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COMUM
CAS
IMPRESSO NA GRÁFICA DA EEAR
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA
Edições(es):
1a Edição: TEN PSC RICELI – 2019
2a Edição: TEN PSC RICELI – 2020
3a Edição: TEN PSC RICELI – 2021
Revisor(es) Pedagógico(s):
2T PED ÉRICA – 2022
AP PED S. RODRIGUES - 2022
2OTEN PSC RICELLI
Revisor(es) Estilístico – gramatical:
AP MRM LILIAN – 2022
Revisor(es) de Diagramação:
2S SML FABIO – 2022
GUARATINGUETÁ - SP
2022
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................7
CAPÍTULO 1 - AS ESPECIFICIDADES DA COMUNICAÇÃO.........................................12
TÓPICO 1.1 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO................................................................12
TÓPICO 1.2 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DE DUAS VIAS...................................14
TÓPICO 1.3 - PROBLEMAS POTENCIAIS DE COMUNICAÇÃO DE DUAS VIAS......16
TÓPICO 1.4 - FILTRAGEM NA COMUNICAÇÃO.............................................................18
TÓPICO 1.5 - PERCEPÇÃO DE CADA PESSOA.................................................................19
TÓPICO 1.6 - BARREIRAS PSICOLÓGICAS......................................................................21
TÓPICO 1.7 - MEIOS DE COMUNICAÇÕES.......................................................................22
TÓPICO 1.8 - OS DOCUMENTOS ESCRITOS E OS MEIOS ELETRÔNICOS..............27
TÓPICO 1.9 - CARACTERÍSTICAS DA BOA COMUNICAÇÃO.....................................28
TÓPICO 1.10 - A IMPORTÂNCIA DE SABER OUVIR.......................................................30
CAPÍTULO 2 - RELACIONAMENTO INTERPESSOAL....................................................33
TÓPICO 2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS...........33
TÓPICO 2.2 - POR QUE FORMAMOS RELACIONAMENTOS?.....................................34
TÓPICO 2.3 - COMO DESENVOLVER E MANTER RELACIONAMENTOS?..............38
TÓPICO 2.4 - DIFERENÇAS INDIVIDUAIS.........................................................................40
TÓPICO 2.5 - TIPOS DE COMPORTAMENTOS NAS RELAÇÕES.................................41
CAPÍTULO 3 - JANELA DE JOHARI E RELAÇÕES INTERPESSOAIS NOS GRUPOS
.......................................................................................................................................................55
TÓPICO 3.1 - AUTORREVELAÇÃO E A JANELA DE JOHARI......................................55
TÓPICO 3.2 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS NOS GRUPOS...........................................59
TÓPICO 3.3 - COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL............................................................63
TÓPICO 3.4 - COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL...............................................68
TÓPICO 3.5 - OS TERMOS TÉCNICOS DE CADA PROFISSÃO.....................................70
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................75
REFERÊNCIAS...........................................................................................................................76
EEAR CAS - COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO INTERPESSOAL 7 / 78
APRESENTAÇÃO
Possivelmente você já teve contato com parte dos assuntos que serão tratados nesta
apostila. Entretanto, o que se pretende é sistematizar esse conhecimento de forma a capacitá-lo
para exercer as atribuições de um graduado em sua posição hierárquica, em que serão exigidos
conhecimentos e habilidades para assessorar superiores e orientar equipes compostas por
militares mais modernos.
1) Registre suas observações iniciais sobre o texto destacando os pontos mais relevantes.
3) Compare o texto a outras leituras que você já tenha realizado sobre assuntos similares (Quais
correlações e associações você pode fazer com relação ao texto? Faça breves anotações,
infográficos ou desenhos.
4) Experimente decompor o texto em tópicos acrescidos de um breve comentário. Após ter feito
essa decomposição, faça um resumo, reconstruindo o texto com suas próprias palavras a partir
dos tópicos.
5) Estabeleça um diálogo sobre o texto utilizando o fórum entre pares no AVA. Você poderá
construir um “mapa mental” sobre o assunto estudado.
ESTRUTURA DA DISCIPLINA
Buscando atingir os objetivos específicos, a disciplina contará com uma carga horária de
34 (trinta e quatro) tempos para instrução e 04 (quatro) tempos para avaliação, distribuídos em
03 (três) unidades didáticas:
1) Comunicação Interpessoal
1. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
Emissor (fonte): é o indivíduo ou grupo que emite a mensagem com ideias, informações,
necessidades, ou desejos e o propósito de comunicá-los a uma pessoa ou grupo de pessoas
(BERLO, 1999).
Codificação: significa formular o conteúdo por meio de símbolos (palavras, gestos, etc.)
e selecionar o veículo mais adequado para a transmissão da informação. O emissor precisa tentar
estabelecer um significado “mútuo” (BERLO, 1999; OLIVEIRA, 2005).
Canal: é o meio de transmissão de uma pessoa a outra (a voz, papel, meios eletrônicos).
O canal deve ser adequado à mensagem, para que a comunicação seja eficiente e eficaz
(STONER e FREEMAN,1999; OLIVEIRA, 2005).
receptor se aproxima da mensagem pretendida pelo emissor, mais eficaz será a comunicação
(SOUZA e FERREIRA,1999; OLIVEIRA, 2005).
Primeira etapa: consiste em elaborar uma ideia que o emissor deseja transmitir.
Segunda etapa: trata-se de codificar a ideia; nessa etapa, o emissor determina o método
de transmissão para que as palavras e símbolos possam ser organizados de modo adequado ao
tipo de transmissão.
Quinta etapa: caracteriza-se pela decodificação a mensagem, de forma que ela possa ser
compreendida. O emissor deseja que ela seja compreendida pelo receptor exatamente como foi
enviada.
Sexta etapa: consiste em aceitar ou rejeitar a mensagem, após esta ter sido obtida e
decodificada pelos receptores. Os emissores, certamente, gostariam que os receptores aceitassem
sua comunicação da forma pretendida, para que as atividades pudessem se desenvolver como
planejadas. Entretanto, a aceitação é uma questão de escolha e grau, de modo que o receptor
tenha um considerável controle sobre se vai adotar toda a mensagem ou apenas parte dela.
Alguns fatores que afetam a decisão de aceitação refletem as percepções de exatidão da
mensagem e da autoridade do emissor e as implicações comportamentais para o receptor.
Sétima etapa: é o uso da informação pelo receptor. Este pode descartá-la, guardá-la para
o futuro ou tomar qualquer outra decisão quanto ao que fazer com a informação adquirida no
processo de comunicação. Esta é uma etapa crucial da ação e o receptor tem amplo controle
sobre o que fazer.
Oitava etapa: Ocorre quando o receptor toma conhecimento da mensagem e responde ao
emissor; nesse momento ocorre então o feedback.. Nesta etapa, a curva de comunicação torna-se
completa, pois existe um fluxo na mensagem entre o emissor e o receptor, e vice-versa.
Por essa razão, o feedback é essencial para uma boa comunicação; ele proporciona ao
receptor a possibilidade de devolver a pergunta ou aquilo que foi expresso pelo emissor de forma
decodificada, favorecendo a confirmação ou a negação do que foi dito.
Outra dificuldade que pode ocorrer é a dissonância cognitiva. Esta é um conflito interno
que ocorre quando as pessoas recebem informações incompatíveis com seus próprios sistemas de
valor, suas decisões anteriores ou outras informações que possam ter (LOURENÇO, 2011). As
pessoas, por não se sentirem à vontade com a dissonância cognitiva, tentam removê-la ou reduzi-
la. Para tal, as pessoas podem tentar obter novos dados, mudar sua interpretação, reverter suas
decisões ou trocar seus valores, podendo recusar-se ainda a acreditar no comando dissonante, ou
racionalizá-lo.
A comunicação também sofre modificações devido aos filtros utilizados para elaborar o
pensamento. Esses filtros derivam das experiências anteriores, conhecimentos prévios, questões
de âmbito cultural e linguagem. Quanto maior o número de pessoas em um ambiente, maior será
o número de filtragem durante o processo de comunicação, e esse fato pode causar barreiras na
comunicação.
diversas distorções. Por essa razão, é necessário eliminar, na medida do possível, fatores que
causam distorções na mensagem emitida.
FIGURA 2 - RUÍDO
Você já passou por uma situação em que, ao transmitir uma mensagem, o receptor a
interpretou de uma maneira diferente da qual você quis passar? Nesse caso, diz-se que a
mensagem teve a sua informação distorcida, ou ainda, que houve filtragem na comunicação.
A seguir encontram-se algumas razões para que as filtragens nas relações entre superiores
e seus os subordinados ocorram (LACOMBE, 2017).
Algumas razões:
• Os subordinados são mais leais aos colegas e subordinados que aos superiores.
Algumas razões:
vivências passadas, ou seja, de suas memórias. Além destas, a percepção envolve também os
processos mentais e outros aspectos que podem influenciar a interpretação dos dados percebidos.
Por meio da percepção, um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para
atribuir significado ao seu meio. Em outras palavras, a percepção consiste em aquisição,
interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos.
Como os mecanismos da percepção são influenciados por vivências e capacidades
individuais, ela acaba por diferir de pessoa para pessoa, constituindo-se em um dos maiores
filtros que existem. De modo geral, percebemos o que queremos perceber; vemos o que
esperamos ver e ouvimos o que esperamos ouvir.
Para ilustrarmos a individualidade do fenômeno da percepção, observe a Figura 4. O que
você vê ao observá-la? Você consegue perceber que há mais de uma imagem nela?
A ilustração (Figura 4) pode ser observada de duas formas diferentes. É possível se verem
na imagem dois idosos de frente um para o outro. Ou, ainda, dois homens sentados lateralmente,
um com um vaso sobre a cabeça e o outro tocando um instrumento musical de corda, havendo
ainda, nesse segundo plano, uma moça observando o cenário através de uma porta.
FIGURA 4 – PERCEPÇÃO
De acordo com Chiavenato (2003), existem três tipos de barreiras para a comunicação:
pessoais, físicas e semânticas. Essas interferências podem limitar a compreensão.
As barreiras pessoais são aquelas que surgem das emoções humanas, dos valores ou de
maus hábitos de escuta. Ocorrem com frequência nas situações de trabalho. Exemplo:
ressentimento, mágoa, raiva, apego de alguma situação que vai influenciar a comunicação.
Para superar as barreiras pessoais, físicas e semânticas, é preciso estar atento aos
símbolos de comunicação, tais como palavras, imagens, ações não verbais. Isso requer o estudo e
o uso da semântica, de modo a encorajar a compreensão.
A maior parte das barreiras à comunicação é superável, desde que as pessoas estejam
cientes de que essas barreiras potenciais existem e desenvolvam táticas para lidar com elas.
➢ Usar canais múltiplos: a comunicação por meio de todos os canais é importante, para
que os funcionários possam ver, ouvir e sentir o que se deseja informar.
De forma geral, podemos dizer que exprimir as ideias com clareza, evitar distrações,
respeitar o interlocutor, certificar-se de que a mensagem foi compreendida, acompanhar o
resultado e buscar retorno são os princípios da boa comunicação.
A comunicação verbal, com o uso de palavras, pode envolve maior ou menor grau de
diálogo. É unilateral quando a comunicação acontece de cima para baixo, sem regresso do
destinatário ao emissor; ou bilateral, se a informação passa em ambos os sentidos, do superior ao
subordinado e vice-versa, formando um ciclo contínuo de mensagem – resposta.
A comunicação não verbal, é a transmissão de mensagens por meios que não utilizam as
palavras. O propósito desse tipo de comunicação é exprimir os sentimentos “por trás” de uma
mensagem. Esta ocorre por vários meios, tais como: ambiente (espaço físico em que a mensagem
ocorre), atitude física (posição do corpo, postura, gestos da mão, expressões faciais) que
comunicam a atitude do emissor em relação ao receptor e/ou mensagem, apresentação pessoal
(vestuário, adornos e aparência) e outras formas implícitas de comunicação.
A comunicação explícita é a que se percebe por meio das palavras, dos símbolos. A
comunicação implícita são as implicações “captadas” pela maneira de transmitir a mensagem.
Quanto à forma de transmitir a mensagem, a comunicação pode ser oral (coloquial, mais ágil) ou
escrita (maior precisão). A escolha de uma forma ou outra dependerá do tempo, do custo e da
importância da mensagem e das preferências pessoais, das habilidades individuais e dos recursos
do emissor.
Os canais informais são a rede de comunicação não oficial que complementa os canais
formais.
A chamada “rádio corredor” é o canal de comunicação mais importante, pois se refere aos
caminhos tortuosos que distorcem a informação. Esse canal de comunicação pode ser usado
Apesar do avanço das tecnologias e das redes sociais, o contato direto ainda é o melhor e
mais eficaz meio de comunicação. Existem comportamentos, voluntários ou involuntários, que
somente são vistos pelo contato direto, como, por exemplo:
➢ A aparência física;
➢ Gestual;
➢ Contato visual;
➢ Sorriso;
➢ Postura;
➢ Movimentos corporais;
➢ Expressão facial; e
➢ Vestimenta.
Indivíduos não se comunicam somente por palavras, mas também pelo movimento do
corpo. Fazer contato visual e se inclinar também representam abertura para ouvir o outro; assim
como cruzar os braços, por exemplo, indica posição defensiva na maioria das vezes. Estamos
tentados a tocar com frequência as pessoas com quem temos mais intimidade ou de quem
gostamos mais. Todos esses comportamentos são exemplos de linguagem corporal. Quando o
meio de comunicação se dá por contato direto, além da linguagem verbal, os envolvidos no
processo experimentam também a linguagem corporal, um tipo de linguagem não verbal.
Em geral a linguagem corporal fornece informações que os outros meios não têm
condições de passar. O tom de voz também pode indicar vários sentidos na mensagem expressa.
Imagine, por exemplo, que há várias entonações que podem ser dadas à pergunta: “Quem é o
responsável?”. Algumas pesquisas indicaram que, em muitos casos, a expressão facial, a
linguagem corporal e a entonação correspondem a 90% do conteúdo da mensagem; e as palavras,
apenas 10% (LACOMBE, 2012).
A solução para uma comunicação positiva é simples: o contato pessoal; conversa com
contato visual, focar na pessoa com quem se está sendo necessário proporcionar ao emissor
atenção emocional, intelectual e presença física (SCARIOLI, 2017).
ambiente artificial, frio e, por vezes, estressante. Locais assim, corre o risco de perder os
melhores indivíduos (Gross 2013).
Que tal uma pausa para esticarmos as pernas e tomarmos uma água?
Aproveite e faça uma breve reflexo: Quais pontos positivos e negativos de
uma reunião onde a comunicação é feita por meio físico e outra onde é
feita por meio virtual?
Algumas características são determinantes para que haja uma boa comunicação. Entre
elas encontram-se estas: a capacidade de saber ouvir ao se receber uma mensagem por
comunicação verbal, a linguagem adequada, seja falada seja escrita, a objetividade, a fidelidade
ao pensamento original, entre outras.
A capacidade de ouvir é imprescindível para se gerar uma boa comunicação. Isso decorre
do fato de que, nessa condição, o receptor encontra-se focado em compreender a mensagem
emitida, garantindo uma interpretação mais efetiva do que o emissor deseja transmitir.
Para que isso seja posto em prática, é importante que o receptor saiba permanecer em
silêncio, dispensando toda sua atenção ao emissor e, no momento certo, saiba resumir aquilo que
foi falado, para que não fique nenhuma dúvida do que de fato se pretendia transmitir na
mensagem.
Objetividade
Conhecimento do interlocutor (público-alvo).
Linguagem adequada
Clareza e simplicidade.
Correção.
Concisão.
A comunicação por meio de documentos escritos deve ser executada da forma mais
criteriosa possível, evitando-se, dessa forma, problemas posteriores de interpretação do texto.
Para tanto, deve-se privilegiar o uso de termos claros e simples, de modo que os leitores do texto
saibam o que deve ser feito e como fazê-lo. É recomendável também evitar palavras difíceis e
frases demasiadamente rebuscadas. Além disso, deve-se dar ao texto, na medida do possível, a
forma da linguagem corrente, sem torná-la, contudo, coloquial, pois esta não seria a linguagem
adequada para se utilizar em documentos.
Deve-se ter o cuidado de, após escrever o texto, submetê-lo às correções necessárias, se
for o caso, para evitar os erros gramaticais, porém sem alterar seu conteúdo básico. Para isso, é
importante ter em mão uma boa gramática e um bom dicionário para consultá-los em caso de
dúvidas. Eles auxiliam na ampliação do vocabulário, promovendo seu enriquecimento, sua
atualização e sua modernização.
Ser conciso também é importante para uma boa escrita, o que é alcançado procurando
dizer apenas o estritamente necessário. Ir direto ao assunto, sem prólogos ou epílogos.
Expressar-se com o menor número de frases ou palavras, omitindo expressões redundantes.
Quanto mais longas as frases, mais cansativa a leitura. Além disso, quem escreve deve colocar-se
no lugar do leitor, tendo-o sempre no pensamento procurando avaliar quais seriam suas maiores
dificuldades no entendimento do assunto.
Por fim, preferencialmente, a redação do documento deve ser feita em um dia e a revisão
do texto feita em outro, quando as condicionantes de trabalho serão diferentes. É desejável
também que o texto seja submetido à leitura e análise de outras pessoas antes de sua emissão,
pois o que está claro para quem o redigiu pode não o estar para outras pessoas.
O saber ouvir é uma das melhores ferramentas para uma boa comunicação. Quando se
focaliza a atenção no emissor, demonstra-se a ele que se está disposto a ouvi-lo e a tentar
compreender, da maneira mais clara possível, sua mensagem. Dessa forma, o emissor sente-se
respeitado e confortável para expressar seu pensamento.
Você seria capaz de repetir o que as outras pessoas lhe disseram? Você já ouviu você
mesmo? Um mau ouvinte desrespeita a presença do emissor, tende a interpretar, de forma
emocional, o que ouve e, com frequência, entra em conflito com aquele que fala.
A verdade é que todos ouvem, mas poucos ouvem bem. Poucos aprendem a arte de
entrevistar. Entrevistar não se refere somente ao processo em que se submete a perguntas com a
finalidade de se conseguir um emprego; ela está presente em qualquer diálogo, Na família, na
escola, no trabalho, etc. deve haver entrevista. Contudo, para uma boa comunicação, deve-se
deixar o entrevistado falar livremente; não fale o tempo todo.
• Prestar atenção ao que está sendo dito e não ao que se vai responder depois;
• Fazer um resumo do que foi ouvido para que o interlocutor tenha oportunidade de
esclarecer sua mensagem.
Existem algumas expressões que ajudam nosso emissor a falar, como, por
exemplo:
• É isso mesmo que você quis dizer? (Repetir o que foi dito).
Você está interessado em ajudar a outra pessoa a falar? Se a resposta dessa pergunta for
sim, você entenderá que ouvir é muito mais que apenas não falar. Você deve perceber que ouvir
significa: compreender o outro, estar interessado no que está sendo dito, ajudar o outro a
comunicar-se mais livremente e favorecer o desbloqueio de inibições à comunicação.
Um grande período de nossa vida passamos nos relacionando com outras pessoas.
Aqueles que evitam, por alguma razão, os contatos sociais, isolando-se, apresentam maior
probabilidade de problemas psiquiátricos, tais como dependência psicoativa, alcoolismo,
depressão episódica e sentem-se infelizes. A ausência de relações satisfatórias também podem
prejudicar efetivamente a saúde física, causando doenças, estresse crônico e tendências ao
suicídio.
O estudo sistemático das interações sociais teve início na psicologia com estudos sobre
desenvolvimento humano e socialização (Harzem e Miles, 1978). O interesse pelo
comportamento social tornou-se notório graças à aceitação e a divulgação dos estudos de Charles
Darwin 1859. Suas pesquisas levaram à conclusão de que o homem é uma das espécies mais
evoluídas dos acontecimentos naturais, pois sempre aprende e adapta-se a diversas situações.
Você já passou por uma situação com a qual não estava acostumado e teve de se adaptar?
Muitos estudiosos sociais têm tentado responder a essa pergunta, e algumas hipóteses
foram levantadas. Vamos conhecê-las? Essas hipóteses estão descritas a seguir, de acordo com
Rocha, Rocha e Duran (2009).
1 Kurt Lewin era um psicólogo alemão-americano, conhecido como um dos pioneiros modernos da
psicologia social, organizacional e aplicada nos Estados Unidos.
2. William Schutz psicólogo americano, em 1958, apresentou uma teoria das relações interpessoais que
chamou: Fundamental Orientação Relações Interpessoais (FIRO).
a) ATRAÇÃO
Alguns relacionamentos iniciam por meio da atração. Isso não significa que seja apenas
fisicamente. A atração também ocorre em razão de outras características, tais como semelhança e
complementação. A semelhança diz respeito aos aspectos em que parecemos
comportamentalmente com alguém com quem nos relacionamos, e a complementação são os
aspectos, também comportamentais, que nos diferem.
Algumas vezes nos relacionamos com pessoas parecidas porque isso nos traz conforto e
libera um sentimento agradável como se estivéssemos “em casa”. No entanto, a semelhança
também pode ser causador de divergências, proporcionando repulsa se a semelhança for muito
grande, pois o que parece ser negativo na personalidade de um será também na personalidade do
outro. Assim, dependendo do número de divergências, o relacionamento pode ficar ameaçado
(ROCHA, ROCHA E DURAN, 2009).
b) RECIPROCIDADE
c) COMPETÊNCIA
As pessoas talentosas tendem a ser bastante atraentes, talvez porque esperamos que elas
nos contagiem com seus dons e suas habilidades, porém essa atração ocorre quando seus defeitos
também são aparentes (demonstrando que são seres humanos falhos como qualquer pessoa).
Por outro lado, essas pessoas talentosas podem também nos constranger se suas
habilidades forem muito além do esperado, tornando as comparações evidentes demais,
deixando-nos com uma baixa autoestima.
d) REVELAÇÃO
Pessoas que compartilham informações sobre sua história de vida, por exemplo, podem
atrair pessoas para si. Essa atitude indica para algumas pessoas que somos parecidos em
experiências ou em atitudes. O ato de compartilhar informações cria a sensação de confiança e
respeito, aumentando a atração e o comprometimento do outro com relação a nós.
e) PROXIMIDADE
f) INTIMIDADE
Buscamos intimidade o tempo todo, por isso os relacionamentos afetivos são essenciais
para nosso crescimento emocional. Porém, a intimidade não ocorre sempre da mesma forma; ela
apresenta algumas dimensões que veremos adiante.
• A primeira é a física: o contato físico traz intimidade. Ações como abraços afetuosos,
beijos e até brigas são exemplos desse tipo de proximidade. Todos esses contatos físicos
estimulam a intimidade entre as pessoas.
• A segunda é a comunhão intelectual: obviamente, nem toda troca de ideias pode ser
considerada intimidade. Mas, quando dialogamos com outra pessoa e trocamos
importantes ideias, surge uma espécie de intimidade a ser considerada numa relação
interpessoal.
Importante ressaltar que algumas pessoas possuem os quatro níveis de intimidade (física,
intelectual, emocional e atividades partilhadas), porém a maioria possui apenas uma.
g) RECOMPENSAS
Segundo essa teoria, rotineiramente utilizamos essa fórmula para refletirmos se vale ou
não a pena nos relacionarmos com determinada pessoa. Em algum momento você já se deparou
pensando se valeria a pena manter ou não a amizade com uma certa pessoa? Mesmo parecendo
algo desprezível, dá-nos a impressão de ser um raciocínio bastante adequado. Importante
ressaltar que custos e recompensas não existem isoladamente.
Mark Knapp1 dividiu em 10 estágios a evolução dos relacionamentos, desde seu ponto
mais alto até a queda. Outros estudiosos reduziram esse modelo em duas áreas, incluindo uma
terceira, chamada de manutenção relacional, que propõe manter os relacionamentos de forma
mais tranquila e satisfatória. No entanto, vamos focar nos dez estágios propostos por Knapp, os
quais foram descritos por Rocha, Rocha e Duran (2009), conforme consta a seguir
1 Mark L. Knapp é professor emérito do centenário de Jesse H. Jones e professor emérito de Distinguished
Teaching, na Universidade do Texas, em Austin. Ele é conhecido internacionalmente por sua pesquisa e
por escrever sobre comunicação não verbal e comunicação no desenvolvimento de relacionamentos.
Estágio 10: Término — inclui diálogos resumidos sobre o que ocorreu com o
relacionamento e o impulso de rompê-lo. Dependendo dos sentimento dos envolvidos, este
estágio pode ser curto ou prolongado e sofrido.
Knapp relata que um relacionamento só pode passar por um único estágio de cada vez. O
relacionamento, em algum momento, poderá manifestar características de outros estágios, mas
sempre apresentará características dominantes de um só. Knapp argumenta que o movimento
entre os estágios é quase sempre sequencial. No geral, os relacionamentos vão desde o primeiro
estágio ao último, passo a passo, à medida que se iniciam e se deterioram, não significando que
todos passarão pelos dez estágios. Muitos iniciam os relacionamentos e se fixam em algum
estágio.
As pessoas têm muito em comum, mas cada pessoa no mundo é também individualmente
diferente. Todas as pessoas são diferentes. Este é um fato apoiado pela ciência. A noção de
diferenças individuais vem originalmente da psicologia. Desde o dia do nascimento, cada pessoa
é única, e as experiências individuais depois do nascimento tendem a torná-las ainda mais
diferentes.
individuais requerem que o enfoque dos administradores a respeito dos empregados seja
individual, não estatístico. Essa crença de que cada pessoa seja diferente de todas as outras é
tipicamente chamada de Lei das Diferenças Individuais (DAVIS e NEWSTROM, 1998).
As pessoas que possuem esse tipo de comportamento têm suas relações desgastadas,
apresentando gastos de energia altíssimos; a relação envolvida aqui é de “poder”, dominar o
outro é de fato o mais importante. No entanto, esses indivíduos são tomados inconscientemente
por uma sensação de insegurança e complexo de inferioridade; ser o detentor do “poder” traz a
falsa sensação de que tudo está sob controle.
1 Disponível em https://www.nature.com/natumbehav
O livro "Living with the Passive-Aggressive Man" enumera alguns comportamentos que
sinalizam o comportamento passivo-agressivo (WETZLER, 1992):
• Medo de competição.
• Medo de dependência.
• Má-vontade deliberada.
• Procrastinação.
• Mal humor ostensivo como forma de desanimar as pessoas ao redor em pedir coisas.
Crianças que reprimem profundamente sua agressividade podem nunca superar tal
comportamento. Tornam-se incapazes de desenvolver estratégias para se expressar, tornam-se
adultos que, debaixo de uma postura doce e frágil, ecoam intenções vingativas. Martin Kantor 1
sugere três tipos de problemas que contribuem para a constituição de estratégias passivo-
agressivas nos indivíduos: conflitos sobre dependência, controle e competição.
Os autores citam alguns passos importantes para se ter empatia frente a um cargo de
chefia:
➢ compartilhe informações;
Uma pessoa assertiva tem mais aptidão em se comunicar, além de expressar mais
confiança e segurança para aqueles ao seu redor.
É importante refletir que ser uma pessoa assertiva não é abrir mão dos direitos, desejos e
objetivos. No entanto, ser assertivo também não significa falar tudo o que quiser sem pensar e
nem deixar de contribuir com outras pessoas. Uma pessoa assertiva manifesta segurança ao agir,
comporta-se de maneira firme e clara, apontando resolução e decisão em suas palavras.
Há quem equipare a assertividade com a agressividade, no entanto elas são coisas muito
diferentes. A agressividade, por exemplo, não é construtiva, ela deixa de lado as necessidades
das outras pessoas Já a assertividade busca uma solução harmônica para as situações de conflito.
Ser uma pessoa assertiva significa ser capaz de encontrar soluções sem anular seus desejos e
necessidades.
Por exemplo: imagine que, em uma situação de conflito, uma pessoa poderá ter diversas
posturas diferentes para resolvê-lo. O exemplo a seguir ilustra uma situação bastante corriqueira.
Vejamos como os tipos de comportamento poderiam ser aplicados.
O chefe de Maria solicitou que cobrisse um turno em um horário para o qual ela não teria
disponibilidade. Os horários de trabalho foram previamente combinados e não previam turnos
nesse período de tempo. Maria pode:
• Informar o chefe que não poderá cobrir o turno, devido a outras responsabilidades.
Reforçar que os horários combinados não previam esse tipo de modificações e oferecer
soluções (comportamento assertivo).
• Aceitar o turno, se for possível reorganizar seus outros compromissos. Deixar claro
que está cancelando compromissos e que nem sempre essa ação será possível. Requisitar
que, em situações futuras, seja avisado com maior antecedência (comportamento
assertivo).
• Recusar-se a cobrir o turno e ficar nervoso, reclamando com o chefe pela quebra de
acordo. (comportamento agressivo).
Ao lidar com situações problemas, a assertividade assegura que seus interesses sejam
protegidos, sem precisar da agressividade como recurso.
Refletindo sobre o exemplo exposto, notamos que, enquanto uma pessoa passiva coloca-
se em uma situação difícil aceitando um turno que não pode cobrir, uma pessoa assertiva
expressa, de maneira clara e decisiva, que não poderá cumprir o horário; enquanto uma pessoa
agressiva acaba perdendo a razão pela forma como age.
A assertiva resolve a situação de maneira pacífica e construtiva. Ser uma pessoa assertiva,
portanto, é apontar suas necessidades e desejos de maneira clara, decisiva e respeitosa. É
solucionar conflitos de maneira construtiva para todos, sem abrir mão de sua posição.
Uma pessoa assertiva se sente confortável com a rua rotina. Isso ocorre porque, ao expor
suas necessidades de maneira clara, ela desvia situações indesejáveis ou estressantes.
• Respeito: entende o limite dos seus direitos e não passa por cima de outras pessoas para
assegurá-los.
• Confiança: fala o que pensa e sabe fazê-lo com firmeza e bom senso.
Agora nos atentaremos em fornecer algumas dicas para que você consiga obter um
comportamento assertivo em suas relações, pensando que o comportamento é algo que pode ser
moldado:
Escuta ativa: todos os envolvidos devem ter oportunidade de serem ouvidos e de serem
compreendidos. É importante demonstrar que os entendeu. Isso pode ser feito através de falas
como “deixe-me ver se entendi: você quer dizer que se sentiu x quando eu fiz y?”
Intenção da sua fala: o que você pretende comunicar? Aquilo que você está falando é
eficiente para ilustrar suas necessidades?
Consequências das suas palavras: é bom evitar falas negativas que façam com que as
pessoas se sintam tristes, com raiva ou atacadas.
Linguagem corporal: você está usando gestos agressivos, como apontar o dedo ou
cruzar os braços? E quanto a gestos passivos, como evitar contato visual ou ocultar o rosto?
Expressão de seu desconforto: se estiver falando sobre algo que faz com que você se
sinta mal, informe sobre o seu desconforto.
No exemplo apresentado sobre um turno no trabalho que não poderá ser coberto,
podemos citar algumas soluções construtivas Veja.
• Explicar que, como mudanças não estavam previstas no acordo inicial, você possui
outros compromissos.
• Expressar sua opinião com respeito, demonstrando empatia. Por exemplo: “Entendo que
seja uma situação excepcional, no entanto tenho outros compromissos que me impedem
de cobrir esse turno”.
firmeza de suas ideias e pelas boas decisões tomadas. A impressão que essas pessoas transmitem
é de profissionalismo, competência e pulso firme.
Escute ativamente: busque escutar e compreender o que é falado para você, assim será
possível ajudar a pessoa a se comunicar de maneira mais clara.
Module o tom de voz: analise constantemente o tom de voz que você está usando. Ele
deve ser brando, mas firme.
Seja claro: nunca invente desculpas ou fale de maneira confusa para evitar conflitos. Seja
conciso e sincero sobre seus limites e necessidades.
Conheça-se melhor: procure se conhecer através dos feedbacks daqueles ao seu redor,
porque é impossível comunicar seus limites e desejos se você não os conhecer.
Caso você tenha identificado que é uma pessoa com comportamento passivo e deseja se
tornar assertivo, os autores fornecem algumas dicas para você. Veja.
Seja flexível: não tenha medo de mudar de opinião ou se expor às novas situações.
Aprenda a dizer não: não é proibido dizer não. Você não precisa aceitar fazer tudo que
lhe é solicitado.
Não ceda a insistências: ao comunicar um limite e a outra pessoa insistir, responda algo
do tipo: “Como eu já expliquei, não será possível.” Se necessário, reforce: “Eu gostaria que você
compreendesse a minha decisão.”
Desenvolva confiança: passar de um padrão passivo para um assertivo pode dar muito
trabalho! É importante trabalhar sua confiança e autoestima para que os comportamentos
assertivos fluam de maneira mais espontânea.
Entenda que seus desejos também são importantes: saber que as soluções encontradas
devem ser benéficas para todos os envolvidos, inclusive para você, é um passo importantíssimo
para se tornar mais assertivo.
Você também pode fazer solicitações: pessoas passivas costumam não pedir ajuda ou
favores, mesmo quando necessitam deles. Lembre-se de que você também pode fazer
solicitações para as outras pessoas (e que elas podem aceitar ou não).
Escutar mais: compreenda os desejos e os limites das outras pessoas além de pontuar
somente os seus.
Ser assertivo não significa abrir mão dos seus direitos: é possível assegurar uma
solução que se ajuste a seus desejos sem agir de maneira agressiva.
Estar disposto a ceder: ceder não significa abrir mão dos seus limites. Quase sempre é
possível encontrar um equilíbrio e fazer concessões diferentes para solucionar conflitos de
maneira construtiva para ambas as partes.
Substituir afirmações e acusações: em vez de dizer “você me irrita”, prefira algo como
“quando você faz tal coisa, sinto-me irritado”. Perceba que você não está deixando de comunicar
seus sentimentos, mas está fazendo isso de maneira mais acessível e construtiva.
https://www.youtube.com/watch?
v=ZVSTxSnKUzU
Veja isso!
Aprender a ser assertivo, no começo, pode ser muito difícil. No entanto, essa é uma
habilidade extremamente necessária para aqueles que pretendem alcançar sucesso nos
relacionamentos e no ambiente de trabalho.
3. Um funcionário de uma empresa tem algumas características que apresenta todos os dias
em seu trabalho, como irritar as outras pessoas e fazer brincadeiras de mau gosto.
Percebe-se que ele é uma pessoa que está sempre querendo se autoafirmar. Você
consegue dizer qual o tipo de comportamento desse funcionário?
➢ Ser deliberado;
➢ Ser significativo; e
No modelo apresentado por esses autores, existem duas abrangências: a primeira abrange
a informação oferecida, ou seja, os vários assuntos discutidos; a segunda diz respeito à
profundidade da informação oferecida, à mudança do nível de mensagens para assuntos mais
pessoais.
1 Mais sobre SPT Social Penetration Theory em: https://pt.qwerty.wiki/Social penetration theory.
2 Mais informações em: https://en.wikipedia.org/wiki/Johari window
A Janela de Johari foi descrita em quatro partes, chamadas também de células, quadrantes
ou regiões. Na representação gráfica dessas quatro regiões da Janela de Johari, procura-se
retratar a interação de duas fontes de informação: a da própria pessoa e a dos outros. É
delimitada em duas grandes áreas: o que a pessoa conhece de si mesma e o que não conhece
(compondo duas regiões da Janela de Johari); o que os outros conhecem dela e o que não
conhecem (compondo as duas outras regiões da Janela de Johari). Esse modelo pode ser aplicado
tanto a pessoas como a grupos e por isso se tornou tão popular nos estudos sobre o
relacionamento interpessoal nas organizações.
O modelo da Janela de Johari parte do princípio de que cada um de nós tem (ou pode ter)
quatro imagens distintas (Figura 7). Estas são a imagem aberta, a cega, a secreta e a
desconhecida.
Imagem cega: você não sabe quem é, mas os outros sabem quem você é.
Imagem secreta: você sabe quem é, mas os outros não sabem quem você é.
A imagem aberta é aquela que revelamos plenamente, ou seja, sabemos que somos, e
todos sabem isso também. É como um retrato em que nos identificamos imediatamente e todos
são capazes de nos identificar. Demonstra as informações de que tanto você quanto a outra
pessoa estão conscientes.
Já a imagem cega é aquele lado que apresentamos, desconhecido por nós mesmos, mas
facilmente percebido pelos outros. E é por meio dos feedbacks que temos consciência desse lado
“cego”.
A imagem desconhecida é a mais enigmática de todas. Nem nós nem os outros têm
acesso a ela dentro dos padrões convencionais de comunicação interpessoal. Normalmente é
aquela imagem que envolve nossas potencialidades e todo o nosso subconsciente.
visto como culto se os outros tiverem o mesmo conceito de cultura que ele. E essa regra se aplica
em todas as circunstâncias.
Importante ter em mente que o tamanho de nossas janelas muda diariamente, dependendo
das circunstancias e das relações. Assim, entendemos que a comunicação ocorre de várias formas
quando envolve relacionamento interpessoal.
Chegamos à conclusão de que para um relacionamento, é tanto melhor quanto maior for a
janela aberta, pois as situações de mal-entendidos e as constrangedoras são menores. É possível
aumentar essa área aberta com diálogos e feedbacks criando encontros ou reuniões estruturadas
nas quais possamos levar elementos da nossa área secreta para a área aberta e ouvir dos demais o
que está na área cega, trazendo tudo para a área aberta.
Assim, colocamo-nos na avaliação de 360 graus, na qual nós nos autoavaliamos e somos
avaliados por nossos gestores, amigos, subordinados e pares. Importante lembrar que esse
movimento deverá será realizado com todos, ou seja, ora nós avaliamos, ora somos avaliados.
Você já refletiu sobre as características dos grupos aos quais pertence, ou seja, grupos de
amizades, grupos de trabalhos, grupos de estudos? Tomemos como conceito de grupo o conjunto
de duas ou mais pessoas que trabalham juntas regularmente com intenção de atingir um ou mais
objetivos comuns. Num verdadeiro grupo, os membros são mutualmente dependentes e
interagem para atingir as metas comuns num período determinado de tempo. Os grupos são bons
tanto para as organizações quanto para seus membros. Lavitt, por exemplo, destaca esses
benefícios potenciais:
➢ Desenvolvimento;
➢ Manutenção;
➢ Crescimento; e
➢ Coesão.
➢ linguagem;
➢ símbolos;
➢ gestos; e
➢ postura.
Os grupos são fontes de segurança potencial para os indivíduos, pois fornecem auxílio
direto no trabalho e no aconselhamento técnico, além da possibilidade de fornecer apoio
emocional em épocas de crise ou pressão. Os grupos também fornecem algo com que os
membros se identificam e oferecem saídas para satisfazer as necessidades de alto nível por meio
do desenvolvimento central em atividades e liderança do grupo.
Os grupos de trabalho temporários, por outro lado, são criados para solucionar um
problema específico ou realizar uma tarefa definida. Eles são dissolvidos depois de a meta ter
sido atingida.
Os grupos informais não são oficiais e surgem sem ter sido formalmente criados para
servir a um propósito organizacional. As origens desses grupos são espontâneas e pessoais, com
base principalmente nas relações interpessoais. Uma função importante desse grupo é ajudar as
pessoas a realizarem seu trabalho. O grupo oferece uma rede de relacionamento interpessoal que
tem o potencial de “acelerar” o fluxo de trabalho ou “obter favores” que, às vezes, os sistemas
formais não conseguem fornecer. Ele também ajuda as pessoas a satisfazerem necessidades
frustradas ou deixadas em suspenso nas atribuições do trabalho formal do grupo. Ele pode
fornecer aos seus membros satisfação social, segurança e o senso de pertencer.
Pichon-Riviére (1998) propôs uma representação gráfica para melhor elucidar o processo
grupal. O autor elaborou uma escala (esquema do cone invertido) que investiga as manifestações
de conduta identificadas nos grupos. Funciona como uma referência para identificar o
desenvolvimento do grupo e suas formas de interação.
Nessa escala, os papéis assumidos são utilizados por Pichon-Riviére (1998) como
indicadores (ou vetores) da análise do processo grupal, como descritos a seguir
1. Pertença: o primeiro vetor diz respeito à sensação de fazer parte do grupo, reconhecer
sua própria importância para a realização da tarefa. Pode ser reconhecida pela presença
constante, pelo respeito aos compromissos assumidos e pela efetiva participação nas atividades.
Há um maior grau de identificação e integração grupal, os integrantes percebem que o projeto
lhes pertence, tornam-se protagonistas deixando de ser espectadores.
Esses papéis, segundo o autor, são funcionais e rotativos, fato que torna saudável o
crescimento do grupo. O porta-voz tem um papel crucial nos grupos. Ele é o membro que, em
determinado momento, denuncia o que ocorre no grupo, como as fantasias que norteiam as
ansiedades e necessidades de todo o grupo. O porta-voz fala pelo grupo e nele se conjuga o que o
autor chama de verticalidade e horizontalidade grupal. A verticalidade é aquilo que se expõe da
história pessoal do sujeito, e horizontalidade é o processo atual que acontece no aqui e no agora,
na totalidade dos membros.
6. Tele: termo definido por Moreno (psicodrama) que assinala como se encontra a
disposição positiva ou negativa presente ao se trabalhar com um dos membros do grupo, o que
configurará o clima. É algo de “pele” (Berstein, in Thofehrn).
Se você estiver pensando essa obviedade, vou problematizar: será que, nos
espaços formais (como uma instituição militar), as pessoas usam
linguagem do mesmo modo que usam em ambientes informais? E as
informações que trocam são as mesmas pelas quais se interessam num
ambiente informal? E os meios que utilizam? Será que são os mesmos?
Pois é! Penso que não! E não sendo, entendo que o espaço ou ambiente em
que a troca de informações acontece envolve outros elementos e motivos.
Na instituição em que você trabalha há murais, não há? Pelo menos um deve haver. Para
que servem os murais? Para comunicar, é óbvio. Os murais são meios de comunicação pelos
quais as pessoas se relacionam umas com as outras, mesmo não estando cara a cara. Nos murais
de sua instituição as mensagens são endereçadas a pessoas específicas? Às vezes sim, se o mural
tiver esse objetivo, muitas pessoas fazem na geladeira de casa. Você faz isso? Deixa recados para
seus familiares em algum lugar da casa?
Mas parece que os murais da instituição não têm esse objetivo. Pelo menos não todos.
Claro que as informações do mural não são para pessoas específicas, mas elas são colocadas nele
por alguma pessoa. Mas são informações sobre essas pessoas que fazem o mural que são
divulgadas nele? Normalmente não, não é? Então, o mural é um meio de comunicação usado
na/pela instituição e não por indivíduos para transmitir informações à comunidade militar, e não
a pessoas específicas. Veja que, mesmo que sejam pessoas que coloquem informações no mural
para que outras pessoas tomem conhecimento delas, as informações não são de pessoa para
pessoas. São da instituição à comunidade militar. As pessoas estão envolvidas pelo processo de
troca de informações, mas não são o começo nem o fim dele. O mural não é meio de
comunicação das pessoas, mas é um instrumento institucional da base militar.
Você conseguiu perceber a diferença? Ainda não? Então pense: no boletim interno da
FAB, é possível informar qualquer coisa, com qualquer linguagem, sobre qualquer assunto?
Não! As informações contidas dizem respeito a assuntos da FAB (trabalhos realizados por
militares, publicações, escalas, entre muitos outros). Então, as informações a serem publicadas
no boletim da FAB são de interesse da instituição militar, na qual as pessoas assumem certas
posições: superiores hierárquicos, subordinados militares e civis (que trabalham na organização)
e dependentes de militares. São os sujeitos ou atores da FAB.
O que você descobriu, então, sobre a diferença proposta aqui entre comunicação
interpessoal e comunicação institucional?
Isso é fácil de perceber quando a FAB tem informações novas, transmite à comunidade
militar, mas não a outras pessoas, nem à sociedade inteira, a não ser em casos particulares, o que
não será problematizado aqui.
Embora existam essas diferenças, é bom deixar claro que há uma semelhança
fundamental entre os dois tipos de comunicação: ambos são relações sociais que colocam as
pessoas em interação no próprio ato da troca de informações. Com isso, percebe-se que as
linguagens e os meios de comunicação são muito importantes na vida social, seja para a
instituição, seja para as pessoas.
Se você prestar atenção, parece que em todas as instituições militares os assuntos mais
importantes são os mesmos: disciplina, hierarquia, ordem e outros. Contudo, percebemos que os
tipos de comunicação variam de acordo com o ambiente no qual ela ocorre, ou seja, de maneira
formal ou informal.
Observe o vídeo!
https://www.youtube.com/watch?
v=XKq0JHGFJc8
Veja isso!
COMUNICAÇÃO NO TRABALHO
de informações, e a desvantagem é algumas vezes impedir que esses funcionários de nível mais
alto recebam informações que deveriam receber.
Nas organizações, a comunicação apresenta várias formas e vários aspectos. Pode ser
verbal (oral e escrita) e não verbal. As mensagens nas organizações viajam em quatro direções:
para cima, para baixo, horizontal e diagonal.
➢ As políticas de portas abertas, nas quais qualquer empregado pode receber a atenção da
alta administração.
ELEMENTOS DO COMPORTAMENTO
linha de produção. Essas pessoas podem estar relacionadas através de alguma estrutura
para que seu trabalho seja efetivamente coordenado. Por meio deles, podem surgir a
cooperação, a negociação e o processo decisório.
➢ Tecnologia: oferece recursos com os quais as pessoas trabalham e afetam as tarefas que
elas desempenham. O grande benefício da tecnologia é que ela permite às pessoas
fazerem mais e melhor o trabalho, mas também restringe as pessoas de várias maneiras.
Do mesmo modo que há custos, há também benefícios.
➢ Ambiente: todas as organizações operam dentro de um ambiente externo. Nenhuma
organização existe sozinha. Ela é parte de um sistema maior que contém muitos outros
elementos, tais como governo, família e outras organizações. Todos se eles influenciam
mutuamente, num sistema complexo que cria um contexto para um grupo de pessoas. As
organizações individualmente (uma fábrica, uma escola) não podem escapar de ser
influenciadas por esse ambiente externo, o qual influência as atitudes das pessoas, afeta
as condições de trabalho e promove competições por recursos e poder, por isso deve ser
levado em conta no estudo do comportamento humano nas organizações.
O interesse sobre as pessoas no trabalho foi despertado por Frederick W. Taylor nos
Estados Unidos no começo de 1900. Ele é frequentemente chamado “o pai da administração
científica”, e as modificações que trouxe para essa área desbravaram o caminho para o
desenvolvimento posterior do comportamento e a produtividade para os trabalhadores da
indústria. Ele assinalou, que assim como existe uma melhor máquina para o trabalho, também
existem maneiras melhores de as pessoas executarem suas atividades. Com certeza, o objetivo
ainda era a eficiência técnica, mas, pelo menos, a administração foi despertada para a
importância de um de seus recursos negligenciados até então.
Nos anos de 1940 e 1950, alguns grandes projetos de pesquisa foram observados em
numerosas organizações. Como os resultados dessas pesquisas começaram a se infiltrar nas
comunidades empresariais e acadêmicas, foram estimulados novos interesses quanto ao
comportamento das pessoas no trabalho. A “idade das relações humanas” havia começado.
A nova ênfase sobre as pessoas no trabalho foi o resultado das tendências que foram
desenvolvidas por um longo período de tempo. Isso ajudou a equiparar os valores humanos aos
demais valores no trabalho. Infelizmente as relações humanas cresceram tão de depressa que não
foram bem compreendidas e desenvolveu-se uma certa superficialidade a esse respeito. Alguns
praticantes começaram a enfatizar a ideia de “Seja bom com as pessoas” enquanto sutilmente
tentavam manipular os empregados.
O termo “relações humanas” gradativamente perdeu seu valor, e o novo termo que surgiu
para descrevê-lo foi “comportamento organizacional”. Este então integra as ciências
comportamentais com as organizações formais. Elas devem ter pessoas trabalhando no sentido
dos objetivos que a organização deve ter; dessa forma é desejável tratar os dois como uma
unidade integrada, assim como o comportamento organizacional faz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado Aluno(a), chegamos ao fim de mais uma etapa concluída e vencida com sucesso,
Parabéns! Esperamos que, em todos esses momentos que estivemos juntos, você tenha
aproveitado e aprendido muito.
Encerramos ciclos, fechamos portas, terminamos capítulos, não importa o nome que
damos; o que importa é a sua aprendizagem e o seu crescimento profissional!
REFERÊNCIAS
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ALBUQUERQUE, E J. B.; PUENTE-PALACIOS, K. E. "Grupos e equipes de trabalho nas
organizações". In: ZANELLI, J. C; BORGES-ANDRADE, J. E.; On teams. Chicago:
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BERLO, David Kenneth. O processo da comunicação. 9. ed. São Paulo: MartinsFontes, 1999.
BERSTEIN, Serge. “A cultura política”. In RIOUX & SIRINELLI Org. 5 pág. ...Lcs
Gênérations, Vingrieme siêclc. RCI"C (I’histoire, 11.022, Abril 1989).
DEL PRETTE, Almir. Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em
grupo/ Almir Del Prette, Zilda A. P. Del Prette. 11.ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda – Novo Dicionário de Língua Portuguesa. 1ed. Rio
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ROCHA, E., ROCHA, Karina; DURAN, C. Gestão de Pessoas para Concursos, Vol 2. Editora:
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THIBAUT, J.W., KELLEY, H. H. The social psychology of groups. Oxford, England : John
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WETZLER, S. Living with the passive-aggressive man. Editora: Simon & Schuster, 1992.