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Nº 4 - 2022 26/05/2022 | SE 21

ALERTA EPIDEMIOLÓGICO
VARÍOLA DO MACACO EM PAÍSES NÃO ENDÊMICOS

A varíola do macaco foi detectada pela primeira vez em 1958 em um surto de


doença vesicular entre macacos de cativeiro. A doença é endêmica na África
Ocidental e na África Central.
É uma doença viral, causada pelo vírus Orthopoxvirus, da família Poxviridae. Apesar
do nome, os maiores reservatórios animais do vírus são os roedores.
É uma doença rara e autolimitada. As complicações relatadas incluem infecções
bacterianas secundárias, desconforto respiratório, broncopneumonia, encefalite,
infecção da córnea com consequente perda de visão e desidratação.

Antecedentes:
Em 15 de maio de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu a
notificação de quatro casos confirmados da doença em residentes do Reino
Unido. Dois dias mais tarde, Portugal e Suécia também notificaram casos. Nenhum
possuía antecedentes de viagem a uma área endêmica ou vínculo epidemiológico
com um outro caso reportado nos diferentes países.
Até 25 de maio de 2022, 16 países notificaram 186 casos confirmados: Austrália,
Alemanha, Bélgica, Canadá, França, Estados Unidos, Espanha, Itália, Portugal,
Suécia, Reino Unido, Holanda, Israel, Dinamarca, Suíça e Áustria.

Transmissão:
A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal
com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos
recentemente contaminados. Transmissão via gotículas respiratórias usualmente
requer contato mais próximo entre o paciente infectado e outras pessoas, o que
torna trabalhadores da saúde, membros da família e outros contactantes pessoas
com maior risco de contaminação. O vírus também pode infectar as pessoas por
meio de fluidos corporais.
O período de incubação costuma ser de 6 a 16 dias, podendo variar de 5 a 21 dias.

Clinicamente, a infecção pode ser dividida em dois períodos:


O período de invasão (entre 0 e 5 dias) é caracterizado por febre, cefaleia intensa,
linfadenopatia, dor lombar, mialgias e astenia intensa.
O período de erupção cutânea (entre 1 e 3 dias depois do início da febre) ocorre
quando surgem as diferentes fases do exantema, com evolução cefalocaudal. As
áreas mais afetadas são face (95% dos casos) e regiões palmar e plantar (75%
dos casos). A evolução do exantema maculopapular (lesões de base plana) para
a vesicular, pustular, e crostas subsequentes ocorrem em 10 dias. A eliminação
completa das crostas pode demorar até três semanas.

Resolução do caso:
Uma vez que todas as crostas caíram, a pessoa não é mais contagiosa.

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Nº 4 - 2022 26/05/2022 | SE 21
Definições de caso:
Caso suspeito: Pessoa de qualquer idade que apresente início súbito de febre
(>38,5 ºC), adenomegalia e erupção cutânea aguda inexplicável E que apresente
um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: cefaleia, astenia e dor nas costas E
excluindo as doenças que se enquadram como diagnóstico diferencial* E/OU
qualquer outra causa comum localmente relevante de erupção vesicular ou
papular.
*varicela, herpes zoster, sarampo, zika, dengue, Chikungunya, herpes simples,
infecções bacterianas da pele, infecção gonocócica disseminada, sífilis primária
ou secundária, cancroide, linfogranuloma venéreo, granuloma inguinal, molusco
contagioso (poxvirus), reação alérgica (como a plantas).

Caso provável: Pessoa que atende à definição de caso suspeito E um ou mais dos
seguintes critérios: ter um vínculo epidemiológico (exposição próxima e
prolongada sem proteção respiratória; contato físico direto, incluindo contato
sexual; ou contato com materiais contaminados, como roupas ou roupas de
cama) com um caso provável ou confirmado de Monkeypox, desde 15 de março
de 2022, nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas OU histórico de viagem para
um país endêmico ou com casos confirmados de Monkeypox nos 21 dias
anteriores ao início dos sintomas.

Caso confirmado: Pessoa que atende à definição de caso suspeito ou provável


que é confirmado laboratorialmente para o vírus da Monkeypox por teste
molecular (qPCR e/ou sequenciamento).

Caso descartado: Pessoa que não atende aos requisitos necessários à sua
confirmação como uma determinada doença.

Recomendações:

Todos os pacientes que atenderem às definições de caso acima,


devem ser colocados imediatamente em isolamento respiratório e de
contato e notificados, tanto pela rede pública quanto pela rede
privada de saúde, para os e-mails:

notificadf@gmail.com e exantematicas.df@gmail.com

É de suma importância que os profissionais de saúde que atenderem


aos casos citados utilizem os EPIs da forma correta (capote, propé,


luva, touca, máscara e, face shield ou óculos).
Referências:
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Alerta Epidemiológico: Varíola do macaco em países não endêmicos. 20 de maio
de 2022, Washington, D.C.: OPAS/OMS; 2022

CDC, Centers for Disease Control and Prevention, maio 2022. Disponível em: https://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/clinicians/clinical-recognition.html
. Acesso em: 24 de maio de 2022.

Petersen E, Kantele A, Koopmans M, Asogun D, Yinka-Ogunleye A, Ihekweazu C, Zumla A. Human Monkeypox: Epidemiologic and Clinical Characteristics,
Diagnosis, and Prevention. Infect Dis Clin North Am. 2019 Dec;33(4):1027-1043. doi: 10.1016/j.idc.2019.03.001. Epub 2019 Apr 11. PMID: 30981594.

Ministério da Saúde. Informe sala de situação monkeypox. Nº03, 25 de maio de 2022.

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