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Transferência de calor I
2 Introdução a condução 13
2.1 Condução de calor - Lei de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 Equação diferencial que governa a transferência de calor (difusão térmica) 16
2.2.1 Coordenadas cilı́ndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.2 Coordenadas esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Condições de contorno e inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
i
3.3 Sistemas radiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3.1 cascas cilı́ndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3.2 Cascas esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
ii
Capı́tulo 1
1
2. Minimizar a taxa de transferência de calor (isolamento térmico).
Podem distinguir-se três modos de transferência de calor, que muitas vezes aparecem
misturados, mas que são descritos separadamente como:
1. Condução
2. Convecção
3. Radiação
1.1 Condução
Transferência de energia resultante de fenómenos difusivos devidos à propagação de vi-
brações moleculares, ou outros movimentos a nı́vel atómico, quando moléculas vizinhas
interagem entre elas.
A condução ocorre no seio de qualquer material, mas é mais intensa nos materi-
ais sólidos, diminuindo de intensidade nos lı́quidos, e ainda mais nos gasosos (o que se
entende, considerando as respectivas estruturas moleculares).
Para que haja condução de calor tem de existir uma diferença de temperaturas, e o
fluxo de calor obedece à lei de Fourier:
ou
∆T
Q = kA [W ] (1.2)
L
Q: taxa de transferência de calor (potência térmica) [W ];
k: condutibilidade térmica [W/mK];
A: área da superfı́cie transversal através da qual se dá a transferência de calor [m2 ];
∆T : T1 − T2 : diferença entre as temperaturas aplicadas a cada face [K];
L: distância entre as duas superfı́cies, ou espessura do meio [m];
q: vetor fluxo de calor, cuja magnitude é designada q 00 = Q/A [W/m2].
A condutibilidade térmica é uma propriedade fı́sica do material, definida como a
quantidade de energia térmica transferida por unidade de área e por unidade de tempo,
2
Figura 1.1: Condução de calor através de uma parede infinita
devido à condução de calor através de uma fatia de material com espessura unitária,
quando se aplica uma diferença de temperatura de 1o C entre cada face.
1.2 Convecção
Define-se a convecção como a transferência de energia pelo movimento global do fluido
(advecção), e pelo movimento aleatório das moléculas do fluido (condução ou difusão),
onde o calor é transmitido de átomo a átomo sucessivamente. Usa-se o termo convecção
para descrever a transferência de energia entre uma superfı́cie e um fluido movendo-se
sobre a superfı́cie.
Advecção é um mecanismo de transporte de uma substância ou uma propriedade con-
servada com um fluido em movimento. O movimento dos fluidos na advecção é descrito
matematicamente como um campo vetorial, e o material transportado é tipicamente des-
crito como uma concentração escalar da substância, que está contido no fluido. Outra
caracterı́stica comum da advecção é o calor num fluido, que pode ser transportado pelo
fluido através da advecção.
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Figura 1.2:
4
Lei de resfriamento de newton: Em 1701 Isaac Newton propôs a equação básica
para a transferência de calor por convecção, a lei de Newton do resfriamento, estabelece
que a taxa de perda de calor por convecção de um corpo é proporcional à diferença de
temperatura entre o corpo e seus arredores.
q 00 = h(Ts − T∞ )
(a) (b)
O movimento do fluido pode ser produzido por uma força exterior ao meio (por
exemplo, uma bomba hidráulica que faz fluir água ao longo de um tubo), ou por diferenças
de temperatura entre elementos do próprio meio fluido que irão, por sua vez, induzir
diferenças de massa volúmica. Elementos de fluido com temperatura mais elevada tendem
a subir por impulsão, e porções de fluido mais frio tendem a descer, gerando-se assim
um movimento do fluido sem que seja necessária uma força motriz externa. Ao primeiro
caso, chamamos convecção forçada, e ao segundo convecção livre (ou natural):
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Figura 1.4: Desenvolvimento da camada limite térmica
1.3 Radiação
Propagação de energia por intermédio de ondas eletromagnéticas, emitidas sempre que
os átomos que compõem um corpo material passam de um estado de não equilı́brio
para um estado de equilı́brio (mecânica quântica). Como qualquer onda, a radiação é
caracterizada por: comprimento de onda (λ ); frequência (ν); e velocidade de propagação
( c ). Tem-se λ = cT = c/ν (o perı́odo T é o inverso da frequência), e a velocidade de
propagação da radiação num meio qualquer está relacionada com a velocidade da luz
no vácuo (uma constante universal) por c = c0 /η (η - ı́ndice de refracção do meio;
c0 = 300000 km/s). A radiação térmica, emitida por qualquer corpo cuja temperatura
seja superior a 0 K, corresponde à radiação na faixa de comprimentos de onda λ = 0.1 a
100µm. A radiação visı́vel tem λ = 0.40 a 0.76 µm (do violeta, pequeno comprimento de
onda e alta frequência, ao vermelho, maior comprimento de onda e baixa frequência), e
corresponde a cerca de metade do espectro da radiação solar, que vai de λ = 0.1 µm (no
ultravioleta, UV) a 3 µm (no infravermelho, IV).
Caracterı́sticas do modo de transferência de calor por radiação:
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Calor na forma de radiação térmica é emitido por qualquer corpo que esteja a uma
temperatura maior que zero Kelvin.
A lei de lei de Stefan-Boltzmann da radiação diz que o fluxo de energia radiante emitido
por um corpo negro (corpo ideal que radia toda a energia que recebe) é proporcional à
quarta potência da temperatura absoluta do corpo:
O valor da emissividade é dado em Tabelas. Desta forma a taxa de calor trocado por
radiação entre um corpo cinzento, cuja superfı́cie A está à temperatura Ts , e um meio
envolvente, muito maior, à temperatura Tviz , é:
Existem muitas aplicações nas quais é conveniente expressar a troca lı́quida de calor por
radiação através de uma expressão na forma:
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Figura 1.5:
Resumo:
1.4 Quantificação
Para começar a quantificar a transferência de calor, definem-se as seguintes quantidades,
seguidas de suas unidades:
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Q – Calor trocado (ou energia transferida), [J].
O calor é a energia em trânsito que passa espontaneamente dos corpos de maior tem-
peratura para os de menor temperatura. A energia térmica é a energia armazenada no
corpo e constituı́da de várias formas de energia, tais como: energia cinética da molécula,
energia potencial, energia atómica, etc.
O calor total trocado entre dois instantes t1 e t2 pode ser relacionado com a taxa de
transferência de calor através de:
Z t2
Q|tt21 = Q̇dt (1.8)
t1
A taxa de transferência de calor que passa por uma determinada superfı́cie de área As
pode ser calculada fazendo: Z
Q̇n = q̇n00 dA (1.9)
As
onde q̇n00 representa o fluxo de calor normal a cada ponto da superfı́cie considerada.
Aqui vale a pena enfatizar a notação utilizada. O ponto (como em Q̇ ) significa
uma quantidade por unidade de tempo, ou seja, é uma medida de taxa de variação. As
duas linhas em q̇ 00 indicam uma quantidade por unidade de área. De maneira similar,
uma única linha indicaria uma quantidade por unidade de comprimento (ou altura, ou
profundidade) e três linhas indicariam uma quantidade por unidade de volume.
Assim, q̇ 00 é uma quantidade por unidade de tempo e por unidade de área. Em geral,
fluxos são unidades que têm esta caracterı́stica: são taxas de variação temporal (ou
vazões) por unidade de área.
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onde U corresponde a energia interna térmica, e K e Φ correspondem às energias cinéticas
e potenciais mecânicas. Como as energias de maior interesse em ciências mecânica são as
térmicas e mecânicas, as demais formas de energia são agrupadas no termo Eoutras . Este
termo conteria por exemplo as seguintes formas:
Desta forma, uma variação na energia E estará relacionada com variações nas suas par-
celas:
∆E = ∆Etot − ∆Eoutras = ∆U + ∆K + ∆Φ (1.13)
dE dEtot dEoutras dU dK dΦ
= − = + + (1.14)
dt dt dt dt dt dt
dEtot
= Ėtot,e − Ėtot,s (1.15)
dt
onde Ėtot,e e Ėtot,s representam as taxas lı́quidas de energia em todas as possı́veis formas
entrando e saindo do volume considerado. Então, a taxa de variação da energia total é
igual à taxa lı́quida de energia que entra no volume.
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1.7 Balanço de energia térmica
um balanço geral de energia térmica, desconsiderando as outras fontes de energia, pode
ser escrito como:
dE
= Ėe − Ė,s (1.16)
dt
fornecendo uma expressão para avaliar-se a taxa de variação da energia termo-mecânica.
As interações Ėe e Ės são fenômenos superficiais pois representam a interação do vo-
lume considerado com os agentes externos, e este contato naturalmente se dá na fronteira
do volume considerado.
isto é
dT
V olρCp = I 2 R − Ah(Ts − T∞ ) − εσA(Ts4 − Tviz
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) (1.18)
dt
Ou seja, a taxa de energia que entra em uma superfı́cie deve se igualar a taxa que sai.
Se não há massa cruzando a superfı́cie, a Primeira Lei da Termodinâmica para esta
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superfı́cie é dada por:
Q̇e − Q̇s + Ẇe − Ẇs = 0 (1.20)
Se Ẇe,s = 0, então
Q̇e − Q̇s = 0 (1.21)
Com base em una unidade de área, eles são a condução do meio para a superfı́cie de
00 00
controle (qcond ), a convecção da superfı́cie para um fluido (qconv ) e a troca lı́quida de calor
00
por radiação da superfı́cie para a sua vizinhança (qrad ). Assim,
00 00 00
qcond − qconv − qrad =0 (1.22)
dEacum dT dT
= mCp = V olρCp (1.23)
dt dt dt
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Capı́tulo 2
Introdução a condução
Campo de temperatura .
É um campo escalar T = f (x, y, z, t)
são de duas classes
Gradiente de temperatura .
Se todos os pontos de um corpo que tem a mesma temperatura são unidos, obtemos
uma superfı́cie de igual temperatura, chamada de isotérmicas.
O gradiente de temperatura é um vetor normal a superfı́cie isotérmica, e é positiva
na direção do incremento de temperatura.
∂T
∇T = (2.1)
∂n
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∂T /∂n é a derivada da temperatura na direção n, onde n é o vetor unitário normal as
isotérmicas.
q00 vetor taxa do fluxo de calor por unidade de área. ∇ ou grad operador gradiente [1/m],
é um vetor com componentes
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parede plana infinita, se o campo de temperatura tem uma distribuição linear, ∇T pode
ser expresso
∆T T2 − T1 T2 − T1
∇T = = = (2.4)
∆x x2 − x 1 L
onde L é a espessura da placa
T2 − T1 T1 − T2
qx00 = −k =k (2.5)
L L
qx = qx00 A [W ]
k0 é a condutividade a temperatura T0
b cte. determinada experimentalmente.
W
Kgases ≈ (0, 006 − 0, 6)
mK
em alguns gases como o vapor, depende muito da pressão.
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Condutividade térmica nos sólidos .
Metais e ligas, a transferência de calor acontece pelo transporte dos elétrons livres.
W
ksol ≈ (16 − 410(metaispuros))
mK
com a mistura a condutividade decai.
Materiais isolantes: A condutividade aumenta com a temperatura, depende muito
da porosidade do material, nos poros temos ar, então, se a temperatura aumenta a
condutividade do ar aumenta.
W
k ≈ (0, 03 − 1.0)
mK
caso 1D
Energia gerada no interior do volume:
q̇Adx
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Incremento da energia interna:
∂T
ρCp Adx
∂t
onde Cp calor especifico do material [J/Kg K].
Fluxo de calor na face direita:
∂T ∂T ∂ ∂T
qx+dx = −kA |x+dx = −A k + k dx
∂x ∂x ∂x ∂x
Assim:
∂T ∂T ∂T ∂ ∂T
ρCp Adx = q̇Adx − kA +A k + k dx
∂t ∂x ∂x ∂x ∂x
ou
∂T ∂ ∂T
ρCp = k + q̇
∂t ∂x ∂x
No caso geral 3D
dE
= qgerado + qx + qy + qz − qx+dx − qy+dy − qz+dz
dt
∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T
∇2 T = + +
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
ou
1 ∂T ∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T q̇
= 2
+ 2
+ 2
+
α ∂t ∂x ∂y ∂z k
k
onde α = é o coeficiente de difusão de calor do material ( difusividade térmica).
ρ Cp
Em certo sentido, a difusividade térmica é a medida da inércia térmica.
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Se α é grande o calor difunde rapidamente no material. Em uma substância com
alta difusividade térmica, o calor se move rapidamente através dela, porque a substância
conduz calor rapidamente em relação à sua capacidade de calor volumétrica ou “carga
térmica”. Se k é grande o fluxo de calor é alto, e se ρCp é pequeno, o corpo absorve
devagar a energia.
Para um estado permanente
∇ · (k∇T ) + q̇ = 0
Se k = cte
q̇
∇2 T + =0
k
e se q̇ = 0 e geometria 2D
∂ 2T ∂ 2T
∇2 T = + =0
∂x2 ∂y 2
1 ∂T ∂ 2T 1 ∂T 1 ∂ 2T ∂ 2T q̇
= 2
+ + 2 2
+ 2
+
α ∂t ∂r r ∂r r ∂θ ∂z k
∂()
se tiver simetria axial =0
∂θ
1 ∂T ∂ 2T 1 ∂T ∂ 2T q̇
= 2
+ + 2
+
α ∂t ∂r r ∂r ∂z k
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Figura 2.2: Coordenadas cilı́ndricas
1 ∂T 1 ∂ 2 ∂T 1 ∂ ∂T 1 ∂ ∂T q̇
= 2 r + 2 + 2 senθ +
α ∂t r ∂r ∂r r sen2 θ ∂φ ∂φ r senθ ∂θ ∂θ k
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2.3 Condições de contorno e inicial
Para determinar o campo de temperaturas em um corpo, é necessário resolver a forma
apropriada da equação de calor. Tal solução depende de certas condições:
Condições geométricas: são determinadas pela forma do corpo onde se desenvolve o
processo.
Condições fı́sicas: são dadas pela propriedades fı́sicas, tais como ρ, k, Cp .
Condições iniciais: processo transiente apenas uma condição para t = 0 T = T (x, y, z).
Condições de contorno: definem a interação do corpo com o meio que o rodeia. Duas
condições para cada coordenada.
Primeira classe: distribuição de temperatura prescrita no contorno.
Ts = T (x, y, z, t)
ou
−k∇T |s = q00s
−k∇T |s = h(Ts − T∞ )
k1 ∇T · n = k2 ∇T · n
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