Você está na página 1de 64

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

DANIEL TOLOTTI RODRIGUES

ACESSIBILIDADE URBANA: LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS


PASSEIOS PÚBLICOS NA ÁREA URBANA CENTRAL DE PANAMBI -
RS

Ijuí
2018
DANIEL TOLOTTI RODRIGUES

ACESSIBILIDADE URBANA: LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS


PASSEIOS PÚBLICOS NA ÁREA URBANA CENTRAL DE PANAMBI -
RS

Trabalho de Conclusão de Curso de


Engenharia Civil apresentado como requisito
parcial para obtenção do título de Engenheiro
Civil.

Orientador(a): Prof. Me Tarcisio Dorn de Oliveira

Ijuí /RS
2018
DANIEL TOLOTTI RODRIGUES

ACESSIBILIDADE URBANA: LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS


PASSEIOS PÚBLICOS NA ÁREA URBANA CENTRAL DE PANAMBI -
RS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro
da banca examinadora.

Ijuí, 4 de dezembro de 2018

Prof. Mestre Tarcisio Dorn de Oliveira

Mestre pela Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ) - Orientador

Prof.ª Mestre Lia Geovana Sala

Coordenador do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Mestre. Lia Geovana Sala

Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Coordenadora do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ


Agradeço a Deus e aos meus pais por me darem
força e coragem para não desistir.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por sempre me capacitar no meu


aprendizado, me guiando e dando força para desenvolver todas as matérias.

Agradeço também a minha família, que nunca mediram esforços para meu sonho se
tornar realidade, sempre me dando suporte e incentivo para alcançar o meu objetivo.

Aos meus amigos e colegas, que sempre estiveram presente no decorrer da faculdade,
agradeço pelo companheirismo e pela amizade.

Ao meu orientador ao qual admiro muito pela sua competência, professor Tarcisio Dorn
de Oliveira, que me conduziu com muita disposição, dedicação e paciência, meus sinceros
agradecimentos por nunca medir esforços para me assessorar, agradeço também pela sua
amizade no decorrer deste trabalho.

Agradeço a todos os professores e funcionários da UNIJUI que estiveram presente na


minha caminha até este momento, e que puderam contribuir para o meu aprendizado como
Engenheiro Civil.
Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse
por elas, eu não teria saído do lugar.

Chico Xavier
RESUMO

RODRIGUES, Daniel Tolotti. Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios


públicos na área urbana central de Panambi - RS. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso.
Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2018.

O trabalho busca verificar as condições de acessibilidade das calçadas na área central da cidade
de Panambi/RS. Foram utilizadas diversas metodologias, mas se teve como base norteadora a
Norma Regulamentadora (NBR) 9050/2015, a qual foi de suma importância para uma reflexão
acerca da temática sobre acessibilidade. Essa investigação é de grande relevância social, pois o
assunto a respeito da acessibilidade vem sendo muito discutido nos dias atuais. Assim foi
delimitado uma área central do município, no local onde ocorre o maior fluxo de pessoas,
realizando levantamentos fotográficos e documentais, e foi analisado se os calçadas estão de
acordo com a norma, e se podem receber os pedestres de uma forma segura. Foi analisado as
calçadas quanto as suas dimensões, tipos de revestimentos utilizados, rampas de acesso,
arborização e sinalização tátil, como também se havia vaga de estacionamento destinadas aos
PCD’s. Foram feitos alguns croquis do quadrante estudado, mostrando a onde se encontravam
os itens descritos acima, e foi possível constatar que muitas calçadas não estavam de acordo
com o que as normas e bibliografias a respeito da acessibilidade comentam.

Palavras-chave: Calçadas. Normas, Pedestres, Barreiras, Quadrante.


ABSTRACT

RODRIGUES, Daniel Tolotti. Urban accessibility: survey and analysis of public tours in
the central urban área of Panambi - RS. 2018. Completion of course work. Civil Engineering
Course, Regional University of the Northwest of the State of Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí,
2018.

The work seeks to verify the accessibility conditions of sidewalks in the central area of the city
of Panambi/Rs. Several methodologies were used, but based on the Norma Regulamentadora
(NBR) 9050/2015, which was extremely important for a reflection on accessibility issues. This
research is of great social relevance, since the subject of accessibility has been much discussed
in the present day. Thus, a central area of the municipality was delimited, where the lasgest
flow of people occurs, carrying out photographic and documentary surveys and it was analyzed
if the sidewalks are in accordance with the norm, and if pedestrians can be received in a safe
way. The sidewalks were analyzed for their dimensions, types of coverings used, access ramps,
afforestation and tactile signaling, as well as if there was parking space for PCD’s. Some
sketches were made of the studied quadrant, showing where the items described above were
located, and it was possible to verify that many sidewalks were not in agreement with what
norms and bibliographies about accessibility comment.

Keywords: Sidewalks. Standards, Pedestrians, Barriers, Quadrant.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Barreira por vegetação. ................................................................................. 22


Figura 2: Faixas de uso da calçada. .............................................................................. 27
Figura 3: Acesso do veículo ao lote.............................................................................. 28
Figura 4: Rampa fora da área do lote. .......................................................................... 29
Figura 5: Rampa dentro da área do lote. ....................................................................... 29
Figura 6: Calçada sem manutenção no piso. ................................................................ 30
Figura 7: Rebaixamento da calçada. ............................................................................. 32
Figura 8: Sinalização tátil de alerta em obstáculos suspensos. .................................... 33
Figura 9: Sinalização tátil direcional - modulação do piso. ......................................... 34
Figura 10: Delineamento de pesquisa. .......................................................................... 36
Figura 11: Mapa de Panambi/RS. ................................................................................. 38
Figura 12: Quadrante em estudo................................................................................... 38
Figura 13: Croqui da divisão das calçadas no quadrante. ............................................ 39
Figura 14: Distribuião das calçadas quanto as suas larguras. ....................................... 42
Figura 15A: Largura adequada da calçada; Figura 15B: Largura inadequada da calçada
.................................................................................................................................................. 43
Figura 16:Distribuição das calçadas quanto aos tipos de revestimentos. ..................... 44
Figura 17: Revestimentos de acordo com a norma....................................................... 46
Figura 18: Revestimentos em perfeitas condições. ...................................................... 47
Figura 19: Revestimentos com problemas. .................................................................. 47
Figura 20: Revestimentos com problema. .................................................................... 48
Figura 21A: Barreira por obra; Figura 21B: Barreira por mobiliários urbano; ............ 49
Figura 22: Distribuição da arborização. ....................................................................... 50
Figura 23A: Murta de cheiro; Figura 23B: Coqueiros ................................................. 51
Figura 24: Arborizações incorretas............................................................................... 52
Figura 25: Distribuição das rampas de acesso. ............................................................. 53
Figura 26A: Sem a sinalização adequada; Figura 26B: Sem as dimensões corretas. ... 54
Figura 27A: Não foi realizado o rebaixamento da calçada; Figura 27B: Revestimento
deteriorado. ............................................................................................................................... 55
Figura 28A: Vaga de acordo com a norma; Figura 28B: Sem sinalização horizontal. 56
Figura 29: Distribuição dos pisos tátil. ......................................................................... 57
Figura 30: Calçadas com piso tátil. .............................................................................. 58
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resumo das leis estudadas. ........................................................................... 25


Tabela 2: Quantitativos das larguras. ........................................................................... 42
Tabela 3: Tipos de piso. ................................................................................................ 45
Tabela 4: Quantitativos de pisos de acordo com a legislação. ..................................... 45
Tabela 5: Quantitativos a respeito da arborização. ....................................................... 51
Tabela 6: Espácie de árvores, sua quantidade e características .................................... 52
Tabela 7: Quantitativos dos pisos tátil.......................................................................... 57
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Social

CAIXA Caixa Econômica Federal

NBR Norma Brasileira

PCD Pessoa com Deficiência


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14

1.1 CONTEXTO ................................................................................................ 15

1.2 PROBLEMA ................................................................................................ 15

1.2.1 Questões de Pesquisa ................................................................................... 17

1.2.2 Objetivos de Pesquisa .................................................................................. 17

1.2.3 Delimitação .................................................................................................. 17

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................. 18

2.1 HISTÓRICO DA ACESSIBILIDADE ........................................................ 18

2.2 CONCEITO DE ACESSIBILIDADE.......................................................... 18

2.3 DEFICIÊNCIAS E RESTRIÇÕES .............................................................. 20

2.4 BARREIRAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS .......................... 21

2.5 LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS ............................................................ 23

2.5.1 Legislações Federais .................................................................................... 23

2.5.1.1 Lei N° 10.098, 19 de dezembro de 2000 ...................................................... 23

2.5.1.2 Lei 13.146, 06 de junho de 2015 .................................................................. 24

2.5.2 Legislações Estaduais................................................................................... 24

2.5.2.1 Lei Estadual N° 13.320, de 21 de dezembro de 2009 .................................. 24

2.5.3 Legislações Municipais ................................................................................ 24

2.5.3.1 Lei Complementar N°11, de 18 de agosto de 2008 ...................................... 24

2.5.3.2 Lei Municipal 4.066, de 27 de maio de 2015 ............................................... 25

2.6 PADRÕES DE DESENHO UNIVERSAL .................................................. 25

2.6.1 Calçadas ....................................................................................................... 26

2.6.1.1 Largura adequada ........................................................................................ 26

2.6.1.2 Tipos de piso ................................................................................................ 30

2.6.1.3 Arborização e paisagismo ............................................................................ 31

2.6.2 Instrumentos de acessibilidade ..................................................................... 31


2.6.2.1 Rebaixamento das calçadas (rampas de acesso) ......................................... 31

2.6.2.2 Vagas de estacionamento destinadas à PCD ............................................... 32

2.6.2.3 Sinalização tátil ............................................................................................ 33

3 MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................ 35

3.1 estratégia de pesquisa ................................................................................... 35

3.2 delineamento ................................................................................................ 36

3.3 quadrante em estudo ..................................................................................... 38

4 RESULTADOS ........................................................................................... 41

4.1 dimensões (Largura da calçada) ................................................................... 41

4.2 tipos de piso.................................................................................................. 43

4.3 barreiras arquitetônicas ................................................................................ 48

4.4 Arborização e paisagismo ............................................................................ 49

52

4.5 Instrumentos de acessibilidade ..................................................................... 52

4.5.1 Rebaixamentos de calçadas (rampas de acesso) .......................................... 53

4.5.2 Vagas de estacionamento para PcD ............................................................. 55

4.5.3 Sinalização tátil ............................................................................................ 56

5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 59

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61
14

1 INTRODUÇÃO

O termo acessibilidade vem sendo muito discutido hoje em dia para tratar do acesso de
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida aos meios de transportes, ambientes físicos e
serviços públicos. De forma resumida acessibilidade é a qualidade do que é acessível (do que tem
acesso) facilidade e/ou possibilidade na aquisição, aproximação segundo Aurélio (GHIRALDI,
2014).

De forma simplificada, acessibilidade significa acesso. Um espaço pode ser considerado


acessível quando este não tem nenhuma obstrução de acesso. Para termos uma melhor compreensão
desse termo, expõem-se um item oposto – a barreira – item este que acaba dificultando ou até
mesmo impedindo o acesso. Essas barreiras podem ser divididas de duas formas, de caráter
atitudinal, quando ligadas ao preconceito, e físicas, quando se referem a parte arquitetônica/urbana,
onde atividades independentes ou de informação acabam tendo sua realização dificultada, quando
relacionadas a comunicação e à sinalização (GELPI, et al., 2013).

Ainda os autores acima citados observam que a maioria das atividades que são realizadas
diariamente, desde um simples caminhar matinal, até o tráfego de automóveis, e de pedestres
acontecem nos espaços públicos. Compreende-se que não basta termos apenas uma habitação
acessível, se em outros casos tem a dificuldade de acesso a direitos fundamentais: educação, saúde,
espaços e passeios públicos, entre outros. Com isso as vias devem ser projetadas e executadas para
todo o tipo de usuário e modalidades de transportes, como também para acomodar novas
infraestruturas, mobiliários, possíveis barreiras, e todos os objetos em geral.

Constantemente pessoas com deficiência física têm enfrentado no dia a dia limitações em
suas vidas. Estas limitações estão ligadas a acessibilidade, ou seja, condições que permitam o
exercício da autonomia e a participação social do sujeito, fatores que podem prejudicar e intervir
no desenvolvimento ocupacional, psicológico, cognitivo, onde podem contribuir para a exclusão
social dessas pessoas (SILVA; LIMA, 2013).

O termo geral de acessibilidade é garantir a possibilidade de acesso, da aproximação, da


utilização de qualquer objeto ou espaço. Mencionar este conceito às pessoas que tem deficiência e
_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
15

mobilidade reduzida está atribuído ao fator de aproximação e deslocamento do local ou objeto


desejado. Está relacionado as condições favoráveis que o indivíduo têm para se locomover,
movimentar e atingir seu destino planejado dentro de suas capacidades individuais (PROGRAMA
BRASILEIRO DE ACESSIBILIDADE URBANA, 2006).

1.1 CONTEXTO

No Brasil a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida é regulamentada pela norma


Brasileira 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, fundamentada nos direitos humanos
e de cidadania. Ela estabelece alguns parâmetros básicos para as edificações, os mobiliários e os
equipamentos urbanos para que sejam projetados, montados, construídos ou implantados, como
também, quando forem realizados reformas e ampliações, proporcionando maior conforto
segurança e acessibilidade aos usuários (ABNT/NBR, 2015).

Mesmo com as legislações existentes não a uma melhoria do direito à cidadania, igualdade
e acessibilidade. Muitas pessoas não tem seus direitos garantidos em nosso meio, muito por causa
dos problemas sociais e econômicos, onde acabam ficando a margem da sociedade. Nas grandes
cidades é onde mais acontece problemas de acessibilidade para PcD´s, quase sempre por questões
estruturais e culturais (ALMEIDA; OLIVER, 2001).

Nos últimos anos a acessibilidade evoluiu consideravelmente, no momento em que saiu do


vácuo normativo possuindo atualmente legislações voltadas a temática, porém ainda não
devidamente consolidada, em função de um grande número de municípios não terem se adaptado
aos aparatos legais federais existentes sobre o tema (MORAIS, 2011).

Com o intuito de analisar o meio urbano de Panambi, verifica-se a necessidade de adaptação


dos passeios públicos visando uma melhor locomoção dos pedestres e principalmente dos
portadores de deficiência física. Com isso, o desenvolvimento tem papel importante uma vez que,
o tema acessibilidade vem sendo cada vez mais comentado no dia a dia, fazendo com que os órgãos
públicos sejam cobrados pelas melhorias.

1.2 PROBLEMA

Segundo Silva e Martins (2002), a estrutura urbana de muitas cidades, não estão preparadas
para as pessoas com mobilidade reduzida, excluindo assim uma grande parcela da população. Nas
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
16

cidades existem obstáculos que acabam prejudicando cada vez mais as pessoas ao espaço de
atuação, forçando pessoas com deficiência ao exílio, acabando assim por não exercer sua cidadania
dentro de um contexto econômico e social.

Conforme Littlefield (2011), é preciso integrar os conceitos de projeto inclusivo, ao


processo de criação de um projeto desde o início. Além dos fatores físicos, é preciso considerar
outros elementos necessários para uma maior facilidade de acesso, levando em consideração a
utilização de placas, iluminação, mapas de orientação, contraste visual, controles, materiais e
portas.

Conforme Duarte (2011), as calçadas são fundamentais para deslocamento diário de


pedestres, com isso deve haver qualidade e alinhamento de pisos, mobiliário urbano e arborização,
pois os mesmos recebem pessoas com restrições de mobilidade, que exigem conforto e segurança
para transitar pela cidade.

É necessário fazer uma análise mais especifica das condições de acessibilidade nas calçadas
em ambientes urbanos, norteando-se nas normas regulamentadoras/técnicas de acessibilidade da
ABNT, bem como realizar uma cobrança para que tais leis referente ao assunto sejam aplicadas,
fazendo com que os responsáveis adequem suas calçadas.

As barreiras arquitetônicas são encontradas em diferentes locais devido à falta de


planejamento das cidades, mesmo em municípios pequenos onde o número de habitantes é menor,
os problemas quanto à acessibilidade também existem. Estas barreiras dificultam o acesso das
pessoas, por isso é de suma importância seguir as exigências mínimos das leis e normas a respeito
da acessibilidade, para assim poder garantir uma circulação segura a todos os pedestres.

Com o crescimento acelerado das cidades, a infraestrutura de muitas delas não são pensadas
para atender os portadores de necessidades especiais, nota-se isso, principalmente nas calçadas,
pois é o local por onde mais transitamos no nosso dia a dia. Muitas delas não contém as dimensões
corretas, as sinalizações e arborizações adequadas, impedindo uma circulação segura dos pedestres.
Com isso a pesquisa busca analisar quais calçadas estão em desacordo com o recomendado pelas
bibliografias.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
17

1.2.1 Questões de Pesquisa

A questão principal que esse trabalho se propõe é: verificar se as calçadas na área central
da cidade de Panambi/RS estão de acordo com as normas e legislações vigentes sobre a
acessibilidade.

A questão secundária é: quais as principais barreiras encontradas pelos pedestres ao


transitarem pelos passeios públicos.

1.2.2 Objetivos de Pesquisa

O objetivo geral do trabalho foi:

Analisar os passeios públicos na área central de Panambi/RS.

Os objetivos específicos são:

Revisar a literatura através de autores, leis e normativas que regem as questões


relacionadas à acessibilidade;
Observar se no quadrante escolhido (área delimitada) os passeios estão ou não de
acordo com as normas de acessibilidade;
Identificar através de imagens passeios executados de forma correta ou errada,
conforme as legislações sobre acessibilidade;
Elaborar um croqui identificando todos as calçadas a serem estudadas.

1.2.3 Delimitação

O estudo ficou limitado em averiguar as condições de acessibilidade nos passeios públicos


em um quadrante delimitado, na área urbana central de Panambi – RS, no local de maior fluxo de
pessoas.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
18

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 HISTÓRICO DA ACESSIBILIDADE

O termo acessibilidade começou a ser discutido na década de quarenta, afim de determinar


as condições de acesso das pessoas com deficiência, ligadas aos serviços de reabilitação
profissional e física. No princípio, foi determinado como uma condição de mobilidade e eliminação
das barreiras urbanísticas e arquitetônicas, direcionadas aos meios de transporte e acessos de
edifícios (WAGNER, et al., 2010).

Um marco muito importante no que se refere à acessibilidade em espaços públicos e


edifícios, foi a criação da constituição de 1988, mas só a pouco tempo no Brasil esse tema esteve
presente em discussões voltadas a políticas públicas, pois até então as edificações não eram
projetadas para que tivessem acesso para pessoas com mobilidade reduzida. Não só os projetistas
esqueciam de considerar a acessibilidade em seus projetos, como também os portadores de
mobilidade reduzida não se manifestavam para que ocorresse uma melhoria de infraestrutura
(LIMA, 2015).

Na época em que as cidades brasileiras surgiram não havia uma preocupação em incluir
pessoas com necessidades especiais na sociedade. Sua formação continha aclives e ruas estreitas.
As construções históricas dessa época, principalmente as de estilo eclético que foram construídas
em XVIII e XIX, não facilitavam à inclusão. Pois sua arquitetura era feita principalmente com
casas de porão alto com escadas, o que dificulta até hoje o acesso de pessoas com mobilidade
reduzida ou necessidades especiais (ANDRADE, ELY, 2012).

Ainda os autores acima citados observam que os centros históricos, incluindo suas
edificações, veem passando por processos de revitalização. Hoje é de suma importância nos
projetos de revitalização desses bens tombados aplicar a legislação de acessibilidade, para que
quando forem abrigar nova funções, possam ser usados por um público diversificado,
independentemente de suas limitações e capacidades locomotoras.

2.2 CONCEITO DE ACESSIBILIDADE

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
19

Todo dia pessoas com deficiência (PCD’s) enfrentam limitações em sua vida. Limitações
estas ligadas a acessibilidade, algumas condições que permitem que o indivíduo tenha autonomia
e participação social, que podem acabarem interferindo ou até mesmo prejudicando no seu
desenvolvimento ocupacional, psicológico e cognitivo, todos estes fatores acabam contribuindo
para a exclusão social (PACHECO, et al., 2010).

A acessibilidade é o direito que garante viver de forma independente, exercer a participação


social e seus direitos de cidadania, todas as pessoas que tem mobilidade reduzida ou com alguma
deficiência (BRASIL, 2015).

Segundo Rabelo (2008), acessibilidade pode ser definida como a possibilidade de qualquer
indivíduo/pessoa, de chegar a algum lugar, utilizar informações, espaço urbano, e serviços, com
segurança e autonomia, tanto para a saúde, trabalho ou para educação, que são os direitos básicos
da cidadania, independentemente da suas condições mentais ou físicas.

Em termos gerais, o significado de acessibilidade é garantir a possibilidade de acesso, da


utilização, da aproximação, e de manuseio de qualquer objeto. Este conceito genérico estaria a
ligado a qualquer pessoa mas, no Brasil está direcionado principalmente as pessoas com
deficiência. Com isso pode-se dizer que o significado de acessibilidade se associa a condição do
indivíduo se movimentar, locomover e atingir o destino desejado, por seus próprios meios, de uma
forma segura e com total autonomia, mesmo que precise utilizar objetos ou aparelhos específicos
(MINISTÉRIO DAS CIDADE, 2007).

A lei n° 10.098 estabelece alguns critérios para a acessibilidade de pessoas com mobilidade
reduzida e de portadores de deficiência, como a remoção de obstáculos e barreiras em espaços
públicos e vias. É definido acessibilidade como sendo uma possibilidade de alcance para utilizar
algo, com segurança e autonomia, dos mobiliários, espaços, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, meios de comunicação, pelas pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida (BRASIL, 2000).

Conforme a NBR 9050 (ABNT, 2015) o termo acessibilidade significa a condição e


possibilidade de percepção, alcance e entendimento para a utilização, de espaços, equipamentos
urbanos, mobiliários, edificações, transportes, comunicação e informação, com segurança e
autonomia, inclusive sistemas e tecnologias, como outros serviços abertos ao público, tanto de uso
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
20

público ou privado e de uso coletivo, por pessoa com mobilidade reduzida ou deficiência, nas zonas
urbanas como nas rurais.

Para as pessoas portadoras de necessidades especiais a acessibilidade é de grande


importância, pois garante o exercício da cidadania e promove a qualidade de vida, como o direito
de ir e vir com segurança. Mas a dificuldade de acesso não está só ligada as pessoas portadores de
necessidades especiais, mas também as pessoas com mobilidade reduzida (idosos, grávidas,
deficientes visuais e auditivos) que tem dificuldades para se locomover.

2.3 DEFICIÊNCIAS E RESTRIÇÕES

Conforme o artigo 4 da Lei 13.146 (BRASIL, 2015), fala que toda a pessoa com deficiência
tem direito como as demais pessoas à igualdade de oportunidades, e não sofrerá nem um tipo de
discriminação.

O Brasil conta com um número elevado de pessoas com deficiência, que são discriminadas
todos os dias nas comunidades em que vivem ou acabam sendo excluídas do mercado de trabalho.
A exclusão social dessas pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial já vem
acontecendo a bastante tempo, é tão antigo quanto a socialização do homem (MACIEL, 2000).

Pessoa com deficiência é aquela que apresenta, perdas ou reduções de alguma estrutura, em
caráter permanente, o que dificulta certas atividades, dentro do padrão considerado normal
(BRASIL, 1993). Já a lei 10.098 diz que pessoa com deficiência é aquela que tem impedimentos
de longo prazo de natureza, mental, intelectual ou sensorial e física, que atrelado as barreiras podem
acabar obstruindo sua participação plena e efetiva na sociedade, comparado com as condições das
demais pessoas (BRASIL, 2000).

Segundo o IBGE (2010), no Brasil 23,9% da população tem algum tipo de deficiência
(visual, auditiva, motora, mental ou intelectual), são aproximadamente 45,6 milhões de deficientes.
A deficiência visual é a que atinge um número maior de indivíduos, cerca de 18,8% da população,
seguida da motora com 7%, da auditiva com 5,1% e por último a mental ou intelectual com 1,4%.
É possível perceber um aumento da população idosa, que costuma apresentar limitações quanto a
mobilidade, realizações de atividades, devido ao envelhecimento natural.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
21

Não existe uma política efetiva de inclusão que viabilize planos integrados de urbanização,
saúde, acessibilidade, educação, cultura, esporte, nos estados e municípios, com metas e ações para
resguardar os direitos dos portadores de deficiência (MACIEL, 2000).

Conforme o artigo 3 da Lei 13.146 (BRASIL, 2015), define que pessoa com mobilidade
reduzida, é aquela que tem dificuldade de movimentação, por qualquer motivo, seja de caráter
permanente ou temporário, que acaba gerando reduções de flexibilidade, mobilidade, percepção ou
da coordenação motora, estão inclusos nisso as pessoas obesas, idosas, as lactantes, gestantes, e
com criança de colo.

Os portadores de deficiência sempre foram marginalizados e privados de sua liberdade, não


tinham direitos, atendimento. Desde os primórdios a estrutura da sociedade já tinha esse
preconceito e ações impiedosas. Mas nos últimos anos, educadores e pais têm buscado a inclusão
dessas pessoas, buscando resgatar o respeito humano e a dignidade, para que possam usufruir do
acesso e o pleno desenvolvimento a todos os recursos da sociedade por parte desse segmento
(MACIEL, 2000).

2.4 BARREIRAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS

A locomoção das pessoas com deficiência, seja ela indo a pé, de carro, táxi, por transporte
público, ela deve ser de uma forma segura e de fácil acesso até o local esperado. Deve propiciar o
livre percurso, sem impedimentos ou barreiras de risco para seus usuários (BENEVIDES, 2015).

Conforme a Lei Municipal n° 2.894 de 19 de outubro de 2009, estabelece alguns critérios


a respeito da acessibilidade, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços
públicos, na construção e reforma de edificações, no mobiliário urbano e meios de transportes
(PANAMBI, 2009).

No Brasil a lei 10.098 (2000), é a que estabelece normas gerais e critérios básicos para o
acesso das pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência. E ela define que as barreiras são,
qualquer entrave que impeça ou limite o acesso de forma segura das pessoas, e elas são classificadas
em 4 tipos:

a) Barreiras arquitetônicas e urbanísticas: são as existentes nos espaços e vias públicas;


b) Barreiras arquitetônicas na edificação: são as existentes nos edifícios;
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
22

c) Barreiras arquitetônicas nos transportes: são as barreiras nos meios de transportes;


d) Barreira nas comunicações: qualquer entrave que impeça o recebimento de
mensagens.

Conforme o artigo 3 da Lei 13.146 (BRASIL, 2015), cita mais dois casos de barreiras, as
atitudinais, e as tecnológicas. A primeira está ligada as atitudes ou comportamentos que
prejudiquem ou impeçam a atuação social da pessoa com deficiência, não tendo a mesmas
condições e oportunidades como as demais pessoas. E as barreiras tecnológicas são as que
impedem o acesso das pessoas com deficiência as formas de tecnologias.

É muito comum pessoas se depararem com barreiras de vegetação, elas acabam se


transformando em impedimentos aéreos, pois seus galhos invadem o passeio e ocasionam
rachaduras por causa de suas raízes, conforme mostra a Figura 1. Por isso, as espécies de árvores
devem ser apropriadas e cuidadas, para não ocasionar tais barreiras. Outros problemas são as
entradas de garagem e as grelhas, onde acabam interrompendo a calçada, e prejudicando a
passagem dos usuários. Quando as grelhas estiverem transversalmente nos locais de circulação, os
vãos devem ter dimensão máxima de 15 mm (BENEVIDES, 2015).

Figura 1: Barreira por vegetação.

Fonte: BENEVIDES, 2015.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
23

Barreira arquitetônica e qualquer ambiente natural, que está instalado ou edificado que pode
impedir à aproximação, circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano (TORRES,
2006).

As maiores dificuldades encontradas são as barreiras arquitetônicas e urbanísticas, que são:


portas e circulações estreitas, escadas, elevadores pequenos, banheiros inadequados, ruas e
calçadas com desníveis ou revestimentos inadequados (BAHIA, 1998).

As barreiras arquitetônicas são encontradas em todo o lugar e podem estar ligadas a falta
de planejamento de projetos. Essa barreiras acabam dificultando à acessibilidade dos usuários nas
estruturas instaladas. Não basta que haja legislação a respeito do tema, o mais certo seria evitar
estas barreiras, buscando melhorar os ambientes de acordo com as normas, e necessário que todos
lutem para que as leis sejam cumpridas, reivindicando direitos frente as autoridades competentes
ou fiscalizando (DAMASO, 2011).

Segundo Cardoso e Cuty (2012) comentam que as barreiras arquitetônicas e urbanísticas


são o principal desafio a ser enfrentado para viabilizar definitivamente à acessibilidade em qualquer
local. Englobado ao conceito de inclusão social, as barreiras são entendidas como preconceitos
sociais em relação a um grupo ou indivíduo.

2.5 LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS

As principais leis sobre o tema da acessibilidade, em âmbito federal, estadual e municipal,


foram pesquisadas, e foi comentado um pouco sobre elas, como verificado abaixo.

2.5.1 Legislações Federais

Dentre as legislações e normas vigentes sobre acessibilidade, que englobam todo o território
brasileiro, destaca-se as leis Federais.

2.5.1.1 Lei N° 10.098, 19 de dezembro de 2000

A lei N° 10.098 (BRASIL, 2000), em seu artigo 1°, ela define critérios básicos para a
promoção da acessibilidade, como também para a supressão de barreiras em espaços públicos. Em
seu artigo 2° inciso I e II, ela comento o conceito de acessibilidade, como também o conceito de
barreiras urbanísticas e os seus tipos.
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
24

Ainda sobre a referida lei descrita acima, em seu artigo 4°, ela comenta que os espaços
públicos e parques devem ser adaptados para receber os portadores de deficiência ou com
mobilidade reduzida de uma forma acessível. Comenta também nos demais artigos, que devem se
ter vagas de estacionamento com fácil acesso aos PCDs, que as sinalizações e os mobiliários
urbanos (placas, árvores, postes) devem ser colocados em locais que não atrapalhem a circulação
dos pedestres, ou se apresentarem risco devem ser sinalizados com piso tátil de alerta, entre outros
critérios comentados nos demais artigos.

2.5.1.2 Lei 13.146, 06 de junho de 2015

É a lei que busca assegurar e promover a inclusão social, para que as pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, tenham os mesmos direitos que as demais. Em seu artigo
3°, ela define o que é acessibilidade, e o que são barreiras. No capítulo II, comenta que as pessoas
com deficiência devem ser protegidas de qualquer tipo de discriminação, e tem o direito a igualdade
como qualquer outro indivíduo (BRASIL, 2015).

2.5.2 Legislações Estaduais

2.5.2.1 Lei Estadual N° 13.320, de 21 de dezembro de 2009

A Lei Estadual N° 13.320, em seu artigo 1°, consolida a legislação em relação as pessoas
com deficiência no estado. No capítulo II que comenta sobre a acessibilidade de edifícios públicos,
em seu artigo 9°, fala que os projetos na área de arquitetura e engenharia devem ser planejados
para o fácil acesso das pessoas, tanto na construção ou quando forem realizadas reformas (BRASIL,
2009).

2.5.3 Legislações Municipais

No município de Panambi/RS, existem algumas leis que comentam sobre acessibilidade.

2.5.3.1 Lei Complementar N°11, de 18 de agosto de 2008

Em seu capítulo II ela comenta sobre a acessibilidade, diz que seu uso é obrigatório.
Comenta também como devem ser realizados os passeios públicos, os rebaixamentos do meio-fio,

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
25

veda a colocação de qualquer equipamento que possa interferir na circulação dos cadeirantes nas
esquinas dos passeios, entre outros casos (PANAMBI, 2008).

2.5.3.2 Lei Municipal 4.066, de 27 de maio de 2015

Em seu artigo 4° inciso IX, ela define acessibilidade como sendo a facilidade, de alcançar,
com autonomia, os destinos pretendidos na cidade. No artigo 12° Ela comenta quais as dimensões
que devem ter os passeios para a circulação de pedestres, e nos demais casos deve se respeitar a
Lei Federal 10.098 (PANAMBI, 2015).

Foi realizado um croqui com um resumo, para identificar as principais leis comentadas
acima sobre o tema da acessibilidade, conforme mostra a Tabela 1 logo abaixo:

Tabela 1: Resumo das leis estudadas.


NORMAS REGULAMENTADORAS SOBRE ACESSIBILIDADE
Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
Lei N° 10.098, de 19 de
da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou
dezembro de 2000
Legislações com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
Federais Trata das condições de igualdade, e os padrões universais que
Lei 13.146, de 06 de julho
projetos novos devem seguir, e edificações já existentes
de 2015
devem adaptar.
Legislações Lei Estadual N° 13.320, de Trata de construções e edificações públicas, que deverão
Estaduais 21 de dezembro de 2009 facilitar acesso a pessoa com deficiência física.

Lei Complementar N° 11, Institui o código de posturas do município de Panambi, RS, e


18 de agosto de 2008 dá outras providências.
Legislações
Municipais
Lei Municipal 4.066, de 27 Institui o plano de mobilidade urbana sustentável do município
de maio de 2015 de Panambi, e dá outras providências.
Fonte: Autoria Própria.

2.6 PADRÕES DE DESENHO UNIVERSAL

O desenho universal é indicado para todas as pessoas, indiferente de sua idade,


característica pessoal, ou habilidades. A ideia dele é que todos possam utilizar o ambiente/objetos
com segurança e autonomia, que cada espaço ou produto possa ser alcançado usado e manipulado,

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
26

independentemente do indivíduo, de sua postura ou sua mobilidade (CARLETTO, CAMBIAGHI,


2008).

2.6.1 Calçadas

Os parques, vias públicas, e demais espaços públicos, devem ser projetados, planejados e
urbanizados, de forma a tornar esses lugares acessíveis as pessoas com mobilidade reduzida e
portadoras de deficiência. O passeio público é um local segregado e em nível diferente, que destina
a circulação de pedestres, e quando possível recebe a vegetação e os mobiliários urbanos. Os
mobiliários urbanos (sinais de tráfego, postes de iluminação, semáforos e qualquer elemento de
sinalização vertical) que devem ser disposto em espaço de acesso de pedestres, devem ser
instalados de forma a não prejudicar ou impedir o fluxo (BRASIL, 2000).

Já a NBR 9050 (ABNT, 2015) define calçada como sendo parte da via, em nível diferente,
não recomendada a circulação de veículos, local que poderá ser implantado sinalizações,
mobiliários urbanos e vegetação, reservado para circulação de pedestres. Já o passeio é a parte da
calçada, destinado só para a circulação exclusiva de pedestres e ciclistas.

As calçadas devem permitir a inclusão entre as equipamentos e mobiliários urbanos, as


edificações, os espações públicos e o comércio. Estas integrações devem ser realizadas por rotas
contínuas, com dimensões adequadas e acessíveis, para que os usuários se desloquem de uma forma
fácil e segura. Não podem ser criados elementos que dificultem ou impeçam o livre deslocamento,
pois as calçadas não são extensões das edificações, por isso os proprietários devem estar ciente
desses fatores (Torres, 2006).

2.6.1.1 Largura adequada

De acordo com a NBR 9050 (ABNT, 2015), as inclinações da calçada devem ter no máximo
3% no sentido transversal, e inferior a 5% no sentido longitudinal ou acompanhar a inclinação das
vias lindeiras.

A Figura 2 mostra que a largura da calçada é dividida em três faixas de uso, que são:

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
27

a) Faixa livre ou passeio: é destinado somente para a circulação dos pedestres, não
pode conter nem uma barreira, ter largura mínima de 1,20m e 2,10m de altura livre,
a inclinação pode ser de até 3%;
b) Faixa de serviço: é usada para acomodar os canteiros, os mobiliários, postes e
árvores. O recomendado é uma largura mínima de 0,70m nas calçadas a serem
construídas;
c) Faixa de acesso: é a passagem da área pública para o lote. Essa faixa só é usada em
calçadas com largura superior a 2,00m e serve para acomodar as rampas de acesso
aos lotes, com a autorização do município para as propriedades já construídas.

Figura 2: Faixas de uso da calçada.

Fonte: ABNT / NBR, 2015.

Já a lei municipal 4.066 de Panambi comenta que para o fluxo de pedestres nos passeios
públicos, este deve ter dimensão de no mínimo 1,20m, permitindo a passagem simultânea de 2
pessoas (PANAMBI, 2015).

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
28

O recomendado é que a faixa livre em ambos os sentidos consiga absorver um tráfego de


25 pedestres por minuto com conforto e segurança, a cada metro de largura. Os veículos que
acessam aos lotes e seus espaços de circulação não podem interferir a faixa livre, por onde os
pedestres circulam, não pode conter degraus ou desníveis. Nas faixas de acesso e de serviço pode
conter rampas, conforme mostrado na Figura 3 (ABNT/NBR, 2015).

Figura 3: Acesso do veículo ao lote.

Fonte: ABNT / NBR, 2015.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
29

Segundo Torres (2006), o acesso dos veículos as residências não podem gerar barreiras no
passeio, como desníveis ou inclinações, se existirem rampas de garagem eles devem estar dentro
do lote, a Figura 4 abaixo, mostra a rampa fora da área do lote, já a Figura 5 está de acordo com o
recomendado, pois está dentro da área do lote. O rebaixamento do meio fio deve ser perpendicular
ao alinhamento da rua, visando um melhor acesso dos veículos à edificação, este rebaixamento
deve ter a mesma largura do veículo, respeitando os parâmetros da lei. A legislação do município
deve ser consultada para saber quais são os recuos mínimos e máximos, e o afastamento frontal,
para que as rampas não fiquem sobre o passeio.

Figura 4: Rampa fora da área do lote.

Fonte: TORRES, 2006.

Figura 5: Rampa dentro da área do lote.

Fonte: TORRES, 2006.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
30

2.6.1.2 Tipos de piso

Conforme a Lei complementar n° 11 (PANAMBI, 2008), é obrigatório a garantia de


acessibilidade e de condições que permitam a circulação de pessoas com deficiência. Os passeios
públicos devem ser feitos com material contínuo, firme, sem desníveis ou degraus.

Já a NBR 9050 (ABNT, 2015), comenta que as calçadas e vias exclusivas para pedestres
devem ter acabamento com superfície regular, estável, firme, antiderrapante e que com a passagem
de dispositivos com rodas não sofra trepidações.

Conforme Torres (2006) os pisos para as faixas livres devem ser antiderrapante, e na
escolha dos materiais deve sempre procurar comprar um material com qualidade, durabilidade e
facilidade de reposição, tudo isso deve estar atrelado a estética e a segurança. A pedra portuguesa
não é muito indicada, pois gera trepidações nas cadeiras de rodas e carrinhos de bebês, mas pode
ser mantida em áreas de interesse histórico. Quando forem construídas calçadas é necessário que
seja a partir de um meio fio, pois esse meio fio faz parte do arremate entre o passeio e a rua, deve
ser feitas manutenções em locais em que o piso encontra-se deteriorado, conforme mostra a Figura
6.
Figura 6: Calçada sem manutenção no piso.

Fonte: TORRES, 2006.

Ainda conforme o autor acima citado, os pisos devem ser construídos sobre um lastro
regularizado ou um contra piso, nunca deve ser realizado diretamente sobre o solo. Recomenda-se
_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
31

alguns tipos de revestimentos como: pavimento intertravado, placa pré-moldada de concreto,


ladrilho hidráulico e concreto.

Segundo Torres (2006), o pavimento intertravado é um pavimento de blocos de concreto


pré-fabricados, assentado sobre uma base de areia; as placas pré-moldadas são fabricadas com
concreto de alto desempenho, que pode se assentada diretamente sobre a base; os ladrilhos são
placas de concreto de alta resistência, assentadas com argamassa sobre uma base de concreto; o
concreto pode ser fabricado in loco, e é utilizado armadura como aço soldados e telas. Independente
do material, não é recomendado a pintura das calçadas, encerar e impermeabilizar, pois podem
ocasionar pisos escorregadios e virem a causar acidentes.

2.6.1.3 Arborização e paisagismo

Conforme a Lei complementar n° 11 (PANAMBI, 2008), se for projetado canteiros nos


passeios, não devem ser plantadas árvores que invadam o local de circulação ou agridam os
usuários, nem colocado qualquer equipamento em esquinas que impeçam a circulação dos
cadeirantes.

A NBR 9050 (ABNT, 2015), comenta que o plantio de vegetação não deve interferir na
área de circulação dos pedestres. Nessas áreas de circulação não é recomendado o plantio de
espécies que tenham espinhos, raízes que afetem o pavimento, e princípios tóxicos.

2.6.2 Instrumentos de acessibilidade

Os instrumentos de acessibilidade para a realização do estudo foram as rampas de acesso,


vagas destinadas a PCD e sinalização tátil.

2.6.2.1 Rebaixamento das calçadas (rampas de acesso)

A lei municipal 4.066 de Panambi, busca proporcionar melhoria nas questões de


acessibilidade e mobilidade urbana, como também visa realizar rebaixamentos das calçadas em
cruzamentos, nas faixas de pedestres, rampas de acesso, para atendimento as pessoas com
necessidades especiais, crianças e idosos (PANAMBI, 2015).

Conforme a Lei complementar n° 11 (PANAMBI, 2008), as edificações privadas ou


públicas, que não estiverem no mesmo nível da calçada, devem ser feitas rampas de acesso com
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
32

piso antiderrapante, com guarda-corpo e corrimão, para à acessibilidade das pessoas com
necessidades especiais e mobilidade reduzida. Os passeios devem ser construídos sem nem um
obstáculo, e ter continuidade de mesmo nível ao redor de todo quarteirão, sendo que, no final do
mesmo ou no local de melhor acesso ser feito o rebaixamento do cordão para trânsito dos
portadores de necessidades especiais.

A NBR 9050 (ABNT, 2015), recomenda que os rebaixamento das calçadas para a via
pública, não podem ser superior a 8,33% no sentido longitudinal da rampa, e não pode diminuir a
faixa de circulação, que é no mínimo 1,20 m da calçada, como mostra a Figura 7. As rampas com
2,00m devem ter no mínimo 1,20 m de largura na rampa principal e abas laterais de largura mínima
de 0,50m
Figura 7: Rebaixamento da calçada.

Fonte: ABNT / NBR, 2015.

2.6.2.2 Vagas de estacionamento destinadas à PCD

Conforme a lei 10.098, em vias e espaços públicos onde tenham estacionamento de


veículos, é necessário que se tenham vagas para pessoas portadoras de deficiência ou com
dificuldade de locomoção, estas devem estar próximas dos acessos de circulação. Devem ter no

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
33

mínimo 2% de vagas do total garantida, e pelo menos uma vaga com as especificações técnicas
recomendadas e devidamente sinalizada (BRASIL, 2000).

Conforme a NBR 9050 (ABNT, 2015) as vagas destinadas as pessoas com mobilidade
reduzida ou com deficiência, devem ser marcadas com símbolo internacional de acesso, ou com
descrição de idoso. As sinalizações que forem instaladas na vertical, a borda inferior da placa deve
ficar a uma altura livre 2,10m e 2,50m em relação ao piso.

2.6.2.3 Sinalização tátil

A NBR 9050 (ABNT, 2015) define piso tátil como sendo: piso caracterizado por cores
diferentes as do piso adjacente, destinado a constituir uma linha guia para orientação e alerta.

Conforme a NBR 9050 (ABNT, 2004), a sinalização tátil no piso serve para orientação de
pessoas com deficiência visual, e ele pode ser do tipo alerta ou direcional. Ambas devem ter uma
cor diferente do piso existente, em que estão sobrepostas ou integradas. Quando estiverem
sobrepostas, o desnível não pode exceder 2 mm entre o piso existente e a superfície do piso
implantado, e não deve haver desnível quando estiverem integrados.

A sinalização tátil de alerta tem um relevo em forma de tronco-cônicos, e é usada nas


situações de rebaixamento de calçadas, junto a portas de elevadores, junto a desníveis, tais como
plataformas de embarque e desembarque, obstáculos suspensos entre 0,60 m e 2,10 m do piso
acabado, e que tenham um volume maior na parte superior do que na base, e devem estar afastados
0,60m do obstáculo, conforme mostra a Figura 8.
Figura 8: Sinalização tátil de alerta em obstáculos suspensos.

Fonte: ABNT / NBR, 2004.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
34

A sinalização tátil direcional consiste em relevos lineares, conforme mostra a Figura 9, é


usada em áreas de circulação, em espaços amplos e indicando o caminho a ser percorrido, deve ter
seção trapezoidal, ter largura entre 20 cm e 60 cm, ser instalada no sentido do deslocamento e ser
cromo diferenciada em relação ao piso existente.

Figura 9: Sinalização tátil direcional - modulação do piso.

Fonte: ABNT / NBR, 2004.

As sinalizações tátil de alerta e direcional devem atender as seguintes condições:

a) Quando ocorrer mudança de direção do piso tátil direcional, este deve conter uma
área de alerta, mostrando que a mais alternativas de trajeto;
b) Se a mudança de direção for maior que o ângulo de 90°, deve ser sinalizado com piso
direcional;
c) Em rebaixamentos de calçadas, a sinalização direcional deve encontrar a de alerta;
d) Nas portas de elevadores, a sinalização direcional deve encontrar a de alerta na
direção da botoeira;
e) Deve ser instalado piso tátil de alerta nas faixas de travessia, perpendicular ao
deslocamento, e a sinalização direcional deve conectar um lado da calçada ao outro,
no sentido do deslocamento;
f) No ponto de ônibus deve ser colocado piso tátil direcional onde será feito o embarque
e desembarque de passageiros, e ao longo do meio fio o piso tátil de alerta.
_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
35

3 MÉTODO DE PESQUISA

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

A primeira fase do desenvolvimento do trabalho embasou-se na pesquisa bibliográfica


referentes ao tema, fazendo com que haja uma definição a respeito do assunto, e adquirir o máximo
de informações e conhecimento sobre o mesmo. Após foi realizado as etapas de visita exploratória,
para identificar e registrar os passeios/calçadas quanto a acessibilidade do local. Será identificado
as facilidades e dificuldades encontradas pelos usuários na circulação desses locais.

Para Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é realizada em cima de um material já publicado,


podendo ser principalmente por artigos científicos e livros, mas pode ser desenvolvidas a partir de
fontes bibliográficas. O estudo de caso consiste num estudo aprofundado e exaustivo de
determinado assunto, de modo que atinja um amplo e detalhado conhecimento.

Conforme Gonsalves (2001), conforme os objetivos propostos, esta pesquisa pode ser
definida como de campo, através de visita in loco, por que são coletados dados com observação e
medição. Essa pesquisa exige um encontro mais direto, pois é necessário que o pesquisador
compareça ao local onde será feito o estudo, e reúna as informações a serem documentadas.

Segundo Selltiz (1974), após ser realizado a formulação do problema em questão, se define
quais são as informações necessárias, então o pesquisador monta o seu planejamento de pesquisa,
que pode vim a variar conforme seu objetivo.

Para a realização do trabalho de campo foi feita a verificação dos seguintes itens:

a) Dimensões das calçadas (largura);


b) Tipos de piso;
c) Arborização e paisagismo;
d) Barreiras arquitetônicas encontradas em local de circulação de pedestres;
e) Rampas de acesso;
f) Vagas para estacionamento, destinadas para PCD;
g) Sinalização tátil.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
36

Após o levantamento de campo foi possível analisar os resultados, e verificar se estavam


de acordo com as bibliografias e normas vigentes. Esse estudo terá por finalidade demonstrar e
analisar as dificuldades encontradas pelos portadores de necessidades especiais ou com mobilidade
reduzida, quanto as condições de acessibilidade nesses locais estudados.

3.2 DELINEAMENTO

Essa investigação e de grande relevância social, pois o assunto vem sendo cada vez mais
discutido nos dias atuais, e é de suma importância locais acessíveis a todos os usuários,
independentemente da sua condição. Quanto aos benefícios, a presente pesquisa visa possibilitar
uma nova visão a respeito da acessibilidade, para que os direitos das pessoas com mobilidade
reduzida ou necessidades especiais sejam respeitados.

A pesquisa se determinou em etapas, conforme mostra a Figura 10 logo a baixo.

Figura 10: Delineamento de pesquisa.

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

LEVANTAMENTO DOS DADOS


ATRÁVES DE PESQUISA DE
CAMPO NO MUNICÍPIO

CRIAÇÃO DOS CROQUIS

ANÁLISE DOS RESULTADOS


ENCONTRADOS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fonte: Autoria Própria.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
37

O estudo foi realizado em 5 etapas, que estão descritas na imagem acima. Primeiramente
foi realizado uma pesquisa bibliográfica em normas e legislações a respeito da acessibilidade, para
ter um melhor conhecimento sobre o assunto. Após foi feito um levanto dos dados, e verificado as
condições que se encontravam as calçadas, quanto à largura, tipos de pisos, arborização, entre
outros, e também registros fotográficos na área delimitada.

Foi percorrido todos os passeios públicos no quadrante delimitado, para levantamento dos
itens descritos acima:

a) Foi feito a medição da calçada, essa medida vai do lote até o meio fio.
b) Nos pisos foi verificado os tipos de acabamento, se haviam buracos, desníveis,
degraus, que poderiam atrapalhar a circulação dos pedestres.
c) A questão da arborização, foi feito um levantamento quanto ao número de árvores,
canteiros e gramados existentes.
d) Para a identificação das barreiras arquitetônicas, foi feito registros fotográficos, para
identificar quais atrapalhavam a circulação dos pedestres.
e) Quanto as rampas de acesso, foi verificado se tinham as dimensões corretas
conforme as normas, e se havia a predominância delas em cada esquina do
quadrante em estudo, e se elas possuíam continuidade nos dois lados dos passeios.
f) Para a identificação dos pisos tátil, foi feito registro fotográfico para analisar o
número correspondente de pisos encontrados no quadrante.
g) As vagas de estacionamento para PCDs, foi verificado se seu desenho estava de
acordo com o correspondente nas normas estudadas, se havia a sinalização correta
e as rampas de acesso.

Assim foi feito os croquis do local onde seria realizado o estudo, para uma melhor
classificação do trabalho realizado. Foi usado o software AutoCad, e o Google Maps para a
visualização do mapa do município de Panambi/RS. A quarta etapa, foi feita a análise dos
resultados obtidos, onde foi possível classificar as calçadas que estavam de acordo com o
recomendado nas normas.

Nas considerações finais foi explicado os dados obtidos, e as melhorias que poderiam ser
realizadas no local, quanto à acessibilidade, para uma melhor circulação dos pedestres.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
38

3.3 QUADRANTE EM ESTUDO

A área utilizada para a pesquisa desse trabalho, encontra-se no centro da cidade, no local
onde ocorre o maior fluxo de pessoas. Pois é um local com várias lojas comerciais. Na Figura 11 é
possível analisar a dimensão da cidade de Panambi / RS.
Figura 11: Mapa de Panambi/RS.

Fonte: Google Maps, 2018.

Na Figura 12 mostra a área delimitada para o estudo, nas ruas e calçadas deste local, ocorre
uma intensa circulação de pessoas, pois é onde centraliza suas atividades. O estudo concentrasse
nas vias principais, que são a rua da Holanda e a Sete de Setembro, onde será verificado as
condições das calçadas.
Figura 12: Quadrante em estudo.

Fonte: Google Maps.


_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
39

Através do mapa disposto pelo Google Maps, foi possível elaborar um croqui no AutoCad,
onde foi dividida as calçadas no quadrante em estudo. Foram utilizadas as cores azul, vermelho e
magenta, para visualizar a quantidade de calçadas estudadas. Estas foram divididas pelo número
de lotes na quadra, mesmo se a calçada tivesse as mesmas dimensões ou piso que o lote ao lado,
foi considerado como se fosse uma calçada diferente.

As calçadas foram distribuídas no sentido de ida e volta, o valor total de calçadas apresenta-
se ao lado do número do quadrante. Por exemplo, no quadrante 1, foi totalizado as calçadas nos
dois sentidos, contabilizando um valor de 27 calçadas, representado ao lado do número do
quadrante. As cores em azul, foram das calçadas situadas nas ruas principais, que são os números
1 e 2, o restante, na cor preta são das ruas adjacentes, como mostra a Figura 13.

Figura 13: Croqui da divisão das calçadas no quadrante.

Fonte: Autoria Própria.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
40

Nesse quadrante em estudo, fica localizada a praça central da cidade, assim como o
supermercado da Cotripal, o Banrisul e a Caixa Econômica Federal, áreas com bastante fluxo de
pessoas. Após este estudo, foi contabilizado um total de 133 calçadas, as quais serão utilizadas para
desenvolver as etapas do capítulo seguinte.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
41

4 RESULTADOS

Neste capítulo é apresentado os resultados de toda a pesquisa, mostrando as condições


encontradas acerca da acessibilidade no quadrante em estudo, assim como croquis para situar as
condições dos passeios, registros fotográficos, e tabelas com os quantitativos analisados.

4.1 DIMENSÕES (LARGURA DA CALÇADA)

Inicialmente, foi verificado as dimensões das calçadas, com a ajuda de uma trena a laser
mediu-se suas larguras, verificando se as mesmas estavam de acordo com o recomendado nas
bibliografias e norma vigentes sobre o assunto. Foi percorrido todo o quarteirão para a realização
das medidas, os mobiliários urbanos e outros equipamentos foram desprezados nesse caso.

Para verificar se as calçadas tinham a mesma largura na quadra inteira, foram feitas
medições em três pontos, início, meio e fim. Estas medições foram realizadas no dois sentidos da
ruas principais 1 e 2, demonstradas no croqui (Figura 14), como das ruas adjacentes 3,4,5,6,7 e 8.
Ao final das medições foi feito um croqui no mapa, para demonstrar as larguras encontradas,
conforme mostra a Figura 14.

O recomendado pela ABNT, é que as calçadas tenham no mínimo 1,20m de largura livre,
para que as pessoas possam transitar com segurança, já para a acomodação dos mobiliários urbanos,
canteiros, postes e árvores, o recomendado é uma largura mínima de 0,70m. No local analisado,
foi constatado que a maioria das calçadas estavam de acordo com o recomendado, todas tinham
uma largura maior que 1, 20m, apenas em uma das ruas essa dimensão era inferior, onde dificultava
a circulação dos pedestres.

Conforme mostra a Figura 14 abaixo, as medidas foram divididas por cotas médias, com
larguras inferiores à 1,50m até larguras superiores à 4,50m, onde, é possível verificar que as
calçadas com larguras superiores estão localizadas no quadrante 8, que obteve uma dimensão de
4,90m. As calçadas que tiveram uma largura menor que 1,50m, estão situadas no quadrante 6, estás
por sua vez tiveram dimensões variando de 1,11m até 0,28m, uma largura bem inferior a 1,20m,
que seria o recomendado pela norma, dificultando muito a passagem dos pedestres, onde muitas
vezes transitavam pela rua, colocando em risco sua segurança.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
42

Figura 14: Distribuião das calçadas quanto as suas larguras.

Fonte: Autoria Própria.

Em relação aos quantitativos, as calçadas que tiveram uma maior ocorrência quanto a sua
largura, foram as de 1,51 à 2,50m, com um total de 36,09%, e as de 2,51 à 3,50m, com um total de
42,11%, conforme mostra a Tabela 2 abaixo.

Tabela 2: Quantitativos das larguras.

LARGURA DA CALÇADA
Acima de 4,51m 3 (2,26%)
3,51 à 4,50m 14 (10,52%)
2,51 à 3,50m 56 (42,11%)
1,51 à 2,50m 48 (36,09%)
Menor de 1,50m 12 (9,02%)
Fonte: Autoria Própria.
_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
43

Em relação aos mobiliários urbanos instalados nas calçadas, como árvores, lixeiras, postes,
placas, estes foram medidos e estavam de acordo com o recomendado na legislação, pois mesmo
com esses equipamentos instalados, as calçadas tinham uma largura livre adequada para a
circulação dos pedestres, como mostra a Figura 15A abaixo. Apenas o quadrante 6 não estava de
acordo, pois a largura da calçada era inviável para a sua inserção, como mostra a Figura 15B.

Figura 15A: Largura adequada da calçada; Figura 15B: Largura inadequada da calçada

A B

Fonte: Autoria Própria.

4.2 TIPOS DE PISO

É essencial que as estruturas dos pisos sejam adequadas, para que possam proporcionar
segurança e conforto aos portadores de necessidades especiais e pessoas com mobilidade reduzida,
assim como os demais pedestres que transitam pelas calçadas. Nesse sentido foi verificado os
materiais utilizados na confecção das calçadas, assim como suas irregularidades e as condições que
se encontravam.

Em alguns lugares as condições dos pisos se encontravam bem críticas, continham buracos,
desníveis e rachaduras, dificultando a passagem dos pedestres. Foram encontrados vários tipos de
pisos no local analisado, como:

a) Pisos com cerâmica antiderrapante;


b) Pisos com cerâmica escorregadia;
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
44

c) Piso sem revestimento, apenas com concreto;


d) Piso com concreto e pintado;
e) Piso com intertravado;
f) Pisos com placas de cimento;
g) Pisos com pedra grês.

No croqui pode ser verificado a distribuição dos materiais no quadrante estudado, como
mostra a Figura 17 abaixo. É possível verificar a predominância das calçadas feitas em concreto,
totalizando 55 calçadas, seguidas das feitas em pedra grês (com um total de 18 calçadas), depois
as feitas com intertravado (16 calçadas), as em placas de cimento (14 calçadas), das concretadas e
pintadas (13 calçadas), das feitas com cerâmica antiderrapante (11calçadas), e por fim as com
cerâmicas escorregadias, com apenas 6 calçadas.

Figura 16:Distribuição das calçadas quanto aos tipos de revestimentos.

Fonte: Autoria Própria.


_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
45

A Tabela 3 abaixo, mostra os materiais utilizados na fabricação das calçadas e a quantidade de cada
uma.

Tabela 3: Tipos de piso.

TIPOS DE PISOS
Cerâmica antiderrapante 11 calçadas
Cerâmica escorregadia 6 calçadas
Concretado 55 calçadas
Concretado e pintado 13 calçadas
Intertravado 16 calçadas
Placas de cimento 14 calçadas
Pedra grês 18 calçadas
Fonte: Autoria Própria.

Das calçadas analisadas, algumas apresentaram rachaduras, buracos, trincas, desníveis,


fissuras, o que acaba dificultando a circulação dos pedestres, principalmente para os cadeirantes, e
os portadores de necessidades especiais. Por isso foi elaborado um croqui para mostrar os pisos
que estavam de acordo com as normativas, se estes não apresentavam problemas, e estavam em
boas condições.

A Tabela 4 abaixo, mostra os quantitativos encontrados, para mostrar a porcentagem das


calçadas em acordo e desacordo com a NBR 9050. Do total analisado 66,17% das calçadas estavam
em boas condições.

Tabela 4: Quantitativos de pisos de acordo com a legislação.

REVESTIMENTOS ANALISADOS
De acordo com a legislação 88 (66,17%)
Com problemas 45 (33,83%)
Fonte: Autoria Própria.

Pode-se perceber que no croqui, há um número elevado de calçadas que não estão de acordo
com o que a legislação recomenda, são 45 calçadas em desacordo com a norma, um número bem
elevado, por se tratar de um local no centro da cidade, e ter uma grande circulação de pessoas nesta
área, como mostra a Figura 17 abaixo.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
46

Figura 17: Revestimentos de acordo com a norma.

Fonte: Autoria Própria.

Os materiais encontrados nas calçadas que estavam de acordo com as legislações, eram
feitos com placas de cimento, intertravado e concreto, eles estavam em perfeitas condições, com
uma superfície regular e aderente, proporcionando uma circulação segura para os pedestres, pois
mesmo com os pisos molhados, eles não ficavam escorregadios, a Figura 18 abaixo, mostra as
calçadas feitas com estes materiais.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
47

Figura 18: Revestimentos em perfeitas condições.

Fonte: Autoria Própria.

O número de calçadas com problemas, foram 45, totalizando 33,83%, elas estavam situados
em vários quadrantes, e eram encontradas principalmente nos revestimentos feitos com a pedra
grês, conforme mostra a Figura 19. Elas tinham vários buracos, trincas e degraus (desníveis),
gerando obstáculos para os cadeirantes e portadores de necessidades especiais.

Figura 19: Revestimentos com problemas.

Fonte: Autoria Própria.

Outros revestimentos que causavam bastante insegurança para os pedestres, eram as


calçadas feitas com cerâmica escorregadia, concretadas e pintadas, pois quando estavam molhadas
se tornavam bastante escorregadias, podendo ocasionar acidentes, como mostra a Figura 20.
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
48

Figura 20: Revestimentos com problema.

Fonte: Autoria Própria.

Pode-se perceber que as calçadas que estão em perfeitas condições, estão localizadas em
regiões onde há predominância de comércio e bancos, pois podem atrair maior público, em frente
ao supermercado da Cotripal também estão bem conservadas, visto que ela está adequando suas
calçadas conforme a norma. Os locais deveriam receber uma maior fiscalização pelo poder local,
para se adequarem, principalmente as residências, que são os locais com maiores problemas
encontrados.

4.3 BARREIRAS ARQUITETÔNICAS

Em questão as barreiras arquitetônicas no local analisado, foram poucas as situações


encontradas, os problemas verificados no quadrante, envolviam obras, que acabavam invadindo o
passeio, e deteriorando o mesmo, dificultando a circulação dos cadeirantes e deficientes, pois a
faixa livre de circulação ficava menos que 1,20m, que seria o recomendado pela norma, como
mostra a Figura 21A.

Outros casos que geravam barreiras para os pedestres, eram os mobiliários urbanos, na
Figura 21B, é possível verificar que do lado esquerdo foi instalada uma lixeira, e do direito foi feito
um canteiro, o que acabou por diminuir a faixa livre, dificultando a passagem dos pedestres. Outro
caso que foi notado eram as barreiras por vegetação, pois seus galhos invadiam a calçada, gerando
impedimentos aéreos, podendo ocasionar algum acidente, como mostra a Figura 21C.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
49

Figura 21A: Barreira por obra; Figura 21B: Barreira por mobiliários urbano;

Figura 21C: Barreira por vegetação

A B

Fonte: Autoria Própria.

4.4 ARBORIZAÇÃO E PAISAGISMO

Locais onde a arborização é realizada de uma forma correta, com espécies que não
prejudiquem as calçadas, acabam tornando as cidades mais bonitas, gerando também ganhos
sociais e ambientais. No croqui abaixo (Figura 22), foi considerado qualquer tipo de paisagismo
para o estudo, qualquer árvore no local, arbusto ou canteiro, foi contabilizado como sendo
arborização.

A partir do croqui, pode-se perceber que o número de calçadas sem arborização, é muito
maior que os locais com arborização. As áreas com vegetação ficaram dispostas principalmente
nas ruas adjacentes, pois é onde se concentram as residências. Nas ruas principais o número de
calçadas com arborização é praticamente mínimo, por serem lugares comerciais.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
50

Figura 22: Distribuição da arborização.

Fonte: Autoria Própria.

A Tabela 5 abaixo, mostra os quantitativos das calçadas com arborização e sem arborização.
Pode-se perceber que foram 94 das calçadas sem paisagismo, o que representa 70,68% do total
analisado, estas não possuíam nem canteiros para arborizações futuras. No quadrante 3 onde fica
localizado a praça central da cidade, nota-se que não tem nem um tipo de vegetação na calçada,
assim como no quadrante 2, que é uma das principais ruas do município, está por sua vez continha
apenas uma calçada com vegetação.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
51

Tabela 5: Quantitativos a respeito da arborização.

ARBORIZAÇÃO/PAISAGISMO
Com paisagismo 39 (29,32%)
Sem paisagismo 94 (70,68%)
Fonte: Autoria Própria.

A Figura 23 abaixo, mostra alguns exemplos de paisagismo em perfeitas condições,


respeitando os 0,70m de faixa de serviço. A espécie mostrada na figura A é uma murta de cheiro
ou dama da noite, ela é considerada um arbusto ou arvoreta, e as da figura B são coqueiros.

Figura 23A: Murta de cheiro; Figura 23B: Coqueiros

A B

Fonte: Autoria Própria.

Cidades com um plano de arborização adequado, tornam-nas mais atraentes, diminuem a


poluição sonora, reduzem as ilhas de calor, também limpam os poluentes atmosféricos. Só que é
necessário, uma escolha adequada da espécie de árvore a ser plantada, pois elas podem danificarem
as calçadas. Principalmente pelas suas raízes, onde acabam gerando rachaduras, elevações, buracos
nos passeios, dificultando assim a passagem de cadeirantes e portadores de necessidades especiais,
a Figura 24 abaixo, mostra alguns exemplos.

Por isso é de suma importância que os municípios tenham um plano de arborização, para
explicarem aos cidadãos o manejo correto, de como plantar, podar, entre outras recomendações
______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
52

necessárias. Assim como as espécies adequadas a serem plantadas nas calçadas, para que não
ocasionem obstáculos para os pedestres que transitam no local.

Figura 24: Arborizações incorretas.

Fonte: Autoria Própria.

Tabela 6: Espácie de árvores, sua quantidade e características

TIPOS DE VEGETAÇÃO
Coqueiros 5 Médio porte Inadequada
Murta de cheiro 4 Pequeno porte Adequada
Ipê amarelo 6 Médio porte Adequada
Resedá 18 Pequeno porte Adequada
Canela 5 Médio porte Inadequada
Fonte: Autoria Própria.

4.5 INSTRUMENTOS DE ACESSIBILIDADE

Em relação aos instrumentos de acessibilidade, que são as vagas de estacionamento,


rebaixamentos das calçadas (rampas de acesso) e a sinalização tátil, neste capitulo encontram os
resultados analisados sobre os mesmos.
_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
53

4.5.1 Rebaixamentos de calçadas (rampas de acesso)

Com o intuito de analisar e quantificar as rampas de acesso existentes nas esquinas, foi
percorrido todo o quadrante estudado, afim de verificar as condições que elas se encontravam,
foram feitos registros fotográficos, além de um mapeamento, para mostrar a onde elas estavam
situadas, conforme mostra a Figura 25.

Como mostra a Figura 25 abaixo, nota-se que em várias esquinas não constaram rampas de
acesso, em alguns casos, foi verificado a inexistência das rampas nos dois lados da rua, o que
dificulta a passagem do cadeirante que necessita fazer a travessia. Está situação deve ser evitada,
visto que todos devem transitar em segurança pelos passeios públicos, assim como os cadeirantes
e os portadores de necessidades especiais.

Figura 25: Distribuição das rampas de acesso.

Fonte: Autoria Própria.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
54

Foram quantificadas 11 rampas no quadrante analisado, sendo que nem uma estava de
acordo com o recomendado pela norma, muitas tinham problemas quanto a dimensão, não estavam
sinalizadas, pintadas, ou em péssimas condições, gerando desconforto aos cadeirantes.

A Figura 26A abaixo, mostra a rampa de acesso pintada, porém sem a sinalização e as
dimensões corretas. Já na Figura 26B, não foi realizada a sinalização correta, assim como a
inclinação da rampa. A Figura 27A mostra que não foi realizado o rebaixamento da calçada na
esquina, dificultando assim a locomoção do cadeirante, ficando praticamente inviável sua travessia.

A Figura 27B mostra um exemplo de rampa que estava praticamente de acordo com o
recomendado pela norma, porém a sinalização direcional não encontrava a de alerta, e o seu
revestimento já se encontrava deteriorado.

Figura 26A: Sem a sinalização adequada; Figura 26B: Sem as dimensões corretas.

A B

Fonte: Autoria Própria.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
55

Figura 27A: Não foi realizado o rebaixamento da calçada; Figura 27B: Revestimento deteriorado.

A B

Fonte: Autoria Própria.

4.5.2 Vagas de estacionamento para PcD

No quadrante estudado, foram verificadas as vagas destinadas a PcD somente nas vias,
desconsiderando as vagas em ambientes internos. Foi analisado se tinham rampas de acesso
vinculadas as vagas, como também as sinalizações vertical e horizontal, e se seguiam as demais
recomendações feitas pela norma.

No local estudado foram encontradas apenas duas vagas para PcD, uma delas estava
localizada na rua da Holanda, em frente ao Banrisul. Ela estava de acordo com o recomendado na
norma, possuía sinalização horizontal e vertical, continha também o símbolo internacional de
acesso, o único problema encontrado, foi que ela não possuía rampas de acesso, como mostra a
Figura 28A abaixo.

Na Figura 28B, mostra a outra vaga destinada a PcD, está não continha sinalização
horizontal, apenas na vertical, porém ela contava com rampa de acesso para cadeirantes.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
56

Figura 28A: Vaga de acordo com a norma; Figura 28B: Sem sinalização horizontal.

A B

Fonte: Autoria Própria.

4.5.3 Sinalização tátil

Para descobrir a quantidade de calçadas com piso tátil, foi percorrido todo o quadrante
estudado, das 133 calçadas analisadas, apenas 19 continham esta sinalização. Destas 19 calçadas,
15 estavam situadas na rua sete de setembro, que é uma das principais ruas do município, contendo
várias lojas comerciais no local. A Figura 29 abaixo, mostra a distribuição das calçadas com piso
tátil na área estudada.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
57

Figura 29: Distribuição dos pisos tátil.

Fonte: Autoria Própria.

A Tabela 7 abaixo, mostra os quantitativos em relação aos pisos tátil, pode-se perceber que
a porcentagem de calçadas sem a sinalização é muito elevada, totalizando 85,71%, o que é um
problema para o município, pois é importante que tenhamos passeios sinalizados, para que as
pessoas portadoras de necessidades especiais, possam se orientar e caminhar com autonomia e
segurança pela cidade.

Tabela 7: Quantitativos dos pisos tátil.

PISOS TÁTIL
Sem piso tátil 114 (85,71%)
Com piso tátil 19 (14,29%)
Fonte: Autoria Própria.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
58

Na Figura 30 abaixo, podem-se verificar as sinalizações tátil dispostas pela cidade. Em


relação as sinalizações tátil ao redor dos mobiliários urbanos, que é recomendado pela norma, esta
não foi encontrada em nem um local do quadrante analisado, o que pode ser um risco para os
usuários, principalmente para os deficientes visuais, que podem se chocar com esses equipamentos.

Figura 30: Calçadas com piso tátil.

Fonte: Autoria Própria.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
59

5 CONCLUSÃO

O principal objetivo desta pesquisa é demonstrar os problemas atuais do município de


Panambi/RS referentes a acessibilidade, visto que já se iniciaram desordenadamente algumas
adaptações em alguns passeios públicos, porém ainda existem muitos desafios para o poder público
conseguir implantar de maneira planejada as adaptações necessárias.

Com o estudo na área urbana da cidade de Panambi/RS, constatou-se que a maioria das
calçadas apresentaram uma boa dimensão quanto as larguras, estando de acordo com as normas,
onde apenas 9,02% tiveram dimensões menores que 1,50m. Quanto aos tipos de pisos, foram
encontrados 7 revestimentos diferentes, não seguindo um padrão ao longo da calçada, em alguns
locais foram encontrados, buracos e desníveis que impedem uma circulação segura pelo PcD, das
133 calçadas analisadas, 45 estavam em desacordo com o tipo de piso recomendado pela norma.

Quanto a arborização, verificou-se que está se localizava principalmente nas ruas adjacentes
e em frente a residências, foram apenas 29,32% das calçadas que continham arborização, o que
torna mais quentes os demais locais, além de não proporcionar uma boa qualidade ambiental. Em
relação as barreiras arquitetônicas, foram poucos os casos encontrados, sendo um ponto positivo
para o quadrante estudado.

Em relação ao diagnóstico dos instrumentos de acessibilidade, estes foram os mais notados,


pois se tratando das rampas de acesso, todas estavam em desacordo com a norma, muitas não eram
sinalizadas, nem continham as dimensões e inclinações corretas, onde que, em alguns quarteirões
nem rampas continham, sendo um risco para o cadeirante que teria que se locomover pela via. Em
relação aos pisos tátil, foi outro fator negativo, onde que apenas 14,29% das calçadas continham
as sinalizações.

Apesar do objetivo geral do estudo estar voltado para a área central da cidade, notou-se que
a questão da acessibilidade é mais preocupante nos bairros. Sendo de suma importância que os
órgãos públicos sejam cobrados pelas melhorias e consequentemente, reflete sobre a população
possuidora dos imóveis nos quais possuem passeio público em suas residências. Como pensar na
questão da acessibilidade em loteamentos novos, procurando implanta-la desde o início da
execução, para se ter uma maior inclusão dos portadores de necessidades especiais.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
60

Por fim, a pesquisa conclui que o termo acessibilidade precisará estar cada vez mais
presente em nosso meio, não medindo esforços para colocar em prática todas as medidas
necessárias para que no futuro possamos desfrutar de uma infraestrutura coerente, visando os
direitos iguais de qualquer cidadão, seja ele portador de mobilidade reduzida ou não.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
61

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e


documentação – citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 7 p.

ALMEIDA, M.C. & OLIVER, F.C. Abordagens comunitárias e territoriais em reabilitação de


pessoas com deficiências: fundamentos para a Terapia Ocupacional. De CARLO, M.M.R.P.;
BARTALOTTI, C.C., organizadoras. Terapia ocupacional do Brasil: Fundamentos e Perspectivas.
São Paulo: Plexus Editora, 2001.

ANDRADE, Isabela Fernandes; Ely, Vera Helena Moro Bins. Edificações históricas
preservadas: intervir para torna-las acessíveis. In: Ação Ergonômica. Revista da Associação
Brasileira de Ergonomia. Volume 7, n°2, 2012. Disponível em: <
http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/issue/view/17>. Acesso em maio de 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Norma Brasleira (NBR)


9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2004.

BAHIA, Sergio Rodrigues. (Org.). Município e acessibilidade. Rio de Janeiro-RJ: IBAM/DUMA,


1998.

BENEVIDES, Eneida Bueno. Manual de acessibilidade para prédios públicos. 1ᵃ Ed. 2015.

BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Inclusão da pessoa com deficiência (Estatuto
da pessoa com deficiência).

BRASIL. Decreto n° 914, de 6 de setembro de 1993. Diário oficial da união. Brasília.

BRASIL. Decreto n° 6.949, de 25 de agosto de 2009. Diário oficial da união. Brasília.

BRASIL. Lei Nº 13.320, de 21 de dezembro de 2009. Consolida a legislação relativa à pessoa


com deficiência no Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em <
http://www.al.rs.gov.br/FileRepository/repLegisComp/Lei%20n%C2%BA%2013.320.pdf>.
Acessado em: 12 de Novembro de 2018.

CARDOSO, Eduardo; CUTY, Jeniffer (Org.). Acessibilidade em ambientes culturais. Porto


Alegre - RS: Marca Visual, 2012.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
62

CARLETTO, A.Cl.; CAMBIAGHI, S. Desenho Universal: um conceito para todos. Instituto


Mara Gabrilli: São Paulo, 2008. Disponível em: <http://maragabrilli.com.br/wp-
content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf >. Acessado em: 12 de Novembro de 2018.

DAMASO, Michelle Cristina de Mendonça Carvalho. As barreiras arquitetônicas como


entraves na inclusão de alunos com deficiência física. 2011. Disponível em:
<http://bdm.unb.br/bitstream/10483/2181/1/2011_MichelleCristinadeMendoncaCarvalhoDamaso
.pdf> Acesso em maio de 2018.

DUARTE, Fábio. Planejamento Urbano. 2ª Ed. rev., atual. e ampl. – Curitiba: Ibpex, 2011. 199p.

GELPI. et al. Qualidade urbana e mobilidade: condições de acessibilidade em habitação de


interesse social. In: Ação Ergonômica. Revista da Associação Brasileira de Ergonomia. Volume
8, n°2, 2013. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/210>.
Acesso em abril de 2018.

GHIRALDI, André Luiz Dias. Análise de acessibilidade em calçadas, vias públicas e prédios
públicos na cidade de Doutor Camargo-PR. 2014. Trabalho de conclusão de curso em
Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Campo Mourão.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. SÃO PAULO, Editora ATLAS S.A.
2002.

GONSALVES, E. P. Conversas sobre iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Alínea,


2001.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico


2010. Características Gerais da População, Religião e Pessoas com Deficiência. 2012.
Disponível em: <
https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000935250612201225522
9285110.pdf> Acesso dia 15 de maio de 2018.

LIMA, Lara Lúcia Vilaça. O papel da Engenharia civil na melhoria da qualidade de vida por
meio da Acessibilidade. Patos de Minas: Perquirere, 2015. Disponível em:
<http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23700/1025842/O+papel+da+Engenharia+Civil+na
+melhoria++da+qualidade+de+vida+por+meio+da+acessibilidade.pdf> Acesso dia 09 de maio de
2018.

LITTLEFIELD, David. Manual do arquiteto: Planejamento, dimensionamento e projeto. 3ª


Ed. – Porto Alegre: Bookman, 2011.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018
63

MACIEL, Maria Regina Cazzaniga. Portadores de deficiência a questão da inclusão social.


2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
88392000000200008> Acesso dia 15 de maio de 2018.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. PlanMob – Construindo a Cidade Sustentável. In. Caderno de


Referência para Elaboração de plano de Mobilidade Urbana. Secretária Nacional de
Transporte e Mobilidade Urbana, 2007.

MORAIS, Fernando Antônio de Andrade. A importância da acessibilidade na cidade.


Disponível em: <https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_33.pdf > Acesso em
abril de 2018.

PANAMBI. Lei n° 4.066, de 27 de maio 2015. Institui o plano de mobilidade urbana sustentável
do município de Panambi, e dá outras providências.

PANAMBI. Lei Complementar n° 11, de 18 de agosto de 2008. Institui o código de posturas do


município de Panambi, RS, e dá outras providências.

PANAMBI. Lei n° 2894, de 19 de outubro de 2009. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de necessidades especiais, e dá
outras providências.

PROGRAMA BRASILEIRO DE ACESSIBILIDADE URBANA, Brasil Acessível: atendimento


adequado ás pessoas com deficiência e restrições de mobilidade. 1º ed., Brasília, 60 p., 2006.

RABELO, Gilmar B. Avaliação da acessibilidade de pessoas com deficiência física no


transporte coletivo urbano. 2008. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade
Federal de Uberlândia. Uberlândia.

SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTSCH, M.; COOK, S. W. Métodos de pesquisa nas relações
sociais. São Paulo: Editora Pedagógica Universitária, 1974.

SILVA, G.; Martins, L. Sistema de Sinalização para vias de circulação de pedestre: um estudo
sobre pisos táteis. In: ABERGO 2002. Recife: ABERGO, 2002.

SILVA, Tâmara Mirely Silveira; Daniel Ferreira de. Direito fundamental à acessibilidade no
Brasil: uma revisão narrativa sobre o tema. 2013. Disponível em:
<http://www.cesed.br/enpac/anais/arquivos/anais/areatematica-direito/dir011.pdf> Acesso em
maio de 2018.

TORRES, Flávia Pinheiro Tavares. Guia de acessibilidade urbana – acesso para todos. Belo
Horizonte, 2006.

______________________________________________________________________________
Acessibilidade urbana: levantamento e análise dos passeios públicos na área urbana central de Panambi - RS
64

WAGNER, Luciane Carniel; LINDEMAYER, Cristiane Kroll; PACHECO, Artemis; SILVA,


Larissa Dall’ Agnol da. Acessibilidade de pessoas com deficiência: o olhas de uma comunidade
da periferia de Porto Alegre. Porto Alegre: Ciência em Movimento, 2010.

_____________________________________________________________________________________________
Daniel Tolotti Rodrigues (daniel.tolotti@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ,
2018

Você também pode gostar