista uma imensa quantidade de livros que abordam os temas objetos desta obra, eu justifico a ex-
istência deste material como de consulta, tanto para o professor como para o aluno, durante as aulas teóricas e
práticas. O texto conta sempre com uma breve explicação teórica dos temas, tendo ainda cerca de 50 exemplos
resolvidos, 67 exercı́cios propostos, em que vários deles, são apresentados os resultados. Há ainda sugestões de
aulas práticas, a serem realizadas em computador (e.g. uso de planilha eletrônica) e em campo (e.g. nivelamento).
Buscou-se sempre apresentar sugestões de leituras para estudos mais aprofundados. Isto se faz necessário,
uma vez que o aprofundamento de determinados tópicos, fogem ao objetivo deste texto, que é apenas introdutório
à disciplina Geomática.
Como meu resumo acadêmico: sou Engenheiro Agrı́cola, formado para Universidade Federal da Paraı́ba, hoje
Universidade Federal de Campina Grande. Meu mestrado é em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, enquanto o doutorado é em Agronomia, na Universidade de São Paulo-ESALQ. Desde 2004
sou professor da disciplina Geomática I na UFES, trabalhando em pesquisa na área Engenharia Agrı́cola. Logo,
observem, que não sou um especialista na área, de tal forma que erros existirão nesta obra. Desta forma, desde
já, agradeceria que, em se encontrando inconsistências, erros etc, estes me fossem comunicados (e-mail: alexan-
dre.xavier@ufes.br). Farei a correção o mais brevemente possı́vel.
Em relação a divisão do conteúdo deste texto, adotei aquela que coincide com ao que ministro na disciplina
Geomática I da UFES. Esta disciplina tem um total de 80 horas semestrais, sendo 60 horas e 20 horas de aulas,
respectivamente, teóricas e práticas. Segue uma apresentação dos conteúdos abordados em cada capı́tulo:
• Capı́tulo 1: Matemática fundamental - conceitos básicos de matemática que, ao longo do texto, se farão
necessários, como ângulos, trigonometria, cálculo áreas elementares, etc. Dependendo do nı́vel dos estu-
dantes, este capı́tulo poderá ser ou não abordado em sala de aula;
• Capı́tulo 2: Unidades métricas, escala e determinação de áreas - trata de medidas de comprimento e de área
utilizadas em levantamento topográficos. Também são definidas as escalas gráfica e numérica. Finalizo este
capı́tulo apresentando alguns métodos para se determinar áreas;
• Capı́tulo 3: Introdução a geodésia e cartografia - são apresentadas noções de geodésia, como a forma da terra,
o sistema geodésico brasileiro, datum horizontal e vertical, projeções cartográficas e o sistema de coordenadas
UTM;
• Capı́tulo 4: GNSS - são apresentado os GNSSs e seu princı́pio de funcionamento, enfatizando seus seg-
mentos, o de controle, o espacial e dos usuários. Descreve-se vários sistemas de posicionamento por satélite
existentes, como o GPS e o Galileu. Os erros e os tipos de técnicas de levantamento GNSS, também são
abordados;
• Capı́tulo 5: Georreferenciamento de imóveis rurais - aborda o Georreferenciamento de Imóveis Rurais, de
acordo com INCRA (2010), mostrando o seu objetivo, as precisões requeridas e os tipos dos vértices que são
levantados;
• Capı́tulo 6: Medidas de distância - A partir deste capı́tulo, tem inicio com maior ênfase, ao que era, nos
anos anteriores, a disciplina topografia. Quais são os meios para se medir distâncias em campo, em especial,
as distâncias horizontais? Este é o objetivo deste capı́tulo, onde serão apresentados o uso de trenas, dos
teodolitos e das estações totais para esta finalidade;
• Capı́tulo 7: Ângulos - Neste capı́tulo, serão definidos os ângulos horizontais e verticais, e seus métodos de
medição e determinação. Também serão tratados os ângulos de alinhamentos em relação ao norte, isto é. os
azimutes e rumos. Conceito e exemplos práticos sobre a declinação magnética também é tema deste capı́tulo;
• Capı́tulo 8: Poligonal - trata propriamente do levantamento planimétrico (em termos simples, determinação
das coordenadas x e y no plano topográfico), por meio de poligonais. Através de exemplos, serão abordados
os erros que devem ser avaliados nas poligonais ditas fechadas. Na avaliação dos erros e a suas compensações
é considerada a NBR13133 (1996);
• Capı́tulo 9: Altimetria - é apresentada a altimetria. Serão descritos diferentes métodos para determinar as
altitudes, as cotas e as diferenças de nı́vel de pontos. Aqui, estaremos dando atenção às coordenadas (y).
• Capı́tulo 10: Curva de nı́vel e cálculo de volume - trataremos da definição, leitura e construção de curvas de
nı́vel para uso em estudo que requerem conhecimento do relevo. São também apresentados duas metodolo-
gias básicas para cálculo de volume em trabalhos de sistematização de terreno, o método área média de
secção e o pela área unitária.
Este livro está sendo escrito em LATEX2 , distribuı́do por MiKTeX3 , com o auxı́lio do editor Texmaker4 . Para a
geração do estilo bibliográfico alfabético é empregado o pacote abntex2cite5 . As figuras foram geradas com o auxı́lio
dos pacotes TikZ (TANTAU, 2013) e PSTricks6 . Destaco ainda o pacote Cartopy (Met Office, 2010 - 2015), utilizado
para gerar mapas de diferentes tipos projeções cartográficas (ver Secção 3.5, página 44). Teria também muita mais
dificuldade de produzir este material se não contasse com o Python7 e o Matlab8 , linguagens em que foram escritos
vários scripts para, por exemplo, a geração e a solução dos problemas e exercı́cios propostos.
Gostaria de encerrar agradecendo aos meus professores que me ensinaram a estudar. À UFES, por me propiciar
a paz para o desenvolvimento de minhas atividades de ensino e pesquisa. E, à minha esposa Juliana e filhos, Beatriz
e Thiago, por todos os momentos de alegria.
2 hhttps://www.latex-project.org/i
3 hhttps://miktex.org/i
4 hhttp://www.xm1math.net/texmaker/i
5 hhttp://mirrors.ibiblio.org/CTAN/macros/latex/contrib/abntex2/doc/abntex2cite-alf.pdfi
6 hhttp://tug.org/PSTricks/main.cgi/i
7 hhttps://www.python.org/i
8 hhttp://www.mathworks.com/i
Índice
1 Matemática fundamental 1
1.1 Noções básicas de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Ângulo em grau, grado e radiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.2.1 Grau sistema sexagesimal e decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.3 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.3.1 Lei dos cossenos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Coordenada retangular e polar no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.1 Coordenada retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.2 Coordenada polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 Coordenada retangular para polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Áreas de figuras elementares no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4 GNSS 55
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2 Posicionamento por satélite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Segmentos GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.4 Exemplos de GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.5 Observáveis e fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.1 Pseudodistância por código . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.2 Pseudodistância por fase da onda portadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.5.3 Erros nas observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.5.3.1 Erro devido ao satélite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.5.3.2 Erro devido à propagação do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.6 Tipos de posicionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
6 Medidas de distância 77
6.1 Tipos de distâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.2 Influência da curvatura da terra nas medidas de distância horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6.3 Medição com trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.3.1 Erros instrumentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.3.2 Erros naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.3.3 Procedimento em campo para medidas à trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.4 Medição taqueométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
6.5 Medidor eletrônico de distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.5.1 Radiação eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.5.2 Princı́pio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
6.5.3 Fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
7 Ângulos 95
7.1 Medidores de ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
7.2 Ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2.1 Alinhamento de vante e ré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2.2 Medição do ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2.3 Ângulos horizontais à direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.4 Ângulos de deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.5 Meridiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
7.2.6 Azimute . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7.2.7 Rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
7.2.8 Conversão de azimutes em rumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.2.9 Erro angular de fechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.10 Cálculo do azimute a partir dos ângulos internos à direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
7.2.11 Cálculo do azimute a partir da deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.2.12 Cálculo do azimute a partir das coordenadas retangulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
7.2.13 Medidas de azimute em campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.2.14 Declinação magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.3 Ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
7.3.1 Medição do ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
8 Poligonal 123
8.1 Poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
8.2 Poligonal aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
8.3 Cálculo de uma poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.3.1 Exemplo de cálculo de poligonal fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.3.2 Cálculo da poligonal quando pontos não podem ser ocupados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
8.4 Cálculo de uma poligonal aberta e apoiada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
9 Altimetria 141
9.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.2 Erro de esfericidade e refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
9.3 Declividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
9.4 Nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.1 Nivelamento barométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.2 Nivelamento trigonométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.3 Nivelamento taqueométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
9.4.4 Nivelamento GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
9.4.5 Nivelamento geométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
9.4.5.1 Nivelamento geométrico simples (NGS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
9.4.5.2 Nivelamento geométrico composto (NGC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
9.5 Tolerância para o nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
9.6 Perfil topográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
9.7 Greide ou rampa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Sumário
1.1 Noções básicas de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.2 Ângulo em grau, grado e radiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.3 Funções trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Coordenada retangular e polar no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.1 Coordenada retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.2 Coordenada polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 Coordenada retangular para polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Áreas de figuras elementares no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Trigonometria é a área da matemática que estuda relações entre lados e ângulos de um triângulo. Neste estudo
utiliza-se ângulos, em diferentes unidades, e funções trigonométricas, sendo que ao longo desta seção estes pontos
serão relembrados.
1.1.1 Ângulos
Duas semirretas, quando não coincidentes e com ponto de origem em comum, ponto
este dito vértice, tem um plano que as contêm e demarcam duas regiões deste plano1 . A
noção de ângulo é estabelecida pela medida da abertura entre estas semirretas, neste caso, s
dois ângulos. Do mesmo modo, dois segmentos de reta, não sobrepostos, com origem θ
comum, definem dois ângulos, se estendermos em duas semirretas a partir da origem dos
r
1 Os equipamentos topográficos medem os ângulos no plano horizontal e vertical. Maiores detalhes no Capı́tulo 7, página 95.
CAPÍTULO 1. MATEMÁTICA FUNDAMENTAL 1.1. NOÇÕES BÁSICAS DE TRIGONOMETRIA
100g
150g π 50g
2
3π π
4 4
90◦
135◦ 45◦
225◦ 315◦
270◦
5π 7π
4 4
3π
250g 2 350g
Grau
A unidade de grau é aquela onde um cı́rculo é dividido em 360 partes iguais e cada parte corresponde a um grau,
sendo utilizado como sı́mbolo para o grau, “◦ ”, devendo o mesmo ser aplicado após o número. Sobre o cı́rculo no
eixo-x positivo o ângulo é 0◦ ou 360◦ , aumentando no sentido anti-horário até que sobre o eixo-y positivo o ângulo
é de 90◦ , e assim sucessivamente.
Exemplo 1.1
Por outro lado, para converter um ângulo na forma grau decimal para sexagesimal observamos, primeira-
mente, que a parte inteira corresponde aos graus. Em seguida multiplica-se por 60 a parte decimal do ângulo e a
nova parte inteira do resultado serão os minutos. Agora, multiplica-se por 60 a última parte decimal encontrada
para obter os segundos, inclusive com a parte decimal, se for o caso. Um exemplo desta conversão é apresentada
no Exemplo 1.2. A transformação de ângulos decimais para sexagesimais e vice-versa é realizada automaticamente,
◦ 0 00
pela maioria das calculadoras cientı́ficas, por meio da tecla , e o auxı́lio da tecla shift .
Exemplo 1.2
Solução
Radianos
Os ângulos em radianos são abreviados por “rad”, sendo que 1 rad corresponde ao
ângulo que subentende o comprimento do arco, s, de comprimento igual ao raio,
r, como mostrado na Figura ao lado. Uma volta total em um circunferência corre-
sponde a 2π rad. O valor de π é definido como a razão entre o perı́metro de uma r s=r
circunferência e o seu diâmetro, sendo ≈ 3,1415927. Para os nossos cálculos, deve-se 1 rad
utilizar o valor de π dado pela calculadora ou planilha eletrônica. A unidade angu-
r
lar de radianos é a utilizada para cálculos de funções trigonométricas na maior parte
dos programas e linguagens computacionais, como por exemplo a planilha Excel2 ,
planilha do Google3 , C++4 , Java5 , Python6 , Matlab7 etc.
Grados
O ângulo em grado tem como sı́mbolo “g”, e é colocado após o valor da medida.
Nesta unidade o cı́rculo é dividido em 400 partes iguais e cada uma equivale a um grado, sendo aceito a decimal
de grado. É uma unidade utilizada por alguns paı́ses europeus, como por exemplo Portugal.
A conversão entre unidades angulares é bastante simples. Por exemplo, se considerar apenas meio cı́rculo,
têm-se: π rad = 180◦ = 200g .
Exemplo 1.3
Solução
Primeiramente, este ângulo deve ser transformado para grau decimal, o que foi realizado no 1.1. Por meio
da relação entre as unidades de graus e radianos, mostradas acima, tem-se, para transformá-lo em radianos
2 Ver hhttp://office.microsoft.com/pt-br/i
3 Ver hhttps://support.google.com/drive/bin/topic.py?hl=pt-BR&topic=30240i
4 Ver hhttp://www.open-std.org/i
5 Ver hhttp://www.java.com/pt BR/i
6 Ver hhttp://www.python.org/i
7 Ver hhttp://www.mathworks.com/i
(xrad ):
xrad π
=
116,5650511◦ 180◦
116,5650511◦ · π
xrad =
180◦
xrad = 2,0344 rad.
Aplica-se agora a relação entre grau e grado para encontrar o valor angular em grado (xgrado ), como:
xgrado 200g
=
116,5650511◦ 180◦
116,5650511◦ · 200g
xgrado =
180◦
xgrado = 129,5167g .
Os instrumentos que medem ângulos são chamados goniômetros. Um transferidor é um goniômetro, assim como
equipamentos topográficos que os possuem, como o teodolito e a estação total. É por meio destes equipamen-
tos que são realizadas a medidas de ângulos entre pontos de interesse. Geralmente, estes equipamentos apre-
sentam os ângulos na unidade de graus e no sistema sexagesimal. Para trabalhar com estes dados em planilhas
eletrônicas, estes devem ser transformados para grau decimal, e posteriormente para a unidade de radianos, pois é
nesta unidade que a maioria dos programas computacionais trabalham com as funções trigonométricas.
Deve-se prestar atenção quanto ao uso de ângulos em calculadora cientı́fica. Geralmente ela pode trabalhar nas
três unidades angulares apresentadas, bastando ajustá-la para a unidade que é requerida nos cálculos. A unidade
de ângulo que a calculadora está configurada pode ser visualizada na tela da mesma, onde as letras: “D8 ”, “R” e
“G”, identificam que a calculadora está trabalhando, respectivamente, em grau, radiano e grado. Para modificar a
unidade de grau da calculadora, deve-se consultar manual e seguir procedimento indicado.
Encerrando este assunto, vamos observar mais uma vez a Equação 1.1. Agora podemos facilmente calcular o
valor da constante k. Para a unidade de radianos temos para θ = 1 rad, o comprimento do arco (s) é igual ao raio
(r), desta forma k = 1 rad. Caso a unidade seja de graus, sabe-se que para θ = 180◦ , em um arco de raio r, teremos
◦
um comprimento de arco, s = π · r, desta forma, substituindo na Equação 1.1, temos k = 180 π
. Utilizando o mesmo
raciocı́nio acima você pode encontrar o valor de k para ângulo na unidade grado.
cateto oposto
sen θ = (1.2)
hipotenusa
cateto adjacente
cos θ = (1.3)
hipotenusa
cateto oposto
tan θ = (1.4)
cateto adjacente
cateto adjacente
cot θ = (1.5)
cateto oposto
hipotenusa
sec θ = (1.6)
cateto adjacente
hipotenusa
csc θ = (1.7)
cateto oposto
Uma vez conhecidos os lados de um triângulo retângulo, é possı́vel por meio das funções trigonométricas
inversas encontrar um determinado ângulo desejado. Cita-se abaixo as funções inversas: arco seno ( arcsen ou
sen −1 ); arco cosseno (arccos ou cos−1 ) e arco tangente (arctan ou tan−1 ). Em calculadoras eletrônicas e planilhas,
os valores das funções inversas estão restritas à diferentes domı́nios, para maiores detalhes ver Stewart (1999).
cateto oposto
θ = arcsen (1.8)
hipotenusa
cateto adjacente
θ = arccos (1.9)
hipotenusa
cateto oposto
θ = arctan (1.10)
cateto adjacente
Exemplo 1.4
α
6,4 m
5m
θ
Solução
A hipotenusa vale 6,4 m. Para o ângulo θ, o lado de 5 m é o seu cateto oposto. Desta forma, pode-se utilizar
a função arco seno para determinar θ:
cateto oposto
θ = arcsen
hipotenusa
5
= arcsen
6,4
= 51,3752◦ .
Para calcular α, sabe-se que a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180◦ , logo
α = 180◦ − (51,3752◦ + 90◦ ) = 38,6248◦ . As funções trigonométricas para θ e α:
Exemplo 1.5
R
aproximado da terra (R).
O
Solução
A visada AH é tangente à terra em H. AH é perpendicular à OH, logo em H, o ângulo é reto (90◦ ) para
o triângulo AOH. O lado deste triângulo oposto a H (R+5 km) é a hipotenusa. Percebe-se também que,
o ângulo entre a linha do horizonte que passa em A e a linha AO é de 90◦ , então o ângulo θ é de 87,74◦
(90◦ − 2,26◦ ). Considerando sen θ temos:
R
sen θ =
R+5
R = (R + 5) sen 87,74
R − R sen 87,74 = 5 · sen 87,74
5 · sen 87,74
R=
1 − sen 87,74
R = 6 423,1 km.
Para as definições das funções trigonométricas em função apenas de um ângulo qualquer, utiliza-se a figura
de um cı́rculo unitário no plano cartesiano, ou seja, de raio 1 conforme Figura 1.2. Os valores de cos θ e sen θ
correspondem a projeção do raio com o ângulo θ nos eixos x e y, respectivamente. Logo os seus valores variam
entre −1 e 1, sendo que os seus sinais mudam conforme o quadrante. Maiores detalhes podem ser encontrados em
livros de cálculo.
2◦ Quadrante y 1◦ Quadrante
sen θ = + sen θ = +
cos θ = − cos θ = +
tan θ = − 1 tan θ = +
sen θ
sen θ tan θ =
θ cos θ
x
−1 cos θ 1
3◦ Quadrante −1 4◦ Quadrante
sen θ = − sen θ = −
cos θ = − cos θ = +
tan θ = + tan θ = −
Figura 1.2
Cı́rculo unitário e os sinais por quadrante das funções sen , cos e tan.
a b c
= = . (1.11)
sen A
b sen B
b sen C
b
Exemplo 1.6
Considere o esquema apresentado na Figura a seguir. Um levantamento topográfico foi realizado do lado
esquerdo do rio, e não se tem acesso ao lado direito, onde encontra-se o ponto P. Todavia deseja-se obter a
distância AP. Para tanto, mediu-se: com uma trena, a distância de A ao ponto B, resultando em 50 m; por
meio de um teodolito estacionado em A, visando-se sucessivamente P e B, o ângulo α = 37◦ 510 ; e por fim,
também com o teodolito, agora estacionado em B, visando-se A e P, o ângulo β = 75◦ 470 . Por meio destas
medidas, calcule a distância AP.
A rio
γ P
50 m
Solução
A lei dos senos pode ser utilizada para determinar a distância do ponto inacessı́vel P. Como dois ângulos
do triângulo foram medidos, pode-se calcular o outro, ao qual denominaremos de γ, sendo:
γ = 180 − (α + β)
= 180 − 37◦ 510 + 75◦ 470
= 66◦ 220
Uma vez que conhecemos o lado AB=50 m, o seu ângulo oposto, γ = 66◦ 22’, e o ângulo α = 75◦ 47’, oposto
ao lado que queremos determinar, AP, pode-se aplicar a lei dos senos, como segue abaixo:
AB AP
=
sen γ sen β
50 m AP
=
sen 66◦ 220 sen 75◦ 470
50 m · sen 75◦ 470
AP =
sen 66◦ 220
AP = 52,906 m.
!
2 2 2 a2 − b2 + c2
a = b + c − 2bc cos A
b cos A
b= (1.12)
−2bc
!
2 2 2 b2 − a2 + c2
b = a + c − 2ac cos B
b cos B
b= (1.13)
−2ac
!
c2 − a2 + b2
c2 = a2 + b2 − 2ab cos C
b cos C
b= (1.14)
−2ab
Exemplo 1.7
Solução
A partir da lei dos cossenos, temos para! A:
b
2 2 2
a − b + c
cos A
b=
−2bc
! !
a2 − b2 + c2 322 − 282 + 232
A
b = arccos = arccos = 77,0336◦
−2bc −2 · 28 · 23
Para B
b:
!
b2 − a2 + c2
cos B
b=
−2ac
! !
b2 − a2 + c2 282 − 322 + 232
B
b = arccos = arccos = 58,5054◦
−2ac −2 · 32 · 23
Para a apresentação gráfica de dados bidimensionais, é utilizado o plano cartesiano, formado por dois eixos ortogo-
nais entre si, denominados de eixo-x e eixo-y. A posição de pontos neste sistema dar-se-á por meio de coordenadas
retangulares ou polares.
Distância Euclidiana
Caso as coordenadas retangulares de dois pontos quaisquer sejam conhecidas, por exemplo, os pontos 1(x1 , y1 )
e 2(x2 , y2 ) da Figura ao lado, pode-se calcular a distância da linha reta entre eles (d12 ), denominada de distância
Euclidiana. Pelo teorema de Pitágoras, d12 :
B(−1; 3,7) 4
3
2 A(4,5; 2,1)
1
E(0,0)
x
−5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−1
−2 D(4,9; −1,3)
−3
C(−4,9; −3,2)
−4
Figura 1.3 −5
Posição de alguns pontos e suas coordenada retangulares.
y
d212 2
= ∆x + ∆y 2
d12
∆y = y2 − y1
(x1 ,y1 )
∆x = x2 − x1
x
Exemplo 1.8
Qual a distância entre os pontos A e C apresentados na Figura 1.3? Considere que a unidade é o metro.
Solução
As coordenadas de A e C são (4,5 m; 2,1 m) e (−4,9 m; −3,2 m), respectivamente. Aplicando a Equação
1.15: q
d = (xA − xC )2 + (yA − yC )2
q
= (4,5 − −4,9)2 + (2,1 − −3,2)2
q
= (4,5 + 4,9)2 + (2,1 + 3,2)2
= 10,791 m.
A coordenada polar de y
um ponto é dada pelo seu raio
(r), distância entre a origem do
5
sistema cartesiano ao ponto, e
seu ângulo (θ), medido a par- 4
tir do eixo-x positivo, sentido
anti-horário, até raio. Exem- 3
plo de coordenadas polares para A(25,017◦ ; 4,97)
os pontos A e C vistos na 2
7
Figura 1.3 podem ser observa- = 4,9
dos na Figura 1.4. Aprenderemos 1 r A
θ = 213,147◦ θA = 25,017◦
posteriormente que em levanta-
x
mentos topográficos trabalhamos −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
com um tipo de coordenada po- −1
lar, em que o ângulo é denomi- 5
5 , 8
nado de Azimute, e o raio o com- = −2
primento do alinhamento. Porém rC
o ângulo de Azimute é medido −3
a partir do eixo-y positivo, e o C(213,147◦ ; 5,85)
sentido de contagem angular é o −4
horário. Mais detalhes serão vis-
−5
tos posteriormente, no Capı́tulo
7.
Figura 1.4
Coordenadas polares para os pontos A e C da Figura 1.3.
A transformação de coor-
denada polar para retangular y
pode ser deduzida a partir da
Figura 1.5. Considere um ponto P(xP ,yP )
yP
P, de coordenada polar (θP , rP ).
Queremos obter sua coordenada
retangular (xP , yP ). Pode-se ver- rP cateto oposto ao θ
ificar que o cateto oposto e o
cateto adjacente ao ângulo θP cor- θP
respondem, respectivamente, à x
cateto adjacente ao θ xP
coordenada yP e xP . Serão apli-
cadas as funções seno e cossenos
Figura 1.5
ao ângulo θ, que tem como
Esquema gráfico para conversão entre coordenada polar
hipotenusa rP , o que resultará
e retangular.
na obtenção da coordenada re-
tangular, como apresentado nas
Equações 1.16 e 1.17. Estas equações são aplicadas para pontos localizados em quaisquer quadrante.
xP
cos θP =
rP (1.16)
xP = rP cos θP
yP
sen θP =
rP (1.17)
yP = rP sen θP
Exemplo 1.9
Considere a coordenada polar do ponto C da Figura 1.4. Qual a sua coordenada retangular? A unidade de
comprimento é seja de metro.
Solução
A coordenada polar de C é (213,147◦ ,5,85). Então:
Agora será apresentada a transformação de coordenada retangular para polar. Para tanto utilizaremos mais uma
vez o esquema da Figura 1.5. Só que desta vez, a coordenada retangular de P, (xP , yP ), é que é conhecida. Uma
vez que se têm os dois catetos do triângulo retângulo, o raio de P, rP , é obtido por meio da Teorema de Pitágoras
(Equação 1.18). Já o ângulo θP , para este quadrante, pode ser obtido por meio da função arco tangente, como
apresentada na Equação 1.19. A Equação 1.18 é valida para pontos em qualquer quadrante. Já a Equação 1.19, para
cálculo de θp , é valida apenas para o primeiro quadrante, sendo que para os demais, pode-se obtê-lo facilmente,
como será apresentado no Exemplo 1.2.3.
q
rP = x2P + yP2 (1.18)
yP
tan θP =
xP
(1.19)
yP
θP = arctan
xP
Exemplo 1.10
Considere a coordenada retangular do ponto D da Figura 1.3. Qual a sua coordenada polar? Considere que
a unidade seja de metro.
Solução
D(4,9; −1,3)
yD 1,3
α = arctan = arctan = 14,8586◦ .
xD 4,9
q p
rD = x2D + yD2 = 4,92 + 1,32 = 5,07 m.
Área de um retângulo
Sejam os lados de um retângulo, a e b. A sua área (A) é calculada pelo produto dos seus lados:
A = ab. (1.20)
Exemplo 1.11
Área de triângulo
Exemplo 1.12
Solução
bh 15,9 · 9
A= = = 71,55 m2 .
2 2
1
A= ab sen α; (1.22)
2
Exemplo 1.13
Qual a área de triângulo em que dois lados medem 3,1 m e 6,8 m, e o ângulo entre eles é de 34◦ .
Solução
1 1
A= ab sen α = 3,1 · 6,8 sen 34◦ = 5,89 m2 .
2 2
• os comprimentos dos três lados do triângulo, a, b, e c, usa-se a fórmula de Heron, também conhecida como a
fórmula do semiperı́metro, em que a área é:
p
A= p (p − a) (p − b) (p − c), (1.23)
em que p é semiperı́metro:
a+b+c
p= . (1.24)
2
Exemplo 1.14
Área de trapézio
b1
1
A= (b1 + b2 )h. (1.25)
2
Exemplo 1.15
Uma praça pública tem a forma de um trapézio, sendo medidos os lados paralelos de 50,7 m e 80,4 m e a
distância entre eles de 12 m, calcular á área da praça. Solução
1 1
A= (b1 + b2 )h = (50,7 + 80,4)12 = 786,6 m2 .
2 2
Para uma cı́rculo, pode ser conhecido o seu raio R ou o seu diâmetro, D (2R). Se o R é conhecido, a sua área é:
A = πR2 . (1.26)
Caso seja conhecido o diâmetro (D):
π 2
A= D . (1.27)
4
Exemplo 1.16
Uma caixa de água tem diâmetro de 1,2 m. Qual a área de superfı́cie que ela ocupa.
Solução
Conhecendo-se o diâmetro temos:
π π
A = D2 = 1,22 = 1,13 m2 .
4 4
Exemplo 1.17
α ◦
2 5
A= πR = π32 = 0,393 m2 .
360◦ 360◦
Objetivo: apresentar o uso de planilhas eletrônicas para a resolução de problemas em topografia. É sug-
erida a utilização da planilha de cálculo Calc, presente no pacote libreoffice, que é diponı́vel gratuitamente.
Para obtê-lo e encontrar maiores informações, consultar a página: hhttps://www.libreoffice.orgi.
Serão apresentados os operadores e algumas funções matemáticas, onde, uma vez sabendo utilizá-las, é
possı́vel resolver grande parte dos problemas de topografia.
Como roteiro:
• apresentação dos operadores matemáticos: soma (+), subtração (−), multiplicação (∗), divisão (\) e
potência (∧);
• apresentação das funções da tabela abaixo. Em que θ é o ângulo na unidade de radianos (rad), e arg
é(são) o(s) argumento(s) a ser(em) utilizado(s).
Funções a serem apresentadas.
sen =sen(θ[rad] ) cos =cos(θ[rad] ) tan =tan(θ[rad] )
arcsen =asen(arg) arccos =acos(arg) arctan =atan(arg)
soma =soma(arg) média =média(arg) desvio padrão =DESVPAD(arg)
Como exemplo de aplicações, resolver os problemas dos exercı́cios 1.3, 1.6 e 1.7 na planilha Calc.
Exercı́cios
y(m)
1.1. Com o triângulo da Figura ao lado, de coordenada R(12,3 m, 6,1 m), calcular
os ângulos α, β, e o seno, cosseno e tangente destes ângulos. R
Resp.: α = 26,3784◦ ; β = 63,6216◦ ; sen α = 0,4443; cos α = 0,89588; tan α =
0,49593; sen β = 0,89588; cos β = 0,4443; tan β = 2,0163. β
α
x(m)
1.6. Um triângulo tem lados a = 7,5 m, b = 8,9 m e c = 10,2 m. Calcule: i) a área (m2 e ha); ii) os ângulos internos.
Resp.: 32,437 m2 ; 0,003243 ha; â = 45,614◦ ; b̂ = 57,999◦ ; ĉ = 76,387◦ .
1.7. Utilizando calculadora, calcule o seno, cosseno e tangente de 22,3◦ , 42,6◦ , 51,3◦ 89,1◦ e 76,5◦ .
Resp.: Tabela 1.1.
C
1.8. Um topógrafo necessita determinar a distância entre A e B, mostrados
na Figura ao lado. Infelizmente, seu equipamento de medição eletrônica de 51◦
distância não está funcionando. Devido a isto: em A, o topógrafo mediu o
159,4
B
ângulo de 88◦ ; determinou a distância AC = 159,49 m; e em C mediu de
51◦ . Calcule o comprimento AB.
m 9
1.9. Dadas as coordenadas retangulares dos pontos: A(5, − 19), B(−23, − 10), C(−29, 4), D(13, 11). Calcular as
respectivas coordenadas polares.
1.10. Dadas as coordenadas polares dos pontos: A(72,9 m, 314◦ 270 ); B(58,1 m, 260◦ 220 ); C(100,9 m, 118◦ 410 ); D(29,3
m, 25◦ 280 ), calcular as respectivas coordenadas retangulares.
Resp.: Tabela 1.3.
A linha do horizonte em A
1.11. Com o objetivo de se estimar o raio da terra (R), um 3,0 km 1◦ 460
topógrafo subiu em uma montanha de 3,0 km de altura, tendo
vista para o oceano. Com o auxı́lio dos seus equipamentos, θ H
mediu-se o ângulo formado entre a linha horizontal que passa
R
pelo equipamento e a reta tangente a superfı́cie do oceano no
ponto H, obtendo 1◦ 460 . Determinar o raio da terra aproximado,
R
por meio destas medidas.
O
Resp.: 6 308,3 km.
1.13. Determinar a altura H do levantamento realizado conforme Figura ao lado, sendo as me-
didas de distância em metros.
Resp.: Altura = 18,466 m.
21
H
90◦
10
Igreja
1.14. Deseja-se medir a altura da torre da igreja ao lado. A distância
16◦ 120
horizontal foi medida a partir do prédio, como mostrado, e dois
30,75 m
ângulos verticais foram determinados, em relação a base e ao topo 36◦
da igreja. Qual a altura da igreja?
Resp.: Altura = 31,275 m.
m
=
x
33◦ 480
59◦ 510
y =?
y
1.18. Dado o triângulo ao lado, contendo: as coordenadas dos
vértices A(20 m; 30 m) e B(40 m; 70 m). Calcular os comprimen- C
tos dos lados AB e AC e a sua área. B(40 m; 70 m)
Resp.: AB = 44,721 m; AC = 49,594 m; área de 774,5 m2 . 60◦ 370
44◦ 180
A(20 m; 30 m)
x
y
1.19. Calcular a área do polı́gono formado pelos vértices 1, 2, 3 e 4, sabendo-se 1
que: α = 77◦ 400 ; β = 23◦ 100 ; γ = 39◦ 50 ; 1(60,0 m; 45,0 m); 3(10,0 m; 11,0 m); β
DH12 = 44 m. 4
γ
Resp.: área = 1 553,941 m2 .
α
3
2
x
y
1.20. Do triângulo ao lado, contendo a distância do alinhamento CB =
69,43 m, Calcular os comprimentos dos lados AB e AC e a sua área. B
Resp.: AB = 57,095 m; AC = 49,594 m; área = 1397,850 m2 . 69,4
3m
◦ 0
C 44 51
80◦ 520
A
x
1.21. Dado um triângulo retângulo de catetos a = 3,6 m e b = 4,7 m. Encontrar a hipotenusa. Calcule os ângulos
internos.
Resp.: Hipotenusa = 5,920 m; â = 37,450◦ ; b̂ = 52,549◦ ; ĉ = 90◦ .
Este capı́tulo tem como objetivo central a determinação de áreas. Começaremos com a apresentação das unidades de
comprimento e de área mais utilizadas em geomática. Como geralmente os desenhos topográficos estão reduzidos
à determinada escala, ela será definida e aplicada em problemas de determinação de distância e área. Por fim,
alguns métodos de cálculo de área serão apresentados.
Sumário
2.1 Unidades de comprimento e área . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Determinação de áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.1 Decomposição de figuras elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.2 Área ao longo de um transecto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.3 Cálculo de área por Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
O Sistema Internacional de Unidades (SI) tem como unidade de comprimento o metro (m). Ele é definido como o
comprimento do caminho viajado pela luz durante o intervalo de 1/299 792 458 segundo. Seguem alguns exemplos
de subdivisões do metro:
• o milı́metro (mm, 1 mm = 10−3 m = 0,001 m);
• o centı́metro (cm, 1 cm = 10−2 m = 0,01 m) e;
• o decı́metro (dm, 1 dm = 10−1 m = 0,1 m).
Como múltiplo de metro pode-se citar o quilômetro (km, 1 km = 1 000 m), geralmente utilizado em medidas sobre
mapas ou cartas de pequenas escala.
A unidade de área empregada é o m2 . Para medidas de superfı́cie terrestre também podem-se empregar outras
unidades, como o “are” (1 are = 100 m2 ) e seus múltiplos, sendo que o mais utilizado é o hectare (“ha”), em que
1 ha = 10 000 m2 .
Unidades de área mais antigas ainda hoje são utilizadas, como o alqueire (“alq”). Um alqueiro pode apresentar
diferentes valores de área, de acordo com a localidade. Por exemplo, um alqueiro geométrico, também conhecido
por mineiro, mede 48 400 m2 , enquanto o paulista mede 24 200 m2 . Na apresentação de grandes extensões de área,
como as presentes em mapas ou cartas topográficas, utiliza-se a unidade de km2 . Outras unidades de comprimento
e área podem ser encontradas em Comastri e Junior (2004).
CAPÍTULO 2. UNIDADES MÉTRICAS, ESCALA E DETERMINAÇÃO DE ÁREAS 2.2. ESCALA
Exemplo 2.1
Para m2 : como 1 km = 1 000 m, então, elevando ao quadrado ambos os lados, (1 km)2 = (1 000 m)2 , vai
resultar em 1 km2 = 106 m2 = 1 000 000 m2 ;
Para ha: sabe-se agora que a área é de 106 m2 , como 1 ha = 10 000 m2 , então a área em ha (xha ):
xha 1 ha
=
106 m2 10 000 m2
1 ha · 106 m2
xha =
10 000 m2
xha = 100 ha;
Para alqueire geométrico: como 1 alqueire = 48 400 m2 , então a área em alqueire geométrico (xalqGeo ):
xalqGeo 1 ha
=
106 m2 48 400 m2
1 alqueiro · 106 m2
xalqGeo =
48 400 m2
xalqGeo = 20,6612 alqueiro geométrico;
Para alqueire paulista: como 1 alqueire = 24 200 m2 , então a área em alqueire paulista (xalqPau ):
xalqPau 1 ha
=
106 m2 24 200 m2
1 alqueiro · 106 m2
xalqPau =
24 200 m2
xalqPau = 41,3223 alqueiro paulista.
2.2 Escala
Quando se realiza levantamento na superfı́cie terrestre, obtêm-se as coordenadas dos pontos desejáveis, e posteri-
ormente são apresentados em papel ou na tela do computador. Logicamente que as medidas de distância e áreas
da superfı́cie terrestre são, em geral, demasiadamente extensas para caberem, nas mesmas proporções, em papel ou
tela de computador. Para ajustar ao papel/tela, é realizada uma redução das dimensões a uma escala apropriada,
de acordo com o tamanho do papel/tela. E o que vem a ser uma escala? A escala (E) é a relação entre a distância
de um objeto apresentado no papel/tela (l) e a sua verdadeira distância na natureza (L), isto é:
l
E= (2.1)
L
Para o uso desta Equação, as unidades de l e L devem ser as mesmas. Observe que para levantamentos sobre
a superfı́cie terrestre L l. Desta forma, a E resulta em um número muito pequeno, o que demandaria o uso de
várias casas decimais para representá-la, dificultando a sua interpretação. Para apresentar a E de uma forma mais
1
E= , (2.2)
M
em que M é denominado o módulo da escala, sendo M = L /l . A E na forma da Equação 2.2 tem uma interpretação
bastante simples. Por exemplo, se na forma de decimal E = 0,00028571, na forma da Equação 2.2 seria E = 1/3 500.
Obviamente E = 0,00028571 = 1/3 500, mas na segunda forma, já conclui-se de imediato que, por exemplo, 1 m
de um comprimento no papel, corresponderia ao comprimento de 3 500 m em campo. Ou, de outra forma, 1 cm de
comprimento no papel, corresponde a 35 m em campo1 . A escala numérica pode estar na forma de fração (p. ex.,
E = 1/3 500); proporção (p. ex., E = 1 : 3 500); ou equação (p. ex., 1 cm = 35 m).
Exemplo 2.2
A distância entre dois postes em uma rua equivale a 33,4 m. Quando representados em papel, estes postes
estavam distantes 3 cm entre si. Qual a escala do desenho?
Solução
Utilizando a Equação 2.2, e sabendo que l = 3 cm = 0,03 m, e L igual a 33,4 m, o módulo da escala será:
L
M=
l
33,4
=
0,03
= 1 113
Exemplo 2.3
Em uma planta topográfica mediu-se um talhão na forma de um retângulo, obtendo-se como comprimentos
dos lados os valores de 2,3 cm e de 0,9 cm. Sabendo-se que a escala do desenho era de 1 : 6 000, calcule a
área do talhão em m2 ?
Solução
Este problema será resolvido de duas formas. A primeira é calculando os comprimentos dos lados em met-
ros e depois calculando a área. Da escala temos, 1 m = 6 000 m, que é o mesmo que 1 cm = 60 m. Utilizando
esta última relação, aplica-se uma regra de três, obtendo-se para os lados de 2,3 cm e de 0,9 cm, respectiva-
mente, os comprimentos dos lados de 138 m e 54 m. Desta forma, a área seria de 7 452 m2 (138 m × 54 m).
Uma outra maneira de calcular a área do talhão é, calculá-la em cm2 e, posteriormente, convertê-la para
m2 . Assim, a área no papel é de 2,07 cm2 (2,3 cm × 0,9 cm). A escala, como já foi dito, é utilizada para
medidas de comprimento. Todavia, elevando ambos os lados da escala ao quadrados, teremos uma relação
entre área de desenho e área na natureza. Para a nossa escala (1 cm = 60 m), elevando ambos os lados ao
quadrado tem-se:
Escala gráfica
Uma outra forma de representação da escala é a gráfica, que tem como vantagem, que, mesmo se o mapa/carta
for reduzida ou ampliada, a escala gráfica se mostrará apropriada para análises, uma vez que ela é reduzida ou
ampliada na mesma proporção. Dois exemplos de escalas gráficas são apresentados na Figura 2.1.
E = 1 : 500
0m 10 m 20 m 30 m 40 m
0m 4 000 m
1
E=
80 000
0 2 4 6 8 10 m
Figura 2.1
Exemplos de escalas gráficas.
a) a escala gráfica a ser desenhada é colocada na parte inferior ou inferior e a direita do mapa/carta;
b) quanto ao tamanho, não deve ser muito pequeno, impossibilitando uma leitura adequada, nem muito grande,
ocupando um espaço desproporcional ao desenho a ser apresentado;
d) conhecendo a escala numérica, coloca-se sobre as subdivisões suas distância em relação ao ponto inicial da
escala;
Exemplo 2.4
Um levantamento de uma propriedade será apresentado em papel A4, onde foi estabelecida a E = 1 : 1 500,
desenhe uma escala gráfica com 6 cm de comprimento.
Solução
Normalmente, em problemas topográficos, há a necessidade de se calcular áreas. As áreas podem ser: i) da su-
perfı́cie projetada do plano topográfico ou cartográfico (plano horizontal), quando se deseja, por exemplo, conhecer
a área que se pode cultivar, ou em caso de construções, as áreas disponı́veis para locação de obras de engenharia;
ou ii) no plano vertical, quando se deseja realizar cálculos de volumes de corte e de aterro. O cálculo de áreas de
figuras elementares foi apresentado na secção 1.3 (página 14). Neste capı́tulo veremos algumas metodologias para
medição de áreas em topografia.
A 28,6 m B 44,0 m C
16,7 m
46
38,5 m ,7
m
H I
m
27,5 m
,3
D
79
15,4 m
m
K J 8m
83,
34,8
22,1 m
17,6 m 66,0 m
G F E Figura 2.2
Decomposição de uma área em figuras el-
ementares.
já se encontra na forma digital, em ambiente de SIG2 ou de CAD3 , as distâncias são obtidas de maneira automática.
Uma vez conhecida as distâncias entre os alinhamentos das figuras geométricas propostas, calcula-se de cada uma,
e posteriormente, são somadas, obtendo-se a área total.
problemas espaciais.
3 CAD é a abreviação de “Computer-aided design”, desenho acompanhado por computador, que são programas de computa-
Limite da área
Aproximação ao limite da área
h Perpendiculares ao alinhamento AB
25,8 m 27,4 m
26,1 m 25,6 m
12,5 m
0m
0m 20 m 40 m 60 m 80 m 100 m
A B
Figura 2.3
Exemplo de um transecto uniforme e a aproximação a figuras de trapézios.
Exemplo 2.5
Considera-se agora a parte limitante do transecto não uniforme, conforme Figura 2.4. Para calcular a área com
espaçamento constante e obter uma boa estimativa da área, o espaçamento entre as perpendiculares teriam que ser
menor. Todavia, tal procedimento aumentaria demasiadamente o trabalho em campo. Ao invés disto, podemos
considerar perpendiculares lançadas de acordo com a mudança de direção do limite. Esta mudança de estratégia
vai fazer com que o espaçamento entre as perpendiculares sejam variáveis, mas vai adaptar melhor ao limite. Com
os espaçamentos distintos, aplica-se a Equação 2.4, considerando as alturas distintas dos trapézios.
Limite da área
Aproximação ao limite da área
Perpendiculares ao alinhamento AB
59,1 m
49,4 m
Exemplo 2.6
Considerando a Equação 2.4, para perpendiculares que não tem espaçamento constante e utilizando os
dados da Figura 2.4, temos:
1
A= ((14,7 + 12,2)(15,8 − 0) + (12,2 + 49,4)(30,1 − 15,8) + (49,4 + 14,9)(65,0 − 30,1)+
2
(14,9 + 59,1)(85,4 − 65) + (59,1 + 21,5)(114,1 − 85,4))
A = 3 686,4 m2 .
facilitado com o uso de calculadoras ou programas computacionais. O eixo-y das coordenadas topográficas, coin-
cide com a direção dita como Norte, e o eixo-x com a direção Leste. As coordenadas retangulares podem também
ser obtidas em papel, realizando medidas com régua na própria planta, considerando a escala do desenho, por
exemplo, por digitalização4 .
Para demonstrar como o método funciona, considere a Figura 2.5, onde pretende-se calcular a área limitada
pelos vértices ABCD, onde suas coordenadas retangulares são conhecidas. Para obter a área total, soma-se as áreas
limitadas pelos pontos C’CDD’ e D’DAA’ e subtrai-se das áreas C’CBB’ e B’BAA’. Observe que todas estas áreas
formam figuras de trapézios, desta forma, a área compreendida entre os vértices ABCD é dada pela Equação 2.5.
y
xC
C’ C
xD
D’ D
yC
B’ xB B
yD
yB xA
A’ A
yA
Figura 2.5 x
Esquema para dedução do cálculo de área por Gauss.
Considere agora um número qualquer de vértices (n), convenientemente organizados, que delimitam a área.
Poderemos, para fins de facilidade do cálculo, organizar os dados como mostrados na Figura 2.6, com as coor-
denadas x acima das coordenadas y para cada ponto. As coordenadas devem estar em sequência para formar um
polı́gono, seguindo o sentido horário ou anti-horário. Também não se deve pular coordenada de quaisquer vértices.
A primeira coordenada deve aparecer, mais uma vez, na última posição. Faz-se então o somatório do produto da
diagonal subindo e a este resultado subtrai-se do somatório do produto da diagonal descendo (o contrário também
pode ser realizado). Considere o valor absoluto desta operação, ou seja, se o resultado der negativo, considere-o
positivo. E por fim, para obter a área, divida este número por dois. A unidade de área dependerá da unidade das
coordenadas. Assim, se forem coordenadas na unidade de metros, tem-se área em m2 , se for em quilômetros, em
km2 . Não confundir no esquema da Figura 2.6 com uma divisão e produto das coordenadas.
4 Ato de transformar a informação do papel (analı́tica) para um formato em que o computador consiga trabalhar. Para digi-
+ + + + +
x1 x2 x3 x4 xn−1 xn x1
2·A= ...
y1 y2 y3 y4 yn−1 yn y1
− − − − −
2 · A = |(y1 x2 + y2 x3 + · · · + yn x1 ) − (x1 y2 + x2 y3 + · · · xn y1 )|
1 Figura 2.6
A= |(y1 x2 + y2 x3 + · · · + yn x1 ) − (x1 y2 + x2 y3 + · · · xn y1 )|
2 Organização dos dados para cálculo da área por Gauss.
Exemplo 2.7
D(58,9; 46,3)
B(9,8; 22,9)
E(40,7; 14,2)
A(26,2; 7,5)
x (m)
Solução
Organizando os dados e realizando os cálculos conforme metodologia apresentada na Figura 2.6, temos:
+ + + + +
A = 1 654,8 m2
Objetivo: utilizar a ferramenta AutoCada para fins de desenho de planta topográfica. Serão apresentadas
algumas funções básicas, necessárias para o desenho da planta. Como roteiro:
• apresentação geral do AutoCad: janelas de funções; principais ı́cones de funções; área de desenho;
coordenadas retangulares; a área de comando, etc;
• apresentação de funções, como: zoom, line, pline, area, dimaligned e text;
• como alterar as propriedades dos objetos do desenho.
Como exemplo de aplicação: considere a poligonal do exercı́cio 2.5, fazer o desenho, cotar, determinar a
área e o perı́metro.
a Informações do produto em: hwww.autodesk.comi
Exercı́cio
2.1. A distância entre duas paredes de um apartamento é de 12,32 m. No desenho da planta do apartamento, estas
duas paredes estão separadas por 4,2 cm. Qual a escala da planta?
Resp.: E = 1 : 293.
2.2. Um galpão, visto em uma planta topográfica, tem a forma de um trapézio, com dimensões: bases de 30 cm e 25
cm e, altura de 27 cm. Sabendo que a escala é de 1 : 200, qual a área do galpão em m2 ?
Resp.: Área de 2 970 m2 .
2.3. Com a finalidade de determinar uma área de forma circular em uma planta topográfica, mediu-se, com uma
régua, o seu diâmetro, obtendo-se a medida de 25 cm. A escala desta planta é de 1 : 4 000. Pergunda-se: qual é esta
respectiva área, em ha, no terreno?
Resp.: Área de 78,54 ha.
2.4. Calcular a área total da poligonal ABCDEFGKH da Figura 2.2, página 28?
Resp.: Área de 6 026,0 m2 .
2.5. Seguem as coordenadas em metros dos vértices de uma área levantada: 1(0, 19), 2(4, 29), 3(34, 44), 4(64, 29),
5(71, 11), 6(49, 2), 7(34, 10), 8(29, 11), 9(14, 0). Calcule a área pela fórmula de Gauss nas unidade de m2 e ha.
Represente graficamente.
Resp.: área = 1 925 m2 ; área = 0,1925 ha.
y (m)
2.6. Seguem as coordenadas em metros dos vértices de E
bC
uma área levantada: A(0, 0), B(5, − 19), C(23, − 10), 10
D(29, 4), E(13, 11), com a representação gráfica na
Figura ao lado. bC
D
A
a) Calcule a área pela fórmula de Gauss nas 0 bC
x (m)
unidade de m2 e ha. Represente graficamente. 10 20 30
b) Qual a distância entre os pontos B e C?
c) Qual a distância entre os pontos C e D? −10 bC
C
Resp.: a) 518 m2 e 0,0518 ha; b) 20,125 m; c) 15,232 m.
bC
−20
B
Sumário
3.1 Geóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2 Elipsóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 Coordenada geodésica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.4 Coordenada geodésica cartesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4.1 Coordenada astronômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.4.2 Sistema de geodésico brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.5 Projeção cartográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.5.1 Projeção cônica de Albers (igual área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.5.2 Projeção sinusoidal (igual área) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.5.3 Projeção cônica de Lambert (conforme) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.5.4 Projeção Azimutal (equidistante) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.5.5 Projeção Universal Transversa de Mercador (UTM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.1 Geóide
A terra vista do espaço se aproxima de uma esfera. Todavia, quanto mais nos aproximamos dela, mais ela se torna
desuniforme, sendo formada na sua superfı́cie, pelos continentes e mares. Nos continentes tem-se diferentes formas
de relevo, das mais planos aos mais acidentados. Observa-se também que a superfı́cie da terra não é estática, mas
sim dinâmica. Há um movimento da crosta terrestre, devido às forças tectônicas. Por exemplo, no terremoto no
Chile no ano de 2010, foi estimada que a cidade de Conception moveu 3,02 metros para a direção oeste (WIRED,
2012). Já os mares apresentam-se em constante movimento, pois são sujeitos a diversas forças, como: a centrı́fuga,
devido a rotação da terra; a gravitacional da terra, lua, sol; dos ventos, etc.
A geodésia é a ciência que tem como objetivo estudar a forma da terra, sendo esta forma denominada de geóide.
O geóide consiste na superfı́cie equipotencial do campo gravitacional da terra que melhor se ajusta ao nı́vel médio
dos mares (NMM) e seu prolongamento sobre os continente. Para a definição do NMM, são desconsideradas as
forças do vento e as gravitacionais da lua, sol, etc. Desta forma, NMM de um longo perı́odo, estará sujeito apenas
as forças exercidas pela massa e pelo movimento de rotação da terra, respectivamente, os potenciais gravitacional
CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A GEODÉSIA E CARTOGRAFIA 3.2. ELIPSÓIDE
e centrı́fugo da terra. A soma dos potenciais gravitacional e centrı́fugo da terra resultam na atração que sentimos
sobre a terra, sendo que a direção desta força é denominada de vertical do lugar, sendo ele único em cada posição
do Geóide. A vertical do lugar pode ser obtida por um fio de prumo1 . Nos equipamentos topográficos como o
teodolito, a estação total, e o dos receptores GNSS, um dos seus eixos conterá a vertical do lugar, ou seja, estarão
perpendiculares à superfı́cie de nı́vel local.
−107 −50 0 50 85
3.2 Elipsóide
O que os cientistas fazem então para realizar mapeamentos, definir fronteiras etc, uma vez que a forma da terra tem
a forma irregular? Fazem uma aproximação do geóide à figura matemática denominada de elipsóide de revolução,
ou simplesmente elipsóide. O elipsóide nada mais é que uma elipse rotacionando em torno de um eixo (Figura 3.1).
O maior semieixo do elipsóide é denominado por a, e o menor por b. Geralmente, na definição dos parâmetros
do elipsóide, ao invés de apresentar os dois raios, são apresentados, o raio do semieixo a e o achatamento, f ,
definido pela Equação 3.1. O parâmetro f é preferı́vel pois é utilizado nas equações para cálculo das, coordenadas
sobre o elipsóide e das projeções cartográficas. Nota-se que, se tivermos quaisquer dois parâmetros do elipsóide, o
terceiro poderá ser calculado por meio da Equação 3.1. Observando esta Equação, se a terra tivesse a forma de uma
esferoide, isto é a = b, f seria zero, não teria achatamento. Como a terra é achatada nos polos, a > b, f será sempre
maior que zero e menor que um. Caso trabalhando em pequenas escalas, pode-se considerar a terra um esferoide
a = b ou f = 0.
a−b b
f= =1− (3.1)
a a
elipse elipsóide
b b
a
a
Figura 3.1
Apresentação de uma elipse e um elipsóide de rev-
olução.
Exemplo 3.1
O elipsóide de referência utilizado pelo sistema norte-americano de posicionamento por satélite, o GPS,
é denominado de WGS84, tendo como raios dos semieixos: a = 6.378.137,0 m e b = 6.356.752,31424 m.
Calcule o achatamento deste elipsóide.
Solução
Para a definição precisa do elipsóide, deve-se também considerar a constante gravitacional (GM, Earth’s
Gravitational Constant) e a velocidade angular de rotação da terra (ω). Por exemplo, para o WGS84,
GM = (3.986.004,418±0,008)108 m3 s−2 e ω = 7292115 · 10−11 rad s−1 (National Imagery and Mapping Agency,
2000).
Ao longo do tempo, vários elipsoides foram definidos, pois as medidas da dimensão terra eram aperfeiçoadas.
Os elipsoides podem ser utilizados em nı́vel local ou mundial, onde se estabelecem medidas de a e f , de forma a
melhor se ajustar ao geóide local ou mundial, respectivamente. Na Tabela 3.1 são apresentados alguns parâmetros
de elipsoides e o local em que ele é ou foi utilizado (SMITH, 1997).
Tabela 3.1
Exemplo dos parâmetros de elipsoides.
Para a determinação da latitude (φ, leia-se fi) e da longitude (λ, leia-se lambda) geodésica de um ponto P qualquer, é
considerada a normal P ao elipsóide (P 0 , Figura 3.2) e:
• o meridiano de Greenwich (Grw) e o meridiano que passa por P 0 , para a longitude geodésica (φP ) e;
O plano do Equador é o plano perpendicular ao semieixo menor, encontram-se no centro do elipsóide. Um merid-
iano é uma secção elı́ptica gerada no elipsóide pelo plano definido pelo semieixo menor e o ponto em questão no
elipsóide. A latitude geodésica de P é o ângulo entre a normal e o plano do equador (φp ). A longitude geodésica de
P (λp ) é o ângulo diedro dos planos que contem o meridiano de P 0 e o Grw.
A latitude no equador é de 0◦ e varia até −90◦ ou +90◦3 , respectivamente, para o Polo Sul e Norte. A variação
da longitude é de 0◦ a –180◦ , quando o meridiano do ponto se encontra à esquerda de Grw, e de 0◦ a +180◦ quando
o ponto se encontrar a sua direita4 .
As coordenadas calculadas pelos receptores GNSS são geodésicas, logo relacionada a um determinado
elipsóide. Fato que deve-se estar atento, para não cometer erros grosseiros de interpretação das informações GNSS.
Por exemplo, a elevação apresentada pelos receptores, é em relação ao elipsóide e não em relação ao Geóide. Nor-
malmente, em engenharia, o interesse é com a elevação em relação ao geóide.
3 Pode-se
ao invés do sinal, + ou –, considerar o hemisfério Sul (S) e Norte (N), por exemplo, 22◦ S ou 45◦ N.
4 Pode-se
ao invés do sinal, + ou –, considerar se o meridiano encontra-se a direita (Este, E) ou a oeste (West, W) de Grw, por
exemplo, 120◦ E ou 45◦ W.
z z P
P
bc
h h
P′
b
′
b P
b N N
φ φ
y x, y
a λ
Figura 3.2
Variáveis necessárias para cálculo das coordenadas retangulares (x,y,z) de um ponto P a partir das coordenadas geodésicas
(φ,λ) e vice-versa.
Um outro meio de estabelecer a localização espacial de um ponto, por exemplo o P , a um determinado elipsóide,
é por meio de sua coordenada geodésica cartesiana (xP , yP , zP ), também denominado de sistema de coordenada
geocêntrico. Este é o sistema onde primeiramente a coordenada de um ponto é determinada pelos receptores GNSS.
As coordenadas geodésicas retangulares também são utilizadas para efetuar transformação de coordenadas entre
elipsoides.
Definiremos primeiro a origem do sistema e os eixos-x, -y e -z, sendo: a origem, o centro do elipsóide; o eixo-z
é aquele que coincide com o semieixo menor do elipsóide, eixo de rotação; o eixo-x é aquele dado pela intersecção
do plano do Equador com o meridiano de Grw; e o eixo-y formando um diedro com os outros eixos (Figura 3.2).
Quando as coordenadas Geodésicas são conhecidas, utilizam-se Equações 3.2 a 3.4 para convertê-las retangulares.
em que: N é denominado de grande normal, correspondendo ao comprimento da vertical que passa por P 0 ao
eixo-z (Figura 3.2) dado por:
a2
N= p (3.5)
a cos φ + b2 sen 2 φ
2 2
Exemplo 3.2
x = (6.381.192,9127 + 272,32 cos −22◦ 130 21,133700 cos −41◦ 470 29,892100 = 4.404.445,8857 m
y = (6.381.192,9127 + 272,32) cos −22◦ 130 21,133700 sen −41◦ 470 29,892100 = −3.936.872,4167 m
6.356.752,32
z= 6.381.192,9127 + 272,32 sen (−22◦ 130 21,133700 ) = 2.397.345,4965 m.
6.378.1372
Para a solução inversa, a partir das coordenadas geodésicas retangulares, calcular as coordenadas geodésicas
(φ, λ, h), diferentes metodologias podem ser utilizadas, sendo alguns métodos apresentados em Wolf e Ghilani
(2004) e Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008). Aqui será apresentada uma metodologia em que não
há necessidade de iterações (Equações 3.6 a 3.8), ou seja, é simples, uma vez que, com a aplicação das equações, o
resultado é obtido diretamente.
z + e02 b sen 3 θ
φ = arctan (3.6)
p − e2 a cos3 θ
y
λ = arctan (3.7)
x
p
h= −N (3.8)
cos φ
em que:
a2 − b2
e2 = (3.9)
a2
2
a − b2
e02 = (3.10)
b2
p
p = x2 + y 2 (3.11)
z·a
θ = arctan (3.12)
p·b
Exemplo 3.3
A partir das coordenadas retangulares do Exemplo 3.2, referentes ao sistema WGS84, encontrar as coorde-
nadas geodésicas φ, λ e h.
Solução
6.378.1372 − 6.356.752,32
e2 = = 0,006 694 384 442
6.378.1372
6.378.137,02 − 6.356.752,32
e02 = = 0,006 739 501 254
6.356.752,32
p
p = 4.404.445,88572 + −3.936.872,41672 = 5.907.462,05962
−2.397.345,4965 · 6.378.137,0
θ = arctan = −22◦ 90 18,911900
5.907.462,059620 · 6.356.752,3
Agora, aplicando as Equações 3.6 a 3.8 e utilizando o valor de N já calculado no Exemplo 3.2 tem-se:
queda livre de um corpo e, o mais usualmente utilizado, o Gravı́metro. Outra forma de obter a gravidade da terra
é utilizando-se satélites artificiais, podendo-se citar o par de satélites GRACE (“Gravity Recovery And Climate Exper-
iment”), lançados em 2002. A determinação desta quantidade foge ao escopo introdutório deste livro e, para os que
tiverem mais interesse neste tema, pode-se consultar Gemael (1999) e Tapley (2003).
Para a definição das redes planimétricas e altimétricas são necessárias as definições do Datum horizontal e o do
Datum vertical, respectivamente, e a materialização das posições. O Datum horizontal é utilizado para as posições
em latitude (φ), longitude (λ) e altitude geodésica (h, altitude em relação ao elipsóide) e, coordenadas cartográficas.
Enquanto o Datum altimétrico é utilizado para definição de altitude ortométrica (H, altitude em relação ao geóide).
A materialização de posições, é realizada por meio marcos, ao longo do estado Brasileiro e em sua fronteira. A
responsabilidade pelo SGB no Brasil fica a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatı́stica (IBGE).
Datum horizontal
• Parâmetros referentes ao posicionamento espacial do elipsóide: Orientação geocêntrica com eixo de rotação
paralelo ao eixo de rotação da Terra; plano meridiano origem paralelo ao plano meridiano de Greenwich;
• Orientação topocêntrica, com: Ponto Datum = Vértice de triangulação Chuá; φG = 19◦ 450 41,652700 S; λG =
48◦ 060 04,063900 W; φA = 19◦ 450 41,3400 S; λA = 48◦ 060 07,8000 W; AG = 271◦ 300 04,0500 SWNE para VT-Uberaba;
N = 0,0 m.
em que: “G” e “A” referem-se, respectivamente, às medidas geodésicas e astronômicas; N é denominado de
ondulação geoidal, diferença entre altura do elipsóide e do geóide na posição analisada.
Para o SIRGAS2000:
• Figura geométrica para a Terra: Elipsóide do Sistema Geodésico de Referência de 1980 (Geodetic Reference
System 1980 – GRS80) Semieixo maior a = 6.378.137 m, f = 1/298,257 222 101;
• Origem: Centro de massa da Terra;
• Orientação: Polos e meridiano de referência consistentes em ±0,00500 com as direções definidas pelo BIH
(Bureau International de l´Heure), em 1984,0.
Na Figura 3.4 são apresentadas as posições dos marcos geodésicos que fazem parte do SGB. As técnicas nas quais
os pontos foram levantados também são apresentadas. Faz parte da rede horizontal um total de 8.226, sendo 1.008,
2.443, 3.642 e 1.133 pontos referentes às técnicas, respectivamente, doppler, GPS, vértice de triangulação e estações
de poligonal. Como é observado na Figura 3.4, algumas observações são realizadas fora do continente, em ilhas,
por exemplo em Fernando de Noronha.
Doppler
GPS
Vértice de triangulação
Estacão de poligonal
Figura 3.4
Posição das referencias horizontais e
os métodos em que as posições foram
estimadas. Dados obtidos em hftp:
//geoftp.ibge.gov.br/arquivos google earth/
sistema geodesico brasileiro/i, 7 de maio
de 2012. Os limites estaduais obtidos em:
hhttp://www.ngdc.noaa.gov/mgg/coast/i
Datum vertical
Projeções cartográficas são funções matemáticas que transformam as coordenadas geodésicas (φ, λ) para coorde-
nadas planas (x, y), isto é, x = f (φ, λ) e y = f (φ, λ). Podem-se classificar as projeções cartográficas de acordo com:
A figura da terra utilizada na geodésia, o elipsóide, é tridimensional e faz com que seja impossı́vel projetar
uma parte de sua superfı́cie em um plano sem causar alguma deformação. A escolha de uma determinada projeção
(g) (h) (i)
dependerá dos objetivos ao qual ele é proposto. As caracterı́sticas consideradas na projeção são (SNYDER, 1987):
a) Área: projeções que mantém a área são denominadas de igual área ou equivalente, sendo aquela em que uma
área de uma forma qualquer, como um cı́rculo de qualquer tamanho na terra, em qualquer parte do mapa, a
sua projeção vai cobrir a mesma área. A forma, ângulos e escala estarão distorcidos na maior parte do mapa;
b) Forma: são aquelas projeções que mantém a forma, sendo denominadas de projeções conforme. Nesta projeção
os ângulos locais em cada ponto do mapa são mostrados corretamente. Como os ângulos são mantidos
corretos, a intersecção dos meridianos com os paralelos formam ângulos retos. As área são aumentadas ou
diminuı́das ao longo do mapa.
(a) (b) ( )
Figura 3.5
Projeções plana, cilı́ndrica e cônica secantes.
Nenhum mapa pode ser ao mesmo tempo igual área e conforme. Projeções que não são igual área nem conforme
são denominadas de afiláticas. Pode-se citar outros termos que descrevem caracterı́sticas especiais de projeções:
c) Escala: projeções que mantém a escala em uma ou mais linhas do mapa são denominadas de equidistante.
Vale salientar que nenhuma projeção é capaz de manter a escala correta em todo mapa;
d) Direção: são mapas em que uma determinadas direção ou azimute são apresentadas corretamente. Por exem-
plo, se a direção do azimute é apresentada corretamente entre dois pontos, diz-se que a projeção é azimutal;
As deformações da projeção só serão visı́veis para grandes áreas, como para o mapa do Brasil. Para pequenas
áreas, as distorções são de difı́cil percepção visual. A seguir serão apresentadas algumas projeções abrangendo
toda, ou quase toda, a terra. Juntamente com o limite dos continentes, serão apresentadas elipses, denominadas de
indicatrizes de Tissot, cujo objetivo é avaliar as distorções da projeção. A indicatriz de Tissot é o resultado da projeção
da figura geométrica de um cı́rculo no elipsóide de referência. Como exemplos de interpretação para indicatriz de
Tissot na projeção pode-se citar: se a projeção é conforme, a elipse é um cı́rculo e o seu tamanho vai variar ao longo
do mapa; se as elipses aparentam ter a mesma área, variando a sua forma, temos uma projeção igual área; se os
semieixos da indicatriz de Tissot são distintos, demonstra a distorção em escala e a deformação angular.
x = ρ sen θ (3.13)
y = ρ0 − ρ cos θ (3.14)
em que:
1
ρ= R (C − 2n sen φ)1/2 (3.15)
n
θ = n(λ − λ0 ) (3.16)
1
ρ0 = (C − 2n sen φ0 )1/2 (3.17)
n
C = cos2 φ1 + 2n sen φ1 (3.18)
1
n = ( sen φ1 + sen φ2 ) (3.19)
2
φ0 ,λ0 = latitude e longitude para origem do sistema de coordenadas (3.20)
φ1 ,φ2 = paralelos padrão (3.21)
O eixo-y coincide com o meridiano central (λ0 ). O eixo-x intercepta perpendicularmente em φ0 , aumentando
para este. Observe que n, C e ρ0 são constantes e são calculados uma única vez. As fórmulas inversas são:
C − (ρn)2
φ = arcsen (3.22)
2n
λ = λ0 + θ/n (3.23)
em que:
1/2
ρ = x2 + (ρ0 − y)2 (3.24)
x
λ = arctan (3.25)
ρ0 − y
x = (λ − λ0 ) cos φ (3.26)
y=φ (3.27)
As coordenadas devem estar em radianos. As funções
inversas da projeção sinusoidal são:
x
λ= + λ0 (3.28)
cos φ
φ=y (3.29)
Exemplo 3.4
Considerando as Equações 3.26 e 3.27, e observando que os ângulos devem estar em radianos tem-se:
x = (λ − λ0 ) cos φ
x = (−42,7912 · π/180) cos(−21,4324 · π/180)
x = −0,6952.
y=φ
y = −21,4324 · π/180
y = −0,3741.
em que:
k0 = c/ sen (3.32)
cos c = sen φ1 sen (φ) − cos φ1 cos φ cos(λ − λ0 )
(3.33)
x sen c
arctan se φ1 6= ±90◦ ,
φ1 cos c − y sen φ1 sen c
ρ cos
x
λ = λ0 + arctan se φ1 = 90◦ , (3.35)
−y
x
se φ1 = −90◦ ,
arctan
y
1/2
em que: ρ = x2 + y 2 e c = ρ/R.
−16◦
−24◦
−32◦
−40◦
−48◦
−56◦
−64◦
−72◦
−80◦
−8◦
84◦
72◦
64◦
56◦
48◦
40◦
32◦
24◦
16◦
8◦
0◦
192◦
G
N
H
U
D
X
R
Q
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 1 2
T
E
F
L
S
J
186◦
−6◦
G
N
H
U
D
X
R
Q
T
E
F
L
S
−54◦
aqui, todavia, maiores informações podem ser encon- −60◦
−66◦
tradas em Snyder (1987). −72◦
−78◦
−84◦
−90◦
−96◦
−102◦
−108◦
−114◦
−120◦
−126◦
−132◦
−138◦
−144◦
8 Pode-se denominar também de zonas. −150◦
−156◦
−162◦
−168◦
−174◦
W
−180◦
G
N
H
U
D
X
R
Q
T
E
F
L
S
J
−16◦
−24◦
−32◦
−40◦
−48◦
−56◦
−64◦
−72◦
−80◦
−8◦
84◦
72◦
64◦
56◦
48◦
40◦
32◦
24◦
16◦
8◦
0◦
O território Brasileiro está inserido ao 78◦ W 72◦ W 66◦ W 60◦ W 54◦ W 48◦ W 42◦ W 36◦ W 30◦ W
longo de 8 fusos UTM, do número 18 ao 25, e 8◦ N
das bandas de latitudes designadas pelas letras
de H à N (Figura ao lado). Para a grande maio- 18N 19N 20N 21N 22N 23N 24N 25N
ria dos estados, são necessários mais de um fuso
para se trabalhar com as coordenadas UTM. 0◦
Por exemplo, para o estado do Amazonas será 18M 19M 20M 21M 22M 23M 24M 25M
necessário trabalhar com quatro fusos. Já o es-
tado do Espı́rito Santo, encontra-se inserido em 8◦ S
um único fuso, o 24, cujos meridianos limites
são 42◦ W e 36◦ W (MC = 39◦ W). Este estado 18L 19L 20L 21L 22L 23L 24L 25L
encontra-se entre os paralelos 24◦ S e 16◦ S, letra 16◦ S
de linha da latitude “K”. É por isto, que quando
nos encontramos com um receptor GNSS em 18K 19K 20K 21K 22K 23K 24K 25K
qualquer posição no estado, ele mostrará, jun-
24◦ S
tamente com as coordenadas UTM do ponto, a
informação “24K”, referente ao fuso e a linha de 18J 19J 20J 21J 22J 23J 24J 25J
latitude onde o ponto se encontra.
32◦ S
Agora vamos abordar as coordenadas UTM, onde, MC
uma apresentação gráfica delas, para um fuso, é apre- 18H 19H 20H 21H 22H 23H 24H 25H
k = 0,9996
sentada na Figura ao lado. A unidade das coordenadas
40◦ S
UTM é o metro. Para as coordenadas UTM, considere:
k=1
k=1
o eixo-x coincide com a linha do equador, e o eixo-y
está a distância 500.000 m do MC do fuso. Nas coor- y(N)
denadas sobre MC é aplicado uma redução de escala 84◦
de 0,9996 (k0 ), sendo que este fator vai aumentando,
na medida em que se afasta do MC, sendo k = 1 a 3◦ 3◦
aproximadamente 180 km do MC. A partir dos 180
km, a escala aumentada (k > 1). Para o hemisfério 6◦
Norte, a intersecção do do eixo-x com MC, tem coor-
E = 320.000 m
E = 500.000 m
E = 680.000 m
denada y = 0 m e x = 500.000 m. Já, para o hemisfério
Sul, a intersecção do do eixo-x com MC tem coorde- N=0m
nada x = 500.000 m, todavia, a fim de evitar coorde- 0m x(E)
nada negativas, y = 10.000.000 m. Em ambos os hem- N = 10.000.000 m
isférios, as coordenadas x e y crescem na direção, re- k>1
spectivamente, oeste-leste e sul-norte. Quando se trata k<1
de descrever as coordenadas UTM, normatizou-se em
designar as coordenadas x, por “E”, de Este, e y, de
“N”, de Norte.
500.000 m −80◦
0m x(E)
0m
N (m)
coordenada do municı́pio de Alegre, E = 236.175 m e
N = 7.701.983 m, de onde pode-se concluir, por exem- 7.900.000
plo, que ele está 263.825 m do MC (500.000 − 236.175)
e a uma distância de 2.298.017 m da linha do Equador
(10.000.000 − 7.701.983).
7.800.000
T = tan2 φ (3.39)
02 2
C = e cos φ (3.40)
A = (λ − λ0 ) cos φ (3.41)
Calcule a coordenada UTM de um ponto de latitude −21◦ e longitude de −41◦ . Considere como modelo da
terra o sistema WGS84.
Solução
Verifica-se que para o valor da longitude do ponto, −41◦ , o fuso é o 24, que tem MC de –39◦ (λ0 ). Do Exem-
plo 3.3 temos; e2 = 0,006 694 384 442, logo e = 0,081 819; e a segunda excentricidade, e02 = 0,006 739 501.
Para as outras variáveis auxiliares, considerando as Equações 3.5, 3.39 a 3.41, temos:
6 378 1372
N= p = 6.380.880,55 m
6.378.1372 cos2 (−21◦ ) + 6.356.752,32 sen 2 (−21◦ )
T = tan2 (−21◦ ) = 0,147 351 597 390
C = 0,006 739 501 cos2 (−21◦ ) = 0,005 873 963 368
π
A= (−41◦ − −29◦ ) cos(−21◦ ) = −0,0325 881 045 490
180◦
Substituindo os valores na Equação 3.42:
M =6 378 137((1 − 0,081 8192 /4 − 3 · 0,081 8194 /64 − 5 · 0,081 8196 /256) · −21◦ · π/180
− (3 · 0,081 8192 /8 + 3 · 0,081 8194 /32 + 45 · 0,081 8196 /1024) · sen (2 · −21◦ )
+ (15 · 0,081 819/256 + 45 · 0,081 819/1024) · sen (4 · −21◦ )
− (35 · 0,081 8196 /3072) · sen (6 · −21◦ ))
M = − 2.323.076,859 370 594 m
Aplicando os resultados nas Equações 3.36 e 3.37:
x =0,999 6 · 6.380.880,55(−0,032 588 104 549 + (1 − 0,147 351 597 390 + 0,005 873 963 368)
− 0,032 588 104 5493 /6 + (5 − 18 · 0,147 351 597 390 + 0,147 351 597 3902 + 72 · 0,005873963368
− 58 · 0,006 739 501) − 0,032 588 104 5495 /120
− (35 · 0,0818196 /3072) · sen (6 · −21◦ ))
x = − 207.889,216 m
y =0,999 6(−2.323.076,859 370 594 + 6.380.880,55 tan φ( − 0,0325 881 045 4902 /2+
(5 − 0,14735159739 + 9 · 0,005 873 963 368 + 4 · 0,005 873 963 3682 ) − 0,0325 881 045 4904 /24
+ (61 − 58 · 0,147 351 597 390 + 0,147 351 597 3902 + 600 · 0,005 873 963 368 − 330 · 0,006 694 384 442)
− 0,032 588 104 5496 /720))
y = − 2.323.448,280 m
Para obtermos a coordenada Este, tem que se somar 500.000 m à x e, para a coordenada Norte, somar 10.000.000 m à y.
Desta forma, a coordenada do ponto é: E = 292.110,784 m e N = 7.676.551,720 m.
Para a solução do problema inverso, transformação de coordenada UTM (E, N) em geodésica (φ, λ), consultar
Snyder (1987), DMA (1989) e Wikipedia (2012).
Google Earth Pro como ferramente para uso em alguns problemas de geomática.
Objetivo: Apresentar algumas funcionalidades do Google Earth Proa em geomática. Como roteiro:
• apresentação geral do Google Earth Pro: janelas de funções; principais ı́cones de funções; zoom, adi-
cionar ponto, caminho, etc;
• como modificar o sistema de coordenadas de geográficas (φ, λ) para UTM (E, N);
• apresentar os fusos das sistema de projeção UTM;
• realização de medidas de distância e área;
a hhttps://www.google.com/earth/i
Exercı́cio
3.9. Descreva detalhadamente como é o sistema de coordenadas UTM (fusos, meridiano central, abrangência de
cada fuso, etc)? O que significa uma coordenada UTM, E = 610.000 m e N = 8.500.000 m no hemisfério sul?
3.10. Dadas as coordenadas UTM de dois pontos no hemisfério sul: (a) E = 216.589 m e N = 7.709.930 m; (b)
E = 251.361 m e N = 7.694.522 m. Calcular a distância entre eles?
Resp.: 38.032,860 m.
Os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (Global Navigation Satellite Systems, GNSS) tratam-se de diferentes
sistemas, para fins de posicionamento, que utilizam ondas eletromagnéticas emitidas por satélites artificiais à
terra. Estes sistemas são utilizados em diferentes áreas, sendo primeiramente construı́dos com finalidades mil-
itares. Atualmente, por exemplo, são empregados nos transportes terrestres, marinhos e aéreos, em levantamentos
geodésicos e, na agricultura, na denominada agricultura de precisão e no georreferenciamento de imóveis rurais.
Neste capı́tulo será realizada uma apresentação do princı́pio de seu funcionamento, dos sistemas existentes, das
fontes de erros, e dos tipos de posicionamento GNSS.
Sumário
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2 Posicionamento por satélite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Segmentos GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.4 Exemplos de GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.5 Observáveis e fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.1 Pseudodistância por código . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.5.2 Pseudodistância por fase da onda portadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.5.3 Erros nas observações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.6 Tipos de posicionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.6.1 Terminologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.2 Posicionamento por ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.3 Posicionamento diferencial (DGNSS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.4 Posicionamento relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.1 Introdução
O posicionamento baseado por satélite, se refere à obtenção da posição de um ponto (p.ex.: latitude e longitude),
por meio de receptor que capta e processa sinais emitidos por satélites artificiais, na superfı́cie terrestre, no mar,
no ar ou no espaço. Antes dos satélites a posição de um ponto era realizado por meio da técnica denominada de
triangulação, em que vários lados dos triângulos são ligados por pontos (vértices) na área de interesse. Então os
lados e ângulos dos triângulos eram medidos. Os vértices dos triângulos eram, geralmente, materializados por
marcos. Os lados dos triângulos eram medidos por réguas, trenas e mais recentemente por meio de medidores
eletrônicos de distância e os ângulos, medidos por teodolitos. Sendo que cada lado dos triângulos poderia chegar
a 100 km. Para o ajustamento era necessário que em pelo menos um ponto as suas coordenadas (p.ex. latitude,
CAPÍTULO 4. GNSS 4.2. POSICIONAMENTO POR SATÉLITE
longitude e altitude) fossem conhecidas, assim como também fosse determinado o azimute de uma linha. As co-
ordenadas do ponto era estabelecida com base em observações astronômicas, o que poderia resultar em erros de
metros.
O primeiro satélite a ser lançado foi o Sputnik, Russo, em 4 de outubro de 1957. Desde então vários outros foram
lançados, fazendo com que uma outra metodologia pudesse ser utilizada para o posicionamento, sendo denomi-
nada de programa mundial de triangulação por satélite (worldwide satellate triangulation program). Constituia em
fotografar, de dois pontos da terra, satélites com caracterı́sticas refletivas no espaço, com estrelas ao fundo, ao longo
de um tempo. Por técnicas fotogramétricas era possı́vel encontrar a direção entre estes dois pontos. Observações de
outros pontos na terra eram realizadas, formando uma rede global para ajustamento. Podem-se citar como proble-
mas para esta metodologia: necessidade de céu limpo durante a fotografia nas duas estações que, eram separadas
em aproximadamente 4.000 km; e o equipamento para fotografia, pesado e caro.
O primeiro sistema a utilizar satélites artificias, com capacidade de emitir sinais à terra, que poderiam ser
captados por receptores para fins de posicionamento, foi o Transit, formalmente conhecido por Navy Navigation
Satellite System, utilizado pela Marinha Norte Americana para o posicionamento de submarinos e de navios de
guerra por um perı́odo de 32 anos, tendo finalizado suas operações em 1996. O primeiro satélite Transit lançado
com sucesso ocorreu em 1960, transmitindo sinais em duas frequências tendo como finalidade a realização de testes.
O lançamento de um satélite operacional ocorreu em 5 de dezembro de 1963.
Quando em operação o sistema Transit era constituı́do de 6 satélites orbitando a terra na altitude de 1.100 km,
perı́odo orbital de 106 min e enviando sinais em duas frequências (150 MHz e 400 MHz). Em 1967 o presidente
dos Estados Unidos autorizou o uso comercial e privado, sendo fabricado mais de 80.000 receptores. Segundo
Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008), a precisão de posicionamento do sistema Transit, quando uti-
lizando receptor com capacidade de rastreio de uma e de duas frequências, era de 100 m e 20 m, respectivamente.
Este sistema tinha como limitação a precisão e, principalmente, a baixa frequência para obter a posição, ou seja, não
era apenas ligar o receptor em terra e já obter a coordenada, poderia demorar de 6 horas a 12 horas para ter satélites
disponı́veis e então obter a coordenada. Isto ocorria pelo número reduzido de satélites em órbita (SMITH, 1997).
Na mesma época, um sistema similar ao Transit, o Cicata, foi desenvolvido pela Rússia.
O termo GNSS (Global Navigation Satellite Systems) descreve os diferentes sistemas de posicionamento por
satélites, assim como as suas combinações para se obter o tempo, posição e velocidade em qualquer tempo e
condição atmosférica (BHATTA, 2010). Com o breve histórico apresentado anteriormente, percebe-se que toda uma
base tecnológica de conhecimento estava formada para construção de novos GNSS. Desta forma, vários paı́ses ou
nações, partiram para o desenvolvimento e construção de seu próprio GNSS, sem as limitações dos anteriores, como
a baixa precisão e frequência. Seguem alguns exemplos de GNSS: nos Estados Unidos, por meio do seu Departa-
mento de Defesa (DoD1 ), houve o desenvolvimento do Sistema de Posicionamento Global (GPS, Global Positioning
System), na Rússia, sob a operação das forças armadas, o Sistema de Navegação Global por Satélite (GLONASS,
GLObal’naya NAvigatsionnaya Sputnikovaya Sistema); e, na Europa, sendo construı́do pela União Europeia, o sistema
Galileu. Maiores detalhes destes sistemas serão apresentados na Secção 4.4.
Nesta secção será apresentado o princı́pio básico do posicionamento por satélite conforme explicação de Hofmann-
Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008). Como já foi dito, o GNSS fornece informação da posição de um lugar,
por exemplo, a latitude, longitude e altitude geométrica. Para tanto, é necessário: uma constelação de satélites
sobrevoando o espaço e enviando sinais à terra e; receptores. capazes de captar e processar as informações contidas
nestes sinais. Basicamente, para o posicionamento ser realizado, é necessário a determinação da distância entre
satélites e receptor. Considere a Figura 4.1, com a representação da terra, de um receptor e de um satélite, em
uma determinada época. Imagine esta época congelada. A posição do receptor (%r ) e de cada satélite (%s ) tem
como sistema de referência o centro de massa da terra (sistema geocêntrico). A posição de cada satélite pode ser
determinada com o auxı́lio das efemérides2 transmitidas pelos satélites e processadas no receptor. Se o receptor,
definido na terra por sua posição geocêntrica (%r ), tem um relógio preciso, a distância (δ) entre cada satélite e o
receptor pode ser calculada pela medida de tempo que o sinal (código) demorou entre a emissão do satélite até a
chegada no receptor. Cada satélite definirá uma superfı́cie de esfera, em que o seu centro é a posição do satélite.
Desta forma, determinada as distâncias entre três satélites e o receptor, torna-se suficiente para que a intersecção das
três esferas resulte na determinação das três incógnitas da posição do receptor, por exemplo, a latitude, a longitude
a altitude geométrica. A equação da distância entre cada satélite e receptor é determinada por:
δ = k%s − %r k (4.1)
Satélite
élite
s at
do ̺
ta
r bi
Ó ̺s
Receptor
Te
rr
a
̺r
Geocentro
Figura 4.1
Princı́pio do posicionamento por GNSS.
Dado um vetor a, no p espaço tridimensional de coordenadas x, y e z, tem-se que, kak representa a norma de
um vetor3 , onde kak = x2 + y 2 + z 2 . No Exemplo 4.1 é apresentado a obtenção da posição de um ponto, em um
sistema de coordenadas bidimensional, conhecendo-se as posições dos satélites e dos intervalos de tempo entre o
envio do sinal pelos satélites e a sua chegada ao receptor.
Exemplo 4.1
Os dados das posições e distâncias que serão apresentados neste exemplo têm magnitude muito inferiores
das usuais nos GNSS, uma vez que, geralmente, são dadas em milhares de metros, vistas as altitudes dos
satélites a e o sistema de referência utilizado. Desta forma, busca-se apenas ilustrar a estratégia utilizada no
2 Tabelas de valores que torna possı́vel determinar a posição do satélite no espaço.
3 Também denominado de módulo de um vetor.
GNSS para cálculo da posição do receptor. Vamos supor que desejamos encontrar as coordenadas bidimen-
sionais de um ponto onde uma pessoa possua um receptor (r). Este receptor recebe e processa os sinais, de
uma determinada época, emitidos de dois satélites, denominados aqui por satélites 1 e 2. Nestes sinais são
enviadas as efemérides dos satélites, sendo então calculadas suas posições: para o satélite 1 e 2, respectiva-
mente, %1 = (3, 5) e %2 = (6, 4). Os receptores GNSS, também por meio dos sinais (código), conseguem
realizar uma estimativa do intervalo de tempo entre o envio do sinal e a chegada ao receptor (∆t). Como se
conhece a velocidade de propagação do sinal, velocidade da luz (c = 299.792,458 km s−1 ), pode-se calcular
a distância entre eles (% = c · ∆t), sendo de %1r = 4,123 e de %2r = 3,606. Calcule as coordenadas do receptor
(δr ).
Solução
Com os dados apresentados na figura a seguir, pode-se desenhar a configuração geométrica dos satélites e,
por circunferências, as distâncias entre eles e o receptor. As circunferências se interceptam em dois pontos,
sendo estas as possı́veis posições para o receptor. Considerando que o receptor não pode estar localizado
acima dos satélites, temos apenas uma posição possı́vel, a do receptor.
y y
̺1r = 4,
123
9 9
8 8
̺2r
=
7 3,6 7
0
6 6 6
1
5 ̺ = (3, 5) 5 ̺1 = (3, 5) ut
4 ̺2 = (6, 4) 4 ut
̺2 = (6, 4)
4,123
06
3 3
̺ 1r =
3,6
=
2 2
r
̺2
1 1 rs
̺r = (4, 1)
̺r = (xr , yr ) =?
bc x bc x
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Para encontrar a posição do receptor, utiliza-se a Equação 4.1, sendo, para o receptor e o satélite 1:
4,1232 =
p
(xr − 3)2 + (yr − 5)2
−17,001 = x2r − 6xr + yr2 − 10yr (a)
Para o satélite 2 e o receptor:
3,6062 =
p
(xr − 6)2 + (yr − 4)2
−38,997 = x2r − 12xr + yr2 − 8yr (b)
Subtraindo a Equação (a) da (b) e isolando y:
A Equação (d) é do tipo polinomial do segundo grau, sendo suas raı́zesb , xr1 = 4 e xr2 = 6,2. Por fim,
substituindo as raı́zes na Equação (a) ou (b) encontram-se, yr1 = 1 e yr2 = 7,6. Ou seja, temos duas
posições possı́veis para o receptor, %r = (4, 1) ou %r = (6,2, 7,6). Como o receptor não estará acima dos
satélites, a posição do receptor seria %r = (4, 1).
a Por exemplo, a altitude da órbita dos satélites GPS é de 20.200 km. √
bA −b ± b2 − 4ac
equação do segundo grau, ax2 + bx + x = 0, tem raı́zes: x = .
2a
Como foi apresentado no Exemplo 4.1, há a necessidade de se conhecer a distância geométrica entre o receptor
e os satélites. Isto é realizado medindo-se o lapso de tempo entre o envio e a chegada ao receptor multiplicado pela
velocidade da luz. Desta forma, o lapso de tempo poderia ser calculado se os relógios do receptor e dos satélites
estivessem sincronizados. Contudo os relógios dos receptores são de baixa precisão e apresentam apenas uma
aproximação do sistema de tempo do GNSS, resultando em um erro do relógio (δ) e posteriormente em um erro na
distância ∆%. Desta forma, a distância calculada pelos receptores não será a distância geométrica, mais sim ao que
se denomina pseudodistância (R):
R = % + ∆% = % + cδ (4.2)
O sistema passa agora a ter quatro variáveis desconhecidas, a posição, três variáveis (xr , yr , zr ), mais a variável
erro do relógio (δ), fazendo com que sejam necessários pelo menos 4 pseudodistâncias para solucionar estas quatro
variáveis desconhecidas. Considerando um receptor com coordenadas xr , yr e zr , observando 4 satélites, ele poderá
calcular as 4 pseudodistâncias, resultado em:
p
R1 = p(x1 − xr )2 + (y1 − yr )2 + (z1 − zr )2 + cδ
R2 = p(x2 − xr )2 + (y2 − yr )2 + (z2 − zr )2 + cδ
(4.3)
R3 = p(x3 − xr )2 + (y3 − yr )2 + (z3 − zr )2 + cδ
R4 = (x4 − xr )2 + (y4 − yr )2 + (z4 − zr )2 + cδ
As Equações 4.3 são do tipo não lineares, onde as variáveis xr , yr , zr e δ podem ser estimadas de diferentes
métodos, por exemplo, pelo método iterativo, baseando-se na sua linearização (KAPLAN; LEVA, 2006).
Segmento espacial
Segmento controle
Segmento usuário
São todos aqueles que têm a sua disposição um receptor GNSS. Podem ser classificados nas categorias de usuário
e tipo de receptor. A categoria usuário pode ser, militar ou civil. Geralmente, o usuário civil, não vai ter acesso a
todos serviços GNSS. Lembre-se que inicialmente o GNSS foi construı́do com finalidades militares.
Os receptores, que são os equipamentos que vão captar e processar a informação emitidas pelos satélites, são
constituı́dos basicamente de uma antena, processador para recebimento do sinal, relógio (geralmente de cristal)
e dispositivo para visualização de informação. Eles podem apresentar diversas classificações de acordo com: o
número de frequências que consegue rastrear; ao tipo de sinal que rastreia; a capacidade de rastrear diferentes
GNSS.
4 Os relógios atômicos utilizam a frequência em diversas regiões de espectro eletromagnético de átomos para a medição do
tempo.
GPS
O Sistema de Posicionamento Global (GPS, Global Positioning System) é o mais conhecido GNSS. O seu desenvolvi-
mento começou em 1973, tendo como responsável o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Entre os anos
de 1978 a 1985 foram lançados em órbita 11 protótipos, denominados de Bloco I, para avaliação e testes. O primeiro
satélite operacional foi lançado 1989, tornando o segmento espacial do GPS completo 1994, com 24 satélites em
órbita, com satélites do Bloco II e IIA. No espaço eles estão distribuı́dos em 6 planos orbitais distintos, com um
ângulo de 55◦ na linha do Equador, a uma altitude de 20.200 km, resultando em uma volta ao redor da terra a cada
12 horas. Atualmente o segmento espacial conta com 32 satélites, dos Blocos II/IIA/IIR/IIR-M5 . Esta configuração
de satélites permite que em qualquer hora do dia, de quatro a oito satélites estejam simultaneamente disponı́veis na
região. O segmento espacial segue em constante modernização. Atualmente em teste nos satélites do Bloco IIR-M,
um segundo sinal para uso civil (L2C) e um sinal para uso militar (M). Os satélites GPS que foram recentemente
lançados, fazem parte do Bloco IIF, que inclui uma nova frequência (L5).
Há dois tipos de serviços no GPS, o Serviço de Posiciona- Espacial
mento Padrão (SPS, Standard Positioning Service, SPS) para uso • > 24 satélites;
civil e o Serviço de Posicionamento Preciso (PPS, Precise Po- •Altitude: 20.200 km;
•L1 = 1575,42 MHz (λ = 19,03 cm);
sitioning Service) para uso militar. Para compreender mel- •L2 = 1227,60 MHz (λ = 24,42 cm);
hor estes serviços, voltaremos para os satélites, especifica- •L2C = 1227,60 MHz (λ = 24,42 cm);
mente para os sinais enviados. Dentro dos satélites é ger- •L5 = 1176,45 MHz (λ = 25,48 cm);
•Separação entre planos: 60◦ ;
ada uma frequência fundamental de 10,23 MHz, e de forma •Inclinação: 55◦ ;
coerente é derivada desta frequência duas ondas portado- •Perı́odo orbital: ≈ 12 horas.
ras, L1 e L2, gerados pela multiplicação da frequência fun-
damental por 154 e 120, respectivamente. Desta forma, a
frequência de L1 e L2 corresponde, a 1575,42 MHz e 1227,60 Controle
GPS
MHz, respectivamente. Modulado em L1 há o Código Aberto Americano •Principal: Colorado Springs, USA;
•Outras espalhadas ao redor da terra.
(C/A, Coarse/Acquisition) disponı́vel para uso civil, apresen-
tando aproximadamente 300 m de comprimento de onda. Um
segundo código, denominado de código de Precisão (P, Preci- Usuário
sion Code), é modulado tanto em L1 como em L2 e é reservado •Militar, PPS;
•Civil, SPS.
para uso da arma Norte-Americana. O código C/A é o uti-
lizado no Serviço de SPS, enquanto o P para o PPS. Adicional-
Figura 4.2
mente a estes dados, são também enviados dados do erro do
Caracterı́sticas principais do GPS.
relógio do satélite e suas efemérides, nas duas ondas portado-
ras.
O governo Americano pode fazer com que o posicionamento com GPS seja prejudicado sempre que se mostrar
necessário, como em caso de guerra, danificando os sinais. As maneiras de danificar os sinais são, por meio da
Disponibilidade Seletiva (SA, Selective Availability) e da Antifraude (A-S), anti-spoofing). Se a SA estiver ativada
os dados do relógio do satélite e das efemérides enviadas são danificados, fazendo com que ocorra erro na pseu-
dodistância calculada por C/A. Ela foi ativada em 1990, causando erro na posição horizontal e vertical de 100 m
e de 156 m, respectivamente. Foi suspensa em maio de 2000, resultando no erro horizontal e vertical menores que
13 m e 22 m (95% de probabilidade), respectivamente. O A-S é responsável por desligar ou encriptar o código P,
tornando-o acessı́vel somente às pessoas habilitadas. Quando o código P, presente em L1 e L2, é encriptado, passa
a ser denominado de código Y.
O segmento controle é constituı́do de uma estação master (principal), localizada em Colorado Springs, Estado
do Colorado, USA. As outras estações de controle ficam em diferentes localidades na terra, Hawai, Kwajalein no
Pacı́fico, Ilha de Ascenção no Atlântico Sul, Diego Garcia no Oceano Pacı́fico e Cabo Canaveral. Elas são equipadas
de tempo padrão atômico de precisão e receptores que realizam medidas contı́nuas de pseudodistância. Em algu-
mas estações há antenas para transmitir e receber dados dos satélites. Na estação master as informações das estações
são coletadas, e então calculadas as órbitas e parâmetros dos relógios dos satélites. As informações das efemérides e
5 26/06/2012. Informações atualizadas podem ser encontradas em hhttp://tycho.usno.navy.mil/gpscurr.htmli
do relógio dos satélites, calculadas pela estação master, são retransmitidas aos satélites, pelo menos três vezes ao dia,
para atualização. Segundo Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008) até 2006 mais 11 estações monitoras
se somaram ao segmento de controle GPS.
GLONASS
O Sistema de Navegação Global por Satélite (GLONASS, GLObal’naya NAvigatsionnaya Sputnikovaya Sistema) é o
GNSS da Federação Russa. Teve os seus primeiros satélites lançados em meados dos anos 80. Em 1996 a constelação
estava completa, com 24 satélites. Todavia, nos anos seguintes houve uma diminuição no número de satélites,
caindo ao número mı́nimo em 2001, com no máximo 6 satélites em órbita e funcionando. Atualmente o GLONASS
conta com 24 satélites6 , sendo 21 em operação, e os demais estão de reserva, em manutenção ou em avaliação
(Federal Space Agency, 2012). Eles têm uma inclinação em relação ao equador de 64,8◦ , orbitando a terra na altitude
de 19.100 m, resultando em uma órbita ao redor da terra a cada 11 horas e 15 min e 44 s. Os planos orbitais estão
separados em 120◦ (três planos orbitais), estando os satélites separados dentro de cada plano em 45◦ .
Galileu
Galileu é o nome do GNSS da União Europeia (EU, European Union). O nome, Galileu, é uma homenagem ao
cientista italiano Galileu Galilei, que viveu entre os anos de 1564 e 1642, tendo realizado grandes contribuições
às ciências, como, por exemplo, a melhoria do telescópio8 . O sistema Galileu envolve uma parceria da Comissão
Europeia (EC, European Commission) com a Agência Espacial Europeia (ESA, European Space Agency). A EC é re-
sponsável pelo dimensionamento polı́tico e os requisitos necessários para o sistema. Já a ESA, tem como respons-
abilidade a definição, o desenvolvimento e a validação do segmento espacial e de terra (European Space Agency,
2012). O sistema Galileu teve sua concepção inicial nos anos 90, quando o GPS e o GLONASS já estavam quase em
funcionamento completo.
Dois satélites de teste foram lançados em 2005 e 2008. Os Espacial
dois primeiros operacionais foram lançados em 20 de outubro •30 satélies, quando completo;
de 2011. Atualmente, out/2015, estão em órbita 10 satélites9 . •10 satélies (out/2015);
•Altitude: 23.222 km;
De acordo com Falcone, Erhard e W. (2006), quando o sis- •E1 = 1.575,420 MHz (λ = 19,0 cm);
tema espacial estiver em plena operação terá de 30 satélites •E6 = 1.278,750 MHz (λ = 23,4 cm);
em três planos orbitais igualmente espaçados, cada plano com •E5 = 1.191,795 MHz (λ = 25,2 cm);
•E5a = 1.176,450 MHz (λ = 25,5 cm);
9 satélites ativos e um de reserva, espaçados em 40◦ . A •E5b = 1.207,140 MHz (λ = 24,8 cm);
◦
órbita tem inclinação de 56 no plano do equador. A alti- •Separação entre planos: 120◦ ;
tude de 23.222 km resultará em uma órbita a cada 14 horas. •Inclinação: 56◦ ;
•Perı́odo orbital: ≈ 14 horas.
É esperado que existirá uma alta probabilidade (maior que
90%) que em qualquer posição e altitude, o usuário vá rece-
ber sinal de pelo menos 4 satélites. Segundo (HOFMANN- Controle
WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2008), as frequen- •Segmento de controle em terra,
cias enviadas pelo sistema Galileu são: E1 (1.575,420 MHz); E6 Galileu Oberpfaffenhofen, Alemanha;
•Segmento de missão em terra
(1.278,750 MHz); E5 (1.191,795 MHz); E5a (1.176,450 MHz) e; União
Fucino, Itália;
Europeia
E5b (1.207,140 MHz) •Outras estações de rastreio,
São cinco os serviços que serão disponibilizados pelo sis- envio de dados, etc, ao redor
da terra.
tema Galileu para os usuários (UNION, 2002): i) serviço aberto
(open service), que tem como objetivo prover informação de
posição, velocidade e tempo sem custo algum para o usuário; Usuário
ii) serviço comercial (commercial service), que possibilitará o •Serviço aberto;
•Serviço comercial;
desenvolvimento de aplicações comerciais, terá precisão cen- •Navegação para segurança da vida;
timétrica; iii) navegação para segurança da vida (Safety Of life •Serviço público regulado;
navigation), serviço para ser utilizado no transporte marı́timo, •Serviço de busca e resgate.
na aviação e em trens; iv) serviço público regulado (Public reg-
ulated navigation), um serviço em que o sinal é encriptado e Figura 4.4
apenas os usuários autorizados terão acesso a este sinal; e Caracterı́sticas principais do Galileu.
v) serviço de busca e resgate (Search and Rescue Service), utilizado para localização e resgate de usuários que uti-
lizam rádio sinalizadores.
Segundo Falcone, Erhard e W. (2006), o sistema Galileu tem dois segmentos de controle principal em terra, o
segmento de controle em terra (GCS, Ground Control Segment) que irá controlar e comandar a constelação de satélites
e, o segmento de missão em terra (GMS, Ground Mission Segment), responsável por operar o sistema de navegação e a
determinação da integridade, assim como disseminar os serviços do Galileu. Estes dois segmentos se localizam em
Fucino (Itália) e em Oberpfaffenhofen (Alemanha). Haverá também uma rede de estações (GSS, GALILEO Sensor
Stations), para realização de medidas de distância e monitoramento dos sinais dos satélites; uma rede de telemetria,
rastreamento e controle (TT&C, Telemetry, tracking and control); e uma rede de estações para envio de informação
8 Maiores informações podem ser encontradas em: hhttp://en.wikipedia.org/wiki/Galileo Galileii.
9 Informações
atualizadas em: hhttp://www.esa.int/Our Activities/Navigation/The future - Galileo/What is Galileoi
acessado em 6/10/2015; hhttp://blogs.esa.int/rocketscience/2015/09/16/galileo-satellites-performing-beautifully/i
acessado em 6/10/2015;.
Outros GNSS
Além do GNSS americano, russo e europeu, outros paı́ses também desenvolvem o seu próprio sistema. O principal
motivo para o desenvolvimento de novos GNSS é o de ter independência dos outros sistemas que, como visto,
a permissão de uso depende das nações que os construı́ram. Abaixo descreve-se um resumo do sistema chinês
(Beidou-2/Compass), e dos regionais, japonês (QZSS) e indiano (IRNSS).
O sistema Beidou-2/Compass, desenvolvido pela República da China, tem como predecessor o sistema Beidou-
1, que teve seus primeiros estudos nos anos 80, e o primeiro satélite em órbita no ano 2000 e o terceiro e último,
em 2003. O Beidou-1 funciona regionalmente. Diferentemente do GPS, Galileu e GLONASS, ele é geoestacionário,
fazendo com que apenas uma parte da terra tenha disponibilidade dos sinais destes satélites, entre as latitudes de
5◦ N a 55◦ N e as longitudes entre 70◦ E e 140◦ E. O Beidou-2 será global, com o segmento espacial hı́brido, tendo
5 satélites geoestacionário e 30 orbitando a terra. Terá, assim como o GPS, um serviço aberto para uso civil e um
outro restrito. Atualmente estão em operação 12 satélites10 .
O sistema de posicionamento japonês é denominado de sistema de satélite quase zenital (QZSS, Quasi-Zenith
Satellite System), desenvolvido pela agência de exploração aeroespacial do Japão (JAXA, Japan Aerospace Exploration
Agency). O QZSS oferece seus serviços na região compreendendo o Japão, sul da Ásia e Oceania. Os satélites QZSS
enviam os sinais à terra na direção quase zenital, o que aumenta sua disponibilidade em áreas com prédios ou
morros. Funcionará complementando o GPS, fazendo com que mais sinais estejam disponı́veis, uma vez que o
número de satélites na região será maior, pois soma-se ao GPS o QZSS. Desta forma, a precisão do posicionamento
será melhorada. Os satélites QZSS transmitem sinais semelhantes ao GPS (L1C/A, L1C, L2C e L5)11 . O primeiro
satélite foi lançado em setembro de 2011, está a uma altitude entre 32.000 km a 40.000 km, e tem sua longitude
central de 135◦ E. O QZSS além do segmento espacial, consta do: segmento de controle, que compreende estações de
monitoramento; uma estação de controle principal; estação de controle e rastreamento; e estação de administração
do tempo (Japan Aerospace Exploration Agency, 2012).
O sistema de navegação por satélite indiano (IRNSS, Indian Regional Navigational Satellite System) constituı́do de
7 satélites, sendo que o primeiro tem a estimativa de ser lançado em 2012-13 (Indian Space Research Organization,
2012). Como o sistema GPS, serão disponibilizados os serviço SPS e PS.
Os satélites no espaço enviam os sinais para terra que são captados pelos receptores, sendo a distância, na verdade
pseudodistância, entre o sinal emitido pelo satélite e recebido pelo sensor calculada, ou por código (medida de
tempo) ou pela medida de fase da onda portadora. A distância calculada tem várias fontes de erro, por exemplo,
a falta de sincronismo de tempo entre o relógio do receptor e do satélite, resultando distâncias que não correspon-
dem à distância geométrica do satélite ao receptor. Desta maneira as distâncias calculadas pelos receptores são
denominadas de pseudodistâncias como já visto na secção 4.2.
sistema de tempo sem erros, ts e tr , seria a hora de envio do sinal pelo satélite e a hora de recebimento pelo receptor.
Então, tr (rec) = tr − δr e ts (sat) = ts − δ s . O lapso de tempo entre o envio do sinal e a chegada ao receptor será:
no cálculo da pseudodisdância por código é de cerca de 1% da comprimento de onda em que o código é enviado.
No sistema GPS, o C/A tem comprimento de onda de ≈ 300 m, o que resultaria em um erro de 3 m. Já o código P,
tem comprimento de onda de ≈ 30 m, o que resultaria em um erro da pseudodistância de 0,3 m na medida de R.
é a mesma pseudodistância estimado pelo código; Nrs é a denominado de ambiguidade, corresponde ao número
inteiro de comprimentos de onda ou número de ciclos inicial, entre o satélite e o receptor; c é a velocidade da luz;
e ∆δrs = δr − δ s . O valor Nrs inicialmente é desconhecido, contudo com o rastreamento de outras observações no
tempo, sem que ocorra a perda de sinal, pode-se determiná-la.
× máscara=20◦ máscara=20◦
×
linha do horizonte
Figura 4.5
Princı́pio da utilização de máscara de elevação pera prevenir satélites próximos a linha do horizonte.
• Centralização do centro da antena sobre o ponto: em levantamento de precisão, a antena do receptor GNSS
terá que estar centralizada sobre um ponto, geralmente materializado por um marco. A vertical do centro
da antena é materializada por um bastão, apoiado por um tripé. Deve-se fazer a centralização de forma
cuidadosa, uma vez todo erro cometido devido a falta de centralização será transferido para o ponto medido.
• Para medidas de altitude geométrica (ver página 38) é necessário realizar a medida da altura da antena,
distância vertical entre o centro da antena e o centro do marco. Esta medida geralmente é realizada de
forma inclinada, sendo que posteriormente é corrigida para distância vertical, ou por meio de software do
equipamento, ou por simples cálculo.
• O centro de fase da antena, definido como o centro eletrônico da antena, varia com a orientação e a frequência
do sinal. É necessário que ele corresponda ao centro fı́sico da antena, sendo que nem sempre isto ocorre. Para
levantamentos de alta precisão é necessário conhecer este desvio para correção. Procedimento para esta
avaliação é encontrado em Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008).
b) Erro do relógio: os relógios presentes nos receptores GNSS não são de alta precisão como os presentes nos
satélites, não apresentando sincronismo com o sistema de tempo do GNSS. Este problema é resolvido com a
utilização da observação de quatro satélites simultaneamente.
c) Multicaminhamento: o multicaminhamento é definido como sendo as réplicas de sinal que o receptor recebe
devido ao sinal ter percorrido diferentes caminhos. Na Figura 4.6 é apresentada a concepção básica do que é o
efeito multicaminhamento em uma determinada época. Nesta figura há o sinal que percorre o caminho direto
do satélite ao receptor e dois sinais que são recebidos pelo receptor por caminho indireto, sinais refletidos de
superfı́cies refletoras, a obra de construção civil e a superfı́cie terrestre.
A consequência do multicaminhamento é a imprecisão da medida de distância satélite-receptor (%). O mul-
ticaminhamento pode ser de tal grandeza que o receptor não possa mais contar com a informação de deter-
minado satélite, para o posicionamento do ponto. Maneiras para mitigar o multicaminhamento podem ser
encontrados em Ward, Betz e J. (2006). Pode-se citar, por exemplo, como uma maneira simples para minimizar
o efeito do multicaminhamento devido à superfı́cie refletora, a instalação da antena próxima a superfı́cie.
to
d ire
o in
to
inh
ire
o
superfı́cie cam
iret
od
refletora
h
ind
in
m
ho
ca
in
cam
superfı́cie
Figura 4.6
Multicaminhamento no
GNSS.
4.6.1 Terminologia
Não há um concenso quanto terminologia utilizada às diferentes técnicas de posicionamento GNSS. Aqui será
utilizada a terminologia adotada por Hofmann-Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2008). No posicionamento, as me-
didas de pseudodistância podem ser obtidas de duas formas, por meio dos códigos (ver secção 4.5.1) ou da medida
de fase da onda portadora (ver secção 4.5.2). As medidas por código tem precisão em nı́vel de metros, enquanto pela
medida da onda portadora tem precisão de milı́metros. A desvantagem das medidas de fase da onda portadora é a
solução da ambiguidade (N, ver secção 4.5.2).
Quando na medida de posição é utilizado um único receptor, recebendo sinais de pelo menos quatro satélites,
ela é dita de posicionamento por ponto12 . O posicionamento por ponto também pode ser denominado de posiciona-
mento absoluto, posicionamento por ponto simples ou posicionamento por ponto absoluto.
No posicionamento relativo, empregam-se dois receptores, recebendo sinais dos mesmos satélites simultanea-
mente. Estas medidas então são combinadas, melhorando a precisão do levantamento. A posição de um ponto tem
que ser conhecida, sendo então calculada a posição do outro ponto relativa a esta.
O posicionamento diferencial é realizado também a partir de dois receptores, que fazem observações simultâneas
aos mesmos satélites, todavia é feita tendo como base as pseudodistâncias corrigidas. Como um receptor é fixo em
um ponto de coordenada conhecida, calcula-se as correções das pseudodistância a este ponto e estas correções, em
determinada época, são enviadas em tempo real para o(s) outro(s) receptores.
O posicionamento é dito estático, se não há movimentação do receptor durante posicionamento. Por outro
lado, se o receptor está em movimento, o posicionamento é dito cinemático .
O posicionamento pode ser realizado em tempo real, quando os resultados são processados e apresentados
imediatamente. Já o posicionamento pós-processado, como o próprio nome diz, só serão conhecidas as posições
depois de processados. Ou seja, neste caso, os dados são coletados em campo e, no escritório, são submetidos ao
processamento. O método de pós-processamento é o método mais utilizado nos posicionamentos relativos, onde as
medidas dos dois receptores são combinadas e processadas depois da coleta em campo.
Pode-se obter coordenadas com maior precisão com um único receptor pelo método denominado de posiciona-
mento por ponto preciso. Para tanto, deve-se trabalhar com: i) as efemérides precisas dos satélites, para determinação
de suas posições precisas dos satélites; ii) receptor com frequência dupla que permitirá eliminar a influência da
ionosfera.
j m
k
̺j ̺m
̺k
̺l
Figura 4.7
Concepção do posicionamento por
ponto.
de pseudodistância de cada um dos satélites a esta estação. Como os outros receptores se encontram próximos
à estação base (distância de apenas alguns quilômetros), assume-se que os erros nas pseudodistâncias sejam os
mesmos. Estas informações são enviadas por meio de transmissor aos outros receptores para realizar, em tempo
real, a correção de suas respectivas pseudoditâncias aos satélites, e assim calcular as suas coordenadas com maior
precisão. O DGNSS pode ser realizado por meio de receptores que trabalham com códigos ou com medidas de
fase da onda portadora. Valores de precisão do levantamento DGNSS são apresentados na Tabela 4.1 (HOFMANN-
WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2008, p. 437). Quando se utiliza as medidas de fase da onda portadora,
este posicionamento é denominado de levantamento cinemático em tempo real (real-time kinematic, RTK) (WOLF;
GHILANI, 2004).
j l m
k
̺jA ̺lB ̺m
̺kA B
̺lA ̺m
A ̺jB ̺kB
XB = XA + ∆XAB
YB = YA + ∆YAB . (4.8)
ZB = ZA + ∆ZAB
Neste método geralmente são utilizadas as medidas de diferença de fase juntamente com o código. Requer que
os mesmos satélites sejam observados pelos receptores da estação base e no móvel durante o perı́odo de aquisição
dos dados.
j l m
k
̺jA ̺lB ̺m
̺kA B
̺lA ̺m
A ̺jB ̺kB
Um outro método é o de determinar a ambiguidade com o receptor B em movimento, método denominado de on-
the-fly. Neste método é necessário trabalhar com receptor de dupla frequência, sendo a ambiguidade resolvida em
cerca de 2 min para receptores separados em 20 km. Uma limitação deste método é que durante a coleta de dados
não se pode perder os sinais GNSS. Caso ocorra perda de sinal iniciar novamente o sistema para determinação da
ambiguidade.
Um método baseado no posicionamento relativo cinemático, mas que apresenta maior precisão, pois nos pon-
tos de posições desconhecidas, o receptor B permanecerá parado por poucos segundos, é denominado de pare-e-
continue (stop-and-go) ou semi-cinemático (semikinematic). A precisão é aumentada conforme o tempo de parada se
torna mais longo. Para vetor base de 20 km a precisão é centimétrica.
Objetivo: Levantar uma poligonal em campo com o auxı́lio de GNSS de navegação, para posteriormente
desenhar no AutoCad ou no Google Earth Pro, ver aulas práticas das páginas 33 e 53, respectivamente. Como
roteiro:
• apresentar uma visão geral do receptor que será utilizado: ântena, bateria, visor, teclado de coman-
dos, janelas de configuração e coleta de dados, etc;
• configurar para o Datum WGS84;
• configurar para o sistema de projeção UTM;
• apresentar os modos de salvar as coordendas dos pontos;
• mostrar as medidas de qualidade da coordenada (e.g. precisão, HDOP, PDOP)
• em campo, coletar as coordenadas dos vértices da poligonal;
• desenhar no AutoCad ou no Google Earth Pro.
Ao final o aluno deve apresentar um relatório sobre o levantamento e, suas considerações sobre a qualidade
do levantamento de uma área, quando um receptor GNSS de navegação é utilizado.
Exercı́cio
4.3. Como são denominados os GNSS americano, o da comunidade europeia e o russo? Comente cada um deles.
4.4. O posicionamento GNSS pode ser por ponto, diferencial ou relativo. Comente.
4.8. Sobre um marco geodésico do IBGE de coordenada E = 595.690,0 m e N = 9.433.750,0 m (fuso 24M) foi colocado
um receptor GNSS, e este mostrou a coordenada E = 595.650,0 m e N = 9.433.720,0 m (fuso 24M). A coordenada do
receptor está a NE, SE, SW ou NW com relação à coordenada do marco? Explique.
Resp.: SW.
Sumário
5.1 Objetivo e prazos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.2 Profissional habilitado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.3 Tipos de vértices e sua identificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
caracterizando-o e confrontando-o, conferindo-lhe um número de ordem pelo qual será identificado, sem criar, conferir ou modificar direitos”.
3 Ver hhttp://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ Ato2011-2014/2011/Decreto/D7620.htmi
CAPÍTULO 5. GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 5.2. PROFISSIONAL HABILITADO
O georreferenciamento só pode ser realizado por profissional habilitado, com registro no Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura (CREA4 ), pois será necessário a emissão de uma Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART). Há também a necessidade deste profissional ser credenciado junto ao Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA) para este tipo de levantamento. O Procedimento para cadastramento se encontra na
Norma, só podendo requirir o credenciamento aqueles profissionais habilitados.
Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), os profissionais habilitados5 para
assumir a responsabilidade técnica para o serviço de georreferenciamento são aqueles que, por meio de cur-
sos regulares de graduação ou técnico de nı́vel médio, ou por meio de cursos de pós-graduação ou de
qualificação/aperfeiçoamento profissional, comprovem que tenham cursado os seguintes conteúdos formativos:
topografia aplicada ao georreferenciamento; cartografia; sistemas de referência; projeções cartográficas; ajustamen-
tos; métodos e medidas de posicionamento geodésico. São vários os profissionais que podem fazer o georrefer-
enciamento, caso tenha na sua grade, os tópicos mostrados acima, podendo-se citar, por exemplo: Engenheiro
Agrônomo; Engenheiro Cartógrafo; Engenheiro de Geodésica e Topografia; Engenheiro Civil; Engenheiro Florestal;
Engenheiro Agrı́cola; Engenheiro de Minas e Geólogo.
Para a definição dos limites do imóvel rural são utilizados vértices6 , sendo que estes podem ser de diferentes tipos,
conforme Tabela 5.2. A seguir é apresentada uma descrição dos tipos de vértices com uma descrição.
• Os vértices tipo M (materializados), têm como finalidade a de preservar a localização do limite do imóvel.
Devem ser materializados por marcos, de concreto, ferro, granito ou sintético, cujos padrões são apresentados
pela Norma. No topo do marco materializando o vértice M, deve conter uma plaqueta de metal contendo a
identificação do responsável técnico e o número do vértice. Exemplo de plaqueta é apresentado na Figura 5.2;
• Os vértices do tipo P (ponto) são aqueles que foram ocupados, mas não materializados. São as divisas da
propriedade cuja a sua localização são, por exemplo, cursos de água e estradas. Na localização final e inicial
destes vértices, devem-se ter vértices tipo M;
• Os vértices do tipo V (virtual), são aqueles que não são nem ocupados nem materializados. Suas coordenadas
são obtidas analiticamente, ou extraı́das de base cartográfica ou projetado7 ;
• Os vértices do tipo O (virtual) são aqueles determinados de forma analı́tica, em locais de difı́cil ocupação. A
obtenção das coordenadas se dá por linhas paralelas ao delineamento, podendo ser o trecho de uma estrada
ou rio, por exemplo.
Cada um dos vértices terá uma identificação única, código, sendo gerado pelo responsável técnico do georref-
erenciamento. O código terá 8 campos, sendo os três primeiros campos o código do responsável técnico, constante
na Carteira Nacional de Credenciamento, emitida pelo INCRA; o quarto campo é preenchido pela letra correspon-
dente ao tipo de vértice, M, P, V ou O; e os quatro últimos campos serão preenchidos por meio de uma numeração
sequencial, começando em 0001 para o primeiro, 0002 para o segundo e assim sucessivamente.
4 É a entidade autárquica de fiscalização do exercı́cio e das atividades profissionais dotada de personalidade jurı́dica de direito
público, constituindo serviço público federal, vinculada ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea. Cada estado
tem o seu CREA.
5 Profissionais habilitados definidos pelas PL-2087/2004 e PL-0633/2003 disponı́veis, respectivamente, em: hhttp://200.252.
bC Vértice tipo M
bC
Vértice tipo P
bC
Vértice tipo O
Limite do imóvel
MbC Limites confrontantes
M M bC
bC bC M
bC M
bC
bC
M
bC
P
ada
bC
P
estr
P bC
o
córreg
P bC
P o da
bC eix
O bC
bC
P
bC
O
bC
P M bC
bC bC
Figura 5.1 bCbC M M
Exemplos de tipos de M
vértices no georrefer-
enciamento de imóveis
rurais.
Então, tomemos como exemplo o vértice MHJ V 0143, tem-se: MHJ é o código do técnico responsável, V é o
tipo de vértice (virtual), e 0143 se refere ao 143◦ vértice medido pelo técnico MHJ credenciado para o georreferenci-
amento de imóveis rurais. Quando, no georreferenciamento do imóvel, um ou mais vértices já foram credenciados
no INCRA, deve-se respeitar o código do vértice já existente e não gerar um novo.
Para a Norma, medidas de distância, área e azimute, são aqueles calculados considerando o plano de projeção
UTM (ver secção 3.5.5), no Sistema Geodésico Brasileiro, SIRGAR2000 (ver secção 3.4.2). A Norma estabelece que a
infraestrutura para os trabalhos de georreferenciamento deve ser oriundos de: estações ativas receptoras de sinais
do GNSS, da Rede Brasileira de Monitoramento Contı́nuo (RBMC8 , INCRA (2011)); da Rede Incra de Bases Co-
munitárias do GPS (Ribac9 ); de redes geodésicas estaduais; ou de estações de sinais GNSS. Vale ressaltar que estas
8 Redes que tem por objetivo propiciar aos usuários de levantamento relativo informações GNSS de estações de referência,
isto é, não há a necessidade de ocupar a estação de referência, uma vez que nesta rede há receptor GNSS realizando observações
contı́nuas, 24 horas por dia, todos os dias do ano. Estas Observações podem ser obtidas pela internet: hhttp://www.ibge.gov.br/
home/geociencias/download/tela inicial.php?tipo=14i.
9 Ver: hhttp://ribac.incra.gov.br/i.
5 cm
CREDENCIADO
MHJ
bC ut
b bC
Espessura mı́nima de 2 mm
Figura 5.2
Modelo da plaqueta com
Plaqueta vista de cima furos para fixação (IN-
CRA, 2010, p. 69).
A determinação das coordenadas do imóvel rural pode ser realizado pelos métodos convencionais ou por
GNSS. Nos métodos convencionais são realizadas medições de ângulos e distâncias por meio de estações totais. Os
métodos a serem empregados e equipamentos que poderão ser utilizados, variam conforme o objetivo o tipo de
poligonal, levantamento por irradiação ou triangulação.
Para o levantamento realizado com GNSS, os posicionamentos permitidos são vários, podendo-se citar: o
posicionamento relativo estático para a definição dos vértices das classes C1, C2, C4, C5 e C7; o relativo estático
rápido, para vetrices das classes C2, C4, C5 e C7. Maiores detalhes consultar NBR13133 (1996), INCRA (2010) e o
Capı́tulo 4.
Exercı́cio
5.3. Quais são os tipos de vértices que podemos ter no georreferenciamento de imóveis rurais? Como é realizada a
sua codificação?
Sumário
6.1 Tipos de distâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.2 Influência da curvatura da terra nas medidas de distância horizontal . . . . . . . . . . . 78
6.3 Medição com trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.3.1 Erros instrumentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.3.2 Erros naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.3.3 Procedimento em campo para medidas à trena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.4 Medição taqueométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
6.5 Medidor eletrônico de distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.5.1 Radiação eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.5.2 Princı́pio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
6.5.3 Fontes de erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Em geomática, temos vários tipos de distância, podendo-se citar, por exemplo, a distância no plano de projeção
cartográfico e a distância no elipsóide. Quando realizando levantamentos topográficos, em pequenas áreas1 na
superfı́cie terrestre, onde o erro devido a curvatura da terra é desconsiderado, as distâncias entre os pontos podem
ser: a distância horizontal (DH), a distância inclinada (DI) e a distância vertical (DV) ou diferença de nı́vel (DN). Na
Figura 6.1 são apresentas graficamente estas distâncias entre os pontos A e B. Para pequenas áreas é considerada
que a direção da vertical é a mesma para todos os pontos, desta forma, o plano horizontal que passa por A é paralelo
ao plano horizontal que passa por B. A DH é dada pela distância entre A e B no plano horizontal. A DV ou a DN
1 Segundo a NBR13133 (1996) a dimensão máxima de um levantamento topográfico está limitado a 80 km.
CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.2. INFLUÊNCIA DA CURVATURA DA TERRA NAS MEDIDAS DE DISTÂNCIA HORIZONTAL
entre dois pontos, é dada pela distância vertical que separa os planos horizontais que passam pelos dois ponto. A
DI é a medida de distância na direção do terreno, ou da visada.
a (D
I)
Figura 6.1
Distâncias em topografia.
Valores de DH’s são utilizadas nos cálculos planimétricos, como: na determinação das medidas de distâncias
entre pontos no plano, nas medidas de áreas e nos cálculos de azimutes. Medidas de DN’s são utilizadas, por exem-
plo para: elaboração de perfil topográfico do terreno; determinação de elevação de pontos topográficos; e, cálculos
de volume e aterro no terreno. As DI’s são as medidas de distâncias que os medidores de distância eletrônicos, pre-
sentem nas estações total medem primeiramente, posteriormente, podendo-se tranformá-la para a DH e DN (ver
página 89 para maiores detalhes).
Na Figura 6.2 são apresentados os pontos A e B, respectivamente, a posição inicial e final de um levantamento.
Suponha, para fins de simplificação, que: estes dois pontos estão sobre o geóide (≈ nı́vel médio dos mares), ou seja,
têm as mesmas altitudes, iguais a 0 m; o geóide tem uma forma de uma esfera de raio 6.367 km (R), média dos raios
do elipsóide WGS84 (ver Secção 3.2, página 36). Se s é a distância entre os dois pontos na superfı́cie do geóide, aqui,
um arco de circunferência de um ângulo α, temos s:
360◦ 2πR
=
α s (6.1)
απR
s=
180
Considerando d a distância no plano topográfico, para o triângulo AB 0 C, temos:
d
tan α =
R (6.2)
d = R tan α
Na Figura 6.2, também é apresentada para algumas medidas de distância no geóide (s), a sua correspondente
distância no plano topográfico (d). Verifica-se que, para distâncias curtas (s < 5.000 m), a diferença entre as medi-
das, d − s, é insignificante (< 1 mm). Todavia, para medidas de s maiores que 80 km, as diferenças com relação a
d se tornam significativas (> 4,2 m). Se considerarmos que as medidas topográficas são realizadas acima do nı́vel
médio dos mares, acima do geóide, as diferenças entre s e d, serão ainda maiores com relação as medidas de s no
geóide. Para fins de levantamento topográfico, a NBR13133 (1996) estabelece de 80 km a dimensão máxima a ser
medida.
d
A B0
Plano horizontal em A
s
e
id
eó B
G
R
R ≈ α (◦ ) s (m) d (m) d − s (m)
α
0,04499 5.000,0 5.000,001 0,001
0,08999 10.000,0 10.000,008 0,008
0,13498 15.000,0 15.000,028 0,028
C 0,71991 80.000,0 80.004,210 4,210
Figura 6.2
Influência da esfericidade da terra nas medidadas topográficas.
Considerações a respeito dos cálculos das medidas de distância horizontais para a distância geodésica, em
relação ao elipsóide, ou para o plano de projeção cartográfica, como o UTM, não serão apresentados aqui. Contudo,
para quem tiver interesse, pode consular, por exemplo, Wolf e Ghilani (2004).
As trenas podem ser utilizadas para as medidas de distância entre pontos. Elas podem ter como material de
fabricação, por exemplo, o aço, o invar (nı́quel e aço) ou a fibra de vidro. Normalmente apresentam as medidas
de metros e centı́metros nas duas faces, todavia, algumas podem apresentar em uma face a medida de metros e, na
outra, a de polegadas2 . O comprimento nominal das trenas é bastante variado, encontrando comprimentos como
de: 5 m, 10 m, 20 m, ou 50 m.
Figura 6.3
Qualidade da verticalização da balizas no momento da medida.
Manter sempre na vertical
Outros cuidados que devem ser verificados durante o procedimento de medida com a trena são: se o alin-
hamento está correto; e, se a trena está em nı́vel e com tensão adequada. Na Figura 6.4 é apresentado a medida
de distância entre os pontos A e B, onde serão necessárias várias trenadas. Para o levantamento serão necessários
três balizeiros (pessoa com baliza). Se o caminhamento for realizado de A para B, um balizeiro ficará parado em
B (balizeiro de vante) e, os outros dois balizeiros farão as medidas, o balizeiro de ré, inicialmente no ponto A e o
balizeiro intermediário, que vai puxar a trena na direção de B. Após o balizeiro intermediário chegar próximo ao
limite da trenada, por exemplo 20 m, terá que fazer o correto alinhamento com a linha AB. Isto será possı́vel com a
orientação do balizeiro de ré que, olhando para a sua baliza e para a baliza no ponto de vante, orientará o balizeiro
intermediário para o correto alinhamento. Uma vez as três balizas alinhadas, o balizeiro de ré, com a baliza na
vertical, tensionará a trena, mantendo-a em nı́vel e para materializar este ponto cravará na posição da baliza uma
ficha. O balizeiro de ré deslocará para a posição da ficha, onde vai estacionar a sua baliza, guardando para si a
ficha, enquanto o balizeiro intermediário caminhará para a próxima trenada. O procedimento se repete até o final.
Obviamente, que a última trenada, quase sempre, será apenas uma fração de 20 m, onde o seu valor é anotado. Ao
final, a distância horizontal AB será o número de fichas vezes o comprimento da trenada, mais a fração final.
Pode-se perceber na Figura 6.4 as medidas no plano, feitas de maneira correta e não correta. Se o alinhamento
do levantamento à trena não for realizado corretamente, quando se fizer o somatório das trenadas, não correspon-
derá a distância horizontal correta entre os pontos.
A B
DHAB
Figura 6.4
Levantamento do alinhamento AB com o A B
auxı́lio da trena. As duas figuras na parte
inferior, apresentam duas possı́veis con-
figurações do levantamento visto no plano,
uma com os alinhamentos realizados corre- Vista no plano (alinhamento incorreto)
tamente e outra, incorretamente.
Outros erros que devem-se evitar durante o levantamento são em relação a verificação da horizontalidade da
trena e a pouca tensão aplicada, no momento da medição (Figura 6.5). Quando o terreno é plano, é fácil manter a
horizontalidade, bastando a altura da trena nas duas balizas serem as mesmas. Todavia, em terreno inclinado, os
balizeiros de ré e intermediários devem tomar cuidados, devendo-se subir ou descer a posição da trena para se ter
a horizontalidade. Uma pessoa olhando o perfil da trenada pode auxiliar na correta horizontalidade da trenada.
Com relação a baixa tensão, quando puxando a trena, em uma catenária elevada (ver erro de tensão, página 83).
errado
em desnı́vel errado
pouca tensão
correto
bem tensionado
e em nı́vel
Figura 6.5
Exemplos de trenadas em posição de desnı́vel, com pouca tensão e quando utilizada corretamente.
Além dos erros durante a realização das medidas com trena, podem-se citar (WOLF; GHILANI, 2004): i) er-
ros instrumentais: a trena tem comprimento diferente do comprimento nominal, devido à falha de fabricação ou
resultado de alguma danificação; ii) erros naturais: devido ao efeito da temperatura, tensão e catenária e vento e;
iii) erros de coleta: quando os dados são anotados errados ou a leitura equivocada, alinhamentos incorretos, etc.
Abaixo seguem uma descrição dos erros e maneiras de evitar e, se possı́vel, corrigi-los.
Exemplo 6.1
Considere uma trena que foi aferida para trabalho na temperatura de 20◦ C. Ela apresenta coeficiente de
dilatação de 0,0000116◦ C−1 . Se foi medido em campo 54,3 m sob uma temperatura de 40◦ C, calcular a
distância com a correção devido a temperatura ser distinta do padrão da trena.
Solução
(T − T0 )
CT = S , (6.4)
qE
em que: q é a área da seção transversal da trena (mm2 ); S é a medida de distância medida; E é o módulo de
elasticidade por tração, normalmente 20 000 kg mm−2 . A tensão pode ser medida por meio de um tensiômetro.
Exemplo 6.2
Considere uma trena que foi aferida para trabalho na tensão de 10 kg. Todavia, quando no campo
aplicou-se uma tensão de 5 kg. Se foi medido em campo 54,3 m nesta condição, calcular a distância
com a correção devido à tensão ser distinta do padrão da trena. Considere a área da seção da trena
q = 0,4 mm · 12 mm = 4,8 mm2 .
Solução
P 2S3
CC = − , (6.5)
24T 2
em que: P é o peso da trena (kg m−1 ). Observe que o erro sempre será negativo, isto é, a medida lida quando ela
está suspensa, é sempre menor do que a real.
leitura de 0 m leitura de 20 m
leitura de 0 m leitura de 20 m
Exemplo 6.3
A distância de 54,3 m foi medida em duas trenadas, uma de 30 m e outra de 24,3 m. Considerando o peso
da trena de 0,03967 kg/m, qual o erro devido à catenária e qual seria a medida real quando este erro for
compensando?
Solução
Scorrigido = S + Ct + CT + CC , (6.6)
em que: Scorrigido é o comprimento do alinhamento corrigido (m); S é o comprimento do alinhamento medido com
a trena (m); Ct é a compensação devido à temperatura (m); CT é a compensação devido à tensão (m); e CC é a
compensação devido à catenária (m).
Exemplo 6.4
Considerando os erros encontrados na medição devido à temperatura, à tensão e à catenária dos Exemplos
6.1, 6.2 e 6.3, respectivamente, qual seria o comprimento real, quando o nominal foi de 54,3 m?
Solução
Se for para medição de área, mede-se a poligonal e as diagonais internar que subdividem a área em vários
triângulos. A Figura 6.7 apresenta a poligonal ABCDEFA a ser medida com a trena. A partir do ponto E foram
determinadas as diagonais internas, subdividindo a área em quatro triângulos. Deve-se medir em campo os alin-
hamento a, b, c, d, e e f , da poligonal e as diagonais internas g, h, e i.
Como os lados dos quatro triângulos foram medidos, é possı́vel medir individualmente a área deles por meio
da Equação do semi-perı́metro (Equação 1.23, página 15), e somando estas área individuais, obter a área total.
Conhecendo-se as DHs da poligonal e os ângulos internos dos vértices, é possı́vel calcular as coordenadas
dos vértices, sendo este procedimento apresentado na Secção 8.3, página 125. Os ângulos internos de cada vértice
podem ser calculados com o auxı́lio da lei dos cossenos (Equação 1.12, página 9). Por exemplo, no vértice A, o
ângulo interno, 88,35◦ , será a soma de dois ângulos, o α e o β, opostos, respectivamente, as diagonais h e i.
f
A F
δ = 37,82◦
γ = 62,83◦ e
h ε = 61,5◦
a
E
ζ = 55,87◦ d
α = 61,3◦
D
θ = 20,05◦
g ι = 95,02◦
B
β = 27,05◦ η = 137,65◦
i c
κ = 64,93◦
b λ = 15,3◦
Figura 6.7 C
Esquema de um levantamento
à trena.
Nos teodolitos, quando se observa a luneta, com o foco adequado, pode-se observar três retı́culos (fios) na horizontal
e um na vertical. Aos retı́culos da horizontal denominamos, de acordo com a sua posição (Figura 6.8a) de: i) se na
superior, retı́culo superior (rs). ii) se na do meio, retı́culo médio (rm) e; iii) se inferior, retı́culo inferior (ri). É possı́vel,
por meio de leituras dos retı́culos de um teodolito em uma mira, e da medida do ângulo vertical, calcular a DH e
a DN entre a posição do teodolito e o ponto da mira. Para a DN há ainda a necessidade de se medir a altura do
instrumento (ai).
Uma mira é uma régua graduada, que deverá ser mantida na vertical durante as medidas. Normalmente as
miras são de alumı́nio ou de madeira. Na Figura 6.8b é apresentado o esquema de uma mira onde: mede 4 m; o
número de bolas vermelhas ou os algarismos romanos indicam a quantidade de metros; os números, na cor preta,
são as medidas dos decı́metros; cada faixa branca ou preta, equivale a um centı́metro. As miras tem apresentam
um sistema de encaixe, para ajustar a um comprimento adequado e para facilitar o seu transporte e a sua guarda.
Há miras que apresentam as medidas de centı́metros, como em uma trena, além das subdivisões dos milı́metros.
Quando uma mira é observada com a luneta, devem-se anotar as leituras dos três retı́culos que estão na hori-
zontal, correspondente às posições em que elas interceptam a mira. O valor anotado deve ser em metros, com três
casas decimais, referentes aos decı́metros, centı́metros e por final, os milı́metros, que na mira apresentada na Figura
6.8b, são estimados.
4
8
5
b) Mira
3
7
4
2
9
6 6
3
1
5
2 5
1 2
III
III
8 4
1
9
7
4 3I
8
3
II 2
a) Luneta 9
7
9
6 1
8
6
5
h
rs 3
II
rm 2
h 7
5
1
ri I
8 9
6
4
7
4 8
5
3
3
7
4
Figura 6.8 2
Esquema ilustrativo dos retı́culos de
um teodolito (a) e de uma mira (b). 6
3
1
5
2
II
4
Prof. Alexandre Cândido Xavier - Universidade Federal do Espı́rito Santo 1 87
9
3
8
CAPÍTULO 6. MEDIDAS DE DISTÂNCIA 6.4. MEDIÇÃO TAQUEOMÉTRICA
Nas medições taqueométricas, o ângulo vertical pode ser o zenital e o de inclinação (maiores informações na
Secção 7.3, página 116). Se o teodolito for eletrônico o ângulo vertical será apresentado no visor, mas se o teodolito
for do tipo ótico mecânico, deverá ser realizado uma leitura em uma luneta no equipamento, e o ângulo anotado. Na
Figura 6.9 é apresentada um esquema de uma medição da DH e DN entre os pontos A e B utilizando um teodolito.
Se o objetivo deste levantamento for apenas gerar a planta planimétrica, será necessário determinar a DHAB , para
isto, serão lidos o rs, o ri e o z. Com a medida do rm, é possı́vel confirmar se as medidas dos outros dois retı́culos
foram realizadas com precisão, uma vez que: rs − rm = rm − ri. As leituras de rm também são necessárias para
o caso do levantamento for altimétrico, calculo da DNAB , sendo que para este tipo de levantamento, há ainda a
necessidade da medição da altura do instrumento (ai).
DHAB
9
rs
zenite (z = 0 ) ◦ 1
III
3
rm
2
II
ri
8
z 6
plano horizontal em B
3
DNAB
ai
plano horizontal em A
A
Figura 6.9
Esquema de um levantamento taqueométrico em campo para as medidas da DH e da DN.
A DH (m) e a DN (m), entre os pontos A e B no terreno, respectivamente, DHAB e DNAB , quando se trabalha
com ângulos zenitais (z), são dadas por:
100H sen 2z
DNAB = + ai − rm, (6.8)
2
em que: ai é a altura do instrumento (m); H = (rs − ri); rs, rm e ri, respectivamente, retı́culo superior, médio e
inferior (m); e z, o ângulo zenital (◦ ). Informações sobre como estas Equações foram determinadas, consultar Loch
e Cordini (1995) e Borges (1999).
Em algumas situações, em que não se tem a leitura de um dos retı́culos, pode-se empregar a Equação 6.9 para
o cálculo do retı́culo faltante. Na Figura 6.8a observa-se que a separação entre o rm aos rs e ri, são as mesmas, h,
logo:
Exemplo 6.5
Utilizando um teodolito estacionado no ponto A, de altitude de 456,785 m e ai = 1,65 m, fez-se uma visada
ao ponto B, anotando as seguintes medidas: z = 84◦ 120 0000 ; ri = 0,900 m; rm = 1,732 m; rs = 2,564. m.
Qual é DHAB e a altitude de B?
Solução
Da Equação 6.7:
DHAB = 100(2,564 − 0,900) sen 2 84◦ 120 000 = 164,701 m.
Pela 6.8:
100(2,564 − 0,900) sen 2 · 84◦ 120 0000
DNAB = + 1,65 − 1,732 = 16,648 m. Logo a altitude de B será de
2
473,433 m (456,785 + 16,648).
Considerando a radiação
eletromagnética (REM), com y
comportamento de onda, ela
será composta de dois campos E
perpendiculares entre si, o λ
campo magnético e o campo λ
elétrico, que viajam na direção x
perpendicular a eles, na ve-
locidade da luz, c (Figura ao
lado). A velocidade da REM no M c
−1
z
vácuo é de 299 792 458 m s .
A REM que trabalhamos não E = campo elétrico
viaja no vácuo, e sim submetida M = campo magnético
às condições atmosféricas, logo c = velocidade da luz (299 792 458 m s−1 )
com velocidade menor que c. A λ = comprimento de onda (m)
velocidade da luz, sob condições =
de de um meio refratário (V ), será de:
c
,V = (6.10)
η
em que, η é o ı́ndice de refração da atmosfera, entre 1,0001 e 1,0005. O comprimento de onda (λ, m) da REM é
definido como a distância que separa dois pontos que nela se repete. A relação de V com o λ e a frequência (f , Hz3 ):
V = λf, (6.11)
3 Hz é a abreviação de hertz, unidade de frequência igual a 1 ciclo por segundo (s−1 ).
Normalmente a frequência de trabalho da REM nos medidores de distância é alta, então emprega-se a sua
prefixação, sendo as mais comuns: k = 103 (kHz, quilo-hertz); M = 106 (MHz, mega-hertz) e G = 109 (GHz,
quilo-hertz).
Exemplo 6.6
Considere que um feixe de REM, emitida por um MED de uma estação total, foi modulada na frequência
de 149,84 kHz e η = 1,0003. Qual é o valor do comprimento de onda?
Solução
O medidor eletrônico de distância (MED) é um equipamento que está presente nas estações totais. O MED emite a
REM na direção de um refletor, sendo refletida de volta ao equipamento, onde o sinal é processado e, a distância,
do MED ao refletor (prisma), é determinada.
Na Figura 6.10 é apresentado um esquema de uma estação total, que tem um MED, estacionada e nivelada em
A e, o prisma, em B. A distância entre o centro do MED ao prisma será denominado por d. O MED emite um feixe
de REM, modulada em determinada frequência, logo com um determinado λ, na direção do prisma, que reflete o
sinal de volta para o MED. O MED faz a contagem do número de comprimentos de onda inteiros (n), obtidos entre
a partida da REM e a chegada ao MED. O valor de n é multiplicado por λ para se ter a distância em metros de ida
e volta. Soma-se a este valor a fração do comprimento de onda (∆λ) que faltou para completar um λ inteiro. Como
o sinal percorreu a distância de ida e volta estação prisma, divide-se resultado por dois, ou seja:
nλ + ∆λ
d= , (6.12)
2
Para a determinação de ∆λ, o equipamento é capaz de medir a diferença de fase (ϕ), que é a diferença na
unidade de ângulo do ângulo da REM de saı́da e o de chegada. Sabendo-se que um ciclo completo da onda em
graus, 360◦ equivale a um λ, então:
ϕ
360◦ λ,
se ϕ graus
∆λ = (6.13)
ϕ λ,
se ϕ rad
2π
sendo ϕ a mudança de fase da onda entre a onda emitida e a onda recebida (◦ ), em graus e radianos (Equação 6.13).
Na realizade, o MED, para medir a distância, trabalha com vária frequências. Assim pode-se obter o valor de n,
pois este númeto inicialmete é desconhecido, e a distância com precisão milimétrica.
λ7
REM de ida λ6
λ5
Prisma
λ4
λ7
λ3 λ8
λ2 d
λ9
λ1 λ 10
λ 11 REM de retorno
MED B
λ 12
∆λ
Fio de prumo
vertical em B
Fio de prumo
A
vertical em A
Figura 6.10
Determinação da DH e da DN por meio do MED.
Exemplo 6.7
Trabalhando com um medidor eletrônico de distância (MED) de frequência 1,4984 MHz estacionado em
um ponto e fazendo uma mira no prisma sobre outro ponto, foram obtidos os seguintes dados: um total
de número de comprimento de onda inteiro de 20 (n); e um ângulo de fase de 15◦ (ϕ). Considerando
η = 1,0003, calcule: a) o comprimento de onda (λ) para a frequência modulada emitida; b) a distância entre
o MED e o prisma.
Solução
α
DH = d sen z, (6.14) C b
linha horizontal E
ai DH
DH = d cos α. (6.15)
A
V = d cos z, (6.16)
V = d sen α. (6.17)
DN = V + ai − ap, (6.18)
em que: ai é a altura do equipamento (m), medida
vertical do centro da estação total (MED) ao ponto de
interesse; z é o ângulo zenital, α é o ângulo de inclinação; ap é a altura do primas (m). Normalmente, no bastão em
que o prisma é sustentado, há uma régua graduada, que é utilizada para as medidas de ap.
Nas estações totais, a DH pode ser obtido automaticamente. Já para a DN, deve-se inserir, via teclado, os
valores de ai e da ap, para que a estação total possa calculá-la. Quando é obtido um valor de DN positivo, o ponto
B, da posição do prisma, é mais elevado que o ponto A, posição da estação. Caso contrário, DN negativa, o ponto A
é o mais elevado. Logicamente, se a altitude de A for igual a de B, eles estão em uma mesma elevação, desta forma,
a DN entre A e B é zero. Considerações a respeito da influência da curvatura da terra e do efeito da refração serão
tratados no Capı́tulo 9, Secção 9.2.
Exemplo 6.8
De uma estação total estacionada no ponto 30, fez uma visada no ponto 31, onde se encontrava o prisma.
Sendo a ai = 1,60 m, ap = 2,000 m. As leituras obtidas no visor da estação foram: z = 95◦ 410 1000 ; d =
329,715 m. Calcular a DH e a DN entre os pontos 30 e 31.
Solução
Da Equação 6.14:
DH = d sen z = 329,715 sen 95◦ 410 1000 = 328,093 m.
Da Equação 6.18 e 6.16:
DN = d cos z − ai + ap = 329,715 cos 95◦ 410 1000 + 1,60 − 2,000 = −33,068 m.
Exercı́cios
6.1. A distância horizontal real do alinhamento AB é de 82,58 m; Este alinhamento, ao ser medido com uma trena
de comprimento nominal de 20,00 m, resultou em 82,42 m. Determinar o comprimento real da trena e o seu erro.
Resp.: comprimento real da trena = 20,039 m; erro = 0,039 m.
6.2. Um alinhamento foi medido com uma trena e obteve-se comprimento nominal de 27,95 m. Esta trena foi
aferida para trabalho à temperatura de 20◦ C e na tensão de 10 kg. Sabe-se que esta trena tem peso de 0,03967
kg/m, coeficiente de dilatação da trena de 0,000012◦ C−1 , módulo de elasticidade de 20.000 kg mm−2 e área de
seção transversal de 4,8 mm2 . Realizando um trabalho com esta trena à temperatura de 35◦ C, na tensão de 5 kg.
Calcular para este alinhamento:
a) o erro devido a temperatura;
b) o erro devido a tensão;
c) o erro devido a catenária;
d) qual seria o comprimento real da trena nestas condições de trabalho?
Resp.: a) 0,0050 m; b) −0,0015 m; c) −0,0573 m; d) 27,89 m.
6.3. Utilizando um teodolito estacionado no ponto T, fez-se uma visada ao ponto U, anotando as seguintes medidas:
z = 80◦ 300 000 ; ri = 0,500 m e rm = 1,765 m. Qual é a DHTU ?
Resp.: DHTU = 246,108 m.
6.4. Utilizando um teodolito estacionado no ponto 5 de altitude de 806,501 m com ai = 1,72 m, fez-se uma visada
ao ponto 6, anotando as seguintes medidas: z = 92◦ 210 3000 ; ri = 0,500 m; rm = 1,543 m; rs = 2,586 m. Qual é
DH56 e a altitude do ponto 6?
Resp.: DH56 = 208,247 m; altitude de 6 é de 798,102 m.
6.5. Considere um feixe de radiação eletromagnética, emitida por uma estação total, com frequência de 24,5 MHz.
O ı́ndice de refração atmosférico, η, é de 1,0003. Responda:
6.6. Trabalhando com um medidor eletrônico de distância (MED) de frequência 14,9896 MHz estacionado em um
ponto e fazendo uma mira no prisma sobre outro ponto, foram obtidos os seguintes dados: um total de número de
comprimento de onda inteiro de 34 (n); e um ângulo de fase de 115,7◦ (ϕ). Considerando η = 1,0, Calcule:
a) o comprimento de onda (λ) para a frequência do equipamento;
b) a distância entre os pontos.
Resp.: a) 20,000 m; b) 343,208 m.
6.7. De uma estação total estacionada no ponto Q, fez uma visada no ponto R, onde se encontrava o prisma. Sendo
a ai = 1,60 m, ap = 3,000 m. As leituras obtidas no visor da estação foram: z = 81◦ 40 3000 ; d = 129,715 m. Calcular
a DH e a DN entre os pontos Q e R.
Resp.: DHQR = 128,144 m e DNQR = 18,724 m.
Sumário
7.1 Medidores de ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
7.2 Ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2.1 Alinhamento de vante e ré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2.2 Medição do ângulo horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.2.3 Ângulos horizontais à direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.4 Ângulos de deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7.2.5 Meridiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
7.2.6 Azimute . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7.2.7 Rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
7.2.8 Conversão de azimutes em rumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.2.9 Erro angular de fechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.2.10 Cálculo do azimute a partir dos ângulos internos à direita . . . . . . . . . . . . . . 106
7.2.11 Cálculo do azimute a partir da deflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.2.12 Cálculo do azimute a partir das coordenadas retangulares . . . . . . . . . . . . . . 109
7.2.13 Medidas de azimute em campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.2.14 Declinação magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.3 Ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
7.3.1 Medição do ângulo vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Na topografia, são utilizados bússolas, teodolitos ótico mecânicos, teodolitos eletrônicos e estações totais para a
medição dos ângulos. Os ângulos que se podem medir com estes equipamentos são de dois tipos, o horizontal e
o vertical, exceção da bússola, onde pode-se medir apenas ângulos horizontais. Nos teodolitos eletrônicos e nas
CAPÍTULO 7. ÂNGULOS 7.1. MEDIDORES DE ÂNGULOS
estações totais, os ângulos são medidos eletronicamente, podendo-se armazená-los automaticamente na memória
do equipamento. Já nos teodolitos ótico mecânicos, tem-se que fazer a leitura do ângulo no cı́rculo horizontal e
vertical graduado (limbo), anotando-a na caderneta de campo.
Na Figura 7.1 é apresentado um esquema dos limbos vertical e horizontal de um teodolito ótico mecânico.
Quando o equipamento está nivelado sobre um ponto, o seu eixo vertical coincide com a linha da vertical do
lugar, contendo o ponto estacionado e o centro ótico do equipamento (O). O cı́rculo horizontal é normal ao eixo
vertical. Já o cı́rculo vertical, tem direção paralela ao eixo vertical e o seu centro coincide com o eixo horizontal do
instrumento. Na maioria dos nossos equipamentos, os ângulos são medidos na unidade de graus, de 0◦ a 360◦ , no
sentido horário. O 0◦ do cı́rculo horizontal, pode ser fixo em qualquer direção, ficando independente do movimento
da luneta. Com o cı́rculo horizontal, o ângulo horizontal entre dois pontos qualquer pode ser medido (α), onde os
procedimentos para a sua medição são apresentados na Secção 7.2.2.
l
tica
ver
la no
P
ite l
ica iva
Zên o vert jet
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l
ta
on
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◦ Cı́r cu
270
90◦ ◦
180
l
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or
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C
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P
270◦
Lin
ha
ver
a dir tica
N l
Figura 7.1
Esquema de um teodolito com os cı́rculos vertical e horizontal.
Com relação ao ângulo vertical, quando o equipamento está nivelado, o 0◦ do cı́rculo vertical tem direção do
zênite ou do plano horizontal que passa pelo centro ótico da luneta, respectivamente, ângulo zenital e de inclinação
(z). Maiores informações sobre os ângulos verticais podem ser encontrados na secção 7.3, página 116.
0
α = 299◦ 480 5400 − 200◦
50
31
α = 99◦ 480 5400
60
30
Vi
sad
290
ad
70
ev
an
280
te
80
270 A
90
260
100
ré
250
110
a de
0
12
α
24
0
d
0
13
Visa
23
0
0 14
22 0
0 15
21 0
160
200 170
190 180
Figura 7.2
Leitura do ângulos internos EAB. E, ré = 200◦
(1996) na medição de ângulos. Para outros métodos, pode-se consultar, Loch e Cordini (1995), Gonçalves, Madeira
e Souza (2008) e Wolf e Ghilani (2004).
Considere os alinhamentos apresentados na Figura 7.2. O método das direções tem as seguintes etapas quando se
trabalha com estação total:
Pn Pn
Lvante ré vante ré
(αPD,i + αPI,i ) i=1 PD,i − LPD,i + LPI,i − LPI,i
ᾱ = i=1
= (7.1)
2n 2n
Na Figura 7.3 é apresentado um exemplo de cálculo de um ângulo horizontal entre dois alinhamentos pelo
método das direções. São realizadas duas repetições, com a luneta na posição direta e inversa. Na posição direta,
o ângulo horizontal no ponto de ré foi zerado, o mesmo não acontecendo quando a posição era a inversa. Se
trabalhando com estação total, o ângulo horizontal no ponto de ré, quando a luneta está na posição inversa, também
poderia ter sido zerado. Este último procedimento, zerar o ângulo horizontal no ponto de ré quando a luneta está
na posição inversa, não é realizado quando utiliza-se o teodolito do tipo ótico mecânico. Uma vez que o método
das direções visa medir os ângulos horizontais em diferentes posições do limbo destes equipamentos. Para maiores
informações, consultar NBR13133 (1996, página 3).
I II III IV V VI
Hz α
estação luneta repetição PV o ’ ” o ’ ”
A 0 0 0
1 121 51 13
C 121 51 13
PD
A 0 0 0
2 121 51 24
C 121 51 24
B
A 180 0 12
1 121 51 20
C 301 51 32
PI
A 180 0 8
2 121 51 31
C 301 51 39
soma 487 25 28
÷4
N média, α = 121 51 22
C
A coluna I corresponde à estação; a II à posição
da luneta, se posição direta (PD) ou posição in-
versa (PI); a III é o número de repetições em
α cada posição da luneta; a IV é o ponto de visada;
B
a V é a leitura do ângulo horizontal (Hz); a
VI é o ângulo, α, de cada repetição, dado pela
diferença entre vante e ré. Na última linha é
apresentada a média das 4 repetições (α).
A
Figura 7.3
Exemplo de anotações para medida de ângulo pelo método das direções.
Pode-se observar que o ângulo de deflexão pode ser à direita (deflexão à direita, DD) ou à esquerda (deflexão à
esquerda, DE), se o alinhamento é medido à direita ou à esquerda do prolongamento anterior, respectivamente.
Os ângulo de deflexão têm variação de 0◦ a 180◦ . As medidas de ângulos de deflexão são as mais utilizadas para
a locação de estradas, dutos, canais de irrigação, etc. Em algumas estações totais, é possı́vel configurá-la para
trabalhar com este tipo de ângulo.
A
11
0
8 3 7 50 0 0
0
◦
C
00
0
4
142 50 01
◦
◦
E
82 47 02 0 0
Legenda
D Estação de controle
Piquete - Estação de levantamento
Distância medida
Ângulo medido
3 5
2 (DD)
4 Figura 7.4
(DE) (DE) Exemplo de poligonais medidas por ângulos inter-
nos à direita (a) e por de deflexão (b). DD é a de-
flexão à direita e DE deflexão à esquerda.
7.2.5 Meridiano
Em um levantamento topográfico, tem-se que definir qual é a referência de meridiano que se vai utilizar, podendo
ser:
a) o meridiano astronômico: é a linha que passa pelos pólos geográficos da terra (Secção 3.3), é determinado
usualmente por medidas astronômicas;
b) o meridiano geodésico: é a linha gerada pela intersecção do elipsóide de revolução com o plano que passa pelos
seus pólos (Secção 3.3). Atualmente com o GNSS (Secção 4.2), a sua definição em campo tornou-se de fácil
obtenção;
c) o meridiano magnético: é o plano vertical que passa pelo eixo da agulha magnetizada livre, com apoio apenas
no seu centro. Por exemplo, a direção norte-sul dada por uma bússola, é a direção do meridiano local (Secção
7.2.14);
e) o meridiano hipotético: é aquele estabelecido em campo, sem relação com os apresentados acima. Deve ser
evitado, uma vez que, no futuro, pode tornar difı́cil ou até impossı́vel aviventar o levantamento. Sugere-se,
caso se utilize este tipo, a construção de marcos nos pontos que foram utilizados para a sua definição. Desta
forma, seria possı́vel a aviventação dos alinhamentos no futuro.
7.2.6 Azimute
O azimute (Az) de um alinhamento é o ângulo horizontal entre o meridiano e o alinhamento, medido no sentido
horário. As medidas de azimute iniciam no norte do meridiano, variando de 0◦ a 360◦ . O meridiano pode ser
quaisquer dos apresentados na secção 7.2.5.
O azimute quando medido do começo para o final do alinhamento é denominado azimute de vante. Na Figura
7.5a são observados os azimutes de vante OA, OB, OC OD, respectivamente, de 45◦ , 160◦ , 230◦ e 300◦ .
O azimute de ré do alinhamento OA (vante) é o azimute de AO, ou seja, quando o azimute do alinhamento
é medido do final para o inı́cio do alinhamento. Quando se conhece o azimute de vante um alinhamento, o seu
azimute de ré pode ser calculado: i) subtraindo-se o azimute de 180◦ se ele estiver entre 180◦ e 360◦ ou; ii) somando-
se ao azimute 180◦ , se ele estiver 0◦ e 180◦ . Na Figura 7.5b é apresentado o alinhamento OA com azimute de vante,
45◦ , e o seu azimute de ré, AO, de 225◦ (180◦ + 45◦ ).
N Azimute de ré
A A
N
225◦
Azimute OA
D
S
45◦
45◦
160◦ O
O
230◦ S
S
300◦
C B
Figura 7.5
Exemplo de azimutes de vante (a) e ré do alinhamento OA (b).
7.2.7 Rumo
O rumo de um alinhamento é o menor ângulo que ele faz com o meridiano, logo, nunca é maior que 90◦ . A medição
dele começa no norte ou sul do meridiano, medindo-se à direita ou à esquerda, caso o alinhamento se encontre à
leste (E) ou à oeste (W) do meridiano, respectivamente. Para a sua adequada descrição, além do ângulo, deve-se
constar o quadrante na qual o alinhamento se encontra, nordeste (NE), sudeste (SE), sudoeste (SW) ou noroeste
(NW). O meridiano pode ser o geodésico, da quadrı́cula, hipotético, etc.
Chama-se de rumo de vante, quando o mesmo é medido do inı́cio do alinhamento para o final. Na Figura 7.6a
são observados exemplos de medidas de direção utilizando o rumo de vante. Observe que os alinhamentos estão
nas mesmas direções e sentidos do exemplo apresentado para o azimute na Figura 7.5a.
O rumo de ré OA é o rumo AO, ou seja, quando mede-se o rumo do fim do alinhamento para o começo. Os
valores dos rumos de ré também são menores que 90◦ , e deve-se informar o quadrante em que se encontra. O rumo
de ré é de fácil determinação, o valor angular é o mesmo e o quadrante, o oposto. Na Figura 7.6b é apresentado o
rumo de ré do alinhamento OA, 45◦ SW.
N
NW N NE
A N A
45◦ NE
60◦ NW 45◦ NE
D
45◦ SW (rumo de ré)
O S
W E
O
S
C 20◦ SE
Figura 7.6
50◦ SW
Exemplo de rumos de vante (a) e ré B
do alinhamento OA (b). SW S SE
Para fazer a conversão de azimute para rumo basta verificar o quadrante em que se encontra o alinhamento e aplicar
a regra da Equação 7.2. Note que para o rumo, deve-se acrescentar o quadrante em que se encontra o alinhamento.
Exemplo 7.1
Dados os azimutes dos alinhamentos: 12 = 37◦ 400 , 23 = 122◦ 150 , 34 = 257◦ 300 e 45 = 290◦ 100 . Calcular o
rumo.
Solução
Na Figura a seguir é apresentada a solução.
N 2 N
Az23 = 122◦ 150 , logo,
R23 = 180◦ − 122◦ 150
R23 = 57◦ 450 SE
Legenda
Azimute 2
1
Rumo Az12 = 37◦ 400 , logo,
R12 = 37◦ 400 NE
3
S S
N N
◦ 0
Az34 = 257 30 , logo, Az45 = 290◦ 100 , logo,
R34 = 257◦ 300 − 180◦ 5 R45 = 360◦ − 290◦ 100
R34 = 77◦ 300 SW R45 = 69◦ 500 SW
3 4
4
S S
Exemplo 7.2
Calcular o erro angular de fechamento da poligonal fechada da Figura 7.4a (pg. 100). Se o levantamento foi
realizado para estudos de viabilidade em projetos de engenharia, pergunta-se, o erro angular de fechamento
estaria dentro da tolerância estabelecida pela NBR13133?
Solução
Para a poligonal em questão, temos 5 lados, n = 5, então somatório de ângulos internos teórico é 540◦ ,
(5 − 2)180◦ . O somatório dos ângulos internos medidos é:
Vértice ^ medido
A 99◦ 480 5400
B 95◦ 550 1500
C 118◦ 370 5000
D 82◦ 470 200
E 142◦ 500 1400
Σ = 539◦ 590 1500
Desta forma, o erro angular de fechamento é de −4500 (539◦ 590 1500 − 540◦ ). Se o levantamento fosse para
√
estudos de viabilidade em projetos de engenharia, Tα ≤ 4000 n = 8900 . Como o erro do levantamento é
menor, considerando valor absoluto (| − 4500 |), pode-se concluir que o erro nas medições dos ângulos da
poligonal estão dentro do limite estabelecido pela NBR13133, podendo-se realizar a compensação.
Exemplo 7.3
Distribuir o erro angular de fechamento da poligonal fechada da Figura 7.4a (pg. 100) pelo método linear.
Solução
Na tabela a seguir, é apresentado o resultado da compensação. Na coluna I estão os ângulos horizontais
medidos em cada um dos vértices; na II o erro médio e na III, o ângulo interno compensado (I + II). Com
o erro angular de fechamento de −4500 (ver exemplo 7.2), e sendo a poligonal de cinco lados, temos o erro
médio de 900 (4500 /5). Note que, como o somatório dos ângulos medidos foi menor do que o teórico, então
deve-se somar 900 a cada um dos vértices. Caso contrário, o somatório das medidas angulares maiores que
o teórico, deve-se subtrair.
Para os cálculos das coordenadas parciais, é necessário determinar os azimutes ou rumos dos alinhamentos. Nor-
malmente, nos cálculos, trabalha-se com valores de azimute, uma vez, que os sentidos das coordenadas parciais dos
alinhamentos são dados diretamente. Já, com os rumos, temos que estabelecer os sentidos dos alinhamentos, por
exemplo, se estão com sua projeção sobre o eixo-x, à direita ou à esquerda, respectivamente, E ou W, do meridiano
utilizado.
Quando o ângulo horizontal é medido para a direita, o cálculo do azimute de um alinhamento é dado pelo
azimute de ré do alinhamento anterior mais o ângulo à direita. O azimute de ré, como já apresentado, é o azimute de
vante ±180◦ . Na Figura 7.7 é apresentado graficamente o cálculo dos azimutes dos alinhamentos para a poligonal
da Figura 7.4 (página 100). Para esta solução optou-se por calcular os azimutes de ré subtraindo 180◦ , sendo que
não mudaria em nada os valores dos azimutes calculados se utilizasse a soma de 180◦ . Note que os ângulos internos
utilizados são os compensados (ver Exemplo 7.3), e o azimute do alinhamento AB é conhecido (299◦ 80 1900 ). Para o
azimute do alinhamento BC temos:
• o azimute do alinhamento anterior, AB, é conhecido, logo o seu azimute de ré, BA, é dado subtraindo do
azimute AB de 180◦ , isto é, AzBA = 299◦ 80 1900 − 180◦ = 119◦ 80 1900 ;
• para se calcular AzBC , basta somar o AzBA ao ângulo interno medido em B, AzBC = 119◦ 80 1900 + 95◦ 550 2400 =
215◦ 30 3400 .
O procedimento acima é repetido para os demais vértices. Um ângulo negativo indica que o ângulo está sendo
contado no sentido anti-horário. Quando o azimute calculado for menor que 0◦ ou maior que 360◦ , deve-se somar
ou subtrair 360◦ , respectivamente. Se a poligonal for fechada ou apoiada em vértices de controle, ao final dos
cálculos deve-se confrontar os azimute calculado com: o azimute inicial, se a poligonal for fechada em um ponto
ou; o azimute do alinhamento de controle final, quando a poligonal for aberta e apoiada ao final. Na Tabela 7.1 são
apresentados os cálculos quando os dados estão tabelados.
N
Cálculo do AzCD A
z
AB
Cálculo do AzBC B
= 215
N
◦
3
0
Az 4300
B
C
N
Az
=
B
A 35◦ 30 4300
11
=
9
11
◦
8 1 9 + 95 ◦5
9 8 9
0
◦ 01 00
B N 35◦ 30 4300
00
11
AzCD = 35◦ 30 4300 + 118◦ 370 5900
8 37 59 0 0
◦
95◦ 550 24
00
C AzCD = 153◦ 410 4200
0
50
2
4
= 00
A z AB =
21
5 3
◦ 0 4 3 00 A
00
0 9
81
00 29
9 8 19
◦ 0
◦
9
11
C
Cálculo do AzEA A
Cálculo do AzDE
N N
Az AzEA = −123◦ 310 700 + 142◦ 500 2300
C
D
AzEA = 19◦ 190 1600
=1
00
AzDE = −26◦ 180 1800 + 82◦ 470 1100
53 41 042 0
7
C 00
31 0
23
◦
0
AzDE = 56◦ 280 5300
−123 ◦
50
142 ◦
0
N
N E
E
◦ AzDE = 56◦ 280 5300
8 2 4 7’1
−26◦ 180 1800 1’
D
’
−123 ◦
D
31 0
7
00
0 00
◦
49 3
A
◦
99
E
0 40 0
◦
44
00
Figura 7.7
Cálculo dos azimutes utilizando ângulos internos.
Vértice ^ compensado Az
A 99◦ 490 300 AzAB = 299◦ 80 1900 (conhecido)
B 95◦ 550 2400 AzBC = 299◦ 80 1900 − 180◦ + 95◦ 550 2400 = 215◦ 30 4300
C 118◦ 370 5900 AzCD = 215◦ 30 4300 − 180◦ + 118◦ 370 5900 = 153◦ 410 4200
D 82◦ 470 1100 AzDE = 153◦ 410 4200 − 180◦ + 82◦ 470 1100 = 56◦ 280 5300
E 142◦ 500 2300 AzEA = 56◦ 280 5300 − 180◦ + 142◦ 500 2300 = 19◦ 190 1600
Verificação
A 99◦ 490 300 AzAB = 19◦ 190 1600 − 180◦ + 99◦ 490 300 = −60◦ 510 4100 = 299◦ 80 1900
Tabela 7.1
Tabela de cálculo dos azimutes do exemplo da Figura 7.4a. Os ângulos internos são os compensados (Exemplo 7.3).
No que diz respeito ao cálculo dos rumos, já foi dito anteriormente que é preferı́vel trabalhar com os ângulos
de azimute devido a facilidade na computação das projeções dos alinhamentos. Todavia, o cálculo do rumo é
realizado de maneira similar aos do azimutes. Devendo-se considerar o rumo anterior e o ângulo interno medido.
Outra possibilidade para determinação do rumo, seria calcular o azimute e posteriormente converter para rumo,
conforme Secção 7.2.8.
A poligonal aberta da Figura a seguir foi medida por meio das deflexões, sendo que os azimutes inicial
e final, respectivamente, O1 e 5P, são conhecidos. Calcular o erro angular de fechamento e compensar os
azimutes pelo método linear.
1
11
0 5 0
3 5
O1
2
AZ
O
P5
=
4
14
Solução
O erro angular de fechamento será determinado comparando o azimute final do alinhamento 5P calculado
com o conhecido. As deflexões são apresentadas na coluna I. Os azimutes são calculados somando ou sub-
traindo do azimute anterior a deflexão à direita ou à esquerda, respectivamente (II). O primeiro azimute O1
que é conhecido não é calculado no inı́cio, só no final, para avaliação do erro angular. O erro encontrado,
depois de calculados os azimutes com os ângulos de deflexões medidos, é de 3500 a mais no azimute final
calculado (ver três últimas linhas da Tabela). Desta forma, a compensação linear a ser aplicada em cada de-
flexão é de −700 , média do erro angular. Para evitar de se fazer novamente os cálculos dos azimutes com as
deflexões compensadas, aplica-se diretamento nos azimutes calculados a compensação do erro médio acu-
mulado (III). Observe que depois da compensação aplicada, o valor de azimute calculado do alinhamento
final (5P) deve ser igual ao valor conhecido (IV).
Deflexão
Alin. Cálculo do Az Compensação Az comp
medida
(I) (II) (III) (IV)
O1 Azimute conhecido 20◦ 510 1600
12 123◦ 210 5200 (DD) 20◦ 510 1600 + 123◦ 210 5200 = 144◦ 130 800 −700 · 1 = −700 144◦ 130 100
23 71◦ 470 2500 (DE) 144◦ 130 800 − 71◦ 470 2500 = 72◦ 250 4300 −700 · 2 = −1400 72◦ 250 2900
34 49◦ 340 3600 (DD) 72◦ 250 4300 + 49◦ 340 3600 = 122◦ 00 1900 −700 · 3 = −2100 121◦ 590 5800
45 76◦ 380 4200 (DE) 122◦ 00 1900 − 76◦ 380 4200 = 45◦ 210 3700 −700 · 4 = −2800 45◦ 210 900
5P 99◦ 230 1100 (DD) 45◦ 210 3700 + 99◦ 230 1100 = 144◦ 440 4800 −700 · 5 = −3500 144◦ 440 1300
Az5P calculado 144◦ 440 4800
Az5P conhecido −144◦ 440 1300
erro=3500
Exemplo 7.5
Dadas as coordenadas UTM, levantados com receptor GNSS, dos pontos A, B, E e F, calcular os azimutes e
rumos dos alinhamentos AB e EF.
A (E = 485 631 m; N = 7 702 079 m);
B (E = 485 701 m; N = 7 701 980 m);
E (E = 485 191 m; N = 7 702 043 m);
F (E = 485 231 m; N = 7 702 148 m).
Solução
Alinhamento AB
AzAB = α + 90◦
N ∆y
AzAB = arctan + 90◦
∆x
7 702 079 − 7 701 980
AzAB = arctan + 90◦
Az 485 701 − 485 631
99
A AzAB = arctan + 90◦
α 70
∆y AzAB = 144◦ 440 1300
No quadrante SE o rumo a partir do azimute será:
RumoAB = 180◦ − 144◦ 440 1300
∆x RumoAB = 35◦ 150 4700 SE
B
Alinhamento EF
∆x
N AzEF = arctan
∆y
∆x 485 231 − 485 191
F AzEF = arctan
7 702148 − 7 702 043
Az 40
AzEF = arctan
∆y 105
AzEF = 20◦ 510 1600
No primeiro quadrante o rumo será igual ao azimute:
RumoEF = 20◦ 510 1600 NE
E
14
2 7 30 0 0
AC, conforme apresentado na Figura ao lado. A metodologia a ser seguida
◦ 0
é, estacionar e nivelar o equipamento em A. Faz-se uma visada em B onde, A
via teclado, o ângulo horizontal de 142◦ 70 3000 é digitado para este ponto, caso
Az
=
se trabalhe com estação total. Desta forma, estabelecemos em campo o az-
29
2
imute de AB. Com teodolito, tal procedimento também é possı́vel por meio 2
50
0
◦
00
dos parafusos que prendem e soltam o movimento do limbo ao equipamento.
Uma vez que a direção AB é estabelecida, quando rodando a luneta horizon- B
talmente, o ângulo horizontal mostrar 0◦ 000 0000 , teremos a direção norte, neste
caso, o norte da quadrı́cula. Para o nosso exemplo, que é o de medir o azimute AC, basta fazer uma visada pre-
cisa em C onde, o ângulo horizontal apresentado na tela da estação total corresponderá ao valor do azimute AC
(292◦ 500 200 ).
Se o equipamento estiver nivelado e centralizado em B, pode-se fazer uma visada para A. Como o azimute AB
é conhecido, então o seu azimute de ré, BA, também é, sendo igual a 322◦ 70 3000 (142◦ 70 3000 + 180◦ ). Este valor é
inserido para o ângulo horizontal. Mais uma vez, agora em B, quando o ângulo horizontal for 0◦ 000 0000 , correspon-
derá a direção do norte da quadrı́cula. Desta forma, as medidas de ângulo horizontal a partir de B corresponderão
aos azimutes. Tal procedimento, de mudança de estação e medição dos azimutes a partir do anterior, pode ser
realizada para se fazer o levantamento de uma poligonal qualquer. No caso dela ser fechada, como no exemplo da
Figura 7.4, página 100, deve-se repetir a medida do alinhamento inicial, objetivando o calculo do erro angular de
fechamento.
têm como objetivo aviventar para o presente os alinhamentos medidos no passado, em relação ao norte magnético,
deverá encontrar, por exemplo, a direção do norte verdadeiro do alinhamento. Isto é possı́vel através do conheci-
mento da declinação magnética nas diferentes datas.
A declinação magnética é o ângulo formado entre o norte geodésico e o norte magnético local. Quando o norte
magnético se encontra à direita do norte geodésico, a declinação magnética é positiva e podemos abreviar pela
letra “E” (este). Por outro lado, quando o norte magnético encontra-se à esquerda do norte geodésico, a declinação
magnética é negativa, ou pode-se utilizar a letra “W” de west (oeste). Na Figura 7.8 temos a apresentação da
declinação magnética de −19◦ para o ano de 2000, em uma posição próxima a Brası́lia.
u u u u u u
u u u u u u
Figura 7.8
Representação gráfica da declinação magnética na região central do Brasil para o ano de 2000.
Exemplo 7.6
O azimute magnético do alinhamento AB é de 230◦ 230 . Sabendo-se que a declinação magnética local é
−21◦ 90 , calcular o azimute verdadeiro deste alinhamento.
Solução
δ AB =
Azverda = Azmag + δAB
Azverda = 230◦ 230 − 21◦ 90
−21
Azverda = 209◦ 140 .
◦ 90
Az m
a g =230
A
Azve
rd
23
◦
0
a=
?
B
A variação temporal da declinação magnética, denomina-se de variação secular. Um exemplo da variação sec-
ular da declinação magnética, logo, também, da variação temporal do norte magnético, é apresentado na Figura
7.9. Os valores da declinação magnética são para a cidade do Rio de Janeiro, baseados na Referência do Campo
Geomagnético Internacional (IGRF, International Geomagnetic Reference Field). Em 1590, a declinação magnética era
de +13◦ 220 . Com o passar dos anos, ela foi gradualmente se deslocando para a esquerda, sendo que em 1800 era
de +5◦ 130 , e em julho de 1853 era de 0◦ . A declinação magnética continua se deslocando para a esquerda, em
2016 é de −22◦ 440 . Note que, a forma da seta que apresenta a direção da declinação magnética é representada de
maneira distinta, quando está a este é desenhada apenas a ponta direita, enquanto se a oeste, a ponta esquerda. Esta
nomenclatura é utilizada, por exemplo, nas cartas do IBGE.
NG NG NG NG
13 22 0
5 13 0
δ=
δ=+ ◦
δ=+ ◦
−22
◦ 44
0
NM NM NM
NM
δ = 0◦
Figura 7.9
Variação temporal da declinação magnética (δ)
para o Municı́pio do Rio de Janeiro. Dados do
1590 1800 Julho de 1853 2016 modelo IGRF.
Linha isogônica se refere ao conjunto de pontos ligados por linhas onde a declinação magnética tem o mesmo
valor em determinada época. Elas mostram a variação espacial da declinação magnética. Na Figura 7.10 são apre-
sentadas linhas isogônicas para o Brasil, ano de 2000, segundo o IGRF. Neste ano a declinação magnética no Brasil
variou de aproximadamente −23◦ a −3◦ , costa leste e oeste do estado do Acre, respectivamente. A linha isogônica
de 0◦ , direção do norte geográfico igual a do norte magnético, é denominada de linha agônica.
◦ ◦ −18◦
−16◦−17 −18
−15◦
−14◦
−13◦
−19◦
−12◦
−11◦
−10◦ −20◦
−9◦
−8◦ −21◦
−7◦
−6◦ −22◦
−5◦
−4◦
−3◦ −23◦
−1◦ ◦
−2
Figura 7.10
Linhas isogônicas em 2000
para a região do Brasil se-
gundo IGRF.
Uma linha isopórica consiste nos pontos de mesma variação anual da declinação magnética em determinada
época. Ela apresenta a variação secular da declinação magnética. Na Figura 7.11 são apresentadas linhas isopóricas
para o Brasil no ano de 2000. A unidade das linhas isopóricas são de minutos por ano. Quando uma linha isopórica
é negativa, a declinação magnética está se movendo para oeste (W), e positiva para este (E). No ano de 2000, as
maiores variações anuais da declinação magnética ocorre no oeste do Brasil, com uma variação próxima de −90 /ano.
No nordeste se encontrava a linha isopórica de 00 /ano, ou seja, a variação anual de declividade magnética foi zero.
Além da variação espacial e da variação secular da declinação magnética, pode-se citar:
• a variação diária, é aquela em que ocorre ao longo de 24 horas. Ela é regular, ou seja, se repete a cada 24 horas.
Ocorre devido à correntes elétricas na alta ionosfera (região acima dos 100 km) variar ao longo de 24 horas. A
variação da declinação magnética ao longo de 24 horas é pequena, por exemplo, em Hartland, Reino Unido,
verificou-se variação de aproximadamente 180 (SURVEY, 2015). Já para os Estados Unidos, a variação é de
aproximadamente 80 ao longo de 24 horas (WOLF; GHILANI, 2004);
• a variação irregular, é uma variação imprevisı́vel. Pode ocorrer devido ao distúrbio das tempestades solares
ao campo magnético da terra; ou por efeito de proximidade de materiais metálicos ou de correntes elétricas
locais, como àquelas que são geradas por fios de alta tensão. Embora imprevisı́vel, as tempestades solares
tem uma frequência de aproximadamente 11 anos. Segundo Wolf e Ghilani (2004) estas perturbações na
declinação magnética são pequenas, de cerca de um grau ou mais.
Por meio de interpolação das linhas isopóricas, pode-se encontrar a variação anual da declinação magnética para
uma posição geográfica de interesse. O valor da variação encontrada, pode ser utilizada em conjunto com a
declinação magnética local, para encontrar a declinação magnética em anos anteriores ou posteriores. Todavia, isto
não se faz necessário atualmente, devido à disponibilidade na internet de dados de declinação magnética para difer-
entes posições geográficas e épocas. Clicando aqui você será encaminhado para o site da NOAA (Administração Na-
cional Oceânica e Atmosférica, National Oceanic and Atmospheric Administration), onde poderá consultar a declinação
magnética para todo globo terrestre e para diferentes perı́odos, tendo os seguintes modelos disponı́veis: i) o Mod-
elo Magnético Mundial (World Magnetic Model, Chulliat et al. (2014)); ii) o Campo Magnético Melhorado (EMM,
Enhanced Magnetic Model)); iii) e o IGRF.
−8′
−9′
Figura 7.11
Linhas isopóricas em 2000 para a região segundo o IGRF.
7′
Exemplo 7.7
Na página da NOAA (clique aqui) é possı́vel encontrar os valores da declinação magnética do modelo
IGRF. Por meio dela, calcular a variação da declinação magnética para a cidade de Vitória, Espı́rito Santo
(φ = −20◦ 190 1000 , λ = −40◦ 200 1600 ), entre o perı́odo de 1/Jan/1960 e 1/Jan/2014.
Solução
δ 1/jan
/19
60
δ 1 /j
=−
an
18 , 6
/2
01
NG
5◦
=
−2
∆δ = δ1/jan/2014 − δ1/jan/1960
4
◦
Vitória
Uma vez que um alinhamento teve a sua direção determinada com referência ao norte o magnético, o seu
azimute ou rumo é dito como sendo magnético. Conhecendo o azimute ou rumo magnético de um alinhamento é
possı́vel, por meio da declinação magnético da época, encontrar seu azimute ou rumo verdadeiro. Considerando o
sinal negativo para declinação oeste (W) e positiva para a declinação à leste (E), o azimute verdadeiro é dado pelo
azimute magnético mais a declinação magnética da época do levantamento (ver Exemplo 7.6).
Muitas vezes no processo de aviventação de uma área levantada no passado, tem-se que encontrar novamente
a direção dos respectivos alinhamentos em campo no presente. Se os alinhamentos tiveram suas direções obtidas
com a referência do norte magnético, na época da aviventação, tem-se que fazer suas atualização, considerando a
mudança da direção do norte magnético entre as duas épocas. Mais uma vez, tal procedimento é possı́vel, por meio
da aplicação da variação de declinação magnética entre as épocas aos azimutes ou rumos magnéticos medidos no
passado (ver Exemplo a seguir).
Exemplo 7.8
Na região de Umuarama, PR, o alinhamento BC teve o seu azimute magnético medido de 153◦ 410 3000 em
10/12/1967. Qual é o azimute magnético deste alinhamento se você estivesse locando em campo este
mesmo alinhamento em 4/5/2014?
Solução
δ10/12/1967
δ 4/ 5/
Para a localização geográfica de Umuarama,
201
= −9 52
4
segundo o IGRF, verifica-se que a declinação
=−
◦ ′
17 2 magnética em 10/12/1967 e 4/5/2014 era de,
◦ NG
′
respectivamente, −9◦ 52′ e −17◦ 2′ . Logo, ∆δ no
perı́odo:
∆δ
∆δ = −17◦ 2′ − −9◦ 52′ = −7◦ 10′
O azimute magnético BC em 4/5/2014 é:
A Azmag(4/5/2014) = Azmag(10/12/1967) + |∆δ|
A z ma Azmag(4/5/2014) = 153◦ 41′ 30′′ + 7◦ 10′
z ma
g
(1
0 Azmag(4/5/2014) = 160◦ 51′ 30′′ .
g ( 4/
/1
2/
5/ 14)
6 7)
B
= 1 5 3◦
=?
41 ′
30
′
O ângulo vertical é o ângulo medido no plano vertical. Quando a origem das medição do ângulo vertical for o
zênite1 , o ângulo vertical é denominado de ângulo zenital (z). Caso a origem seja o plano horizontal, o ângulo
vertical é de inclinação (α) (Figura 7.12). Os ângulos verticais medidos de estações totais e teodolitos são utilizados,
por exemplo, para calcular diferenças de nı́vel e reduzir a distância inclinada para distância horizontal. A maior
parte dos teodolitos utilizam o ângulo vertical do tipo zenital. De modo geral, as estações totais têm a opção de se
trabalhar com ângulo vertical tipo zenital ou de inclinação.
Prisma
ap
Zenite
z
α
b
linha horizontal
ai
Figura 7.12
Ângulo vertical zenital (z) e de inclinação (α). As abreviações “ai” e “ap”, correspondem, respectivamente, a altura do
instrumento e a altura do prisma, necessárias para calcular a diferença de nı́vel.
A variação do ângulo zenital é de 0◦ a 360◦ . Se o ângulo zenital é de 0◦ , a luneta se encontra na direção contrária
a vertical do lugar, ou seja, na direção do zênite. Na medida em que a luneta, é inclinada na direção do horizonte,
quando o ângulo for de 90◦ , conterá o plano horizontal. Quando ela estiver na posição da vertical do lugar, direção
do nadir, o ângulo será de 180◦ . A luneta está na posição direta quando o ângulo zenital está entre 0◦ e 180◦ . Quando
o ângulo zenital for de 270◦ a luneta estará novamente no plano horizontal, até que, se novamente a luneta estiver
no zênite, o ângulo vertical medido será de 360◦ ou 0◦ . A posição inversa da luneta ocorre quando o ângulo zenital
estiver entre 180◦ e 360◦ .
Já o ângulo de inclinação tem variação de 0◦ a +90◦ se a visada for ascendente e, de 0◦ a −90◦ se a visada for
descendente. A Tabela 7.2 apresenta a relação entre o ângulo zenital, o de inclinação, o tipo de visada, se ascendente
ou descendente, e a posição da luneta.
Para reduzir os erros causados pelas medições dos ângulos verticais, ao invés de se realizar apenas uma medida,
sugere-se realizar pares de medidas, com a luneta na posição direta e inversa, calculando-se o valor médio das
medidas. Tem-se que o ângulo zenital médio na direção direta (z̄d ) é dado por:
em que: Σzd é o somatório das medidas de z na posição direta; Σzi é o somatório das medidas de z na posição
indireta; n é o número de pares de medidas de zd e zi .
Exemplo 7.9
Calcule o ângulo zenital médio a partir dos quatro pares de medidas de ângulo zenital, respectivamente, na
posição direta e inversa da luneta:
1) 111◦ 320 4400 e 248◦ 270 500 ;
2) 111◦ 320 4000 e 248◦ 270 1100 ;
3) 111◦ 320 3700 e 248◦ 270 1100 e;
4) 111◦ 320 3900 e 248◦ 270 1300 .
Solução
Os dados podem ser organizados conforme a tabela abaixo. Nela são apresentados os somatórios dos
ângulos zenitais nas posições direta e inversa.
Medida zd zi
1 111◦ 320 4400 248◦ 270 500
◦ 0 00
2 111 32 40 248◦ 270 1100
3 111◦ 320 3700 248◦ 270 1100
4 111◦ 320 3900 248◦ 270 1300
◦ 0 00
Σzd = 446 10 40 Σzi = 993◦ 480 4000
De acordo com a Equação 7.3:
446◦ 100 4000 4 · 360◦ − (446◦ 100 4000 + 993◦ 480 4000 )
z̄d = +
4 2·4
◦ 0 00 1440◦ − (1439◦ 590 2000 )
z̄d = 111 32 40 +
8
z̄d = 111◦ 320 4000 + 0◦ 00 500
z̄d = 111◦ 320 4500 .
Objetivo: Medir em campo e calcular o ângulo horizontal pelo método das direções.
Procedimento: Em campo materializar três pontos consecutivos, A, B e C. Estacionar o equipamento em C,
e realizar dois pares de medidas do ângulo horizontal ABC com a luneta na PD e PI. A caderneta de campo
é o mesma apresentada na Figura 7.3, página 99.
Exercı́cios
7.1. Calcular o ângulo horizontal no ponto 2 pelo método das direções, dada as leituras de ré e vante, respectiva-
mente, nos pontos 1 e 3, com a luneta na posição direta e inversa, conforme a Tabela 7.3.
7.2. Dados os azimutes de vante: Az01 = 132◦ 430 600 , Az12 = 265◦ 180 900 , Az23 = 169◦ 360 400 e Az34 = 316◦ 210 3400 ,
calcule:
a) os rumos de vante;
b) os rumos de ré e;
c) os azimutes de ré.
Resp.:
a) R01 = 47◦ 160 5400 SE, R12 = 85◦ 180 900 SW, R23 = 10◦ 230 5600 SE e R34 = 43◦ 380 2600 NW.
b) R10 = 47◦ 160 5400 NW, R21 = 85◦ 180 900 NE, R32 = 10◦ 230 5600 NW e R43 = 43◦ 380 2600 SE.
c) Az10 = 312◦ 430 600 , Az21 = 85◦ 180 900 , Az32 = 349◦ 360 400 e Az43 = 136◦ 210 3400 .
7.3. Dados os rumos de vante: RAB = 54◦ 300 2900 SW, RBC = 31◦ 20 5000 NE, RCD = 11◦ 30 4100 SE, e
RDE = 61◦ 210 3400 NW, calcule:
a) os rumos de ré;
b) os azimutes de vante e;
c) os azimutes de ré.
Resp.:
a) RBA = 54◦ 300 2900 NE, RCB = 31◦ 20 5000 SW, RDC = 11◦ 30 4100 NW e RED = 61◦ 210 3400 SE.
b) AzAB = 234◦ 300 2900 , AzBC = 31◦ 20 5000 , AzCD = 168◦ 560 1900 e AzEF = 298◦ 380 2600 .
c) AzBA = 54◦ 300 2900 , AzCB = 211◦ 20 5000 , AzDC = 348◦ 560 1900 e AzFE = 118◦ 380 2600 .
7.4. Calcular o azimute CD sabendo que: o azimute AB é 47◦ 210 200 ; ângulos medidos à direita ABC = 141◦ 10 5400 e
BCD = 85◦ 360 1000 .
Resp.: AzCD = 273◦ 590 600 .
7.5. Calcular o azimute 34 sabendo que: o azimute 12 é 242◦ 550 2200 ; ângulos medidos à direita 123 = 65◦ 120 1300 e
234 = 125◦ 60 4000 .
Resp.: Az34 = 73◦ 140 1500 .
7.6. O alinhamento AB é de controle, sendo suas coordenadas retangulares, em metros, de A(559,432; 765,231) e de
B(612,019; 791,692). Determine o azimute AB.
Resp.: AzAB = 63◦ 170 20,900 .
7.7. Repetir o exercı́cio 7.6 para o alinhamento OP com O(975,796; 419,790) e P(801,218; 152,865).
Resp.: AzOP = 213◦ 110 9,800 .
7.8. A soma dos ângulos internos medidos de uma poligonal de 9 lados é de 1259◦ 590 2400 . Determine qual o erro
angular de fechamento e a compensação a ser aplicada em cada ângulo medido, a fim de tornar a poligonal com
erro angular igual a zero.
Resp.: o erro angular de fechamento é de −3600 . Será aplicado +400 em cada ângulo interno medido.
7.9. Na Tabela 7.4 são apresentados os ângulos internos à direita medidos da poligonal fechada ABCD. Calcule o
erro angular de fechamento. Compense pelo método linear e calcule os azimutes dos alinhamentos BC, CD e DA.
Resp.: o erro angular de fechamento é de 4000 . Os azimutes compensados: AzBC = 75◦ 60 5700 , AzCD = 8◦ 480 1900 e
AzDA = 238◦ 50 4100 .
B
DDBC
7.10. No levantamento apresentado ao lado, poligonal aberta e apoiada, A
foram medidos os ângulos de deflexão: DDBC = 132◦ 430 600 , DECD =
65◦ 180 900 , DDDE = 69◦ 360 400 , DEEF = 66◦ 210 3400 , DEFG = 106◦ 100 1100 .
Os azimutes de controle de saı́da e chegada foram de AzAB = 63◦ 520 800 e C
AzFG = 28◦ 220 900 . Determinar: D
DECD
a) o erro angular de fechamento;
b) os azimutes considerando a compensação
DDDE
do erro angular de fechamento.
Resp.: o erro angular de fechamento é de 4500 . Os azimutes compensados: E
AzBC = 196◦ 350 2300 , AzCD = 131◦ 170 2300 , AzDE = 200◦ 530 3600 e AzEF = G
DEEF
DEFG
F
7.11. Converta em azimutes e rumos verdadeiros os seguintes azimutes magnéticos com suas respectivas
declinações magnéticas (δ):
a) 6◦ 350 3000 , δ = 10◦ 50 W;
b) 28◦ 30 4000 , δ = 22◦ 320 W;
c) 228◦ 430 2000 , δ = 5◦ 520 E;
Resp.:
a) Azverda = 356◦ 300 3000 e Rverda = 3◦ 290 3000 NW;
b) Azverda = 5◦ 310 4000 e Rverda = 5◦ 310 4000 NE;
c) Azverda = 234◦ 350 2000 e Rverda = 54◦ 350 2000 SW.
7.12. Pesquisar na página da NOAA (Clicando aqui) a declinação magnética para a Cidade de Campina Grande
(φ = −7◦ 130 5000 , λ = −35◦ 510 5200 ; altitude = 551 m), PB, para a data de 28/jan/1996, modelo IGRF.
Resp.: δ = −22,33◦ .
7.13. Repetir o cálculo da variação da declinação magnética como a realizada no Exemplo 7.7 (pg. 114) para o mu-
nicı́pio de Piracicaba, São Paulo (φ = −22◦ 430 3100 , λ = −47◦ 380 5700 ; altitude = 547 m), entre o perı́odo 1/Jul/1950
e 15/Ago/2010.
Resp.: Em 1/Jul/1950 e 15/Ago/2010 a declinação magnética foi de, respectivamente, −11,87◦ e −20,10◦ , logo a
variação é de 8,23◦ W.
7.14. O ângulo zenital na posição direta é de 74◦ 20 4800 . Qual seria o ângulo equivalente se a luneta estivesse na
posição inversa.
Resp.: zd = 285◦ 570 1200 .
7.15. Foram medidos dois pares de ângulo zenital, na posição direta e inversa da luneta, resultando nas seguintes
leituras: na posição direta 87◦ 90 3700 e 87◦ 90 4300 e, na posição inversa 272◦ 500 2700 e 272◦ 500 2100 . Calcular o ângulo
zenital médio na posição direta da luneta (z̄d ).
Resp.: z̄d = 87◦ 90 3800 .
7.16. Repetir o exercı́cio 7.15 considerando os seguintes valores de ângulos zenitais: na posição direta 95◦ 490 1400 e
95◦ 490 1800 e, na posição inversa 264◦ 100 4000 e 264◦ 100 3600 .
Resp.: z̄d = 95◦ 490 1900 .
Em um levantamento topográfico, pode haver a necessidade de estabelecer uma estrutura de pontos com coor-
denadas conhecidas, tendo a função de servir de base de apoio para as medidas dos pontos de detalhe. Para a
construção desta estrutura, utiliza-se o que denominamos de poligonal, que é definida como uma séria de linhas
conectadas, onde os ângulos e as distâncias dos alinhamentos são medidos, todas as vezes que sua direção tem
mudança. A avaliação da precisão da poligonal, quanto aos ângulos e distâncias medidas, devem ser verificadas.
Neste capı́tulo apresentaremos os procedimentos para determinação e avaliação de poligonais.
Uma poligonal fechada é aquela que começa e termina no mesmo ponto, é matematicamente e geometricamente
fechada, permitindo a avaliação dos erros angulares e lineares. Um exemplo deste tipo de poligonal é apresen-
tado na Figura 8.1, onde os ângulos horizontais são medidos à direita. Os procedimentos para a medição dos
ângulos horizontais são apresentados no Capı́tulo 7, sendo os medidores eletrônicos, presentes em estações totais,
os equipamentos mais utilizados para esta finalidade. Já as medidas de distâncias horizontais (ver Capı́tulo 6), são
realizadas, preferencialmente, por meio dos medidores eletrônicos de distância, devido à precisão. Todavia, pode-
se utilizar medidas de distâncias obtidas por meio dos métodos taqueométricas ou à trena, dependendo do tipo de
levantamento a ser realizado (NBR13133, 1996).
Uma poligonal aberta, geometricamente aberta, é aquela que apresenta uma série de alinhamentos, não retornando
ao ponto inicial, podendo ser apoiada ou não. Por exemplo, na Figura 8.2a e b é apresentada, respectivamente,
uma poligonal dita apoiada e não apoiada. Na poligonal aberta e apoiada (Figura 8.2a), ela começa e termina
em alinhamentos conhecidos, onde as suas coordenadas foram previamente estabelecidas. Esta poligonal é dita
geometricamente aberta e matematicamente fechada, sendo possı́vel realizar uma avaliação do erro angular de
fechamento (ver secção 7.2.9, página 104) e do erro linear. Já a poligonal aberta e sem apoio, não é possı́vel a
avaliação dos erros angulares e lineares, logo, deve-se evitá-la. Contudo, caso ela não possa ser evitada, faz-se
necessário realizar as medidas de distância e de ângulos com o máximo de atenção, se possı́vel com repetição, a fim
de minimizar os erros.
Também na poligonal do tipo aberta, as distâncias e ângulos entre os alinhamentos devem ser, preferencial-
mente, medidos por meio de medidores eletrônicos, disponı́veis nas estações totais. Com relação aos ângulos
horizontais, neste nosso exemplo, eles são medidos à direita. No entanto, o método das deflexões também poderia
ser o utilizado.
CAPÍTULO 8. POLIGONAL 8.2. POLIGONAL ABERTA
E
O
Legenda
Estação de controle Figura 8.1
D Piquete - Estação de levantamento Poligonal fechada, matematicamente e geometricamente fechada.
B F
D
A
C
b) Poligonal aberta.
E
O
Legenda
B F Estação de controle
D
A Piquete - Estação de levantamento
C Distância medida
Ângulo medido
Figura 8.2
Exemplo de poligonal aberta e apoiada (a), matematicamente fechada e geometricamente aberta e poligonal aberta (b), matem-
aticamente e geometricamente aberta.
I II III IV V
Hz DH
Estação ré vante o ’ ” metros
O B 139 27 3
A
E B 49 7 44 201,737
B A C 100 4 4 224,863
C B D 114 34 23 141,247
D C E 59 55 7 173,084
E D A 216 18 7 170,376
soma 539 59 25
C
O
Figura 8.3
Caderneta de campo de uma poligonal fechada.
A avaliação o erro angular de fechamento é realizada por meio da verificação do somatório dos ângulos inter-
nos medidos com o somatório dos ângulos internos teórico. Para o nosso exemplo, como o número de vértices é
de 5 (n = 5), temos que o somatório teórico é de 540◦ , (n − 2)180◦ . Logo, erro angular de fechamento é de 3500 .
√
Considerando a tolerância máxima do erro angular de fechamento Tα ≤ 4000 n = 8900 , conclui-se que os ângulos
internos foram medidos dentro dos limites admissı́vel de erro, logo, os ângulos internos podem ser compensa-
dos. A compensação que será aplicada é a linear, conforme apresentada na Tabela 8.1. Note que o método linear
é indicado quando o comprimento do alinhamentos forem aproximadamente constante (ver secção 7.2.9, página
104). Quando isto não ocorrer, melhor ponderar as compensações pelos comprimentos dos alinhamentos em que
o ângulo foi medido onde, as maiores compensações são aplicadas para os comprimentos mais curtos, pois estes
estão sujeitos aos maires erros nas suas medidas (LOCH; CORDINI, 1995; WOLF; GHILANI, 2004).
Tabela 8.1
Compensação do erro angular pelo método linear
Uma vez que os ângulos internos foram compensados, o próximo passo é o cálculo dos azimutes provisórios. Nesta
fase é necessário conhecer pelo menos um azimute do levantamento. Relembrando que os azimutes podem ter
como referência de meridiano, o geográfico, o magnético, o hipotético ou o da quadrı́cula.
Com o uso do GNSS, trabalhando com coordenadas do tipo UTM, a partir da determinação de dois pontos na
área a ser levantada, o azimute inicial tornou-se de fácil obtenção. Este azimute tem como referência o meridiano
da quadrı́cula. Como no nosso exemplo foram determinadas as coordenadas UTM dos pontos de controle O e
A, pode-se calcular o azimute OA e, como o ângulo OAB também foi medido, o azimute AB pode ser calculado,
conforme apresentado no Exemplo 8.1.
Exemplo 8.1
Calcular o azimute AB da poligonal fechada apresentada na Figura 8.3, onde se conhecem as coordenadas
UTM dos pontos O e A, e o ângulo OAB.
Solução
Cálculo do azimute OA por meio das coordenadas UTM:
AzOA = 360◦ − α
∆x
∆x N AzAB = 360◦ − arctan
A ∆y
◦ 268 111,805 − 268 011,610
AzOA = 360 − arctan
α 7 370 836,303
− 7 370 682,471
◦ 100,195
∆y AzOA = 360 − arctan
153,832
AzOA = 360◦ − 33◦ 40 3800
AzOA = 326◦ 550 2200 .
O
AzOA
N
B AzAB = AzOA − 180◦ + HzA
AzAB = 326◦ 550 2200 − 180◦ + 139◦ 270 300
A AzAB = 286◦ 220 2500 .
Hz A
?
=
Az
=
2 70 00
3
2 200
O
55 0
Az
OA ◦
= 326
A ∆y
◦ 268 111,805 − 268 011,610
AzOA = 360 − arctan
α 7 370 836,303
− 7 370 682,471
CAPÍTULO 8. POLIGONAL ◦ 100,1958.3. CÁLCULO DE UMA POLIGONAL FECHADA
∆y AzOA = 360 − arctan
153,832
AzOA = 360◦ − 33◦ 40 3800
AzOA = 326◦ 550 2200 .
O
AzOA
N
B AzAB = AzOA − 180◦ + HzA
AzAB = 326◦ 550 2200 − 180◦ + 139◦ 270 300
A AzAB = 286◦ 220 2500 .
Hz A
?
=
Az
=
39 ◦ N
1
2 7 0 30 0
2 200
O
55 0
Az OA
= 326
◦
Por meio de um azimute da poligonal conhecido, no nosso exemplo o azimute AB e; com as medidas dos
ângulos internos compensadas, os demais azimutes da poligonal podem ser calculados. O azimute de um alinha
manto é dado pelo azimute do alinhamento anterior ±180◦ , mais o ângulo interno compensado. Os azimutes pro-
visórios calculados para o nosso exemplo são apresentados na Tabela 8.2, onde no final, o azimute AB é recalculado
para a verificação dos cálculos.
Estação ^ compensado Az
A 49◦ 70 5100 AzAB = 286◦ 220 2500 (conhecido)
B 100◦ 40 1100 AzBC = 286◦ 220 2500 − 180◦ + 100◦ 40 1100 = 206◦ 260 3600
C 114◦ 330 2200 AzCD = 206◦ 260 3600 − 180◦ + 114◦ 340 3000 = 141◦ 10 600
D 59◦ 550 1400 AzDE = 141◦ 10 600 − 180◦ + 59◦ 550 1400 = 20◦ 560 2000
E 216◦ 180 1400 AzEA = 20◦ 560 2000 − 180◦ + 216◦ 180 1400 = 57◦ 140 3400
Verificação
A 49◦ 70 5100 AzAB = 57◦ 140 3400 − 180◦ + 49◦ 70 5100 = −73◦ 370 3500 = 286◦ 220 2500
Tabela 8.2
Tabela de cálculo dos azimutes do exemplo da Figura 8.2. Note que os ângulos internos são os compensados (Exemplo 8.1).
Uma vez calculados os azimutes provisórios, tem-se que determinar as coordenadas parciais dos alinhamentos,
que nada mais são do que as projeções dos alinhamentos sobre o eixo-x e y. Na Figura 8.4 é apresentado um
alinhamento hipotético AB, e a sua projeção sobre o eixo-x e y, correspondendo, respectivamente, a ∆x e a ∆y.
Como este alinhamento teve a distância horizontal e o azimute determinados, por meio deles, pode-se calcular as
suas coordenadas parciais.
As coordenadas parciais, quando calculadas a partir do azimute, poderão ter valores positivos ou negativos.
Se ∆x ou ∆y forem positivos, indica que o alinhamento tem direção este ou norte, respectivamente. Por outro
lado, se ∆x ou ∆y forem negativos, a direção do alinhamento é oeste ou sul, respectivamente. Para as coordenadas
parciais calculadas por meio dos rumos, há a necessidade de se estabelecer se o alinhamento está projetado esquerda
ou ao sul (−), ou se está à direita ou ao norte (+). Como o cálculo com o azimute retorna o sinal da projeção
automaticamente, logo o sentido da projeção, a sua utilização se torna preferı́vel.
yA A ∆y
cos Az = , logo: ∆y = DH cos Az
DH
em que:
x ∆x = xB − xA ;
xA xB
∆y = yB − yA .
∆x
Figura 8.4
Representação e cálculo das coordenadas parciais de um alinhamento por meio do seu azimute e da distância horizontal.
Na Figura 8.5 são apresentadas as coordenadas parciais dos alinhamentos da nossa poligonal de exemplo
(Figura 8.2). Também são apresentados os somatórios das distâncias horizontais, ΣDH, e das coordenadas parciais,
Σ∆x e Σ∆y. Estes somatórios serão utilizados nas próximas etapas, avaliação do erro de fechamento linear e a sua
compensação.
∆xBC ∆xAB
B ∆yAB
A
∆yBC ∆yEA
E ∆xEA
C
∆yDE
∆yCD
D
∆x ∆y
∆xCD ∆xDE Estação Az DH DH sen (Az) DH cos(Az)
A 286◦ 220 2500 201,737 –193,555 56,870
B 206◦ 260 3600 224,863 –100,134 –201,337
C 141◦ 10 600 141,247 88,854 –109,798
D 20◦ 560 2000 173,084 61,855 161,654
E 57◦ 140 3400 170,376 143,281 92,187
ΣDH = 911,307 Σ∆x = 0,301 Σ∆y = −0,424
Figura 8.5
Coordenadas parciais dos alinhamentos.
parciais (Figura 8.5), ao invés de obtermos ao final a mesma coordenada da estação A, obterı́amos uma coordenada
distinta, onde a denominaremos de A0 . Na Figura 8.6 é apresentado um esquema da nossa poligonal que não fecha
em A, mas sim em A0 . A distância entre A e A0 é denominado de erro de fechamento linear (E). Ele é utilizado para
avaliação da precisão do levantamento, sendo dado por:
p
E= (Σ∆x)2 + (Σ∆y)2 (8.1)
B
A
A′
C
A Erro de
D fechamento
Σ∆y linear (E)
′
Σ∆x
A Figura 8.6
Esquema do erro de fechamento linear de uma poligonal.
Uma vez calculado E, deve-se compará-lo com a tolerância do erro linear de fechamento (Tp ), que é apresen-
tado na NBR13133 (1996). A Tp dependep da finalidade da poligonal. Para os nossos exemplo e exercı́cios de polig-
onal fechada, utilizaremos Tp ≤ 0,56 L(km), sendo que, L é o perı́metro da poligonal na unidade de quilômetros.
Em se obtendo valor de E ≤ Tp , pode-se realizar a compensação do erro de fechamento linear, a fim de tornar a
poligonal fechada. Caso contrário, E > Tp , o levantamento não está de acordo com a precisão necessária para o
projeto, devendo-se voltar ao campo e refazer as medidas de ângulos e de distância da poligonal.
Exemplo 8.2
Para a nossa poligonal de exemplo, calcular o erro de fechamento linear (E) e, verificar se o mesmo se
encontra dentro do limite de tolerância para o erro de fechamento linear.
Solução
De acordo com a Equação 8.1 e, os valores de Σ∆x e Σ∆y apresentados na Figura 8.5, temos:
E = (0,301)2 + (−0,424)2 = 0,520 m.
p
Precisão relativa
Uma forma de apresentar no memorial descritivo e na planta, o grau de precisão interna da poligonal, é por meio
da precisão relativa (Pr ). Ela é calculada pela razão entre o E e o perı́metro da poligonal (ΣDH). Desta forma, Pr
do nosso exemplo será:
E 0,520
Pr = =
ΣDH 911,307
Dividindo o numerador e o denominador por 0,520, com a finalidade de tornar o numerador 1 e, arredondando
o denominador, temos:
0,520
0,520 1
Pr = = .
911,307 1 753
0,520
Significa que no nosso levantamento ocorre 1 m de erro a cada 1 753 m de perı́metro da poligonal. Quanto
maior o valor do denominador, maior é a precisão do levantamento.
• compensação do erro de fechamento linear
A compensação do erro de fechamento linear, tem como objetivo tornar a poligonal fechada. Pode-se citar como
metodologias empregadas para compensação do erro de fechamento linear: i) a distribuição do erro de fechamento
igualmente por todas a coordenadas relativas; ii) proporcional ao comprimento dos lados; iii) proporcional aos val-
ores absolutos das coordenadas parciais. A NBR13133 (1996) permite a compensação por quaisquer destes métodos.
Para o nosso levantamento utilizaremos o método proporcional ao comprimento dos lados, para os demais métodos
consultar, por exemplo, Loch e Cordini (1995), Wolf e Ghilani (2004) e Cole e Harbin (2009).
A compensação do erro de fechamento linear, nas coordenadas parciais de um alinhamento qualquer (C∆x e
C∆y ), por exemplo o AB, pelo método proporcional ao comprimento do lado será:
Σ∆x
C∆xAB = − × DHAB (8.2)
ΣDH
Σ∆y
C∆yAB = − × DHAB (8.3)
ΣDH
Exemplo 8.3
Considerando as coordenadas parciais apresentada na Figura 8.5, referente a poligonal do nosso exemplo,
calcular as coordenadas parciais compensadas por meio do método proporcional ao comprimento dos la-
dos.
Solução
xB = xA + ∆xAB (8.4)
yB = yA + ∆yAB (8.5)
Exemplo 8.4
O azimute e a distância horizontal final dos alinhamentos devem calculados ao final, pois, uma vez que os erros
dos ângulos e o linear foram compensados, a direção e a distância dos alinhamentos foram distintas das inicial-
mente calculadas e medidas, respectivamente. Estes azimutes e distâncias recalculados, serão as medidas a serem
apresentadas no memorial descritivo e na planta final do levantamento.
As direções e as distâncias dos alinhamentos podem ser calculadas por meio das coordenadas parciais compen-
sadas ou das coordenadas retangulares finais. As relações para a determinação do azimute e da distância horizontal
de um alinhamento AB, por exemplo, por meio das coordenadas parciais compensadas ou das coordenadas retan-
gulares finais, são:
xB − xA ∆x
tan AzAB = = (8.6)
yB − yA ∆y
xB − xA ∆x
DHAB = =
sen AzAB sen AzAB
yB − yA ∆y
= =
cos AzAB cos AzAB
p p
= (xB − xA )2 + (yB − yA )2 = ∆x2 + ∆y 2 (8.7)
Para simplificação das Equações 8.6 e 8.7, foram utilizados, ∆x e ∆y, e não ∆xC e ∆yC , como apresentado
anteriormente. Na determinação correta do azimute, deve-se considerar o quadrante em que o alinhamento se
encontra, somando 180◦ se o alinhamento estiver no quadrante SE ou SW e, somando 360◦ se o alinhamento estiver
no quadrante NW. No quadrante NE, o azimute é dado diretamente na Equação.
Cabe também salientar que, a Equação 8.6 não é definida quando ∆y = 0, nem a Equação 8.7, quando
sen AzAB = 0 ou cos AzAB = 0. Desta forma, comsiderar:
b) na Equação 8.7 com o sen AzAB = 0 (Az = 0◦ ou Az = 180◦ ), a DH será o módulo de ∆y;
c) na Equação 8.7 com o cos AzAB = 0 (Az = 90◦ ou Az = 270◦ ), a DH será o módulo de ∆x.
Exemplo 8.5
A partir das coordenadas parciais compensadas do Exemplo 8.2 e, por meio da Equação 8.6, o azimute AB
será:
−193,622
tan AzAB = = −3,3990 ∴ AzAB = arctan −3,3990 = −73◦ 360 2200 ,
56,964
Como o alinhamento está no quadrante NW:
AzAB = 360◦ − 73◦ 360 2200 = 286◦ 230 3800 .
Já a DHABp
, considerando a Equação 8.7:
DHAB = −193,6222 + 56,9642 = 201,828 m.
Após os cálculo das coordenadas, e azimutes finais, a NBR13133 (1996, página 19) ainda estabelece que: “Após
o ajustamento, devem ser calculados e comparados com seus valores preestabelecidos como tolerâncias os erros médios relativos
entre quaisquer duas estações poligonais (para todos os lados poligonais), o erro médio em azimute e o erro médio em coorde-
nadas (de posição)”. Estes procedimentos de avaliação fogem ao objetivo introdutório deste livro, logo, não serão
apresentados. Todavia, estas informações podem ser obtidas na NBR13133 (1996).
Muitas vezes, no levantamento de uma poligonal, não é possı́vel ocupar os pontos do limite da área, por exemplo,
se o limite é materializado por uma cerca. Logo, o que se pode fazer é, estacionar o equipamento em uma posição
próxima, e a partir desta estação, medir o ângulo horizontal entre o alinhamento da poligonal e o ponto de interesse
e, também, a distância horizontal entre a estação e o ponto. Com o ângulo horizontal do alinhamento e o azimute
da poligonal conhecido, é calculado o azimute da estação ao ponto obstruı́do e suas coordenadas parciais. Então,
a coordenada do ponto obstruı́do pode ser calculada, uma vez que ele está apoiado em um ponto de coordenada
conhecida e se conhecem as suas coordenadas parciais.
Exemplo 8.6
Considere que no nosso exemplo, ao invés da poligonal de interesse ser a ABCDEA, passe a ser a ABPDEA,
de acordo com a Figura que segue. A distância horizontal CP e o ângulo à direita BCP foram medidos,
sendo, respectivamente, de 7,85 m e 253◦ 220 . Calcular o azimute e a distância horizontal do alinhamento
BP.
E
O
7, 85
m
P C 253◦ 22′
7, 85
m
D P C 253◦ 22′
Solução
Primeiramente, deve-se calcular a coordenada do ponto P. Para tanto, temos que determinar o AzCP e as
suas coordenadas parciais do alinhamento CP. O AzCP é:
AzCP = AzBC − 180◦ + BCP
AzCP = 206◦ 260 3600 − 180◦ + 253◦ 220
AzCP = 279◦ 480 3600 .
As coordenadas parciais do alinhamento CP:
∆xCP = DHCP sen AzCP = 7,85 sen 279◦ 480 3600 = −7,735 m,
∆yCP = DHCP cos AzCP = 7,85 cos 279◦ 480 3600 = 1,338 m.
Uma vez que a coordenada do ponto C foi calculada (Exemplo 8.4), xC = 267.717,780 e yC = 7.370.692,035
m, a coordenada de C será (Equações 8.4 e 8.5):
xP = xC + ∆xCP = 267.717,780 + −7,735 = 267.710,045 m,
yP = yC + ∆yCP = 7.370.692,035 + 1,337 = 7.370.693,372 m.
Com a coordenada do ponto B conhecida (Exemplo 8.4) e utilizando as Equação 8.6, temos o azimute BP:
xB − xP 267.817,988 − 267.710,045 107,943
tan AzBP = = = = 0,54
yB − yP 7.370.893,267 − 7.370.693,372 199.895
Como o alinhamento BP está no quadrante SW:
AzBP = arctan 0,54 + 180◦ = 208◦ 220 800 .
A distância
p horizontal BP (Equação 8.7):
AzBP = p(xB − xP )2 + (yB − yP )2
AzBP = (267.817,988 − 267.710,045)2 + (7.370.893,267 − 7.370.693,372)2
AzBP = 227,178 m.
O eft e o efl podem ser obtidos analiticamente, antes da compensação angular. Um exemplo de procedimento
de cálculo é apresentado no Exemplo 8.7.
Exemplo 8.7
De acordo com a Figura 8.7, seja: a coordenada da estação de controle E igual a xE = 1 420,118 e yE =
1 159,889; a coordenada E0 , calculada a partir das medidas de campo, sem a correção angular e linear igual
a xE0 = 1 419,080 e yE0 = 1 160,235; o azimute entre as estações de controle AE de 230◦ 280 4000 . Pergunta-se,
qual o eft e o efl desta poligonal aberta e apoiada.
Solução
De acordo com o esquema abaixo, para a determinação do AzEE′ a partir das coordenadas retan-
gulares de E e E′ , temos:
xE′ − xE 1419,080 − 1420,118
AzEE′ = 360◦ + arctan = 360◦ + arctan
yE′ − yE 1160.235 − 1159,889
−1.038
AzEE′ = 360◦ + arctan = 288◦ 26′ 6′′ .
0.346
O ângulo α é:
α = AzEE′ − AzEA = 288◦ 26′ 6′′ − 230◦ 28′ 40′′
N
α = 57◦ 57′ 26′′ .
A distância horizontal EE′ é:
p AzEA
DHEE′ = (1419,080 − 1420,118)2 + (1160.235 − 1159,889)2
E′
DHEE′ = 1,094 m
DHE AzEE′
E′
Considerando o triângulo retângulo EHE′ , temos efl:
efl = DHEE′ cos α = 1,094 cos 57◦ 57′ 26′′ E
α
efl = 0,581;
eft
e para eft:
efl
eft = DHEE′ cos α = 1,094 sin 57◦ 57′ 26′′
H
eft = 0,928.
\\
A
Objetivo: Levantar, e calcular as coordenadas finais de uma poligonal a ser estabelecida em campo. Con-
siderar o modelo da caderneta de campo apresentada na Figura 8.3, página 6.
Material: Estação total e acessórios.
Como sugestão de roteiro:
• materializar em campo o poligonal a ser levantada;
• no ponto inicial, depois do equipamento nivelado, estabelecer a direção do Norte;
• medir o azimute do primeiro alinhamento;
• fazer as medições no sentido anti-horário da poligonal, medindo os ângulos internos à direita e a
distância horizontal do vétice ao ponto de vante;
• avaliar o erro angular de fechamento;
• compensar o erro angular de fechamento pelo método linear;
• avaliar o erro linear;
• calcular a precisão relativa;
• compensar o erro de fechamento;
• calcular as coordenadas totais;
• desenhar no AutoCad;
Apresentar a poligonal em planta, com a sua precisão.
Exercı́cios
8.1. Em uma poligonal fechada com 5 vértices, ABCDE, foram medidos os ângulos horizontais à direita (internos),
sendo: A = 100◦ 270 900 , B = 71◦ 200 4500 , C = 216◦ 470 500 , D = 60◦ 00 300 e E = 91◦ 250 1800 . Calcular o erro angular de
fechamento e realizar a compensação pelo método linear, conforme Secção 7.2.9, página 104.
Resp.: E = 200 ; ângulos compensados: A = 100◦ 270 500 ; B = 71◦ 200 4100 ; C = 216◦ 470 100 ; D = 59◦ 590 5900 e E =
91◦ 250 1400 .
8.2. Fazer um esboço da poligonal ABCDE e: calcular as coordenadas parciais; o erro de fechamento linear (E) e;
a precisão relativa (Pr ) do levantamento do exercı́cio 8.1. Considere o azimute do alinhamento AB de 201◦ 40 5500 e,
as distâncias horizontais dos alinhamentos em metros, de: AB = 173,831; BC = 82,447; CD = 100,334; DE = 206,936 e
EA = 133,172.
Resp.: Na Figura 8.8.
N Alinhamento ∆x ∆y
AB −62,528 −162,196
A BC 82,373 −3,491
E
CD 77,742 −63,428
DE 33,121 204,268
EA –130,886 24,567
B Σ = −0,178 Σ = −0,280
C
E = 0,331 m
D 1 Figura 8.8
Pr =
2.102 Solução Exercı́cio 8.2.
8.3. O erro linear de fechamento encontrado no exercı́cio 8.2 está dentro do limite estabelecido pela NBR13133,
considerando Tp ≤ 0,56 L(km)?
p
Resp.: Sim.
8.4. Compensar as coordenadas parciais do exercı́cio 8.2 utilizando o método proporcional ao comprimento dos
lados e, sendo atribuı́da a coordenada do ponto A, xA = 1.000 m e yA = 1.000 m, calcular as coordenadas dos
demais vértices.
Resp.: Na Tabela 8.3.
8.7. Seja a poligonal fechada apresentada na Figura 8.9, com: os ângulos internos medidos à direita; o azimute AB
de 106◦ 120 3600 e; a coordenada de A, xA = 5 000 m e yA = 5 000 m. Sendo a compensação do erro de fechamento
angular compensado pelo método linear e, a compensação do erro de fechamento linear pelo o método proporcional
ao comprimento dos lados, calcular:
a) o erro angular de fechamento;
b) o erro de fechamento linear (E);
c) a precisão relativa (Pr );
d) as coordenadas dos pontos B e C;
e) o azimute final BC.
Resp.: a) erro angular de fechamento de 900 ; b) E = 0,145 m; c) Pr = 1/15 892; d) Ponto B (xB = 5 633,767 m;
yB = 4 815,722 m) e ponto C (xC = 5 198,167 m; yC = 5 660,787 m); e) AzBC = 332◦ 430 5000 .
8.8. Na Figura 8.10 são apresentadas as distâncias horizontais e as coordenadas parciais não compensadas da polig-
onal ABCDE. Calcular:
a) o erro de fechamento linear (E);
b) a precisão relativa (Pr );
c) os azimutes e as distâncias horizontais após a compensação do erro de fechamento linear pelo o método
proporcional ao comprimento dos lados.
N
alinhamento DH ∆x ∆y
A AB 631,989 –350,118 –526,144
D
BC 1128,562 958,169 –596,292
B CD 1160,501 834,052 806,920
DA 1476,542 –1442,365 315,849
C
Figura 8.10
Dados do Exercı́cio 8.7.
Sumário
9.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.2 Erro de esfericidade e refração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
9.3 Declividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
9.4 Nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.1 Nivelamento barométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.2 Nivelamento trigonométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
9.4.3 Nivelamento taqueométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
9.4.4 Nivelamento GNSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
9.4.5 Nivelamento geométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
9.5 Tolerância para o nivelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
9.6 Perfil topográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
9.7 Greide ou rampa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
9.1 Definições
• superfı́cie de nı́vel é uma superfı́cie curva em que ela é perpendicular a linha vertical local, sendo o potencial
gravitacional igual em todos os pontos desta superfı́cie;
• linha de nı́vel uma linha qualquer em uma determinada superfı́cie de nı́vel;
• Datum vertical é uma superfı́cie de nı́vel que será utilizada como referência para determinação de elevações
de outros pontos. Pontos em uma mesma superfı́cie de nı́vel têm diferença de elevação zero;
• a elevação é a distância ao longo da linha vertical entre o ponto observado e o Datum vertical;
• a diferença de nı́vel (DN) é a diferença entre a elevação de dois pontos. É também denominada de Distância
Vertical (DV);
• nivelamento é o processo para se determinar a altitude, elevação ou a DN entre entre pontos topográficos;
• referência de nı́vel (RN) é um ponto materializada em que sua altitude foi determinada.
m A
A al e
l em ont
r u mo nta horiz
de p
i z o
hor Plano
fio Lin
ha
Supe
A ângulo vertical r fície
de
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A Super Dif
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tre
B
A
AB
em
m
al e
ca l
rtic
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a ve
a v
linh
linh
Figura 9.1
Elementos básicos da altimetria (adaptado de Wolf e Ghilani (2004).
Pode-se ainda recordar da Secção 3.4.2, página 43, que a altitude ortométrica corresponde à distância vertical
entre um ponto ao Datum Altimétrico utilizado, no caso do Brasil Datum de Imbituba ou o de Santana. Já a altitude
geométrica é distância vertical entre o ponto e o Datum Horizontal, por exemplo SIRGAS2000.
Sempre que possı́vel, é desejável que se trabalhe com valores de altitude ortométrica, pois assim os pontos
levantados poderão ser comparados com mapas e a outros levantamentos existentes. Entretanto, nem sempre
se trabalha com ela, seja porque, a RN de altitude ortométrica mais próxima esteja muito distante do local a ser
levantado e o seu transporte seria de alto custo, ou porque o levantamento a ser realizado não a faz necessária.
Em levantamentos em que não há RN próxima ou ela não se faz necessária, precisa-se arbitrar uma RN local
para ser utilizada nas medidas altimétricas. É então atribuı́do RN inicial do levantamento, ou seja, um valor de
DN dele à uma superfı́cie de nı́vel arbitrária, um Datum altimétrico local. A esta DN, e às demais DN’s que serão
calculadas em relação a este Datum local, denominam-se de cota.
A partir da RN inicial, em que se conhece a altitude ou a cota, e com os métodos que serão vistos a seguir,
pode-se medir a DN deste ponto a outro ponto. Tais procedimentos podem ser repetidos, determinando-se as DNs
entre os pontos. Uma vez conhecida a DN entre dois pontos e a altitude ou cota do ponto inicial, por exemplo, para
os pontos A e B, a DNAB e a altitude de A (altA ), pode-se calcular a altitude de B (altB ), conforme Equação 9.1. O
mesmo raciocı́nio pode ser utilizado para cálculo das altitudes dos demais pontos levantados.
Exemplo 9.1
De uma marco do IBGE de altitude 691,421 m ao ponto X, mediu-se uma DN de −39,697 m. Qual a altitude
de X?
Solução
Quando o nivelamento é realizado entre pontos distantes em mais de 100 m, a NBR13.133 recomenda que o efeito
da curvatura terrestre (Cc ) e o da refração atmosférica (Cr ) sejam compensadas.
Erro de esfericidade
Na Figura 9.2 são apresentados dois pontos topográficos, A e B, na mesma linha de nı́vel. A partir de A é realizada
uma visada horizontal para medidas de elevação. A medida que um ponto a ser medido se afasta de A, há um
aumento da separação entre a linha horizontal e a linha de nı́vel que passa por A. Por exemplo, em B, que está
na mesma linha de nı́vel de A, há uma separação, correspondendo a BC. A esta separação denominamos Cc . Do
triângulo retângulo AOC:
OC 2 = OA2 + AC 2
(R + Cc )2 = R2 + DH2
R + 2RCc + Cc2 = R2 + DH2
2
Cc (2R + Cc ) = DH2
DH2
Cc = . (9.2)
2R + Cc
considerando o valor de R como sendo a média dos raios do WGS841 , R = 6 367 km; e no denominador da
Equação 9.2, 2R + Cc , o valor de Cc insignificante em relação a ordem de grandeza de 2R, tem-se, para Cc em
1 Raios do Datum WGS84: a = 6 378 137 m , b = 6 356 752,314 m.
metros e DH em km a Equação:
DH2
Cc = 1 000 · = 0,078 53DH2 . (9.3)
2R
Com a finalidade de ilustrar o efeito de Cc , imagine uma embarcação, que em A é verificado que a sua
altura é de 4 m. Se ela parte ao mar, quando estiver a uma distância de aproximadamente 7,14 km de A
(DH = (4/0,078 53)0,5 , Equação 9.3), não será mais possı́vel observá-la. É lógico que a embarcação não ficou 4 m
menor, é apenas o efeito de Cc que, estando a embarcação a 7,14 km de A, faz com que ela não seja mais visı́vel. Daı́
pode-se concluir que, devido à Cc , qualquer ponto que esteja a uma distância de 7,14 km de onde se está realizando
a medida de DN, tem-se que considerar que a DN é 4 m maior do que a calculada, quando considerando o erro
devido a esfericidade da terra.
H A C
Cr D distâ
nci Cc
a
B
R li n
ha
do
nı́ve
R
l
Figura 9.2
Centro da terra O Elementos básicos para definição do efeito da curvatura terrestre
(Cc ) e da refração (Cr ) sobre as medidas de altitude.
Erro de refração
A luz, ao passar pela a atmosfera, é refratada para a Terra, assim os objetos parecem ser mais altos do que eles
realmente são. Na Figura 9.2 é apresentada como seria uma visada horizontal AH, mas como realmente é o trajeto
da luz, AD. A refração atmosférica depende das condições atmosféricas, da altitude, do ângulo de visada e da
distância medida. Para visadas horizontais, com Cr em metros e a DH em km:
Cr = 0,011DH2 . (9.4)
Exemplo 9.2
Qual será o erro cometido em um nivelamento se não for considerado o efeito da curvatura da terra e da
refração atmosférica na medida de DN entre pontos distantes entre si em 1 398 m?
Solução
Exemplo 9.3
No exemplo 9.1, considere que na DN de −39,697 m, entre o marco do IBGE ao ponto X, não foi considerado
o erro de curvatura e de refração (Ccr ). Calcule novamente a altitude de X aplicando a correção para Ccr .
Considere a distância entre os pontos de 753,982 m.
Solução
Uma vez que se queira realizar a compensação, basta aplicar à DN a Ccr , desta forma:
9.3 Declividade
A declividade mede o grau de inclinação do terreno, podendo ser calculada em percentagem d(%) ou em graus
d(◦ ), conforme, respectivamente, as Equações 9.6 e 9.7:
DN
d(%) = 100 (9.6)
DH
DN
d(◦ ) = arctan (9.7)
DH
A declividade é um parâmetro importante pois, de acordo com a grandeza da declividade do terreno, pode
haver limitação: ao uso agrı́cola; à utilização de equipamentos agrı́colas, como tratores; à construção de estrada,
uma vez que no transporte de cargas em caminhões, por exemplo, há um limite para sua circulação em rampas
com alta declividade. Valores positivos e negativos de d(%) e d(◦ ) representam, respectivamente, o terreno aclive e
declive (ver Figura 9.3).
d em percentagem:
y yB − yA 4−1
dAB = 100 = 100 = 150%
B xB − xA 3−1
4
d(
yC − yB 1−4
ve
−)
3 dBC = 100 = 100 = −150%
cli
xC − xB 5−3
;d
;a
ec
+)
2 d em graus:
liv
d(
e
yB − yA 4−1
1 A C dAB = arctan = arctan = 56,31◦
xB − xA 3−1
x yC − yB 1−4
0 1 2 3 4 5 6 dBC = arctan = arctan = −56,31◦
xC − xB 5−3
Figura 9.3
Exemplo gráfico e numérico de terreno em aclive e em declive. O eixo-x representa a distância horizontal e o eixo-y, a altitude
ou a cota do terreno.
Exemplo 9.4
Calcule a declividade em percentagem e graus para uma DN e DH entre dois pontos de −27,9 m e 162,2 m,
respectivamente?
Solução
A DN negativa tem como significado que o terreno onde foi realizada a medição se apresenta em declive
do ponto inicial ao final, isto é, ponto inicial tem cota/altitude maior do que o ponto final. A declividade
em percentagem:
DN
d(%) = 100
DH
−27,9
= 100
162,2
= −17,201%.
Em graus:
DN
d(◦ ) = arctan
DH
−27,9
= arctan
162,2
= −9◦ 450 3600 .
Uma maneira de interpretar o valor da declividade em percentagem é, por exemplo, de acordo com o Exemplo
9.4, se o terreno fosse uniforme com d(%) = −17,201, quando fosse percorrido uma DH de 100 m, a DN seria de
−17,201 m.
9.4 Nivelamento
Em topografia, chama-se de nivelamento, aos métodos utilizados para medir a DN, a altitude ou a cota. Vários são
os métodos que podem ser empregados para o nivelamento. A utilização de um ou outro método dependerá dos
objetivos do nivelamento (ver NBR13133 (1996)). Nesta secção serão apresentados os métodos de nivelamento: i)
barométricos; ii) trigonométricos; iii) taqueométricos; iv) GNSS; e v) geométrico.
Altitude (m)
é possı́vel encontrar a DN entre os pontos. A 3.000 alt = 44.330 1−
760
explicação é dada pela relação inversa que há
entre pressão do ar e a altitude (Figura ao lado). 2.000
Quanto mais alto um ponto, menor é a camada
atmosférica atuando nele, logo, menor será a 1.000
pressão devida à atmosfera. Por outro lado,
um ponto em uma altitude menor, está sujeito
0
450 500 550 600 650 700 750 800
a uma maior camada de ar, resultando numa
maior pressão atmosférica (ESPARTEL, 1960). A Pressão atmosférica (mm Hg)
pressão do ar depende também da temperatura
do ar e em menor grau da umidade e da latitude Figura 9.4
do lugar (DEUMLICH; FAIG, 1982, página 222). Relação entre pressão atmosférica e altitude.
realizadas utilizando a trena, o teodolito ou a estação total, e as angulares, com estes dois últimos equipamentos ou
com clinômetros. Na Figura 9.6 é apresentado um esquema do nivelamento trigonométrico para medidas de DN
entre os pontos A e B, materializados por piquetes. No ponto A é estacionada a estação total, e em B, o prisma. O
centro da estação total corresponde a C, e a intersecção da linha horizontal que passa por C com a linha vertical que
passa por B, corresponde à E. A distância vertical entre E e D denominaremos por V . Considerando o triângulo
retângulo CED e que foi medida a DI, tem-se V:
V = DI cos z, (9.8)
V = DI sen α, (9.9)
V = DH cot z, (9.10)
V = DH tan α, (9.11)
A distância BD corresponde à altura do prisma (ap). É facilmente obtida por meio da leitura na régua presente
no bastão em que o prisma está conectado. A altura do equipamento (ai), distância vertical entre C e A, pode ser
obtida com uma trena. Com estas definições, para a determinação da DN tem que somar a V, a ai e subtrair ap:
DN = V + ai − ap. (9.12)
Para realizar a correção para os efeitos da curvatura da terra e da refração atmosférica no nivelamento
trigonométrico, basta somar à Equação 9.12 o valor de Ccr , isto é:
DN = V + ai − ap + Ccr . (9.13)
O valor de DN poderá ter valores positivos ou negativos. Valores positivos indicam que o terreno está em
aclive, enquanto valores negativos, terreno em declive. Por exemplo, caso a DN seja positivo, indica que a cota ou
altitude de B é maior que em A.
ap
DI V
z
DN
α
C E
b
linha horizontal
ai DH
A
Figura 9.6
Elementos básicos para o nivelamento trigonométrico.
Exemplo 9.5
Sem Ccr , considerando a Equação 9.12 com o valor de V dado pela Equação 9.8, pois os dados disponı́veis
são DI e z, tem-se:
No cálculo de DN considerando Ccr , utiliza-se a Equação 9.13. Para Ccr (Equação 9.5) DH é na unidade de
km, então por trigonometria:
DI sen z
DHAB =
1000
322,567 sen 85◦ 240
=
1000
= 0,3215 km.
III
rs
leituras dos retı́culos sobre a mira e do ângulo vertical
9
rm
6
II
ri
9
z V
1
plano horizontal em B
5
100H sen 2z B
V = 100H cos z sen z = (9.14)
2 DNAB
ai
em que: H = (rs − ri) sendo, rs e ri, respectivamente, plano horizontal em A
a leitura sobre a mira em B dos retı́culos superior e in- A
ferior.
Figura 9.7
Esquema para o nivelamento taqueométrico.
Para calcular a DN, aplicam-se as Equação 9.12 ou 9.13, esta última se Ccr for utilizado. O valor da altura do
prisma (ap), nestas Equações, é substituı́do pela leitura do retı́culo médio (rm).
Por se tratar de um método que é a cada dia menos empregado nos levantamentos topográficos, não será
apresentado a determinação Equação 9.14. Aos interessados, consultar Godoy (1988), Comastri e Tuler (2003) e
Casaca, Matos e Dias (2007), entre outros.
Exemplo 9.6
Com um teodolito no ponto 9 de cota 100,0 m, visou-se o ponto 10, onde foram medidos: a altura do
instrumento de 1,532 m; visando-se a mira em 10, as leitura do rs = 2,984 m e do ri = 0,200 m; e ângulo
zenital de 97◦ . Determine a diferença de nı́vel entre os pontos 9 e 10 e a cota em 10.
Solução
Da Equação 9.14, verifica-se que temos que determinar rm. Em taqueometria, rs − rm é igual a rm − ri
(ver Equação 6.9, página 89), desta forma:
rs + ri 2,984 + 0,200
rm = = = 1,592 m.
2 2
Substituindo as medidas na Equação 9.14 tem-se para V:
Como já foi visto anteriormente, a altitude que os receptores GNSS determinam, corresponde à distância vertical do
centro fı́sico da antena do receptor ao Datum horizontal considerado (ver Capı́tulo 3). Esta distância é denominada
de altitude geométrica (h). A altitude que trabalhamos é a altitude em relação ao geóide, altitude ortométrica (H),
que é a distância vertical do ponto na superfı́cie ao geóide, isto é, aproximadamente ao nı́vel médio dos mares.
Valores de H são, normalmente, medidos por meio do nivelamento geométrico (ver Secção 9.4.5). Todavia, pode-se
obter H se conhecer h, medida por GNSS e, a ondulação geoidal (N ) local, diferença entre h e H (Equação 9.15e
Figura 9.8a).
H ≈h−N (9.15)
Na Figura 9.8b é apresentado, do modelo EGM96, a N para parte da região da América do Sul. O EGM96
tem como referência o Datum WGS84. Valores positivos indicam que o geóide está acima do WGS84, e negativos,
abaixo. Segundo este modelo, no Acre N ≈ 30 m, já no Amapá, N ≈ −30 m. Na América do sul, os maiores valores
se encontram nas Cordilheira dos Andes, com N ≈ 50 m.
Valores de N com relação aos Data utilizados no Brasil, o SAD69 e o SIRGAS2000, podem ser obtidos por meio
do programa MAPGEO2010 (IBGE, 2011). No MAPGEO2010, tem que informar para obter a estimativa de N , o
Datum utilizado na coleta dos dados de h com receptor GNSS, o SAD69 ou SIRGASS2000, e, as coordenadas do
ponto, em latitude e longitude. Uma vez conhecidos os valores de h (receptor GNSS) e N (MAPGEO2010), pode-se
calcular H pela Equação 9.15.
a) b)
H
h
Geóide
N N (m)
e
Elipsóid
−46 −20 0 20 50
Figura 9.8
Relação entre altura ortométrica (H), altura geométrica (h) e ondulação geoidal (N ) em (a). Ondulação geoidal segundo
EGM96 (LEMOINE et al., 1998), tendo h em relação ao WGS84 (b).
Exemplo 9.7
Encontre, por meio do programa MAPGEO2010, a ondulação geoidal para um ponto de coordenadas
−22◦ 60 4100 de latitude e −41◦ 540 800 de longitude, no Datum SIRGAS2000. Sabendo-se que a altura
geométrica calculada pelo receptor GNSS nesta coordenada foi de 562,672 m, qual a altitude ortométrica.
Solução
Exemplo 9.8
Trabalhando com receptores GNSS com a técnica de medida relativa por diferença de fase, obteve-se para
um ponto a altitude geométrica de 231,849 m no Datum SIRGAS2000. Utilizando o programa MAP-
GEO2010, foi encontrado a ondulação geoidal de −12,598 m. Calcule a altitude ortométrica.
Solução
Introdução: Um problema comum em topografia é ter pontos onde se deseja conhecer sua altitude ou, a
DN entre ele e o ponto da estação. Isto é facilmente resolvido se for possı́vel levar ao ponto de interesse,
uma mira ou um prisma, respectivamente, para levantamento com teodolito ou estação total, Secções 9.4.2
e 9.4.3. Todavia, em algumas situações, este procedimento não pode ser realizado devido, por exemplo, a
não se ter acesso ao ponto de interesse.
Objetivo: Determinar a DN entre o ponto em que a estação total está estacionada, a um ponto inacessı́vel,
escolhido em campo.
Material: Estação total, prisma, trena e estaca.
Procedimento: é apresentado graficamente abaixo, onde: A é o ponto de referência para a medida de DN,
primeiro ponto onde a estação total será estacionada; O é o ponto inacessı́vel; B é uma posição onde se
tem acesso; AB é a base, onde é medida a DHAB ; α e β são os ângulos horizontais medidos em A e B,
respectivamente; ai é a altura do instrumento em A, medida com a trena.
V
DNAO
zenite DNAO = V + ai.
ai
DH
O0
γ
AO B
ai DH
α β
base = DHAB B0
A
Os demais pontos de um NGS denominam-se de pontos de vante. Logo, a leitura da mira em B, é de vante. A
cota dos pontos de vante é calculada subtraindo da AI o valor da sua leitura de vante, isto é:
ré
a) b)
3,580 m
B B
DNAB =?
cotaB =? AI=257,123 m
A A
cotaA =253,543 m cotaA =253,543 m
vante
c) d)
0,643 m
B B
DNAB =2,940 m
AI=257,123 m cotaB =256,48 m cotaB =256,48 m
A A
cotaA =253,543 m
Figura 9.9
Nivelamento geométrico simples.
De acordo com a Figura 9.9a, suponha que se deseja calcular a cota de B e a DNAB . O ponto A tem cota de
253,543 m, RN do levantamento. Inicialmente estaciona-se o nı́vel em um ponto intermediário aos pontos A e B
e, sobre o ponto A, é colocada a mira. Não há a necessidade do nı́vel estar alinhado com os pontos A e B, no
entando a distância deveria ser aproximadamente igual aos pontos de interesse. A mira em A é visada com o nı́vel
e, realiza-se a leitura, denominada de ré. Considere o valor de ré de 3,580 m (Figura 9.9b). Pode-se, de acordo com
a Equação 9.16, calcular a AI:
AI = 253,543 + 3,580 = 257,123 m.
O próximo passo é deslocar a mira para B, ponto de vante. Faz-se a leitura com a luneta do nı́vel apontado
sobre a mira em B, onde, para este exemplo, o valor de 0,643 m, leitura de vante (Figura 9.9c). Desta forma, a cotaB
é (Equação 9.17):
Tabela 9.1
Exemplo de caderneta de campo.
Exemplo 9.9
Com os dados da caderneta de campo de um NGS, figura a seguir, calcule as cotas dos pontos 1, 2, 3, 4, e 5.
Considere o ponto 0 como sendo a RN, com cota atribuı́da de 100 m.
4
3,105 m
1,937 m 5
2,189 m
3
0
1
cota0 = 100,0 m AI
Datum vertical
Solução
De acordo com as Equações 9.16 e 9.17, a solução é apresentada na Tabela que segue, onde, em negrito são
as respostas e, em parenteses, os cálculos realizados.
Ponto ré AI vante cota
0 1,937 101,937 (100 + 1,937) 100
1 2,189 99,748 (101,937 − 2,189)
2 3,105 98,832 (101,937 − 3,105)
3 0,825 101,112 (101,937 − 0,825)
4 0,194 101,743 (101,937 − 0,194)
5 0,491 101,446 (101,937 − 0,491)
ponto a ser visado de uma determinada estação e, PM é o último ponto observado da estação. Desta forma, no
NGC, após a leitura de um PM, o equipamento é colocado em outra estação, tendo que realizar em seguida, a sua
primeira visada, sobre a mira no PM da estação anterior. Esta leitura, agora realizada da nova estação, também é
denominada de ré. Pode-se então calcular a nova AI (Equação 9.16).
As cotas dos pontos vante de uma nova estação, que poderão ser PI ou PM, serão calculadas pela Equação 9.17.
O último ponto medido no NGC é sempre denominado de PM.
Os cálculos do NGC podem ser verificados de acordo com a Equação 9.18. Nesta verificação, não é observado
se o trabalho foi bem realizado ou não. Ela apenas informa se os cálculos foram feitos corretamente. A avaliação da
qualidade do levantamento será avaliada na Secção 9.5.
Exemplo 9.10
Com os dados de um NGC coletados em campo conforme o esquema gráfico a seguir, calcule as cotas das
estacas (pontos materializados em campo por estacas).
0
1 5 0,868 3,646
PM
6 3,317
ré
2
0,450 m PI 1,982 m 0,868 m
3,889 m
r PM
3
3,646 m
cota0 =200,0 m
PM
4 r
3,317 m
Solução
Solução na Tabela 9.4.5.2, sendo que em negrito são os valores calculados e, entre parenteses, os cálculos
realizados.
O erro de nivelamento pode ser obtido, por exemplo, das seguintes formas:
a) se for uma poligonal de nivelamento fechada, ponto de partida é o ponto de chegada, é só calcular a diferença
entre as cotas de partida e de chegada;
b) se for aberta e, se conhece a cota do ponto de partida e o de chegada, o erro será a diferença entre a DN
medida em campo e a DN conhecida entre os pontos;
c) se a poligonal for aberta, mas sem conhecimento das cotas de partida e de chegada, é realizado o nivelamento
e o contra-nivelamente, e a DN entre esses dois levantamentos, é o erro do nivelamento.
O procedimento para a compensação do erro do nivelamento pode ser, para o caso: (a) e (b), distribuir de forma
linear o erro entre as estacas; e (c) distribuir o erro linearmente, por exemplo, nas cotas do contra-nivelamento e,
calcular a média entre as contas do nivelamento e do contra-nivelamente compensada. Maiores detalhes e outros
métodos de ajuste para nivelamento podem ser encontrados em: Comastri e Tuler (2003, pg. 84-89), McCormac
(2007, pg. 122-125) e Wolf e Ghilani (2004, pg. 406-411).
Exemplo 9.11
O perfil topográfico é um gráfico em que, o eixo-x representa a distância horizontal, geralmente dado por números
de estacas, e o eixo-y os valores das cotas ou altitudes das respectivas estacas, determinadas em um nivelamento.
A DH entre as estacas, na maioria dos casos é constante, de 10 m em 10 m ou de 20 m em 20 m, de acordo com o
relevo. A metodologia mais empregada de nivelamento para a determinação do perfil topográfico é o nivelamento
geométrico, por ser o mais preciso.
No desenho do perfil deve-se utilizar escalas para o eixo-x, escala horizontal (EH), distinta daquela utilizada no
eixo-y, escala vertical (EV). As escalas devem ser diferentes devido às variações das DHs serem, na grande maioria
dos casos, superiores às das DNs. Desta forma, se colocadas em mesma escala, não se poderia avaliar o perfil do
terreno de forma adequada. Uma vez conhecida a EH, pode-se considerar inicialmente para teste, EV = 10 · EH
(GODOY, 1988). Deve-se verificar se este valor é adequado para construção do perfil no tamanho do papel utilizado.
Se necessário escolhe-se outra EV.
Na Figura 9.11 é apresentado o perfil do NG do Exemplo 9.10 (pg. 158). Considerando as estacas espaçadas em
20 m. No entanto, uma estaca a mais foi medida, localizada entre a 3 e a 4, a estaca 3 + 12 m. Isto é, distante 12 m
da estaca número 3. A necessidade da medição de uma estaca intermediária pode se dar por diversos motivo, por
exemplo, cotar uma elevação ou depressão no terreno. Neste exemplo, a estaca 3 + 12 m está indicando a mudança
de direção do levantamento. Entre as estacas 0 e 3 + 12 m o Az é de 137◦ 220 , posteriormente o Az é de 101◦ 490 .
Além dos azimutes, pode-se também, apresentar no gráfico do perfil topográfico, informações referentes a DH.
Por exemplo, na Figura 9.11 é apresentada a DH entre a estaca 0 e 3 + 12 m, de 72 m, e entre 3 + 12 m e 6, de 48 m.
200
EH = 1/1.000
Escala
198 Pe
rfi EV = 1/200
lt
196 op
og
ráfi
co
cota (m)
194
192
190
188
186 Estaca
0 1 2 3 3 + 12 m 4 5 6
200,000 m
199,305 m
197,095 m
193,470 m
192,400 m
191,938 m
190,274 m
187,825 m
cota no
terreno
Figura 9.11
Representação gráfica do perfil topográfico do Exemplo 9.10.
Juntamente com o perfil do terreno, pode-se ter um greide, também denominado de rampa, com uma declividade
(Equações 9.6 e 9.7). O greide pode representar, por exemplo, o eixo onde uma estrada passará, um canal de
irrigação ou a posição de uma rede de esgoto. Observando as cotas do perfil topográfico com as do greide, pode-se
também avaliar as áreas que serão cortadas ou aterradas, ou a profundidade de escavamento para posicionamento
de uma rede de esgoto. A DN entre a cota greide (cotagreide ) e a cota do terreno (cotaterreno ) é denominada de cota
vermelha (CV):
c) se CV for igual a zero, cotagreide = cotaterreno , é um ponto de passagem (PP), não haverá nem corte nem
aterro.
Sempre que o sinal algébrico da CV mudar entre estacas, haverá um PP. Na Tabela 9.2 é apresentado um exemplo
de uma caderneta de campo para um NGC com: as estacas de 20 m em 20 m; as cotas do terreno calculadas; um
greide arbitrário; e as respectivas CV’s. Na Figura 9.12 é apresentada a representação gráfica destes dados, inclusive
com a posição dos PPs. O perfil do terreno apresentado começa na estaca 5 + 13,5 m de cota de 200,00 m e termina
na estaca 10 + 15,1 m de cota 202,11 m, ou seja, uma DN total de 2,11 m, com o terreno em aclive entre a primeira
estaca e a última.
Tabela 9.2
Apresentação da CV em uma caderneta de campo.
Mais uma vez, a interpretação dos números das estacas intermediárias é: i) o primeiro número corresponde ao
número da estaca anterior; e ii) o segundo número, caso ocorra, é a fração que a estaca se encontra em relação a
estaca anterior. Então, a estaca inicial 5 + 13,5 m está 13,5 m à frente da estaca número 5, e 6,5 m atrás da estaca 6
(20 m − 13,5 m). Segundo esta mesma linha de raciocı́nio, somando as distâncias entre as estacas, tem-se que a DH
entre as estacas inicial e final é de 101,6 m (6,5 + 20 · 4 + 15,1).
b
b CV=–0,32 m CV=0,49 m
201 b
CV=–0,35 m
b
rs
b
b
CV=0,21m
b
CV=0,465 m
200 b
5+13,5 m 6 7 8 9 10 10+15,1 m
Estaca
Figura 9.12
Perfil topográfico, greide e CV dos dados apresentados na Tabela 9.2.
Exemplo 9.12
Com os dados da Tabela 9.2 , pergunta-se: a) qual é a declividade do greide (%); b) qual a cota do greide na
estaca 8; e, c) a estaca a cota do segundo PP.
Solução
Questão (a): considerando as cotas do greide nas estacas 5 + 13,5 m e 10 + 15,1 m e a DH entre estas estacas
de 101,6 m:
DN
d(%) = 100
DH
201,481 − 200,465
= 100
101,6
= 1%.
Questão (b): as cotas do greide, que na Tabela 9.2 são apenas apresentadas, são calculadas conhecendo-se:
i) a declividade do greide, neste caso de 1% e, ii) as DHs entre a primeira estaca às estacas de interesse,
para o exercı́cio, a 8. A DH é de 46,5 m (6,5 + 20 · 2). Como a declividade do greide é de 1%, tem-se que
para uma DH de 100 m neste greide, há uma DN de 1 m, então, para uma DH de 46,5 m, tem-se uma
DNgreide (8, 5 + 13,5 m) de 0,465 m 46,5
100
1 , logo:
Questão (c): o segundo PP encontra-se entre as estacas 9 e 10. A figura a seguir apresenta uma ampliação
do perfil do terreno e do greide entre esras estacas. As CVs são apresentadas em valores absolutos, uma vez
que se vai avaliar as distância que separam o greide do terreno em valores absolutos. Seja x a DH da estaca
9 ao PP. Como a DH entre as estacas é de 20 m, a DH de PP à estaca 10 será de 20 − x. Por semelhança de
triângulos:
x 20 − x
=
0,51 0,49
20 · 0,51
x=
0,49 + 0,51
x = 10,2 m.
CV= 0,51 m PP b
rs
b CV= 0,49 m
201
b
x 20 − x
200 Estaca
8 9 10
Para calcular o valor da cota no PP, a DH entre a estaca 5 + 13,5 m e a estaca no PP, 9 + 10,2 m, é de 76,7 m
(6,5 + 20 · 3 + 10,2). Sendo a declividade do greide de 1%, a DN entre estas estacas é de 0,767 m 76,7 1 .
100
Desta forma:
cota9+10,2 m = cota5+13,5 m + DN
= 200,465 + 0,767
= 201,232 m.
Exercı́cios
9.1. Qual o erro que resultará se, a correção dos efeitos da curvatura da terra e de refração, for negligenciado em
nivelamentos trigonométricos para pontos separados em:
a) 100 m;
b) 500 m;
c) 1 500 m;
d) 4 000 m;
Resp.: a) 0,000 7 m; b) 0,016 9 m; c) 0,151 9 m; d) 1,080 4 m.
9.3. Com uma estação total no ponto A, de altitude 1.392,869 m, visou-se um prisma sobre o ponto P, registrando-se
os seguintes valores: z = 81◦ 20 4500 ; DIAP = 792,298 m; ai = 1,521 m; ap = 1,775 m. Considerando o erro da
curvatura da terra e o de refração, qual a altitude em P?
Resp.: Altitude em P = 1.515,972 m.
9.4. Um nivelamento foi realizado da estação A para B, sendo a altitude de B de 409,56 m. Obteve-se os seguintes
dados: zAB = 86◦ 80 4700 ; DIAB = 3 524,68 m; aiA = 1,440 m; altura do centro do refletor (ap) no ponto B de 2,510 m.
Calcular a altitude do ponto A. Considere o efeito de curvatura e o de refração terrestre.
Resp.: Altitude em A = 172,911 m.
9.5. A distância inclinada e o ângulo zenital foram medidos de X para Y, sendo DI = 474,3 m e z = 93◦ 130 4600 ,
respectivamente. A altura do prisma e a altura do equipamento foi a mesma. Se a elevação de X foi de 837,5 m
acima do Datum, qual a elevação de Y?
Resp.: Elevação de Y = 810,781 m.
9.6. De um teodolito estacionado no ponto 13, de altitude 492,7 m, foi visada a mira no ponto 14, realizando as
seguintes medidas: z = 92◦ 270 ; ri = 1,000 m; rm = 1,598 m; rs = 2,196 m; ai = 1,7 m. Pergunta-se:
a) qual a DN entre os pontos 13 e 14?
b) qual a altitude do ponto 14?
Resp.: DN = –5,006 m; altitude do ponto 14 é de 487,694 m.
9.7. Em nivelamento taqueométrico do ponto X para Y, foram realizadas as seguinte leituras: z = 86◦ 100 ; ri =
1,700 m; rs = 2,300 m. Sabendo-se que a altura do instrumento foi igual a leitura do retı́culo médio. Pergunta-se
qual a DN entre os pontos X e Y?
Resp.: DN = 4,002 m
9.8. Com o objetivo de determinar a altitude do ponto inacessı́vel, P, foram realizadas as seguintes medidas: com-
primento de uma base AB de 50 m; ângulos horizontais P \ AB (α = 67◦ 370 4900 ) e ABP
\ (β = 52◦ 250 3800 ), conforme
Figura 9.13 (plano topográfico); aiA = 1,745 m; e ângulo zenital da luneta em A visando P de 57◦ 270 3100 . Sabe-se
que a altitude em A é de 564,693 m. Pede-se:
a) a DH de A a P;
b) a altitude de P.
Resp.: DHAP = 45,786 m; Altitude P = 595,654 m.
9.9. Calcule a altitude ortométrica (H) para uma estação em que a altitude geométrica (h), cuja a medida com
receptor GPS foi de 59,1 m. Sabe-se que a ondulação geoidal (N ) para a estação é de –21,3 m.
Resp.: H = 80,4 m.
9.10. Sobre um marco do IBGE foi estacionado um receptor GNSS, utilizando como método de cálculo da posição,
a diferença de fase. Foi obtida com este receptor a altitude de 329,673 m (geométrica). Consultando o programa
A Vista no plano
α
P
base
B Figura 9.13
MAPGEO2010, foi verificado que a altitude ortométrica deste marco é de 335,958 m. Qual é a ondulação geoidal
deste ponto?
Resp.: N = −6,285 m.
9.11. Utilizando-se um receptor GNSS, configurado para trabalhar com o Datum SIRGAS2000, obteve-se os
seguintes dados de um determinado ponto: coordenadas 20,7615◦ de Latitude Sul e 41,5354◦ de Longitude Oeste e,
altitude geométrica de 272,13 m. Calcule a altitude em relação ao geóide (altitude ortométrica). Utilizar o programa
MAPGEO2010.
Resp.: 278,48 m.
9.12. Em um perfil topográfico, a estaca 5 + 14 m tem cota 200,5 m e a estaca 10 + 2 m tem cota 204,7 m. O terreno
entre essas estacas é aproximadamente plano. Com estas informações calcular:
a) a declividade (%) de um greide que passaria pelas referidas estacas, se na estaca 5 + 14 m fosse feito um
aterro de 1,7 m de altura e um corte da mesma altura na estaca 10 + 2 m;
b) a cota do ponto de passagem e sua distância com relação à estaca 5 + 14 m;
c) a cota no terreno e no greide na estaca 7.
Resp.: Declividade de 0,91%; cotaPP = 202,6 m e distância de PP à estaca 5 + 14 m é de 44 m; cotagreide(7) =
202,436 m e cotaterreno(7) = 201,741 m.
9.13. Foi realizado um nivelamento e um contra-nivelamento entre os pontos A e B, obtendo-se a DN de, respecti-
vamente, 3,837 m e 3,842 m. Sabendo-se que o trecho AB tem uma extensão de 580 m. Pede-se:
a) o erro cometido no trecho;
b) considerando um levantamento da classe IIN da NBR13133, este levantamento está dentro do limite tolerado?
Resp.: erro = 0,005 m; está de acordo com a Norma.
9.14. Com os dados das cadernetas de nivelamento e contra-nivelamento (Tabela 9.3), e sabendo-se que as estacas
estão espaçadas de 20 m, calcular:
a) o erro cometido no trecho;
b) considerando um levantamento da classe IIN da NBR13133, este levantamento está dentro do limite tolerado?
Resp.: erro do nivelamento 0,006 m; está de acordo com a Norma.
9.15. Com os dados de um NGC apresentados na caderneta de campo da Tabela 9.4, calcule:
a) a declividade, em %, de um plano inclinado que passa pelas estacas 7 + 12 m e 12 + 5 m, considerando-se
que o espaçamento entre as estacas é de 20,0 m;
b) as CV para todos as estacas;
c) em que estaca(s) se encontra(m) o(s) ponto(s) de passagem.
Contra-Nive.
Estaca ré AI PI PM cota
9 1,200
8 2,923
7 0,621 1,756
6 2,947
5 0,710 0,479
4 2,706
Resp.: a) d = −1,008%; b) CV7+12 m = 0 m, CV8 = 1,328 m, CV9 = −1,384 m, CV10 = −1,407 m, CV11 = −0,478 m,
CV12 = 1,068 m, CV12+5 m = 0 m; c) PP1 = 8 + 9.795 m, PP2 = 11 + 6.183 m.
Entende-se por curva de nı́vel a linha que liga pontos de igual cota ou altitude. Em uma curva de nı́vel perfeita,
todos os seus pontos teriam mesma altitude/cota no terreno, desta forma, se uma pessoa estivesse realizando uma
caminhada ao longo desta, no terreno, ela não estaria subindo ou descendo. As curvas de nı́vel são importantes para
se conhecer o terreno quanto ao seu relevo, podendo-se aferir por meio delas: o grau de inclinação nas diferentes
direções de pontos no mapa; se tem forma plana ou ondulada; os locais em que podem ocorrer escoamento e/ou
alagamento. Logo, as curvas de nı́vel, fornecem informações essenciais para planejamento de projetos: de estradas;
de terraplanagem; de zoneamento agrı́cola; hidráulicos/hidrológicos, etc.
A tı́tulo de ilustração, na Figura 10.1a é apresentado um exemplo de relevo, juntamente com linhas de
interseção do terreno com várias superfı́cies de nı́vel “interceptando” o mesmo. A separação entre as superfı́cies, na
vertical, é de 10 m. Estas linhas de interseção, quando projetadas no plano de projeção, cartográfico ou topográfico,
resultam nas curvas de nı́veis, onde podem ser observadas na Figura 10.1b.
Para facilitar a leitura das curvas de nı́vel, a cada cinco curvas, uma é cotada. As linhas cotadas são denomi-
nadas de curvas mestras, e são apresentadas com linhas mais grossas. Na Figura 10.1b as curvas mestras são as de
0 m, 50 m e 100 m. Observe que, apenas com a leitura nas curvas mestras, é possı́vel calcular a distância vertical
entre quaisquer par de linhas subsequentes e, logicamente, atribuir a sua cota. Para se calcular a distância vertical
entre duas curvas na sequência, toma-se, por exemplo, as curvas mestras 50 m e 100 m, então:
100 m − 50 m
= 10 m, (10.1)
5
isto é, as curvas de nı́vel terão cotas de 10 m em 10 m. Entende-se por equidistância vertical de curvas de nı́vel, a
distância vertical entre uma curva e a sua sequente, sendo este valor constante no mapa. Logo, neste nosso exemplo,
a equidistância vertical do mapa apresentado na 10.1b é de 10 m.
CAPÍTULO 10. CURVA DE NÍVEL E CÁLCULO DE VOLUME 10.1. CURVA DE NÍVEL
a)
120
100
Altitude (m)
80
60
40
20
0
b)
forma de "V",
rio acima
forma de "M",
abaixo junção de
81,1 cursos d'água
100
67,5
90,3
26,8
93,4
relevo
acidentado
86,4
espaçamento uniforme
declividade uniforme
50
cume,
0
forma de "U"
relevo 17,0
plano relevo
plano
Figura 10.1
Representação do relevo de uma região (a) juntamente com a sua representação por meio de curvas de nı́vel, com equidistância
vertical de 10 m (b). Linhas tracejadas na cor azul, são cursos de água, e as marcas “×” são pontos cotados.
320
0
32
360
de montanha e outra de planı́cie, am-
bas com uma mesma medida de área
320
360
e mapeadas em mesma escala. Nestas
400
condições, espera-se a utilização de um
valor de equidistância vertical, maior 360
400
no terreno de montanha do que no
plano. Pois, se no mapeamento do ter-
400
reno montanhoso a equidistância ver-
360
tical for pequena, pode-se ter um so-
20 km
360
0
32
360
brecarregamento de curvas de nı́vel, o 360 360
900
1100 650 1100
750
700 110 700 1100 110
0 0
servadas na Figura10.2b e d, que rep-
105
1100
950 900
800 1050
0
100
100
85
0
0
0
110
900
900
resentam uma região plana e outra de
1150
950
900 900
0
0
115
105
1150
0
110
montanha, nos estados de SP e ES, re- 800 800
85
800 800
0
950
0
0
0
850
95
100
100
spetivamente. As duas regiões tem a
0
0
105 90
90
900
900
0 0
70 70
0
0
0
1000 1000
90
90
mesma área (≈ 1 700 km2 ) e escala. Para 0
1215510401200 0
13105001200
600
600
0
55 50
11330500
permitir uma leitura adequada das cur-
1400
1400
100
100
750
1100
1100
1000
1000
11
11
0
0
850
115
vas de nı́vel, enquanto na região de SP 00
00
500 0 500
500 0
1150
500
950
0
65
400 550
450
0000
1000
1000
125000
1050
0 300
0 300
14
14
13
6755050
20 km1000 6500
20 km1000
400
1050 850
5000 0 00 0
tanha do ES, a equidistância vertical fi- 90 90
250
950
340 4
800020
80020
650 0 5000500 300 00
67500
70
300
200
950
85
215
0
45085
Com o objetivo de se caracterizar melhor o relevo, além das curvas de nı́vel, pontos de destaque são cotados,
podendo ser, por exemplo, picos, depressões locais e pontos onde as curvas de nı́vel são muito espaçadas (terrenos
planos). Para apresentar a posição destes pontos cotados, usa-se, normalmente, o sı́mbolo “×”, acompanhado do
valor da cota ou da altitude.
(Figura 10.3d).
A obtenção de curvas de nı́vel em campo pode ser necessária na locação de linhas de plantio de culturas agrı́colas
e florestais, na construção de terraços, visando a prevenção e contenção da erosão do solo, etc. Para a locação das
mesmas, podem ser utilizados como equipamentos os nı́veis, os teodolitos ou as estações totais, sempre realizando
visadas horizontais.
Vamos considerar que o equipamento que será utilizado é uma estação total com o prisma. O técnico na estação
fará visadas horizontais, ou seja, o ângulo zenital (z) deverá sempre marcar 90◦ . Suponha que a estação esteja em
um ponto de cota 100 m, com a altura do instrumento (ai) de 1,7 m (medida com uma trena) então, a altura do
instrumento (AI) seria de 101,7 m. Para se obter pontos onde passa a curva de nı́vel de 100 m, por exemplo, deve-se
fixar a altura do prisma em 1,7 m. Desta forma, toda vez que, da estação, o centro do prisma for corretamente
observado, a cota naquela posição do prisma será de 100 m. O técnico com o prisma é orientado pelo o da estação
total, que o indica, se o prisma deve ser posto em posição mais ou menos elevada, de tal forma que o centro do
prisma esteja na visada correta. Quando houver concordância, o ponto é materializado por uma estaca, sabendo-se
que nela, passa a curva de nı́vel de 100 m. O técnico com o prisma desloca-se para uma nova posição, e novamente
procura-se fazer a visada no centro do prisma.
Se no levantamento há também o objetivo de desenho em planta, para fins de determinação das coordenadas,
deve-se anotar as DH’s e o Hz’s, para posterior cálculo das coordenadas.
Outros métodos para locação de curvas de nı́vel em campo podem ser encontradas em (GODOY, 1988).
Um dos serviços importantes de técnicos em topografia é o de sistematização de terrenos, ou seja, modificar a sua
forma, tornando-o plano, para fins de execução de projetos de engenharia na área de interesse. Podem-se citar como
projetos que demandam sistematização de um determinado terreno: os residenciais e prediais; os de irrigação por
gravidade; construção de quadras e campos de futebol, etc.
Na execução da sistematização de um terreno, geralmente acorrerá as seguintes etapas: i) escavação de rochas,
terras e cascalhos, ou mistura destes, sendo esta etapa denominada de (corte); ii) o transporte de material e; iii) a
sua deposição, normalmente com compactação do material, denominada de aterro. Certos projetos podem ter mais
ênfase no corte do terreno, como em projetos de estradas. Outros, terão mais trabalho de aterro, como na construção
de barragens. Na sistematização, se busca quantificar o volume de material a ser trabalhado, assim como analisar
a forma de quantificar este material em escritório. Se busca também diminuir custos da operação. Por exemplo,
sabendo-se que o custo de transporte de material é elevado, buscar-se-á minimizar o volume desta operação.
O volume de material a ser movimentado, seja no corte ou no aterro, é mensurado na unidade de m3 . Um fato
importante na hora de quantificar o volume de material, é que o mesmo vai variar seu volume com a mudança da
sua condição inicial para uma outra condição, por exemplo: i) um volume na condição natural no terreno, após
ser escavado, sofrerá expansão, pois o mesmo será desagregado; ii) o volume transportado de material que será
utilizado em aterro, vai ser compactado, diminuindo o seu volume.
Suponha o volume de 1 m3 de terra ainda no terreno natural, após a sua escavação, será desagregado, e terá o
seu volume aumentado em aproximadamente 20%, o que resultará em um volume ≈ 1,2 m3 para ser transportado.
Por outro lado, um volume de 1 m3 , após submetido à compactação, terá o volume reduzido em aproximadamente
15%, logo, o 1 m3 de material, após processo de compactação, resultará em um volume de ≈ 0,85 m3 (COLE;
HARBIN, 2009).
Exemplo 10.1
Considere a escavação para fins de construção de uma piscina, cuja dimensão é de 50 m de comprimento,
20 m de largura e 2 m de profundidade. Qual o número de viagens que um caminhão vai realizar para
transporte deste material? Sabe-se que, o caminhão a ser utilizado tem capacidade de transporte de 10 m3
por viagem e, que a terra a ser escavada vai expandir em 20%.
Solução
Volume de terra a ser retirado do terreno será:
V = 50 × 20 × 2 = 2 000 m3
Considerando o fator de expansão de 20% e o volume de 10 m3 por viagem, temos um total de viagens:
2 000 × 1,2
= 240.
10
Os métodos para se medir o volume de material dependem do tipo de projeto executado e dos dados
disponı́veis, sendo os mais usuais, o por secções e o por área unitária.
A1 + A2
V = ×L (10.2)
2 A1
em que A1 e A2 , são as áreas das secções paralelas analisadas e
L, a distância horizontal que separa as secções. Considerando
Figura 10.4
que as medidas das áreas das secção são em m2 e a distância
Volume pela método da área média das secções.
horizontal em metros, teremos o volume na unidade de m3 .
Exemplo 10.2
Exemplo 10.3
O método de cálculo do volume pela área média das secções se aplica em áreas longitudinais, como em trechos
de estradas. Para exemplificar aplicação deste método, considere a Figura 10.5, na qual são apresentados os cálculos
de volume do terreno da Figura 10.3 (pg. 171), quando o mesmo é sistematizado para ter cota de 102,5 m em toda
a sua extensão. Primeiramente calcula-se as CVs das estacas, em que valores negativos e positivos são pontos de
corte e aterro, respectivamente. Neste exemplo escolheu fazer os cálculos das áreas de corte e de aterro utilizando-
se como secções as colunas 1, 2 e 3. Para cada secção e desenhado o perfil do terreno e a sua distância vertical para
cota a ser sistematizado. Por meio desta representação, pode-se verificar as áreas de cortes e aterros onde suas áreas
são calculadas por meio de aproximação destas à figuras geométricas elementares, com triângulo e trapézio. Com
os dados das áreas de corte e aterro tabulados, para cada par de secção é calculado o seu respectivo volume por
meio da Equação 10.2.
A1 Cálculo volume
398,0 268,0
2 10,0 17,0
AC1 =
2,2 + 0,6
20 +
0,6 × 6 B1 105,0 735,0
2 2
0,6 m
2 3 0,5 56,5
AC1 =29,8 m
Secção 1
Terreno sistematizado 6,0 m AA1 =
1,4 × (20 − 6)
2
2 Cálculo das CVs
1,4 m
AA1 =9.8 m
Terreno sistematizado
102,5 102,5 102,5
C
A2
C1 B
102,5 102,5 102,5
1,0 m
1,0 × 20
AC2 = 102,5 102,5 102,5
2 A
AC2 =10,0 m
2
B2 1 2 3
Secção 2
1,7 × 20 −
AA2 =
2 Cotas do terreno
2 101,1 100,8 100,0
AA2 =17,0 m
1,7 m
AC3 =
0,3 × (20 − 17) C2 1 2 3
A3 2
0,3 m
2 =
AC3 =0,5 m
Secção 3 CV
17,0 m 1,4 1,7 2,5
C
1,7 × 17 1,7 + 2,5
AA3 = + 20
1,7 m
B3
C3
Figura 10.5
Procedimentos para medição de volume pela área média das secções. Distância entre as estacas é de 20 m e sistematização do
terreno para cota de 102,5.
10 m
ferı́vel o método da área média
das secções. No método da área
unitária, para a estimativa do 2 303,3
volume de material a ser escav- 303,4 303,0 302,1 302,4 302,2
ado ou depositado na área de in-
teresse, primeiramente, a área é
estaqueada em quadrados. As
estacas têm a sua cota deter- 3 305,7
minada por nivelamento, seja o 305,6 304,0 303,0 303,9
trigonométrico, com estação to-
tal ou, por meio do nivelamento
geométrico, com o nı́vel. As lin-
has e colunas são identificadas 4 307,0
por letras ou números. Na Figura 307,5 306,1 304,5
10.6a é apresentada uma área Volume de
b) um quadrado
a ser sistematizada, constando,
para cada estaca, os valores das
cotas. As colunas e linhas da A2= 303,3 B2=303,4 m
5 307,8 307,6 307,7 307,4
grade são identificadas por letras
e números, sendo, por exemplo, a A1= 302,4
estaca A1 a cota de 302,4 m. B1=302,3
Suponha que o projeto de A2'=301
B2'=301
A1'=301
engenharia definiu que, após a 6 307,4 306,9 307,3 B1'=301
sistematização, o terreno terá
cota de 301,0 m na sua extensão,
logo, todas estacas terão também
ao final cota de 301,0 m. Para Figura 10.6
apresentar o procedimento do Exemplo de terreno nivelado para fins de sistematização pelo método da área unitária. É
método área unitária, vamos con- apresenta a cota de cada estaca, seguido do seu peso, entre parênteses, para ser utilizado
siderar inicialmente, o primeiro no calculo do volume.
quadrado da grade, A1-A2-B1-B2
(Figura 10.6b), onde pode-se notar que em todas as suas estacas haverá corte para se ter cota final de 301,0 m. Uma
maneira de verificar se em determinada estaca haverá corte ou aterro e de quanto será, é por meio da cota vermelha
(CV = cotagreide − cotaterreno ). Por exemplo, suponha que estejamos calculando a CV na estaca A1. Esta seria
de −1,4 m (301,0 − 302,4), o que significa um corte de 1,4 m nesta estaca. O mesmo pode ser aplicado para as
demais estacas deste quadrado. Agora temos um sólido geométrico de base quadrada em que se pode calcular o
seu volume, como apresentado a seguir.
h
na figura ao lado são apresentados dois prismas retos, um com base
h
triangular e, o outro, com base quadrangular. O volume de um prisma
reto é calculado como: A A
−1,4 − 2,3 − 1,3 − 2,4
= −1,85 m,
4
V = 10 × 10 × −1,85 = −185 m3 .
O sinal negativo do volume calculado significa que neste quadrado o volume de 185 m3 será escavado. Por
outro lado, caso fosse positivo, seria o volume a ser aterrado.
Para se calcular o volume de material de toda área, ao invés de calcular os volumes dos quadrados individuais
e depois somar, se usa o seguinte método, a área de quadrado é dividida por quatro2 e, este resultado, multiplicado
pela soma do produto da CVs de cada estaca pelo número de quadrados que a mesma é comum (ver Exemplo
10.2.2). Matematicamente:
AX
V = CVi, j × wi, j (10.4)
4
em que: V é o volume (m3 ); A é a área do quadrado (m2 ); i e j são os ı́ndices das linhas e colunas, respectivamente,
i = 1,2, . . . , ı́ndice das linhas e j = 1,2, . . . , ı́ndice de colunas; wi, j é o peso, sendo igual ao número de quadrados
em comum na estaca i, j;
Exemplo 10.4
Considere sistematizar o terreno da Figura 10.6a para ter cota final de 301 m em toda a sua extensão. Qual
será o volume de material a ser cortado ou aterrado?
Solução
2O número quatro é referente ao denominador da média calculada de CV para as 4 estacas de cada quadrado
10 m
CVs das estacas, por exemplo, a CV na
estaca A1 é:
2 -2,3 (2) -2,4 (4) -2,0 (4) -1,1 (4) -1,4 (3) -1,2 (1)
CVA1 = 301 − 302,4 = −1,4 m.
10 × 10
Vtotal = (−6,4 × 1 − 6,8 × 2 − 6,0 × 2 − 4,7 × 2 − 2,3 × 2 − 1,4 × 1
4
− 5,9 × 2 − 6,6 × 4 − 6,5 × 4 − 4,6 × 4 − 2,4 × 4 − 1,3 × 2 − 6,3 × 1 − 6,7 × 3
− 5,1 × 4 − 3,0 × 4 − 2,0 × 4 − 0,7 × 2 − 6,4 × 1 − 3,5 × 2 − 2,0 × 3
− 1,1 × 4 − 0,7 × 2 − 2,9 × 1 − 1,4 × 3 − 1,0 × 2 − 1,2 × 1 − 0,5 × 1)
10 × 10
= (−246,4)
4
Vtotal =−6 160 m3
O sinal do volume calculado representa que o terreno será escavado. Logo, para que o terreno analisado
seja sistematizado para a cota de 301 m, o volume total a ser escavado será de 6 160 m3 .
Exemplo 10.5
No problema anterior, verificou-se que haverá a necessidade de transporte de uma grande quantidade
de material. Sabendo-se que os custos com o transporte para a área de aterro é alto, pode-se estudar a
possibilidade de se trabalhar com uma cota a ser sistematizado o terreno, tal qual, o volume escavado
dentro da área seja igual ao volume a ser depositado nela mesma. Com a finalidade de minimizar os custos
de transporte de material do terreno apresentado na Figura 10.6a, calcular:
a) a cota que o terreno deve ter para que volume de corte seja igual ao volume a ser de aterrado na área;
b) o volume de corte.
Solução
Esta solução é aproximada, pois não serão considerados os fatores de expansão do solo ao ser escavado,
assim como o fator de compactação do solo ao ser aterrado. Considerando que o 1 m3 de solo escavado
vai ser igual ao 1 m3 aterrado, a cota que resultará no volume de material a ser a escavado igual ao volume
depositado dentro da mesma área, corresponderá a média ponderada das cotas das estacas. A ponderação a
ser utilizada em determinada estaca corresponderá ao número de quadrados que a mesma tem em comum
na grade, desta forma:
Logo, a cota que resultará em volume de corte igual ao volume a ser aterrado é de 304,624 m.
Para cálculo dos volumes de corte, primeiramente deve-se traçar a curva de nı́vel com a valor da cota que
resultará no volume de corte igual ao volume de aterro, no nosso caso, a de 304,624 m. Ela determinará na
planta o que denominamos de pontos de passagem. Na curva de nı́vel dos pontos de passagem, não haverá
nem corte ou aterro, todavia, ela é importante pois separa as regiões onde serão realizados os trabalhos de
escavação daquelas de deposição de material.
Nota-se, na figura a seguir, que o terreno com a linha dos pontos de passagem, divide o terreno em duas
áreas uma na porção inferior e outra na porção superior representando, respectivamente, área de corte e de
aterro.
1A2,22410 m B
2,324
C
2,924
D
2,924
E
2,624
F
3,124
10 m
4,44 m
13
3
c=
6,1 m04.
A1c = 44,6 m2
A2
3 -1,076 62
-0,976 4 0,624 m 2 1,624 0,724
A3c = 94,2 m2
,7
7,0 m
34
c=
A4
9,92 m
4 -2,376 -2,876 -1,476 0,124
10 × 10
VquadCorte = (−2,776 × 1 − 3,176 × 2 − 2,376 × 2 − 1,076 × 1
4
− 2,276 × 2 − 2,976 × 4 − 2,876 × 3 − 0,976 × 1 − 2,676 × 1
− 3,076 × 3 − 1.476 × 2 − 2,776 × 1)
10 × 10
= 58,647
4
VquadCorte =−1 466 m3
(4,48 + 4,44)10 −1,076 − 0,976 + 0 + 0
V1c =
2 4
=44,6 × −0,513
V1c =−23 m3
4,44 × 6,1 −0,976 + 0 + 0
V2c =
2 3
=13,542 × −0,325
V2c =−4 m3
(10 + 7) × 3,9 −2,876 − 0,976 + 0 + 0 − 1,476
V3c = 10 × 6,1 +
2 5
=94,15 × −1,066
V3c =−100 m3
7 × 9,92 −1,476 + 0 + 0
V4c =
2 3
=34,72 × −0,492
V4c =−17 m3
• O volume total a ser escavado, considerando os volumes dos quadrados inteiros e os parciais.
Mais uma vez, o sinal apenas indica que será um volume de 1 610 m3 a ser escavado.
Exercı́cios
10.1. Para fins de uma obra de engenharia, será escavado um volume de 6 000 m3 . Sabendo-se que o material a ser
escavado vai sofrer expansão de 15% de seu volume e, que o caminhão, tipo basculante, que será empregado no
transporte tem capacidade de 12 m3 , qual será o número de viagens necessárias para transportar todo o material?
10.2. Deseja-se aterrar um volume de 400 m3 com terra. Qual será o volume de terra necessário para este aterro,
sabendo-se que o material a ser utilizado terá seu volume reduzido em 25% no processo de compactação?
Resp.: 500 m3 .
10.5. Para os dados das áreas a serem escavadas de secções apresentadas na tabela a seguir, calcular o volume de
material a ser escavado. Considere a distância entre as secções de 20 m
Área de
Estaca
corte (m2 )
8+0m 151
9+0m 191
10 + 0 m 133
11 + 0 m 49
12 + 0 m 70
Resp.: 9 670 m3
10.6. Utilizando os dados do Exemplo 10.5 da página 180, calcular o volume de aterro.
Resp.: 1 617 m3 .
10.7. Um terreno foi estaqueado conforme a Figura 10.9 para fins de trabalho de terraplenagem. O espaçamento
entre as estacas foi de 20,0 m. A declividade do terreno na direção das linhas é de –3% e na direção das colunas é
de –2%. A cota do terreno para estaca A1 de 100,00 m. Pedem-se:
a) Calcular as cotas para todas as estacas;
b) Traçar as curvas de nı́vel da área, com equidistância vertical de 1,00 m;
c) Calcular a cota (hm) de um plano horizontal que, na terraplenagem, resulte em volumes de corte e aterro
iguais;
d) Traçar a linha de passagem, indicando as áreas de corte e aterro;
e) Calcular a cota vermelha para todas as estacas.
Resp.: a) e e) nas Tabelas abaixo; c) hm = 98,5 m.
10.8. Num trabalho de sistematização, transferiu-se a altitude de um marco para um ponto próximo a área
de trabalho, pelo método de nivelamento trigonométrico. Posteriormente, conhecendo-se esta nova altitude,
determinaram-se as altitudes das estacas que serviram de sistematização. Dados:
• transferência de altitude: na estação A, cuja altitude é de 305,3 m instalou-se uma estação total ficando o
eixo da luneta a 1,74 m de altura (ai), em seguida visou-se o prisma, cuja a altura era de 1,0 m (ap), em X,
anotando-se o ângulo zenital 96◦ 200 e a DI de 926,0 m;
1 2 3 4
A
B
-2%
C
D
-3%
Figura 10.9
• altitudes das estacas que serviram à sistematização, com o nı́vel de precisão fez-se uma irradiação geométrica
obtendo-se os seguintes dados, visada de ré na mira colocada sobre X igual a 0,12 m; leitura da mira, em
metros, nas estacas da quadrı́cula (20 m por 20 m) na Tabela 10.2.
a) a altitude em X;
b) a altitude nas estacas da quadrı́cula;
c) calcular a altura média do plano que resultará em Vc = Va ;
d) projetar um plano inclinado de 1% de declividade no sentido A para C e de −2% na direção da secção de 1
para 2.
10.9. Um terreno de 40,0 m por 40,0 m, foi estaqueado em quadrı́culas de 20,0 m por 20,0 m. As cotas obtidas para
cada vértice estão na Figura 10.10.
Pede-se:
a) desenhar o terreno na escala 1 : 500 e locar as curvas de nı́vel inteiras, pelo método de interpolação por
cálculo com EV = 1,0 m;
b) projetar um plano inclinado de +2% na direção e sentido de A para C que resultará em Vc = Va . Fazer
desenho na escala 1:500;
c) calcular os volumes de corte e aterro para o plano inclinado (não considere talude de corte e saia de aterro),
utilize fórmula da área média das secções.
Resp.: b) Figura 10.11; c) Vc = 557,90 m3 ; Va = 562,89 m3 .
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