Análise da Fuga nº17 (Bach- Livro 1 – Cravo bem temperado)

Teoria e Análise Musical

2021/2022

Bárbara Magalhães e Eva Vieira 11ºict

CBT I/17 Fuga em Láb Maior

Análise da fuga nº17 Tam 21/22

Tonalidades próximas- Mib M; Réb M; Dó m; Fá m; Sib m

Começando na segunda pulsação do primeiro compasso, no tenor, o sujeito da

fuga em Láb Maior dá a impressão de começar numa anacruza. A conclusão após
um único compasso, vem em forma de surpresa, pois ainda se espera o conteúdo
principal e somos desafiados a acreditar que aquele já era esse mesmo conteúdo.
A ideia principal desta fuga compreende sete colcheias regulares ao todo. (No
decorrer da fuga, a nota final aparece numa grande variedade de valores)
A sensação de incompletude transmitida pelo tema/sujeito, é intensificada pela
linha melódica, que apresenta um fecho bastante incomum no quinto grau da
escala, e pela abrupção da progressão harmónica.
Este breve tema é definitivamente uma frase indivisível. O seu padrão harmónico
consiste quase exclusivamente em saltos na formação de “broken-chords”. A
estrutura rítmica do tema em si, é de extrema regularidade. O mesmo não
acontece no resto da fuga, onde as colcheias aparecem misturadas com
semicolcheias, semínimas e vários valores sincopados.
O pano de fundo harmónico deste tema é um tanto
peculiar. O acorde da subdominante é alcançado no
tempo fraco do compasso (compasso 1, 4º tempo)
seguido pelo acorde da dominante com sétima
(compasso 2, 1º tempo), que resolve melodicamente
na semicolcheia do 2º tempo. Trata-se, portanto, dos acordes arpejados de Láb
Maior.
Em termos de conteúdo intervalar, o tema apresenta respetivamente:
[+7,-3,-4,+9,-4,+2]
Já a resposta…
[+5… pelo que podemos concluir que estamos perante uma resposta tonal
Esta fuga contém 15 entradas de tema:
O sujeito nunca aparece em inversão, stretto ou paralelo.
1. Compassos 1-2 (tenor)-Láb M
2. Compassos 2-3 (baixo)-Láb M
3. Compassos 5-6 (soprano)-Láb M
4. Compassos 6-7 (alto)-Láb M
5. Compassos 10-11 (tenor)-Láb M
6. Compassos 13-14 (alto)-Fá m
7. Compassos 17-18 (tenor)-Sib m
8. Compassos 18-19 (alto)-Sib m
9. Compassos 23-24 (alto)-Réb M
10. Compassos 24-25 (soprano)-Réb M
Análise da fuga nº17 Tam 21/22

11. Compassos 27-28 (baixo)-Láb M

12. Compassos 28-29 (tenor)-Fá m
13. Compassos 29-30 (alto)-Fá m
14. Compassos 30-31 (soprano)-Réb M
15. Compassos 33-34 (soprano)-Láb M

No compasso 21, verificamos uma falsa entrada de tema e uma consequente

fragmentação do tema.
Deixando de lado as variações rítmicas na nota final e o ajuste na resposta (o
rebaixar da segunda nota do sujeito nos compassos 2 e 6), duas modificações de
intervalo repetidamente, ambos com considerável impacto harmónico. Nos
compassos 18, 28, 29 e 30, um quarto intervalo inicial é seguido pelos acordes
arpejados do compasso 1, combinando, assim, recursos de indas e vindas,
resultando em ambiguidade harmónica. Ainda assim, o mais impressionante é
que as três primeiras entradas, todas compostas no modo menor, tomam
emprestadas várias notas das suas relativas maiores.(ver compasso 18: C + A para
Cb+ Ab; compasso 28: D + B for Db + Bb; compasso 29: G for Gb)
Duas das declarações do tema, apresentam um salto de sétima em vez da sexta
original (expansão intervalar) entre a quarta e a quinta colcheias. O resultado é
um acorde de sétima que recria o sujeito como modulador (ver compassos 23-24:
de Eb7 para Ab, e compassos 24-25: de Ab7 para Db)
Esta fuga não contém um único contratema consistente. As semicolcheias dos
compassos 2-3 que acompanham o tema, repetem-se com frequência e com
muitas variações ao longo da fuga, mas não são consideradas uma companhia
para o tema. Em vez disso, fornecem material motívico que, permeia toda a fuga.
A maioria deste material, é visível nos intermédios.
Os episódios mais relacionados ao sujeito são: E1, E3, E4 e E5. Variantes mais
remotas do motivo em E6 e E7 também transmitem uma impressão de
parentesco.
Esta fuga contém 8 intermédios:
Compassos 3-5 – Láb M
Compassos 7-10 -Láb M
Compassos 11-13 -Láb M/Fá m
Compassos 14-16 -Fá m
Compassos 19-23 –Sib m/Sib M/Mib M
Compassos 25-27 -Réb M/Láb M
Compassos 31-33 -Fá m/Láb M
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Compassos 34-35 –Láb M

O material que caracteriza estes episódios também ocorre fora deles,

sobrepondo-se consideravelmente ao assunto, mas nunca servindo como o seu
contratema. Tudo isto parece, de uma forma ou de outra, derivado dos
compassos 2-3, ou seja, da figura que soa contra a resposta do sujeito e desde o
primeiro episódio. Três figuras servem como fontes para o material secundário: as
oito semicolcheias após a declaração de tema original, quatro colcheias
estendendo a resposta no padrão de uma sequência parcial, e as mínimas
sincopadas que, com uma variação ornamental, soam contra essa sequência
parcial.
A única passagem livre de sujeito que serve de fecho cadencial é o E8. Além disso,
há uma instância num outro episódio em que a exibição motívica é suspensa e dá
lugar a uma fórmula cadencial estendida (consultar os compassos 20-22, no final
de E5). Dois fechos cadenciais adicionais aparecem integrados ao material
motívico; ambos apresentam a figura típica do-si-do (ver compasso 9-10 no final
de E2 e compasso 15-16 no final de E4). A relação entre os episódios já fica
evidente a partir da exposição do seu conteúdo motívico. A primeira metade de
E4 e todo o E5 são variações diretas de E3; da mesma forma, E7 é uma variante
(mais distante) de E6.
Apenas dois episódios mantêm a tensão, servindo assim de ponte entre os temas:
em E1, uma curta descida é seguida de movimentos ascendentes, e em E7, o
movimento ascendente em todas as vozes dos compassos 31-32 é complementado
por um relaxamento de comprimento aproximadamente igual. Todos os outros
intermédios exibem um padrão de tensão gradualmente decrescente, seja por
causa da aparente sequência descendente (como em E3, E4, E5 e E6), ou em
descidas ocultas (como em E2, onde o soprano apresenta a queda em LábMaior).
Em termos de estrutura, esta fuga apresenta:
Exposição- compassos 1-16
Desenvolvimento- compassos 16-27
1ªparte- compassos 17-24
2ºparte- compassos 24-27
Recapitulação- compassos 27-35

Modulações
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Compassos 12 a 17- Modulação para Fá m

Compassos 17 a 21- Modulação para Sib m
Compassos 21 a 22- Tonicização para Sib M
Compassos 22 a 23- Tonicização para Mib M
Compassos 23 a 26- Modulação para Réb M
Compassos 26 a 28- Tonicização para Láb M
Compassos 28 a 30- Modulação para Fá m
Compassos 30 a 31- Tonicização para Réb M
Compassos 31 a 33- Modulação para Fá m
Compassos 33 a 35- Modulação para Láb M

Técnicas de desenvolvimento motívico

Em termos de técnicas de desenvolvimento motívico, verificamos uma
fragmentação no compasso 21 (já acima mencionada); transposições, as respostas
e duas expansões intervalares também acima mencionadas.
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