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Autos nº XXXXXXXXXXXXXXX
ASTOLFO, já devidamente qualificado nos autos da ação epígrafe, vem, por seus advogados,
com o devido respeito e acatamento apresentar suas razões de
no prazo de cinco dias, com fundamento no Art. 403, § 3º do Código de Processo Penal,
fazendo-o na forma das razões adiante aduzidas:
1. DOS FATOS
Conforme narrado na inicial acusatória, o réu foi acusado pelo Sr. Promotor e digno
representante da Justiça Pública como incurso nas penas previstas por infração dos artigos 33
(tráfico de drogas), caput e 35, caput c.c. art. 40, inciso V, todos da lei 11.343/06, c.c. os
artigos 29 (concurso de pessoas) e 69 (concurso material de crimes) do Código Penal;
Visto que, no dia 22 de Março 2014, foi visitado pelo chefe do tráfico conhecido pelo
vulgo de Russo da sua comunidade, conhecida como Favela da Zebra. Segundo o réu, o
traficante estava armado, exigindo-o que transportasse 50 g de cocaína para outro traficante,
que o aguardava em um Posto de Gasolina, caso contrário, ele poderia ser expulso de sua
residência.
2. DA PRELIMINAR
2.1 - DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA DO ACUSADO EM JUÍZO:
Em assim sendo, é sabido que a confissão da autoria do crime pelo acusado é fato de
grande importância na Justiça;
E nesse sentido, o artigo 65, inciso III do Código Penal estabelece em seu artigo:
Daí, necessário se faz que a circunstância da confissão do réu em Juízo deverá ser
considerada no momento da dosimetria da pena;
Importante reiterar que o réu é primário, desconhece os demais réus, possui bons
antecedentes, possui profissão e residência fixa conforme faz prova os documentos trazidos
aos autos;
3. DO DIREITO:
Para que determinada conduta seja considerada crime, deve ser ela típica, ilícita e
culpável. Um dos elementos da culpabilidade é a exigibilidade de conduta diversa,
sendo,portanto, a inexigibilidade de conduta diversa uma causa de exclusão de culpabilidade.
Portanto, Excelência, fica claro que Russo, estando armado, ao exigir o transporte das
substâncias entorpecentes sob pena de expulsá-lo de sua casa e da comunidade, sem ele ter
outro local para residir, praticou uma coação moral irresistível. Sendo assim, acorda o
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:
Assim, na forma do Art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, deve o réu ser
absolvido. Neste sentido, os tribunais também são decisivos:
4. DO MÉRITO
Assim sendo, não houve dolo na conduta do agente, uma vez que sua voluntariedade
foi suplantada totalmente pela coação de Russo. Faz-se incidir a regra de exclusão de
tipicidade da conduta do artigo 22 do CP – “nulla culpa sine crime”.
Astolfo foi pego em flagrante delito direto por policiais, conforme previsto no art 301
do CPP, mas, apesar da conduta não ser tipificada no artigo 28 da lei 11343/06, foi liberado
para aguardar o processo em liberdade provisória.
Sendo assim, não houve dolo na conduta do agente, uma vez que sua voluntariedade
foi suplantada totalmente pela coação de Russo. Faz-se incidir a regra de exclusão de
tipicidade da conduta do artigo 22 do CP – nulla culpa sine crime.
Desse modo, deve ser reconhecida a circunstância atenuante do artigo 65, III, I do CP,
haja vista o acusado ter 74 anos de idade, da coação moral a que podia resistir, prevista no
art. 65, III, c, do Código Penal, uma vez que Astolfo somente transportou a droga por
exigência de Russo, ou seja, não se exigia outra conduta do agente mediante as condições do
ocorrido, este agiu por sua própria proteção e deve pelo mesmo motivo ser absolvido.
Ainda de acordo com a atenuante da confissão, prevista no art. 65, III, d, do Código
Penal, outra situação que sempre atenua a pena é a confissão espontânea, perante a
autoridade, a autoria do crime. Mesmo tendo alegado causa excludente de culpabilidade,uma
vez que o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a confissão qualificada
suficiente para atenuar a pena do réu. Também, segundo se extrai do enunciado, o réu
é primário, ostenta bons antecedentes e não há elementos no sentido de envolvimento com
organização criminosa e dedicação às atividades criminosas, o que legitima o réu a requerer a
causa especial de diminuição de pena do tráfico privilegiado.
Caso incida alguma condenação, que a mesma seja estabelecida no mínimo legal, em
função das atenuantes acima apresentadas, para cinco anos de reclusão em regime inicial
semiaberto de reclusão, art. 33, § 2, b do CP.
Sendo assim, com a diminuição de pena aplicada e os demais requisitos do Art. 44,do
Código Penal preenchidos, que seja permitida a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos. Isso porque, uma vez sendo reconhecido o tráfico privilegiado, com
a diminuição da pena no patamar máximo, a pena definitiva não ultrapassa quatro anos.
Lembrando que a vedação constante no art. 33, §4º, da Lei n.11.343/2006, não mais
subsiste, uma vez que, por meio da Resolução n. 05, publicada em 15.2.2012, o Senado
suspendeu a execução da expressão "vedada a conversão em penas restritivas de direitos",
sendo, pois, possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
5. DO PEDIDO
1)- o acusado seja absolvido das imputações inferidas, pois sua conduta não constitui
crime uma vez incidente – nulla culpa sine crime, devendo o juiz sentenciante absolver o
acusado de acordo com artigo 386, VI do CPP;
3)- que seja reconhecido a redução da pena além do mínimo legal cominado,
conforme Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
4)- caso seja reconhecida cumulativamente as duas causas de redução da pena acima
das, confissão subjetiva e do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 – legal, perfazendo uma
redução na pena base de 1/3 da pena cominada, 3 anos e 4 meses, faz jus o acusado ao início
de cumprimento da pena em regime aberto, haja vista ser reconhecido este direito, conforme
art. art. 33, §2, c do CP;
5)- em sendo reconhecido o início do cumprimento da pena em regime aberto, faz jus
o acusado a substituição da pena privativa de liberdade, por restritiva de direitos, conforme
artigo 44, I do CP; e
6)- reconhecido o regime aberto como inicial, faz jus o acusado ao cumprimento da
pena em residência particular, em conformidade com o artigo 117 da LEP.
Termos em que
Pede deferimento,