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PASSO 1 - Identificar o tipo incriminador a que vamos tentar imputar o resultado;

PASSO 2 - Identificar a posição do agente em análise:

Autor – todo aquele que executa, total ou parcialmente, a conduta que realiza o tipo de ilícito. Através da
teoria do domínio do facto, pode-se precisar que é autor aquele que tem o domínio do facto e que pode
decidir se ele ocorre ou não (não se aplica esta teoria nos crimes negligentes ou de omissão). Art. 26º

- Imediato – o que executa por suas próprias mãos;

- Mediato - executa por intermédio de outrem e todos os pressupostos de punibilidade têm de ocorrer face
a este. Só o autor mediato tem domínio do facto. O instrumento (pessoa utilizada pelo autor mediato) atua
atipicamente, mais comummente por atuar sem dolo do tipo (por não saber, por ex., que está a praticar um
crime), ou por atuar sem culpa (não tem o domínio da sua vontade).

Coautoria – quando vários agentes tomam parte direta na execução do facto. Por representar uma decisão
conjunta, é justificado responsabilizar pela totalidade do resultado o coautor que só participou em parte da
ação. Cada coautor é punido na moldura penal prevista para o facto decidido e executado conjuntamente,
tal como se o tivesse cometido sozinho. Ideia do contributo essencial.

Instigador – Art. 26º/1, 4ª alternativa, o que dolosamente determina outro à prática do facto. Fronteira
ténue com o cúmplice que induz à prática do facto. O instigador cria no executor a decisão de atentar
contra um certo bem jurídico-penal através da comissão de um concreto ilícito típico: tem o domínio da
decisão. Tanto é autor o instigador como o executor.

Se o executor excede a medida da instigação, o instigador só responde pelo tipo que pretendeu instigar.
Inversamente, se o executor ficar aquém do que o instigador pretendeu, este só responde pelo facto
efetivamente praticado (consequências da acessoriedade).

Cúmplice – art. 27º. É acessória, supõe a existência de um facto principal doloso. A cumplicidade só é
possível até à consumação, não existe cumplicidade post factum. Só existe relativamente a factos dolosos.
Auxílio material ou moral (favorecimento ou reforço da decisão do autor de praticar o crime).

A pena do cúmplice é determinada em função da pena aplicada ao autor do facto, especialmente atenuada
através dos arts. 72º e 73º.

Há punição da cumplicidade na tentativa, ainda que duplamente atenuada. Já a tentativa de cumplicidade


não é punida.

Sendo instigador ou cúmplice) é necessário falar da acessoriedade:

- Qualitativamente- Instigador ou cúmplice tem de ter duplo dolo, de instigar e do tipo;

- Quantitativamente- Autor imediato pratica facto típico e ilícito.

Se falhar um, não se pune.


Ter em atenção aqui os erros porque o autor imediato pode estar em erro (não induzido pelo instigador),
por exemplo.

PASSO 3 - Ação ou Omissão?

Omissão

- Própria - quando a omissão faz parte do tipo exº art. 200º [subsidiária face às impróprias, isto é, só se
aplica se não houver uma posição de garante]

- Imprópria - todo e qualquer tipo descrito como ação que, compreendendo certo resultado, possa ser
equiparado à omissão da ação que impediria aquele resultado – estabelecida por força da cláusula de
equiparação do art. 10º.

Posição de garante (só releva para os crimes de omissão imprópria) permite-nos saber sobre quem recaem
deveres jurídicos de atuar. Teoria material-formal (adotada pelo Prof. Figueiredo Dias), que conjuga a teoria
formal (lei, contrato, ingerência) e a das funções (ou material, função de guarda de um bem jurídico
concreto e função de vigilância de uma fonte de perigo).Fontes materiais: 1º Função de guarda de um bem
jurídico- dever de proteção e assistência: 1-proteção familiar e análoga; 2- Comunidade do risco (atividades
de risco) segundo Figueiredo Dias três pressupostos cumulativos: relação estreita e afetiva; ocorrência
efetiva da comunidade de perigo; perigo atingir o bem jurídico concreto da vítima. 2º- Função da vigilância
de uma fonte de perigo- dever de segurança e controlo: 1-garatia face à atuação de terceiros; 2- ingerência.
–dever de fiscalização de fontes de perigo no âmbito do domínio próprio 1: tenção ao monopólio.:3
pressupostos: 1-dominio da situação de perigo (no momento em que ocorre é a única pessoa); 2-Perigo
agudo e eminente; 3- Ação de salvamento para aquele que vai socorrer.

A situação típica do delito de omissão é constituída especificamente pelos pressupostos fácticos que
determinam o conteúdo concreto do dever de atuar. A omissão é relevante apenas em função da ação
devida e quando potencie ou crie um risco de verificação de um resultado típico.

Para que exista omissão típica, a ação esperada ou devida deve ser facticiamente possível.

Ação:

MFP- a ação será um comportamento humano e voluntário.

Numa zona limite estão os atos inconscientes, divididos entre atos reflexos e automatismos:

- Atos reflexos- a doutrina geralmente considera não haver comportamento penalmente relevante.

- Automatismos-nestes há intervenção cerebral e uso do sistema nervoso central e excitação dos nervos
motores debaixo de influência cerebral. MFP- o critério para os automatismos só poderá assentar na
própria capacidade de prever o motivo externo, dependendo do grau de previsibilidade.

- Comportamentos sob hipnose, sonambulismo e sob o efeito de substâncias- Roxin entende ser uma
expressão da personalidade e MFP defende que isso seria levar o conceito de ação longe demais, a não ser
que a pessoa se ponha de forma voluntária nesses estados para cometer o crime.
Embriaguez – não é um mero processo causal procedente da esfera somática. Só se excluiria a ação se os
movimentos do bêbado não o permitissem reconhecer uma relação com o mundo exterior.

- Reações passionais impulsivas – (caso do alfaiate que morde as mamas a senhora) - nas quais a psicologia
constantemente nega uma tomada de decisão concreta e um querer consciente. Contudo, tanto neste caso
como em casos de morte causada por fúria cega, estamos perante lesões de bens jurídicos conscientes e
não causalmente determinadas

É típica? Se SIM, segue para o passo seguinte. Se não, acaba aqui.

Atos preparatórios: art 21º, não são puníveis salvo disposição em contrário (v.g. 271 e 275).

PASSO 4 –Tipicidade

 Objetiva

Imputação objetiva da omissão- para Figueiredo Dias: se se verificar que a omissão resultaria numa
diminuição do risco, deve haver imputação objetiva; em caso de dúvida, esta deve ser negada

Imputação do resultado à ação:

1- Conditio Sine Qua Non- toda a condição sem a qual o resultado não teria lugar. É exigência mínima e
limite máximo da imputação.

2 - Teoria da Causalidade Adequada, que permite escolher ou afastar, de entre as diferentes conditios,
aquelas que, segundo um juízo de prognose póstumo (o juiz deve deslocar-se mentalmente para o passado
e observar objetivamente, dadas as regras da experiência e normalidade, se a ação praticada teria aquele
resultado), são ou não são adequadas a produzir o resultado. Devem ser tidos em conta os especiais
conhecimentos do agente, bem como a atuação de terceiros, salvo se ela aparecer como provável ou
previsível. Uma vez que existem “causas adequadas” lícitas, é necessário um terceiro critério. *

3 - Conexão de Risco- o resultado só deve ser imputado à conduta quando esta tenha criado ou aumentado
um risco proibido que se vem a concretizar no resultado. (Criação do risco proibido; Potenciação do risco já
criado; Concretização do risco).

Assim, não se imputa um resultado a uma ação ilícita se se comprovar que a ação lícita correspondente
provocaria o mesmo resultado – teoria do comportamento lícito alternativo. MFP- Demonstrando-se que o
resultado teria tido seguramente lugar do mesmo modo, mesmo que ação não tivesse acontecido, a
imputação objetiva deverá ser negada, porque não dá para provar uma verdadeira potenciação do risco –
há uma inexistência da conexão do risco conduta-resultado.

- E se for só provável e não seguro? Nunca se pode fazer a dúvida funcionar contra o réu, visto ser
inconstitucional – art. 32º/2 CRP – in dubio pro reo (Herzberg e Stratenwerth).

Para se verificar conexão do risco é ainda necessário que esse risco esteja abrangido pela esfera de
proteção da norma- Para que a conexão se possa dizer estabelecida, torna-se necessário que perigo que se
concretizou no resultado seja um daqueles em vista dos quais a ação foi proibida – um daqueles que
corresponda ao fim de proteção da norma de cuidado. Se não, exclui-se a punição por essa norma.

Causalidade virtual: quando, se o agente não tivesse atuado, a ação se produziria em tempo e sob
condições tipicamente semelhantes, fruto da ação de terceiros ou de facto natural. Figueiredo Dias diz que
não faz sentido abandonar proteção do bem só porque já não pode ser salvo.

Causalidade Cumulativa: Evento típico é produto de múltiplas causas, sendo cada uma, por si só,
insuficiente para produzir o resultado.

MFP- as causas cumulativas não anularão a possibilidade da própria imputação objetiva, paralisando o juízo
de imputação em situações típicas das sociedades complexas? (danos ambientais, p ex).

!! Questão da causalidade cumulativa só se põe relativamente a crimes de resultado. Os casos de omissão


pura, que são crimes formais, como a recusa de médico, não entram neste raciocínio!

CASO NÃO SE CONSIGA IMPUTAR O RESULTADO:

(ver imputação subjetiva s/resultado)

Tentativa: quando a realização do tipo de ilícito objetivo que se previu e intentou não atingiu
perfeitamente o objetivo. Tem por elementos:

1. A decisão de cometer o facto (não há tentativas negligentes e, para Faria Costa, nem com dolo eventual
– falta intenção);

2. Os atos de execução (expressão externa da decisão – 22/2 a), plasma a teoria objetiva, todos os factos
típicos são atos de execução; 22/2 b) equipara a típicos os atos idóneos à realização do resultado típico;
22/2 c) são de execução os atos que antecedem imediatamente os atos da al. a) e b). Os atos de execução
devem ter ainda uma conexão de perigo (e temporal) e uma conexão típica;

3. A não consumação.

- Punibilidade, com as limitações do 23/3.

Tentativa impossível pune-se se, num juízo ex ante ela não era manifestamente impossível ou era
aparentemente possível.

Desistência voluntária da tentativa – 24/1º, exige que o agente deixe de prosseguir a execução do crime
antes de estarem cumpridos todos os passos ou, já os tendo cumprido, actue no sentido de evitar o
resultado: se assim for, não se pune a tentativa. A desistência tem de ser voluntária.

 Subjetiva

1ª nota: artigo 13º do CP, só se punem crimes praticados com dolo ou, NOS CASOS ESPECIALMENTE
PREVISTOS, com negligência. Quer isto dizer que se verificarem que determinado crime foi
cometido com negligência e a lei não tipificar essa possibilidade, não há tipo para preencher, logo
não há imputação nenhuma.
o Quando há resultado

O dolo compõe-se em dois elementos:

1.Elemento intelectual

O agente tem de ter consciência que preenche um tipo de ilícito objetivo; essa consciência deve ser atual
face ao momento da ação, entendendo-se que o é mesmo quando existe apenas uma co-consciência
imanente à ação (aquelas situações em que a possibilidade de preenchimento do tipo passou
necessariamente pela cabeça do agente).

Erro sobre a factualidade típica: Quando falta ao agente o conhecimento referido supra, o dolo do tipo não
se pode afirmar: 16/1, 1ª parte CP. Erro aqui vale tanto como representação errada e como falta de
representação. Este mecanismo vale também para as circunstâncias que agravam o ilícito, bem como para
a aceitação errónea de circunstâncias que o atenuam Erro sobre o processo causal: divergência entre o
risco criado pelo agente e aquele do qual deriva o resultado (ex: A empurra B da ponte para ele se afogar
no rio, B não morre, nada até à margem e morre porque escorrega ao sair do rio). Figueiredo Dias diz que
A, se se conseguir passar o crivo da imputação objetiva, só pode ser punido por tentativa.

Dolus Generalis: Quando o agente erra sobre qual dos diversos atos produz o resultado (A bate em B e
pensando erroneamente que o matou atira-o para a água, afogando-o). Aqui o problema é: quando há dolo
do facto, há mera tentativa (porque B não morre), quando há consumação, já não existe dolo do facto,
porque o autor já não tem consciência de que está a matar. Teoria dominante (Dr. Rui Pereira;
Jescheck/Weigend): há crime consumado. Figueiredo Dias: verificando a conexão de risco, dir-se-á
consumado (se o risco consumado se reconduz à primeira ação) ou tentado (em caso negativo).

Aberratio ictus vel impetus: erro na execução, atinge-se objeto diferente do pretendido; quanto ao alvo, há
tentativa; quanto ao outro resultado, crime negligente (assim reza a teoria da concretização).

Error in persona vel objectus: erro quanto à identidade da vítima, quando não seja também um erro sobre
as qualidades tipicamente relevantes (A dá tiro em B pensando ser C), não releva para efeitos de
imputação, já que o tipo proíbe todas as lesões compreendidas no tipo e não uma determinada lesão.

Erro sobre a proibição legal: 16/1, exclui o dolo do tipo, quando ao crime não corresponda uma valoração
axiológica de conhecimento indispensável (v.g., conduzir com 1,2 gr/l álcool no sangue é crime: é
indispensável à afirmação do dolo do tipo o conhecimento deste valor).

2. Elemento volitivo

Vontade dirigida à realização do resultado.

Dolo direto: a realização do tipo objetivo de ilícito é o verdadeiro fim da conduta (14/1º);
Dolo necessário: a realização do tipo objetivo de ilícito não surge como fim, mas como consequência
inevitável, ainda que lateral (14/2º);

Dolo eventual: a realização do tipo objetivo de ilícito surge apenas como consequência possível da conduta
(14/3º). Problema de distinção com negligência consciente. Roxin, apud Figueiredo Dias, “Quando a
verificação de um resultado como possível é completamente indiferente, então tanto está bem a sua
verificação como a sua não verificação”: neste caso, há dolo. Solução frágil e imperfeita. Apoio nas teorias
da probabilidade, aceitação e conformação. Faria Costa considera que não existe sequer tentativa com dolo
eventual.

o Quando não há resultado (tentativa)

- Pode haver dolo e pode haver erros na tentativa, mesmo sem resultado.

Pode ser caso de desistência – art.24º (analisar se é relevante e voluntária e punível ou não).

- Se não houver dolo NÃO HÁ TENTATIVA.

PASSO 5- Ilicitude

MFP- Justificar uma ação humana é um juízo complexo que consiste num ato linguístico, o ‘porquê?’. A
teoria moral da justificação tende a fazer proceder um momento lógico e estático sobre o valor das ações
humanas a um momento prático e dinâmico sobre os efeitos de tal valor.

Historicamente, a distinção entre justificação e desculpa radica numa decorrência negativa da distinção
ilicitude e culpa. Só que essa construção simplista já foi ultrapassada, tomando em consideração o facto de
poder haver casos onde é possível que o valor de um ato se autonomize independentemente do seu autor
– é o caso da justificação.

Legitima Defesa- Art. 32º; Facto praticado como meio necessário para repelir a agressão atual e ilícita de
quaisquer interesses juridicamente protegidos do agente ou terceiros. Requisitos:

1. Agressão a um bem juridicamente protegido do agente ou de terceiro; 2. Atual; 3. Ilícita; 4. Acão de


defesa; 4.1. usando como meio necessário o menos gravoso de entre os idóneos a repelir a agressão, 4.2.
como necessidade de defesa.

Estados de Necessidade Justificantes:

1. Direito de necessidade (34º CP) (causa de justificação, quando o facto típico se destina a afastar um
perigo sobre um interesse de valor sensivelmente superior) (vs. 2. Estado de necessidade desculpante (35º
CP), quando o interesse a salvaguardar não é superior mas, pelo cumprimento dos pressupostos, a culpa
pode ser excluída – v. causas de exclusão de culpa).
Salvaguarda (quaisquer) interesses juridicamente protegidos, que estão objetivamente em perigo atual
(com uma perspetiva alargada: é licita a ação não atual quando o seu adiamento potenciaria o perigo), não
provocado pelo agente (com este limite: só se o provocou com a intenção de, por essa via, lesar os bens de
terceiro – 34/a); ainda existe direito de necessidade se, apesar de provocado pelo agente, este agiu depois
para proteger terceiro).

34/ b) – princípio do interesse preponderante. A preponderância entre os bens não pode ser apreciada
objetivamente: estamos no campo do merecimento pessoal. Ter em conta a intensidade da lesão dos bens,
o grau do perigo, a autonomia pessoal do lesado; (34 c) CP, para aquelas situações que, apesar de
perderem no confronto valorativo, ofenderiam a dignidade da pessoa humana se não fossem tuteladas – A
precisa de um rim de B senão morre, então o médico C tira-lho contra a sua vontade: há um valor superior
a ser protegido – a vida de A -, mas cuja proteção ofende a dignidade de B – não há direito de necessidade,
pune-se C).

Fernanda Palma: há que selecionar fatores de ponderação para aferir a “sensível superioridade”.

Elementos subjetivos: o agente tem de conhecer a situação de conflito e atuar com consciência de
salvaguardar o interesse preponderante. Não se deve exigir uma vontade de defender o interesse, uma vez
que não faz sentido negar a justificação a quem salva outrem de um perigo só por, por ex., o agente só
pretender aparecer na TV.

A vida humana como elemento de ponderação? Não. A vida é imponderável para efeitos de exclusão de
ilicitude. Quanto muito, falar-se-á de exclusão de culpa. Mas com certos limites: hipóteses excecionais em
que a preservação de vidas prepondera sobre o sacrifício de outras.

36º: Conflito de deveres- Confrontado com dois deveres de agir que se conflituam, deve o agente escolher
o que seja pelo menos igual ao que sacrifica.

Consentimentos Justificantes: Discute-se se não será causa de exclusão da tipicidade (nesse sentido, Roxin,
Taipa de Carvalho), com o argumento de que, se há consentimento, não há violação do bem jurídico.
Figueiredo Dias discorda: existem situações em que há um autêntico conflito entre “sistema pessoal” e
“sistema social”; quando a lei dá prevalência ao sistema pessoal, o consentimento vale como causa
justificativa.

Objeto do consentimento:

1. Tese dominante, que nos diz que, nos crimes de resultado, tem de abranger tanto a ação como o
resultado típico (Costa Andrade, Figueiredo Dias);

2. Tese minoritária, só precisa de abranger a acção (Hirsch).

Pressupostos de eficácia:

1. Carácter pessoal e disponibilidade do bem jurídico lesado;


2. Não contrariedade aos bons costumes (38/1, in fine) (sobretudo por gravidade ou irreversibilidade do
dano num bem, apesar da sua disponibilidade);

3. Autodeterminação (38/3, vontade livre, esclarecida e séria, 38/2), (em caso de erro provocado sobre a
situação de consentimento, o Prof. entende que o consentimento é ineficaz quando o engano se refira ao
bem jurídico ou, não se referindo, versa sobre uma finalidade altruística), (quanto ao erro espontâneo do
declarante, não prejudica a eficácia do consentimento, se o autor, desconhecendo o erro, agir com base
nesse consentimento);

4. O conhecimento do consentimento (se ele existir mas não for conhecido pelo agente, há punição –
analogicamente - por tentativa: desvalor da ação sem desvalor do resultado).

Consentimento hipotético: aplicação da teoria do comportamento lícito alternativo ao consentimento: se


se comprovar, ex post, que seria dado o consentimento, não há que punir o agente.

Consentimento presumido: 39/2 CP, que equipara a um consentimento real e eficaz de um facto que o
lesado teria presumivelmente consentido se tivesse conhecido.

Requisitos: Recair sobre bens jurídicos disponíveis, não ofender os bons costumes, ser a decisão necessária
naquele momento, conformar-se com a vontade “normal e razoável” de uma pessoa (tendo em conta
qualquer conhecimento prévio do agente).

PARA TODAS AS CAUSAS- 16º/2

Atenção ao excesso do 33º

38º/4 elementos subjetivos das causas de justificação.

PASSO 6- Culpa

O que é a culpa? - O juízo de culpa é um juízo de censurabilidade

- MFP- Capacidade de se motivar pela norma e agir de acordo com essa mesma motivação.
Elementos do Art. 20º/1.

- Fig. Dias- Atitude revelada pelo agente na prática do facto.

Dolo e falta de consciência do ilícito – A consciência do ilícito (do seu desvalor axiológico) é um elemento
essencial do juízo de culpa, devendo esta ser negada sempre que, sendo exigível, essa consciência não
exista – art. 17º. Negada a culpa, não há lugar a imputação. Se subsistir a culpa, pune-se quanto ao tipo
doloso, ainda que com pena especialmente atenuada.

Inimputabilidade

1. Em razão da idade (art.19º), menores de 16 anos;


2. Em razão de anomalia psíquica (art. 20º), cujos elementos são 2.1 a anomalia psíquica, 2.2. que origina
uma incapacidade para avaliar a ilicitude ou de se determinar de acordo com essa avaliação, 2.3. e que se
revela no momento da prática do facto.

Questão da ação livre na causa: Figueiredo Dias diz que em casos de dolo direto ou necessário (o autor
coloca-se em situação de anomalia psíquica para cometer o crime) funciona o 20/4 e pune-se; quando ao
dolo eventual ou negligência (o agente não se colocou em estado de anomalia para praticar o crime, mas
acabou por praticá-lo), não se pune o facto praticado mas aplica-se o 295º, punindo o facto, anterior, de
autocolocarão em estado de anomalia. Estado de necessidade desculpante – manifestação do princípio da
inexigibilidade. Situações onde não é exigível ao agente que aja de outro modo. Olhar antes para o direito
de necessidade (art. 34º), que se aplica em primeiro lugar e, a proceder, exclui a ilicitude, pelo que não nos
interessa continuar a analisar a culpa do agente ou de cúmplices/ instigadores. Se não for aplicável, passa-
se então para uma análise da culpa de cada um dos envolvidos, via 35º: e aí poderemos ver que a culpa é
excluída face a um dos autores e não face aos outros, i.e., cabe analisar a culpa do ponto de vista de cada
um dos intervenientes.

Excesso de legitima defesa desculpante – art. 33/2. Raciocínio idêntico, mutatis mutandis

PASSO 7- Concurso

1. Concurso efetivo ou concurso de crimes: constitui a situação em que o agente comete efetivamente
vários crimes e a sua responsabilidade contempla todas essas infrações praticadas;

2. Concurso aparente ou legal ou de normas: uma vez que a conduta do agente só formalmente preenche
vários tipos de crimes, na concretização da sua responsabilidade a aplicação de um dos crimes afasta a
aplicação de outro ou outras de que o agente tenha também preenchido os elementos típicos.

2.1 Especialidade – um dos tipos contém todos os elementos do outro e mais alguns: aplica-se o especial;
2.2.Subsidariedade – 2.2.1, expressa, quando a lei impõe a subsidiariedade e 2.2.2., implícita, quando se
deduz da abrangência do tipo essa relação (por ex., não se aplicará a pena relativa aos atos de preparação
(art. 271º) quando haja consumação desse ato – pune-se só pela consumação; ou, por ex. os crimes de
perigo são subsidiários relativamente aos crimes de dano) 2.3. Consumpção - quando o conteúdo de um
ilícito-típico inclui em regra o de outro facto, de tal modo que a condenação pelo ilícito-típico mais grave
exprime já o desvalor de todo o comportamento.

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