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Resposta à acusação

Relembrando: em havendo uma infração penal – caso seja necessário (não


é imprescindível), será instaurado inquérito policial – (fase preliminar, fase de
investigação) e, uma vez concluído, será remetido à Justiça.
Caso o Ministério Público, dentre as decisões possíveis, entenda que exista
justa causa para a ação penal: prova de materialidade, indícios de autoria e
que o fato, em tese, constitua infração penal - oferecerá denúncia (inicial
acusatória no caso de crime de ação penal pública) – que poderá ser rejeitada
ou recebida.

No caso de ação penal pública – lembrem-se que cabe ao Ministério Público as


seguintes decisões, ao receber o inquérito policial ou elementos de informação:
- pode requerer diligências que ele julgue imprescindíveis, devolvendo o
inquérito policial à Depol;
- pode promover o arquivamento, entendendo não haver justa causa para ação
penal (antes da Lei nº 13.964/2019: o Ministério Público requer o arquivamento
e o Juiz assim o determina. Caso o Juiz não concorde, será o inquérito
remetido ao Procurador-Geral – art. 28 do Código de Processo Penal – mas
continua sendo assim aplicado em razão da eficácia suspensa da nova
redação do mencionado artigo, onde o arquivamento fica todo no âmbito do
Ministério Público);
- com a Lei. n. º 13.964/2019 – acordo de persecução penal;
- oferecer denúncia.

No caso de ação penal de iniciativa privada a inicial acusatória é a queixa-


crime, promovida pelo ofendido ou seu representante legal.

Considerando a infração penal praticada, verificar pelo quantum de pena a ela


cominada, qual o procedimento previsto, conforme art. 394 do Código de
Processo Penal (com a redação dada pela Lei nº 11.719/08).

Art. 394.  O procedimento será comum ou especial.


§ 1o  O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo,
na forma da lei.
§ 2o  Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo
disposições em contrário deste Código ou de lei especial.
§ 3o  Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento
observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.
§ 4o  As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos
os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados
neste Código.
§ 5o  Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e
sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
A inicial poderá ser rejeitada liminarmente, nos termos do art. 395 do Código de
Processo Penal, se:

Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 


I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

I – manifestamente inepta – não observância aos requisitos do art. 41 do


Código de Processo Penal, ou seja, a inicial não se presta ao fim a que se
destina – assim, impedirá o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório.
Por exemplo, será inepta a denúncia que não descreve adequadamente os
fatos (o faz de forma lacunosa, incoerente, confusa), ...
II – Se faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal – os pressupostos processuais estão relacionados à existência e à
validade do processo – por ex.: o juiz deverá ser investido de jurisdição, ser
competente para julgar e ser imparcial; capacidade postulatória (capacidade
processual e de ser parte); ausência de coisa julgada, litispendência; etc.
Por possibilidade jurídica do pedido (fato narrado deve ser crime, previsto em
lei – tipicidade, em tese, da conduta descrita na inicial acusatória); interesse de
agir (ausência de causa extintiva de punibilidade); legitimidade para agir
(legitimidade ativa e passiva. Ex.: crime de ação penal pública: titular é o
Ministério Público; crime de ação penal privada: vítima ou seu representante
legal, representado pelo advogado, com procuração com poderes especiais;
em caso de morte ou ausência judicialmente declarado, será substituído
processualmente por pessoa que conste no rol do art. 31 do Código de
Processo Penal – CADI). Observações: crimes contra a honra, sendo a vítima
funcionário público – legitimidade concorrente – ver Súmula 714 do STF.
III – ausência de justa causa para a ação penal = materialidade e indícios
suficientes de autoria/participação – lastro mínimo probatório. Por ex.: não
existe prova suficiente de autoria; a denúncia se baseou em prova ilícita, e toda
prova ilícita deverá ser desentranhada.

Caso a denúncia ou a queixa-crime seja rejeitada, será cabível recurso em


sentido estrito, na justiça comum (Vara Criminal), conforme art. 581, I, do
Código de Processo Penal e no Juizado Especial Criminal, será cabível recurso
de apelação, conforme art. 82, da Lei nº 9.099/95.

Do recebimento da inicial não existe recurso previsto em lei, sendo passível de


habeas corpus – visando o trancamento do processo.

Uma vez recebida (lembrem-se que com o recebimento interrompe-se o prazo


prescricional, bem como inicia-se o processo), será o acusado citado para
apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias.

Palavra a ser observada: CITAÇÃO

Fundamento legal: Art. 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal.


Verbo a ser utilizado: apresentar.

Prazo: 10 dias a partir da efetiva citação (do cumprimento do mandado de


citação). Lembrando que o Defensor Público tem prazo em dobro – Lei
Complementar 80/94 – art. 44, I, art. 89, I e art. 128, I.

Citação – ato de comunicação – cientifica-se o acusado sobre tudo que lhe


está sendo imputado, para que possa se defender.
Tipos de citação:
Pessoal ou real – REGRA – por mandado. Na mesma comarca (através do
oficial de justiça); comarcas diferentes, ou seja, em endereço certo e sabido em
outra jurisdição – art. 353 do Código de Processo Penal (por carta precatória –
comarcas deprecante e deprecada); de um Tribunal superior para outro,
inferior, em caso de processo de competência originária (por carta de ordem);
em país diferente, desde que o endereço seja certo e sabido (carta rogatória –
suspende-se o prazo prescricional até o efetivo cumprimento, conforme art. 368
do Código de Processo Penal).
Ficta ou presumida – por edital ou por hora certa.
A citação por edital – encontrando-se o réu em local incerto e não sabido e
esgotadas todas as possibilidades – edital no prazo de 15 dias – e após, não
comparecendo nem constituindo advogado, suspende-se o processo e o prazo
prescricional, conforme art. 366 do Código de Processo Penal, sendo possível
a produção antecipada de provas, em decisão devidamente fundamentada –
ver Súmulas 415 e 455, do STJ. Comparecendo pessoalmente o acusado em
juízo ou seu defensor, começa a contagem dos 10 dias para apresentação de
resposta à acusação.

A citação por hora certa, inserida no processo penal em 2008 – ocorrerá


quando o oficial de justiça, perceber que o acusado se oculta para não ser
citado, após duas tentativas, marcará dia e hora para efetuar a citação, através
da intimação a parente ou vizinho – isso conforme arts. 252,253 e 254 do
Código de Processo Civil.

Obs.: citação/intimação pessoal, na forma da lei:


Se o réu estiver preso – pessoal - (art. 360 do Código de Processo Penal).
Ministério Público – pessoal - Art. 41, IV da Lei nº 8.625/1993 e art, 370, § 4º,
do Código de Processo Penal.
Defensor Público – pessoal – Art. 44, I; art. 89, I e art. 128, I da Lei
Complementar nº 80/94 e art. 370, § 4º, do Código de Processo Penal – o
defensor público tem prazo contado em dobro (o defensor dativo não tem).

Contagem de prazo no processo penal: Súmula 710 do STF: “No processo


penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos
do mandado ou da carta precatória ou de ordem”. Exclui o de início e inclui o
do final. Conta-se a partir do primeiro dia útil. Caso o prazo não caia em dia útil,
prorroga-se para o próximo dia útil – art. 798, § 1º, do CPP.

Observações para o militar e o funcionário público – arts. 358 e 359 do Código


de Processo Penal.
Peça obrigatória. Caso não seja apresentada, o Juiz deverá nomear defensor
para oferecê-la – art. 396-A, § 2º, do Código de Processo Penal = causa de
nulidade absoluta - art. 564, do Código de Processo Penal.
O que pode ser alegado:
Cerceamento de defesa – art. 5º, LV da CR/88.
Art. 261 do Código de Processo Penal.
Súmula 523 do STF

Resposta à acusação: observar: houve oferecimento de denúncia/queixa-


crime; a inicial acusatória foi recebida; o acusado foi citado!!!

(observar aqui a possibilidade de suspensão condicional do processo – prevista


no art. 89 da Lei n. º 9.099/95, para crimes cuja pena mínima cominada seja
inferior ou igual a 1 ano).

Primeira oportunidade formal de defesa do acusado, quando serão arguidas


preliminares, alegando-se tudo que possa interessar à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar eventuais provas a serem produzidas e
arrolar testemunhas, sob pena de preclusão. Importa observar que, quanto ao
mérito, interessa verificar a existência ou não das situações descritas nos
incisos do art. 397 do Código de Processo Penal, quanto à possibilidade de
absolvição sumária, ou seja, nesse momento poderão ser arguidas nulidades,
em matéria preliminar (podem ser alegados vícios de natureza processual
presentes na inicial acusatória, ou caso de provas obtidas ilicitamente em sede
de inquérito policial); matéria de defesa, visando a absolvição sumária.

As teses de mérito estão relacionadas às possibilidades de absolvição sumária


(art. 397 do Código de Processo Penal).

Preliminares:

 Incompetência absoluta do juízo;


 Rejeição da denúncia – conforme art. 395 do Código de Processo Penal.
 Nulidade da citação;
 Ilicitude de prova produzida na fase investigatória (nulidade da prova);
 Nulidades – conforme art. 564 do Código de Processo Penal.
 Nulidade do processo – ausência de proposta de SCP.
 Exceções: as exceções estão no art. 95 do Código de Processo Penal:
a) suspeição; b) incompetência; c) litispendência; d) ilegitimidade da
parte; e) coisa julgada. Segundo o art. 396-A, § 1º, as exceções serão
processadas em apartado.

Mérito:

 Causa excludente de ilicitude – art. 397, I, do Código de Processo Penal


(ver art. 23 do Código Penal).

Estado de necessidade – art. 24 do CP.


Legítima defesa – art. 25 do CP.
Estrito cumprimento do dever legal – art. 23, III, do CP.
Exercício regular de direito – art. 23, III, do CP
Consentimento do ofendido é tido como causa supralegal.

 Causa excludente de culpabilidade; salvo a inimputabilidade por doença


mental (lembrando que havendo comprovação de insanidade mental,
obtida por meio da instauração do competente incidente de insanidade
mental, o processo segue, nomeando-se curador para o acusado, sendo
que, ao final, poderá ele vir a ser absolvido, mas sendo-lhe imposta
medida de segurança = absolvição imprópria). – art. 397, II, do Código
de Processo Penal.

Inimputabilidade pela embriaguez completa e acidental – art. 28, § 1º, do CP.


Falta de potencial consciência da ilicitude - art. 21 do CP (erro de proibição
inevitável).
Inexigibilidade de conduta diversa – art. 22 do CP (coação moral irresistível e
obediência hierárquica).

 Excludente de tipicidade – art. 397, III, do Código de Processo Penal.

Fato atípico
Crime impossível – art. 17 do CP.
Erro de tipo essencial (invencível) – art. 20 do CP.
Princípio da Insignificância: Celso de Mello no HC 84.412 do Supremo Tribunal
Federal (STF). De acordo com a decisão do Supremo, o princípio da
insignificância deve ser analisado observando-se a presença dos seguintes
vetores: (I) mínima ofensividade da conduta do agente; (II) ausência total de
periculosidade social da ação; (III) ínfimo grau de reprovabilidade do
comportamento e (IV) inexpressividade da lesão jurídica ocasionada.

Súmula Vinculante 24 - crime contra a ordem tributária, mediante a


apresentação de documento que demonstre que o tributo supostamente
sonegado ainda não havia sido lançado).
Coação física irresistível.

 Causas extintivas de punibilidade – art. 397, IV, do Código de Processo


Penal.

Art. 107 do CP.


Art. 109 a 117 do CP – prescrição.

É possível pedir a desclassificação do delito?


Em uma hipótese de incompetência absoluta do juízo (será arguido
preliminarmente).
Imaginem um caso de moeda falsa = art. 289 do CP, (crime da competência da
Justiça Federal – ver art 109, da Constituição da República), desclassificado
para estelionato = art. 171 do CP, (quando o erro for muito grosseiro),
passando para a competência da Justiça Estadual – Súmula 73 do STJ.
Outra situação que poderá ocorrer: desclassificar para crime de ação penal
pública condicionada à representação ou até mesmo crime de ação penal de
inciativa privada. Nestes casos, pode ter havido decadência do direito,
resultado em causa extintiva de punibilidade.

Importa aqui mencionar que o Juiz poderá reconhecer a extinção da


punibilidade em qualquer fase do processo – art. 61 do Código de Processo
Penal, o que não configura análise de mérito).

Pedidos relacionados às teses alegadas:

Por exemplo:
Que seja declarada (reconhecida) a incompetência do juízo;
Que seja rejeitada a inicial acusatória;
Que sejam reconhecidas e declaradas as nulidades (mencionar cada uma
delas, se houver);
Que seja reconhecida a causa extintiva de punibilidade
Que seja absolvido sumariamente, com base no art, 397, inciso ..., do Código
de Processo Penal.
Importantíssimo: momento de indicar provas a serem produzidas e
principalmente, arrolar as testemunhas a serem ouvidas em audiência de
instrução e julgamento a ser designada.

Recursos possíveis:
Havendo absolvição sumária – coisa julgada material – caso de apelação.
Salvo a hipótese de reconhecer a causa extintiva de punibilidade, que enseja
recurso em sentido estrito.
No caso de o Juiz não absolver sumariamente, não existe recurso previsto, não
se afastando, porém, a possibilidade de ser impetrado habeas corpus para
trancamento da ação penal.

Lembrando ainda que toda peça prática deverá conter:

Endereçamento (Juiz da causa).


Preâmbulo (nome e qualificação do acusado – já estará qualificado,
capacidade postulatória, fundamento legal e nome da peça).
Narrativa dos fatos.
Direito (teses apresentadas).
Pedidos correspondentes às teses apresentadas.
Autenticação (local, data, advogado e nº OAB).
Rol de Testemunhas.

Casos apresentados para análise – que foram pedidos em Exames da


OAB:

Caso 01 – XXI EXAME OAB

Gabriela, nascida em 28/04/1990, terminou relacionamento amoroso com


Patrick, não mais suportando as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do
imóvel em que residia com o companheiro em comunidade carente na cidade
de Fortaleza, Ceará, juntamente com o filho do casal de apenas 02 anos. Sem
ter familiares no Estado e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o
filho em igrejas e outros locais de acesso público, alimentando-se a partir de
ajudas recebidas de desconhecidos. Nessa época, Gabriela fez amizade com
Maria, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços
que ela.
No dia 24 de dezembro de 2010, não mais aguentando a situação e vendo o
filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação, após não
conseguir emprego ou ajuda, Gabriela decidiu ingressar em um grande
supermercado da região, onde escondeu na roupa dois pacotes de
macarrão, cujo valor totalizava R$18,00 (dezoito reais). Ocorre que a
conduta de Gabriela foi percebida pelo fiscal de segurança, que a abordou no
momento em que ela deixava o estabelecimento comercial sem pagar pelos
bens, e apreendeu os dois produtos escondidos. Em sede policial, Gabriela
confirmou os fatos, reiterando a ausência de recursos financeiros e a
situação de fome e risco físico de seu filho. Juntado à Folha de
Antecedentes Criminais sem outras anotações, o laudo de avaliação dos
bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o
fiscal de segurança e o gerente do supermercado, o auto de prisão em
flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Ministério Público, que
ofereceu denúncia em face de Gabriela pela prática do crime do Art. 155,
caput, c/c Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, além de ter opinado
pela liberdade da acusada. O magistrado em atuação perante o juízo
competente, no dia 18 de janeiro de 2011, recebeu a denúncia oferecida pelo
Ministério Público, concedeu liberdade provisória à acusada, deixando de
converter o flagrante em preventiva, e determinou que fosse realizada a citação
da denunciada. Contudo, foi concedida a liberdade para Gabriela antes de sua
citação e, como ela não tinha endereço fixo, não foi localizada para ser citada.
No ano de 2015, Gabriela consegue um emprego e fica em melhores
condições. Em razão disso, procura um advogado, esclarecendo que nada
sabe sobre o prosseguimento da ação penal a que respondia. Disse, ainda,
que Maria, hoje residente na rua X, na época dos fatos também era moradora
de rua e tinha conhecimento de suas dificuldades. Diante disso, em 16 de
março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país,
Gabriela e o advogado compareceram ao cartório, onde são informados que o
processo estava em seu regular prosseguimento desde 2011, sem qualquer
suspensão, esperando a localização de Gabriela para citação. Naquele mesmo
momento, Gabriela foi citada, assim como intimada, junto ao seu
advogado, para apresentação da medida cabível. Cabe destacar que a ré,
acompanhada de seu patrono, já manifestou desinteresse em aceitar a
proposta de suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério
Público. Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de
advogado(a) de Gabriela, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus,
apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual
pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo.

Como identificar a peça:


Houve o fato, uma prisão em flagrante, inquérito policial – foi denunciado
– a denúncia foi recebida e ela foi citada = para apresentar a medida
cabível, que é a resposta à acusação – fundamento legal: arts. 396 e 396-
A, ambos do Código de Processo Penal.
(Endereçamento)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca


de Fortaleza – CE.

Processo n.º ...

(Preâmbulo – parte, qualificada, representada por advogado, nome da


peça, fundamento legal)

Gabriela, já qualificada nos autos do processo em epígrafe,


por seu advogado infra-assinado (procuração anexa), vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 396 e 396-A, ambos do
Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA (ESCRITA) À
ACUSAÇÃO,
pelos motivos de fato e de direito que abaixo passa a expor:

DOS FATOS

Conforme narram os fatos, Gabriela, em data de 24 de


dezembro de 2010, teria subtraído dois pacotes de macarrão, escondendo-os
sob a roupa, objetos estes avaliados em R$18,00 (dezoito reais), conforme
autos de apreensão e de avaliação, de fls., do Supermercado..., sendo
surpreendida antes de deixar o estabelecimento, ocasião em que foi presa em
flagrante.
Foi a acusada denunciada como incursa na prática do crime
previsto no art. 155, caput, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal, sendo a
denúncia recebida em 18 de janeiro de 2011, ocasião em que o douto
magistrado se manifestou pela restituição de sua liberdade, considerando ser
ela primária, sem registro de antecedentes criminais. Em decorrência de estar
ela vivendo em condição de rua, com seu filho, menor impúbere, de 2 anos,
não foi localizada, deixando de ser citada. A ação penal teve regular
prosseguimento.
Em data de 16 de março de 2015, ao tomar conhecimento dos
fatos que lhe foram imputados, foi devidamente citada, abrindo-se prazo para a
juntada de resposta à acusação.
A acusada manifestou desinteresse em aceitar a proposta de
suspensão condicional do processo oferecida pelo Ministério Público.
É o breve relato.

DO DIREITO
(observar o que poderá ser alegado em preliminar e no mérito – vou
apresentar de forma detalhada, para facilitar o entendimento e a
elaboração das teses a serem apresentadas).

Preliminarmente, há que se observar a nulidade da citação,


considerando o procedimento adotado no caso em tela. Uma vez que a
acusada não foi encontrada para ser citada, esgotadas as possibilidades,
deveria ela ter sido citada por edital, nos termos do art. 361 do Código de
Processo Penal. Uma vez que não compareceu, nem constituiu advogado,
dever-se-ia o processo ser suspenso, suspendendo-se o curso do prazo
prescricional, conforme art. 366 do Código de Processo Penal. Entretanto,
ainda que não encontrada, teve o processo seguido seu regular processamento
desde 2011.
Assim, há que ser reconhecida a extinção da punibilidade, ante
a ocorrência de prescrição. Ora, a pena máxima prevista para o delito de furto
simples é de 04 anos de reclusão, conforme preleciona o art. 155 do Código
Penal. Todavia, em se tratando de crime em sua forma tentada, nos termos do
art. 14, II, parágrafo único, do Código Penal, deve ser aplicado o percentual de
redução decorrente da tentativa (1/3), em sua fração mínima, de forma que a
pena máxima prevista para o crime de furto simples tentado resulta no total de
02 anos e 08 meses de reclusão.
Considerando esta pena máxima, chega-se à conclusão de que
o prazo prescricional é de 08 anos, nos termos do art. 109, IV, do Código
Penal. Todavia, verificando que a acusada tinha menos de 21 anos na data do
fato (considerando sua data de nascimento: 28 de abril de 1990 e data dos
fatos: 24 de dezembro de 2010), esse prazo deve ser reduzido pela metade,
nos termos do art. 115 do Código Penal, logo, o prazo prescricional neste caso
passa a ser de 04 anos.
Como transcorreu mais de 04 anos entre o último ato
interruptivo da prescrição, ou seja, o recebimento da denúncia, em 18 de
janeiro de 2011, e a data atual, pode-se concluir que o crime se encontra
prescrito, devendo ser a ré absolvida sumariamente, nos termos do art. 397, IV
do Código de Processo Penal.
No mérito, deve a acusada ser sumariamente absolvida, uma
vez não ter ocorrido o crime narrado, frente à ausência de tipicidade material
da conduta, em virtude do princípio da insignificância. Enquanto a tipicidade
formal é a mera subsunção da conduta ao fato descrito como crime, a
tipicidade material requer mais que isso. Ela exige que a conduta praticada
efetivamente lesione o bem jurídico protegido pela norma. Assim, apesar de
haver tipicidade formal, não há aqui, tipicidade material.
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, o
princípio da insignificância deve ser analisado observando-se a presença de: a)
mínima ofensividade da conduta do agente; b) ausência total de periculosidade
social da ação; c) ínfimo grau de reprovabilidade do comportamento; d)
inexpressividade da lesão jurídica ocasionada.
Assim, considerando o valor dos bens subtraídos (R$ 18,00),
bem como o patrimônio da vítima, é plenamente possível sustentar-se a
ocorrência do princípio da insignificância, frente à ausência de lesão
significativa ao bem jurídico penalmente tutelado, motivo pelo qual a ré deveria
ser absolvida sumariamente, nos termos do art. 397, III do Código de Processo
Penal.
Subsidiariamente, há que alegar ainda, a existência de
manifesta causa de exclusão da ilicitude da conduta, em razão da ocorrência
de estado de necessidade. Isso porque, conforme consta dos autos, restou
evidenciado que havia risco à saúde da acusada e de seu filho, ou seja, tal
conduta se deu para salvar de perigo atual, que não provocou por sua própria
vontade, direito próprio e direito alheio, no caso a saúde de ambos, nos termos
do art. 24 do Código Penal. Importa ressaltar que, naquelas circunstâncias, não
era razoável exigir que a acusada deixasse de praticar a conduta descrita,
considerando que a saúde de seu filho se apresentava como superior à lesão
gerada ao patrimônio da vítima. Assim, deve a acusada ser absolvida
sumariamente em razão da existência de manifesta causa de exclusão da
ilicitude, nos termos do art. 397, I do Código de Processo Penal.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja reconhecida a prescrição,


extinguindo-se a punibilidade da conduta criminosa, sendo a acusada absolvida
sumariamente, nos moldes do art. 397, IV, do Código de Processo Penal.
Requer ainda, a absolvição sumária, pela ausência de
tipicidade da conduta perpetrada, frente ao reconhecimento do princípio da
insignificância, nos moldes do art. 397, III, do Código de Processo Penal.
Requer também, reconhecida causa excludente da ilicitude dos
fatos, ou seja, o estado de necessidade, seja a acusada absolvida
sumariamente, nos termos do art. 397, I, do Código de Processo Penal.
Caso Vossa Excelência assim não entenda, o que não se
espera, protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,
precipuamente a oitiva da testemunha abaixo arrolada.

Termos em que,
Pede Deferimento

Fortaleza, 26 de março de 2015. (ou utilizem a palavra local)

(contagem do prazo – prazo previsto = 10 dias – ela foi citada dia 16 de


março de 2015, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país.
1º dia – terça-feira, dia 17 de março; 2º dia – dia 18 de março; 3º dia – dia
19 de março; 4º dia – dia 20 de março; 5º dia – dia 21 de março; 6º dia –
dia 22 de março; 7º dia – dia 23 de março; 8º dia – dia 24 de março; 9º dia
– dia 25 de março; 10º dia – dia 26 de março).

Advogado
OAB nº

Rol de testemunhas:
Maria, (profissão), residente na Rua X.

2º caso - (XXV EXAME OAB)

Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na


varanda de sua casa em Araruama, em 05/03/2017, no interior do Estado do
Rio de Janeiro, quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a
de maneira violenta, em razão de ciúmes. Verificando o risco que sua sobrinha
corria com a agressão, Patrick gritou com Lauro, que não parou de agredi-la.
Patrick não tinha outra forma de intervir, porque estava com uma perna
enfaixada devido a um acidente de trânsito. Ao ver que as agressões não
cessavam, foi até o interior de sua residência e pegou uma arma de fogo,
de uso permitido, que mantinha no imóvel, devidamente registrada, tendo
ele autorização para tanto. Com intenção de causar lesão corporal que
garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o
gatilho para efetuar disparo na direção de sua perna. Por circunstâncias
alheias à vontade de Patrick, a arma não funcionou, mas o barulho da
arma de fogo causou temor em Lauro, que empreendeu fuga e
compareceu à Delegacia para narrar a conduta de Patrick. Após meses de
investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas presenciais do
fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes dois últimos sendo vizinhos
que conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o
Ministério Público ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em
face de Patrick como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso
III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Juntamente com a
denúncia, vieram as principais peças que constavam do inquérito, inclusive a
Folha de Antecedentes Criminais, na qual constava outra anotação por ação
penal em curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do Código Penal,
bem como o laudo de exame pericial na arma de Patrick apreendida, o qual
concluiu pela total incapacidade de efetuar disparos. Em busca do
cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à
residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava trancado.
Apenas em razão desse único comparecimento no dia 26/02/2018,
certifica que o réu estava se ocultando para não ser citado e realiza, no
dia seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do mandado de
citação e intimação para defesa aos autos no mesmo dia. Maria, vizinha
que presenciou a conduta do oficial de justiça, se assusta e liga para o
advogado de Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se
encontra trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O advogado entra em
contato com Patrick por email e este apenas consegue encaminhar uma
procuração para adoção das medidas cabíveis, fazendo uma pequena síntese
do ocorrido por escrito. Considerando a situação narrada, apresente, na
qualidade do advogado de Patrick, a peça jurídica cabível, diferente do habeas
corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual
pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do prazo.
Identificando a peça:

Observem que já foi apresentada – houve citação – advogado deve apresentar


a peça jurídica cabível.

Peça: Resposta à acusação.


Fundamento legal: art. 396 e 396-A, do Código de Processo Penal.
Parte (cliente): Patrick e ele já está qualificado nos autos.
Competência: juízo perante o qual a denúncia foi apresentada – Juiz de
Direito da Vara Criminal da Comarca de Araruama/RJ.

Direito:
Buscar primeiro preliminares:
Possibilidade de rejeição da denúncia;
Nulidades;
Observem sempre a forma como foi realizada a citação;
Provas ilícitas; etc.

Depois: mérito (hipóteses do art. 397 do Código de Processo Penal.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca


de Araruama/RJ.

Processo n.º ...

Patrick, já qualificado nos autos em epígrafe, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, à presença de Vossa Excelência,
apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e
396-A, ambos do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito
a seguir expostos:

DOS FATOS

Patrick foi denunciado como incurso na prática do crime previsto no


artigo 129, § 1º, inciso III, c/c artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal.
Ocorreu que, em data de 05 de março de 2017, Patrick, vendo Lauro,
então namorado de sua sobrinha Natália, agredi-la de maneira violenta, em
razão de ciúmes, gritou para que parasse com as agressões, porém, sem
sucesso.
Assim, foi ao interior de sua residência e pegou uma arma de fogo, de
uso permitido e devidamente registrada e, a fim de provocar lesão corporal em
Lauro, efetuou um disparo em direção à sua perna.
Entretanto, a arma não funcionou e, conforme laudo de exame pericial
juntado, restou comprovado que era ela totalmente incapaz de efetuar
disparos.
Recebida a denúncia, foi o acusado citado por hora certa, em razão de o
oficial de justiça concluir estar ele se ocultando para não ser citado.

DO DIREITO

PRELIMINAR/ ou
DA NULIDADE DE CITAÇÃO/ ou
Preliminarmente, ...

(opções caso prefiram abrir tópicos específicos ou apresentar em uma


única estrutura)

Conforme se extrai dos autos, o oficial de justiça compareceu à


residência do acusado no dia 26 de fevereiro de 2018 e, não o encontrando,
certificou-se que ele se ocultava para não ser citado, realizando no dia seguinte
a citação por hora certa.
Importa ressaltar que o oficial compareceu uma única vez e, ao
encontrar a residência fechada, por estar o acusado trabalhando em
embarcação, concluiu, prematuramente, que ele se furtava ao cumprimento do
mandado. Entretanto, nos termos do que dispõe o art. 362 do Código de
Processo Penal c/c art. 252 do Código de Processo Civil, deveria o oficial de
justiça comparecer por duas vezes e, caso não encontrasse o réu e, havendo
indícios concretos de que estivesse se ocultando, procedesse à citação por
hora certa.
Desta forma, resta evidente a nulidade da citação, nos termos do art.
564, inciso III, alínea e, do Código de Processo Penal, devendo ser ela
reconhecida e declarada, considerando ainda que tal medida acarretou um
prejuízo para a defesa por não ter podido encontrar-se pessoalmente com o
acusado, anteriormente à apresentação da medida processual.

MÉRITO

DA ATIPICIDADE: DO CRIME IMPOSSÍVEL/ ou


No mérito, impõe-se a absolvição sumária do acusado...

O réu foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal de natureza


grave, em sua forma tentada. Entretanto, conforme comprovado pelo laudo
pericial juntado, a arma utilizada era incapaz de efetuar disparos, o que afasta
a tipicidade da conduta.
Assim, resta configurada a hipótese de crime impossível, nos termos do
art. 17 do Código Penal, que dispõe que não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o delito. Aqui, considerando que, por absoluta
ineficácia do meio utilizado não seria possível produzir o resultado, não há que
se punir sequer a tentativa, sendo afastada a tipicidade da conduta perpetrada,
impondo-se a absolvição sumária do acusado, nos termos do art. 397, inciso III,
do Código de Processo Penal, pelo fato evidentemente não constituir crime.
DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE: DA LEGÍTIMA DEFESA

No caso em tela, pode-se vislumbrar que o acusado assim agiu para


defender sua sobrinha das agressões violentas causadas por Lauro, estando,
pois, amparado pela legítima defesa, prevista no art. 23, II c/c art. 25, ambos do
Código Penal (Por ex.: Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem).
O acusado, limitado por sua condição física, visto estar com a perna
enfaixada se recuperando de um acidente de trânsito, se valeu do meio
necessário que dispunha, ou seja, primeiramente, gritou para que Lauro
cessasse as agressões e sem sucesso, recorreu ao uso da arma de fogo, dele
se valendo de forma moderada, para defender direito alheio, no caso, de sua
sobrinha, para repelir a agressão injusta e atual que sofria. Importa ressaltar
que o acusado pretendeu tão somente lesionar Lauro e não matá-lo.
Resta, pois, configurada a manifesta causa excludente de ilicitude,
devendo ser o acusado absolvido sumariamente, nos termos do art. 397, inciso
I, do Código de Processo Penal.

DO PEDIDO

Pelo exposto, requer:


a) o reconhecimento da nulidade do ato de citação, nos termos do art.
564, inciso III, alínea e, do Código de Processo Penal.
b) a absolvição sumária, com base no art. 397, inciso III, do Código de
Processo Penal;
c) a absolvição sumária, com base no art. 397, inciso I, do Código de
Processo Penal;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, principalmente a oitiva das testemunhas abaixo arroladas.

Termos em que,
Pede deferimento.

Araruama, 9 de março de 2018.

(lembrem-se que a citação se deu no dia 27/02 – inicia-se a contagem no


dia 28/02, 01/03, 02/03, 03/03, 04/03, 05/03, 06/03, 07/03, 08/03, 09/03).

Advogado
OAB

Rol de testemunhas:
Natália, profissão, endereço.
Maria, profissão, endereço.
José, profissão, endereço.

Casos hipotéticos pedidos para elaboração de peças práticas:

Noturno

1ª peça - Situação hipotética: Com a pandemia, Deodato perdeu seu


emprego, em razão do encerramento das atividades do restaurante onde
trabalhava. Em busca de abrir seu próprio negócio recorreu a Eugênio, a fim de
que ele lhe emprestasse certa quantia, sob o compromisso de quitar seu débito
em 01 de abril de 2021, e para tanto assinou nota promissória, com o valor
previamente ajustado. Entretanto, não conseguiu honrar seu compromisso.
Após várias cobranças, via telefone, ficou acertado que o débito seria pago no
dia 01 de junho de 2021. No dia 01 de setembro de 2021, Eugênio dirigiu-se à
casa de Deodato, e bastante transtornado, mostrou a arma de fogo que trazia
consigo sob a camisa, afirmando que se o débito não fosse saldado ele pagaria
com a própria vida. Deodato adentrou sua residência e chamou a polícia,
momento em que Eugênio deixou o local. Instaurado o competente inquérito
policial, restaram confirmadas as alegações. Assim, foi Eugênio denunciado
como incurso na prática do crime de extorsão, qualificada pelo emprego de
arma de fogo. A inicial foi recebida pela 2ª Vara Criminal de Novo Horizonte,
Minas Gerais, sendo o réu citado no dia 04 de abril de 2022. Você foi
procurado (a) por Eugênio, para apresentar a medida cabível, que informou
que Joaquim e Antônio presenciaram todo o ocorrido, inclusive as inúmeras
tentativas de cobrança de dívida, feitas de forma bastante amigável, devendo
datar a peça no último dia de prazo.

Sugestão de peça:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca


de Novo Horizonte/MG.

 
  
Processo n.º ...
 
  

 
Eugênio, já qualificado nos autos do processo em
epígrafe, por seu advogado infra-assinado (procuração anexa), vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts.
396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA
ESCRITA À ACUSAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito que passa a
expor:
DOS FATOS

Conforme narram os fatos, Eugênio foi denunciado pela


prática do crime previsto no art. 158, §1º, do Código Penal, extorsão qualificada
pelo emprego de arma de fogo, porque em data de 01 de setembro de 2021,
após comparecer à residência da vítima, teria, mediante ameaça, exigido o
pagamento imediato do valor que lhe havia emprestado.
A denúncia foi recebida, sendo o acusado citado em 04
de abril de 2022.

DO DIREITO

O réu foi acusado de ter praticado o crime de extorsão


qualificada pelo emprego de arma, por ter cobrado de Deodato, ora vítima, uma
dívida, mediante o emprego de uma arma de fogo.
Conforme dispõe o art. 158 do Código Penal, para que
reste configurado o crime de extorsão, deve o agente constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, e visando obter para si ou para outrem
uma indevida vantagem econômica, fazer, tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa. Assim, a obtenção da vantagem indevida é elementar do
delito de extorsão.
No caso em tela, restou visível que após ter o acusado
emprestado à vítima a quantia solicitada, não se pode falar que o valor cobrado
possa ser considerado como vantagem indevida, evidenciando assim, a
atipicidade da conduta.
Assim, deve o acusado ser absolvido sumariamente, nos
termos do art. 397, III, do Código de Processo Penal.
Conforme já mencionado, o acusado ameaçou a vítima no
sentido de cobrar uma dívida por ela contraída, ou seja, a obtenção de uma
vantagem devida.
Assim, caso tivesse incorrido na prática de crime, a
conduta descrita se amoldaria ao crime de exercício arbitrário das próprias
razões, disposto no art. 345 do Código Penal.
Nos termos do art. 345, parágrafo único, do Código Penal,
não havendo violência, o crime de exercício arbitrário das próprias razões é de
ação penal de iniciativa privada.
Deste modo, seria o Ministério Público parte ilegítima para
apresentar a inicial acusatória, que se procede mediante a apresentação de
queixa-crime, no prazo decadencial de seis meses, nos termos do art. 38 do
Código de Processo Penal e art. 103 do Código Penal.
Nesse sentido, considerando que o fato e o conhecimento
da autoria se deram em 01 de setembro de 2021, a vítima deveria apresentar a
inicial acusatória até a data de 28 de fevereiro de 2022. Logo, resta configurada
a decadência do direito do ofendido, devendo ser reconhecida a causa extintiva
de punibilidade do acusado, devendo ele ser absolvido sumariamente nos
termos do art. 397, IV, do Código de Processo Penal.

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer-se a absolvição sumária, pela
ausência de tipicidade da conduta perpetrada, nos moldes do art. 397, III, do
Código de Processo Penal.
Requer-se também, seja reconhecida a decadência,
extinguindo-se a punibilidade da conduta criminosa, sendo o acusado absolvido
sumariamente, nos moldes do art. 397, IV, do Código de Processo Penal.
Caso Vossa Excelência assim não entenda, o que não se
espera, protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,
precipuamente a oitiva das testemunhas abaixo arroladas.

Termos em que,
Espera deferimento. 
 
Novo Horizonte, 14 de abril de 2022.
(se não houve expediente forense – 18 de abril de 2022.

Advogado
OAB nº
 
  
Rol de testemunhas:
Nome - profissão, endereço.

2ª peça – Situação hipotética: José João Henriques, em data de 10 de janeiro


do corrente ano, por volta de 20h, fazendo uso de uma arma de fogo, tentou
efetuar disparos contra seu vizinho José Roque Júnior. Conforme restou
apurado em fase de investigação preliminar, José João, após inúmeras
desavenças com o vizinho, decidiu por bem tirar-lhe a vida. Assim, na data
mencionada, José João abordou José Roque em frente à sua residência, de
arma em punho, acionando o gatilho. Efetuado o primeiro disparo, que veio a
atingir o galho da árvore na calçada, José João diante da situação, mesmo
podendo prosseguir, desistiu de seu intento. José Roque, bastante assustado,
dirigiu-se à Delegacia, narrando o ocorrido. Pelo exposto, concluso o respectivo
inquérito, foi ele denunciado pelo Ministério Público como incurso nas sanções
do artigo 121, caput, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal. A denúncia foi
recebida sendo José João citado para apresentar a medida cabível. Como
advogado(a) de José João, proponha a medida cabível.

Sugestão de peça: por se tratar de crime doloso contra a vida – da


competência do Tribunal do Júri, devem ser observados os artigos
relacionados a tala procedimento – art. 406 a 497 do Código de Processo
Penal.
Resposta à acusação nos crimes da competência do Tribunal do Júri –
dispostos no Código de Processo Penal – arts. 406 a 497.

Recebida a denúncia, o acusado será citado para apresentar resposta à


acusação, com fundamento no art. 406 do Código de Processo Penal, no prazo
de 10 dias.
Fundamento legal: art. 406 do Código de Processo Penal
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do
acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. (Redação dada
pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na
denúncia ou na queixa.
§ 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que
interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito),
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela
Lei nº 11.689, de 2008).

Art. 407.  As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts.


95 a 112 deste Código.

Art. 408.  Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor
para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.

Art. 409.  Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o


querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. 

Como se vê, não existe previsão de absolvição sumária, conforme art. 397
do Código de Processo Penal. Mas podemos nos valer dela, sendo
favorável à defesa, por analogia – nos termos do art. 394, § 4º, do Código
de Processo Penal.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara do Tribunal do Júri da


Comarca de ...

Processo n.º ...

José João Henriques, já qualificado nos autos em


epígrafe, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, à
presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com
fundamento no artigo 406, do Código de Processo Penal, pelos motivos de
fato e de direito a seguir expostos:

DOS FATOS

José João Henriques foi denunciado como incurso nas


sanções do artigo 121, caput, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal. Isso
porque em data de 10 de janeiro do corrente ano, por volta de 20h, fazendo
uso de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos contra seu vizinho José
Roque Júnior.
Apurou-se que o acusado, após abordar José Roque em
frente à sua residência, de arma em punho, acionou o gatilho, efetuando o
primeiro disparo, que veio a atingir o galho da árvore na calçada. Podendo
prosseguir, desistiu de seu intento.
A denúncia foi recebida sendo José João citado para
apresentar a medida cabível.

DO DIREITO

Da desistência voluntária/ ou no mérito, impõe-se a absolvição sumária


do acusado...
O réu foi denunciado pela prática do crime de homicídio,
em sua forma tentada. Entretanto, conforme se depreende dos autos, o
acusado ao efetuar o primeiro disparo, veio a atingir o galho da árvore na
calçada, não produzindo qualquer lesão na vítima. Nesse momento, podendo
prosseguir na execução, desistiu voluntariamente de seu intento, deixando o
local.
Resta, pois, evidente a conduta descrita no art. 15, do
Código Penal, que dispõe que o agente que, voluntariamente, desistir de
prosseguir na execução só responderá pelos atos já praticados.
A desistência voluntária não se confunde com a tentativa.
Na tentativa, o agente inicia atos de execução, mas não consuma o crime por
circunstâncias alheias à sua vontade. Na desistência voluntária, por sua vez, o
agente tem possibilidade de prosseguir na empreitada criminosa, mas antes de
esgotar todos os meios que tem à sua disposição, desiste voluntariamente de
prosseguir e consumar o delito, devendo responder somente pelos atos já
praticados e não pela tentativa do crime que pretendia cometer
originariamente.
Assim, afastada a tipicidade da conduta perpetrada,
impõe-se a absolvição sumária do acusado pelo fato evidentemente não
constituir crime, nos termos do art. 397, inciso III, c/c art. 394, § 4º, ambos do
Código de Processo Penal.

DO PEDIDO

Pelo exposto, requer:

A absolvição sumária, com base no art. 397, inciso III, c/c


art. 394, § 4º, ambos do Código de Processo Penal;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova
em direito admitidos, principalmente a oitiva das testemunhas abaixo arroladas.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local, data
Advogado
OAB nº

Rol de testemunhas:

Certos procedimentos são chamados de Especiais, justamente por trazerem


regras próprias, específicas, ou seja, será especial o procedimento que, por
disciplina legal, de alguma forma, é diferente do procedimento comum,
podendo estar disposto no Código de Processo Penal ou em leis processuais
penais.

Nesse sentido tem-se o procedimento para os crimes de responsabilidade


praticados por funcionário público, bem como a Lei de Drogas – Lei nº
11.343/2006. Os dois procedimentos têm como particularidade a oportunidade
de o denunciado apresentar sua defesa antes de o Juiz decidir pelo
recebimento ou não da inicial acusatória.

Crimes praticados por funcionário público contra a Administração Pública


– crimes afiançáveis, previstos no Código Penal nos artigos 312 a 317 –
crime funcional – art. 514, caput¸ do Código de Processo Penal.

Crimes afiançáveis praticados por funcionários públicos – processados e


julgados conforme os art. 513 a 518 do Código de Processo Penal.
No Código Penal, estão previstos nos arts. 312 a 326.
Funcionário público – art. 327 do Código de Processo Penal.

Denúncia ou queixa instruída com documentação que confira lastro mínimo


probatório à acusação – com documentos ou justificação que façam presumir a
existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de
apresentação de qualquer dessas provas.

Defesa preliminar, conforme art. 514 do Código de Processo Penal, no


prazo de 15 dias.
Obrigatoriedade da notificação, sob pena de nulidade absoluta.
A peça é tida como facultativa.
Alguns Tribunais têm entendido ser nulidade relativa – demonstrar o prejuízo.
Súmula 330 do STJ – viola o procedimento, o devido processo penal,
contraditório e ampla defesa – não é o entendimento do STF.

A peça dá mais elementos ao juiz para decidir sobre a admissibilidade da


inicial.
Pode ser alegada matéria preliminar, anexando documentos e justificações.
Apresentada pelo próprio funcionário ou seu advogado.
Não será necessário se ele perder a condição de funcionário público – há
divergência.
Concurso de pessoas – não se estende ao correu não funcionário público.
Concurso de crimes: crime funcional e crime não funcional – prevalece que não
haveria necessidade – há divergência.
Assim, a denúncia é oferecida, mas não se menciona sobre seu recebimento,
porque ainda não o foi, o que ensejaria a citação. Assim, o denunciado será
NOTIFICADO para apresentar sua defesa.

3ª peça – Situação hipotética: Eron é funcionário público, fiscal da receita


estadual. Na data de 04 de fevereiro de 2022, em fiscalização de rotina, dirigiu-
se ao estabelecimento Tamandaré e solicitou ao gerente a apresentação de
documentos fiscais. Informado que todos os papeis contábeis se encontravam
no escritório, foi o estabelecimento notificado, sendo concedido um prazo de 24
h para que fossem eles apresentados, ficando tudo devidamente registrado. No
dia seguinte, retornou ao estabelecimento e após a apresentação dos
documentos solicitados foi realizada a pretendida fiscalização. O gerente, grato
pelo prazo concedido, embora não solicitado, ofereceu um pequeno presente,
que foi aceito por Eron. Nesse momento, Jaques, que adentrou o
estabelecimento, presumindo ter Eron solicitado alguma vantagem, chamou a
polícia, sendo ele preso em flagrante. Concluído o inquérito policial, foi ele
remetido ao Ministério Público, que ofereceu denúncia contra Eron, acusando-o
da prática descrita no artigo 317, do Código Penal: corrupção passiva. Eron foi
notificado pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Araraquara, em data de 11 de
março de 2022, sexta-feira. Você foi contratado como seu advogado (a), para
apresentar a peça cabível, diversa de habeas corpus, datada do último dia de
prazo.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca


de Araraquara/SP.
 
 
  
Autos n.º ...
 
  
 
Eron, já qualificado nos autos, por seu advogado infra-
assinado (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no art. 514 do Código de Processo Penal,
apresentar DEFESA PRELIMINAR, pelos motivos de fato e de direito que
passa a expor:

DOS FATOS

Eron foi denunciado pela prática do crime de corrupção


passiva, prevista no artigo 317 do Código Penal, porque, em data de 04 de
fevereiro de 2022, teria recebido vantagem indevida, enquanto fiscal da receita
estadual e em razão de sua função. Isso porque, nessa data, teria ele se
dirigido ao estabelecimento comercial Tamandaré, com o intuito de fiscalização
e, considerando que os livros fiscais não se encontravam no local, notificou o
comerciante designando sua apresentação no dia seguinte. Naquela data, após
efetivar seu trabalho, teria aceito um presente, instante quando, após acionada
a polícia, foi preso em flagrante.
Oferecida a denúncia, foi ela autuada, sendo o
denunciado notificado em 12 de março de 2022, para apresentar defesa
preliminar, no prazo legal.

DO DIREITO

No caso em tela, a denúncia oferecida pelo ilustre


representante do Ministério Público deve ser rejeitada, uma vez que o fato
narrado na exordial acusatória é atípico, senão vejamos:
O delito de corrupção passiva, previsto no art. 317 do
Código Penal, se refere a “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”.
Ora, a conduta citada pressupõe um acordo entre
funcionário público, que solicita ou aceita a vantagem e aquele que presta,
evidenciando assim uma relação de contraprestação entre os pagamentos
efetuados e a prática dos atos de sua atribuição. É necessária a existência de
dolo, demonstrando que o autor se valha de seu cargo público para solicitar a
vantagem indevida ou vir a recebê-la. Ou seja, a vontade consciente da
conduta.
Desta forma, não estando presente o dolo, elemento
subjetivo do tipo, para que reste caracterizada a conduta descrita no art. 317 do
Código Penal, necessário que seja a denúncia rejeitada.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência, recebida a


presente defesa, seja rejeitada a denúncia, nos termos do artigo 516 c/c artigo
395, inciso III, ambos do Código de Processo Penal, por ser esta medida de
justiça.
 
Termos em que,
Pede Deferimento.

Araraquara, 28 de março de 2022.

Advogado
OAB nº

Situação hipotética: Eron, funcionário público, com função de motorista na


Prefeitura Municipal de Além Paraíso, em data de 04 de fevereiro de 2022,
após o encerramento do expediente, fazendo uso do seu veículo de trabalho,
decidiu levar seu filho até a cidade vizinha, para ser atendido pela Pediatra, no
posto de saúde local. Ao retornar à cidade abasteceu o veículo para devolvê-lo
no local de praxe. Após análise das câmeras de segurança, foi relatado o fato
ao seu superior, sendo instaurado o correspondente procedimento
administrativo disciplinar. Ao ser ouvido, confessou que pegou o veículo sem
autorização, com a intenção de devolvê-lo em seguida, inclusive, ressaltando
que tratou de encher o tanque de combustível. Constatada a falta disciplinar,
foram os autos remetidos ao Ministério Público que ofereceu denúncia contra
Eron, como incurso na prática do crime previsto no art. 312 do Código Penal,
sendo ele notificado em data de 11 de março de 2022, sexta-feira. Você foi
contratado como seu advogado (a), para apresentar a peça cabível, diversa de
habeas corpus, datada do último dia de prazo.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca


de Além Paraíso/UF.
 
 
  
Autos n.º ...
 
  
 
Eron, já qualificado nos autos, por seu advogado infra-
assinado (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no art. 514 do Código de Processo Penal, apresentar
DEFESA PRELIMINAR, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

DOS FATOS

Eron foi denunciado pela prática do crime de peculato,


previsto no artigo 312 do Código Penal, porque, em data de 04 de fevereiro de
2022, teria utilizado, sem autorização, veículo do município de Além Paraíso,
onde desempenha a função de motorista na Prefeitura Municipal.
Oferecida a denúncia, foi ela autuada, sendo o
denunciado notificado em 12 de março de 2022, para apresentar defesa
preliminar, no prazo legal.

DO DIREITO

No caso em tela, a denúncia oferecida pelo ilustre


representante do Ministério Público deve ser rejeitada, uma vez que o fato
narrado na exordial acusatória é atípico, senão vejamos:
O delito de peculato, previsto no art. 312 do Código Penal,
se refere a “apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de quem tem a posse em razão do
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.
O denunciado foi acusado de ter utilizado o veículo
automotor da Prefeitura Municipal, sem autorização. Entretanto, resta claro que
não houve intenção de se apropriar do bem ou tampouco, desviá-lo.
Conforme demonstrado, Eron pretendia apenas utilizar o
veículo para levar seu filho para atendimento médico, e depois devolvê-lo ao
local onde é guardado. Assim, não se pode falar em peculato: apropriação,
desvio ou mesmo furto.
Tanto é verdade que, inclusive, abasteceu o veículo,
deixando-o nas mesmas condições em que se encontrava e no mesmo lugar,
evidenciando a intenção de usar o bem, não tendo o dolo de apropriação,
desvio ou subtração.
Considerando que a conduta havida, ou seja, peculato de
uso, não está expressamente prevista na legislação penal, caracterizada está a
atipicidade do fato.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência, recebida a


presente defesa, seja rejeitada a denúncia, nos termos do artigo 516 c/c artigo
395, incisos II e III, ambos do Código de Processo Penal, por ser esta medida
de justiça.

Termos em que,
Pede Deferimento.

Além Paraíso, 28 de março de 2022.

Advogado
OAB nº

Lei de Drogas – art. 55, Lei 11.343/06 – Defesa prévia. Prazo de 10 dias.
Ainda não existe a figura do acusado, porque ainda não foi recebida a
denúncia. Pretende-se no caso, a rejeição da denúncia, podendo ainda ser
arguida nulidades, bem como pedir a desclassificação da infração penal.

Artigos relacionados:

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,


imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
[...] § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação
da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste,
por pessoa idônea.
 
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para
oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado
poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e, até
o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a
113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo
Penal.
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de
nomeação.
Assim, a denúncia é oferecida, mas não se menciona sobre seu recebimento,
porque ainda não o foi, o que ensejaria a citação. Assim, o denunciado será
NOTIFICADO para apresentar sua defesa.

4ª peça - Situação hipotética: Em data de 19 de março de 2022, João Roque


foi preso em flagrante como incurso no artigo 33, caput, Lei nº 11.343/06. Isso
porque, nessa data, ele, em companhia da amiga Thalia foram à festa de
aniversário de uma amiga em comum, Elisa, em um conhecido bar da cidade
de Novo Horizonte. No local, se encontraram com Gilbert, passando a consumir
bebidas alcóolicas. Em um dado momento, João foi para um lugar mais
reservado, a fim de fumar um cigarro de maconha que trazia consigo. Gilbert e
Elisa se aproximaram e ele indagou-lhes se não queriam compartilhar o
cigarro, o que foi prontamente aceito. Nesse instante, o segurança do local o
abordou, acionando a polícia narrando que ele se encontrava no local
fornecendo drogas aos presentes. Conduzido à Delegacia de Polícia, foi ele
autuado em flagrante como incurso no art. 33, caput, Lei n.º 11.343/06, em
razão de ter ele oferecido, ainda que gratuitamente, nas dependências de
estabelecimento comercial, a droga a Gilbert e Elisa. A substância encontrada
com João foi unicamente aquela relativa ao cigarro e não foi elaborado laudo
de constatação por faltar perito oficial para fazê-lo naquele momento.
Apresentada a denúncia, foi João notificado, em data de 22 de abril de 2022
(sexta-feira), para apresentar a medida processual cabível, diversa de habeas
corpus.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara criminal da Comarca


de Novo Horizonte/UF.

Autos n.º...

João Roque, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar DEFESA PRÉVIA (OU DEFESA PRELIMINAR),
com base no artigo 55 da Lei nº 11.343/2006, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos.

DOS FATOS

Conforme consta na inicial acusatória, em data de 19 de março


de 2022, o denunciado estava em companhia de Thalia, em uma festa de
aniversário, em um bar da cidade.
Após consumirem algumas bebidas, João Roque dirigiu-se a
um canto do recinto, decidido a fumar um cigarro de maconha que trazia
consigo, instante em que, cordialmente, ofereceu a Elisa e Gilbert para
compartilharem o cigarro, o que foi prontamente aceito.
Abordado por um segurança, foi ele conduzido à Delegacia de
Polícia, sendo lavrado o auto de prisão em flagrante. A substância encontrada
com João Roque foi unicamente aquela relativa ao cigarro, sendo certo que
não foi elaborado laudo de constatação por falta de perito oficial para fazê-lo,
naquele momento.
Foi ele denunciado como incurso nos artigos 33, caput, da Lei
11.343/06, sendo notificado para apresentar a medida processual cabível.

DO DIREITO

Primeiramente, importa ressaltar a nulidade havida por ocasião


da prisão em flagrante e, consequentemente, importando no afastamento da
materialidade no caso em tela. Conforme disposto no art. 50, § 1º, da Lei n.º
11.343/2006, sendo o tipo penal previsto no art. 33 de referida Lei infração
penal que deixa vestígios, para se atestar sua materialidade, necessário o
laudo de constatação, fundamental, inclusive, para a própria lavratura do auto
de prisão em flagrante.
No mesmo sentido, acena o art. 158 do Código de Processo
Penal, ao dispor que sempre que a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direito ou indireto, não suprido pela
confissão do acusado.
Para além do reconhecimento da nulidade, não comprovada a
materialidade, ausente está a justa causa para o exercício da ação penal,
devendo a denúncia ser rejeitada, com base no artigo 395, inciso III, do Código
de Processo Penal.
Caso Vossa Excelência assim não entenda, resta claro que a
única conduta a ser imputada ao denunciado se amolda ao disposto no § 3º do
art. 33 da Lei nº 11.343/2006, uma vez que o suposto oferecimento da
substância à sua amiga ocorreu uma única vez, sem qualquer intenção de
obter lucro, restando evidente a figura do uso compartilhado, cuja pena prevista
é de seis meses a um ano de detenção. Dessa forma, o juízo competente é o
Juizado Especial Criminal, em face do disposto nos artigos 60 e 61 da Lei nº
9.099/95.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:

a) A rejeição da denúncia, pela ausência de materialidade, com base no artigo


395, inciso III, do Código de Processo Penal;
b) Seja desclassificado o crime previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006,
para o delito do artigo 33, § 3º, da Lei n.º 11.343/2006, remetendo-se os autos
ao Juizado Especial Criminal;
c) A produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente a
testemunhal, conforme rol abaixo.
Nestes termos,
Pede deferimento.

Local, 04 de maio de 2022.

Advogado...
OAB n.º

Rol de Testemunhas:
a) Elisa, (qualificação).
b) Gilbert, (qualificação).
c) Thalia, (qualificação).

Exceções

Peça única, geralmente apresentada no prazo da resposta à acusação –


Autuada em apartado.

As exceções se apresentam como questões incidentais e representam um


meio indireto de defesa do acusado.
Na verdade, atacam o processo – para pôr fim a ele ou dilatar seu exercício,
sendo dilatórias ou peremptórias, quanto aos efeitos:

Dilatórias (visam procrastinar ou transferir seu exercício, mas não extinguem o


processo) – exceções de suspeição/impedimento; incompetência de juízo;
ilegitimidade de parte.

Peremptórias (visam pôr fim ao processo) – exceções de litispendência, coisa


julgada.

Partes: excipiente e excepto.

A exceção de ilegitimidade de parte, quando se trata de titularidade da ação


penal – ad causam – se reconhecida, põe fim àquele processo.

Ilegitimidade ad processum – falta de capacidade processual - pode ser sanada


– ver art. 568 do Código de Processo Penal – a nulidade por ilegitimidade do
representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante a ratificação
dos atos processuais.

Previsão legal:

Art. 95 do CPP: Poderão ser opostas as exceções de:

I. Suspeição
II. Incompetência de juízo
III. Litispendência
IV. Ilegitimidade de parte
V. Coisa julgada

Suspeição/impedimento

A arguição de suspeição precede as demais, salvo se fundada em motivo


superveniente.

O que se espera de um Juiz? Principalmente: imparcialidade – caso haja


dúvida, deve ser arguida tal exceção, sob pena de se levar a um julgamento
injusto. Busca-se preservar assim a dignidade da justiça. Art. 5º, LIII, da
Constituição da República.
Tanto que o juiz poderá fazê-lo de ofício (ex officio), espontaneamente e por
escrito, indicando o motivo legal, encaminhando ao seu substituto, intimadas as
partes – conforme art. 97 do Código de Processo Penal – decisão irrecorrível.

Não aceitando a suspeição, o Juiz mandará autuar em apartado, responderá


em três dias – podendo instrui-la e apresentar testemunhas – remetendo os
autos ao Tribunal competente para julgar – art. 100 do Código de Processo
Penal.
Pode declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo.
Verificar a ocorrência das hipóteses dos arts. 252 e 254 do Código de Processo
Penal (suspeição ou impedimento).
Juiz de garantias – ver art. 3º-D.

Suspeição – tem vínculo/ impedimento – tem interesse.

Julgada procedente a exceção, ficarão nulos os atos do processo principal – de


cunho decisório – nulidade absoluta – art. 564, I, do Código de Processo Penal.

No caso de ser superveniente – os atos então praticados são mantidos.

A suspeição não poderá ser alegada se a parte a provocou – art. 256 do


Código de Processo Penal.

A própria parte deverá assinar a petição ou requer procuração com poderes


especiais – art. 98 do Código de Processo Penal.

Deve apresentar prova documental e rol de testemunhas – art. 98, 2ª parte, do


Código de Processo Penal.

Pedido: reconhecimento da suspeição e remessa dos autos ao substituto legal;


a produção de provas, com oitiva das testemunhas arroladas; vista ao
Ministério Público.

Caso de impedimento – art. 112 do Código de Processo Penal.


Possibilidade de suspensão do processo – art. 102 do Código de Processo
Penal.
Suspeição do órgão do Ministério Público – art. 104 do Código de Processo
Penal.
Suspeição de peritos, serventuários, ... – art. 105 do Código de Processo
Penal.
Suspeição de jurados – art. 106 do Código de Processo Penal.
Suspeição das autoridades policiais – art. 107 do Código de Processo Penal.

Incompetência do juízo
Art. 95, II, do Código de Processo Penal.

Competência: arts. 69 a 91 do Código de Processo Penal.

Absoluta – ratione materiae e ratione personae (matéria e pessoa) – não


admite prorrogação – não admite convalidação –
Aproveitamento dos atos processuais, menos os decisórios. O STF tem
entendido que todos os atos serão aproveitados.
Conflito de jurisdição – art. 111 do Código de Processo Penal.
Art. 564, I e 567, do Código de Processo Penal.

Relativa – ratione loci (territorial)

Art. 396-A, § 1º, do Código de Processo Penal.


Art. 108 do Código de Processo Penal.
Art. 111 do Código de Processo Penal – serão processadas em apartado e, em
regra, não suspenderão os autos do processo.

Remessa ao Juízo competente – Art. 108, § 1º, do Código de Processo Penal.

Da decisão cabe Recurso em Sentido Estrito – art. 581, III, do Código de


Processo Penal.

Sempre que as regras relativas à competência não forem observadas, cabe à


parte prejudicada opor exceção de incompetência a fim de preservar o juiz
natural da causa.

Reconhecida a incompetência, será o processo remetido ao juízo competente.


Os atos decisórios serão anulados e refeitos pelo juiz competente.

Regulada pelos arts. 108 e 109 do Código de Processo Penal.

Pode ser oposta por escrito ou oralmente, no prazo de defesa – art. 108 do
Código de Processo Penal.
O Juiz reconhecendo em qualquer fase pode encaminhar ao juízo competente
– art. 109 do Código de Processo Penal.

A decisão que rejeita a exceção de incompetência, não cabe recurso previsto


em lei, podendo, caso entenda necessário, valer-se do habeas corpus – no
caso de evidente constrangimento ilegal – ou poderá ser alegada em preliminar
em sede de recurso.
Litispendência

Art. 95, III, do Código de Processo Penal.


Ninguém poderá ser julgado pelo mesmo fato duas vezes – non bis in idem –
evitar que corram, paralelamente, dois processos idênticos.

Art. 110 do Código de Processo Penal – aplica-se nela, no que for aplicável, o
disposto na exceção de incompetência do juízo.

Não ocorre a preclusão se não for oposto no prazo da defesa preliminar.

Acolhida – cabe recurso em sentido estrito – art. 581, III, do Código de


Processo Penal.
Não acolhida – não há recurso previsto – passível de habeas corpus.

Ilegitimidade de parte

Art. 95, IV, do Código de Processo Penal.

Ad causam - titularidade da ação


Ad processum – capacidade processual

Processada como a incompetência de juízo – art. 110 do Código de Processo


Penal.
Proposta verbalmente ou por escrito – art. 111 do Código de Processo Penal.
Processada em apartado – não se suspende o processo – art. 111 do Código
de Processo Penal – ouvido o Ministério Público – na ação penal de iniciativa
privada, o querelante.

Pode ser alegada a qualquer tempo.

Legitimidade ad causam – processo é anulado ab initio.


Legitimidade ad processum – pode ser sanada – art. 568 do Código de
Processo Penal.

Reconhecida a ilegitimidade de parte – RESE – art. 581, III, do Código de


Processo Penal.

Coisa julgada

Art. 95, V, do Código de Processo Penal.

Coisa julgada – decisão transitada em julgado


A identidade de uma ação penal com outra já decidida por sentença transitada
em julgado
Art. 111 do Código de Processo Penal
Autos apartados e não suspende o processo
Exemplo de peça:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca


de ...

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ... Vara Criminal da Justiça


Federal da Seção Judiciária de ...

Processo nº ...

Nome, já qualificado nos autos do processo nº ...


(ou, nos autos em epígrafe – mencionando o n.º do processo no espaço acima,
à esquerda), vem, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado infra-
assinado, com fundamento (com fulcro) no art. 95, inciso ___ do Código de
Processo Penal, opor (pode usar ainda apresentar, arguir...) EXCEÇÃO
DE ..., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos (que passa a
aduzir...):

I – Dos Fatos

II – Do Direito

A presente situação evidencia claramente...

III – Do Pedido

(no caso de suspeição): que seja reconhecida a suspeição, sendo os autos


remetidos ao juiz substituto – art. 99 do Código de Processo Penal; caso o Juiz
assim não entenda, postula-se que, após resposta, subam os autos ao Tribunal
para julgamento, nos termos do art. 100 do Código de Processo Penal. Requer
a notificação e oitiva das testemunhas).

(no caso de incompetência): que seja reconhecida a incompetência, ouvido o


Ministério Público, sendo os autos remetidos ao juízo competente – art. 108 do
Código de Processo Penal);

(no caso de litispendência): que seja reconhecida a litispendência (existência


de ações idênticas), ouvido o Ministério Público, com a consequente extinção
da ação penal – art. 110 do Código de Processo Penal);
(no caso de ilegitimidade da parte): que seja reconhecida a exceção com a
consequente anulação da ação penal, após ouvido o Ministério Público – art.
110 do Código de Processo Penal);

(no caso de coisa julgada): que seja reconhecida a coisa julgada, ouvido o
Ministério Público, com a consequente extinção da ação penal – art. 110 do
Código de Processo Penal).

Termos em que
Pede Deferimento,

Local, data

Advogado
nº OAB

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