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COLÉGIO APOGEU

PROJETO INTERDISCIPLINAR

ADOLESCÊNCIA AO REDOR DO MUNDO

Uma análise sobre o processo de construção da identidade


na adolescência e a ruptura de valores hereditários

Juiz de Fora, 26 de novembro de 2021

COLÉGIO APOGEU
PROJETO INTERDISCIPLINAR – ADOLESCÊNCIA AO
REDOR DO MUNDO

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NA


ADOLESCÊNCIA E A RUPTURA DE VALORES
HEREDITÁRIOS

Trabalho submetido à banca de professores para aquisição


de pontos e conhecimento a partir do Projeto Interdisciplinar
“O processo de construção da identidade na adolescência e
a ruptura de valores hereditários”, apresentado para toda a
comunidade escolar.

Orientadora: Professor (a): Rodrigo Morais

Responsáveis: Alexandra Silva Souza Oliveira, Ana Caroline


Miranda Pinto e Luana Lage.
Introdução 

Partindo da concepção de adolescência como um


processo do desenvolvimento que apresenta transformações
nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais,
constituindo-se numa fase que marca um importante período
na vida dos sujeitos, e na construção da sua identidade,
entende -se que essa fase da vida está estritamente ligada
ao conceito proposto por Ulrich Beck, sociólogo alemão, que
aponta como após a chegada dos iluministas a razão passou
a se consolidar cada vez mais como método confiável para
adquirir conhecimento, substituindo de forma gradual a
tradição, proporcionando aos indivíduos o rompimento de
muitos preceitos.

         No entanto, romper com esses paradigmas é um


processo muita das vezes difícil, demorado, confuso e que
pode trazer consequências traumáticas já que como
afirma Anthony Giddens, esse processo de mudanças
advindas da racionalidade traz também percepção dos
indivíduos e coletividades sobre os perigos e riscos do viver,
bem como sobre a segurança e a confiança.Atualmente, os
adolescentes, por terem maior acesso as informações
passam a confrontar as ideias impostas pelas famílias ,e a
refletir sobre os problemas sociais dando maior ênfase para
um pensamento mais individualista e questionando sua
própria identidade e caráter, diante a sociedade, estes que
por vezes se tornam mais móveis e mutáveis pelo fato da
falta de referência da tradição proporcionar um mundo
de  diversidade e possibilidades abertas de escolhas.
                                  

           A aceitação de algumas ideias adquiridas através das


tradições , sem a passagem por um questionamento crítico é
um processo muito preocupante, uma vez que afeta
diretamente da vida de crianças e adolescente pois como
mostra uma pesquisa realizada pela OMS em 2016 ,95%
dos entrevistados já sofreu algum tipo de trauma no período
da infância ou adolescência .Essa realidade violenta decorre
de conceitos herdados como o de que a violência contra
crianças quando praticadas pelos pais ou familiares é
legitimada, mulheres e homens têm papéis predefinidos na
sociedade, inferioridade e subordinação que as mulheres
devem realizar para homens, entre outros. Todas as
imposições destas ideias aos jovens trazem muitos
sentimentos e questionamentos que acarretam traumas.
Logo, este trabalho tem como objetivo entender a dimensão
e consequências da ruptura de valores hereditários na
formação da identidade dos adolescentes, levando em conta
peculiaridade que essa fase da vida já traz por si só.

Problematização

A adolescência é a principal fase de construção


social, dando início a manifestações comportamentais de
acordo com os grupos sociais desenvolvidos. 

Ao nascer, somos inseridos em um contexto familiar


que já segue um padrão hereditário, com seus valores,
regras e costumes, onde os mesmos auxiliam na primeira
identificação do indivíduo. A socialização primária mostra-se
presente a partir do momento que a família é o primeiro
contato com a sociedade que o ser humano tem,
consequentemente alguns indivíduos muitas das vezes
levam para toda vida aquilo que lhes é ensinado sem ao
menos fazer uma reflexão crítica sobre o que foi imposto .
No convívio familiar é onde se tem a primeira experiência
com conceitos socias de acordo com a cultura. Geralmente é
reflexo do ensino dos responsáveis de uma criança as
atitudes da mesma, uma atitude pela qual é reconhecida
pelo educador Jean Piaget que mostra sabedoria em suas
matérias sobre as fases de desenvolvimento, esse reflexo é
ingênuo, uma vez que os responsáveis não possuem
consciência de que seus atos e maneiras de enxergar o
mundo influenciam diretamente na construção de um
indivíduo. 
A sociedade está constantemente em processo de
modificação de seus valores e costumes, levando
adolescentes à construção de diferentes trajetórias através
dos contextos sociais. O resultado dessa influência são
comportamentos e suas variadas expressões de se colocar e
adequar a sociedade. Nesse cenário, os adolescentes
tendem a se esquivar da posição de atores para autores de
si. Mas como ocorre a desconstrução de valores hereditários
na fase da adolescência? 

Justificativa

Falar sobre o processo de construção de identidade


na adolescência e consequentemente a ruptura de valores
hereditários é importante pois é a fase em que mais se tem
contato com outras opiniões e que se questiona um
posicionamento muitas vezes herdado de sua própria
família. É o momento em que se vai criar seu próprio
pensamento crítico, mas é preciso ter em mente que como
característica da modernidade tardia, é normal apresentar
identidades múltiplas ao mesmo tempo conferidas pela
liberdade.

Muitas famílias lidam com a divergência de opiniões de


forma agressiva, censurando pontos de vistas e muitas
vezes repreendendo o adolescente que acaba adquirindo
problemas em relação a não poder se opor e articular seus
próprios posicionamentos. Problemas esses como a
depressão e ansiedade, que os afetam diretamente.
 

Figura 1: Gráfico sobre ansiedade entre adolescentes. 

(Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/um-em-cada-tres-adol
escentes-no-pais-sofre-de-transtornos-mentais-comuns-1935
6875)
Figura 2: Porcentagem do nível de depressão entre os
adolescentes.
(Fonte:
https://agazetadebarretos.com.br/depressao-a-doenca-silenc
iosa-que-tambem-afeta-os-jovens/) 
Por ser pouco investigada devido ao baixo
investimento em estudos como esse, a depressão na
adolescência é frequentemente confundida com sintomas
dessa mesma fase da vida, marcada por sentimentos e
confusões que são deixadas de lado desde o começo,
quando se mostram presentes no cotidiano do adolescente,
crescendo gradativamente e sendo mais difícil de se tratar.
Tal situação que ocorre de modo incessante atualmente
pode ser nomeada por ¨sociedade do cansaço¨, apresentada
por Byung Chul-Han. Byung revela uma sociedade que
¨romantiza¨ o esforço exagerado e a postura positiva diante
disso, gerando uma pressão e proibição social de se falar a
respeito dele, resultando em ansiedade e depressão, ou
seja, essa obrigação de produzir incansavelmente e ser
positivo quanto a isso é apenas uma ideia que a sociedade
do cansaço dispõe na mente das pessoas.

Objetivo geral:

O objetivo deste projeto é discutir sobre o processo de


construção das identidades na adolescência, pois se trata de
um assunto que merece maior atenção por ser a fase mais
conturbada da vida, merecendo maior visibilidade.

Objetivos específicos:

● Destacar a importância de se discutir sobre o assunto;


● Apresentar as consequências que a pouca importância com
o tema pode acarretar a longo prazo na vida de um
adolescente;
● Como a imposição de certos paradigmas está diretamente
relacionada com a violência sobre os adolescentes e na
formação de identidade destes; 
● Conscientizar o público e propor uma maior reflexão social
para que haja mudanças e consequentemente um maior
bem-estar social;

Considerações Iniciais 

Entre 2010 e 2020, pelo menos 103.149 crianças e


adolescentes com idades de até 19 anos morreram no
Brasil, vítimas de agressão, segundo levantamento
divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Do
total, cerca de 2 mil vítimas tinham menos de 4 anos, com o
isolamento social advindo do COVID19 houve um aumento
desse tipo de violência doméstica, só em março de 2020, foi
registrado, no Brasil, um aumento de 17% no número de
ligações notificando a violência contra a mulher.
Portanto entendemos que a violência relacionada aos
adolescentes está integralmente ligada com os inúmeros
valores hereditários presentes na sociedade como por
exemplo; a normalização da violência dos pais ou familiares
em relação aos adolescentes, pois essa é vista como uma
forma legítima de impor respeito e obediência refletindo
uma concepção histórico-cultural que tem percorrido todas
as décadas até o século atual, nas suas diferentes formas de
expressão
Abuso de criança é citado nos livros mais antigos da
história da civilização humana, como na Bíblia e no Alcorão,
onde a criança era oferecida como sacrifício para agradar a
Deus, logo práticas como infanticidio, venda e abandono dos
filhos , agressões e até a exploração do trabalho infantil, com
crianças de quatro anos de idade trabalhando até 16 horas
em fábricas sendo acorrentadas , e aos oito anos em minas
de carvão, durante a revolução industrial, ( séx XIX )eram
consideradas práticas comuns.
Foi apenas no século XX que as criança passaram a
ser aceita como fazendo parte da humanidade,passando a
ser detentora de diretos como os previstos do artigo 227, da
Constituição Federal ,onde passa a ser transferinda para a
família, Estado e sociedade a responsabilidade por tudo de
mau que lhe pudesse acontecer. sendo ressaltada a
necessidade dos cuidados dos país e a caracterização da
infância como período básico e fundamental da existência do
homem

Metodologia

A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse


projeto foi uma análise bibliográfica, onde houve
levantamento de dados públicos e pesquisas de
especialistas sobre o tema. As principais abordagens são
política, social e cultural.

Resultados e discussões

Valores podem ser vistos como conjuntos de


importâncias dadas a determinadas morais diante a ética
social. Com o passar do tempo esses valores vão
modificando-se uma vez que, a sociedade apresenta
constante evolução e desconstrução de morais hereditárias.
A principal fase da vida responsável pelas desconstruções
dos valores de épocas passadas é a adolescência,
analisando essa fase como a que mais apresenta
questionamentos sobre a vida. 

As curiosidades e questionamentos que marcam a


fase da adolescência muitas das vezes são reforçados
dentro de casa, já que o primeiro contato de valores que o
ser humano tem vêm de seus responsáveis.

Com os novos grupos sociais e gerações mais


tecnológicas, tais questionamentos são cada vez mais
recorrentes, visto que, a informação é mais transparente e
rápida. Nem sempre esses questionamentos são valorizados
pela família, tal importância deveria ter devida atenção já
que esse comportamento faz parte da construção do
indivíduo, logo, os adolescentes tendem a buscar respostas
dentro de grupos sociais, reflexo da tal consequência são as
manifestações de comportamentos inigualáveis à educação
familiar.

Nas escolas a diversidade de personalidade auxilia


constantemente nas desconstruções de valores hereditários.
Acesso a novas religiões na vida de um adolescente ou a
falta de crença nas mesmas, mostra-se presente nessa
desconstrução. Fatores como desinteresse, indignação,
impaciência afetam a famosa “rebeldia”, a mesma é mais
expressiva na fase da adolescência, a qual é designada
diante a falta de empatia da família ou de pessoas próximas
escutar e/ou explicar o motivo desses comportamentos e
dúvidas ao longo da adolescência. A depressão, ansiedade,
problemas com autoconfiança ou autoestima, podem ser
agravados por essa impaciência dos responsáveis quando
lidam, de forma agressiva, com os questionamentos naturais
da fase adolescente. A partir do momento que esses
problemas mentais não recebem atenção, principalmente
profissional, podem levar a pensamentos autodestrutivos. Ao
longo do tempo tais pensamentos tendem a apresentar
manifestações físicas, como a mutilação, suicídio, abuso de
substâncias, entre outras maneiras de autopunição.

Análises Históricas

Observando o contexto social a adolescência é decorrência


de uma construção social, que constantemente é alvo de
reformas culturais, sociais, econômicas, educacionais,
religiosas e demais modificações e evoluções. Com tais
revoluções é perceptível como alguns hábitos foram
adaptados e aplicados às novas gerações, entretanto
algumas ideias estão sendo desconstruídas, em vista que
alguns costumes estão sendo considerados ultrapassados.

Nas sociedades grega e romanas, crianças e adolescentes


não eram suscetíveis de proteção jurídica, questão
romantizada por uma ética religiosa. Aproximadamente entre
o século XVI ao XIX, crianças eram tratadas com
irrelevância, quando as mulheres completavam os quinze
anos já eram consideradas aptas para casar, os homens
eram utilizados para trabalhos pesados.

Era comum o reflexo do trabalho do responsável na criança,


já que o estudo não era valorizado. Doravante a Idade Média
surge a escola, onde o objetivo era educar as crianças e
adolescentes. Contudo, a princípio a mesma não era
acessível a todas as classes sociais, diante a elitização do
ambiente escolar crianças pobres recebiam educação em
casa, quando diferentemente do estudo passado para as
elites (cultura da aristocracia e ensino religioso) essas
recebiam orientações para o trabalho.

Com a revolução industrial a educação domiciliar foi


ameaçada, uma vez que, havia dificuldade com o manuseio
das novas tecnologias, logo, o ensino educacional dessas
crianças foram repassados para profissionais qualificados.
Mediante o exposto, a escola deixa de ser um ambiente
privado às pessoas da alta sociedade e estende-se para
outras camadas sociais. A partir dessa consequência, as
escolas agora focavam em ensinos que hoje são
considerados básicos, o aprendizado da escrita, cálculos e
modelos de comportamentos. Uma matéria que hoje não é
obrigatória, é o ensino religioso que se mostrava presente na
educação escolar na antiguidade.

O trabalho infantil se mantém como um dos assuntos mais


debatidos na sociedade, um dos tópicos mais ressaltados
nessa discussão vem do rendimento escolar. Entre prós e
contras é decisão da família se uma criança vai trabalhar,
porém nem tão fácil se faz essa ação, o trabalho infantil tem
seu limite de idade e análise do tipo de esforço que a mesma
dedicará no trabalho. Ainda hoje trabalhos ilegais é realidade
de muitos.
https://livredetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/estatistica
s/

Sob condição de um rendimento escolar favorável e atenção


no trabalho do menor para que não haja sequer um tipo de
exploração, a autorização legal para o trabalho de
adolescentes, com monitoramento de profissionais e
responsáveis.

Em relação a costumes familiares, hoje em dia a sua


desconstrução se mostra mais fácil do que antigamente,
uma vez que a internet, proporciona, qualquer tipo de
informação. Com o direito da criança por lei, hoje a evolução
da aceitação da agressão, auxilia na exploração social de
crianças e adolescentes, uma vez que, a agressão se
mostrava presente quando algum argumento se esquiva do
ensinamento familiar, de acordo com a cultura, era
intolerável.

Como em toda geração há seus costumes, conceitos e


modificações culturais, frequentemente tabus são
fragmentados e compreendidos pelas novas gerações. Hoje
em dia é bem mais corrente o debate familiar sobre assuntos
externos, como política, valores religiosas e sócias. A
tendência dessas discussões são cada vez se tornarem mais
presentes e comuns de acordo com a evolução da
sociedade, onde valores hereditários são questionados
gradualmente.

Aspectos Geográficos

   É sabido que as identidades pessoais não são genéticas


nem hereditárias, pelo contrário, são formadas e
constantemente transformadas pelo ambiente e pessoas
externas ao cidadão. A cultura da sociedade em que se está
inserido, por exemplo, é um grande agente externo formador
de identidade, sendo uma comunidade simbólica com
sentidos e valores que influenciam as ações e concepções
das pessoas.

No mundo atual, a globalização permite que a cultura


de diversos países entre em contato umas com as outras,
tendo assim uma troca de conhecimento, seja científico,
artístico e/ou educacional. É preciso notar que a
globalização é um processo desigual que transmite
informações que percorrem todas as esferas da sociedade
atingindo e influenciando na cultura, arte e a educação por
completo do indivíduo. 

 O Brasil entra no ranking dos que mais utilizam a


internet para fins violentos, ocupando o segundo lugar (29%)
atrás apenas da Índia, que lidera com 37% em 2018. Um
índice preocupante pois os pais majoritariamente não
possuem conhecimento sobre qualquer ato violento que
seus filhos passaram e que não possui políticas eficientes e
investimentos que possam abrandar esse índice. A
tecnologia na vida de um adolescente está diretamente
ligada na sua formação de identidade, naquele espaço há
informações sobre todas as áreas da vida, é ali que se tem
suporte para construir uma opinião baseada no que se é
publicado, porém é preciso ter cuidado para não acreditar
nas fake News, sendo indicado conferir se a fonte onde se
está pesquisando é segura e ter noção de que na internet
tudo pode ser distorcido, desde notícias políticas á ideia de
vida e corpo perfeito, por exemplo. Tal plataforma
infelizmente também acaba sendo usada como meio
violento, o cyberbullying (violência praticada através da
internet, onde o objetivo é agredir, persuadir, ridicularizar
e/ou assediar outras pessoas) assola diversos adolescentes
principalmente na pandemia. Essa prática desperta sobre a
vítima sentimentos depreciativos e que vão perpetuar sobre
a vida futura dela, se tornando um trauma caso não seja
tratado. 

Além de países influenciando países, é importante


lembrar que em apenas uma nação, estão embutidas uma
diversidade cultural imensa, como no Brasil, por exemplo,
onde as identidades são influenciadas pelas diferenças
étnicas, desigualdades sociais e regionais e pelos
desenvolvimentos históricos do país. É notável a diferença
do rendimento escolar de um adolescente branco, da Zona
Sul do Rio de Janeiro em comparação com um da favela do
mesmo estado, a marginalização principalmente nessa fase
da vida, pode resultar em uma adolescência prejudicada e
acarretar enormes problemas futuros. Porém, infelizmente
em comunidades vulneráveis, são poucas as famílias que
além de ter que conviver com a marginalização,
possuem condição de dispor materiais que os auxiliem na
escola ou mesmo de tempo e atenção para dedicar às
crianças, sendo inegável não considerar que a vivência não
afeta seu rendimento escolar.

Aspectos Sociológicos

O isolamento social tem aumentado a exposição


de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade,
levando ao aumento da violência nesse período de
pandemia. O agravamento do problema se dá pelo
distanciamento das crianças do seu convívio social e
escolar. Por isso, medidas protetivas para o público
infantojuvenil podem partir da comunidade, através do olhar
atento e da denúncia de casos de violência. O Disque 100,
serviço do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos,
registrou 95.247 denúncias de violência contra crianças
apenas em 2020, aumento de 9% se comparado às 86.800
denúncias de 2019, antes da pandemia. Em maio de 2020,
relatório da organização não governamental World Vision
International já estimava que 85 milhões de crianças e
adolescentes entre 2 e 17 anos poderiam se tornar vítimas
de violência física, emocional e sexual nos três meses
seguintes em todo o planeta.

Mais de 70% dos crimes de abuso sexual contra


crianças e adolescentes registrados pelo Disque 100 foram
cometidos na casa das vítimas, no ambiente familiar,
pontuou o deputado federal Roberto
Alves (Republicanos-SP). Segundo levantamento realizado
pelo Ministério da Saúde, em quase 40% dos casos de
violência sexual, o agressor tem parentesco com a vítima. E
pouco mais de 50% das vítimas têm menos de cinco anos,
em sua maioria negros e mulheres, correspondendo a
55,5|% e 45,5%, respectivamente. Cerca de 92,4% dos
agressores são homens, o que nos leva à conclusão de que
a violência é também reflexo de uma cultura machista,
utilizando-se de força para dominar o outro e exaltando a
virilidade.

Essa realidade demonstra a necessidade de reflexão


sobre conceitos e paradigmas socialmente impostos na
construção da identidade, principalmente 
masculina. E tais reflexões são emergenciais, pois não
temos dúvidas dos efeitos desse período na vida das
crianças, nas vulnerabilidades e traumas originados pela
violência ocorrida durante a pandemia. Por outro lado,
importante destacar que nem mesmo o impacto
socioeconômico decorrente da pandemia pode ser
justificativo para qualquer tipo de violência contra as crianças
e os adolescentes. As crianças estão emocionalmente
vulneráveis em meio à crise mundial, privadas do convívio
familiar, das atividades esportivas, da educação e do lazer.
As famílias precisam estar atentas à saúde mental dos
jovens e auxiliar no processo de conforto, eliminando
qualquer tipo de agressão.  

Portanto entendemos  a necessidade urgente de


revisar , questionar e remover  alguns preceitos impostos e
normalizados pela sociedade como; machismo, agressão
familiar  sobres jovens e adolescentes , entre outros ,tendo
em vista que a permanência dos mesmos  contribuem  
como aponta  o artigo  ” marcas e prejuízos da violência
contra crianças e adolescentes  segundo profissionais de
hospitais públicos ’  realizado em 2010  com  formação de
traumas  (muitos irreversíveis)   estes que estão
integralmente ligados a proliferação de outros problemas
como: suicídio, depressão, ansiedade , uso  precoce de 
álcool e entorpecentes, delinquência , abandono
escolar, desenvolvimento de distúrbios  comportamentais e
afetando diretamente  na  formação de identidade e
percepção de si e do mundo. Além do fato dessa violência
refletir na violação de direitos básicos   previstos na
constituição e denunciando  a ineficiência do Estado em
combatê-los já que o  Art. 227 prevê que: ” É dever da
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão’

Aspectos da ciência da natureza

A adolescência como um período de intensas


transformações na vida mental do indivíduo leva diretamente
a manifestações comportamentais que indicam o começo de
uma possível crise e se não tratada pode evoluir para
transtornos que acompanharão o indivíduo por toda vida e
poderão causar falhas no desenvolvimento físico e psíquico.
Esses transtornos podem surgir diante de diversos fatores:
como situação socioeconômica, vínculos familiares
conflituosos, entre outros. 

Esses fatores somados com a má interpretação por


parte da família e a falta de orientação profissional podem
provocar diversos distúrbios mentais, como os transtornos
alimentares que apresentam pouca visibilidade e que assola
cerca de 4,7% dos brasileiros, e que na adolescência, esse
índice chega até a 10% segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Figura 5: Público-alvo dos distúrbios alimentares.

(Fonte:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S1516-36872009000300015)

São denominadas anorexia e bulimia: caracterizado


por peso abaixo do normal, receio de ganhar peso, uma
vontade intensa de ser magro e restrições alimentares e a
outra de uma intensa compulsão alimentar seguida de culpa
que pode levar ao ato de vomitar. A grande problemática
está ligada a pressão social impostas pelas mídias digitais
aos adolescentes principalmente, exibindo corpos irreais e a
perpetuação de um padrão estético relacionado à magreza
como algo saudável, sendo que tal obsessão pode levar à
desnutrição. 

No âmbito profissional e no familiar, diversas vezes há


uma exigência com o corpo considerado ideal, o que
intensifica cada vez mais a pressão social em vez de haver
mudanças nesse pensamento.
Figura 6: Pesquisa com adolescentes sobre o motivo de ser
uma pessoa ser anoréxica.

(Fonte:
https://sites.google.com/site/fabisoufie/pesquisasobreanorexi
a%C3%A9feitacomadolescent?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2
Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1)

Além dos transtornos alimentares, a ansiedade e


depressão assola grande parte da sociedade, em especial
os adolescentes. Essas doenças poderiam ter sua incidência
diminuída se houvesse investimentos em políticas públicas
que incentivassem a busca por ajuda profissional, além de
medidas principalmente no meio escolar que visem a quebra
dos paradigmas sobre o corpo estimulando a aceitação e
cultivando o amor-próprio sobre os adolescentes.

Conclusão

As tradições que ao longo da vida são adquiridas,


podem também estar visíveis em atitudes preconceituosas,
as mesmas, com a falta de visibilidade não são discutidas e
policiadas na sociedade, isso porque muitos conceitos
antigos são predominantes ainda atualmente.

Como toda revolução, há necessidade de tempo,


portanto essa carência está cada vez decaindo, isso diante a
quebra de tabu que as novas gerações vêm refletindo e
mostrando posicionamento. Os valores hereditários tendem
a se decompor cada vez mais rápido com o passar do
tempo, contudo a divergência entre as gerações passadas
com as novas são cada vez mais recorrentes e muita das
vezes não chegam em um entendimento recíproco por conta
da diferença de experiência.

Cada época possui características que marcam a


sociedade, o que antigamente era considerado algo normal,
hoje em dia pode ser visto com outros olhos e essas
normatividades tendem a ser o tema de debate das novas
gerações. O ambiente e região auxiliam muito no estudo de
cada sociedade e o que nela é valorizada, tanto na
comparação com outras culturas, quanto no próprio local
simulado.

As condições do ser humano também contribuem


para a análise de suas ações, uma vez que as mesmas são
cometidas dentre as condições que o momento e o meio
permitiam. Como não só de ações de acordo com o extinto
natural vive o ser humano, a mente e a sua racionalidade
têm um grande papel na formação de sua identidade.

É possível concluir o pensamento sobre a


desconstrução dos valores hereditários com o
questionamento do limite que esses conceitos que são
herdados podem ultrapassar os valores da ética.
Referências

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tes.pdf

http://interfaces.leaosampaio.edu.br/index.php/revista-interfa
ces/article/view/209/pdf (Acesso 17/09)

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S
1516-36872009000300015 (Acesso 17/09)

https://bvsms.saude.gov.br/jovens-e-saude-mental-em-um-m
undo-em-mudanca-tema-do-dia-mundial-da-saude-mental-20
18-comemorado-em-10-10/ (Acesso em 13/09)

https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/09/10/investimen
to-por-aluno-no-brasil-esta-abaixo-da-media-dos-paises-des
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https://gge.com.br/web/importancia-da-familia-no-desenvolvi
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https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/cultura-globaliz
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(Acesso 16/09)

https://oglobo.globo.com/saude/um-em-cada-tres-adolescent
es-no-pais-sofre-de-transtornos-mentais-comuns-19356875
(Acesso dia 24/08)

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/
viewFile/10356/11077
Título: marcas e prejuízos da violência contra crianças e
adolescentes segundo profissionais de hospitais públicos.
(Acesso: 08/09/2021) 

https://sites.google.com/site/fabisoufie/pesquisasobreanorexi
a%C3%A9feitacomadolescent?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2
Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1 (Acesso 17/09)

https://vocesa.abril.com.br/empreendedorismo/empreendedo
res-apostam-no-mercado-de-saude-mental/ (Acesso em
13/09)

https://www.cartacapital.com.br/blogs/lado/a-violencia-contra-
criancas-em-tempo-de-pandemia/  
Título: A violência contra crianças em tempo de pandemia.
(Acesso: 08/09/2021)      

https://www.correiodopovo.com.br/jornalcomtecnologia/brasil
-%C3%A9-o-2%C2%BA-pa%C3%ADs-com-mais-casos-de-b
ullying-virtual-contra-crian%C3%A7as-1.312550 (Acesso
16/09)

https://www.folhavitoria.com.br/saude/noticia/08/2020/oms-al
erta-que-cerca-de-10-dos-jovens-brasileiros-sofrem-de-distur
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https://www.publico.pt/2020/09/16/sociedade/noticia/60-joven
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https://www.uninter.com/noticias/violencia-contra-criancas-e-
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08/09/2021) 

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/07/07/cri
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