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Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio

Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

LÚCIO TEIXEIRA brasileiro, casado, médico, portador do CPF ⁸sob nº, e RG sob
nº SSP-MG, nascido na data , filho de xxxxxxxxx e xxxxx, residente e
domiciliada na Rua, nº, Bairro, CEP, Belo Horizonte – MG, por seu advogado,
que esta subscreve, inscrito na OAB/MG sob nº, com escritório profissional
situado a Rua , nº, Bairro, Belo Horizonte – MG, com fundamento no artigo 105, II
da Cosntituição Federal e artigo 30 a 32 da lei 8038/90, inconformado com o
acórdão proferido pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, o qual renegou
o Habeas Corpus, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência interpor
o presente

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS Remessa


ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Termos em que pede deferimento

Advogado/OAB XXX
Local e Data
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS

Egrégio Superior Tribunal de Justiça,

Colenda Turma,

Eminentes Ministros

PACIENTE: LÚCIO TEIXEIRA


Habeas Corpus nº. xxx

Em que pese o prestígio da colenda 1ª Câmara Criminal do Egrégio


Tribunal de Justiça, o acórdão proferido, denegando o pedido de Habeas
Corpus impetrado em favor do Paciente, não pode prosperar, pelas razões
fáticas e jurídicas abaixo aduzidas.

I - DOS FATOS

O paciente prestou atendimento clínicos e cirúrgicos em sua


residência no dia 18/12/2018, onde efetuou a aplicação de 200ml de silicone
referente a procedimentos de bioplastia de glúteos em uma paciente. Entretanto
e devido algumas complicações, esta paciente veio a óbito no dia seguinte
(19/12/2018).
Após uma denúncia anônima para as Autoridades Policiais, o Paciente Sr.
Lucio Teixeira foi autuado em flagrante delito. Em cumprimento a Resolução 215
do CNJ, sua audiência de custódia fora executada no dia 20/12/2018, onde o
seu representante legal requereu o RELAXAMENTO DE PRISÃO, com fulcro na
ilegalidade do flagrante, conforme previsto nos artigos 310, inciso I do Código de
Processo Penal e Artigo 5º, inciso LXV da Constituição Federal de 1988.
Realizada a análise dos pedidos na audiência de custódia no dia 20/12/2018,
formuladas pelo Ministério Público e pela defesa, o MM. Juiz, na própria
audiência decidiu:
“Trata-se d e c o m u n i c a ç ã o de prisão em flagrante d e
LÚCIO , (qualificação), preso em 19/12/2018, pela prática do
crime de homicídio doloso, previsto no art. 121 do Código Penal.
É de ressaltar que o Auto de Prisão em Flagrante Delito está
formalmente perfeito, obedecendo as disposições do art. 304
e 306 do Código de Processo Penal. Entretanto, conforme
bem observado pela Defesa, não há no presente caso nenhuma
das hipóteses (impróprio ou presumido) de flagrância que
justificassem a prisão do Autuado. Assim, se o auto de flagrante
aqui é nulo, não pode a segregação cautelar ser mantida pelos
mesmos fundamentos. Por outro lado, a ausência de flagrância
na prisão do Autuado não traduz qualquer obstáculo à
decretação de sua custódia cautelar, quando estejam
presentes outros requisitos autorizadores de prisão preventiva,
de maneira autônoma. Assim, no caso em tela, mesmo sendo o
Autuado primário, tem-se que as circunstâncias do crime são
graves, tendo em vista a recorrência da prática de tal atividade
pelo Acusado, bem como pelo falecimento da vítima. Dessa
maneira, nos termos do art. 310, I e art. 5º, LXV da CR/88 relaxo
a prisão em flagrante, mas, com o intuito de garantir a ordem
pública, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA DE LÚCIO, com
base no artigo 312, do CPP. Expeça-se o mandado de prisão
preventiva para o devido cumprimento. Cumprido o mandado de
prisão, enviar os autos ao distribuidor para encaminhamento à
Vara competente. Saem intimados todos os presentes. Nada
mais havendo, encerra-se o presente termo.”
Em decisão proferida em audiência de custódia, após ouvir o
Autuado, o Ministério Público e a Defesa, o Juiz decide por relaxar a prisão em
flagrante, devido à sua ilegalidade, por não ter corrido nenhuma das hipóteses
autorizadoras do flagrante no caso em apreço.
Contudo, de maneira simultânea, decretou a prisão preventiva, de forma
autônoma, a fim de preservar e/ou garantir a ordem pública.
Após a apresentação da Habeas Corpus, dessa vez, a Turma Julgadora
considerou que a manutenção da prisão preventiva de Lúcio se justificava
novamente em razão da garantia da ordem pública, em função da gravidade
abstrata do crime a ele imputado e da suposta intranquilidade social que sua
liberdade poderia causar. Observa-se, portanto, que: “Destarte, segundo se
depreende do exame dos autos, de fato, a conservação da prisão cautelar do
paciente se exibe imprescindível para a garantia da ordem pública.”

II – DOS FUNDAMENTOS
A Prisão Preventiva tem caráter subsidiário, sendo cabível apenas em
último caso, ou seja, quando tiverem sido esgotadas todas e quaisquer outras
medidas cautelares permitidas em lei. Neste contexto, há de invocar o
instituto previsto no Código de Processo Penal instituído nos Artigos 282 § 6º
Art. 282. As m e d i d a s c a u t e l a r e s p r e v i s t a s n e s t e
T í t u l o deverão ser aplicadas observando-se a:
[...]
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for
cabível a sua substituição por outra medida cautelar

Neste mesmo entendimento, há de se salientar o instituído no artigo 319


do CPP:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses
locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias
de folga quando o investigado ou acusado tenha residência
e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais; VII - internação provisória do acusado
nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
inimputável ou semi- imputável (art. 26 do Código
Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do
seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.

Conforme demonstrado, a prisão preventiva tem caráter


subsidiário haja vista a existência de medidas cautelares diversas da prisão,
suficientes e adequadas ao caso em concreto, tendo em vista a primariedade e
bons antecedentes do paciente.
Contudo pela primariedade do paciente, sem antecedentes negativos,
com residência fixa, sem quaisquer indícios de que o paciente atrapalhará as
investigações ou se locomoverá para local incerto e, portanto, sem justa causa
para a manutenção da prisão preventiva, só podemos presumir que se trata de
coação ilegal.
Há de salientar também que o paciente não produz risco a ordem pública.

III - MEDIDA
LIMINAR
A liminar é o meio usado para assegurar celeridade aos remédios
constitucionais, evitando coação ilegal ou impedindo a ocorrência desta. O
“fumus boni iuris” está presente na medida em que a existência de opções
diversas da prisão preventiva pode ser aplicada a esse caso em concreto.
Presente também está o “periculum in mora”, onde certamente a manutenção
da prisão p r e v e n t i v a a l é m d e p e r p e t u a r a c o a ç ã o i l e g a l t r a r á
enormes prejuízos ao paciente, sejam eles de ordem moral ou psicológica.
Os artigos 649 e 660, § 2º, do Código de Processo
Penal preconizam que o juiz ou Tribunal “fará passar
imediatamente a ordem impetrada” ou “ordenará que cesse imediatamente o
constrangimento”. Outrossim, estando o Paciente preso, o presente
mandamus assume caráter cautelar exigindo uma rápida atuação do Poder
Judiciário para que a liberdade ambulatória do indivíduo não seja afetada.
Por esses motivos, conceder liberdade ao Paciente encarcerado se
demonstra a medida mais justa, eis que o mesmo tem bons antecedentes,
não havendo a necessidade da manutenção da prisão preventiva.

IV – DOS PEDIDOS
a) Concessão da Liminar;
b) Concessão da presente ordem de Habeas Corpus com a revogação
da Prisão Preventiva;
c) Substituição da Prisão Preventiva pelas medidas cautelares
d) Expedição do alvará de Soltura;
e) Conhecimento e provimento do recurso.

Termos em que pede deferimento

Local, 01 de Março de 2019


Advogado OAB/XXX

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