A Igreja para bem combater o mal e reconhecer o verdadeiro inimigo, desenvolveu o conceito dos vícios capitais, na qual, corresponde a vícios, ou falhas, capitais, ou seja cabeça de diversos outros vícios que afligem à alma humano, podendo levar a cometer o pecado, ou viver uma vida pecaminosa. A Igreja entende por vício, tendências concupiscíveis, herdados do pecado original, estás falhas corresponde a indisponibilidade da pessoa em relação à sua natureza, e ao fim que se ordena, ou seja para Deus. O homem foi criado por Deus para realizar grandes feitos (as virtudes), sendo uma pessoa viciada aquela que desvirtuar desse chamado, sai deste caminho, foge do convite de Deus, para ter uma vida santa e perfeita junto d’Ele, para viver uma vida de vícios, então o vício e um dispositivo para o mal. A lista dos vícios corporais e espirituais, foi primeiramente desenvolvida pelo monge Evágrio Pôntico (ou do Ponto) que depois de ter tido a experiência de conviver em uma comunidade monástica no Egito, no deserto desenvolveu uma lista de principais perturbações que um monge poderia viver dentro do monastério que trata-se da; Gula; desequilíbrio na alimentação. Avareza; desequilíbrio do ter e possuir. Luxúria; desequilíbrio dos prazeres sensíveis, causando pelo comodismo. Ira; desequilíbrio das emoções. Melancolia; desequilíbrio da baixo autoestima. Acídia; desequilíbrio do descanso. Vaidade; desequilíbrio da autoestima elevada. Vanglória; desequilíbrio da humildade. Evágrio Pôntico, explicava que os quatro primeiros correspondia aos males do corpo, e os quatro seguintes aos males da alma. Sua lista foi amplamente divulgada entre os monastérios, sendo utilizado pelos superiores como exercício de reflexão e exame de consciência. O Papa São Gregório Magno, que era monge, reestruturou a lista e divulgou para toda igreja ocidental, reduzindo para sete, juntando a vanglória e vaidade, em um só, a soberba, trocando a acídia pela preguiça, e melancolia pela inveja, invertendo a ordem também, sendo os vícios da alma (soberba, inveja, etc.) Os primeiros da lista. Será com Santo Tomás de Aquino, que a lista atual como conhecemos será fixada, ele analisando a lista do Papa Gregório, fez sua própria lista com os seus apontamentos e acréscimos, a seguir listados. Os Vícios Capitais e suas filhas • Orgulho/Soberba Trata-se do apreço desordenado das próprias excelências, ou seja, orgulhar-se de seus talentos, aptidões e, superioridades. Considerando por Santo Tomás, cabeça de todos os vícios, porque todos os outros tem por base uma certa soberba, o querer burlar o chamado de Deus, querer ser superior a ordem de Deus. O fim do orgulho e a manifestação das próprias excelências, um orgulhoso dificilmente se identificará com um orgulhoso, tendo muita dificuldade em mudar de hábito, sempre considerado o esforço de humilhar-se como uma condição indigna a sua excelência, Santo Tomás trás dois modos, em que o orgulho pode se manifesta, modo direto e indireto: modo direto: - jactância: prazer em falar/exibir suas próprias excelências, o desejo e o prazer de que os outros ouça/veja os feitos práticos. - presunção: admiração de ter realizado determinada ação, gaba-se de ter praticado algum feito. - vanglória: orgulho de ter praticado algo que não fez, fingir ter alguma excelência e orgulhar-se disso, ou seja, a hipocrisia. modo indireto: - pertinácia: acontece na inteligência, quando não darmos por vencido, por um juízo mais assertivo. - discórdia: dá-se na vontade, quando não ajustamos nossa vontade à homens melhores. - contenda: realiza-se na palavra/fala, quando não queremos ser superados por outro em discussões verbais. - desobediência: acontece nas ações, quando não subjugamos nossas ações, a vontade de nossos superiores. • Avareza E a desordem da cobiça de qualquer bem alheio, sendo o imoderado apetite dos bens temporais, e o inclinar-se desmedidamente suas faculdades superiores para bens corruptíveis. O desejo do avarento está em meramente possuir um bem, sendo uma enorme tristeza para ele quando o perde, ou desfaz. Para Santo Doutor o avarento vai contra a liberalidade, o desapego das coisas mundanas, ele distingue em atitudes externas e executáveis da avareza; atitudes externas: - dureza do coração: causada pelo apego as coisas materiais, opondo-se a caridade e a misericórdia. - inquietude: é a cupidez, o afã de ajuntar para si, trazendo preocupações e cuidados excessivos. atitudes executáveis: - violência: praticado à força. - mentira: praticado por meio de palavras enganosas. - perjúrio: praticado por meio de falso testemunho. - fraude: praticado por meio de coisas falsas, enganosas. - traição: praticado contra o próximo, exemplo Judas. • Inveja Trata-se da tristeza desequilibrada pela glória do outro, enquanto esta diminui a glória que se deseja. O invejoso deseja somente igualar-se ou ultrapassar a glória do próximo, não a glória de alguém que está distante, ou alheio a cobiça dele, o fim do invejoso é o sofrimento pelo bem alheio, por medo que este cause-lhe algum dano, ou ainda a outros bens, sofrer por estar privado do bem, e quando o que o obtém é indigno, e quando esse bem excede sua expectativa. Para o Doutor Angélico, a inveja é contrária a caridade, pois se refere ao bem do próximo, sendo antagônica à misericórdia. Santo Tomás distingue as manifestações da inveja do bem alheio no princípio e no fim: manifestado no princípio: - murmuração: disfarçadamente, diminui o bem do próximo, ou falando mal dele. - detração: abertamente, diminui o bem do próximo, falando mal dele. manifestado no seu fim: - ódio: dar-se quando o invejoso não só entristece-se pelo bem do outro, mais deseja o mal para outro e a deterioração do bem. - exultação: acontece na adversidade com o próximo, quando o invejoso alcançar o que queria; diminuir o bem do outro. - aflição: acontece com a prosperidade do outro, quando o invejoso não alcança o que deseja. • Gula E o desejo desordenado pelos prazeres do paladar, ou seja a vontade desenfreada que as potências gustativas pode satisfazer, comumente ligado com os prazeres alimentícios. Na gula o vício não está na substância do alimento, ou bebida, mas sim na concupiscência não regulada pela razão. Santo Tomás afirma que o vício pode dar-se quando antecipa a necessidade paliativa, quando buscamos refinar nosso paladar, exageramos no limite, etc. O Doutor Angélico traz as consequências da gula no corpo e na mente; no corpo: - imundície: trata-se da desleixa do corpo e saúde, trazendo danos e prejuízos, por estar preocupado em demasia com a satisfação dos sentidos gustativos. na mente: - embotamento da inteligência: embriaga a inteligência, deixando ela em estado letárgico, por conta da escravidão da mesma as potências paliativas. • Ira E o desequilíbrio das potências irascíveis, a potência irascível faz parte de um dos apetites corporais. A ira é a força que permite atacar um mal adverso, sendo o vício quando desmedidamente, sem auxílio da razão, utilizasse a para fins alheios a defesa da integridade. Para Santo Tomás, o fim da irá sempre será a vingança, o pecado mais traiçoeiro praticado pelo irado, acrescenta ainda que pode manifestar em três modos, no coração, na boca, e nas ações; no coração: - indignação: causado por uma injustiça sofrida pelo irado, ou outrem. - perturbação: são pensamentos sobre os possíveis diversos modos e meios de praticar sua vingança. na boca: - blasfêmia: praticado contra Deus, menosprezando sua sacralidade. - clamor: realizado contra o próximo, quando por palavras veladas, exprime uma ofensa específica. - insulto: praticado contra o outro, proferindo palavras injuriosas, ou com um tom elevado. na ação: - rixa: praticado contra o próximo, sendo derivados da irá, como a briga, ferimento, homicídio, maltrato. • Preguiça/Acídia Trata-se do extremo desinteresse ou tristeza dos bens superiores, ou bens espirituais, os preguiçosos sente um fardo tremendo em ter que lutar para alcançar as grandes virtudes, conformando-se com seu estado, ou muitas vezes lamentando por estar assim. O fim do preguiçoso está no fardo de ter que suportar sua secura espiritual, para Santo Tomás a preguiça é a porta de outros vícios sensíveis, como a gula e a luxúria. Santo Tomás separa a manifestação da preguiça em luta contra os bens espirituais e fuga contra os mesmos; luta contra os bens espirituais: - malícia: refere-se aos próprios bens espirituais, detestando esses. - rancor: trata-se dos caminhos que leva ao bem espiritual, odiando esses. - divagação da mente: quando se abandona o espírito e instala os prazeres exteriores. fuga dos bens espirituais: - desespero: trata-se daquele que foge propriamente do bem espiritual. - pusilanimidade: refere-se àqueles que fogem dos meios que trazem o bem espiritual. - torpor: aqueles que já não buscam mais o bem espiritual. • Luxúria E o prazer desequilibrado das sensações corpóreas, ou seja, o prazer desenfreado nos sentidos do tato, ligados comumente aos prazeres carnais. Considerando por Santo Tomás, como o mais baixo dos vícios, e o mais difícil de se libertar, pois escraviza a alma as sensações mais baixas, desorientado as faculdades superiores para as faculdades inferiores. O fim da luxúria e a satisfação da concupiscência da carne, o luxurioso dificilmente reconhece a luxúria que vive, ou tenta fingir que não vive, e ao perceber que sua luxúria não será saciada, cai em vício em vício, baixeza em baixeza, caindo nos prazeres mais irracionais e destrutíveis. Santo Tomás trás duas desordem causando pela luxúria, desordem da razão e vontade: desordem da razão: - cegueira da mente: obscurece a justa razão, fazendo julgamentos imprudentes, baseando-se na suas experiências sensíveis. - irreflexão: esfriar a reflexão, fazendo crer que não necessita mais tanto da deliberação. - precipitação: detesta o juízo racional, vive uma vida temerária, sem nenhuma reflexão. - inconstância: falta de firmeza, simplesmente desisti de lutar contra o vício, deixando dominar-se por completo pela luxúria. desordem das vontades: - amor a carne: desejo do prazer que a carne proporciona. - ódio a Deus: detesta a Deus, por condenar seu vício, consequentemente tudo que está ligado a Ele. - apego ao mundo: apega-se as coisas mundanas, porque dela tira seus prazeres lascivos. - desespero: entristece-se pelo fim da sua vida luxuriosa, consequentemente as penas que pode sofrer no mundo futuro.