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III Unidade história da Educação

Física.
Professor Mario Duarte
A história da educação

Educação na antiguidade

• Quando pensamos em uma herança cultural deixada pelos povos da antiguidade, os legados das principais
cidades-estados gregas serviram como modelos de organização social e educativa para todas as civilizações que
vieram após esse período. Esparta tinha uma educação com regras rígidas e baseada em condutas militares.
Estimulava-se a competição entre os alunos exigindo sempre o melhor desempenho. Em contraponto, Atenas
valorizava o conhecimento das palavras, o discurso e a retórica.

• Como heranças desse processo educacional histórico, surgiram as correntes filosóficas como o sofismo: os
filósofos dessa corrente eram considerados mestres da retórica e oratória; para aqueles que desejassem segui-
los, eram-lhes ensinados a arte das palavras em que os alunos fossem capazes de se sagrar vitoriosos em debates
e discussões políticas..
A história da educação

Educação na antiguidade

• Dentro dessa mesma linha de pensamento, mas propondo uma posição oposta ao pensamento sofista, Sócrates
apresentava como proposta ensinar a pensar. Sua didática era com base na argumentação fundamentada em
uma análise lógica.

• Mesmo opostos, os pensamentos dos sofistas e de Sócrates contribuem para o desenvolvimento da educação
contemporânea, valorizando o conhecimento prévio do aluno como estratégia de ensino.
A história da educação

Educação na Idade Média

• A educação espartana reverberou para a Idade Média; traços comuns ao estilo militarista e de formação para o
combate e excelência. Durante a Idade Média, os estudantes eram formados de acordo com as regras rígidas das
igrejas e de acordo com o pensamento conservador da época.

• Nesse período, a educação fazia-se dentro do círculo familiar, promovendo, assim, a perpetuação dos códigos
morais com forte influência da religião.
A história da educação

Educação na Idade Média

• Como é possível observar na Figura ,

1. um menino declama um dever de retórica diante de seu pai (não do mestre). Tanto seus dois dedos da mão
direita quanto sua postura corporal (inclusive, a perna direita levemente inclinada para trás) compõem a
eloquência; o papiro na mão esquerda é símbolo da sua cultura e da sua dignidade social. O estudo na
antiguidade existia para adornar o espírito e instruir o estudante nas belas letras. Em Roma não havia
utilitarismo na educação.
A história da educação

Educação moderna

• Esse modelo de educação, centrado no professor e na transmissão de conhecimento, expandiu-se rapidamente


pelos séculos após a Idade Média. Tal movimento, impulsionado pela Revolução Industrial e, consequente,
migração populacional para as cidades, fortaleceu o anseio social pela democratização da educação e acesso das
mais variadas classes ao conhecimento.

• O modelo de hierarquização na educação em que o professor detém o conhecimento e o repassa para os alunos
de modo vertical passou a ser questionado por educadores como Maria Montessori e John Dewey. Estudos da
psicologia sobre aprendizagem e desenvolvimento humano impulsionaram esse movimento crítico à pedagogia
tradicional. Tais princípios objetivavam o resgate de valores atenienses, em que o conhecimento prévio do aluno
deve ser levado em consideração no processo de ensino e aprendizagem
A história da educação

Educação moderna

• Precisamos ter cuidado para não acharmos que a educação seguiu apenas esses dois caminhos durante a
história: sim, eles serviram como base para o pensamento e desenvolvimento de metodologias mais tradicionais
ou inovadoras.

• O processo de ensinar e de aprender não fica restrito a uma determinada relação social, processo formal ou
método.
A educação, sua natureza e finalidade

• Educação é a seleção e a transmissão de diferentes saberes, podemos dizer, assim, que estamos falando de um
campo amplo, ou seja, isso não pode ser limitado apenas ao espaço escolar.

• Pode-se aprender em diferentes espaços e meios, de acordo com a especificidade: por exemplo, família, igreja,
amigos. No entanto, a escola é um locus privilegiado, favorecendo o compartilhamento de saberes científicos de
modo didático e adaptado à idade de cada criança.

• Há várias linhas que discutem a natureza da educação e, para que possamos compreender, adotaremos a linha
de Dermeval Saviani (2005), que constrói sua teoria da natureza e especificidade da educação sob a luz do
referencial de Marx. Um dos pilares do pensamento de Marx é o trabalho, que, por ele, é descrito como a
transformação da natureza em bens úteis à vida humana. Este não modifica apenas a natureza, mas por meio do
trabalho o homem e seu meio também se transformam.
A educação, sua natureza e finalidade

• No segundo tipo, a relação é que o produto não se distancia do seu autor, e a educação está presente nesse
contexto. Por exemplo, a relação entre professor e aluno; para Saviani, tal relação em que o professor transmite
o conhecimento e o aluno o constrói é uma relação de trabalho e de produção não-material. Por ser algo
construído, em uma relação de cooperação, o aluno se apropria do conhecimento por meio desse processo de
transferência e, dessa forma, a ele pertence.
A educação, sua natureza e finalidade

Ao aprofundarmos nosso campo de pesquisa sobre a especificidade da educação, tendo como intuito a identificação
dos objetivos da educação, para o autor, temos:

• A identificação de elementos culturais que precisam ser assimilados;

• A distinção do que é essencial ou acidental, o que é principal ou secundário, o que é fundamental ou acessório.

Ao fazermos um resumo dos conceitos que trabalhamos, chegaremos às seguintes conclusões:

• A natureza da educação é o próprio homem;

• Há como finalidade a transmissão de conhecimentos adquiridos ao longo de toda a existência a fi m de


proporcionar sua continuidade;

• Seu objetivo é a seleção de conteúdos que precisam e possam ser transmitidos


A educação no Brasil

• Questões que envolvem a educação não são fatos isolados dentro de um contexto histórico, mas sim
estabelecem as relações entre as mais diferentes camadas da sociedade. Sendo assim, estudar (e compreender)
a história é fundamental para que se possa entender esses movimentos.

• Quando voltamos nosso olhar para o Brasil, em cada período fica evidente o poder da educação, bem como a
influência de governos e seus interesses no desenvolvimento desta. A educação passa de uma ferramenta de
transformação social e assume um modelo de dominação social, em que as elites tendem a determinar os rumos
que a educação seguirá.

• Por mais que a legislação mudasse com o passar dos anos, o propósito educativo que se propunha pouco
alterava, confirmando, dessa maneira, os objetivos das classes dominantes sobre as classes mais populares.
A educação no Brasil

A educação durante o Período Colonial (1500-1822)

• Com a chegada dos portugueses às terras brasileiras, deu-se início a um choque cultural, colocando os povos
originários como não detentores de conhecimento. Esse contexto favoreceu a chegada da Companhia de Jesus,
denominação da igreja católica com o objetivo de propagar o cristianismo em contraponto ao protestantismo. Os
jesuítas que faziam parte dessa congregação chegavam ao Brasil a fim de catequizar e instruir os índios,
tornando-os mais “dóceis” e fáceis para aceitarem a dominação portuguesa.

• A obra dos religiosos jesuítas estava conexa à política colonizadora, tendo a exclusividade do processo educativo
por mais de dois séculos. Esta apresentava um modelo educacional rígido que, aos poucos, trazia a
representação da sociedade, servindo como meio de ascensão social e continuidade do domínio político e
cultural. Podemos concluir que aqueles que não faziam parte da elite da época eram excluídos.
A educação no Brasil

A educação durante o Período Colonial (1500-1822)

• Após entrar em conflito com os jesuítas, em 1759, o Marquês de Pombal expulsou-os de todas as colônias
portuguesas, assumindo todas as escolas.

• Como medida para dar novos rumos à educação, foi aprovada a reforma pombalina dos estudos menores,
buscando criar uma escola útil aos fins do Estado.

• A saída dos jesuítas causou outra consequência para os portugueses que não estavam preparados: houve o
desmantelamento de toda a estrutura administrativa, obrigando o Estado a assumir os encargos da educação. A
nova realidade obrigou a mudança no quadro de professores e rebaixamento nos níveis de ensino.
A educação no Brasil

educação durante o Período Imperial (1822-1889)

• Com a chegada da família real (1808), mesmo com o desenvolvimento cultural apresentado pelo Brasil, a
educação ainda era restrita a poucos. Tinha como principal objetivo a formação das classes que comandavam o
País.

• ano de 1823, instituiu-se o método Lancaster, também conhecido como ensino mútuo. Um aluno era treinado
para ensinar e responsável pela transmissão de conhecimento para outros dez alunos. Tal prática diminuía o
número de professores.
A educação no Brasil

educação durante o Período Imperial (1822-1889)

• Com a promulgação da primeira Constituição Brasileira, outorgada em 1824, era garantida – em seu art. 179 – a
instrução primária e gratuita para todos os cidadãos. Apenas no ano de 1827 surgiu a primeira lei que
determinou a construção de escolas em todas as regiões do País, além de escolas para meninas, estas ainda não
tinham sido mencionadas nem tinham acesso anteriormente.

• O Ato Adicional (1834) e a nova Constituição Federal (1891) descentralizam o ensino, dando às províncias o
poder de gerir a educação. Contudo, isso não ofereceu suporte para que estas tivessem a capacidade de
estruturar redes de ensino. Tal dificuldade acentuou as diferenças entre classes; com as lacunas exigentes, o
ensino particular ganhou espaço e, por consequência, a educação voltada ao ensino das elites dominantes.
A educação no Brasil

educação após a Revolução de 1930 (1930-1937)

• Com a revolução, iniciou-se uma efervescência responsável por operar importantes discussões e transformações
na educação: pode-se dizer que se aparentava um despertar do País para a importância da educação. Criaram-
se o Ministério da Educação, Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, e as secretarias estaduais de educação
(1932). Surgiu o ideal de uma educação obrigatória, gratuita e laica, foi feito o Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova e, assim, tornou-se público o que se pretendia dentro desse movimento renovador.

• Surgiram desse manifesto vários projetos e discussões que deram origem à Constituição de 1934, buscando a
organização da educação no Brasil, incluindo um capítulo exclusivo para a educação, e dando novas
responsabilidades para o governo federal; tais como:

• Integração e planejamento global da educação;


• Função normativa para todo o Brasil;
• Assistência técnica;
• Função de fiscalização, controle e supervisão.
A educação no Brasil

A educação durante o Estado Novo (1937-1945) e o


governo populista (1945-1964)

• Tudo o que havia sido conquistado em relação à educação na Constituição de 1934 foi enfraquecido e algumas
coisas até suprimidas na Constituição de 1937.

• governo tinha pouco interesse na oferta de uma educação gratuita e pública. Com tal movimento, pretendia-se
destacar esse caráter dualístico da educação, atendendo às classes mais abastadas com o ensino regular e às
classes mais baixas com o ensino profissionalizante.
A educação no Brasil

A educação durante o Estado Novo (1937-1945) e o


governo populista (1945-1964)

• Ao final do Estado Novo, foi retomada a normalidade democrática e adotou- se uma nova Constituição. O novo
texto, promulgado em 1946, resgatou alguns trechos com direitos da Constituição de 1934, que tinham sido
suprimidos pela Constituição de 1938. Entre os artigos, podemos destacar:

• Art.166 – expressa claramente a educação como um direito de todos;

• Art.167 – o ensino deve ser ministrado pelo Poder Público, respeitando a livre iniciativa particular;

• Art.167 (continuação) – destinam-se recursos financeiros para o financiamento da educação, sendo 10% do
orçamento da União e 20% dos estados.
A educação no Brasil

A educação durante o Estado Novo (1937-1945) e o


governo populista (1945-1964)

• Esse último, mesmo sendo insuficiente para uma continuidade efetiva de um ano regular, representou um
grande avanço para a educação. Tal lei perdurou até 1961, quando, enfim, foi promulgada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Com a aprovação da LDBEN, inúmeras lutas por uma educação pública (e de
qualidade) se intensificaram para que – de fato – o direito de uma educação para todos fosse consolidado.
A educação no Brasil

A educação durante o Regime Militar (1964-1985)

• Com a chegada dos militares ao poder, alguns ideais de universalização e democratização da educação ficaram
para trás durante o período de governo. Houve uma intensa valorização da educação privada, ensino
profissionalizante e tecnicismo pedagógico. Durante esse período, a legislação foi extremamente confusa, com
vistas a atender ao mercado, dificultando, contudo, a formação e a ação dos professores.

• Assim como nos períodos anteriores, a educação tinha como desígnio atender às exigências e demandas
políticas, nesse período, a formação para o trabalho. Tal necessidade atendida pelas políticas educacionais havia
um objetivo principal: atender às necessidades de um mercado de trabalho atrasado e, assim, contribuir para
mitigar os protestos populares.
A educação no Brasil

A educação durante o Regime Militar (1964-1985)

Dentre as leis que podemos destacar, estão:

• Lei nº 5.540/1968: promove a reforma universitária, instituindo o vestibular classificatório, adota para as
universidades um modelo empresarial de gestão e organiza-as como unidades independentes;

• Lei nº 5.692/1971: reformula o ensino do 1º e 2º graus, cria o 1º grau de oito anos e o 2º grau com três ou quatro
anos de formação técnica, há o aumento das matérias obrigatórias em todo o território nacional
A educação no Brasil

educação brasileira de 1985 até a atualidade

• Houve grandes mudanças educacionais nos últimos anos e a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, que
“cuida da educação e do ensino de maneira especial com referência aos direitos, aos deveres, aos fins e aos
princípios norteadores”

• Entre as principais mudanças, segundo Aranha (1996, p. 223), podemos salientar:

• Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

• Ensino fundamental obrigatório e gratuito;

• Atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos;

• Valorização dos profissionais de ensino, com planos de carreira para o magistério público.
A educação no Brasil

educação brasileira de 1985 até a atualidade

• Tomando como base a Constituição de 1988, em 20 de dezembro de 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação. Pode-se considerar este o verdadeiro marco que tende a dar à educação uma atenção
adequada no que tange ao financiamento, formação de professores e atenção aos mais diferentes níveis de
ensino.

• No mesmo ano, o governo federal emitiu os Parâmetros Curriculares Nacionais, que estabeleciam a estrutura
central para o que deveria ser ensinado, ou seja, reestruturava os currículos em todo o território nacional. Este
foi outro passo importante para a consolidação de uma educação igualitária para todos.
A educação no Brasil

educação brasileira de 1985 até a atualidade

• Em paralelo as duas leis que regem a educação, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de
1968, possibilita que novos programas que objetivam proporcionar autonomia às escolas sejam mantidos.

Entre eles, temos:

• Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE);


• Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);
• Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE);
• Programa Nacional do Livro Didático (PNLD);
• Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM);
• Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e
Adultos (PNLA);
• Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) etc.
A educação no Brasil

educação brasileira de 1985 até a atualidade

• Em 2005, foi aprovada a Lei nº 11.096, que instituiu o Programa Universidade para Todos (ProUni). Com o
objetivo de ampliar e democratizar o acesso a cursos superiores, o programa concede bolsas de estudos em
instituições particulares. Outro programa que visa aumentar o acesso a cursos superiores é o Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), que busca substituir os exames tradicionais das universidades por intermédio das notas do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).• Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) etc.

• Após dois anos, surgiram mais duas leis que procuram regulamentar a educação: a primeira é o Fundeb, este
trata do financiamento da educação das partes que devem ser destinadas a esse fim por municípios, estados e
federação. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) buscava suprimir as carências existentes.
A educação no Brasil

educação brasileira de 1985 até a atualidade

• Em 2018, foi aprovada a Base Nacional Comum Curricular, que, em resumo, pode ser considerada como uma
grande aglutinação de todas as leis já existentes, com o objetivo de tratar a educação de forma igualitária e
uniforme em todo o território nacional. Até este momento, a BNCC atende apenas à educação infantil e ao
ensino fundamental I e II; a BNCC do ensino médio continua em discussão principalmente pelo retorno do
ensino profissionalizante e supressão de disciplinas, como Educação Física, Filosofia e Sociologia.
A Educação Física no Egito, em Atenas e em
Esparta

• A Educação Física inicia-se com a compreensão do corpo, ou seja, entender como funcionam os sistemas que
compõem essa máquina que trabalha de modo próximo à perfeição é um dos princípios dessa ciência. Três
civilizações deram uma nova visão às mesmas potencialidades, trazendo a essência de suas sociedades nas
práticas corporais.

• A civilização egípcia tinha como objetivo a compreensão do corpo, estudos como Anatomia, Biomecânica e
Fisiologia elevavam o conhecimento sobre o corpo. Este era visto como uma máquina perfeita e compreendê-lo
era fundamental para se alcançar a perfeição. Nas práticas corporais, dava-se ênfase ao desenvolvimento das
potencialidades corporais, como força, velocidade e flexibilidade.
A Educação Física no Egito, em Atenas e em
Esparta

• A civilização grega se dividia em duas vertentes, quando se fala em Educação Física. Uma das cidades-estados
mais importantes, Atenas, preocupava-se com a compreensão do corpo quanto à manifestação divina de beleza
e perfeição. Esparta, outra cidade-estado, focava-se nas potencialidades do corpo para o combate, ou seja, uma
máquina perfeita.

• Tal visão dualista do corpo e de suas potencialidades fundamentou a Educação Física como a conhecemos hoje.
Os estudos egípcios e sua visão biológica do corpo também ajudaram a desbravar essa área.
OBRIGADO

Mario Duarte Docente mariohand3@gmail.com

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