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FILOSOFANDO

Tudo o que fizemos até agora é filosofar. Exatamente! Esta


nossa conversa toda nada mais é do que filosofia.
Talvez sua mente esteja divagando em seus conceitos
(ou pré-conceitos) sobre filosofia. Mas a verdade é que
todos nós, seres humanos vivemos filosofando, vivemos
criando e recriando idéias filosóficas. Quem sabe você
queira entender melhor o que eu estou dizendo. Ocorre que
filosofia, ao contrário do que muitos pensam não é algo
distante, difícil ou confuso. Nem “coisa de maluco” como
diriam outros. É sim algo simples, pois sua matéria de
estudo não está aprisionada em laboratórios, não depende
de documentações ou ferramentas muito avançadas. A
filosofia trata de algo comum: a vida.
A filosofia nada mais é que a ciência que estuda a vida
e seus dilemas mais primitivos, mais profundos. Um filósofo
muito famoso, Josteisn Gaarder em sua obra “O mundo de
Sofia” declara:
“Os filósofos acham que (...) o ser humano não vive
apenas de pão. É claro que todo mundo precisa comer. E
precisa também de amor e cuidado. Mas ainda há uma
coisa que todos nós precisamos. Nós temos a necessidade
de descobrir quem somos e porquê vivemos. Portanto,
interessar-se em saber porquê vivemos não é um interesse
“casual” como colecionar selos, por exemplo. Quem se
interessa por tais questões toca um problema que vem
sendo discutido pelo homem praticamente desde quando
passamos a habitar este planeta(...)”
Veja, em todas as épocas, todos os povos, todas as
culturas, o homem sempre questionou-se sobre a razão de
nossa existência. Sobre como surgimos, como devemos
viver e porquê tudo ocorre da forma que ocorre.
Hoje, em meio a nossa vida agitada, a sociedade
parece desprezar tais questionamentos. Nosso foco está
na moda, nos colegas, no namorado, no trabalho, na
faculdade, no trânsito, no que iremos comprar, e tantas
outras coisas que nos tomam a atenção, o tempo e os
pensamentos.
Porém, os questionamentos ainda estão lá: diariamente
nos deparamos com eles. Em nossas conversas com os
colegas, quando temos que tomas decisões, quando
precisamos de orientação.
Em meio à agitação precisamos
encontrar tempo para filosofar, para pensar, escutar,
conhecer, ler e tirar as conclusões. Se conhecer e
conhecer o mundo.

No meio da agitação
Um mundo alucinado, acelerado, enlouquecido. As
coisas mais lentas correm e o tempo voa. Realmente
nascemos em uma sociedade na qual a vida mansa,
tranqüila está cada vez mais longe de nossa realidade.
Nem mesmo no campo, nas fazendas, ouve-se falar em
“vida mansa”.
Nosso mundo é urbano, capitalista, consumista, viciado
em trabalho, e pra viver cada vez precisamos trabalhar
mais, e mais; Estudar mais, e mais. Nunca, nada é
suficiente. A vida em nossos dias contemporâneos é ainda
marcada pela comunicação. Somos cobrados,
encontrados, perseguidos, o tempo todo por meios de
comunicação que nos cercam, nos encurralam e nos
obrigam a vivermos em sociedade, no ritmo da sociedade.
Veja se eu não estou certo: após um ano e pouco de
árduo trabalho em sua empresa, você finalmente conseguiu
uns dias de folga, férias. Finalmente. Daí você pensa
amanhã vou dormir até o meio-dia. Não! Não vai mesmo!
Se você tem um celular ou um telefone em casa jamais
dormirá! É certo que irão te ligar. Ou um cliente, ou aquele
colega de trabalho perguntando como fazer aquilo que só
você sabia fazer. Ou vai tocar aquele alarme que tu mesmo
um mês atráz programou para despertar te lembrando de
pagar determinada conta. Ou vai ser da escola do teu filho.
Ou tua mãe querendo saber que dia tu vai voltar das férias
que nem mesmo começaram. Se não for um vendedor de
um dos milhares de call-centers espalhados pelo país.
É quarta-feira. Não é que o mundo esteja rápido de
mais, essa é a velocidade normal, é você que quer parar,
estacionar, descansar. Mas vivemos em um mundo que
isto é tão raro que chega a ser mal-visto. “Você viu o
fulano? Baita escorado: tira férias todo ano!...”
Se você gostaria de viver uma vida um pouco mais
lenta, mais calma, mais tranqüila, deve estar pensando: “e
se eu tivesse nascido uns dois mil anos atrás, daí sim, eu
teria calma, paz, sossego...” Se enganou feio! Sabe, dois
mil anos atrás muitos lugares no mundo viviam uma
realidade muito parecida com a nossa neste quesito
“correria”. Tire a parte do celular, do telefone, da
tecnologia, mas mantenha o resto todo e terás o panorama
daqueles dias.
Imagine se você tivesse nascido no primeiro século da
era cristã na cidade de Atenas. Isso mesmo, imagine-se na
grande capital da Grécia antiga, agora, claro sob o domínio
dos romanos, que também dominavam boa parte do mundo
da época, constituindo o maior império da história da
humanidade.
A Grécia sempre foi embebida, cheia, viciada em
filosofia. Nas ruas, nas praças, nas escolas, no areópago
(espécie de câmara municipal), discursavam os filósofos,
ensinavam os mestres, contavam e pregavam os
sacerdotes.

Disputa em Atenas
Em meio aos afazeres, às guerras, aos trabalhos, aos
rituais religiosos, o curioso povo grego ocupava-se com
filosofia. As praças eram palco de ferozes disputas entre
sábios pensadores, homens que se dedicavam
exclusivamente a pensar sobre a vida, sobre seus
mistérios, suas origens, suas regras e suas metas.
Se você nascesse na Atenas daqueles dias teria que
optar entre a filosofia dos estóicos ou dos epicureus. Essas
eram as duas principais linhas de pensamento daquela
época. Filósofos de ambos os lados disputavam com
longos discursos todos os dias nas praças, e uma platéia,
em silêncio ouvia as explanações cheias de belas palavras
e contraditórios.
Os epicureus eram chamados de “filósofos do jardim”,
pois reuniam-se em um jardim que no portal de entrada
tinha a seguinte inscrição: “forasteiro, aqui te sentirás bem,
aqui o bem supremo é o prazer.” Esse era o foco do
ensinamento dos epicureus: é possível afastar o sofrimento
e o medo: aproveitar a vida, vivendo sem sofrer. Epícuro
Também ensinava a “viver em reclusão”, ou seja, em meio
a correria da sociedade dizia que as pessoas deveriam
afastar-se de tudo e aproveitar a vida.
Outro enfoque de seus ensinamentos era a idéia de
não preocupar-se com os deuses, ou com os possíveis
castigos dos mesmo, pois para ele a vida terminava por
aqui mesmo, não estendendo-se ao pós-morte. Isso, ele
justificava pela teoria do átomo, desenvolvida por
Demócrito, pela qual o menor elemento fundamental de
todas as coisas é o átomo, que constituiria tudo. Segundo
Epícuro, quando morremos o que ocorre na verdade é o
desmonte de nossos átomos que espalham-se para dar
origem a outras coisas. Inclusive, para ele, os átomos da
alma também se espalham.
Ou seja, os epicureus em nossos dias poderiam ser
comparados a muitos materialistas e edonistas. Pessoas
que dizem: “o negócio é aproveitar o agora”. “Deus não
existe”. “Curta a vida”. “Só existe o que se pode ver”, etc.
Já os estóicos, acreditavam que cada pessoas era um
mundo em miniatura, um mini-cosmos. Todos fazem parte
de um todo harmônico (Kosmos), que se completa. Para
eles o universo é um deus, que se ordena sozinho, e o
homem, também divino, faz parte desse todo.
Não há espírito, alma, matéria, tudo é uma coisa só, na
concepção estóica. Para eles é preciso viver liberto do luxo,
em harmonia com o universo, para poder se suportar em
paz os sofrimentos, que seriam inevitáveis à vivência. Os
estóicos buscavam da relação com o outro e com o todo,
através de suas ações e sua ética, alcançar uma vida boa.
Em nosso mundo podemos encontrar muitos estóicos
modernos: pessoas que se esforçam para fazer o melhor
de si. Caridade, etc. Vivem eticamente, pois acreditam que
“tudo tem volta”, “há uma recompensa”. Outros, dedicam
sua vida à sociedade, à posteridade, acreditando que o
bem social é o grande alvo de suas vidas. Militantes
políticos, ambientalistas, etc.
Em meio à correria nem damos atenção ao fato de que
cada atitude nossa (práxis) obedece a preceitos, idéias que
temos, opiniões concebidas sobre a vida, que partem de
conceitos filosóficos bem antigos.
Mas se você estivesse em Atenas, ainda haveriam os
templos. Pequenas “capelinhas”, altares ou grandes
construções, eram dezenas nesta cidade. Cada um
dedicado a um deus, do qual se contava um história, tinha
uma mitologia, e era padroeiro de determinada profissão,
auxiliador de determinadas pessoas, protetor disso,
daquilo, etc. Uma grande idolatria. Tinha deuses para tudo.
Um trazia o teu marido de volta, outro fazia a tua plantação
mais fértil, havia aquele que trazia o escravo de volta e
ajudava em batalhas judiciais, etc.
Essa loucura toda, essa confusão, não te lembra nada?
Lembra sim! Nossos dias são muito parecidos com os da
Grécia antiga.
É sábado de manhã, imagine-se andando pelas ruas
de Atenas. Você passa em meio às mesas dos
comerciantes que, eufóricos, gritam oferecendo seus
produtos. Tu sente o cheiro do peixe que o homem ao teu
lado oferece aos berros. A cidade é movida pelo comércio.
Os muitos navios, atracados no porto, podem ser vistos aí
de onde você está. A sua direita há um templo de Diana e
um de Dionísio. Mais há frente uma sinagoga, aonde os
judeus se reúnem. Um pouco mais há frente tu sente o
cheiro do sangue dos porcos que sacrificados ainda ontem
à tardinha em dois altares à sua esquerda.

Um tagarela
Após andar um pouco mais, você está diante da praça
principal, na qual há um sujeito muito estranho pregando
seus ensinamentos. Ele, apesar de falar grego, não é muito
bem compreendido pelos leigos que o assistem. Outros.
porém, se indignam contra ele: os epicureus, os estóicos e
os muitos sacerdotes ali presentes na platéia.
O homem falava em voz alta, em um tom de verdade
dizia coisas muito estranhas aos ouvidos dos Gregos. Mas
como a principal distração em Atenas eram as discussões
públicas, os debates, as palestras, os embates filosóficos,
lá estava o povo querendo entender o que este homem
dizia.
Ele chegou à cidade dizendo que tinha uma “boa
notícia” para a população. O povo chegou a imaginar,
talvez, que tratava-se de um enviado de Roma que poderia
vir anunciar a redução de algum imposto ou a construção
de um novo prédio público. Rapidamente reuniram-se para
ouvi-lo. Mão não tratava-se de nada disto! Este homem
falava de arrependimento, dizia que havia um só Deus e
que este estava querendo reconciliar o ser humano consigo
e por isso buscava arrependimento. O estranho homem
também falava um nome estranho, de um sujeito que havia
sido assassinado em uma cruz, e que seria o filho deste
Deus, o qual foi entregue por ele para levar os pecados de
todos, tanto gregos como judeus.
Como tal idéia poderia ser aceita? Para os estóicos
tudo era deus, não havia um Deus, eles esperavam que
pelas suas práticas vivessem uma vida de paz, mas não
entendiam como poderia haver um homem que os fizesse
próximos deste “Deus”. Já os epicureus nem acreditavam
na existência de deuses, eles não existiam, e mais: para
eles não existia pecado, apenas a busca pelo prazer.
Outros que se indignaram foram os sacerdotes dos
muitos deuses ali representados na cidade. Há tempos eles
lutavam contra o crescimento da concorrência, contra o
surgimento de novos deuses, que poderiam ser adorados.
Tanto fizeram em suas reivindicações que o Imperador
Romano publicou uma lei proibindo a pregação de novos
deuses, quem o fizesse poderia ser preso e julgado. Por
isso aquele homem era uma grande afronta ao seu
negócio, sua sobrevivência. Pois nos templos eram
vendidos todo tipo de amuletos e peças místicas, além dos
livros e dos valores cobrados para participar de
determinados rituais ou entrar em alguns templos.
Apesar da muita filosofia, o povo grego era muito
preocupado com a religião. Eram, na verdade, muito
místicos em todas as suas ações, boas ou más, buscavam
sempre o auxílio dos deuses.
Vejo, assim, a Atenas daqueles dias muito parecida
com a nossa socieade contemporânea, que tem vivido um
crescimento da oferta religiosa. Cada vez mais, por sua
racionalização, as pessoas se comprometem menos com
as religiões, com Deus. Porém a cada instante surgem
novas propostas religiosas que vão ao encontro daquilo
que as pessoas buscam: dinheiro, um marido, uma casa,
um carro, paz interior, etc. Em nossa sociedade, assim
como na Atenas de outrora, sempre que as pessoas
esbarravam-se em seus limites, buscavam uma solução, de
preferência rápida nos altares e templos daquela época.
Buscava-se o favor dos deuses sem se comprometer com
eles num sentido mais amplo. Mesmo sendo a pessoa um
epicureu ou um estóico, no dia em que seu gado
adoecesse (ou ficasse desempregado), com certeza
correria imediatamente para um templo, onde faria certa
oferenda ou encomendaria certo trabalho.
Mas aquele homem na praça falava de algo totalmente
diferente. Qual o nome dele? De onde ele veio? Porque
fazia isso, se arriscando desta forma?
O seu nome de nascimento era Saulo, ele nasceu na
cidade de Tarso. Com cidadania romana, herdada de seus
pais, Saulo cresceu dentro das tradições de sua família
judaica, estudou junto a um grande líder judeu chamado
Gamaliel, e cedo destacou-se como liderança em seu meio.
Saulo era culto, letrado, poliglota, bastante esperto e muito
eloqüente.
Mas quem assistia Saulo hoje nessa praça de Atenas
falando de paz, de perdão, e de Jesus, o Cristo, não
imagina que alguns anos antes este fora o maior
perseguidor dos cristãos. Isso mesmo!! Este homem havia
sido um grande inimigo dos cristãos, caçava-os, prendia-
os, enviava-os para serem apedrejados, além de outras
coisas.
Mas como aconteceu esta mudança? O que fez este
homem mudar ao ponto de agora arriscar sua própria vida
para anunciar esta mensagem?
Saulo encontrou-se com Jesus. Isto mesmo! Jesus já
ressuscitado apareceu para ele, apresentou-se para ele,
mostrou-se para ele, provando que também lhe amava e
que tinha um plano para sua vida. Tanto que mudou o
nome dele para Paulo e lhe deu uma nova oportunidade.
Uma chance de ser útil em algo verdadeiramente bom:
anunciar a verdade.
Realmente, me responda: o que poderia fazer um
homem abandonar sua família, seu status, suas regalias,
seu dinheiro, seus soldados e passar de perseguidor a
perseguido? Este homem, por sua atitude e transformação
totalmente inesperada, tornou-se uma prova viva de que
Cristo havia ressuscitado. Pois se Saulo não tivesse se
encontrado verdadeiramente com Ele, o que poderia o
convencer a fazer tal loucura?

A solução do Enigma
Mas aqui em Atenas está Paulo, falando na praça,
discutindo com epicureus, estóicos, sacerdotes. Você o
assiste falando, sob o pano de fundo da Acrópole e do
Parthenom. Mas logo o cenário de sua pregação muda-se
para o areópago. Paulo é levado para lá a fim de dar
satisfações às autoridade locais a respeito do que estava
falando. Ele era acusado de um crime: Pregar um novo
Deus. A multidão o segue até lá, a platéia é gigantesca.
Colocam-no ao centro e um aeropagita (espécie de
vereador dos dias de hoje) lhe questionava:
- “Podemos saber que nova doutrina é essa que nos
fala? Pois coisas estranhas trazes aos nossos
ouvidos. Queremos saber o que é isso.”
Paulo começa então, um breve, mas importante discurso,
para todas as pessoas que buscam responder os enigmas
de sua vida. Poucas palavras, mas que fizeram filósofos,
religiosos e todo o povo refletir. Ele começou dizendo:
- “Atenienses! Vejo que em todas as coisas vocês são
muito religiosos...” (Atos 17:22 NTLH)
Paulo faz uma constatação, fala da realidade do povo
ateniense, que em tudo recorria para sua multidão de
deuses.
- “... De fato, quando eu estava andando pela cidade e
olhava os lugares onde vocês adoram os seus
deuses, encontrei um altar em que está escrito
“AO DEUS DESCONHECIDO”, pois esse Deus
que vocês adoram sem conhecer é justamente
aquele que eu estou anunciando a vocês” (Atos
17:23)
Perceba que Paulo com esta explicação inicial demonstra
que conhece a história do povo ateniense, que no passado
havia erguido um altar a um Deus que não conheciam e
que fora responsável por livrar a cidade de uma grande
peste no passado. Ao dizer que anunciava aquele Deus,
Paulo também se livrava da acusação de pregar um novo
Deus, que vinha a ser proibido.
Mas a coisa é mais profunda: hoje, será que as pessoas,
ou até você mesmo, não adora ou diz seguir um Deus que
na verdade te é desconhecido? Será que não fazemos isto
em nossa vida? Nos cercamos de coisas para as quais
voltamos nossas esperanças, nossas expectativas, nossa
confiança, tais como nossa carreira, os estudos, uma
empresa, um namorado, um casamento, um filho? Não nos
cercamos de ”deuses” aos quais recorremos, enquanto ao
Deus Criador temos um altar incógnito, pois este nos é
desconhecido e distante?
Paulo, com paciência, continuava sua explanação,
explicando que era esse Deus:
- “....Deus, que fez o mundo e tudo o que nele existe, é
o Senhor do céu e da terra e não mora em
templos feitos por seres humanos. E também não
precisa que façam nada por Ele, pois é Ele
mesmo quem dá a todos a vida, respiração e tudo
mais...” (Atos 17:24-25 NTLH)
A teoria materialista dos epicureus é aqui negada por Paulo
ao afirmar que foi Deus, o único Deus, quem fez e quem
tem domínio sobre tudo que existe.
Contrapondo também aos religiosos da época, Paulo diz
que esse Deus não mora nos templos feitos por mãos
humanas, não se limita no tempo e no espaço, não pode
ser confinado em certa construção. Não precisa de casa.
Atualmente, assim como já era naquela época, muitos
imaginam que para aproximarem-se de Deus deviam
adentrar em uma Igreja ou templo, que Deus ali habitava.
Outra teoria a qual Paulo pôs por terra foi a dos estóicos,
que acreditavam que através de certas práticas bondosas
ou de favor ao próximo e à religião, o homem alcançaria a
piedade divina. Paulo nos fala que Deus não precisa dos
homens, que não necessita de ato algum nosso, pois ao
contrário disso, é Ele que nos mantém, nos sustenta.
Atualmente, não existem pessoas que também se
enganam, achando que podem comprar as bênçãos ou
graças de Deus através de doações em dinheiro ou
atitudes de sacrifício? Fazem promessas e machucam seus
corpos achando que podem comprar ou subornar a Deus.
Não! Não!
Absolutamente, não! É isso que Paulo estava falando para
aquele povo.
- “...De um só homem Ele criou todos os povos para
viverem na terra (...) Deus marcou para eles os
lugares onde iriam ficar e quanto tempo ficariam
lá. Ele fez isso para que todos pudessem procura-
lo, e ainda que tateando, o pudessem achar,
embora Ele não esteja longe de cada um de
nós...”
Agora Paulo chega ao ponto alto de sua explicação. Ele
mostra um Deus bem diferente do que as pessoas
imaginavam: um Deus que está próximo! Um Deus que
criou o homem e que se preocupa com ele.
Você nunca se perguntou: Porquê eu nasci aqui neste
lugar? Porquê neste país? Porquê nesta cidade? Haviam
tantos lugares no mundo, como eu nasci em uma família
pobre numa cidade de interior, num país subdesenvolvido
(Brasil)? Esta última pergunta é a que eu me fazia durante
os anos da infância. Por que aqui? Não podia ser na
Europa? Ou em outro tempo? Porque nasci justo no século
XX? Porquê?
Paulo nos reponde tudo isto: Deus está no centro da
história humana, foi por vontade, permissão Dele que você
nasceu aí, neste tempo, nesta família, etc. Porquê Porque
Ele tem um grande interesse de que você o conheça!
Exatamente! Tudo na tua vida tem um sentido: conhecer a
Deus! Paulo nos diz nestas frases anteriores que nada
ocorre por acaso. Não! Nada ocorre por acaso, e tudo tem
como finalidade que u possas conhecer a Deus. Ele é o teu
Criador e quer que tu o conheça e reconheça, por isso ele
não está distante e se tu estiver e o procurar, tateando,
você irá acha-lo, pois ele é quem se apresenta a ti.
Tudo tem uma razão! Nada é por acaso! Por exemplo, tu
estas lendo este texto porquê Deus o colocou nas tuas
mãos. Uma sucessão de fatos ocorreram, pessoas se
relacionaram e te apresentaram este texto, ou quem sabe
tu mesmo o achou e algo te levou a lê-lo. Certamente um
interesse interno, talvez nem compreensível à primeira
vista, mas este interesse, essa vontade te levou até estas
páginas. Deus quer que você o conheça, pois sua vida
nunca será completa sem Ele, nunca será boa o suficiente,
nunca haverá satisfação plena sem Ele. E mais ele quer te
ajudar. Ele quer te guiar, dirigir a tua vida, para te levar a
um estado de paz e alegria, que encontra-se na certeza de
vida eterna.
Você nasceu neste tempo e neste lugar para conhecer a
Deus e vivenciar o plano Dele para tua vida!
- “Porquê, como alguém disse ‘nele vivemos, nos
movemos e existimos’. E alguns dos poetas de
vocês disseram ‘nós também somos filhos Dele.”
Acima Paulo citou o poeta cretense Epimênides, em uma
clara alusão à idéia de “cosmos”, Paulo diz que na verdade
é de Deus que fomos feitos e que Dele somos.
- “E já que somos filhos Dele, não devemos pensar que
Deus é parecido com um ídolo de ouro, de prata
ou de pedra, feito pela arte e habilidade das
pessoas.”
Deus que é o Criador, o Eterno, o Infinito, que já existia
antes mesmo da matéria existir, não pode ser representado
por coisa alguma. Deus não pode ser feito por nossas
mãos! Paulo nos mostra que o povo de Atenas, assim
como o povo de hoje, estava enganado quanto a Deus,
mas lhes aponta uma esperança:
- “No passado Deus não levou em conta esta
ignorância, mas agora ele manda que todas as
pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos
seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai
julgar o mundo com justiça, por meio de um
homem que escolheu. E deu prova disso a todos
quando ressuscitou este homem.”(Atos 17:30-31)
Deus através de um homem, Jesus, vai julgar a
humanidade que criou. Mas ele não é injusto. Antes ele
está dando a oportunidade, a chance de nos
arrependermos, de mudarmos nossa vida, de nos
aproximarmos Dele.
Esta mensagem de Paulo aos atenienses é fantástica, pois
faz uma ligação uma conexão entre a mensagem bíblica e
a filosofia grega, bem como com a religiosidade popular.
O foco da filosofia, como havíamos dito, é questionar a
razão da vida, os motivos e dilemas de nossa existência. A
resposta para estas perguntas está no amor de Deus,
voluntariamente nos criou e nos dotou de liberdade. Nos
fez seres vivos (animou) e permitiu que cada um de nos
vivesse até este momento.
Deus nos fez como Ele, cheios de criatividade, sonhos,
vontades, capacidades, dotados de inteligência, pois queria
uma ser para ser seu amigo. Para dominar e habitar este
planta, sim. Mas acima de tudo para conviver e ser seu
amigo.
Esta é a melhor notícia de você e eu poderíamos ouvir:
Deus está próximo! Ele nos ama e quer se relacionar
conosco! O meu convite é que você não pare por aqui, mas
que experimente mais!

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