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Aula 2

Marcos históricos
 Os contextos históricos revelam o conjunto de
circunstâncias presentes em um determinado
momento, que auxiliam na compreensão sobre o
surgimento dos fatos.
 A Fenomenologia surge no final do séc. XIX em um
momento de crise das ciências, e de importantes
debates acadêmicos, especialmente na Alemanha.

 A Psicologia ocupava no final nesse período uma


significativa posição acadêmica e se colocava como
uma fonte importante para explicação da teoria do
conhecimento e da lógica.
Alguns contemporâneos de Husserl:
Brentano: 1838/ 1917
Dilthey: 1833/1911
Wundt: 1832/1920

Husserl (1859/1938)
Dilthey

 Propôs um projeto de fundamentação das ciências


humanas, com a preocupação de delimitar as ciências
humanas das ciências naturais, de forma segura.

 Deixou uma grande contribuição no campo da


hermenêutica, que é o estudo da interpretação de textos.
 Husserl (1859/1938), matemático e filósofo, questionou o
naturalismo, que pretendia alcançar o conhecimento por
meio da redução do mundo a um conjunto de dados
objetivos, que pudessem ser medidos e quantificados, e o
psicologismo corrente que explicava toda a experiência
humana a partir do psiquismo, inclusive a lógica e a metafísica
(conhecimento do que está além do material/ da essência das
coisas).

 Defendeu a renovação da Filosofia, reduzida a uma filosofia


da ciência pelo Positivismo. Propôs que a Filosofia como uma
ciência rigorosa, que fundamentasse as demais ciências.
Husserl também denunciou o esquecimento do sujeito no
processo do conhecimento : ele está no mundo e participa
dessa realidade.
Ou seja, não existiria uma relação “pura” do sujeito com o
objeto.
O objeto é visto a partir do olhar particular do sujeito.
Dessa forma, a subjetividade, enquanto consciência intencional
dirigida aos objetos, deveria ser levada em conta.

No exercício da Fenomenologia, a atitude natural cederia lugar


a uma nova postura que envolve a suspensão dos conceitos
prévios sobre o objeto, e um olhar que se dirige ao essencial do
objeto, ou às características que o definem, e que devem ser
descritas com rigor.
A fenomenologia, como nova doutrina
filosófica, tinha como proposta, ser uma
ciência que fundamentasse com bases
sólidas e seguras todo o
conhecimento.

Fenomenologia: estudo dos


fenômenos, daquilo que aparece à
consciência, daquilo que é dado.
Principais obras de Husserl
 Investigações lógicas (1900-01)
 A filosofia como ciência rigorosa (1910-11)
 Idéias diretrizes para uma fenomenologia (1913)
 Lógica formal e lógica transcendental (1929)
 Meditações cartesianas (1931)
 A fenomenologia transcendental e a crise das ciências
européias (1936)
Brentano e a Psicologia do Ato
 Professor de Filosofia de Husserl
 A Psicologia deveria se ocupar do estudo
dos atos e todo ato é fruto da
intencionalidade da consciência (sempre
em direção a um objeto).
 Propõe o retorno às vivências e à
descrição destas experiências.
Fenomenologia
 O método fenomenológico relaciona
consciência e experiência.
 Consciência: uma instância capaz de tomar
conhecimento do que se apresenta na
experiência.
 O conhecimento decorre desse movimento da
consciência para a experiência.
 Sem a experiência não há consciência.
Fenomenologia e Husserl
Conceitos principais
Consciência e intencionalidade
• A consciência é sempre intencional, está
constantemente voltada para um objeto. E o
objeto é sempre objeto para uma consciência.
• Intencionalidade: o ato de atribuir um
sentido; unifica a consciência e o objeto, o
sujeito e o mundo - um existe em relação ao
outro.
• Da unidade consciência/objeto obtemos o
fenômeno
Intencionalidade e retorno às coisas mesmas
 Voltar às coisas mesmas como ponto de
partida do conhecimento.
 Coisa mesma: fenômeno, aquilo que surge na
consciência.
 Fenômeno une sujeito e objeto, no próprio ato
de conhecer.
 Intencionalidade é atribuição de sentido. Une
sujeito e mundo.
Redução fenomenológica
 Ou epoché: colocar o mundo "entre parênteses".
 Rompe com a atitude natural ou espontânea de dar
significado aos objetos/experiências do mundo com base em
crenças/conceitos habituais.
Exemplo:
 As informações recebidas pelos órgãos dos sentidos, são
transformadas pela consciência.
 Olhar para uma comida e dizer que é ruim, sem nunca ter
provado. A aparência da comida foi recebida pelo olhos e
pelo olfato, mas o significado que a comida trouxe é
formado pela consciência.
Para que haja a redução
fenomenológica é preciso excluir
todos os julgamentos, as crenças, os
estereótipos e as impressões que
temos do mundo.
Devemos nos concentrar apenas na
experiência e levar em consideração
a sua pureza. Assim é possível se
chegar ao fenômeno em si mesmo.
Princípios básicos do método fenomenológico:
 Suspensão dos conhecimentos anteriores sobre o objeto.,
dos a prioris, ou colocá-los “entre parênteses”.

 Voltar às coisas mesmas – retorno ao próprio objeto para


captar um sentido a partir da relação entre o próprio sujeito
e esse objeto.

 Produção ou emergência de um sentido a partir da relação


entre o sujeito e o objeto. Esse sentido se mostra naquilo que
aparece para o sujeito.
O ato de perceber é
conhecido como
Noesis.
Mas aquilo que é
percebido ou o
objeto da percepção
é conhecido como
Noema.
 O noema, ou o objeto como um
fenômeno da consciência é o que importa
na redução fenomenológica (Retorno às
coisas mesmas).
 O conhecimento vem da experiência que
a consciência tem do objeto mirado.
Esse aspecto objetivo da vivência, envolve a descrição
da realidade tal qual ela pode
ser entendida e captada pelos sentidos da pessoa,
a partir dos seus recursos pessoais.
Deve ser uma descrição detalhada do que é percebido
pelo sujeito, da forma mais imparcial possível.
O conhecimento vem da experiência que a consciência
tem do objeto mirado.
Noese, como aspecto subjetivo da vivência,
envolve as impressões, sentimentos suscitados
no sujeito durante a experiência com o objeto.
Envolve todos os atos relacionados à
apreenção do objeto/fenômeno: olhar,
perceber, lembrar, sentir, nomear entre outros
que fazem parte da construção do
conhecimento sobre aquela realidade.
Redução eidética
Análise do noema (o objeto percebido) para encontrar sua
essência.
• Em toda experiência de consciência juntamos os dados que
nos chegam pelos sentidos com informações que já
possuímos.
• Redução da ideia: retirar tudo o que é supérfluo,dar-se conta
do que é criado pela consciência para poder discriminar essas
criações do que seria a essência (eidos)
• O que resta na redução fenomenológica é a essência, uma
invariável (algo que é permanente)
 A redução eidética consiste em encontrar aquilo
que não se pode suprimir sem que se destrua o
objeto.

• Os vários atos da consciência precisam ser


reconhecidos nas suas essências, e aqueles que a
experiência de consciência de um indivíduo deverá
ter em comum com experiências semelhantes nos
outros, ou levar em conta como os outros sujeitos
que compartilham a objeto o percebem.
 É uma reflexão que leva em conta outros olhares
sobre os objetos, para se chegar a sua essência.

 A redução eidética é necessária para que a


filosofia preencha os requisitos de uma ciência
rigorosa. Os objetos da ciência rigorosa têm que
ser essências atemporais.
Redução transcendental
 Aplicação do método fenomenológico ao
próprio sujeito, com a intenção de alcançar a
consciência pura.
 A percepção do processo de redução
fenomenológica exercido pelo próprio sujeito.
 É a redução que coloca a existência do mundo
exterior “entre parênteses”, para que a
investigação focalize apenas com as operações
realizadas pela consciência, sem se ocupar
com a existência ou não das coisas visadas.

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