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Constituição brasileira diz que o meio ambiente é um “bem de uso comum do povo”.
A Isto quer dizer que o meio ambiente tem valor, é riqueza social. Muitas vezes porém é
impossível transformar este valor em quantidade de dinheiro. Quanto vale uma cacho-
eira? Ou, quanto vale uma floresta nativa?
Em se tratando de um bem de interesse difuso1, o meio ambiente precisa e deve ser protegido.
Neste sentido, a Constituição Federal impõe “ao Poder Público e à coletividade o dever de de-
fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-
mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
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Bem que é do usufruto de toda a comunidade.
3a Parte - Gestão do Meio Ambiente - 103
Parágrafo 2o - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambi-
ente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da Lei.
Parágrafo 5o - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Parágrafo 6o - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Ao Poder Público, seja Federal, Estadual ou Municipal, compete legislar em defesa do meio am-
biente, isto é, estabelecer normas jurídicas - leis, decretos, portarias e resoluções. Consequente-
mente, a legislação ambiental é composta por normas federais, estaduais e municipais, a serem
executadas pelo próprio Poder Público e pela comunidade.
Algumas dessas normas foram criadas recentemente, outras já existem há décadas. E, ao contrá-
rio das leis do trabalho que estão organizadas em um só texto3, a legislação ambiental brasileira
está espalhada em vários textos, o que dificulta muitas vezes a sua aplicação.
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MEIO AMBIENTE – ALEI EM SUAS MÃOS, E. Neves e A. Tostes, 1992.
104 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
A definição de uma Política Ambiental no país tem sido prerrogativa do Governo Federal, em-
bora a sua execução e administração estejam a cargo dos Governos Estaduais e Municipais.
15.1.1. SISNAMA
Com a Lei do Meio Ambiente, foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA,
constituído por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
dos Municípios, bem como das Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela pro-
teção e melhoria da qualidade ambiental. Atualmente, o SISNAMA tem a seguinte estrutura:
♦ órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal -
MINISMAM, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão
federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
♦ órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA, com a finalidade de executar ou fazer executar, como órgão federal, a política na-
cional e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;
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CLT - Consolidação das Leis do Trabalho.
3a Parte - Gestão do Meio Ambiente - 105
Como órgão deliberativo do SISNAMA, dentre outras atribuições, compete ao CONAMA es-
tabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo
IBAMA. Ainda, como órgão da hierarquia nacional, ao CONAMA cabe fixar prazos para con-
cessão de licenças, determinando, quando julgar necessário, o estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório - EIA/RIMA.
15.1.3. PENALIDADES
Para efeito da Lei do Meio Ambiente, entende-se por poluidor, pessoa física ou jurídica, de di-
reito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degra-
dação ambiental. Dessa forma, segundo a Lei do Meio Ambiente, Artigo 15, o poluidor que ex-
puser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave situa-
ção de perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1(um) a 3 (três) anos e multa de 100 a
1.000 MVR's. A pena será aumentada até o dobro se:
♦ multa simples ou diária, nos valores correspondentes a cada caso, vedada a sua cobrança pela
União se já tiver sido aplicada pelos Estados, Distrito Federal, Territórios ou Municípios;
♦ perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
♦ perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais
de créditos;
♦ suspensão da atividade.
106 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
A Lei do Meio Ambiente veio disposta a corrigir erros e mudar mentalidades, porque quem cobra
a multa é a Receita Federal, nos moldes do Imposto de Renda. As multas, conforme o Decreto no
99.274/90, variam de 61,7 a 6.170,0 BTN's - Bônus do Tesouro Nacional (corrigíveis pela TR),
que são cobradas pelo Leão.
Embora rigorosa, a lei tem suas atenuantes e peculiaridades. Ela permite às empresas infratoras a
aplicação de 90% do valor da multa na compra de equipamentos destinados a controlar a polui-
ção ambiental ou na realização de pesquisas e de campanhas de educação ambiental.
♦ causar poluição do solo, que torne uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação hu-
mana;
♦ causar poluição de qualquer natureza, que provoque a mortandade de peixes, anfíbios, répteis,
aves e mamíferos.
São agravantes:
♦ a reincidência específica;
♦ a maior extensão da degradação ambiental;
♦ o dolo, mesmo que eventual;
♦ a ocorrência de efeitos sobre a propriedade alheia;
♦ a infração ter ocorrido em zona urbana;
♦ danos permanentes à saúde;
♦ a infração atingir área sob proteção legal;
♦ o emprego de métodos cruéis na morte ou captura de animais.
Além das penalidades, aplicadas no caso de infrações, a legislação ambiental brasileira prevê
instrumentos de participação da comunidade na proteção ao meio ambiente, tais como: direito de
petição, direito de certidão, ação civil pública, ação popular, inquérito civil administrativo, li-
cenças ambientais, EIA/RIMA e audiência pública, alguns dos quais são comentados a seguir.
O direito de certidão é um instrumento que atesta a atuação dos órgão públicos na defesa do meio
ambiente. A certidão serve para fundamentar a ação do cidadão no exercício do seu direito, como
defensor do patrimônio ambiental, como prova para a ação civil pública ou para a ação popular.
As licenças ambientais - prévia, instalação e operação -, são instrumentos de defesa do meio am-
biente, requeridos pelo órgão estadual competente integrante do SISNAMA, ou pelo IBAMA, em
caráter supletivo. As mesmas devem ser solicitadas pelo empreendedor, nas fases de localização,
instalação/ampliação e operação, de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos am-
bientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental.
É expedida com base no projeto executivo final e autoriza o início da implantação do equipa-
mento ou atividade poluidora, subordinando-o a condição de construção, operação e outras ex-
pressamente especificadas.
É expedida com base na vistoria, realizada pelo órgão licenciador, e autoriza a operação de equi-
pamentos ou atividades poluidoras, subordinando a sua continuidade ao cumprimento das con-
dições de concessão das LP e LI. Este tipo de licença deverá ser solicitado tanto para as ativida-
des existentes como para as novas.
Os prazos de validade das licenças serão expressos nas mesmas e passarão a contar da data de
sua emissão. Nos casos em que não estejam explicitamente determinados, serão adotados os se-
guintes prazos máximos: 2 (dois) anos para a LP e LI, e 4 (quatro) anos para a LO.
3a Parte - Gestão do Meio Ambiente - 109
Com exceção das atividades de interesse da segurança nacional, como a atividade nuclear, insta-
lação de polos petroquímicos, cloroquímicos, siderúrgicos, grandes rodovias e ferrovias federais,
o licenciamento da atividade é de responsabilidade do órgão estadual. A localização de usinas
nucleares só pode ser definida em lei e cabe à Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN
baixar diretrizes para a segurança da atividade, transporte de materiais, tratamento e eliminação
de rejeitos radioativos, construção e operação de usinas nucleares.
Em nosso Estado, as licenças supra citadas, são concedidas pelo COPAM - Conselho de Proteção
Ambiental através da SUDEMA - Superintendência de Administração do Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos, após o cumprimento das exigências do SELAP - Sistema Estadual de Licen-
ciamento de Atividades Poluidoras.
Estão sujeitos ao SELAP, todas as pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as entidades da admi-
nistração indireta estadual e municipal, que estiverem instaladas ou vierem a se instalar no Esta-
do da Paraíba, e cujas atividades, sejam industriais, comerciais, agropecuárias, domésticas, pú-
blicas, recreativas ou quaisquer outras, possam ser causadoras de efetiva ou potencial poluição, a
critério do COPAM e da SUDEMA.
15.2.4. EIA/RIMA
O Estudo de Impacto Ambiental - EIA é uma exigência da legislação ambiental para o licencia-
mento de atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras do meio ambiente. O mes-
mo é realizado por equipe de especialistas e apresentado na forma de Relatório de Impacto sobre
o Meio Ambiente - RIMA, para apreciação da comunidade, através do órgão licenciador. O
EIA/RIMA é o primeiro instrumento, de defesa do meio ambiente, criado no Brasil para informar
com antecedência ao Poder Público e à própria sociedade quais os custos e benefícios dos em-
preendimentos, e sobre quem eles vão recair. O EIA/RIMA é assunto dos próximos capítulos.
A audiência pública é uma reunião aberta, com representantes do Poder Público e da comunida-
de, para debater questões sobre o meio ambiente. É parte fundamental no processo de licencia-
mento ambiental, para a tomada de decisão. Geralmente, as audiências públicas têm sido moti-
vadas para apreciação do EIA/RIMA. Nestas, o órgão ambiental, junto com o empreendedor e
mais a equipe responsável pelo EIA, apresentam ao público o RIMA, detalhando as modificações
ambientais, seus custos, sobre quem recairão, e seus benefícios, e quem deles vai usufruir.
Dentre os diplomas normativos que versam sobre matérias diretamente pertinentes ao meio am-
biente, na Legislação Federal Brasileira cabe ressaltar a importância das resoluções. A lei delega
ao Poder Executivo a tarefa de detalhar as suas disposições através de resoluções, que passam a
ser, de fato, os parâmetros concretos para aplicação da lei. Conforme já citado anteriormente, al-
guns desses diplomas federais são recentes outros datam de décadas, o que pode ser constatado
no Apêndice B. A nível estadual tem-se algumas leis e decretos estaduais que criam órgãos e
110 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
conselhos de meio ambiente, aprovam seus estatutos e dão outras providências. A legislação po-
de ser vista por temas, como água, solo, ar, fauna, flora, mineração, agrotóxicos, atividade nucle-
ar, ruído, etc.
♦ Água - A lei básica é o Código das Águas de 1934, complementada por resoluções
CONAMA, como a no 020/86 que trata da classificação dos corpos d’água, e pela Lei No
9.433/97 que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos.
♦ Ar - Assunto disciplinado basicamente através de resoluções do CONAMA, que estabelecem
padrões de qualidade do ar, limites de emissão de poluentes e detalham programas para con-
trole da poluição do ar (PROCONVE - Resolução no 018/86, PRONAR - Resoluções nos
005/89 e 003/90).
♦ Solo - A lei básica é o Estatuto da Terra de 1964. Cabe diferençar o solo rural do solo urbano.
Este, em cidades com mais de 20 mil habitantes, fica subordinado ao Plano Diretor do Muni-
cípio. Aquele, deve ser objeto de política agrícola que contemple medidas de defesa do solo.
♦ Agrotóxicos e outro produtos perigosos - A legislação estabelece que a produção, transpor-
te, comercialização e uso dependem de registro prévio junto ao governo federal. Este registro
está condicionado ao grau de perigo que o produto representa para o meio ambiente. O assun-
to é tratado em lei (Lei dos Agrotóxicos, de 1989) e resoluções do CONAMA nos 013/84 e
005/85.
♦ Flora - Como bem de interesse comum da população, cabe ao Poder Público o dever de pre-
servá-lo - Código Florestal de 1965. Assim, de acordo com a localização, determinadas for-
mações vegetais são consideradas de preservação permanente. A exploração de floresta de-
pende de autorização do IBAMA. O comprador de moto-serra deve ter registro no IBAMA.
As indústrias que consomem grandes quantidades de madeira têm que plantar o que consumir.
As estações de TV têm que apresentar, no mínimo cinco minutos por semana, programas de
interesse florestal.
♦ Fauna - Duas leis básicas regem o uso da fauna: Código de Pesca e Código de Caça, ambos
de 1967. O assunto é ainda complementado através de portarias do IBAMA.
♦ Mineração - A lei básica é o Código de Mineração de 1967. A atividade está sujeita a autori-
zação federal, além do licenciamento ambiental no Estado. O assunto é tratado em resoluções
do CONAMA.
♦ Atividade nuclear - O assunto é de competência exclusiva da União, ficando com a Comis-
são Nacional de Energia Nuclear - CNEN - a incumbência de baixar diretrizes sobre o exercí-
cio da atividade.
♦ Ruído - O assunto é tratado em resoluções do CONAMA nos 001/90, 002/90, 001/93, 002/93,
020/94 e 017/95, que estabelecem, dentre outros itens, padrões aceitáveis de ruído, visando o
conforto e a saúde da população.
Em todos os Estados e Municípios existem órgãos públicos e/ou fundações instituídas de poder
público, encarregados do controle do meio ambiente. A atuação destes é complementada pela
representação federal, através do IBAMA. Todas essas instituições participam na montagem do
sistema nacional de combate a poluição e defesa dos recursos naturais, compondo o SISNAMA
dentro da Política Nacional do Meio Ambiente. No Apêndice C estão listados os principais ór-
gãos de ação estadual.
3a Parte - Gestão do Meio Ambiente - 111
A Avaliação de Impacto Ambiental tem por objetivo identificar, predizer e quantificar esses de-
sequilíbrios, com a finalidade de introduzir medidas mitigadoras que minimizem ou mesmo eli-
minem os impactos nocivos, resultantes da implantação de uma atividade modificadora do meio
ambiente.
No que diz respeito à Política Ambiental do país, a AIA é o principal instrumento de execução da
mesma. Constituída de um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos, que visam a
análise sistemática dos impactos ambientais do estabelecimento de uma atividade e suas diversas
alternativas, a AIA tem por finalidade embasar as decisões quanto ao seu licenciamento. Vale
aqui salientar que as AIA's são instrumentos de conhecimento a serviço da decisão, porém não
são por si mesmas instrumentos de decisão. Entretanto, são instrumentos idôneos para a tomada
de decisão baseada num conhecimento amplo e integrado dos impactos ambientais.
Para efeito da Resolução CONAMA no 001/86, considera-se impacto ambiental qualquer altera-
ção nas características físicas, químicas e/ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante de atividade humana, que direta ou indiretamente, afetem:
Os impactos ambientais podem ser diretos ou indiretos; podem ocorrer a curto ou a longo prazo;
podem ser temporários ou permanentes; reversíveis ou irreversíveis; cumulativos ou sinérgicos;
positivos ou negativos.
Resultante de uma simples relação de causa e efeito. É a alteração que sofre um determinado
componente ambiental, pela ação direta sobre esse componente. Tais impactos são geralmente
mais fáceis de se identificar, descrever ou quantificar, posto que são os efeitos diretos de ações
do projeto. O aumento da concentração de contaminantes, como CO, SO2 e MP na atmosfera,
resultantes da queima de combustíveis nos veículos automotores.
Decorrente do impacto direto, seus efeitos correspondem aos efeitos indiretos das ações do pro-
jeto. Geralmente são mais difíceis de identificar e controlar. Um exemplo típico é o crescimento
populacional decorrente do assentamento da população atraída pelo projeto, a qual demanda mo-
radia, escola, serviços sanitários, transporte, etc., que não se havia previsto e cuja falta gera sérios
conflitos sociais.
Quando o efeito ou a modificação do parâmetro ambiental surge logo após a ação, podendo até
desaparecer em seguida. Aumento do ruído no ambiente quando são ligados determinados ele-
trodomésticos.
Quando o fator ou parâmetro ambiental afetado, retorna às suas condições originais, uma vez
cessada a ação impactante. As moléstias decorrentes da construção de uma obra em cujo período
se produziu poeira, ruído, aumento do tráfego no entorno, mas que desaparecem ou ficam redu-
zidas a níveis admissíveis uma vez acabada a construção.
Quando uma vez cessada a ação impactante, o fator ambiental afetado não retorna às suas condi-
ções, em um prazo previsível. O assoreamento de corpos d’água, resultante do carreamento de
materiais na atividade de mineração.
114 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
Quando, uma vez executada a ação, a modificação do fator ambiental considerado, tem duração
determinada. Os ruídos gerados na fase de construção de um empreendimento.
Quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar num horizonte tem-
poral conhecido. Retenção de sólidos em transporte nas barragens.
O impacto ambiental de um projeto pode ser definido como a diferença entre a situação do meio
ambiente modificado, tal como resultaria depois de realização do projeto, e a situação do meio
ambiente futuro, tal como havia evoluído normalmente sem tal atuação.
A AIA de um projeto é realizada através do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, onde se pro-
move a identificação, previsão e valoração dos impactos e a análise das alternativas para a ativi-
dade em estudo, cujos resultados são apresentados na forma de Relatório de Impacto Ambiental -
RIMA.
Uma relação completa das atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de uma avalia-
ção de impacto ambiental é difícil de se estabelecer, posto que o impacto global depende de vá-
rios fatores, dentre os quais selecionam-se como mais significativos, para estabelecimento de
critérios de seleção dessas atividades, os seguintes:
Segundo a Resolução CONAMA no 001/86, ficam obrigados a elaborar EIA/RIMA, para obten-
ção de licenciamento, as seguintes atividades modificadoras do meio ambiente:
A rigor, o Poder Público pode pedir um EIA/RIMA para todo e qualquer tipo de empreendimento
não listado. O SELAP-PB, além das atividades supra citadas, segue a listagem do Decreto Esta-
dual no 13.798/90.
As experiências realizadas mostram que o custo das AIA’s é muito baixo. Na Holanda, situa-se
em 0,25% do custo total da obra. Na França, entre 0,25 e 0,75%; nos Estados Unidos, 0,19%; e,
em mais 18 países onde esta questão foi levantada, o custo médio situou-se em torno de 0,50%
do custo total da obra. Considerando que estes custos tendem logicamente a diminuir, como
conseqüência da melhoria dos conhecimentos, a disponibilidade de dados, os serviços de infor-
mação, a qualificação de pessoal especializado e pelo efeito repetição, pode-se afirmar que sua
implantação não é tão dispendiosa.
Outra vantagem econômica, é o fato de que a aplicação do procedimento não supõe um alarga-
mento dos prazos de execução da obra. O custo da obra é influenciado pelo tempo necessário
para projetá-la, autorizá-la e realizá-la. Este tempo pode ser encurtado, graças a uma concepção
correta da obra sob o ponto de vista ambiental, pois isso pode permitir reduzir ou evitar os atra-
116 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
sos desnecessários derivados do público em geral, assim como dos órgãos competentes, uma vez
que estes participam do processo de decisão. Esta participação conduz a um processo de decisão
mais transparente e seguro, evitando os recursos administrativos e judiciais, geralmente demora-
dos e dispendiosos.
♦ variabilidade estocástica dos fenômenos ambientais. Há que se considerar uma série de con-
tingências e sinergias difíceis de valorar;
♦ conhecimento inadequado ou incompleto do comportamento dos componentes do meio;
♦ falta de dados de base e informações da zona ou problema a avaliar, o que obriga a trabalhar
com grandes lacunas.
Estas incertezas são maiores quando a avaliação se projeta a longo prazo. Por isso, é necessário
que o avaliador inclua um capítulo que detalhe as possíveis incertezas com as quais se tenha de-
parado a equipe de trabalho e, se possível, faça uma previsão dos riscos e da forma como enfren-
tá-los. A análise de riscos, por sua vez, é exigida pelo órgão ambiental na AIA, sempre que a ati-
vidade incorrer em risco de acidentes.
Devido a tais incertezas, na avaliação se majoram enormemente os dados de risco, com o objeti-
vo de cobrir estas lacunas. Desse modo, a vigilância contínua dos parâmetros do meio ambiente e
a avaliação dos ecossistemas, deverá formar parte integrante do sistema de análise do meio am-
biente. Isto é necessário para proporcionar um banco de dados e análises técnicas para avaliar
posteriormente as decisões específicas. A vigilância e a avaliação são essenciais para a redução
dos riscos e a tomada de decisão, quando se quer proteger e melhorar a qualidade do meio ambi-
ente.
O estabelecimento de critérios para o EIA de uma atividade requer, em primeiro lugar, a defini-
ção de prioridades. Isto deverá ser feito a partir do conhecimento detalhado de todos os fatores
ambientais importantes da área em estudo, assim como do entorno, que poderá sofrer os efeitos
da implantação da atividade que ali se pretende instalar. Esses fatores deverão representar, não
apenas as condições biogeofísicas da área, mas também as sócio-econômicas e principalmente os
interesses da comunidade, que poderá ser beneficiada ou prejudicada pela implantação da ativi-
dade.
Outrossim, além de atender a legislação pertinente, o EIA deve obedecer às seguintes diretrizes
gerais:
♦ analisar a compatibilidade do projeto com planos e programas de ação federal, estadual e mu-
nicipal, propostos ou em implantação na área de influência do projeto.
O diagnóstico ambiental consiste de uma atividade dentro do EIA, destinada a caracterizar a si-
tuação do meio ambiente na área de influência do projeto, antes da implantação do projeto, atra-
vés da completa descrição e análise dos fatores ambientais e suas interações. Deve descrever o
meio físico, biológico e antrópico.
118 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
♦ Meio físico: características geológicas, formação e tipo de solo; topografia, relevo, declivida-
de; recursos minerais e jazimentos fósseis; regime hidrológico e qualidade dos corpos d'água;
padrões de drenagem natural e artificial, lançamentos e tomadas de água; clima e qualidade do
ar; processos erosivos e sedimentológicos, estabilidade dos solos.
♦ Meio biológico: inventário de espécies características da fauna e flora natural; inventário de
espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção e de espécies migratórias; diversidade de
espécies; áreas de preservação permanente, unidades de conservação da Natureza e áreas pro-
tegidas por legislação especial; produtividade e estabilidade dos ecossistemas; áreas potenciais
de refúgio de fauna e flora.
♦ Meio antrópico: ocupação e uso do solo (processo histórico da ocupação, distribuição das
atividades, densidade demográfica, sistema viário, valor da terra, estrutura fundiária, etc.);
usos dos recursos ambientais (águas, florestas, solos, dependência local dos recursos, nível
de tecnologia, fontes de poluição); população (crescimento demográfico, estrutura da popu-
lação, distribuição espacial, mobilidade, escolaridade, nível de saúde, nível cultural); equi-
pamentos sociais (abastecimento d'água, sistema de esgotamento sanitário, disposição do li-
xo, logradouros, rede de saúde, rede escolar, rede de suprimentos, segurança, lazer, religião,
cemitérios, sítios e monumentos arqueológicos, culturais, cívicos e históricos, meios de
transporte); organização social (forças e tensões sociais, grupos e movimentos comunitários,
lideranças, forças políticas e sindicais atuantes, associações); estrutura produtiva (análise
dos fatores de produção, modificações havidas em relação à composição da produção local,
contribuição de cada setor, geração de empregos e nível tecnológico por setor, relações de
troca entre a economia local e a micro-regional, regional e nacional, incluindo a desativação
da produção local e importância relativa, consumo e renda "per capita").
A identificação dos impactos ambientais se efetua mediante uma análise do meio e do projeto, e
é o resultado da consideração das interações possíveis. Esta fase do EIA compreende as seguintes
etapas:
♦ identificação e classificação dos impactos ambientais das ações do projeto e suas alternativas,
nas fases de construção e operação da atividade, destacando os impactos mais significativos a
serem pesquisados em profundidade e justificando os demais;
♦ previsão da magnitude dos impactos identificados, especificando os indicadores de impacto,
critérios, métodos e técnicas de previsão utilizados;
♦ atribuição do grau de importância dos impactos em relação ao fator ambiental afetado e em
relação à relevância conferida a cada um deles pelos grupos sociais afetados;
♦ prognóstico da qualidade ambiental da área de influência, nos casos de adoção do projeto e
suas alternativas e na hipótese de sua não implantação, determinando e justificando os hori-
zontes de tempo considerados;
Neste ponto do EIA, deverão ser definidas medidas que visem minimizar os impactos negativos,
entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiên-
cia de cada uma delas em relação aos padrões de qualidade ambiental e indicando os impactos
que não podem ser evitados ou mitigados.
3a Parte - Gestão do Meio Ambiente - 119
Todo o estudo de impacto ambiental é realizado por equipe multidisciplinar habilitada, que fica
com responsabilidade técnica dos resultados apresentados. Todas as despesas referentes ao EIA e
à elaboração do RIMA, são de responsabilidade do proponente do projeto, que deverá encami-
nhar no mínimo 5 cópias do RIMA ao órgão estadual competente, ou em caráter supletivo ao
IBAMA, para posterior apreciação.
Ainda que financiado pelo empreendedor, o RIMA é um documento público e suas cópias ficam
à disposição dos interessados nos centros de documentação ou bibliotecas do IBAMA ou do ór-
gão estadual, pois trata-se de peça fundamental para o licenciamento da atividade.
Ao receber o RIMA, o órgão ambiental determinará o prazo para recebimento dos comentários a
serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados, e sempre que julgar necessário ou
quando for solicitado pela comunidade, promoverá a realização de audiência pública para dis-
cussão do mesmo.
Os métodos para avaliação de impactos ambientais variam segundo o fator ambiental considera-
do. Por exemplo, existem tecnologias muito adequadas e comprovadas para a predição dos im-
pactos sobre a qualidade do ar, no que diz respeito a calcular as concentrações de contaminantes
na atmosfera, porém em troca, os impactos na flora e na fauna destes contaminantes, ou seja, os
efeitos, não são tão facilmente quantificáveis. Portanto, é possível usar tecnologias comprovadas
em alguns casos, enquanto que em outros há que basear-se no julgamento e na experiência de
profissionais no campo.
As medodologias de avaliação têm que ser flexíveis, aplicáveis em qualquer fase do processo de
planejamento e desenvolvimento da atividade. Devem ser adequadas para poder efetuar uma aná-
lise global, sistemática e interdisciplinar do meio ambiente e de seus múltiplos componentes. E,
ainda, devem ser revisadas constantemente, em função dos resultados obtidos e da experiência
adquirida.
As AIA’s, conforme visto anteriormente, devem descrever a ação proposta, assim como outras
alternativas; predizer a natureza e magnitude dos impactos ambientais sobre o meio físico, bioló-
gico e antrópico, no entorno da obra; interpretar os resultados; prevenir os efeitos ambientais; e,
122 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
comunicar os resultados, de forma a ser entendido por aqueles que tomam a decisão e o público
interessado. Assim sendo, as metodologias devem envolver as seguintes atividades:
♦ identificação de impactos;
♦ previsão e medição de impactos;
♦ interpretação de impactos;
♦ identificação de medidas mitigadoras e dos requisitos de monitorização;
♦ comunicação aos usuários das informações sobre os impactos, tais como aos responsáveis pela
tomada de decisão e membros do público.
O significado destas atividades, pode ser entendido, tomando-se como exemplo um caso hipoté-
tico, de um país em desenvolvimento, que decidiu que os recursos florestais de uma certa região
deveriam ser explorados e que uma usina de celulose e papel fosse ali instalada, para promover o
crescimento econômico local e substituir as caras importações de papel. Consequentemente, um
certo local foi escolhido como a possível localização para a usina. Antes da decisão sobre o iní-
cio da construção, uma AIA tem que ser elaborada para avaliar as implicações ambientais do
projeto.
As técnicas de avaliação, segundo a função analítica que apresentam, podem ser divididas em:
♦ técnicas de identificação;
♦ técnicas de predição;
♦ técnicas de interpretação;
♦ técnicas de prevenção;
♦ técnicas de comunicação.
Dentre as metodologias conhecidas, algumas apenas identificam os impactos, outras são técnicas
de identificação e quantificação, outras são basicamente conhecidas como técnicas de comunica-
ção. Por outro lado, ao se abordar as muitas classificações dos diferentes métodos existentes, de-
ve-se ter em conta que nenhum está totalmente desenvolvido, nem resulta absolutamente idôneo
para um determinado projeto. Em todos os casos, tem-se que ajustar o modelo à complexa reali-
dade física e socio-econômica que apresenta uma dada localização. Assim é que quase sempre se
opera com uma metodologia "ad hoc".
Nas listas de checagem os impactos ambientais podem ser classificados como diretos/indiretos,
reversíveis/irreversíveis, etc. Devem ser acompanhadas de um texto que descreva detalhadamen-
te as possíveis variações dos fatores ambientais assinalados; este texto constitui o estudo de im-
pacto propriamente dito. Os impactos assinalados podem também ser valorados, e, sempre de
forma subjetiva, podem ainda ser ponderados entre si. Assim, as listas evoluem de listas simples
para listas descritivas, lista de verificação e escala e listas de verificação, escala e ponderação.
Vale lembrar mais uma vez que é um método de identificação qualitativo e, como tal, presta-se
muito bem para análises preliminares, com uma grande vantagem pois oferece a possibilidade de
cobrir ou identificar quase todas as áreas de impacto.
17.2.3. MATRIZES
As matrizes são técnicas de identificação de impactos ambientais, onde as colunas são constituí-
das por uma lista das ações do projeto e as linhas por fatores ambientais que podem ser afetados
por aquelas ações. O cruzamento das ações do projeto com os fatores ambientais da área, permite
a identificação das relações de causa-efeito, ou seja, dos impactos ambientais.
A matriz mais conhecida e utilizada no mundo inteiro é a Matriz de Leopold et al (1971), que na
sua composição original possui 88 linhas e 100 colunas, perfazendo um total de 8.800 interações.
Cada interação assinalada para um empreendimento corresponde a um impacto ambiental. Nessa
matriz, cada impacto assinalado é avaliado segundo a sua magnitude e grau de importância, re-
cebendo valores de 1 a 10. A magnitude tem caráter quantitativo e diz respeito a dimensão do
impacto sobre um setor específico do meio ambiente, por exemplo: a carga poluidora lançada no
rio. Deve ser precedida de sinal + ou -, segundo se trate de um efeito positivo ou negativo sobre o
ambiente. A importância, tem caráter qualitativo, é a medida do peso relativo que o fator ambi-
ental alterado tem dentro do projeto, por exemplo: a carga poluidora lançada considerando as
condições do rio e a freqüência com que ocorre. A matriz deverá ser acompanhada de um texto
que irá abordar os impactos mais significativos.
124 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
A Matriz de Leopold tem aspectos bastante positivos, dentre os quais cabe destacar os poucos
requisitos necessários à sua aplicação e sua utilidade na definição de efeitos, pois contempla de
forma bastante completa os fatores físicos, biológicos e sociais envolvidos. Por outro lado, por
não haver critério único de valorização, pode-se dizer que a matriz de Leopold é um sistema um
tanto quanto subjetivo de avaliação. Não obstante, quanto mais multidisciplinar for a equipe ava-
liadora, mais próximo se estará de um nível objetivo de avaliação.
Na matriz de Leopold, apenas os impactos diretos podem ser identificados, não sendo possível
avaliar interações mais complexas e impactos indiretos. Como a variável tempo não é considera-
da, não é possível distinguir impactos imediatos daqueles de longo prazo, nem os temporários
3a Parte - Gestão do Meio Ambiente - 125
dos permanentes, reversíveis dos irreversíveis, etc.. Desse modo, surgiram as matrizes de intera-
ção onde os impactos podem ser interpretados segundo a sua natureza.
São métodos que tratam da avaliação de impactos indiretos. São representações em forma de di-
agramas da sucessão de impactos, através de conexões entre os indicadores.
Proposto por Sorensen (1974), o método organiza uma seqüência de efeitos provocados por cada
ação do projeto - os impactos diretos. A partir da identificação dos impactos diretos, a cadeia ou
sucessão de impactos indiretos, seus respectivos efeitos e as medidas mitigadoras, são descritas
através de um fluxograma, ou seja, uma rede ou sistema de interação. Um exemplo da rede é
mostrado na figura 17.1.
Corrosão de materiais
Indústria SO2 Poluição do ar H2SO4 Efeitos sobre as plantas
Acidificação dos lagos
Problemas respiratórios
Redução da biodiversidade
do lago
Cardiopatias
Até recentemente as questões ambientais eram tratadas com regulamentação técnica, pela defini-
ção de padrões de qualidade e limites de emissões que deviam ser respeitados pelos geradores de
impactos ambientais. Atualmente, verifica-se uma tendência de utilização da proteção ambiental
como um fator de diferenciação de produtos, processos e serviços entre empresas e, com a globa-
lização, entre países. Tal tendência mundial passou a exigir uma avaliação mais sistemática das
questões ambientais, surgindo assim normas internacionais de gerenciamento ambiental - série
ISO 14.000. As normas dessa série tratam de uma abordagem sistêmica da gestão ambiental e
possibilitam a certificação de empresas e produtos que as cumpram.
A International Organization for Standardization - ISO, fundada em 1947, com sede na Suíça, é
uma organização não governamental que congrega os órgãos de normalização de mais de cem
países. O Brasil participa da organização através da ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas. A ISO busca normas de homogeneização de procedimentos, de medidas, de materiais
e/ou de uso que reflitam o consenso internacional em todos os domínios de atividade, com exce-
ção do campo eletro-eletrônico4.
A ISO 14.000 visa ser uma referência consensual para a gestão ambiental no mercado globali-
zado. Na sua concepção, a ISO 14.000 tem como objetivo central um Sistema de Gestão Ambi-
ental que auxilie as empresas a cumprirem suas responsabilidades com respeito ao meio ambien-
te. Em decorrência criam a certificação através de rótulos ecológicos, possibilitando identificar
aquelas empresas que atendem à legislação ambiental e cumprem os princípios do desenvolvi-
mento sustentável. A série ISO 14.000 pode ser resumida em seis grupos de normas divididos em
dois grandes blocos, um direcionado para o produto, outro para a organização (Figura 18.1).
4
Atribuição da International Eletrotechnical Commission - IEC.
128 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
Avaliação da Organização
•Sistema de Gestão Ambiental
•Auditoria Ambiental
•Avaliação do Desempenho Ambiental
GESTÃO AMBIENTAL
ISO 14.000
Avaliação do Produto
•Rotulagem Ambiental
•Análise do Ciclo de Vida
•Aspectos Ambientais de Normas de Produtos
Um sistema de gestão ambiental - SGA (ISO 14.001) - pode ser definido como um conjunto de
procedimentos para administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com
o meio ambiente. A implantação do mesmo é feita em cinco etapas sucessivas. Todas essas eta-
pas buscam a melhoria contínua, ou seja, um ciclo dinâmico no qual está se reavaliando perma-
nentemente o sistema de gestão e procurando a melhor relação possível com o meio ambiente. A
figura 18.2 ilustra o modelo do SGA.
Etapa 1
Comprometimento e Definição da Política
Ambiental MELHORIA
CONTÍNUA
Etapa 2
Elaboração do Plano
• Aspectos ambientais e impactos associados
• Requisitos legais e corporativos Etapa 5
• Objetivos e metas Revisão do SGA
• Programa de gerenciamento ambiental
Etapa 3 Etapa 4
Implementação e Operação Monitoramento e Ações Corretivas
• Alocação de recursos • Medições periódicas
• Estrutura e responsabilidade • Ações corretivas e preventivas
• Conscientização e treinamento • Registros das anormalidades
• Comunicações • Auditorias do sistema de gestão
• Documentação do sistema de gestão
• Controle operacional e emergencial
A auditoria ambiental é um instrumento de gestão que permite fazer uma avaliação sistemática,
periódica, documentada e objetiva dos sistemas de gestão e do desempenho ambiental de empre-
sas, para fiscalizar e limitar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente. Ela pode ser
voluntária, por decisão da empresa de conformidade com a sua Política Ambiental ou imposta
por legislação local. Pode ainda ser interna, realizada pelo pessoal da própria empresa, de forma
rotineira, como parte de sua Política Ambiental , ou externa, realizada por empresas especializa-
das, quando houver motivos legais que a justifiquem.
Entende-se por desempenho ambiental o estágio alcançado por uma organização no trato das re-
lações entre todos os aspectos das suas atividades e seus riscos e efeitos ambientais significantes.
A avaliação de desempenho ambiental - ADA - é um processo para medir, analisar, avaliar e
descrever o desempenho ambiental de uma organização contra um determinado critério acorda-
do, visando ao gerenciamento apropriado. O processo é desenvolvido com base em indicadores
de desempenho ambiental - IDA - em cada área de avaliação - sistema de gestão, sistema opera-
cional e meio ambiente.
O processo pode ser utilizado pelo gerenciamento de uma organização com diversos propósitos,
dentre os quais destacam-se:
A rotulagem ambiental da série ISO 14.000 consiste em normas para disciplinar o uso de selos e
mensagens relacionadas ao meio ambiente, contidas nos produtos ou nas respectivas embalagens.
Os “selos verdes” em uso desde o final da década de setenta por alguns países, passaram a identi-
ficar produtos e, consequentemente, prestigiar empresas que segundo os seus outorgantes, não
causariam danos ao meio ambiente. A regulamentação do seu uso através de normas internacio-
nais visa homogeneizar a linguagem e o seu uso no tempo da globalização.
130 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
O “selo” é definido como uma afirmação que indica os atributos ambientais de um produto ou
serviço, podendo ter a forma de proclamações, símbolos, gráficos, etc. O mesmo tem por objeti-
vo comunicar, de forma verificável, acurada e não enganosa, os aspectos ambientais de produtos
e serviços, com vistas a encorajar a demanda daqueles que causam menor pressão sobre o meio
ambiente. A seguir, exemplos de selos já em uso no mercado mundial.
1.Marketing
5.Embalagens
Qualquer produto produz algum efeito sobre o meio ambiente durante seu ciclo de vida. Estes
efeitos podem variar de leves a insignificantes; de curto ou longo prazo e podem ocorrer nos ní-
veis local, regional ou global. Precauções nas normas de produtos podem influenciar significati-
vamente a extensão de tais efeitos ambientais. Este grupo de normas apresenta:
♦ considerações gerais que devem ser levadas em conta quando do desenvolvimento do produto,
a fim de alcançar o desempenho pretendido com redução dos efeitos adversos sobre o meio
ambiente;
♦ descreve os meios pelos quais os dispositivos das normas e produtos podem afetar o meio
ambiente, durante os estágios do ciclo de vida do produto;
♦ oferece descrição de metodologias científicas para avaliação dos efeitos ambientais dos dispo-
sitivos das normas de produtos; e
♦ evidencia estratégia para aprimorar o desempenho ambiental.
5
Gestão Ambiental: compromisso da empresa, encarte da Gazeta Mercantil, São Paulo, 1996.
132 - Introdução às Ciências do Ambiente para Engenharia
6
Gestão Ambiental: compromisso da empresa, encarte da Gazeta Mercantil, São Paulo, 1996.