SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 2
3 MATEMÁTICA ................................................................................... 3
1
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
2
3 MATEMÁTICA
Fonte: www.bbc.com
3
4 A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Fonte: enfoque.upc.edu.pe
4
Nas práticas interdisciplinares, dois ou mais campos do saber são articulados,
tendo como objetivo possibilitar a compreensão de um mesmo objeto de estudo. Para
que a interdisciplinaridade se faça possível, os professores das diferentes disciplinas
devem realizar um planejamento conjunto com o objetivo de propor discussões que
possibilitem aos alunos o estabelecimento de relações entre o que está sendo estu-
dado nas diferentes disciplinas e o tema comum entre elas.
No trabalho educativo interdisciplinar, cada área de conhecimento oferece ele-
mentos capazes de ampliar o olhar sobre um mesmo tema, resultando em saberes
mais complexos e significativos e menos fragmentados.
5 INTERDISCIPLINARIDADE E MATEMÁTICA
Fonte: www.startupcafe.ro
6
É possível, por exemplo, desenvolver um projeto com história, visando ao
estudo do dinheiro e sua função na sociedade, da relação entre o dinheiro e
tempo, dos impostos em sociedades diversas, do consumo em diferentes mo-
mentos históricos, incluindo estratégias atuais de marketing (BRASIL, 2017,
documento on-line apud TOLEDO, 2021).
7
6 A MODELAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA
Fonte: www.wowbiz.ro
Uma das formas pelas quais o professor de matemática pode realizar um tra-
balho interdisciplinar é a por meio da modelagem matemática, pela qual uma questão
de relevância social é investigada pelos alunos via mobilização de conhecimentos ma-
temáticos.
A modelagem matemática, entendida como a arte de transformar problemas da
realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na
linguagem do mundo real, pode ser tomada tanto como um método científico de pes-
quisa quanto como uma estratégia de ensino e aprendizagem (BASSANEZI, 2002
apud TOLEDO, 2021)
8
formulação do problema;
formulação de um modelo matemático;
resolução do problema a partir do modelo;
validação do modelo.
9
A participação ativa dos educandos é oportunizada uma vez que a problemati-
zação e a investigação são elementos fundamentais da modelagem matemática. Na
problematização da situação extraída da realidade dos sujeitos, os alunos criam per-
guntas e/ou problemas, enquanto na investigação eles são convidados a buscar, se-
lecionar, organizar e manipular informações, bem como a refletir sobre elas.
10
Uma vez escolhido o tema, os alunos devem realizar uma pesquisa exploratória
sobre ele, com o objetivo de coletar mais informações e dados. Diferentes fontes po-
dem ser utilizadas para essa pesquisa: internet, livros, revistas, entrevistas com pro-
fissionais relacionados ao tema, entre outras.
Os dados coletados, devidamente organizados e analisados, levam à elabora-
ção de situações-problema pelos alunos, em conjunto com o professor. Os problemas
elaborados devem ser resolvidos, possibilitando o desenvolvimento do conteúdo ma-
temático contemplado no contexto do tema. O processo de resolução de problemas
permite mobilizar os conhecimentos já construídos pelos alunos, bem como o levan-
tamento, a testagem e a validação de hipóteses. Os resultados obtidos devem ser
utilizados como instrumentos para a análise crítica da questão de relevância social e
desencadeadora de todo o processo (KLUBER, 2016 apud TOLEDO, 2021).
De todo modo, as atividades de modelagem matemática só têm sentido se fo-
rem planejadas e executadas levando-se em consideração as particularidades e os
interesses do grupo de alunos para o qual estão sendo propostas, bem como as ca-
racterísticas do contexto de inserção desses alunos. Sendo assim, cabe ao professor
adotar estratégias para identificar os interesses e saberes dos alunos, bem como para
caracterizar a realidade em que encontram-se imersos.
As situações de modelagem matemática, por não apresentarem a rigidez dos
livros e materiais didáticos estruturados, promovem um maior respeito aos diversos
tempos de aprendizagem dos educandos e uma valorização dos conhecimentos já
construídos por eles, dentro e fora da escola.
11
7 PRÁTICAS EDUCATIVAS DE MODELAGEM MATEMÁTICA
Fonte: www.upla.cl
12
possibilidades latentes nos fundamentos. Nesta seção, vamos conhecer algumas des-
sas contribuições, que levaram a ajustes na teoria e na prática do professor.
Começamos pelo estudo realizado por Martins e Gonçalves (2015 apud MA-
CHADO, 2021), que analisaram os anais de quatro edições dos Congressos Brasilei-
ros de Etnomatemática (CBEm), lendo 202 resumos e 16 trabalhos integralmente para
determinar quais seriam examinados na íntegra; para isso, foram utilizados dois crité-
rios — a relação entre etnomatemática e o processo de ensino e aprendizagem da
matemática nas escolas e relatos de intervenções de pesquisadores com alunos e/ou
professores no processo educacional da matemática e na formação de professores.
As conclusões da pesquisa indicam que, geograficamente, apesar de a contribuição
dos trabalhos apresentados nos CBEm ter sido feita por estudiosos de boa parte do
país, existe uma concentração acentuada nas regiões Sul e Sudeste, com 68,75%.
Os sujeitos e os níveis de ensino também formaram uma categoria do estudo,
e o resultado está expresso no Quadro abaixo.
13
Uma das conclusões dos autores refere-se aos modos como a etnomatemática
tem tido difusão, considerando-se o âmbito das intervenções educacionais, estabele-
cendo-se dois caminhos: um relaciona a etnomatemática com as teorias e metodolo-
gias da educação ou educação matemática, e o outro usa técnicas etnográficas nas
experiências educacionais.
O panorama da repercussão da etnomatemática em periódicos internacionais
foi objeto de pesquisa realizada por Lamim Netto, Santos e Meneghetti (2020), que
utilizaram o critério de maior impacto na área da educação matemática para escolher
os periódicos The International Journal of Mathematics Education (ZDM), Educational
Studies in Mathematics (ESM), Eurasian Journal of Mathematics, Science and
Technology Education (EJMSTE) e Journal for Research in Mathematics Education
(JRME). O objetivo dessa revisão bibliográfica foi subsidiar educadores com informa-
ções sobre exemplos e trabalhos na área, para que possam ser produzidas novas
experiências educacionais sobre o tema. Os autores com maior contribuição foram
Ubiratan D’Ambrosio e Gelsa Knijnik, já citados, com dois artigos cada um, e Bill Bar-
ton, com quatro artigos. Os sujeitos ou contextos investigados nas publicações foram
crianças, jovens e adultos, professores, contexto indígena, contexto rural, contexto
escolar e contexto africano, ressaltando-se que diversos trabalhos não têm contexto
explícito, mas dissertam sobre bases filosóficas para o Programa Etnomatemática.
Alguns grupos de pesquisa têm papel preponderante no desenvolvimento da
etnomatemática, como o Grupo de Estudo e Pesquisa em Etnomatemática (GEPEm),
da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), integrado por
14
pós-graduandos, graduandos de vários núcleos universitários, pesquisadores de uni-
versidades brasileiras e estrangeiras, professores da escola básica, articulados em
torno de três prioridades (DOMITE, [201-?] apud MACHADO, 2021):
a análise de trabalhos sobre relações quantitativas e espaciais expres-
sos no saber-fazer de distintos grupos socioculturais;
a busca de respostas para questões da área da etnomatemática, inclu-
indo indagações construídas a partir do pensamento de Ubiratan D'Am-
brósio;
a contribuição para o desenvolvimento do setor de educação matemá-
tica da FEUSP.
Na página inicial do GEPEm, há um link para teses e dissertações sobre etno-
matemática, onde se encontra o trabalho de Souza (2008 apud MACHADO, 2021),
que tem como objetivo investigar possíveis ligações entre o Programa Etnomatemá-
tica e a informática na sala de aula, concluindo, preliminarmente, que os processos
digitais estão incorporados ao sistema saber/fazer de uma comunidade, sendo, por-
tanto, integrante do que denominamos cultura e, assim, são objeto de pesquisa da
etnomatemática.
Os estudos teóricos do Programa Etnomatemática abrem perspectivas indubi-
tavelmente interessantes, pois determinados temas, até então restritos a uma ou outra
área, que podem entrar no rol de abordagem da educação matemática. Lubeck (2005
apud MACHADO, 2021) investigou o trabalho realizado por jesuítas nos Sete Povos
das Missões. A congregação religiosa denominada Companhia de Jesus instalou na
América do Sul o Estado Jesuítico do Paraguai, formando um conjunto denominado
Sete Povos das Missões, com São Miguel das Missões (Figura abaixo) e mais seis
núcleos. A comunidade foi dizimada por tropas portuguesas que agiram após a assi-
natura do tratado de Madri, que promoveu a troca, entre Espanha e Portugal, do que
é hoje parte do estado do Rio Grande do Sul pelo estratégico povoado de Colônia de
Sacramento, hoje território do Uruguai (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO NACIONAL, [201-?] apud MACHADO, 2021).
15
Lubeck (2005 apud MACHADO, 2021) demonstrou que as matemáticas das
reduções jesuíticas foram construídas no dia a dia, advindas de necessidades práti-
cas, não de teorias. Houve uma importância crescente da metalurgia, no período em
que as Missões existiram como um território jesuíta, com referências aos modos pelos
quais indígenas e religiosos construíam, utilizavam a madeira, plantavam, produziam
sementes, lidavam com criações de animais, teciam, fiavam e produziam “[…] um bom
pão em tempos de frio” (LUBECK, 2005, p. 105 apud MACHADO, 2021). Essa utiliza-
ção saber/fazer era acompanhada por observações da natureza, com estudo de fenô-
menos astronômicos, meteorológicos, zoológicos, botânicos e geográficos, na pers-
pectiva geográfica daquela região da América do Sul. Os registros apresentam relatos
da habilidade dos indígenas em diversas atividades, dentre elas na construção, na
qual atuaram como engenheiros, arquitetos, carpinteiros, pedreiros, além de serem
excelentes nos ofícios de fundição, confecção de órgãos musicais, agricultores e pro-
dutores de vestimentas e calçados.
16
9 PAPEL SOCIAL DA MATEMÁTICA
Fonte: www.unesc.net
17
As funções implícitas do assunto em relação às questões sociais e tec-
nológicas e nas atitudes dos estudantes em relação às suas próprias
capacidades.
As limitações do assunto, visando a identificar as áreas e questões para
as quais ele não tem qualquer relevância.
[...] a educação não deve servir como reprodução passiva de relações sociais
existentes e de relações de poder. Esse axioma faz sentido quando falamos
sobre competência crítica, distância crítica e engajamento crítico. A educação
tem de desempenhar um papel ativo na identificação e no combate das dis-
paridades sociais (SKOVSMOSE, 2001, p. 32 apud TOLEDO, 2021).
18
Os adeptos do argumento social da democratização destacam a importância
da atividade de construção de modelos matemáticos para a aprendizagem matemá-
tica. Nessa perspectiva, os materiais utilizados nas aulas de matemática devem ter a
ver com modelos matemáticos reais, ou seja, os modelos devem estar relacionados
com atividades sociais relevantes na sociedade. Os materiais utilizados devem opor-
tunizar a compreensão do conteúdo matemático do modelo e, ao mesmo tempo, a
identificação das hipóteses integradas a ele, permitindo um entendimento dos proces-
sos na sociedade (SKOVSMOSE, 2001 apud TOLEDO, 2021).
Para Skovsmose (2001 apud TOLEDO, 2021), a tendência pragmática da edu-
cação matemática, pautada pelo argumento social da democratização, não é sufici-
ente para o desenvolvimento de uma atitude crítica em relação à aplicação da mate-
mática. Ao argumento social da democratização, é necessário somar o argumento
pedagógico desenvolvido para esse fim. O argumento pedagógico de democratização
consiste nas declarações a seguir (SKOVSMOSE, 2001 apud TOLEDO, 2021).
Os estudantes recebem uma variedade de impressões durante o pro-
cesso educacional, algumas relacionadas ao currículo oficial e outras à
estrutura do processo educacional e às tradições e aos rituais conecta-
dos ao assunto em questão.
A matemática, assim como as demais disciplinas curriculares, tem o seu
“currículo oculto”, na maioria das vezes pautado não pela intenção de
melhorar as habilidades dos estudantes na estruturação e resolução de
problemas, mas sim pelo atendimento às instruções e regulamentações
características do mundo do trabalho. A preparação para o atendimento
às exigências do mundo do trabalho se dá pela proposição de atividades
nas quais as prescrições estão explicitamente estabelecidas (resolva a
equação, calcule o valor de, ache a medida de, entre outras). Além
dessa preparação, a condução das aulas de matemática visa, em geral,
a deixar claro quais são os alunos capazes de aprender os conteúdos
matemáticos e quais não são. Aos incapazes, resta a servidão aos ca-
pazes, principalmente no que diz respeito ao uso de tecnologias.
O desenvolvimento de ações democráticas no nível macro deve ter início
no ambiente escolar. O desenvolvimento de uma atitude democrática
oportunizada pelas práticas educativas demanda a adoção de rituais
19
educacionais caracterizados, exclusivamente, por aspectos democráti-
cos. Nesse contexto, estabelecer uma relação dialógica entre o profes-
sor e os alunos é fundamental.
20
10 O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO EN-
SINO DE MATEMÁTICA
Fonte: direcionalescolas.com.br
21
expandir as disposições de educação básica e treinamento em outras
habilidades essenciais exigidas pelas crianças;
aumentar a aquisição, por indivíduos e famílias, de conhecimentos,
habilidades e valores necessários para uma vida melhor e um desenvol-
vimento sólido e sustentável.
22
11 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS NA EDUCAÇÃO MATEMÁ-
TICA
Fonte: novaescola.org.br
23
que leva em consideração as particularidades regionais, respeitando a diversidade
sociocultural do país e envolvendo a todos, até as áreas mais distantes (BRASIL, 1997
apud SILVA, 2021).
As intenções educativas relativas às capacidades que precisam ser desenvol-
vidas pelos alunos ao longo de sua vida escolar são concretizadas por meio dos ob-
jetivos propostos nos PCN. O objetivo geral do ensino de matemática proposto nos
PCN é analisar informações relevantes do ponto de vista do conhecimento e estabe-
lecer o maior número de relação entre elas, fazendo uso do conhecimento matemático
para interpretá-las e avaliá-las criticamente (BRASIL, 1997 apud SILVA, 2021)
Nesse contexto, Bittencourt (2004 apud SILVA, 2021) sugere a articulação en-
tre os conteúdos matemáticos e as situações cotidianas dos alunos, bem como com
conteúdo de outras áreas do conhecimento. Ainda, ressalta a importância de uma in-
terdisciplinaridade intrínseca, ou seja, de estabelecer conexões internas à própria ma-
temática. Como exemplo, a autora menciona o trânsito entre o enfoque algébrico e o
geométrico.
A elaboração dos PCN teve início a partir do estudo de propostas curriculares
de estados e municípios brasileiros, da análise sobre os currículos oficiais e do contato
com informações a respeito da experiência de outros países. Além da análise do Plano
Decenal de Educação para Todos, de pesquisas nacionais e internacionais, também
foram considerados dados estatísticos sobre desempenho dos alunos e experiências
de sala de aula compartilhadas em encontros, seminários e publicações (BRASIL,
1997 apud SILVA, 2021).
Dessa forma, os PCN constituem o primeiro nível de concretização curricular.
Sua função é subsidiar a elaboração ou revisão curricular de estados e municípios,
considerando as propostas e experiências preexistentes, e incentivando a discussão
pedagógica nas escolas e a elaboração de projetos educativos, além de servir como
material de reflexão para a prática docente (BRASIL, 1997 apud SILVA, 2021). Todos
os documentos que o compõem:
24
jetivos, Organização dos Conteúdos, Critérios de Avaliação e Orientações Di-
dáticas —, efetivando uma proposta articuladora dos propósitos mais gerais
de formação de cidadania, com sua operacionalização no processo de apren-
dizagem (BRASIL, 1997, p. 29 apud SILVA, 2021).
Os PCN, assim, apresentam o que e como se pode trabalhar, por área e por
ciclo, no intuito de garantir coerência entre os pressupostos teóricos, os objetivos e os
conteúdos, mediante sua operacionalização em orientações didáticas e critérios de
avaliação. As questões sociais são incorporadas nos PCN como temas transversais.
São elas: ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural. Os
conteúdos levam em conta as particularidades dos estados e municípios, o grau de
profundidade e a melhor forma de distribuição no decorrer da escolaridade (BRASIL,
1997 apud SILVA, 2021).
Os PCN estão organizados em ciclos de dois anos. O primeiro ciclo se refere
às primeira e segunda séries; o segundo ciclo, à terceira e quarta séries, e assim por
diante para as outras quatro séries. É importante destacar, nesse contexto, que os
PCN foram escritos na época em que o ensino fundamental tinha oito anos (BRASIL,
1997 apud SILVA, 2021).
Os PCN de matemática buscam ampliar o debate nacional sobre o ensino
dessa área do conhecimento, socializando informações e resultados de pesquisas e
compartilhando-as com todos os professores brasileiros. O propósito é orientar a prá-
tica escolar para que os estudantes tenham acesso a um conhecimento matemático
que permita sua inserção como cidadãos no mundo do trabalho, das relações sociais
e da cultura. Além disso, os PCN visam a sinalizar a importância de estabelecer co-
nexões da matemática com os conteúdos relacionados aos temas transversais (BRA-
SIL, 1998).
Estudos na área de educação matemática realizados no Brasil e em outros pa-
íses apontam para a necessidade de adequar o trabalho escolar a uma nova reali-
dade, em que a matemática possa ser percebida nos mais diversos campos da ativi-
dade humana. Esse movimento tem influenciado análises e revisões nos currículos
de matemática (BRASIL, 1998 apud SILVA, 2021).
Os movimentos realizados para a reorientação curricular que ocorreram no Bra-
sil a partir dos anos 1920 não foram suficientes para mudar a prática docente, eliminar
a elitização do ensino e melhorar sua qualidade. Houve, por muito tempo (e, em alguns
nichos, ainda se perpetua), uma ideia de que a formalização de conceitos, o treino de
25
habilidades e a mecanização são adequados para o ensino de matemática. Já nas
décadas de 1960 e 1970, o ensino da matemática foi influenciado por um movimento
de renovação, que ficou conhecido como “matemática moderna” (BRASIL, 1998 apud
SILVA, 2021).
A matemática moderna privilegiava o pensamento científico e tecnológico, pre-
ocupando-se em aproximar a matemática escolar da matemática como é vista pelos
estudiosos e pesquisadores. No entanto, as propostas estavam fora do alcance dos
alunos, em especial daqueles das séries iniciais do ensino fundamental, de modo que
houve um distanciamento das questões práticas. O ensino se fundamentava em gran-
des estruturas, que organizavam o conhecimento matemático contemporâneo enfati-
zando a teoria dos conjuntos, as estruturas algébricas, a topografia, etc. Havia, na
verdade, exageros e distorções que foram incoerentes com a aproximação da mate-
mática a situações práticas. Porém, em 1980, surgiu um novo movimento, iniciado nos
Estados Unidos, que deu destaque à resolução de problemas no ensino da matemá-
tica. Essa ideia influenciou as reformas que ocorreram em todo o mundo (BRASIL,
1998 apud SILVA, 2021).
Obstáculos brasileiros no ensino de matemática incluem a falta de uma forma-
ção profissional qualificada, as restrições ligadas às condições de trabalho, a falta de
políticas educacionais efetivas e as interpretações equivocadas de concepções peda-
gógicas. Diversos esforços vêm sendo feitos para reduzir esses problemas, por parte
de grupos de professores, de secretarias de educação, de universidades e demais
instituições preocupadas com o ensino. No entanto, essa não é uma realidade aces-
sível a todos os professores, o que promove uma expressiva desigualdade de oportu-
nidades, tanto para professores, em termos de qualificação, quanto para alunos, em
termos de acesso às melhores práticas (BRASIL, 1998 apud SILVA, 2021).
O Brasil é um país com uma extensa área territorial, onde vemos, diariamente,
as disparidades regionais que dificultam a igualdade de condições, de acesso a uma
educação de qualidade, de direitos iguais aos cidadãos brasileiros, tanto aos nossos
estudantes quanto aos docentes. A escassez de políticas públicas educacionais (e
não apenas delas) impacta negativamente a qualidade do ensino. A matemática,
nesse contexto, muitas vezes é abordada de forma completamente desconexa da re-
alidade, e não por falta de interesse dos professores, mas por falta de qualificação e
26
de acesso à pesquisa, a recursos e a experiências que viabilizem um trabalho eficiente
e de qualidade.
É importante, nessas circunstâncias, discutir a natureza do conhecimento ma-
temático e identificar suas principais características, visando refletir sobre o papel
dessa disciplina do conhecimento no currículo (BRASIL, 1998, p. 24 apud SILVA,
2021):
27
É importante considerarmos que a matemática é impulsionada por duas forças
indissociáveis: por um lado, o apelo às aplicações das mais variadas atividades hu-
manas, das mais simples às mais complexas; por outro lado, a especulação pura, a
busca por respostas a questões geradas. A matemática está presente na quantifica-
ção do real (contagem, medição) e no desenvolvimento de técnicas de cálculo com os
números e grandezas, mas vai além. Ela cria sistemas abstratos, que organizam, in-
ter-relacionam e revelam fenômenos do espaço, do movimento, das formas e dos nú-
meros, associados, muitas vezes, a fenômenos do mundo físico (BRASIL, 1998 apud
SILVA, 2021).
Fonte: veja.abril.com.br
28
importância da história da matemática e das tecnologias da comunicação, a importân-
cia de estabelecer conexões entre os conteúdos, entre a matemática e outras áreas
do conhecimento, suas relações com o cotidiano e com os temas transversais.
Não existe um caminho único para o ensino da matemática, mas conhecer as
possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor cons-
trua sua prática. Como exemplo, pode-se destacar a história da matemática, as tec-
nologias da comunicação e os jogos como recursos que fornecem os contextos dos
problemas e os instrumentos para a construção de estratégias de resolução (BRASIL,
1998 apud SILVA, 2021).
Santos, Oliveira e Oliveira (2013 apud SILVA, 2021) destacam o uso da história
da matemática no ensino fundamental, explicando que ela pode auxiliar o professor
em sua prática em sala de aula por meio de um processo de transposição didática e,
em conjunto a outros recursos didáticos e metodológicos, oferecer uma importante
contribuição ao processo de ensino e aprendizagem. A história da matemática, em
todos os níveis da educação básica, atribui significado aos conceitos matemáticos e
estimula os alunos a refletirem. Assim, atividades sistematizadas nesse sentido aju-
dam a fazer relações interativas entre as partes que integram o processo construtivista
de desenvolvimento que associa a linguagem matemática e a construção histórica.
Os PCN incorporaram, já no ensino fundamental, o estudo da probabilidade e
da estatística e evidenciaram a importância da geometria e das medidas para o de-
senvolvimento das capacidades cognitivas fundamentais. Os blocos de conteúdo para
o ensino fundamental são: números e operações; espaço e forma; grandezas e medi-
das e tratamento da informação (KOBASHIGAWA, 2006 apud SILVA, 2021).
No terceiro ciclo do ensino fundamental, convivem alunos de 11 e 12 anos com
características, por vezes, bastante infantis. Os alunos mais velhos, que já passaram
por uma ou várias reprovações e/ou interrupção dos estudos, também podem perten-
cer a esse ciclo. O estudo repetitivo de muitos conteúdos contribui para o fracasso
escolar, e alguns alunos atribuem esse fracasso à matemática, pois acham que ela
tem pouca utilidade prática e se sentem incapazes de compreender seus principais
conceitos (BRASIL, 1998 apud SILVA, 2021).
Diante dessa complexidade, é importante considerar a bagagem de conheci-
mentos matemáticos que os alunos trazem consigo, dando continuidade ao processo
29
de consolidação desses conhecimentos. Estimular o senso crítico dos estudantes, ins-
tigando para que sejam questionadores, busquem explicações e finalidades para as
questões quanto à utilidade da matemática, compreendam como ela foi construída e
busquem soluções para problemas do cotidiano, os auxiliará a compreender e atuar
no mundo (BRASIL, 1998, p. 63 apud SILVA, 2021):
31
em que os números racionais sejam insuficientes para resolver determinados proble-
mas, tornando necessária a consideração de outros números: os irracionais. Deve-se
levar o aluno a selecionar e utilizar procedimentos de cálculo (exato ou aproximado,
mental ou escrito) mais adequados à situação-problema proposta, fazendo uso da
calculadora como um instrumento para produzir resultados e para construir estratégias
de verificação desses resultados. Deve-se destacar que, no campo dos racionais,
ocorrem duas representações, a fracionária e a decimal, que pode ser finita ou infinita
periódica. Tratando-se do estudo da álgebra, são fundamentais a compreensão dos
conceitos de variável e de função, a representação de fenômenos na forma algébrica
e na forma gráfica, a formulação e a resolução de problemas por meio de equações
(ao identificar parâmetros, incógnitas, variáveis) e o conhecimento da sintaxe (regras
para resolução) de uma equação.
Bloco Espaço e Forma: o ponto de partida para o estudo está na análise das
figuras por observações, manuseios e construções que permitam, aos alunos, fazer
conjecturas e identificar propriedades. Aqui, cabem atividades que permitam, ao
aluno, perceber que, pela composição de movimentos, é possível transformar uma
figura em outra. O trabalho de ampliação e redução de figuras possibilita a construção
da noção de semelhança de figuras planas. Os problemas de geometria oportuniza-
rão, aos alunos, os primeiros contatos com a necessidade e as exigências estabele-
cidas por um raciocínio dedutivo.
Bloco Grandezas e Medidas: permite a articulação entre diversos conteúdos
matemáticos. Os estudantes poderão ampliar a noção de número e aprender noções
geométricas. As medidas indicadas para estudo nesse ciclo não se referem somente
às grandezas de fenômenos físicos ou sociais, mas também a medidas de memória
do computador. Indica-se o estudo de grandezas determinadas pela razão de duas
outras, como a densidade demográfica, ou pelo produto, como a energia elétrica
(kWh).
Bloco Tratamento da Informação: nesse momento, os alunos já têm melho-
res condições de desenvolver pesquisas sobre sua própria realidade e interpretá-las,
fazendo uso de gráficos e algumas medidas estatística. Nas situações-problema en-
volvendo estatística, os alunos podem dedicar mais tempo à construção de estratégias
e se sentir estimulados a testar suas hipóteses e interpretar resultados de resolução.
Também podem ser utilizados softwares de fácil acesso, como planilhas eletrônicas,
32
que permitem construir diferentes tipos de gráfico. O estudo da probabilidade permitirá
que os alunos percebam que podem indicar a possibilidade de ocorrência de determi-
nado evento e compará-la com a probabilidade prevista por um modelo matemático.
Fonte: novaescola.org.br
Para tanto, é necessário considerar que, cada vez mais, integramos uma soci-
edade da informação, globalizada, e, portanto, a educação deve voltar-se para o de-
senvolvimento das capacidades de comunicação, resolução de problemas e tomada
de decisões, oportunizando fazer inferências, criar, aperfeiçoar conhecimentos e va-
lores, e trabalhar cooperativamente (BRASIL, 2002 apud SILVA, 2021).
Para Ricardo e Zylbersztajn (2008 apud SILVA, 2021), os PCN para o ensino
médio são uma ambiciosa tentativa de o Ministério da Educação propor mudanças
curriculares e metodológicas nas práticas educacionais presentes na escola. Tra-
tando-se da matemática, a implementação das propostas enfrenta várias dificuldades,
como a falta de discussão nas escolas de modo que possam ser compreendidas pelos
professores, a falta de políticas educacionais que possam viabilizar discussões e a
falta de formação continuada e de ações efetivas para modificar a estrutura escolar
centralizadora e com cargas horárias pesadas para os docentes.
33
Conforme os PCN do ensino médio, a matemática tem um valor formativo,
ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, formando, no aluno, a capa-
cidade de resolver problemas genuínos, gerando hábitos de investigação, proporcio-
nando confiança e desprendimento para analisar e enfrentar novas situações, permi-
tindo a formação de uma visão ampla e científica da realidade, entre outras capacida-
des. A matemática, no ensino médio, também desempenha um papel instrumental,
uma vez que é uma ferramenta para a vida cotidiana. Ela deve ser vista, pelo aluno,
como um conjunto de técnicas e estratégias para serem aplicadas a outras áreas do
conhecimento, bem como a atividades profissionais (BRASIL, 2002 apud SILVA,
2021).
Além disso, a matemática deve ser vista como ciência, com suas características
estruturais específicas. No ensino médio, aqueles conhecimentos adquiridos no en-
sino fundamental são ampliados, e o aluno pode desenvolver suas capacidades de
abstração, raciocínio, resolução de problemas, investigação, análise e compreensão
de fatos matemáticos e de interpretação da própria realidade. O uso de tecnologias
ligadas à matemática também é essencial, uma vez que elas têm impacto direto na
vida dos indivíduos (BRASIL, 2002 apud SILVA, 2021).
Os PCN do ensino médio estabelecem os objetivos para que o ensino da ma-
temática possa resultar em aprendizagem real e significativa para os alunos. Con-
forme Brasil (2002 apud SILVA, 2021), as finalidades do ensino de matemática no
nível médio incluem levar o aluno a:
compreender conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que
lhe permitam desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação
científica geral;
aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utili-
zando-os na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e nas ati-
vidades cotidianas;
analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes, utili-
zando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria, que
lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da matemática,
das outras áreas do conhecimento e da atualidade;
desenvolver as capacidades de raciocínio, de resolução de problemas e
de comunicação, bem como o espírito crítico e criativo;
34
utilizar, com confiança, procedimentos de resolução de problemas para
desenvolver a compreensão dos conceitos matemáticos;
expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e
valorizar a precisão da linguagem e as demonstrações em matemática;
estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos e entre esses
temas e o conhecimento de outras áreas do currículo;
reconhecer representações equivalentes de um mesmo conceito, relaci-
onando procedimentos associados às diferentes representações;
promover a realização pessoal mediante o sentimento de segurança em
relação às suas capacidades matemáticas, o desenvolvimento de atitu-
des de autonomia e cooperação. O desenvolvimento de valores, habili-
dades e atitudes desses alunos em relação ao conhecimento e às rela-
ções entre colegas e professores é essencial. De fato, essa preocupação
com a formação integral dos indivíduos é um dos objetivos centrais da
educação (BRASIL, 2002 apud SILVA, 2021).
Conforme Brasil (2006 apud SILVA, 2021), explorar conteúdos a respeito de
números, álgebra, medidas, geometria, noções de estatística e probabilidade envolve
diferentes formas do pensar em matemática, diferentes contextos para as aplicações
e a existência de razões históricas que originaram esses conhecimentos. Portanto, os
conteúdos ou temas escolhidos para o processo de ensino e de aprendizagem em
matemática devem permitir, ao aluno, desenvolver suas competências, avançando em
relação ao ponto em que se encontra.
Um conjunto de temas com relevância científica e cultural e com articulação
lógica das ideias e conteúdos matemáticos pode ser sintetizado em três eixos ou te-
mas estruturadores, que serão vistos a seguir (BRASIL, 2006 apud SILVA, 2021).
35
números complexos e as funções e equações de variáveis ou incógnitas reais. Para o
desenvolvimento desse eixo, são propostas duas unidades temáticas:
1. variação de grandezas;
2. trigonometria.
36
Usar as formas geométricas para representar ou visualizar partes do mundo
real é uma capacidade importante para a compreensão e a construção de modelos
para a resolução de questões da matemática e de outras disciplinas. Como parte in-
tegrante desse tema, o aluno poderá desenvolver habilidades de visualização, de de-
senho, de argumentação lógica e de aplicação na busca de soluções para problemas.
A matemática do ensino médio pode ser determinante para a leitura das infor-
mações que circulam na mídia e em outras áreas do conhecimento na forma de tabe-
las, gráficos e informações de caráter estatístico. Contudo, espera-se do aluno nessa
fase da escolaridade que ultrapasse a leitura de informações e reflita mais critica-
mente sobre seus significados. Assim, o tema proposto deve ir além das simples des-
crição e representação de dados, atingindo a investigação sobre esses dados e a
tomada de decisões.
37
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
38