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DIREITO DAS SUCESSÕES – Aula 06

1. Sucessão em prol dos descendentes (arts. 1.833 a 1.835): Essa


sucessão é norteada pelo critério da igualdade substancial, que é
a incidência da isonomia entre os filhos, independente de sua
origem (biológica ou afetiva).
Vale lembrar:
a) o parentesco em linha reta é infinito; no que pertine a herança,
vige a regra de que os mais próximos excluem os mais
remotos, com exceção do direito de representação.
b) Os filhos sempre herdam por direito próprio, porém os demais
descendentes podem vir a herdar por direito próprio ou por
direito de representação. Podendo a sucessão se dar por
cabeça (todos os herdeiros estão no mesmo grau) ou por
estirpe (desigualdade de graus).
c) Na sucessão em prol do descendente também pode ocorrer
por direito de transmissão (quando falecendo o herdeiro antes
de declarar se aceita a herança, tal direito se transmite aos
respectivos herdeiros do falecido. Vide art. 1809, CC).

2. Sucessão em prol dos ascendentes (arts. 1.837 e 1.838, CC):


1. Entre os ascententes NÃO há direito de representação.
2. A presença do ascendente mais próximo exclui o direito do
ascendente mais remoto.
3. Os pais recebem a herança em partes iguais, metade para cada
um (lembre-se: sempre por direito próprio)
4. Os pais recebem a herança em partes iguais, metade para cada
um (lembre-se: sempre por direito próprio)
5. A herança é dividida entre linha materna e paterna (ou até três
linhas, na hipótese de tripla filiação)
6. Daí chamar-se divisão por linha de ascendência.

Direito Civil V
Profa. Osvânia Pinto
3. Sucessão em prol do cônjuge (arts. 1.829, I, II e III; 1.830 a 1.838
CC)
a) Legitimidade do cônjuge para herdar: art. 1.830, CC
(interpretação consoante EC 66/2010). O cônjuge precisa
estar casado na constância da convivência conjugal, se já
estiver separado de fato quando da morte do de cujus não há
que se falar em legitimidade para herdar, mas apenas meação
sobre os possíveis bens comuns.

■ “Para o cônjuge preservar a qualidade de herdeiro, é preciso que a


sociedade conjugal tenha persistido até o falecimento do outro. A
separação de fato subtrai do viúvo a condição de herdeiro. Admitir a
possibilidade de o cônjuge herdar quando o casal já estava separado
de fato é perpetuar os efeitos do casamento para depois do seu
fim.[...]Tal afronta princípio ético dos mais elementares, além de gerar
o enriquecimento sem causa, pois o ex-cônjuge herdaria o patrimônio
amealhado depois da separação. Também fora de propósito é deferir
a herança ao cônjuge sobrevivente independentemente do prazo de
separação, somente pelo fato de não ter sido o responsável pelo
rompimento da vida em comum. Estes absurdos consagrados na lei
(CC 1.830) perderam significado a partir do momento em que a
jurisprudência passou a considerar rompido o casamento quando
cessa a convivência. [...] Não mais persistindo os deveres do casamento
nem o regime de bens, tal subtraia a possibilidade de o sobrevivente
ser reconhecido como herdeiro. Nem concorre com os sucessores nem
preserva a qualidade de herdeiro. Recebe tão só a meação dos bens
adquiridos durante a constância do casamento, o que não é herança.”
(g.n.) DIAS, 2015, p. 151

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b) Concorrência com descendentes: Quando é possível a
concorrência com os descendentes?
R: Quando o de cujus deixou bens particulares (que não
fizeram parte da meação – se existiu)

c) Concorrência com ascendentes: Como se dá a concorrência


com os ascendentes?
R: Sempre ocorrerá, independente do regime de bens e sobre
todo o patrimônio sucessível.

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■ 1. A legitimidade sucessória do cônjuge difere da meação (metade dos
bens comuns que não integram a herança, e pertence ao cônjuge
sobrevivente). A existência do direito à meação e sua extensão depende
do regime de bens.
■ 2. O cônjuge é o único herdeiro concorrente. Ele recebe parte da herança
junto com os herdeiros que o antecedem na ordem de vocação
hereditária, a título de concorrência.
■ 3. Concorrendo com os descendentes, o seu direito está condicionado ao
regime de bens do casamento, pois incide sobre a massa dos bens
particulares (art. 1.829, I, CC).
■ 4. Na concorrência com os ascendentes, não importa o regime de bens,
e nem a origem da massa patrimonial (art. 1.836, CC).
■ 5. Participa da ordem de vocação hereditária em terceiro lugar (CC, art.
1.829, III). Como é herdeiro necessário, tem garantida a legítima (art.
1.845, CC). Se inexistirem descendentes e ascendentes, recebe a herança
por direito próprio (sempre).

d) Se não deixou descendentes, nem ascendentes, o regime de


bens altera a situação sucessória?
R: art. 1.838 CC - Não havendo descendentes, nem
ascendentes, o cônjuge recolherá a totalidade da herança,
independentemente do regime de bens do casamento. Isto
porque o cônjuge é o terceiro na ordem de vocação hereditária
(art. 1.829, III), e sua posição independe do regime de bens.
Em suma, em todos os regimes de bens, sem qualquer
exceção, falecendo o cônjuge sem descendentes ou
ascendentes, o viúvo ou viúva herdam a totalidade da herança.

e) Direito real de habitação: art. 1.831, CC.

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4. Da sucessão em prol do companheiro – sucessão na união estável
(atualizado após decisão do STF):

Tese de repercussão geral do STF: "É inconstitucional a distinção de


regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790
do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento
quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002" (STF,
REs 878.694 e 646.721, T. Pleno, rel, min. Luís Roberto Barroso, j.
10/5/2017)

5. Concorrência entre o cônjuge e o companheiro?

Perfeitamente admissível. Pode o falecido ter iniciado união


estável, mesmo sem ter se divorciado, por expressa autorização
do art. 1.723, § 1º. do CC. A solução para caso em comento é
jurisprudencial. A orientação jurisprudencial vigente é no sentido
de que a separação de fato põe fim ao regime de bens, portanto
o cônjuge receberá apenas a sua meação enquanto houve
convivência conjugal.

“[...] a separação de fato, sem qualquer perquirição de prazo, é


suficiente para a cessação do direito real de habitação do cônjuge,
por conta da ruptura da base afetiva e da solidariedade recíproca
entre o casal. Até porque a sucessão hereditária é regulada por
um critério abstrato de solidariedade familiar.” (ROSA, 2020, p.
183)

“Existe um conflito de normas, na medida em que duas pessoas,


pela análise fria dos textos seriam titulares da mesma herança.
Para convivência das regras, caracterizada a união estável, há que
se prestigiar o companheiro viúvo, em detrimento do cônjuge,
integrante formal do matrimônio falido, apenas subsistente no
registro civil. Mas, à evidência não se privará o cônjuge de
eventual meação sobre o patrimônio adquirido na constância do
casamento, bens estes a cuja comunhão o companheiro não terá
direito, pois adquiridos anteriormente á união estável.”Cahali,
Francisco José.

6. Direito real de habitação do companheiro sobrevivente


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7. Sucessão em prol dos colaterais
(arts. 1.839 a 1.843 CC):

7.1 HERDEIROS FACULTATIVOS (para excluí-los da sucessão basta


que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar –
art. 1.850).
7.2 CONVOCAÇÃO ATÉ O 4º. GRAU ( irmãos, sobrinhos, tios, tio-avô,
sobrinho-neto e primo; os de grau mais próximo exclui os mais
remotos – art. 1.839)
7.3 DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (em favor do filho do irmão pré-
morto, nos outros casos só herdam por direito próprio - o
sobrinho-neto, tio-avô e o primo – art. 1.840)
7.4 SOBRINHOS TÊM PREFERÊNCIA SOBRE OS TIOS (art. 1.843,
caput)
7.5 PRIVILÉGIO DO DUPLO SANGUE (art. 1.841)

8. Petitio Hereditatis – Petição de Herança: Arts. 1.824 a 1.828 CC


■ 8.1 Conceito: “É a pretensão deduzida em juízo pelo herdeiro
preterido,no sentido de lhe ser deferida quer a quota-parte que
lhe caberia, quer, ainda, a totalidade da herança, reconhecendo-
se, em todo caso, a qualidade de herdeiro que lhe é natural.”
(HIRONAKA, Giselda Ma. Fernandes Novaes. Comentários ao
Código Civil. Parte Especial do Direito das Sucessões. São Paulo:
Saraiva, 2003. v.20, p.193)
■ 8.2 Objetivos: declaração do direito sucessório do herdeiro;
condenação na restituição dos bens ou da quota que lhe pertence
■ 8.3 PRAZO: Dez anos, contados a partir da abertura da sucessão.
■ Súmula 149 STF: “É imprescritível a ação de investigação de
paternidade, mas não o é a de petição de herança.

9. Comoriência (ou morte simultânea); art. 8°, CC

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