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Microeconomia

10. Os Custos da Empresa


Hugo Castro Silva

1º ano — 4º trimestre — 2021/2022


Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

No ano passado paguei 10 milhões de euros por um estudo de


viabilidade de investimento.
Recebi hoje os resultados do estudo de mercado: se eu investir
1.000€ hoje, amanhã vou receber 1.100€.

Devo investir?

Ontem comprei um carro por 20.000€ do qual espero vir a tirar uma
utilidade equivalente a 25.000€.
Hoje o carro avariou e para o reparar preciso de gastar 10.000€.

Devo reparar?

E se a reparação custasse 24.999€?

Ontem à noite jantei fora, e dividimos a conta. A minha parte foi 20€.

Qual foi o custo de ir comer fora?

O Contabilista vs. O Economista


Contabilista Economista

Lucro
Económico
Lucro
Contabilístico
Custos
Receita Implícitos Receita
Custo de
oportunidade
total
Custos Custos
Explícitos Explícitos

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Custo de Oportunidade
No ano passado paguei 10 milhões de euros por um estudo de
mercado. Recebi hoje os resultados do estudo de mercado: se eu
investir hoje 1.000€, amanhã vou receber 1.100€.

Devo investir?

O valor do estudo de mercado não deve ser considerado na


decisão (é um custo afundado).
No entanto, só posso responder à pergunta depois de saber qual
é o custo de oportunidade de investir os 1.000€.

Que mais poderia fazer com os 1.000€?

O custo de oportunidade é o valor da melhor aplicação


alternativa de um dado recurso.

Custos Afundados

• Já foram incorridos, são irreversíveis, e são irrecuperáveis se a


empresa interromper a atividade. Logo, irrelevantes para a tomada de
decisão da quantidade a produzir.
– Ex: despesas com estudo de mercado; máquina já instalada.

• O grau de afundamento depende


– da durabilidade: quanto mais depressa um investimento se depreciar, mais
depressa o seu valor vai ser incorporado no valor do produto, ficando menos
afundado.

– e da especificidade: quanto mais específico, mais afundado.

O Contabilista vs. O Economista

• Para a decisão interna da empresa (escolha da quantidade óptima) o


custo relevante é o custo económico.

• O custo económico difere do custo contabilístico porque:


– inclui o custo de oportunidade.

– não considera os custos afundados.

Funções Custo

• Custo Total: CT(Q) ≡ CF + CV(Q)

- por exemplo: CT = CF + αQ − βQ 2 + γQ 3

• Custo (Total) Médio: CM ≡ CT/Q


• Custo Variável Médio: CVM = CV/Q
• Custo Fixo Médio: CFM = CF/Q
dCT
• Custo Marginal: CMg ≡
dQ
• Nota: Todas estas funções representam custos económicos.
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Função de Custo Total

CT

Q
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Funções de Custos Médios
e CM

CVM

CFM

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Custo Médio e Marginal
e CMg CM

12
Custo Médio e Marginal
e CMg CM

CVM

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Economias de Escala

• Diz-se que uma empresa tem economias de escala se o custo médio


diminui quando a quantidade produzida aumenta.

• Quanto maior for o peso dos custos fixos, mais prolongadas são as
economias de escala.
• Produzir uma quantidade que minimize os custos não é
necessariamente desejável.

- O objectivo da empresa é maximizar o lucro, não minimizar os custos.

- Se houver procura para uma quantidade maior, pode justificar-se não ter
economias de escala.

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Economias de Escala
e CM

Economias Deseconomias
de escala de escala

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Economias de Gama

• Uma empresa também pode ter economias com uma gama de


produtos mais alargada.

• A empresa tem economias de gama quando o custo total de


produção ou distribuição de dois ou mais produtos em conjunto é
mais baixo do que o custo de produção separado.

• CT(Q1, Q2) < CT(Q1,0) + CT(0,Q2)


• Exemplos:
– Sabonetes, champôs, amaciadores, gel de banho.

– Fnac.

– Economias de marketing, I&D, descontos de fornecedores.

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Economias de Experiência

• O custo unitário ou médio de produção é decrescente com a


quantidade produzida no passado.
– Quantidade acumulada ao longo do tempo.

• Há acumulação de experiência e know-how.

• Curva de aprendizagem.

• Observar o ciclo de vida do produto quando se trabalha com produtos


caracterizados por curvas de aprendizagem.

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Curva de Aprendizagem/Experiência
e/uni

100

67

56
40

1 10 20 40
Qcumulativo

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Aprendizagem vs. Escala

CM

“tempo”

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Curto Prazo vs. Longo Prazo (1)

• Não há nenhuma definição formal do que é o curto ou o longo prazo.

• No contexto dos custos da empresa, dizemos que no curto prazo


existem factores de produção (ex. K ou L) que a empresa não pode
alterar.
– Existem custos fixos (e afundados).

• No curto prazo a empresa experiencia PMg decrescente.


– ex.: caso em que a dimensão da fábrica é fixa (K fixo), a produtividade de um
trabalhador adicional é menor que a do anterior.

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Curto Prazo vs. Longo Prazo (2)

• No longo prazo, nenhum dos factores de produção é fixo. A empresa


pode alterar qualquer um dos factores para qualquer nível.
– Já não existem custos fixos. Todos os custos são variáveis na medida em que a
empresa só incorre nos custos “fixos” se decidir produzir.

– Não há rendimentos decrescentes.

• Assim, no longo prazo, a empresa consegue sempre produzir com


custos médios inferiores aos de curto prazo, porque a empresa pode
sempre escolher a combinação de factores produtivos que minimiza o
custo médio para determinada quantidade de produção.
– A esta escala chama-se Escala Mínima Eficiente.

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Curto Prazo vs. Longo Prazo

CM
CM de curto prazo com
fábrica pequena
Fábrica média Fábrica grande

CM de longo prazo

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Bibliografia

• Mata: cp. 6

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