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Amissina Latifo Estevão

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UM ESTUDO SOBRE COMO A PRÁTICA DOCENTE


INTERAGE COM AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
Curso de Licenciatura Em Ensino de Português

Universidade Rovuma
Cabo Delgado
2022
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Amissina Latifo Estevão

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UM ESTUDO SOBRE COMO A PRÁTICA DOCENTE


INTERAGE COM AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM

Projecto de pesquisa científica, a ser


apresentado no departamento de ciências de
língua, comunicação e Arte, recomendado pelo
docente da cadeira de MEIC, curso de
Português 1º ano 1º semestre, para fins
avaliativo

Mestre: Félix Nhambe

Universidade Rovuma
Cabo Delgado
2022
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Índice
Introdução................................................................................................................................................3

Tema........................................................................................................................................................4

Problematização......................................................................................................................................4

Justificativa..............................................................................................................................................4

Fundamentação teórica............................................................................................................................5

Que gramática utilizar na escola?...........................................................................................................5

Metodologia da pesquisa.........................................................................................................................6

A escola e os sujeitos da escola...............................................................................................................7

Cronograma de actividades......................................................................................................................8

Plano orçamental.....................................................................................................................................8

Bibliografia..............................................................................................................................................9
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Introdução
Este trabalho tem como objectivo geral reflectir sobre a variação linguística dentro do processo
de letramento, em outras palavras, pretende-se investigar como a prática docente intervém na
relação entre o ensino da gramática normativa e as variações linguísticas. Para alcançar tal
objectivo, almejo identificar as diferentes concepções de linguagem e gramática adoptadas pela
professora, identificar os diferentes métodos utilizados em sala e por último analisar a presença
de variantes linguísticas nos materiais didácticos utilizados pelos alunos.

Para esta pesquisa irei optar pela abordagem qualitativa, que inclui a metodologia do estudo de
caso, pois busca-se retratar uma realidade a partir de uma situação mais ampla para em seguida
focar objectivos mais específicos, além de ter uma preocupação maior com o processo de
desenvolvimento da pesquisa em lugar de focar somente no resultado final.

A construção teórica deste trabalho baseia-se nos estudos de variação linguística e norma
gramatical. Parto do princípio de que actualmente nas aulas de língua portuguesa existe uma
preocupação em alguns casos com uma prática de ensino voltada para a aprendizagem de um
código linguístico, para a classificação e identificação da formação de palavras, as classes
gramáticas e a disposição das palavras nas orações. O material didáctico muitas vezes utilizado
pelos professores nas escolas, em sua maioria, trabalha a norma-padrão a partir de frases isoladas
e descontextualizadas, não permitindo uma reflexão crítica sobre os diferentes padrões e
variedades linguísticas.

Minha hipótese é de que o actual ensino de língua portuguesa nas séries iniciais ao privilegiar o
ensino prescritivo da gramática, em detrimento de uma prática que permita à criança inserir-se na
"cultura letrada" (SOARES, 2005), impede uma reflexão mais ampla no contexto escolar sobre a
relação entre diferentes variedades linguísticas nesse processo.
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Tema
Conforme CERVO e BERVIAN (1989:21), “tema é qualquer evento que se observa e se quer
por em estudo, o tema resulta de uma inquietação social ou pode ser um fenómeno que preocupa
um grupo natural, que mereça um estudo”. Nesta perspectiva o tema deste projecto é:

 Variação linguística: um estudo sobre como a prática docente interage com as diferentes
concepções de linguagem

Problematização
O problema é uma questão não resolvida, algo para o qual vai-se buscar uma resposta, através de
pesquisa. Pode estar referido a alguma lacuna epistemológica ou metodológica percebida, a
alguma dúvida quanto à sustentação de uma afirmação geralmente aceita, à necessidade de pôr à
prova uma suposição, a interesses práticos ou à vontade de compreender e explicar uma situação
do quotidiano (VERGARA, 2000).

A escola seja um espaço de formação e informação, em que a aprendizagem de conteúdos deva


necessariamente favorecer a inserção do aluno no dia-a-dia das questões sociais marcantes e em
um universo cultural maior. A formação deve propiciar o desenvolvimento de capacidades, de
modo a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenómenos sociais e culturais, assim como
possibilitar aos alunos usufruir das manifestações culturais nacionais e universais. (BRASIL,
1997, p. 33).

Nesse contexto o problema dessa pesquisa será:

 Quais são as causas a prática docente interage com as diferentes concepções de


linguagem?
 Será que não estaríamos ignorando a diversidade cultural e social presente em nossa
sociedade?

Justificativa
Justificativa é o único item do projecto que apresenta resposta a questão por quê? Consiste numa
exposição sucinta porem completa das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática
que tornam importante a realização da pesquisa (LAKATOS e MARCONI, 2001).
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Nesta lógica escolheu-se este tema na perspectiva de contribuir na melhoria do processo e ensino
aprendizagem na leccionação da disciplina de língua portuguesa. Sobre tudo os PCNs advogam
que a linguagem está estreitamente ligada à participação social do sujeito em sociedade e ao
contexto histórico, sendo “uma forma de acção interindividual orientada por uma finalidade
específica; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos
diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da sociedade” (BRASIL, 1997,
p.22). Portanto, um sujeito poderá falar ou escrever de diferentes formas, dependendo da
situação, da pessoa a quem se dirige, do grau socioeconómico, etc. A partir desse processo
comunicativo, o sujeito construirá instrumentos para melhor compreender as diferentes
representações de mundo. Ou seja, a linguagem verbal permite que o homem também construa e
comunique ideias, pensamentos e intenções de diversas naturezas, de modo a permitir a criação e
o estreitamento dessas novas representações.

Fundamentação teórica

Que gramática utilizar na escola?


Quando pensamos em gramática, parece que sempre nos remetemos àquele conceito tradicional
de língua portuguesa, em seu conjunto de normas e regras fixas a serem seguidas, no que se
refere à língua escrita e falada. Normas e regras que se constituem em leis rígidas e imutáveis
frente ao tempo.

Segundo Bortoni-Ricardo em entrevista concedida à revista virtual Carta Magna, “Entre os


gregos e os romanos, gramática significava ciência gramatical: conjunto de prescrições e regras
que determinam o uso considerado correto da língua escrita e falada” (BORTONI-RICARDO,
2006). No entanto, devido aos avanços dos estudos na ciência linguística, surgiram diferentes
linhas teóricas que definiam o termo gramática de acordo com os seus pressupostos teóricos. As
noções de gramática que entendo como sendo mais relevantes para este estudo são: a gramática
prescritiva, a gramática descritiva e a gramática internalizada.

A gramática prescritiva, também conhecida como gramática normativa, muito difundia ainda nos
currículos de língua portuguesa, essa gramática acaba por se confundir com o próprio ensino da
língua materna, apesar de que os conceitos língua materna e gramática padrão serem
completamente diferentes. Nos tempos atuais, as gramáticas prescritivas continuam sendo
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produzidas em massa, além de dicionários e guias ortográficos para escrever correctamente. Esse
empreendimento ocorre também em países em desenvolvimento, comprometidos na
padronização de uma língua nacional (BORTONIRICARDO, 2006).

Esse português difundido pela gramática prescritiva é ensinado somente nas escolas e não se
assemelha a nenhuma língua falada. Caracteriza-se como um conjunto de regras que devem ser
seguidas indubitavelmente, baseando-se apenas numa certa concepção de escrita e raramente
observam a fala. Dentro dessa linha normativista, as variantes linguísticas seriam consideradas
“erros”.

No entanto, para a gramática descritiva os chamados “erros” são apenas diferentes formas que
determinados grupos seguem ao falar e escrever, podendo uma mesma pessoa falar diferente em
certos contextos. Esse pensamento é permitido dentro dessa concepção, pois ela se caracteriza
como uma gramática que reflete sobre regras existentes dentro da língua, usadas no quotidiano
por diferentes grupos.

Metodologia da pesquisa
Como foi dito inicialmente o objectivo dessa pesquisa é identificar as diferentes concepções de
linguagem adoptadas pela professora, identificar os diferentes métodos utilizados em sala e por
último analisar a presença da variação linguística nos materiais didácticos produzidos pela
regente. Foram esses os questionamentos que vieram a minha mente quando comecei a estudar
sobre o tema variação linguística, portanto resolvi escolher o estudo de caso como metodologia,
que se situa dentro de uma abordagem qualitativa de pesquisa.

Na área de educação, tem crescido o interesse pelas pesquisas etnográficas e estudos de caso.
Lüdke e André no livro Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas esclarecem alguns
aspectos relevantes sobre a abordagem qualitativa e as diferentes metodologias dentro desse tipo
de abordagem.

Para ambas a pesquisa qualitativa pode se caracterizar em cinco aspectos principais. Essas
características referem-se à observação de campo como sua fonte de dados e o pesquisador como
seu principal instrumento. Refere-se ainda ao fato de que os dados colectados são
predominantemente descritivos. Nela a preocupação com o processo deve ser maior do que são
com o produto. O foco de atenção do pesquisador está no “significado” que as pessoas dão às
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coisas e à sua vida. E a análise dos dados tendem a seguir um processo indutivo (LÜDKE e
ANDRÉ, 1986, p.13).

A pesquisa qualitativa parte de uma perspectiva mais ampla com objectivos gerais para depois
tornar-se mais directa e com objectivos específicos. Além disso, essa modalidade de pesquisa se
tornou mais favorável, visto que tem uma preocupação em retratar a perspectiva dos
participantes do processo, por isso necessita utilizar dados descritivos para melhor captar as
acções e ideias de cada sujeito.

São diferentes as formas que a pesquisa qualitativa pode assumir, dentre elas o estudo de caso,
metodologia de trabalho adoptada aqui. Segundo Lüdke e André (1986, p.17), “o estudo de caso
é o estudo de um caso, seja ele simples e específico, como o de uma professora competente de
uma escola pública, ou complexo e abstracto, como o das classes de alfabetização (CA) ou o do
ensino nocturno”. Cada estudo de caso é sempre delimitado e específico, tendo um interesse
próprio e singular. Segundo Goode e Hatt (1968) apud LÜDKE e ANDRÉ (1986, p.17), “o caso
se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”.

A escola e os sujeitos da escola


Neste trabalho, delimitei o estudo ao universo da sala de aula e de seus agentes, objectivando
investigar o uso da linguagem e os cadernos de língua portuguesa utilizados pelos alunos
(incluindo materiais de consulta). Durante os oitos encontros tentei participar e vivenciar o
quotidiano daquele espaço de modo a investigar as diferentes concepções de linguagem e
colectar dados que evidenciassem o ensino da variação linguística.

Garantir que todas as nossas crianças e jovens tenham acesso a conhecimentos indispensáveis
para sua formação como cidadãos também nos leva a questionar esses conhecimentos comuns a
todos em um primeiro momento.
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Cronograma de actividades
Tabela 1:

Descrição das Período: 2023


Actividades Março Abril

I e II Semana III e IV semana III Semana


Escolha do tema X
Recolha de dados X
Revisão bibliográfica X
Elaboração do projecto X
Revisão do projecto X
Entrega do projecto X
Fonte: Autora

Plano orçamental
Tabela 2:

No Designação Quantidade Preço Unitário Total


1 Esferográfica 2 20,00 mt 40,00 mt
2 Resma 1 350,00 mt 350,00 mt
3 Borracha 2 10,00 mt 20,00 mt
4 Lápis 2 10,00 20,00 mt
5 Post-it 1 50,00 50,00 mt
6 Bloco de notas 1 50,00 mt 50,00 mt
8 Lanche 4 250,00 1000,00mt
9 Imprensão 13 5,00 mt 65,00 mt
10 Encadernação 1 30,00 mt 30,00 mt
Sub-Total 1.625,00 mt
Imprevistos 500,00 mt
Total geral 2.125,00 mt
Fonte: Autora
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Bibliografia
CERVO, Amada Luis & BERVIAN, Pedro Alcínio. Metodologia Científica. 4ᵃ ed. São Paulo.
1980.

CURRIE, K. L. et al. Meio ambiente: interdisciplinaridade na prática. Campinas: Papirus, 1998.


FADINI, A. A. B., Lixos: desafios e compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na
Escola. São Paulo: 1ª ed. 2001

GIL, António Carlos. Como elaborar projecto de pesquisa 4ª ed. São Paulo: Atlas. 2004.

KOCHE & TEXEIRA, Metodologia de pesquisa 1ª ed; Beira. 2001.

MARCONI, Maria de Andrade; e LACATOS, Eva Maria, Metodologia do Trabalho Cientifico,


3a ed., São Paulo: Atlas. 2001.

OLIVEIRA, M. V. de C; CARVALHO, A. de R. Princípios básicos do saneamento do meio. 4.


ed. São Paulo. 2004

SCARLATO, F. C.; PONTIN, J. A. Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e educação. São


Paulo: Atual, 1992.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula.


São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

BORTONI-RICARDO, S.M. Entrevista. Letra Magna, 2006. Disponível em:


http://www.letramagna.com/stella.htm, acesso em 08/09/2015.

BORTONI-RICARDO, S. M. & MACHADO, V. R. & CASTANHEIRA, S. F. Formação do


professor como agente letrador. São Paulo: Contexto, 2010.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.


Brasília: MEC/SEF, 1997.

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