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Resenha do texto 5: Ênfases curriculares e ensino de Ciências

A sabedoria com as coisas da vida não consiste, ao que me parece, em saber o que
é preciso fazer, mas em saber o que é preciso fazer antes e o que fazer depois;
Leon Tolstoi. Uma coisa a se pensar no que fazer quando se trata de currículo é
analisar a sua eficácia e o que as suas mudanças pode causar. Mudarmos algo só
por pensar que aquilo já não serve mais e não pensar nas consequências que isso
pode trazer, pode ser prejudicial quando se tratamos do ensino. No texto Ênfases
curriculares e ensino de Ciências, escrito por Marco Antonio Moreira e Rolando Axt,
discute-se aspectos referentes ao currículo a ser estabelecido e o que se deve levar
em consideração ao se pensar em alterar um currículo e como envolve um
planejamento do mesmo através de modelos.
Temos um problema quando se tratamos do currículo, entendemos sempre como
um problemas de disciplinas ministradas, onde sempre se pontua que quando existe
um problema no curso os argumentos presentes é que o currículo se deve alterar,
então começa-se toda uma análise das disciplinas envolvidas, se faz alterações e
as insatisfações continuam presentes. No entanto, o currículo não diz respeito
apenas a uma relação de conteúdos, mas envolve também: “questões de poder,
tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor, quanto em todas as
relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações
de classes sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e
de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e
SILVA, 2007, p.1)
No texto é apresentado o modelo de Johnson para o planejamento de um currículo,
onde ele parte de uma fonte sendo todo o conteúdo cultural que pode ser ensinado
e a partir disso se estabelece critérios de estruturação onde é definido as metas
educacionais e os critérios de seleção partindo dos valores que a sociedade possui,
e tudo isso dentro de um sistema de desenvolvimento curricular. Então a proposta
de currículo é uma série de resultados pretendidos da aprendizagem e isso é dado
a um sistema instrucional, como no caso as escolas, e se espera os resultados
construídos em cima do que foi estabelecido.
Os autores nos apresentam as ideias de Eisner e Vallance que distinguem cinco
concepções de currículo, sendo elas; Desenvolvimento de processos cognitivos:
Esta orientação curricular é centrada no aluno e no processo de aprendizagem em
si, não no contexto social mais amplo em que ele ocorre. Currículo como
tecnologia: O foco não está no aluno e nem em sua relação com o material
instrucional, o currículo é visto como um processo tecnológico, como um meio para
produzir um produto. Um modelo industrial aplicado na educação. Currículo como
auto realização: É centrada no aluno e orientada para autonomia e crescimento
pessoal. A educação é vista como um processo que deve prover meios para o
desenvolvimento pessoal. Currículo para reconstrução social: O papel da
educação no contexto social do aluno, fornecendo subsídios para que o indivíduo
possa sobreviver em um mundo instável e mutável e aprender a lidar com questões
sociais que o envolvem. O racionalismo acadêmico: Instrumentalizar o indivíduo
para participar da herança cultural humana e ter acesso as grandes ideias e objetos
criados pelo homem.
Temos também apresentada as ideias de Roberts a respeito das ênfases
curriculares, explicitando sua ideia de que uma ênfase curricular é um conjunto
coerente de mensagens sobre ciência comunicadas, explícita ou implicitamente, ao
estudante. As ênfases identificadas por ele são: A ênfase da “ciência do
cotidiano”: A importância da ciência e a tecnologia aplicada no dia a dia do aluno.
A ênfase da “estrutura da ciência”: Se baseia em entender o crescimento e
desenvolvimento intelectual da ciência. A ênfase “ciência, tecnologia e
sociedade”: Concentra-se nas limitações da ciência para resolução de problemas
práticos. A ênfase do desenvolvimento de “habilidades científicas”:
Desenvolvimento de habilidades fundamentais necessárias em atividades
científicas. A ênfase das “explicações corretas”: Aceitação de apenas respostas
corretas, sendo aceito somente o que realmente interessa. A ênfase do “indivíduo
como explicador” : O indivíduo tem autonomia dos eventos que ocorrem ao seu
redor, e não tem pessoa melhor pra explicar determinado evento sendo aquele que
presenciou tal feito. A ênfase da “fundamentação sólida”: A ciência com caráter
propedêutico, sempre visando uma finalidade em sua utilização. A ênfase da
“ciência integrada”: Em uma tentativa de definir o que seria um curso ou currículo
de ciência integrada, Frey os apresenta como sendo um sistema de ensino que
contém informações extraídas de disciplinas científicas ou relacionadas a elas. As
informações extraídas das disciplinas científicas incluem, por exemplo, os conceitos,
os métodos, as leis, os experimentos, as tecnologias, o know-how etc.
O autor nos apresenta uma questão referentes às ênfases curriculares no ensino de
ciências referente a formação de professores. Um professor que adota determinado
livro texto para o planejamento de suas aulas, ele não possuindo um ênfase
específica, ele acaba seguindo a do autor. E discute também que os livros textos se
baseiam em explicações corretas e a ciência do cotidiano, fazendo com que as
aulas no ensino de ciências sejam assim também. Da forma que o autor expõe as
ideias referentes a ênfases curriculares nos dias atuais, é como se realmente fosse
um problema a forma atual de currículo. Concordo que se apoiar em explicações
corretas não fomenta a capacidade do aluno em nada, e realmente sabemos que
esse tipo de ênfase deveria ser pensada. Mas a ciência do cotidiano é
extremamente importante, porque é a vida do aluno e aquilo que se aprende deve
fazer sentido em seu contexto, ele deve saber como e porque se utilizar aquele
conhecimento e suas possíveis aplicações em suas respectivas necessidades.

O currículo é realmente uma coisa que deve ser pensada e por pessoas realmente
capacitadas para isso. Cada professor tem seu domínio e o mínimo de
discernimento para entender o que seus alunos precisam e qual a melhor forma de
se conduzir as aulas. As ênfases curriculares são boas? Isso cabe ao professor
definir se vai ser necessário, e não imposto por uma instituição que acha correto o
ensino seguir de tal forma. Cabe a todos nós refletir sobre o assunto e pensar no
que podemos fazer para melhorar e olhar com um nova perspectivas a formação de
professores.

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