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1.

INTRODUÇÃO
O diacetato de hidroquinona é composto orgânico aromático com dois
grupos ésteres. Esse composto é utilizado no desenvolvimento de
polímeros cristalinos líquidos termotrópicos. A utilização final desses
materiais está no desenvolvimento de filmes, revestimentos e outras
aplicações na engenharia.
A hidroquinona C6H4(OH)2, também conhecida como 1,4-benzenodiol é um
derivado do benzeno apresenta dois grupos hidroxila ligados a um anel
benzênico na posição para. Devido ao seu poder redutor, a hidroquinona
está presente em filmes fotográficos, nos quais gera a redução de haletos
de prata. Além disso, é um inibidor de polimerização e é usada na medicina
para clarear a pele. É aplicada na indústria farmacêutica na produção de
cosméticos clareadores de pele, devido a sua ação em células produtoras
de melanina. Também é muito usada como inibidor de reações de
polimerização de ácido acrílico. O primeiro pesquisador a descrever a
hidroquinona foi Woehler em 1844, que adicionou hidrogênio à 1,4-
benzoquinona obtendo por via sintética o 1,4-dihidroxibenzeno. A
hidroquinona encontra-se na natureza como hidroquinona β-D-
glicopiranosido (arbutina), nas folhas de várias plantas tais como “uva-ursi”,
e algumas variedades da pêra; frequentemente está associada ao seu éter
metílico (metilarbutina). A hidroquinona é um derivado fenólico, cujo nome
em latim é hydrochinonum, nome químico 1,4-benzenediol. Possui os
seguintes sinônimos, 1,4dihidroxibenzeno, quinol, hidroquinol, benzoquinol,
p-hidroxifenol. A hidroquinona apresenta-se sob forma de cristais brancos.
Existem três formas cristalinas, a α estável (faixa de fusão 173,8 – 174,8
ºC), como cristais em forma de agulhas hexagonais obtida pela cristalização
em água; a β instável, cristais em forma de agulhas ou prismas, obtida pela
cristalização em metanol ou isopropanol e a γ instável (ponto de fusão 169
ºC), cristais prismáticos obtidos por sublimação. A solubilidade da
hidroquinona é referida como sendo 1:17 em água, 1:4 em álcool, 1:51 em
clorofórmio e 1:16,5 em éter (v:v) . Em solução o processo de oxidação da
hidroquinona é bastante acelerada, principlamente em pH alcalino e retardo
em pH ácido entre 3 e 4,2 . A oxidação é acelerada também, pela exposição
a luz, na presença de metais (como ferro e cobre) e por agentes oxidantes
(como O2). Já o anidrido acético, C4H6O3, é um líquido incolor e de odor
semelhante ao do ácido acético, cuja desidratação produz o anidrido. Ele é
empregado na produção de acetato de celulose, especialmente na
produção de filmes e produtos plásticos. Outra aplicação do anidrido é para
a produção de aspirina. Cerca de 1,5% da produção anual é destinada para
essa síntese. Além disso, o anidrido acético é amplamente empregado nas
indústrias de cosméticos, plásticos, explosivos e agrotóxicos. A reação
entre a hidroquinona e o anidrido acético dá origem ao diacetato de
hidroquinona, que também é bastante utilizado na indústria cosmética.
Algumas formas de caracterização dessa substancia são realizadas por
técnicas espectroscópicas de infravermelho e de ressonância magnética
nuclear. O diacetato de hidroquinona é um composto cristalino muito
utilizado industrialmente como commodity na síntese de vários compostos
orgânicos. A síntese mais utilizada para a produção deste composto é a
partir da reação entre anidrido acético e hidroquinona (daí o nome
comercial) via catálise ácida. Pode ser utilizado também ácido acético ao
invés do anidrido acético. Para se obter informações sobre a estrutura e
composição de substâncias químicas, é necessário o desenvolvimento de
técnicas analíticas qualitativas e quantitativas. A espectroscopia na região
do infravermelho (IV) é uma técnica muito importante na análise orgânica
qualitativa, sendo amplamente utilizada nas áreas de química de produtos
naturais e de síntese e transformações orgânicas. O infravermelho e demais
métodos espectroscópicos modernos como a ressonância magnética
nuclear (RMN) constituem hoje os principais recursos para a identificação e
elucidação estrutural de substâncias orgânicas. São, também, de alta
relevância na determinação da pureza e quantificação de substâncias
orgânicas, bem como no controle e acompanhamento de reações e
processos de separação. A espectroscopia na região do infravermelho tem
sido também, amplamente utilizada em linhas de produção, no controle de
processos industriais. A ressonância magnética nuclear (RMN) é uma
técnica que permite determinar propriedades de uma substância através da
relação entre a energia absorvida e a frequência dessa energia, sob a
influência de um campo magnético. Em consequência da complexidade das
estruturas moleculares, os deslocamentos químicos no espectro de RMN
são muito sensíveis à estrutura e conformação da molécula, às interações
intermoleculares, à troca química e mudanças de conformação. A difração
de raios X (DRX) é uma técnica padrão para caracterizar a estrutura
cristalina dos materiais. Ela também pode ser utilizada para quantificar o
tamanho dos cristalitos dos materiais carbonosos .Quando este feixe
definido difrata em um cristal desconhecido, a medida dos ângulos de
difração dos raios emergentes pode elucidar a distância dos átomos no
cristal e, consequentemente, a estrutura cristalina . A Análise
Termogravimétrica (TG) pode ser dita como: a técnica termo analítica que
acompanha a variação de massa da amostra, em função da temperatura.
Em uma análise termogravimétrica, a massa de uma amostra em uma
atmosfera controlada é registrada continuamente como uma função da
temperatura ou do tempo à medida que a temperatura da amostra aumenta
(em geral linearmente com o tempo). Um gráfico da massa ou do percentual
da massa em função do tempo é chamado termograma ou curva de
decomposição térmica.
2. OBJETIVO
Preparação e caracterização do diacetato de hidroquinona.
3. METODOLOGIA

3.1. Síntese do diacetato de hidroquinona


Utilizou-se um erlenmeyer de 50mL, em que se pesou 1,83g de
hidroquinona (110,11g/mol). Pipetou-se 3,2mL de anidrido acético
(102,9g/mol) no erlenmeyer, seguindo-se a adição de uma gota de ácido
sulfúrico P.A. (36,55g/mol). Agitou-se a mistura até o resfriamento do
erlenmeyer, dentro de uma capela, evitando-se assim a inalação dos gases
desprendidos. O erlenmeyer foi posto então em banho frio para facilitar a
cristalização do produto. Após dez minutos, a solução foi filtrada a vácuo
com auxílio de lavagens com água destilada gelada. A figura 1 mostra a
reação dde obtenção do Diacetato de Hidroquinona.
3.2. Purificação
Os cristais obtidos são solubilizados em banho maria numa solução de
partes iguais de água destilada e etanol. Uma porção pequena de carvão
ativado foi adicionada à mistura e após um curto período de agitação, a
solução foi filtrada atmosfericamente e a quente, sendo o resíduo
descartado. Em seguida, após repouso para recristalização do filtrado do
passo anterior, a solução foi novamente filtrada a vácuo, com o auxílio da
solução gelada de partes iguais de água destilada e etanol. O retido foi
levado posteriormente para secagem em estufa.
3.3. Etapa de confirmação
Em um cadinho de porcelana, dissolveu-se alguns cristais do produto em
cerca de 1 ml de álcool etílico a 50%, que foi submetido a aquecimento em
chapa elétrica. Foram adicionadas algumas gotas de solução alcoólica
saturada de cloridrato de hidroxilamina e gotas de solução de KOH
alcoólica. A solução foi aquecida até borbulhar. Feito isso, a solução foi
resfriada, e adicionou-se 5% (v/v) de HCl e 1 gota de solução aquosa de 1%
de FeCl. A formação do diacetato de hidroquinona foi observada devido ao
surgimento de uma coloração avermelhada, que se origina pela formação
de hidroxamato férrico, que é teste positivo para éster carboxílico.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Etapa I: Síntese do diacetato de hidroquinona
4.1.1. Rotas sintéticas dos reagentes e do produto obtido

 Síntese da Hidroquinona
- Hidroperoxidação do p-diisopropilbenzeno (p-DIPB)

Figura 1 Síntese da hidroquinona a partir da hidroperoxidação do p-diisopropilbenzeno

O p-DIPB é oxidado à diidroperóxido (DHP) em meio levemente alcalino à


temperaturas entre 80-90 ºC, e o DHP é transformado em hidroquinona e acetona por
meio de catálise ácida com o reagente de Hock. O rendimento é por volta de 80%.

 Síntese do anidrido acético

*Desidratação do anidrido acético


Figura 2 Obtenção do anidrido acético a partir da desidratação intermolecular do ácido acético

- Reação entre um haleto de acetila e um sal acético

Figura 3. Síntese do anidrido acético a partir da reação entre cloreto de acetila e acetato de sódio

- Carbonilação do acetato de metila


*Mais utilizada industrialmente

Figura 4 Síntese do anidrido acético a partir da reação de carbonilação do acetato de metila

Síntese do diacetato de hidroquinona


- Reação de esterificação entre a hidroquinona e o anidrido acético
Figura 5 Síntese do diacetato de hidroquinona a partir da reação entre a hidroquinona e o anidrido acético

4.1.2. Discussão da reação de obtenção do diacetato de hidroquinona e


cálculo do rendimento obtido
Inicialmente, foram colocados no sistema reacional os dois reagentes, e ao
meio foi adicionada uma gota de H2SO4, que atua como catalisador da reação,
a qual necessita ocorrer em meio ácido. O ácido sulfúrico também é importante
para evitar que o anidrido acético, em meio aquoso, gere ácido acético. O
próton doado pelo ácido sulfúrico é atacado pela ligação 𝜋 da carbonila
presente na cadeia do anidrido acético, gerando um carbocátion com o carbono
de carga positiva ligado à hidroxila formada (C+-OH), deixando assim este
carbono mais suscetível ao ataque do par de elétrons desemparelhados do
grupo –OH fenólico presente na hidroquinona.
Quando o grupo –OH da hidroquinona ataca o carbono de carga positiva, este
possui sua ligação sigma com o oxigênio que é compartilhado entre as duas
carbonilas quebrada, logo, o par de elétrons que agora está disponível neste
oxigênio atacará o próton da hidroxila da hidroquinona, eliminando acetato.
Feito isso, a ligação 𝜋 da carbonila do grupo acetato ligado ao fenol é
refeita, e o hidrogênio doado pelo ácido é liberado, ligando-se ao outro grupo
acetato que foi liberado do anidrido, e formando ácido acético.
Novamente, os prótons presentes no meio serão atacados pela ligação 𝜋,
agora da carbonila do ácido acético liberado, deixando o seu carbono com
carga positiva. Todo o mecanismo se repetirá, desde o ataque do segundo
grupo –OH fenólico da hidroquinona, até a liberação do hidrogênio,
regenerando o catalisador, e formando, finalmente, o diacetato de etila.
A reação é exotérmica, por isso usa-se gelo picado, para resfriar o sistema e
promover a cristalização do produto. Obtido o diacetato, este é filtrado e
preparado para a recristalização. O objetivo da recristalização é a purificação
do produto obtido, diluindo-o em um solvente quente onde as impurezas
possam ficar retidas na solução quando esta for resfriada e o diacetato for
recuperado na forma sólida. Para isto foi escolhido como solvente a solução
etanol/água destilada 50%, visto que o diacetato é solúvel em etanol, e apenas
ligeiramente solúvel em água, permitindo sua diluição completa quando
aquecido e sua precipitação ao resfriar-se o sistema. Para otimizar a
purificação, usou-se carvão ativado, que por ter caráter adsorvente, adsorve as
impurezas no meio, impedindo que elas recristalizem juntamente com o
produto de interesse.
Após a recristalização e filtração do diacetato, o mesmo foi seco em estufa,
para retirar a humidade, e uma semana depois foi pesado juntamente com o
papel de filtro.
* Número de mols n da hidroquinona

mhidroquinona=1,83 g ; MMhidroquinona=110,11 g/mol :. nhidroquinona=0,01662 g/mol

* Massa m do anidrido acético, a partir do volume pipetado

Vanidrido=3,2mL ; danidrido=1,08 g /mL:. manidrido=3,456 g

*Número de mols n do anidrido acético

m anidrido=3,456 g ; MM anidrido=102,09 g /mol :. n anidrido=0,03385 g /mol

* Massa teórica m de diacetato de hidroquinona produzido na reação

0,001662 mol de hidroquinona -------- 0,001662 mol de diacetato de hidroquinona

Digite a equação aqui.

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